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ESPECIAL/MANGUEIRAS DE COMBATE A INCÊNDIO

12 Emergência
12 Emergência MAI/JUL / 2022
FOCO NO
TREINAMENTO
Escolha e uso adequado até o local onde ocorre o incêndio. “As man-
gueiras de incêndio e os demais acessórios
das mangueiras de combate de combate a incêndio como esguichos, de-
a incêndio dependem de rivantes, chaves de mangueira, dentre outros,
são recursos importantes para ações de con-
treinamentos para evitar trole de incêndios, quer sejam conectadas a
acidentes com operadores e hidrantes ou caminhões de combate a incên-
dio, de forma a levar o agente extintor (água
o mau funcionamento dos e/ou espuma) da reserva técnica para a frente
equipamentos de combate, com fins de controlar e apagar
o incêndio ou permitir proteção para avanço,
acesso e resgate de vítimas em locais sinistra-
dos”, conceitua Marco Aurélio Nunes da Ro-
Não dá para imaginar incêndios sem a aplica- cha, graduado em Química e em Segurança,
ção adequada de inúmeros sistemas de preven- pós-graduado em Gerenciamento de Emer-
ção e combate, entre eles, as mangueiras. Usa- gências e Desastres e em Segurança contra
das em sinistros em edificações industriais, co- Incêndio e Pânico.
merciais e residenciais, elas canalizam o agente
extintor que sai de uma fonte direcionando-o Reportagem de Paula Barcellos

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 ESPECIAL/MANGUEIRAS DE COMBATE A INCÊNDIO
Mesmo importantes e comuns nos
cenários de incêndios, nem sempre os
profissionais têm conhecimentos sobre
as características e uso correto destes
equipamentos. “As mangueiras são cons-
tituídas de dutos flexíveis de borracha,
revestidos por uma lona, confecciona-
da de fibras sintéticas. Podem medir até
30 metros e possuírem alta resistência à
abrasão e a químicos, cada uma com es-
pecificações diferentes, como diâmetro,
pressão de trabalho e utilização para ca-
da local de uso e/ou cenário acidental”,
especifica Rocha.
ESCOLHA
Conforme a ABNT NBR 11.861:98
(Mangueira de incêndio - Requisitos e
métodos de ensaio), o critério de esco-
lha de mangueira de incêndio recai so-
bre seu tipo, de forma a garantir um de-
sempenho apropriado, bem como maior
durabilidade do produto. “Por isso essa
escolha deve obedecer alguns critérios
tais como, local destinado para emprego
da mangueira, pressão máxima de tra-
balho a que será submetida bem como
condições de abrasividade e de agressão
química e física”, diz Rocha. A Tabela
1 traz os cinco tipos classificados nesta
NBR, conforme estes fatores. Segundo
Humberto Brotto Lopes, coordenador
da Comissão de Estudos de Mangueiras
de Combate a Incêndio e Acessórios do
CB 24 (Comitê Brasileiro de Segurança
Contra Incêndio) da ABNT e gerente
de Produção e Qualidade da Bucka, as
instruções técnicas dos corpos de bom-
beiros também podem ajudar o usuário
na escolha da mangueira de incêndio
adequada para cada aplicação.
Algumas legislações estaduais preco-
nizam o uso das mangueiras em certos
segmentos conforme seu diâmetro. “Po-
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demos usar desde mangueiras de 1 ½”
e/ou 2 ½” para as áreas comerciais e in-
dustriais e mangueiras de 6” e/ou 12”
quando necessitamos utilização de CAV
(Canhões de Alta Vazão) instalados em
caminhões ou plataformas de trabalho,
como os requeridos para atender emer-
gências em plantas de alto risco”, explica
Rocha. Segundo o coordenador da Co-
missão de Estudos de Planos e Equipes
de Emergência do CB 24 e especialista
em Segurança Contra Incêndio, Jorge
Alexandre Alves, as mangueiras e man-
gotes acima de 65mm (2 ½”) podem ser
utilizadas como adutoras, quando ser-
vem para abastecer linhas diversas, via-
turas com bombas de incêndio ou ainda
equipamentos como, por exemplo, ca-
nhões monitores. Ele complementa que
essas mangueiras devem ser utilizadas de
modo estático, diferente de linhas ma-
nuais que são movimentadas e operadas
por profissionais bombeiros ou por bri-
gadistas. Porém, diz que mangueiras de
alta vazão não fazem parte da realidade
da maioria das indústrias de alto risco no
Brasil. “Atualmente temos uma grande
dificuldade para encontrar disponibilida-
de no mercado nacional de mangueiras
de alta vazão acima de 65mm (2 ½”) que
são utilizadas principalmente na área in-
dustrial de alto risco”, revela.
