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CONTABILIDADE, FISCALIDADE

E GESTÃOADMINISTRATIVA
FORMADORA: SARA PINHEIRO
VILA DO CONDE / 2019
MÓDULO X – IRS
Imposto sobre os rendimentos das Pessoas
Singulares
FORMADORA: SARA PINHEIRO
VILA DO CONDE / 2019
INCIDÊNCIA PESSOAL

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O QUE É O IRS?

O IRS é a sigla para Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares. Por outras
palavras, é o imposto que tributa o rendimento dos cidadãos.

Quanto às suas características, o IRS é:

 Direto: Incide imediatamente sobre o rendimento e é atribuído diretamente a uma


pessoa (contribuinte).

 De base mundial: Aplica-se à totalidade dos rendimentos dos residentes em Portugal,


independentemente do local onde forem obtidos, e ainda sobre os não residentes pelos
rendimentos obtidos em Portugal.

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O QUE É O IRS?
 Pessoal: Tem em conta a situação económica e social do contribuinte e do seu
agregado familiar. Por exemplo, o cálculo do imposto é afetado pelo estado civil, número
de dependentes, património, grau de deficiência (se existir), entre outros fatores.

 Periódico: Tem uma natureza anual, uma vez que incide sobre o valor dos rendimentos
obtidos entre 1 de janeiro e 31 de dezembro,

 Declarativo: É determinado com base nas informações que constam na declaração de


rendimentos –Declaração Modelo 3 – que cada contribuinte tem o dever de entregar
anualmente.

 Progressivo (por escalões): Quanto mais elevado o escalão de rendimento sujeito a


imposto, maior a taxa, mas só até um determinado nível. Ou seja, quem ganha mais,
paga uma taxa de imposto superior.

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INCIDÊNCIA REAL E PESSOAL

 (1) Incidência Real ou Objetiva – O Que está sujeito a imposto

 (2) Incidência Pessoal ou Subjetiva – Quem está sujeito a imposto

 Artigo 1º CIRS Incidência Real ou Objetiva – O Que está sujeito a imposto?

 O valor anual dos rendimentos mesmo provenientes de atos ilícitos enquadráveis nas
diversas categorias que o integram, após efetuarmos as respetivas deduções
específicas.

 Rendimentos em dinheiro ou em espécie são sujeitos a tributação.

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BASE DE INCIDÊNCIA
Pessoas abrangidas Tributação

Residentes São tributados pela globalidade dos rendimentos


obtidos (em Portugal e no estrangeiro)

Ex-residentes Exclusão de tributação de 50% dos rendimentos do


trabalho dependente e dos rendimentos empresariais
e profissionais

Residentes não habituais São tributados pelos rendimentos líquidos do trabalho


dependente e independente, a uma taxa fixa de 20%,
relativamente aos rendimentos derivados de
atividades de "elevado valor acrescentado".
Rendimentos de fonte estrangeira podem ficar isentos
de tributação, em determinadas circunstâncias

Não residentes São tributados pelos rendimentos obtidos em Portugal

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RESIDÊNCIA
 Regra - Artigo 16º CIRS
 > 183 dias, seguidos ou interpolados
 < 183 dias, mas disponha a 31/12 de habitação com carácter de permanência
 Outras regras aplicáveis a tripulantes de navios ou que exerça funções públicas no
estrangeiro
 Nacional português que deslocalize a sua residência fiscal para off-shore (+4)

 Importante: Basta que um cônjuge (a quem incumbe a direção do AF) seja considerado
residente fiscal para que todo o agregado familiar o seja

 Contudo, um dos cônjuges pode ser tratado como não residente em Portugal, caso não
detenha uma ligação entre a maior parte das suas atividades económicas e o território
português e o comprove. O outro cônjuge, enquanto residente em território nacional, deverá
entregar a sua declaração de IRS como separado de facto
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RESIDÊNCIA
 Residência nas regiões autónomas - Artigo 17º CIRS

 > 183 dias, seguidos ou interpolados

 Residência habitual e aí esteja registado para efeitos fiscais (domicílio fiscal)

 Aí tenham o seu centro de interesses – n.º 3 do artigo 17º (obtenção da maior parte dos
rendimentos)

 Importante: Também aqui se assiste à atracão da residência fiscal a todo o agregado

familiar

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RESIDÊNCIA
 Residência fiscal parcial

 No ano da vinda para Portugal, o sujeito passivo é residente desde o primeiro dia do
período de permanência em território português até final do ano. Salvo se tiver sido
residente em qualquer dia do ano anterior, caso em que é residente todo o ano.

 No ano de saída de Portugal, o sujeito passivo é residente desde 01 de Janeiro até ao


dia anterior à saída. Salvo se no ano seguinte vier a ser considerado residente, caso em
que é residente todo o ano.

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CASOS PRÁTICOS
 EXEMPLO 1

 Sebastião, oficial do exército português, esteve a trabalhar:

 De 01/01 a 30/04 esteve deslocado na Região Autónoma dos Açores

 De 01/05 a 31/07 foi deslocado em missão a Timor ao serviço do Estado português

 De 01/08 a 31/12 em Santarém

 Subsídio de Férias pago em Junho e subsídio de Natal pago em Novembro

 Não dispõe de habitação própria

 Alterou a residência fiscal de acordo com as deslocações referidas

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CASOS PRÁTICOS
 EXEMPLO 2

 Helena, consultora, esteve a trabalhar:

 De 01/01 a 30/04 em Lisboa

 De 01/05 a 30/09 esteve deslocada no Funchal

 De 01/10 a 31/12 esteve deslocada em Angra do Heroísmo

 Subsídio de Férias pago em Junho e subsídio de Natal pago em Novembro

 Não dispõe de habitação própria

 Alterou a residência fiscal de acordo com as deslocações referidas

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CASOS PRÁTICOS
 EXEMPLO 3

 Fernando, engenheiro, esteve a trabalhar:

 Em Angola de 01/01 a 31/03

 Em Faro de 01/04 a 10/10

 Em Évora de 11/10 a 31/12

Determine a residência fiscal do sujeito passivo considerando

A – No ano anterior foi considerado residente em Portugal

B – No ano anterior foi considerado não residente

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TRIBUTAÇAO SEPARADA/CONJUNTA
 Regime Regra
Tributação Separada – artº 13 nº 2 CIRS
Imposto apurado individualmente em relação a cada conjugue/unido de facto
Cada conjugue entrega uma declaração
50% dos rendimentos dos dependentes
50% do índice do quociente familiar aplicável ao número de dependentes
50% das deduções pessoais fixas por dependente
50% das deduções à coleta determinadas para o agregado familiar

 Regime Facultativo
Opção pela tributação conjunta
Imposto apurado pela soma dos rendimentos das pessoas que compõem o agregado
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familiar
AGREGADO FAMILIAR
Art.º 13º CIRS

 Composição do agregado familiar (n.º 3)

 Cônjuges não separados judicialmente e seus dependentes

 Cada um dos cônjuges e dependentes a seu cargo

 Pai ou mãe solteiros e dependentes a seu cargo

 Adoptante solteiro e os dependentes a seu cargo

 Importante (n.º 5) – Um dependente só pode fazer parte de um agregado familiar

 Data relevante (n.º 7) – último dia do ano


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AGREGADO FAMILIAR
Art.º 13º nº5 CIRS
 Dependentes
 Filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados e menores sob tutela

