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oADAN
UM ENCONTRO ENTRE D
MARIE BARDET
A FILOSOFIA DA DANÇA
UM ENCONTRO ENTRE DANÇA E FILOSOFIA
Tradução
Regina Schõpke
e Mauro Baladi
mart.1ns �ates
saomartlns
© 2015 Martins Editora Livraria Leda., São
Paulo , para a pres
© L'Harmattan, 2011 ente edição,
5-7 rue de l'Ecole Polytcchnique, 75005
Paris, France. SUMÁRIO
Esta obra foi originalmente publicada em
francês sob o título
Pmser et mouvoir: une rencontre entre da
n.se etphilosop
hie .
Tírulo original: Penser et mouvoir : une rencontre entre Pe(n)sar ................... .................................................................. 22
danse et philosophie.
Bibliografia.
Nietzsche .............................................................................. 28
ISBN 978-85-8063-179-l Badiou .................................................................................. 34
Valéry ................................................................................... 43
1. Dança - Filosofia I. Título.
Nancy ................................................................................... 53
Da metáfora da leveza à experiência da gravidade ............... 58
Atenção................................................................................... 199
Tendênc ia ............................................................................ 213 Uma inquietude pelo concreto
Atitude ............................................................................... 216
Queremos ao mesmo tempo o intemporal e o contemporâ
Articulações ........................................................................... 221
neo. Porém, por mais que esgotemos as imagens e façamos
Entre percepção e composição ............................................. 225
Entre imagens .................................................................... 233 as palavras correrem como água entre os nossos dedos, nem
No me-io ............................................................................. 240 por isso ser emos capazes de dizer como acontece de, em cer
Da pele ................................................................................ 244 ta manhã, acordarmos com desejo de poesia.
Bibliografia .....................................
....................................... 337
O problema de Sócrates dançando
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MARIE BARDET
20
te:
Portanto, ainda mais inquietan um encontro da es
única trajetória... O encontro en
tranheza no seio de uma
e minha experiência na
tre minha experiência na filosofia
Se existem tão poucos filósofos que escreveram sobre a dan-
dança, em seus reflexos fugidios e em seus ecos diferen
ça é talvez porque eles sentiram confusamente que isso es
ciados, facilitou e alimentou essa inquietude. Nem por iss o capava, isso escapava muito; os filósofos não gostam muito
cada terreno do encontro deixa de tomar diferentes senti daquilo que escapa, daqi. ·10 que foge diante das tenazes
dos segundo as trajetórias, ou talvez segundo as épocas da do conceito. Os filósofos que tentaram são os aventureiros,
trajetóri a: eu escolhi um lugar a partir do qual falar - a fi que falaram da dança mesmo não chegando a responder às
losofia - e um modo de apresentação - a escrita. nossas questões de agora. Aqueles que dedicaram algumas
Ao mesmo tempo, esse lugar e esse modo não defi linhas à dança, mesmo fugidias - encontra-se em um afo
nem uma palavra homogênea, mas, antes, constituíram rismo de Nietzsche mais do que em outros longos discur
um lugar de exercício do trabalho, uma situação social na sos - são os aventureiros, os franco-atiradores, aqueles que
qual conduzir minha pesquisa, e algumas direções para as pensam que a filosofia não é a tomada do poder, mas o re
quais eu me dirigia, e esse primeiramente (ou finalmen conhecimento do não poder. Aquilo que define toda uma Ja
maia espiritual; existem aqueles que querem a tomada do
te) - eu me dava conta disso à medida que conduzia o tra
poder, os grandes herdeiros do pensamento ocidental, que
balho - porque são os conceitos que me interessam, como
vêm com suas próprias ferramentas: se isso não funciona,
ferramentas que se forjam nos atritos com o real, atraves eles abandonam a causa. E depois existem os outros, que di
sados pela exigência própria da partilha (divisão, luta, vín zem: mas por que se rejeita isso, por que essa pequena coi
culo) das experiências, das narrações e das invenções com sa sobre a qual vós lançais um olhar desdenhoso não seria
outros, em lugares de criações, de discussões e de ensino, interessante? Nós somos pouquíssimo numerosos. É o que
universitários e artísticos. Pensar com. faz o encanto do trabalho filosófico Jazer aquilo que os ou
tros não quiseram fazer.
Michel Bernard
"Parler, penser la danse" [Falar, pensar a dança}
(p. 110-5), Revue Rue Descartes 2004/2, n. 44.