O especialista explica que, indepen-
dente de normas e leis, a prática reco-
menda que outras dimensões da man-
gueira também podem ser aplicadas em
áreas distintas. “As mangueiras de 65mm
e abaixo são classificadas por tipos que
oferecem características de resistência a
abrasões e pressões para aplicação em
áreas distintas, por exemplo, edificações
residenciais, comerciais, industriais e
serviços especializados. Já as manguei-
ras e mangotinhos de diâmetro inferior
a 40mm (1 ½”) são utilizados em edi-
ficações residenciais e comerciais com
menor carga de incêndio, podendo ser
dispostas em forma de carretel. Tam-
bém são utilizados em combate a in-
cêndio florestal, onde há necessidade
do uso de linhas extensas e que ofere-
cem menor peso para a movimentação
e operação”, diz.
O gerente Industrial da MetalCas-
ty, Caio Gracchus, lembra que a sele-
ção correta já começa na construção da
edificação. “Cada mangueira possui ca-
racterísticas próprias para cada projeto
a ser instalado e isso será considerado
pelo engenheiro responsável da obra e
corroborada pelo Corpo de bombei-
ros local que avaliará se estes materiais
atenderão ao espaço que serão instala-
dos. Essas informações encontram-se
disponíveis na norma NBR 11.861:98 e
certamente o responsável pela obra de-
verá estar ciente para que o projeto não
sofra nenhum revés na sua aprovação
ou utilização”, alerta.
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 ESPECIAL/MANGUEIRAS DE COMBATE A INCÊNDIO
CUIDADOS
De acordo com Lopes, no Anexo
A da norma ABNT NBR 12.779:09 -
inspeção, manutenção e cuidados em
mangueiras de incêndio há uma lista
completa de cuidados que são neces-
sários com as mangueiras de incêndio.
“Quanto aos cuidados podemos elencar
estes como os mais importantes: evite
contato da mangueira com cantos vivos
e pontiagudos; evite o arraste da man-
gueiras e uniões sobre o piso, principal-
mente se ela estiver vazia ou com pres-
são muito baixa (isto pode causar furos,
principalmente no vinco); evite a queda
das uniões; não utilizar as mangueiras
para outro fim que não seja o combate
a incêndio. Embora a norma seja clara
no que se refere ao uso exclusivo pa-
ra o combate a incêndio, ainda vemos
casos no mercado onde elas estão sen-
do utilizadas em outras aplicações, tais
como: lavagens de garagem, pátios,
etc.; e evitar contato da mangueira com
produtos químicos e derivados de pe-
tróleo, salvo tipo apropriado para esta
finalidade”, cita. Na Tabela 2, com ba-
se na ABNT NBR 12.779, Rocha lista
outros cuidados com as mangueiras de
combate a incêndio quer seja na fase de
pré-uso ou durante sua utilização para
que elas não percam a sua funcionali-
dade e vida útil. paros, reempatação, limpeza e secagem. duos na sua superfície externa, oriun-
A ABNT NBR 12.779 também de- “Por isso na manutenção, a mangueira dos de contato e exposição a produtos
fine os requisitos mínimos exigidos no deverá ser ensaiada hidrostaticamente químicos ou derivados de petróleo, des-
que tange à inspeção e manutenção ne- em pressão maior que a pressão de tra- prendimento do revestimento externo,
cessárias para manter a mangueira de balho pertinente ao seu tipo, conforme dificuldades para acoplar os engates
incêndio aprovada para utilização. “Por especificado na ABNT NBR 11.861”, das uniões, deformações nas juntas de
ser um produto relativamente sensível explica. Já na inspeção das mangueiras, uniões em virtude de quedas, golpes ou
a fatores do meio ambiente, devem ser Rocha afirma que deve ser verificado o arraste, ausência de oringes de vedação
inspecionadas a cada seis meses e pas- comprimento dela, de forma a garantir de borracha nos engates das uniões ou
sar por manutenção a cada 12 meses o alcance previsto para a área de cober- vedação que apresente corte ou outra
por uma empresa capacitada”, indica tura/proteção originalmente projetada. avaria”, lista.