 Se maiores:
 < 25 anos
 Não auferido rendimentos anuais > à RMMG mais elevada
 Frequentem o 11º ou 12º ano, estabelecimento de ensino médio ou superior

 Se maiores:
 Sejam inaptos para o trabalho e para angariar meios de subsistência
 Não auferido rendimentos anuais > ao SMN mais elevado

 Mas, podem ser tributados autonomamente


Excepto se foram filhos, adoptados e enteados, menores não emancipados e menores
sob tutela e a administração dos rendimentos não lhes pertencer na totalidade
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UNIÕES DE FACTO
Art.º 14 CIRS

 Regime legal:

 Lei n.º 7/2001, de 11 de Maio

 Vivam em união de facto, há mais de dois anos

 Aparência externa de casamento

 Independentemente do sexo

 Regime fiscal:
 Verificação das regras legais

 Domicílio fiscal comum, durante o período legal e no período de tributação

 Podem optar pelo regime aplicável aos casados e não separados

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CASOS PRÁTICOS
 EXEMPLO 1

António e Berta são casados e têm 2 filhos, Carlos (3anos) e Daniela (10anos). Com
eles vive ainda Eva, mãe de António. Identifique o agregado familiar.

 EXEMPLO 2

Ana e Celestino são casados e têm 2 dependentes. Um dos dependentes tem


rendimentos. Identifique o agregado familiar.

 EXEMPLO 2

Natália, viúva, vive em união de facto com Alberto há 5 anos. Com eles vivem Madalena
(24anos) filha de Natália, terminou a licenciatura no ano anterior e não tem rendimentos;
Carlos (27anos) filho de Alberto e desempregado; Gisela, mãe de Natália, aufere uma
pensão de sobrevivência SMN; Bento, irmão de Alberto, inapto ao trabalho. Identifique o
agregado familiar.
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CATEGORIAS DE RENDIMENTOS

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CATEGORIA DE RENDIMENTOS

 Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente

 Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais

 Categoria E - Rendimentos de capitais

 Categoria F - Rendimentos prediais

 Categoria G - Incrementos patrimoniais

 Categoria H - Pensões

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Rendimentos de
categoria A

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A - artigo 2º

Rendimentos do trabalho dependente

Remunerações auferidas no âmbito de:

‒ Contrato de trabalho ou equivalente


‒ Como membro de órgãos estatutários
‒ Contrato de prestação de serviços, sob autoridade e direcção do adquirente dos
serviços
‒ Exercício de função de cargos públicos
‒ Situações de pré-reforma

Sujeitos a tributação desde que pagos ou colocados à disposição dos


respectivos titulares (artigo 99º, n.º 1 parte final)

Rendimentos pagos a qualquer pessoa do agregado familiar ou ligado


por vínculo de parentesco ou afinidade (artigo 2º, n.º 11)
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A - artigo 2º

Rendimentos do trabalho dependente

‒ Ordenados, salários, vencimentos, comissões, etc.

‒ Subsídios ou prémios (ex: subsídios de férias, de Natal, para estudo, doença,


gratificações, etc.)

‒ Outros benefícios ou regalias:


• abonos de família na parte que exceda os limites legais
• subsídios de refeição na parte que exceda os limites legais
• senhas de presença
• Emolumentos
• subsídio de residência
• “stock-options”
• utilização pessoal / aquisição de viatura de empresa
• contribuições para fundos de pensão/seguros vida
• etc.
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A - artigo 2º

Rendimentos não sujeitos

‒ Subsídios de refeição - até 150% ou 170% do montante dos servidores do Estado


(“ticket-refeição”)
‒ Ajudas de custo - até ao montante dos servidores do Estado
‒ Abonos para falhas – se < 5% da remuneração mensal fixa
‒ Abonos de família e prestações suplementares
‒ Subsídio de desemprego
‒ Subsídio de doença - na parte suportada pela Segurança Social
‒ Indemnização por cessação do contrato de trabalho (quando não atribuído a
administrador, gestor ou gerente) - limite fiscal
‒ Seguros e operações do ramo vida
‒ Contribuições para regimes obrigatórios de Segurança Social
‒ Realizações de utilidade social e lazer (v.g., “Ticket-infância”)
‒ Passes sociais
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A

Regra geral

Todas as remunerações, regalias, subsídios, etc., de qualquer espécie (numerário ou em


espécie) pagos e/ou colocados à disposição dos colaboradores, em resultado da relação
laboral existente, são tributadas em sede de IRS

Excepções

• As situações previstas, regra geral, a contrario, na alínea b) do n.º 3 e n.ºs seguintes


do artigo 2º do CIRS
• Delimitações negativas de IRS
• Isenções e/ou benefícios fiscais
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Indemnizações por cessação cont.

Não sujeito a IRS:

A * RM (12 meses)
A - Antiguidade (ano ou fracção)
RM - valor médio das remunerações regulares sujeitas a IRS dos últimos 12
meses

Passos:

1º Passo – Determinação das remunerações regulares dos últimos 12 meses – incluir


todas as remunerações regulares com carácter de retribuição sujeitas a
imposto

2º Passo – Aplicação da fórmula


Valor não sujeito a tributação = n.º anos * RM
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3º Passo – Valor sujeito (se indemnização > valor não sujeito)
(Indemnização – valor não sujeito) * taxa de retenção aplicável
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Indemnizações por cessação cont.

Mas se:

• Nos 24 meses seguintes criar novo vínculo profissional ou empresarial

• Beneficiou do regime nos 5 anos anteriores

• Pagas a gestores, administradores ou gerentes

Sujeito a IRS pela totalidade


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Abono para falhas

Rendimento tributável

Valor que exceda 5% da remuneração mensal fixa

Exemplo: Vencimento de 600,00€


Abono para falhas superior a 30,00€ fica sujeito a tributação em sede de
IRS.
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Viaturas

Utilização Pessoal

– Encargos para a Empresa


– Acordo escrito
– Rendimento:
– 0,75% * Custo Aquisição * Meses de utilização

Aquisição de viatura

– Diferença entre preço pago e o valor médio de mercado (coeficientes da


Portaria n.º 383/2003)
– Deduzir os rendimentos anuais tributados (se aplicável)

Não sujeito a retenção na fonte


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Ajudas de custo

Quantitativos – em função do território

• Portugal

– Membros do Governo - € 69,19/dia


– Restantes funcionários - € 50,20/dia

• Estrangeiro

– Membros do Governo - € 133,66/dia


– Restantes funcionários - € 119,13/dia

Ver Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril – regime geral


Ver Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28 de Dezembro
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Ajudas de custo

As ajudas de custo visam:

Custear despesas com a deslocação do trabalhador, daí:

limite de 90 dias consecutivos


(para deslocações em território português)

Necessário elaborar um boletim de itinerário:


 Por trabalhador
 Motivo da deslocação
 Local da deslocação
 Dia(s) de deslocação
 Hora de partida e de chegada
 Valor de ajuda de custo
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Utilização de viatura própria

Quilómetros em viatura própria:

Valor não sujeito – Euros 0,36/km

Incompatível com reembolso de Despesas – e.g. gasolina, pneus, etc.

