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GRUPO DE AÇÕES TÁTICAS ESPECIAIS

4º BPChq

PARÂMETROS DE NEGOCIAÇÃO
Recurso do Curso de Negociação em Situações de Crise

4º Batalhão de Polícia de Choque


Batalhão de Operações Especiais – GATE
2023
Maj. PM Andrade
4º Batalhão de Polícia de Choque
Batalhão de Operações Especiais - GATE

PARÂMETROS DE NEGOCIAÇÃO
Recurso do Curso de Negociação em Situações de Crise

Documento de amparo referente ao Curso


de Negociação em Situações de Crise
ministrado por instrutores do Grupo de
Ações Táticas Especiais, 4º Batalhão de
Polícia de Choque da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, como requisito
essencial para a obtenção do título de
formado no curso referido.

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SUMÁRIO

1. Protocolos..................................................04
2. Missões.....................................................05
3. Mídia.........................................................06
4. Doutrinas..................................................07
5. Sensação de medo.....................................08
6. Suicide by cop...........................................09
7. Crime passional.........................................10
8. Distribuição de artigos disponíveis.............11

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Protocolos

PROCESSO DE PERSUASÃO, identificar o objetivo do criminoso e a


motivação do crime, buscar evidenciar a função da equipe de negociação
(tentando criar um tipo de vínculo emocional com o sequestrador). Durante o
gerenciamento de crise é pertinente ressaltar que devemos tranquilizar o
sequestrador e não potencializar a situação, oferecendo por exemplo: coletes
balísticos, fuga, armas de fogo etc.

PROCESSO DE PERSUASÃO & PROTOCOLO DE RENDIÇÃO, oferecer


ao sequestrador a libertação do refém e, dependendo da situação, tentar
tornar incontestável que o refém não tem nada a ver com o objetivo dele (isso
se inclui, principalmente, em situações de roubos frustrados). Sempre
deixando claro que caso ele cumpra com os nossos protocolos de rendição,
ele se favorecerá.

Caso o causador da situação não colabore com a equipe de negociação,


os operadores de intervenção são acionados após um escaneamento de
oportunidades dentro daquela situação, realizada pelo negociador (ex.:
varandas que possibilitam a entrada dos operadores, tetos, janelas etc.)

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Missões

A primeira missão de um negociador é entender o conflito como algo


comum nas relações interpessoais, diferente do confronto destrutivo (cuja
ação não se enquadra nos interesses do GATE). No momento em que estamos
em uma negociação onde se tem vidas em jogo e existe um criminoso
tomando reféns o nosso intuito dentro do conflito é abrandar e, a partir
disso, começar a estabelecer uma relação. A empatia é uma das ferramentas
necessárias para termos sucesso em situações de refém.

A sociedade funciona da seguinte forma: Quando se há um problema,


ligamos para a polícia. Porém, existem situações em que a polícia identifica
um problema, e é a partir deste momento que as tropas especializadas da
Polícia Militar entram em ação. Criminosos que, por exemplo, falham em
assaltos e posteriormente se veem cercados pela polícia passam a ter medo
de iniciar-se um confronto, e por intermédio deste sentimento de medo, o
criminoso toma posse de um refém para garantir a sua própria integridade
física. Agora em diante, tudo irá se resolver a base da negociação policial que
tem o objetivo de fazer com que o criminoso entenda que ele deve liberar o
refém e sair daquela situação vivo e preso.

Quando um criminoso tem uma pessoa como sua propriedade,


nomenclaturamos esta ação de “fase do eu quero”, que é o momento em que
o sequestrador exige utensílios impossível de se fornecer. A magia do
negociador é receber esta informação e sempre evitar a palavra “não”, sempre
tentando contornar a situação evidenciando de que aquilo não é legal.
Ressalte sempre o aprovisionamento de segurança em que a nossa equipe dá
enquanto ele estiver conversando conosco, e se por exemplo ele exigir um
carro, dá para se revelar que ele não estará mais seguro e provavelmente irá
dessa para melhor lá fora.

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Não existe tempo em negociação, existe gráfico. Se as coisas estão indo


bem, o criminoso está cedendo as exigências iniciais, não está ferindo os
reféns e está demonstrando um controle cada vez maior, a negociação se
caminha bem e da forma correta. Em caso contrário, temos outras formas de
remediar aquela situação, como: atiradores posicionados e equipe de
intervenção. Quando nos deslocamos para uma ocorrência, levamos conosco
todas as ferramentas necessárias, que são a equipe de intervenção tática,
equipe de atiradores de precisão e o time de negociação, cada um vai
atuando no seu segmento. Atiradores se posicionam, intervenção verifica
portas, janelas, gênero de explosivo para o arrombamento de portas e
parâmetros de ocupação, e quanto ao negociador ele vai para a situação para
resolver numa boa, através de conversa.