Rocha. Segundo ele, conforme a nor- “Devem ser inspecionados ainda: des- Lopes destaca que as manutenções são
ma, compreende-se como manutenção gaste por abrasão e/ou fios rompidos obrigatórias e a falta delas pode compro-
de mangueiras de combate a incêndio na cobertura têxtil, principalmente na meter os sistemas de combate para in-
as atividades de ensaio hidrostático, re- região dos vincos, manchas e/ou resí- cêndio, podendo causar grandes danos
materiais e à saúde dos usuários.

ACESSÓRIOS
Além das mangueiras em si, existe um
conjunto de acessórios que juntos pro-
piciam a sua funcionalidade, são eles: es-
guichos para aplicação da água (universal,
agulheta, regulável, pistola, canhão, lan-
çador de espuma e proporcionador de
espuma); ferramentas (chaves de man-
gueira, de mangote e tipo “T”); acessó-
rios hidráulicos (divisores, coletores, re-
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dutores, adaptadores e tampões); e juntas
de união que são peças metálicas posicio-
nadas nas extremidades que possibilitam
a conexão das mangueiras entre si e com
outros equipamentos hidráulicos. “Den-
tre os acessórios listados, os esguichos
são equipamentos de suma importância já
que são conectados às mangueiras e têm a
finalidade de regular e direcionar o fluxo
de agente extintor nas ações de combate
a incêndio, além de possuírem caracterís-
ticas de resistência a choques mecânicos
e, pelo menos, às mesmas pressões está-
ticas e dinâmicas que suportam as man-
gueiras, cita Rocha.
Gracchus, da MetalCasty, salienta que
acessórios como válvulas, esguichos,
dentre outros, deverão ser ponderados
pelo engenheiro do projeto para que
atendam às particularidades do ambiente
ao qual estarão expostos e que as man-
gueiras atendam aos requisitos mínimos
da NBR 11.861.
TREINAMENTOS
Diante de todos os cuidados já expla-
nados até aqui e dos inúmeros acessórios
que fazem parte da montagem e opera-
ção de linhas de mangueiras fica clara
a importância que os profissionais que
manuseiam estes equipamentos sejam
devidamente treinados. “A mangueira
de incêndio é um componente do siste-
ma de hidrantes que contempla outros
equipamentos tais como: bomba de in-
cêndio, válvulas, registros, adaptadores,
esguichos, entre outros equipamentos.
Tão importante quanto ter equipamen-
tos com alto padrão de qualidade, é ter
uma equipe treinada para utilizar da ma-
neira mais adequada as mangueiras de
incêndio de acordo com a necessida-
de. Nestes treinamentos devem constar
desde o processo de avaliação do local
a ser combatido, montagens das linhas
de mangueiras, até utilização da técnica
correta de combate em função do sinis-
tro”, lista Lopes.
Alves lembra que assim como demais
equipamentos para combate a incêndios,
as mangueiras também requerem treina-
mentos para o seu uso que estão espe-
cificados nas Normas da ABNT, como,
por exemplo, os requisitos de conheci-
mentos e habilidades para operações
de linhas de mangueiras de acordo com
a ABNT NBR 14276:2020 para briga-
distas (Tabela 3). Entretanto, ele desta-
ca que tem visto diversos equívocos de
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operação de linhas de mangueiras em
treinamentos e mesmo em atendimen-
tos reais que trazem consequências ne-
gativas aos operadores e ao funciona-
mento dos equipamentos. Na Tabela
4 Alves lista alguns dos equívocos e as
consequências.