Necessário elaborar um boletim de itinerário:


 Por trabalhador
 Motivo da deslocação
 Local da deslocação
 Valor atribuído
 N.º de quilómetros percorridos
 Identificação do proprietário da viatura
 Identificação da viatura - respectiva matrícula
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria A – Subsídio de refeição

O subsidio de refeição visa :

Apoio despesas diárias com a alimentação do colaborador daí:

Se receber reembolso de despesas ou ajuda de custo, um ou outro terá de ser


considerado como rendimento do trabalho dependente

Valor não sujeito:

• Se pago em dinheiro – Limite legal estabelecido: Euros 5,72


• Se atribuído em vales de refeição –Limite legal estabelecido – Euros 7,63
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte

- Artigo 98º - regras gerais

- Artigo 71º - regras especiais – taxas liberatórias aplicáveis a:


• Determinados rendimentos de Categoria E – ver art.º 101º
• Rendimentos pagos a não residentes

- Artigo 99º - regras aplicáveis a:


• Rendimentos de Categoria A
• Rendimentos de categoria H

- Artigo 100º - regras aplicáveis a remunerações variáveis, Categoria A

- Artigo 101º - regaras aplicáveis a:


• Rendimentos de Categoria B
• Rendimentos de Categoria E (ver art.º 71º)
• Rendimentos da Categoria F

- Decreto-Lei n.º 42/91, de 22 de Janeiro


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria A

Regimes a atender:
- Artigos 99º a 101º do CIRS
- Decreto-Lei n.º 42/91, de 22 de Janeiro

Regras gerais:
- As entidades que paguem rendimentos desta categoria são obrigada a efectuar
retenção na fonte de IRS

- As taxas de retenção na fonte mensais (remunerações fixas) são publicadas


anualmente para o Continente, Madeira e Açores, separadamente

- Devem ser considerados todos os rendimentos pagos no mês. Excluem-se desta


regra o subsídio de férias e de Natal, que serão objecto de retenção autónoma
(mesmo que pagos fraccionadamente)
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria A

Não são sujeitos a retenção na fonte (n.º 1 artigo 99º CIRS):

- Subsídios de residência

- Empréstimos sem juros ou a taxa bonificada Mas objecto de englobamento


por parte do beneficiário do
- Ganhos derivados de planos de acções rendimento

- Utilização pessoal de viatura

- Aquisição de viatura

- Gratificações não atribuídas pela entidade patronal (mas por opção pode ser sujeito a
retenção)

Dispensados de retenção na fonte (n.º 5 artigo 99º CIRS):

- Rendimentos do trabalho obtidos no estrangeiro, por residentes em território


português, se sujeitos a tributação efectiva no país da fonte, em imposto similar
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria A

Principais regras para aplicação das tabelas de retenção na fonte (remunerações


fixas):

- A entidade patronal deve solicitar ao empregado os dados necessários à identificação


da sua situação pessoal e familiar

- O trabalhador é obrigado a actualizar estes dados

- Caso os dados não sejam conhecidos, o trabalhador será tratado como “não casado e
sem dependentes”

- “Não casado” – solteiros, viúvos, divorciados, separados judicialmente ou separados


de facto

- “Casado único titular” – casados e não separados judicialmente, quando um dos


cônjuges aufira rendimentos englobáveis iguais ou superiores a 95% do rendimento
englobado

- “Casado dois titulares” – nas restantes situações


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria A

Regras de retenção na fonte – remunerações variáveis:

- Aplicação das taxas previstas no artigo 100º do Código do IRS

- A taxa a aplicar é aquela que corresponda à melhor estimativa da remuneração anual


a auferir ou às remunerações já auferidas no ano

- Não haverá lugar a retenção na fonte se, não sendo possível estimar o rendimento
anual, se aufiram rendimentos inferiores a 5.269 Euros

- Mudando-se de escalão, deverá entregar-se as correcções às retenções já efectuados


no ano
Rendimentos de
categoria B

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria B - artigo 3º

Rendimentos empresariais e profissionais


• Rendimentos de actividade de prestação de serviços
• Rendimentos de propriedade intelectual, quando auferidos pelo titular originário
• Rendimentos comerciais e industriais
• Rendimentos agrícolas, silvícola ou pecuária

Sujeitos a tributação desde o momento em que, para efeitos de IVA, seja obrigatória a
emissão de factura ou documento equivalente (até 5 dias úteis após a prestação do
serviço – art. 36º CIVA); ou

Se não for obrigatória a emissão do documento, o momento do pagamento ou


colocação à disposição dos respectivos titulares
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real – Categoria B - artigo 4º

Rendimentos comerciais e industriais, agrícolas, silvícolas e pecuárias

• Compra e venda
• Fabricação
• Pesca
• Explorações mineiras
• Construção civil
• Actividades hoteleiras
• Artesanato
• Etc.
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria B

Regimes a atender:

- Regras gerais - Artigo 98º


- Regras específicas categoria B – artigo 101º
- Decreto-Lei n.º 42/91, de 22 de Janeiro

Regras especiais:

- As entidades que tenham contabilidade organizada e paguem rendimentos desta


categoria são obrigada a efectuar retenção na fonte de IRS

- As taxas de retenção na fonte são fixas


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria B

Taxas de retenção na fonte:

- Prestações de serviços / artigo 151º do CIRS – 21,5% (ver Portaria n.º 1011/2001, de 21 de Agosto)

- Outras prestações de serviços, actos isolados e subvenções – 11,5%

- Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial – 16,5%

- Actividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou


técnico, por residentes não habituais em território português – 20%

Regra de dispensa de retenção na fonte:

- Quando o rendimento anual espectável seja inferior a 10.000 Euros (ver artigo 53º do CIVA e
art.º 9º DL 42/91), mas:

 É facultativo – o beneficiário terá de expressamente referir tal facto no recibo


 Cessa no mês a seguir em que seja ultrapassado tal limite
 Não é aplicável se o beneficiário no ano anterior auferiu rendimentos de valor
superior ao referido limite
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria B

Regras de sujeição parcial (artigo 10º do DL42/91):

A retenção incide só sobre 50% dos rendimentos se:

 Auferidos por médicos, nas especialidades referidas na alínea a) do n.º 1 do


artigo 10º do DL 42/91

 Rendimentos da propriedade literária, artística ou científica, quando auferidos por


autores fiscalmente residentes em território português e sejam os titulares
originários (ver artigo 58º do EBF), mas:

• Excluem-se os rendimentos sem carácter literário, artístico ou científico,


obras de arquitectura e obras publicitárias
• O valor do rendimento a excluir não pode ser superior a Euros 20.000

 Quando o beneficiário for portador de deficiência com grau de invalidez igual ou


superior a 60%

É facultativo – o beneficiário terá de expressamente referir tal facto no recibo


Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria B

Regras de não sujeição a retenção na fonte:

- Não estão sujeitos a retenção na fonte os rendimentos provenientes de:

- Transportes
- Actividades hoteleiras e similares
- Restauração e bebidas
- Agências de viagens e turismo
- Construção civil, desde que o sujeito passivo detenha certificado válido
- Mais-valias
- Indemnizações
- Cessão temporária de exploração de estabelecimento
- Subsídios ou subvenções relacionadas com vendas
- Actos isolados relativos a vendas
Rendimentos de
categoria E

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real - Categoria E - artigo 5º

