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A Carta

A carta escrita por Esperança Garcia foi encontrada no arquivo público


do Piauí pelo historiador Luiz Mott, quando realizava sua pesquisa de
mestrado, em 1979. O texto, em uma única página, escrito à mão, trata-
se do documento mais antigo de reivindicação de uma pessoa
escravizada a uma autoridade.

Somente 247 anos depois de escrita,


a carta é reconhecida como uma petição. Como documento histórico,
ela ainda descreve os maus-tratos aos quais a população escravizada
era submetida.

As pesquisas historiográficas apontam que Esperança talvez tenha


retornado à fazenda de Algodões, onde vivia. Essa possibilidade
respalda-se em um documento de 1778 – oito anos após o envio da
carta – com a relação de escravizados desta fazenda onde é
mencionado o casal Esperança e Ignacio – ela com 27 anos, ele 57. Ou
seja: Esperança Garcia tinha apenas 19 anos quando escreveu a carta
reivindicando direitos ao governador. Este documento também consta
na obra “Piauí Colonial: população, economia e sociedade”, de Luiz Mott.
“Eu Sou hua escrava de V.S “Eu sou uma escrava de Vossa
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administração do Cap.am Antoº Senhoria da administração do
Vieira de Couto, cazada. Capitão Antônio Vieira do
Desde que o Cap.am pª Lá foi Couto, casada. Desde que o
administrar, q. me tirou da capitão lá foi administrar que
Fazdª dos algodois, onde vevia me tirou da fazenda algodões,
co meu marido, para ser onde vivia com o meu marido,
cozinheira da sua caza, onde para ser cozinheira da sua
nella passo mto mal. casa, ainda nela passo muito
A primeira hé q. há grandes mal.
trovoadas de pancadas enhum A primeira é que há grandes
Filho meu sendo huã criança q trovoadas de pancadas em um
lhe fez estrair sangue pella filho meu sendo uma criança
boca, em min não poço que lhe fez extrair sangue pela
esplicar q Sou hu colcham de boca, em mim não posso
pancadas, tanto q cahy huã explicar que sou um colchão
vez do Sobrado abacho de pancadas, tanto que caí
peiada; por mezericordia de Ds uma vez do sobrado abaixo
esCapei. peiada; por misericórdia de
A segunda estou eu e mais Deus escapei. A segunda
minhas parceiras por confeçar estou eu e mais minhas
a tres annos. E huã criança parceiras por confessar há três
minha e duas mais por Batizar. anos. E uma criança minha e
Pello ã Peço a V.S pello amor duas mais por batizar. Peço a
de Ds e do Seu Valim ponha Vossa Senhoria pelo amor de
aos olhos em mim ordinando Deus ponha aos olhos em mim
digo mandar a Porcurador que ordenando digo mandar ao
mande p. a Fazda aonde elle procurador que mande para a
me tirou pa eu viver com meu fazenda de onde me tirou para
marido e Batizar minha Filha eu viver com meu marido e
batizar minha filha.
De V.Sa. sua escrava
Esperança Garcia” *Transcrição da carta em
português atual (tradução
livre)
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Fotografia: Paulo Gutemberg

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