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Guia Prático de

FATORES HUMANOS
&ERGONOMIA
SMS Segurança

Janeiro/2021
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Guia Prático de FATORES
HUMANOS&ERGONOMIA

O presente guia tem por finalidade


fornecer orientações às unidades de
negócio relacionadas às práticas de
Fatores Humanos (FH) e Ergonomia,
visando apoiar as lideranças sobre a
abordagem de determinadas questões
associadas a estes temas junto a sua
equipe. O guia aborda quatro principais
aspectos:

• INDIVIDUAIS
• AMBIENTAIS
• TECNOLÓGICOS
• ORGANIZACIONAIS

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

INDIVIDUAIS

1. Considerar no planejamento da tarefa as habilidades, as


qualificações, as experiências, as aptidões e os conhecimentos.
Orientações práticas: Ao planejar uma tarefa, deve ser levado em
consideração a sua complexidade conjugando com as
experiências, capacidades técnicas, treinamentos, habilidades da
equipe envolvida, de forma que a tarefa seja realizada com
segurança e eficiência.

2. Propiciar um ambiente de trabalho favorável à construção de


uma relação de confiança entre as equipes.

Orientações práticas: Para o fortalecimento da confiança na


equipe, o líder deve seguir no dia a dia as seguintes orientações:

• Estar presente no campo;

• Valorizar as contribuições dos colaboradores para a melhorar a


segurança, procurando adequar as condições de trabalho;

• Entender/Analisar o contexto em situações complexas


(acidentes, emergências etc) sem pré-julgamentos;

• Praticar a escuta ativa, visando aprimorar a capacidade de


observação, forma de abordagem, empatia, o cuidado genuíno
e o valorizar o potencial e as características do colaborador.

3. Considerar se os executantes se sentem preparados para a


execução das atividades.

Orientações práticas: Antes de iniciar a atividade, o líder da


equipe deve conversar com todos os colaboradores, no sentido de
certificar-se das reais condições físicas e mentais de maneira que
a tarefa seja executada de forma segura e eficiente.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

AMBIENTAIS

4. Iluminação.

Orientações práticas: verificar se a iluminação do local de


trabalho está distribuída uniformemente e se foi
projetada/instalada de forma a evitar a presença de reflexos ou
ofuscamento em telas e equipamentos. Levantar relatos de
ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos
que possam prejudicam a visibilidade do colaborador para a
realização da tarefa. Verificar também, se os níveis de
iluminamento estão conforme a NHO11.

5. Condições térmicas (temperatura, umidade e ventilação).

Orientações práticas (escritório, sala de controle etc): Verificar


se, nos locais de trabalho, as seguintes condições de conforto são
praticadas:

• Índice de temperatura efetiva entre 20 e 23oC;

• Velocidade do ar não superior a 0,75m/s;

• Umidade relativa do ar não inferior a 40%.

Orientações práticas (área operacional):

• Atentar para relatos sobre a dificuldade de realizar atividades


em função das condições ambientais adversas (calor/frio);

• Verificar se são implementadas ações conjuntas


(ergonomia/segurança/saúde) de forma a minimizar as
condições ambientais adversas (calor/frio).

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

AMBIENTAIS

6. Ruído.
Orientações práticas (escritório, sala de controle etc):

• Verificar a percepção dos colaboradores sobre presença de


ruídos no ambiente que possam prejudicar o desempenho da
tarefa, a concentração, a comunicação, gerando aumento da
carga cognitiva, esforço vocal e incompreensão das
informações para a execução das atividades;

• Verificar se o nível de ruído está de acordo com a NBR-10152.

Orientações práticas (área operacional):

Verificar a presença de máquinas e equipamentos com ruído acima


dos limites de conforto que possam prejudicar a comunicação dos
colaboradores durante a execução das atividades. Os controles
destes ruídos devem ser estabelecidos pela área de ergonomia em
conjunto com a higiene ocupacional.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

TECNOLÓGICO

7. Identificar na sua unidade/instalação a existência de situações


que podem induzir a tomada de decisão/operação equivocada.