Rendimentos de capital

Os frutos e outras vantagens económicas procedentes de elementos patrimoniais, direitos


ou situações jurídicas de natureza mobiliária, incluindo a modificação, transmissão ou
cessação, desde que não incluídos noutras categorias, designadamente:

Juros Partes sociais Outros rendimentos


• Mútuos • Lucros e adiantamentos sobre • Associação em participação
• Aberturas de crédito lucros • Cessão temporária de direitosde
• Reporte • Valor da partilha, autor (titular não originário)
• Depósitos quando rendimento de • Seguros de vida
• Certificados de depósito capital • Reembolsos de PPR e PPA
• Títulos de dívida • Amortização de partes sociais • Cessão de créditos
• Suprimentos sem redução do capital • Certificados
• Conta corrente • Associação à quota • Outros rendimentos
• Dilação ou mora
• Outros juros
• Swaps
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Presunções - Categoria E - artigo 6º

Importante:
• Presumem-se:
• Remunerados os mútuos e as aberturas de crédito – os juros começam-se a vencer-se a partir
da data do contrato e nas aberturas de crédito da data da sua utilização

• Mutuados os capitais entregues em depósito cuja restituição seja garantida

• As letras e livranças resultam de mútuos quando não provenham de operações comerciais


• Quaisquer lançamentos efectuados em contas de sócios presumem-se feitos a título de lucros
ou adiantamentos de lucros

Afastadas com base em decisão judicial, acto administrativo, declaração BP ou

reconhecimento da DGCI
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Retenção na fonte - Categoria E

Sujeitos a tributação (artigo 7, n.º3) nas seguintes datas:

‒ Vencimento (juros, lucros não levantados)

‒ Data presumida de vencimento

‒ Pagamento ou colocação à disposição (lucros, valor da partilha, certificados, FI,


associação à participação e à quota)

‒ Liquidação (rendimentos de swaps)

‒ Data do apuramento do seu quantitativo (reembolso antecipado de depósitos,


juros apurados em conta corrente, cedência de direitos, royalties)
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte – Categoria E

Taxas de retenção na fonte:

- Regra geral artigo 71º – 25% (seja o beneficiário residente ou não residente em território português)

- Outros rendimentos de capitais não mencionados no artigo 71º - 16,6% (alínea a) do n.º 1 do
artigo 101º do CIRS)

- Rendimentos de valores mobiliários auferidos por residentes e devidos por entidades


não residentes – 25%

- Rendimentos pagos em contas abertas em nome de um ou mais titulares mas por


conta de terceiros não identificados – 30% (n.º 12 do artigo 71º do CIRS)

- Rendimentos auferidos por não residentes, domiciliados em “paraísos fiscais” – 30%


(n.º 13 e 14 do artigo 71º do CIRS)

Regras especiais

- A retenção na fonte é a título liberatório / definitivo


- Possibilidade de englobamento – ver n.º 6 do artigo 71º do CIRS
Rendimentos de
categoria F

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real - Categoria F - artigo 8º

Rendimentos prediais

• Rendas dos prédios rústicos, urbanos e mistos pagas ou colocadas à disposição dos
respectivos titulares, nomeadamente:

‒ as relativas à cedência do uso do prédio ou parte dele e aos serviços relacionados


‒ as relativas ao aluguer de maquinismos e mobiliário instalados no imóvel locado

Sujeitos a tributação desde que pagos ou colocados


à disposição dos respectivos titulares
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Regras de retenção na fonte - Categoria F

Regras de retenção na fonte:

- Residentes – 16,5% (artigo 101º, n.º 1, a))

- Não residentes – 16,5% (artigo 72º do CIRS)

Regra de dispensa de retenção na fonte:

- Quando o rendimento anual espectável seja inferior a 10.000 Euros (ver artigo 53º do CIVA),
mas:

 É facultativo – o beneficiário terá de expressamente referir tal facto no recibo

 Cessa no mês a seguir em que seja ultrapassado tal limite

 Não é aplicável se o beneficiário no ano anterior auferiu rendimentos de valor


superior ao referido limite
Rendimentos de
categoria G

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real - Categoria G - artigo 9º

Rendimentos de incrementos patrimoniais

• mais-valias
• indemnizações por lucros cessantes e danos emergentes não comprovados
• pactos de não concorrência
• acréscimos patrimoniais não justificados
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real - Categoria G – Mais-valias (artigo 10º)

Ganhos que, não sendo rendimentos profissionais ou empresariais, resultem de:

• Alienação onerosa de partes sociais e outros valores mobiliários


• Alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis
• Cessão onerosa de arrendamento e de outros direitos
• Alienação onerosa de propriedade intelectual ou industrial quando o seu transmitente
não seja o seu titular originário

• Operações com instrumentos financeiros derivados


Rendimentos de
categoria H

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Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Incidência real - Categoria H – artigo 11º

Rendimentos de Pensões
• Pensões de aposentação, reforma, velhice, invalidez, entre outras
• As prestações a cargo de companhias de seguros, fundo de pensões ou quaisquer
outras entidades, devidas no âmbito de regimes complementares de Segurança Social

• As pensões e subvenções não compreendidas no ponto anterior


• As rendas temporárias e vitalícias
• Pré-reforma - contratadas e com início de pagamento antes de 1/1/2001

Os rendimentos de pensões ficam sujeitos a tributação desde que pagos


ou colocados à disposição dos respectivos titulares
Seguem o regime, em termos gerais, aplicados aos rendimentos de
categoria A
Delimitação negativa da
incidência

59
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Delimitação negativa da incidência de IRS

O IRS não incide sobre os seguintes rendimentos – artigo 12º:


• Indemnizações devidas em consequência de lesão corporal, doença ou morte
• Prémios literários, artísticos ou científicos, desde que:
• Não envolvam a cedência temporária ou definitiva de direitos
• Sejam atribuídos em concurso, mediante anúncio público
• A participação não pode ser restringida para além das situações conexas com a natureza do
prémio

• Profissionais de espectáculos ou desportistas (desde que tributados em sede de IRC)


• Subsídios à saúde ou educação (acção social)
• Bolsas atribuídas a praticantes de alto rendimento desportivo (COP/CPP)
• Bolsas de formação desportiva (carecem de reconhecimento)
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Delimitação negativa da incidência de IRS

O IRS não incide sobre os seguintes rendimentos – artigo 12º:

• Prémios pagos a praticantes de alto rendimento desportivo

• Incrementos patrimoniais resultantes de transmissões gratuitas sujeitas a IS (prémios)


• Salários e pensões inferiores a 8 500 euros
• Subsídio de desemprego
• Baixa médica
• Abono de família
• Prémios em jogos sociais
• Subsídio de alimentação e ajudas de custo até determinados valores
TAXA DE IRS
 Taxas gerais de IRS

Rendimento coletável (€) Taxa normal Taxa média

Até 7.091 14,50 14,500


De 7091 a 10700 23,00 17,367
De 10700 a 20261 28,50 22,621
De 20.261,01 a 25000 35,00 24,967
De 25.000 a 36856 37,00 28,838
Mais de 36856 a 80640 45,00 37,613
Mais de 80.640 48,00 -

62
TAXA DE IRS
 Qual o meu escalão? Calcular o rendimento coletável

Para descobrir o escalão de IRS precisamos de calcular o rendimento coletável. O


rendimento coletável consiste na soma de todos os rendimentos das várias categorias
recebidos anualmente, depois de feitas as deduções.