Rocha destaca que os treinamentos
são importantes também pela questão
ambiental. “De nada valeria toda a tec-
nologia embarcada nos sistemas e equi-
pamentos de combate a incêndio se
métodos, estratégias e táticas corretas
de utilização da água não fossem cada
vez mais aperfeiçoados na busca pela
excelência na sua utilização. É cada vez
mais importante que os profissionais
de emergência saibam que uma utiliza-
ção correta das mangueiras, esguichos
e recursos possibilitará que uma menor
quantidade de água seja utilizada na ex-
tinção de incêndios, otimizando, desta
forma, a absorção de calor com a trans-
formação de água em vapor e diminuin-
APERFEIÇOANDO O PRODUTO
Segundo os especialistas, o aperfeiçoamento
das mangueiras de incêndio é constante, seja por
meio de novas tecnologias que o mercado possua,
seja por melhorias em processos de fabricação.
“Uma das metas dos pesquisadores e fabricantes
ainda é a busca de materiais que possuam maior
leveza, maleabilidade com igual resistência e du-
rabilidade”, frisa Marco Aurélio Nunes da Rocha,
graduado em Química e em Segurança, pós-gra-
duado em Gerenciamento de Emergências e De-
sastres e em Segurança contra Incêndio e Pânico.
O coordenador da Comissão de Estudos de Man-
gueiras de Combate a Incêndio e Acessórios do
CB 24 da ABNT e gerente de Produção e Quali-
dade da Bucka, Humberto Brotto Lopes, também
ressalta a busca pela leveza e durabilidade. “Os
usuários, de uma forma geral, estão cada vez
mais exigentes com relação à durabilidade das
mangueiras, e mangueiras mais maleáveis, leves,
para facilitar o seu manuseio durante a sua utiliza-
ção”, afirma. Segundo Lopes, as mangueiras de
incêndio vêm se aperfeiçoando ao longo do tempo
em relação aos seus materiais de revestimentos,
que aumentam a durabilidade e a resistência em
relação à abrasão/desgaste e às intempéries (ra-
diação solar, ozônio.) “Neste contexto inclui-se o
desenvolvimento e a incorporação de novos adi-
tivos nos compostos das borrachas”, exemplifica.
Com 70 anos de história na área de equipa-
mentos de incêndio, a Bucka possui uma vasta
linha de mangueiras de incêndio. “Dentre as no-
vidades neste setor, podemos citar o desenvol-
vimento de uma mangueira para utilização em
do os resíduos do combate ao incêndio,
bem como o consumo desnecessário
desse recurso natural de valor inestimá-
vel que é a água”.
Ele lembra que a utilização das linhas
hidráulicas com mangueiras de incên-
dio só é recomendada em incêndios
onde o uso da água ou espuma como
agente extintor seja compatível com
os materiais que estão em combustão,
sem gerar riscos para os respondedo-
res, bem como possibilitar agravamento
da emergência. Desta forma, segundo
Rocha, é importante para a utilização
da mangueira de combate a incêndio
adequada, a identificação do tipo de
edificação e classe de incêndio, o tama-
nho do risco, bem como das condições
de utilização em que o equipamento e
acessórios estarão sendo submetidos,
especialmente no que tange à abra-
são e contato com produtos químicos
agressivos. Questões que foram abor-
dadas até aqui.
incêndios florestais, desenvolvida com produtos
de alta tecnologia e resistência às condições des-
favoráveis encontradas em incêndios florestais,
tais como: solos irregulares, dificuldade de aces-
so e alta temperatura”, diz o gerente de Produção
e Qualidade da Bucka.
O aprimoramento dos processos de produção,
resultando em produtos que buscam atender às
necessidades dos usuários e às normas técnicas
em vigor, é destacado pela CM Couto. “A utilização
da quarta Revolução Industrial, ou Indústria 4.0,
tornou os processos de produção mais eficientes,
autônomos e customizáveis. Investimos em equi-
pamentos de ponta e matéria de alta qualidade.