Orientações práticas: Atentar-se quanto a situações onde há


simultaneamente de tarefas/estímulos, exigindo do colaborador a
divisão da atenção para executar as demandas do cotidiano do
trabalho, que que possam gerar sobrecarga cognitiva e situações
que dificultem a interpretação das informações. Identifique
preventivamente estes momentos utilizando recursos já
existentes, como por exemplo a técnica dos 3Ps (Pausar, Processar
e Prosseguir), reavalie a situação.

Seguem alguns exemplos de possíveis causas para uma tomada de


decisão/operação equivocada:

• Uso inadequado do alfabeto fonético e da comunicação em


três vias;

• Interferências de ruídos na comunicação e pontos “cegos”;

• Ferramentas inadequadas para a atividade;

• Inadequada manutenção de equipamento;

• Múltiplas informações disponíveis na tela (poluição visual de


dados que gerem a informação para agir), contraste de cores,
excesso de alarmes, informações importantes não evidentes
de imediato na primeira tela etc;

• Instruções ou advertências em língua estrangeira ou de difícil


entendimento.

“Nenhum trabalho é tão urgente


que não possa ser realizado com segurança.”

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

TECNOLÓGICO

8. Considerar se a equipe possui capacitação compatível para


operar ferramentas, equipamentos e sistemas.

Orientações práticas:

• Verificar se a equipe possui capacitação necessária para


executar a tarefa, utilizando as ferramentas, equipamentos ou
sistema com segurança e eficiência;

• Desenvolver treinamentos integrando habilidades técnicas e


não-técnicas, pois elas são responsáveis por um trabalho
produtivo e seguro;

• Estimular sua equipe a levantar e sinalizar possíveis lacunas de


treinamentos para estar preparada para as demandas do
trabalho.

9. Considerar se o layout está adequado à execução segura das


tarefas e ao atendimento de contingências (ex: salas de
controle, espaços de manutenção, plataformas de acessos,
rotas de emergência etc).

Orientações práticas:

• Analisar os recursos e layout das áreas trabalho, identificando


pontos fortes e oportunidades de melhoria, com apoio da
equipe de FH&Ergonomia conforme o caso, para implementar
possíveis recomendações de melhoria na situação identificada.

• Inspecionar em sua unidade possível obstrução/interferência


em rotas de fuga, se a sinalização está atualizada e em boa
conservação, espaços de trabalho inadequados etc, obtendo
menor tempo de fuga em caso de contingência.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

TECNOLÓGICO

10. Implementar medidas de prevenção e controle de possíveis


fontes/fatores de risco de sobrecarga física e mental nos
colaboradores.

Orientações práticas:

• Implementar ações de prevenção e controle de acordo com os


fatores de risco no qual o colaborador está exposto a fim de
evitar sobrecarga física e mental;

• A sobrecarga pode ocorrer quando as exigências da tarefa são


maiores que as capacidades do colaborador;

• A sobrecarga física está relacionada aos esforços físicos


necessários para realizar a tarefa (força, postura, ritmo de
trabalho, jornada, fatores ambientais etc.) e a sobrecarga
mental está associada ao uso excessivo das funções cognitivas
(memória, raciocínio, atenção etc.) que podem influenciar no
processamento adequado das informações e tomada de
decisão;

• A avaliação dessa carga física e mental pode ser obtida


observando a atividade realizada, conversando com os
colaboradores (escuta ativa), buscando suas impressões e
dificuldades para executar sua atividade no dia a dia.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

TECNOLÓGICO

11. Possuir uma sistemática para verificar as dificuldades de


operação/manutenção dos equipamentos (sua finalidade,
acesso, facilidade, potencial para a falhas etc) no dia a dia da
operação.

Orientações práticas:

• Compreender as interações homem e sistema, em conjunto


com os colaboradores e equipe de manutenção, para
identificar precocemente falhas, potenciais soluções e
melhorias para operação dos equipamentos da unidade.