 Porque é que há duas taxas para cada escalão, a taxa normal e a taxa média? A verdade
é que o rendimento não é todo tributado à mesma taxa.

 Quando o rendimento coletável é superior a € 7091, é dividido em duas partes não


iguais. A 1.ª parte é igual ao limite máximo do maior dos escalões que nele couber, à qual
se aplica a taxa média correspondente a esse escalão. A 2.ª parte é igual ao excedente
(diferença entre o rendimento coletável e a 1ª parte), a que se aplica a taxa normal
respeitante ao escalão imediatamente superior.

63
TAXA DE IRS - EXEMPLO
 O rendimento coletável é € 12.000. O maior limite de escalão que cabe em € 12.000 é o
limite máximo do 2.º escalão (€ 10.700). Assim sendo, o rendimento coletável divide-se
em duas partes com os seguintes valores:

 1ª parte: € 10.700

À 1ª parte dos € 12000 aplica-se a taxa média do 2.º escalão, que é 17,367%

€ 10.700 x 17,367% = € 1.858,27

 2ª parte: € 12.000 - € 10700 = € 1300

À 2ª parte dos € 12.000 aplica-se a taxa normal do 3.º escalão, que é 28,50%

€ 1300 x 28,50% = € 370,50

 O IRS a pagar é a soma das duas partes: € 1.858,269 + € 370,50 = € 2.228,77

64
TAXA DE IRS
 Os escalões de IRS contêm as taxas gerais de IRS que são aplicadas ao rendimento

anual de cada contribuinte. Já as tabelas de retenção na fonte contêm as taxas que

serão mensalmente aplicadas ao salário ou pensão.

 O escalão de IRS, não é necessariamente igual à taxa de retenção na fonte aplicada ao

salário mensalmente. É por essa razão que quando se entrega a declaração de IRS tem

de se pagar ou receber imposto. Se tiver retido na fonte mais IRS do que o montante de

imposto apurado por aplicação das taxas dos escalões de IRS, tem direito a ser

reembolsado. Se tiver retido menos (ou mesmo nada) terá IRS a entregar ao Estado.

65
TAXA ADICIONAL DE SOLIDARIEDADE
 Os contribuintes com rendimentos superiores a € 80000 anuais estão sujeitos ao
pagamento de uma taxa adicional de solidariedade no valor de 2,5%, que incide sobre o
rendimento coletável entre 80 mil euros e 250 mil euros. Se o contribuinte tiver
rendimentos superiores a 250 mil euros, a parte que exceda esse valor é tributada com
uma taxa adicional de 5%.

 No caso de tributação conjunta, o procedimento aplica-se a metade do rendimento


coletável, sendo a coleta obtida pela multiplicação do resultado dessa operação por dois.

Rendimento coletável (€) Taxa (%)


De mais de 80 000 até 250 000 2,5
Superior a 250 000 5

66
RETENÇÃO NA FONTE – CAT. A e H
 A retenção na fonte é uma taxa que as Finanças aplicam aos rendimentos dos
pensionistas e aos salários dos contribuintes que trabalham por conta de outrem. Essa
taxa é paga logo no momento em que o recibo é emitido, ou seja, os trabalhadores
nunca chegam a ver o dinheiro: ele vai direto do cofre do empregador para o cofre do
Ministério das Finanças. É por isso que se chama retenção na fonte: porque ela fica
“presa” logo no início do processo de remuneração. (Ver Tabelas de Retenção na Fonte)

 Tal como acontece com outros impostos, a taxa de retenção na fonte varia consoante
o enquadramento financeiro e familiar do contribuinte, crescendo proporcionalmente
à sua capacidade de pagar.

67
RETENÇÃO NA FONTE – CAT. A e H
 As novas regras de retenção na fonte vão fazer com que os rendimentos obtidos através
de trabalho suplementar (horas extra, domingos, feriados, etc) sejam objeto de
retenção autónoma e deixem de ser adicionados à remuneração mensal.

 Esta medida faz com que os contribuintes vejam menos dos seus rendimentos retidos
mensalmente, que não “subam” de escalão de IRS e, consequentemente, que paguem
menos impostos anualmente.

 Prevê-se que, como vai ser retido menos dinheiro todos os meses – a retenção na fonte
é frequentemente feita por excesso – os contribuintes tenham que pagar acertos ao
entregar as declarações de IRS, ao invés de os receberem.
68
RETENÇÃO NA FONTE – CAT. B
 As entidades com contabilidade organizada estão obrigadas a reter parte do rendimento
que pagam aos trabalhadores independentes. Estas são as taxas de retenção na fonte
aplicáveis aos trabalhadores independentes (art. 101.º do CIRS):
 25% para os rendimentos previstos na tabela de atividades profissionais prevista no
artigo 151.º do CIRS, como médicos, advogados ou arquitetos.
 20% para rendimentos auferidos por residentes não habituais em território português,
através de atividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou
técnico, definidas na Portaria n.º 12/2010.
 16,5% para os rendimentos provenientes de propriedade intelectual (escritores, por
exemplo), industrial ou de prestação de informação sobre experiência nos setores
comercial, industrial ou científico;
 11,5% para os trabalhadores independentes que não estão previstos na tabela de
atividades profissionais do artigo 151.º do CIRS, e sobre os rendimentos derivados de
atos isolados e subsídios ou subvenções, auferidos no exercício, por conta própria, de
qualquer atividade de prestação de serviços.

69
RETENÇÃO NA FONTE – CAT. B
 Isenção de retenção na fonte

o Os trabalhadores independentes que tenham recebido rendimentos de categoria


B inferiores a € 10000 no ano anterior, ou que prevejam não ultrapassar esse valor
durante o ano de início de atividade, não são obrigados a fazer retenção na fonte de IRS.

 Posso reter IRS mesmo não estando obrigado?

o Pode optar por pedir à empresa que lhe paga para continuar a reter IRS, para que o IRS
não custe tanto a pagar no ano seguinte. É que apesar de estar dispensado de fazer
retenção na fonte (por não atingir o limite máximo de € 10000) não significa que não tem
de pagar IRS no ano seguinte. Todos os rendimentos têm de ser declarados na
declaração anual de IRS, sendo tributados posteriormente.
70
RETENÇÃO NA FONTE CAPITAIS – CAT. E

 Art.º 71 CIRS Nº1 – Taxa Liberatória (28% com opção pelo englobamento)

Quando não sujeitos a retenção na fonte

71
RETENÇÃO NA FONTE PREDIAS – CAT. F

 Saber se há ou não há obrigação de efetuar retenção na fonte sobre as rendas depende


apenas da natureza do inquilino. Na prática, sempre que o inquilino seja um entidade
(empresa, associação, fundação ou outro ente coletivo) ou um trabalhador independente
sujeito a contabilidade organizada, está obrigado a fazer retenção na fonte.

Estas são as situações possíveis:

1. Inquilino e senhorio são ambos particulares: o inquilino não tem de fazer retenção na
fonte sobre as rendas. Todos os meses, o inquilino paga a renda ao senhorio por inteiro.

72
RETENÇÃO NA FONTE PREDIAS – CAT. F

2. Inquilino é particular e o senhorio é uma empresa ou trabalhador independente


com contabilidade organizada: o inquilino não tem de fazer retenção na fonte sobre as
rendas. Todos os meses, o inquilino paga a renda ao senhorio por inteiro.