Na fabricação de mangueiras de incêndio, nossa
moderna tecelagem produz uma malha de alta re-
sistência à abrasão, intempéries e muito mais leve,
que aumenta a vida útil da mangueira. Esse tecido
com trançado especial tem performance dinâmica,
facilitando o manuseio durante o combate”, afirma
Alexandre Couto, diretor Industrial da empresa.
Para o gerente Industrial da MetalCasty, Caio
Gracchus, apesar de haver limitações normativas
quanto às especificidades das mangueiras, a em-
presa busca aliar a qualidade em seus produtos,
também baseados no que a norma orienta. “Para
isso, nossos departamentos técnicos têm se em-
penhado em desenvolver formas de automatização
dos nossos processos, inserção de novas tecnolo-
gias para identificação de problemas e tomadas de
decisões mais rápidas e precisas, com a finalidade
de entregar aos clientes produtos de alta qualida-
de, aliados a um custo acessível”, afirma o gerente.
Emergência 17
 ESPECIAL/MANGUEIRAS DE COMBATE A INCÊNDIO
Qualidade exigida
 Obrigatoriedade da certificação ainda é
apontada como uma necessidade no setor
As normas ABNT relativas a manguei-
ras envolvem: ABNT NBR 11.861:98
Mangueira de incêndio - Requisitos e mé-
todos de ensaio; ABNT NBR 12.779:09
Mangueira de incêndio - Inspeção, manu-
tenção e cuidados; ABNT NBR 13.714:00
Sistemas de hidrantes e de mangotinhos
para combate a incêndio; ABNT NBR
16.870:20 Abrigos para mangueiras de in-
cêndio e acessórios - Requisitos e métodos
de ensaio. Segundo Humberto Brotto Lo-
pes, coordenador da Comissão de Estu-
dos de Mangueiras de Combate a Incên-
dio e Acessórios do CB 24 da ABNT e
gerente de Produção e Qualidade da Bu-
cka, as de maior destaque para o uso e fa-
bricação de mangueiras são a ABNT NBR
11.861:98 e a ABNT NBR 12.779:09. “As
normas brasileiras e a portaria 148/2015
do Inmetro (Instituto Nacional de Metro-
logia, Qualidade e Tecnologia) referentes
às mangueiras de incêndio são satisfatórias
e atendem a todos os objetivos propostos
para avaliação e controle deste produto
no mercado”, avalia Lopes. Atualmente,
a Comissão de Estudos de Mangueiras de
Combate a Incêndio e Acessórios, onde
as NBRs relativas ao setor são debatidas,
encontra-se em recesso, planejando as fu-
turas ações. “A Comissão de Mangueira
de Incêndio e Hidrantes, por deliberali-
dade de todos os membros e da superin-
tendência da ABNT, entrou em recesso
no final de 2021. Este recesso está sendo
fundamental para um realinhamento das
atividades e o desenvolvimento de um
plano de trabalho robusto para continua-
ção dos trabalhos. Plano este que está em
construção e deve ser finalizado até o mês
de junho/2022”, avisa Lopes.
Para Caio Gracchus, gerente Industrial
da MetalCasty, as normas e a portaria de
mangueira satisfazem alguns pontos, con-
tudo, a ABNT NBR 11.861 é um docu-
mento que foi publicado em 1998 e neces-
sita de revisões para evitar sua defasagem
quanto às novas tecnologias existentes
atualmente. Outro ponto importante a
observar, segundo ele, e que seria um di-
ferencial, é a compulsoriedade da certifi-
cação das mangueiras, pois dessa manei-
ra tais produtos disponíveis no mercado
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seguiriam a certificação, evitando expor a
vida e o patrimônio dos clientes a uma si-
tuação de risco. “Percebe-se que empresas
sérias têm buscado produtos com quali-
dade e certificação, justamente para não
correr este risco. Por outro lado, ainda há
empresas que não prezam por este quesi-
to, o que faz com que exista a disponibi-
lidade de mangueiras não certificadas no
mercado colocando em risco o ambiente
que integram. Atualmente o que auxilia es-
sa questão é o próprio mercado que exige
tal certificação e os Corpos de bombeiros
que geralmente indicam que sejam adqui-
ridas mangueiras certificadas, mas por falta
de uma legislação referente a este assun-
to, ainda há materiais nessas condições no
mercado”, desabafa o gerente.