• Sistematizar o processo de manutenção corretiva e preditiva


dos equipamentos da operação, elaborando um plano de
controle de manutenção dos equipamentos;

• Implementar ações de prevenção e controle para avaliar as


possíveis dificuldades de operação dos equipamentos,
sinalizando equipamentos operando em instabilidade ou com
sinais de alerta (ruídos estranhos, vibrações excessivas, odores
anormais etc).;

• Criar espaço onde os trabalhadores possam sinalizar


dificuldades de operação de algum equipamento ou
necessidade de manutenção.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

12. Identificar
problemas de FH&Ergonomia oriundos do projeto e
tomam as devidas ações mitigadoras dentro do possível?

Orientações Práticas (equipes de projeto):

Um projeto de engenharia adequado aos FH&Ergonomia considera a


inserção da ergonomia de concepção durante todo seu ciclo de
vida. Itens básicos como iluminação, espaçamento adequado,
facilidade de acesso, tamanho e disposição dos equipamentos na
planta, sinalização, facilidade de operação etc, são apenas alguns
dos aspectos, que uma vez não considerados, podem favorecer a
ocorrência de acidentes, assim como a perda de produtividade e
aumento de custos para correção de alguma situação inadequada.

Orientações Práticas (unidade operacional):

As equipes de operação/manutenção devem fazer um


levantamento dos problemas da unidade oriundos do projeto e
discutir com seus gestores a priorização para tratá-los. Naquilo que
não for possível corrigir, implementar medidas administrativas e de
gestão, visando mitigar as deficiências do projeto. Além disso, os
problemas da unidade devem servir para subsidiar um banco de
dados , como Situações de Referência, com o objetivo de
retroalimentar a concepção de futuros projetos, evitando
problemas similares em futuras instalações.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

13. Considerar que as informações relevantes são transmitidas nas


passagens de serviços?

Orientações Práticas:

Anote e informe os pontos críticos a serem transmitidos para


quem está assumindo o turno, tais como:

• Instabilidades no processo;

• Equipamentos inoperantes ou em manutenção;

• Efetivo da equipe;

• Obras em andamento e que terão continuidade no turno


seguinte;

• Mudanças em implementação;

• Gerenciamento de by-pass/override/force/jump;

• Vazamentos/derramamentos de produtos;

• Possíveis emergências operacionais e como foi realizado sua


estabilidade;

• Etc.

Seja claro, objetivo, conciso em relação a passagem de serviço


que deve se restringir aos aspectos técnicos/profissionais da sua
unidade. Em caso de uso de livro de passagem de serviço, a
escrita deve ser legível. Na dúvida, utilize a letra de imprensa.
Tenha certeza de que a mensagem foi entendida adequadamente
por quem está assumindo o turno.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

14. Aprender com as experiências passadas / Discutir com os


colaboradores possíveis falhas que podem vir a acontecer
durante o trabalho.

Orientações Práticas:
• Criar espaços de discussão organizados de forma a conhecer,
sem críticas ou julgamentos, como é efetivamente realizada a
atividade, reconhecendo como os colaboradores precisam
fazer para realizar o seu trabalho e suas possíveis “falhas” na
execução da atividade e assim retroalimentar os
procedimentos/instruções de trabalho/ordens de
manutenção/normas da organização;
• Construa uma cultura por meio de experiência compartilhada
de práticas entre colaboradores e lideranças;
• Mantenha alinhados a prática e a teoria (Trabalho Real e
Trabalho prescrito).