3. Inquilino e senhorio são ambos empresas ou trabalhadores independentes com


contabilidade organizada: o inquilino tem de efetuar retenção na fonte de IRC à taxa de
25% (art. 94.º, n.º 1, al. c) e n.º 4 do CIRC).

4. Inquilino é empresa ou trabalhador independente com contabilidade organizada e


o senhorio é particular: o inquilino tem de efetuar retenção na fonte de IRS à taxa de
25% (art. 101.º, n.º 1, al. e) do CIRS).

73
RETENÇÃO NA FONTE PREDIAS – CAT. F

 Dispensa de retenção na fonte de IRS

Nos casos em que o inquilino é uma entidade ou um trabalhador independente com


contabilidade organizada e o senhorio é particular, pode haver lugar a dispensa de retenção
na fonte de IRS sobre as rendas, se o senhorio não auferir anualmente mais de € 10.000 em
rendas.

Para beneficiar da dispensa de retenção na fonte, o senhorio até pode ter um rendimento
anual global superior a € 10.000, mas não pode exceder os € 10.000 dentro da categoria F,
referente aos rendimentos prediais (art. 101.º-B, al. a) do CIRS e 53.º do CIVA).

74
ENGLOBAMENTO
Englobar rendimentos no IRS é juntar vários rendimentos num mesmo bolo para serem
tributados à mesma taxa.

 O CIRS determina que quase todos os rendimentos obtidos por um contribuinte sejam
englobados no mesmo “bolo”. Depois de somar estes valores, determina-se a taxa de
IRS e apura-se a coleta total. Mas há alguns rendimentos que não são automaticamente
englobados e são taxados de forma autónoma. É o caso dos:

o Rendimentos capitais, quando não sujeitos a retenção na fonte;

o Rendimentos prediais;

o O saldo positivo entre as mais-valias e menos-valias resultantes de algumas operações, como a


alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários ou da propriedade intelectual.

 Se nada fizer, estes rendimentos são tributados autonomamente à taxa de 28%.


75
ENGLOBAMENTO OU TRIBUTAÇÃO AUTÓNOMA?
 Depende da situação. Regra geral, a tributação autónoma é mais vantajosa para os
contribuintes. No entanto, em algumas situações, pode compensar englobar os
rendimentos. É o que acontece aos contribuintes que obtenham rendimentos reduzidos.
Isto porque se, após as deduções específicas e abatimentos, os rendimentos ficarem
maioritariamente no primeiro escalão do IRS (até 7 091 euros) será aplicada uma taxa de
IRS de 14,5%, que é inferior à taxa autónoma de 28% aplicada a estes rendimentos.

 Outra situação em que pode ser preferível englobar é quando existe um saldo negativo
entre as mais-valias e as menos-valias, ou seja, quando a diferença entre o valor de
venda e o de compra é negativa. Se englobar, pode reportar, nos cinco anos seguintes,
esse saldo negativo aos rendimentos da categoria G (mais-valias).

76
EXEMPLO 1
 João Silva, 35 anos, solteiro e sem filhos, trabalhador por conta de outrem (10 000 euros
brutos/anuais) e aufere rendimentos prediais (6 000 euros/ano). Em 2017, fez obras na
casa no valor de 1 000 euros, que podem ser deduzidas aos rendimentos prediais. Para
apurar o seu rendimento coletável é necessário subtrair a dedução específica aos
rendimentos dependentes (4 104 euros) e os 1 000 euros que teve em despesas.

77
EXEMPLO 2
 Maria Pereira, 40 anos, solteira e sem filhos, trabalhadora por conta de outrem (25 000
euros brutos/anuais), aufere rendimentos prediais (6 000 euros/ano). Em 2017, fez obras
na casa no valor de 1 000 euros, que podem ser deduzidas aos rendimentos prediais.
Para apurar o seu rendimento coletável é necessário subtrair a dedução específica aos
rendimentos dependentes (4 104 euros) e os 1 000 euros que teve em despesas.

78
EXEMPLO 3

 A Matilde e o António, 25 e 28 anos, são casados e não têm filhos. São trabalhadores por
conta de outrem e cada um aufere 10 000 euros brutos por ano (20 000 euros
brutos/anuais). Recebem, ainda, rendimentos prediais (6 000 euros/ano). Em 2017,
fizeram obras na casa no valor de 1 000 euros, que podem ser deduzidas aos
rendimentos prediais. Para apurar o seu rendimento coletável é necessário subtrair a
dedução específica aos rendimentos dependentes (4 104 euros por cada um) e os 1 000
euros que tiveram em despesas. Nesta declaração de IRS, vão optar pela tributação
conjunta.

79
EXEMPLO 3

80
EXEMPLO 4

 A Sofia e o Francisco, 38 e 40 anos, são casados, sem filhos e trabalham por conta de
outrem. A Sofia recebe, por ano, 18 000 euros brutos e o António aufere 12 000 (30 000
euros brutos/anuais). Recebem, ainda, rendimentos prediais (6 000 euros/ano). Em
2017, fizeram obras na casa no valor de 1 000 euros, que podem ser deduzidas aos
rendimentos prediais. Para apurar o seu rendimento coletável é necessário subtrair a
dedução específica aos rendimentos dependentes (4 104 euros por cada um) e os 1 000
euros que tiveram em despesas. Nesta declaração de IRS, vão optar pela tributação
conjunta.

81
EXEMPLO 4

82
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS

CATEGORIA A

 € 4.104 ou, quando superior, o valor total das contribuições obrigatórias para regimes de
proteção social;

 Este valor pode ser elevado para € 4.275 se a diferença resultar de quotas para
associações profissionais indispensáveis ao exercício de atividade profissional por conta
de outrem;

 Indemnizações pagas pelo trabalhador por rescisão unilateral do contrato de trabalho


sem aviso prévio;

 Quotas para sindicatos, até 1% do rendimento bruto, acrescidas de 50%.

83
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS
CATEGORIA B

 Regime simplificado: ficam abrangidos os sujeitos passivos que aufiram um montante


bruto anual até € 200.000 desta categoria e que não tenham optado pelo regime da
contabilidade organizada;

 Regime de contabilidade organizada: em regra, serão aceites as despesas inerentes à


atividade, com algumas limitações. O rendimento coletável é determinado de acordo com
as regras estabelecidas em sede de IRC.

84
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS
CATEGORIA B

 O rendimento tributável desta categoria no regime simplificado será dado pela aplicação
dos seguintes coeficientes ao rendimento bruto obtido:

85
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS

CATEGORIA F

 Todos os gastos efetivamente suportados e pagos, à exceção dos gastos de natureza


financeira, depreciações, mobiliário eletrodomésticos, artigos de decoração e conforto,
bem como do adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (AIMI).

86
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS

CATEGORIA G

 Nas transmissões efetuadas por residentes, consideração em 50% do saldo apurado


entre as mais-valias e menos-valias na:

 venda de imóveis (com exceção dos que tenham beneficiado de apoio não reembolsável
concedido pelo Estado ou outras entidades públicas, mediante determinadas condições);

 venda de direitos de propriedade intelectual ou industrial, ou "know-how" quando auferido


por titular não originário;

 cessão de posição contratual em contratos relativos a imóveis.