A negociação é aquilo que mais favorece o nosso objetivo, no qual é


liberar os reféns, criminoso preso e os policiais sãos e salvos.

Mídia

O sonho de todo repórter é o furo jornalístico, que é aquilo que você


tem e ninguém mais tem. Todos eles vão para a situação atrás do furo, e para
adquiri-lo o repórter faz o que for necessário. Uma das técnicas para se lidar
com a mídia em sequestros, que foi até mesmo utilizada por um dos maiores
negociadores do Brasil, Diógenes Lucca, fundador do GATE, é reunir todos
os repórteres e estabelecer um local privilegiado para eles ficarem. Ele
designava um assessor para fornecer um boletim para os repórteres, e ao
fazer isso, eles abaixavam a pressão pelo fato de que ninguém iria ter a posse
do furo jornalístico. A segunda estratégia utilizada pelo mesmo era dar a
mesma entrevista para todas as emissoras.

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Doutrinas

• Comandante Geral (graduação que possui poder de decisão) não

pode negociar, o correto é um intermediário.

• Não trazer terceiros para fazer parte da ocorrência (por exemplo:

o sequestrador solicita alguém para posteriormente fazer a liberação do


refém)

• Sempre estabelecer plano de contingência. Caso a situação se

agrave, as demais equipes que detém outras funções estarão prontas.


Ou seja, ter um plano de contingência é estar sempre preparado para
qualquer cenário que possa vir a tona.

• Não distorcer a verdade. Durante a negociação, a verdade

nunca pode ser distorcida, pelo fato de que nós trabalhamos atendendo
a credibilidade do nosso batalhão, e caso mentirmos, a situação irá se
deflagrar e ser disseminada por diversas emissoras, e
consequentemente as futuras ações em que gerenciarmos não teremos
um bom reconhecimento por parte dos criminosos, que já estarão
cientes que em uma situação hipotética podemos estar mentindo.

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Sensação individual (MEDO)

Quem trabalha em tropa de elite, se o operador não tem medo, ele não
serve para estar admitido naquele determinado batalhão. O medo é um fiel
regulador da sua conduta que se chama “prudência”, a prudência é uma
virtude, e ela apenas é efetiva quando o medo está presente.

Quando não se tem medo o policial vira um temerário, e o temerário


não é uma virtude. Temerário é o homem que exagera da coragem, e esse
sentimento não se enquadra nem um pouco em situações de refém, ou em
qualquer outra. Entretanto, o medo é um sensor que te comunica quando se
há um risco iminente para a sua vida, ou na sua integridade física.

Suicide by cop

Existe algo chamado “suicide by cop”, que é o suicídio praticado pela


polícia. O infrator não quer mais viver, mas ele não tem coragem de se matar.
Entretanto, ele cria uma situação para a polícia ir e fazer este “serviço” para
ele. Nessa situação, é fundamental manter a cabeça do psicótico ocupada e
conversar de forma calma e pacífica sobre seus motivos e necessidades,
nunca demonstrando hostilidade.

Se a situação se tornar violenta e a vida do policial ou de outras


pessoas estiver em risco, o uso de força letal através das equipes de
intervenção tática pode ser empregado. No entanto, é importante que o
negociador esteja preparado para tomar qualquer decisão correta e agir de
acordo com os protocolos de segurança.

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Crime passional

Um crime passional é um crime cometido por uma pessoa que age sob
forte emoção, geralmente decorrente de ciúme ou raiva, em relação a outra
pessoa com quem mantém ou manteve um relacionamento amoroso, como
um namorado(a) ou amante. O termo "crime passional" refere-se à paixão que
motivou o crime, e geralmente envolve um ato de violência física ou
assassinato.

Nessa situação, é importante colocar em jogo a empatia e tentar


estabelecer uma conexão entre o negociador e o sequestrador.

Distribuição de artigos permitidos

Durante uma negociação, existem itens que são negociáveis e outros


que não são negociáveis. Tudo aquilo que não for prejudicar ou potencializar
a ocorrência os negociadores podem providenciar, por exemplo: água,
comida, telefonema (dependendo da situação) etc.

Os telefonemas devem ser analisados dentro da situação, e a análise


deve certificar se a pessoa em que eles tá almejando ligar vai contribuir ou
prejudicar a situação.

Coletes, por exemplo, podem ser fornecidos dependendo também da


situação. É importante ressaltar que os coletes não podem ser dados no
início de uma negociação, e sim no fim, quando ele começar a entregar
indícios de que vai se entregar. Isso pode encorajar o indivíduo a fazer a
liberação do refém, mas deve ser analisado antes de ser entregue.

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