CERTIFICAÇÃO
Apesar da certificação não obrigató-
ria para tais produtos, o setor conta com
ferramentas que garantem uma melhor
qualidade das mangueiras presentes no
mercado brasileiro. Uma delas é a Porta-
ria 148, de 2015, que trouxe como ponto
fundamental a uniformização e padroni-
zação das atividades realizadas pelos orga-
nismos de certificação de conformidade
de produto. “Ela deixou de forma clara e
robusta tudo o que deve ser considerado
no processo de avaliação e certificação do
produto. Considero o modelo de certifi-
cação utilizado no produto mangueiras
completo, pois engloba: avaliação inicial
do produto, avaliação do sistema de ges-
tão da qualidade do fabricante, avaliação
das rotinas de autocontrole no fabricante
e avaliação anual das mangueiras na fábrica
e/ou mercado. Tanto que as mangueiras
certificadas produzidas no Brasil atendem
de forma eficaz não somente o mercado
nacional, como também é um produto ex-
portado para o todo o mercado externo
incluindo América do Sul, Ásia e África”,
afirma Lopes. O coordenador da Comis-
são de Estudos de Mangueiras também
destaca que já há uma consolidação no
mercado com relação à importância da
certificação deste produto, sendo que tan-
to a portaria do Inmetro, quanto as nor-
mas de mangueiras, somadas aos organis-
mos de certificação de conformidade fo-
ram fundamentais para esta consolidação.
Há 20 anos, a ABNT Certificadora, um
organismo de certificação acreditado pe-
lo Inmetro, possui o programa de certifi-
cação ABNT de mangueiras de incêndio,
que segundo o gerente de Certificação de
Produtos da ABNT, Sergio Pacheco, trou-
xe melhora significativa na qualidade dos
produtos comercializados no mercado
brasileiro. “Um dos principais benefícios
do Programa de Certificação de Manguei-
ras de Incêndio foi o aumento da vida útil
e segurança no uso deste produto, pois é
consenso junto às empresas prestadoras
do serviço de inspeção e manutenção, a
enorme diferença de qualidade entre as
mangueiras de incêndio certificadas e não
certificadas, beneficiando diretamente o
consumidor”, afirma. Pacheco revela que
a existência de mangueiras de incêndio não
certificadas é um fato inegável e preocu-
pante. “Estes produtos não têm qualquer
atestação imparcial e crível que atendem
à norma ABNT NBR 11.861 e, em de-
corrência disto, quem os adquire faz uma
‘roleta russa’ com a segurança do usuário
final, seja por desprendimento violento
das uniões, seja por total inadequação ao
uso pretendido”.
Diante desta realidade, a prioridade atu-
al do programa é reforçar junto aos con-
sumidores e usuários, a importância de
adquirir um produto certificado ABNT e
mostrar os riscos na aquisição do produ-
to não certificado. “Quando o assunto é
segurança, a decisão de compra não pode
ser apenas por critério de curtíssimo prazo
como o preço. A vida útil, bem como se-
gurança e conformidade do equipamento
precisam estar em primeiro lugar na aqui-
sição”, alerta Pacheco.
Equipamento-chave no combate a in-
cêndio, nem sempre a escolha e o uso ade-
quado da mangueira e dos inúmeros aces-
sórios que a compõe é algo simples e de
conhecimento de todos os profissionais da
área. Para isto, o setor conta com normas
que orientam sobre a seleção, os cuidados,
a inspeção e a manutenção e que junto com
o treinamento garantem que não ocorram
erros que afetem os operadores e o funcio-
namento dos equipamentos. Por meio das
normas e portarias relativas ao setor tam-
bém foi possível criar uma consolidação
no mercado sobre a importância da certi-
ficação dos produtos, embora especialistas
destaquem a necessidade da certificação
compulsória das mangueiras.
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