87
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS

CATEGORIA H

 Dedução de € 4.104 por titular;

 Quotas para sindicatos até 1% do rendimento bruto, acrescidas de 50%;

 Contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de


saúde, na parte que exceda o montante de € 4.104.

88
DEDUÇÕES À COLECTA
 Existe um conjunto mais ou menos extenso de despesas que poderão ser deduzidas ao
rendimento. Podemos chamar-lhes de “benefícios fiscais”. Poderão ser:

 Despesas gerais e familiares

 Despesas de saúde

 Despesas de habitação

 Despesas de educação

 Despesas com lares

 Despesas com IVA em determinados produtos, etc,

 As deduções respeitantes a despesas só podem ser consideradas se tiverem sido


consideradas no e-Fatura. Até final de Fevereiro podemos consultar, registar e confirmar
as faturas no Portal das Finanças.
89
DEDUÇÕES À COLECTA

90
DEDUÇÕES À COLECTA

91

(1) No pressuposto que os dois sujeitos passivos são portadores de deficiência


DEDUÇÕES À COLECTA

92
DEDUÇÕES À COLECTA

(2) Caso existam simultaneamente


despesas referidas em i) e ii), o
limite máximo passa a corresponder
a € 1.000 ao invés de € 800.
(3) No caso de estudantes que
frequentem estabelecimentos de
ensino situados em áreas do interior
(conforme definidas na Portaria n.º
208/2017, de 13 de julho) e nas
regiões autónomas, é aplicável uma
majoração de 10 pontos percentuais
ao valor suportado a título de
despesas de educação e formação,
sendo que o limite global
estabelecido elevado de € 800 para
€ 1.000, se derivado deste tipo de
despesas. Para o efeito os sujeitos
passivos devem identificar no Portal
das Finanças os membros do
agregado familiar que frequentam
estes estabelecimentos de ensino e
o valor total das respetivas despesas
suportadas.

93
DEDUÇÕES À COLECTA

(5) Este limite é elevado até € 1.000


durante 3 anos (sendo o primeiro
ano o da celebração do contrato),
caso estes encargos derivem da
transferência da residência
permanente para um território do
Interior (conforme definido na
Portaria n.º 208/2017, de 13 de
julho). Para o efeito os sujeitos
passivos devem identificar no Portal
das Finanças as faturas ou outro
documento que sejam relativas a
arrendamento de que resulte a
transferência da residência
permanente para um território do
Interior.

94
DEDUÇÕES À COLECTA

95
DEDUÇÕES À COLECTA

96
DEDUÇÕES À COLECTA

(4) Caso as despesas


tenham sido realizadas
fora do território português,
pode o sujeito passivo
comunicá-las através do
Portal das Finanças.

97
DEDUÇÕES À COLECTA

(7) Estes benefícios são


aplicáveis às entregas
efetuadas pelas entidades
empregadores em nome e a
favor dos seus trabalhadores
para o Regime Público de
Capitalização.

98
DEDUÇÕES À COLECTA

99
LIMITES À DEDUÇÃO À COLECTA

(9) Inclui despesas de saúde e com seguros de saúde, educação e formação, à exigência de fatura, encargos com lares,
encargos com imóveis, pensões de alimentos e benefícios fiscais. Nos agregados com três ou mais dependentes a cargo, estes
limites são majorados em 5% por cada dependente ou afilhado civil que não seja sujeito passivo.

100
BENEFÍCIOS FISCAIS

101
(2) O valor de alguns donativos poderá ser objeto de majoração, para efeitos
deste cálculo (20%, 30%, 40% ou 50%).
BENEFÍCIOS FISCAIS

102
CÁLCULO IRS

103
EXEMPLO
Rendimentos, retenções e descontos:

 Cônjuge 1

Salário mensal bruto: 2 500 euros (35 000 euros anuais)


Retenção mensal na fonte de IRS: 617 euros (8 638 euros anuais)
Contribuição mensal para a Segurança Social: 275 euros (3 850 euros anuais)

 Cônjuge 2

Salário mensal bruto: 1 300 euros (18 200 euros anuais)


Retenção mensal na fonte de IRS: 172 euros (2 408 euros anuais)
Contribuição mensal para a Segurança Social: 143 euros (2 002 euros anuais)

104
EXEMPLO
Despesas dedutíveis à coleta:
 Cônjuge 1
Despesas gerais familiares: 7 000 euros
Saúde: 100 euros

 Cônjuge 2
Despesas gerais familiares: 5 000 euros
Saúde: 900 euros

 Filhos
Saúde: 200 euros
Educação: 6 500 euros

 Tributação: Conjunta
105
EXEMPLO
 1.º passo: calcular o rendimento anual bruto do casal
Para se determinar o rendimento anual bruto do casal, somam-se os rendimentos brutos
anuais de ambos os cônjuges.
35 000 euros + 18 200 euros = 53 200 euros

 2.º passo: calcular o rendimento coletável do casal


Ao rendimento bruto anual do casal subtraem-se as deduções específicas aplicáveis aos
rendimentos do trabalho dependente (categoria A). No caso em análise, cada cônjuge tem
direito a um abatimento automático de 4 104 euros, o que totaliza um desconto de 8 208
euros.
53 200 euros – (4 104 euros + 4 104 euros) = 44 992 euros

106
EXEMPLO
 3.º passo: calcular o rendimento que determina o escalão e a taxa
O rendimento que serve para determinar o escalão e a respetiva taxa de IRS e sobre o qual
vai incidir o imposto obtém-se dividindo o rendimento coletável pelo quociente familiar (cada
cônjuge vale um). Como o casal fictício pretende ser tributado em conjunto, o quociente
familiar é igual a dois. Ou seja, o rendimento coletável é dividido por dois.
44 992 euros : 2 = 22 496 euros
 Nota: no caso da tributação separada, o rendimento que determina o escalão e a
respetiva taxa de IRS e que está sujeito a imposto corresponde ao rendimento coletável
(calculado no passo 2). Isto porque, neste regime de tributação, o quociente familiar é
igual a 1.

 4.º passo: encontrar o escalão e a taxa de IRS


Para saber qual é o escalão e a respetiva taxa de IRS, basta verificar na tabela das taxas
gerais de IRS (ver abaixo) a que intervalo corresponde o rendimento apurado no passo
anterior (22 496 euros).

107
EXEMPLO
O rendimento de 22 496 euros enquadra-se no 4.º escalão (de mais de 20 261 euros até
25 000 euros), ao qual corresponde uma taxa normal de IRS de 35%.
Mas atenção: como mostramos no passo seguinte, esta taxa não incide sobre todo o
rendimento sujeito a imposto (22 496 euros).

Rendimento sujeito
Escalão Taxa normal Taxa média
a imposto

1.º Até 7 091€ 14,5% 4,500%

De mais de 7 091€
2.º 23% 17,367%
até 10 700€

De mais de 10 700€
3.º 28,5% 22,621%
até 20 261€

De mais de 20 261€
4.º 35% 24,967%
até 25 000€

De mais de 25 000€
5.º 37% 28,838%
até 36 856€

De mais de 36 856€
6.º 45% 37,613%
até 80 640€

7.º Superior a 80 640€ 48% 108


EXEMPLO
 5.º passo: calcular a coleta
A coleta – ou seja, o imposto a pagar ao Estado sem quaisquer descontos – pode ser
calculada de três maneiras.