15. Adotar ações para gerenciar a sobrecarga de trabalho /


Considerar o dimensionamento adequado das equipes frente as
demandas operacionais / Tomar ações no sentido de mitigar a
pressão de tempo para realização das atividades.
Orientações Práticas:
• Avaliar as ações que a gerência adota para mitigar a
sobrecarga de trabalho nas equipes: planejamento adequado e
antecipado das atividades, divisão de demandas operacionais
frente ao dimensionamento das equipes, seja com operadores
mais experientes ou mais novos; frequência de dobras e/ou
prolongamentos de jornadas de trabalho;
• Implementar ações para reduzir o excesso de pressão de
tempo para a realização de atividades com qualidade, por
meio da discussão de prazos adequados para a realização de
serviços/atividades, levando em consideração o universo de
demandas, quantitativo das equipes e a segurança/saúde dos
colaboradores.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

16. Praticar a investigação&análises de acidentes e incidentes,


incluindo a identificação dos aspectos de FH&Ergonomia que
influenciaram no evento.
Orientações Práticas:

• Quando um acidente/incidente acontece, deve-se fazer o


exercício de considerar os FH&Ergonomia em sua análise.

• Procure entender o porquê o indivíduo adotou aquele


comportamento no momento do acidente/incidente. Não
utilize a falha humana como a causa raiz. Você precisa
entender o contexto do porquê a falha ocorreu. A falha
humana não é o ponto final, ou seja, é apenas o início da
análise!;

• Constate as reais condições de trabalho no campo,


comparando o trabalho prescrito (idealizado) com o trabalho
que realmente foi feito (real). Considerar a possibilidade de
incluir um especialista em ergonomia e/ou integrante da
equipe de FH&Ergonomia nesta análise;

• Considere todas as variáveis da atividade que podem ter


contribuído direta ou indiretamente para o
acidente/incidente;

• Faça perguntas abertas, pratique a escuta ativa e evite


direcionar a entrevista.

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

17. Realizar a gestão de mudança levando em consideração os


aspectos de FH&Ergonomia.

Orientações Práticas:

• Nas fases de planejamento/execução/conclusão da mudança,


devem ser analisados os potenciais impactos que a mudança
pode provocar em relação a FH&Ergonomia

• Gerentes, coordenadores e supervisores de áreas operacionais


e suas equipes devem discutir todas as etapas da mudança e
implementar medidas de ordem técnica, administrativa e de
gestão para evitar futuros acidentes, mantendo sempre a
comunicação ativa das mudanças para todos os envolvidos.

FH&Ergonomia não é um tema a parte da segurança,


mas sim parte integrante dela, sendo como um valor para a
organização.

18. Avaliar os aspectos de FH&Ergonomia durante a análise de


risco para o planejamento e execução das atividades.

Orientações Práticas:
Nas análises de risco (APR, HAZOP e permissões de trabalho) deve-
se levar em consideração os fatores que podem influenciar o
desempenho humano na execução das atividades tais como:
INDIVIDUAIS AMBIENTAIS TECNOLÓGICOS ORGANIZACIONAIS
• Habilidade • Ruído • Ambiente da • Política e
sala de regras
• Conhecimento • Iluminação controle
• Experiência • Cultura
• Temperatura • Telas dos organizacional
• Motivação • Umidade equipamentos
• Liderança e
• etc • Layout • Sistemas de supervisão
controle
• etc • etc
• Softwares
• etc

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Guia Prático de FH&ERGONOMIA

ORGANIZACIONAIS

19. Avaliar os procedimentos de forma a adequá-los como o


trabalho realmente é feito no campo.

Orientações Práticas:

• Aplicar sistemática de avaliação dos procedimentos junto a


sua equipe. Como exemplo podem ser citados a realização do
VCP (Verificação de Conformidade do Procedimento) e as
revisões realizados nos procedimentos, dentre outros.
Observe o que da prática é realizado que poderia ser
aprimorado no procedimento;

• Durante a discussão como os colaboradores, observe se o texto


do procedimento utiliza palavras com conotação negativa, pois
pode confundir a real intenção da mensagem. Houve alguma
mudança no processo que justifique a atualização do
procedimento?

• Evite textos longos e prolixos.

• Utilize artifícios tais como croquis, figuras, fotos etc, para


melhorar a assimilação do conteúdo.

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