 MÉTODO 1
Neste primeiro método, distribui-se o rendimento sujeito a imposto pelos vários escalões até
ao escalão em que ficou enquadrado (ver passo anterior) e aplicam-se as taxas
correspondentes, com base na tabela das taxas gerais de IRS. Depois, somam-se as várias
parcelas e multiplica-se o resultado pelo quociente familiar, ou seja, dois.

Distribuição do rendimento sujeito a imposto


 Os 22 496 euros são distribuídos da seguinte forma:

109
EXEMPLO
 1.º escalão
Vai até 7 091 euros. Por isso, é este o valor que é encaixado neste escalão. Ficam a
sobrar 15 405 euros (22 496 euros – 7 091 euros).
 2.º escalão
Vai desde mais de 7 091 euros até 10 700 euros. Aqui, só cabem 3 609 euros (10 700
euros – 7 091 euros). Faltam encaixar 11 796 euros (15 405 euros – 3 609 euros).
 3.º escalão
Vai desde mais de 10 700 euros até 20 261 euros. Ou seja, é possível colocar 9 561
euros (20 261 euros – 10 700 euros). Mesmo assim, ainda restam 2 235 euros para
perfazer os 22 496 euros.
 4.º escalão
Vai desde mais de 20 261 euros até 25 000 euros. Cabem, portanto, 4 739 euros. Mas só é
necessário inserir 2 235 euros.

110
EXEMPLO
 Aplicação das taxas
Multiplica-se o rendimento sujeito a imposto que coube em cada escalão pela taxa normal
correspondente.

 1.º escalão: 7 091 euros x 14,5% = 1 028,19 euros

 2.º escalão: 3 609 euros x 23% = 830, 07 euros

 3.º escalão: 9 561 euros x 28,5% = 2 724,88 euros

 4.º escalão: 2 235 euros x 35% = 782,25 euros

111
EXEMPLO
 Soma dos valores dos escalões
De seguida, somam-se os valores obtidos para cada escalão.
1 028,19 euros + 830,07 euros + 2 724,88 euros + 782,25 euros = 5 365,39 euros

 Aplicação do quociente familiar


Finalmente, para determinar a coleta, multiplica-se o resultado anterior pelo quociente
familiar, ou seja, por dois.
5 364 euros x 2 = 10 730,78 euros*

 Valor da coleta
A coleta totaliza 10 730,78 euros

112
EXEMPLO
 MÉTODO 2
Existe outra forma de apurar a coleta. Aqui, utiliza-se também a tabela das taxas gerais de
IRS, mas o método de distribuição do rendimento sujeito a imposto e a aplicação das taxas
são diferentes (não se faz escalão a escalão).

 Distribuição do rendimento coletável corrigido


O rendimento sujeito a imposto é dividido em duas parcelas. Na primeira, encaixa-se o valor
correspondente ao limite superior do penúltimo escalão (face ao escalão em que se fica
enquadrado). Neste caso, o penúltimo escalão é o 3.º escalão, uma vez que o casal ficou
posicionado no 4.º escalão. Na segunda, fica o valor remanescente.
Desta forma, na primeira parcela cabem 20 261 euros. Os restantes 2 235 euros ficam na
segunda parcela.

113
EXEMPLO
 Aplicação das taxas
À primeira parcela aplica-se a taxa média correspondente ao penúltimo escalão (3.º escalão)
e à segunda a taxa normal respeitante ao último escalão (4.º escalão)

 Primeira parcela
20 261 euros x 22,621% = 4 583,24 euros

 Segunda parcela
2 235 euros x 35% = 782,25 euros

 Soma das parcelas


Somam-se as duas parcelas.
4 583,24 euros + 782,25 euros = 5 365,49 euros
114
EXEMPLO
 Aplicação do quociente familiar
Multiplica-se o resultado anterior pelo quociente familiar.
5 365,29 euros x 2 = 10 730,98 euros*

 Valor da coleta
A coleta totaliza 10 730,98 euros.

115
EXEMPLO
 Método 3
A coleta pode ainda ser calculada através da chamada tabela prática de IRS (ver abaixo),
que é construída a partir da tabela das taxas gerais do IRS. Normalmente, é disponibilizada
nos sites das consultoras. Este método é o que envolve menos contas e o que é utilizado
pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Rendimento
Escalão Taxa normal Parcela a abater
sujeito a imposto
1.º Até 7 091€ 14,5% 0,00€
De mais de 7 091€
2.º 23% 602,74€
até 10 700€
De mais de 10
3.º 28,5% 1 191,24€
700€ até 20 261€
De mais de 20
4.º 35% 2 508,20€
261€ até 25 000€
De mais de 25
5.º 37% 3 008,20€
000€ até 36 856€
De mais de 36
6.º 45% 5 956,68€
856€ até 80 640€
116

7.º Superior a 80 640€ 48% 8 375,88€


EXEMPLO
 Distribuição do rendimento sujeito a imposto
O rendimento sujeito a imposto é inserido na totalidade no escalão em que se fica
posicionado. Assim, os 22 496 euros são totalmente encaixados no 4.º escalão.
 Aplicação das taxas
À totalidade do rendimento sujeito a imposto aplica-se a taxa normal correspondente ao
escalão em que se ficou enquadrado (4.º escalão).
22 496 euros x 35% = 7 873,6 euros
 Dedução da parcela a abater
Ao valor resultante da aplicação da taxa desconta-se a parcela a abater correspondente.
7 873,6 euros – 2 508,20 euros = 5 365,4 euros
 Aplicação do quociente familiar
Multiplica-se o resultado anterior pelo quociente familiar.
5 365,4 euros x 2 = 10 730,80 euros*
117
EXEMPLO
 Distribuição do rendimento sujeito a imposto
O rendimento sujeito a imposto é inserido na totalidade no escalão em que se fica
posicionado. Assim, os 22 496 euros são totalmente encaixados no 4.º escalão.
 Aplicação das taxas
À totalidade do rendimento sujeito a imposto aplica-se a taxa normal correspondente ao
escalão em que se ficou enquadrado (4.º escalão).
22 496 euros x 35% = 7 873,6 euros
 Dedução da parcela a abater
Ao valor resultante da aplicação da taxa desconta-se a parcela a abater correspondente.
7 873,6 euros – 2 508,20 euros = 5 365,4 euros
 Aplicação do quociente familiar
Multiplica-se o resultado anterior pelo quociente familiar.
5 365,4 euros x 2 = 10 730,80 euros*
 Valor da coleta: A coleta totaliza 10 730,80 euros.
118
EXEMPLO
 6.º passo: calcular as deduções à coleta
Ao valor da coleta calculado no passo anterior são descontadas as deduções à coleta
aplicáveis. No caso em análise são as seguintes:
 1 200 euros (dedução fixa por dependente com mais de três anos de idade: 600 euros)
 500 euros (dedução de despesas gerais familiares: 35% dos gastos até 250 euros por
cada cônjuge)
 180 euros (dedução de saúde: 15% dos encargos até 1 000 euros por agregado familiar)
 800 euros (dedução de educação: 30% dos custos até 800 euros por agregado familiar)
 1 200 euros + 500 euros + 180 euros + 800 euros = 2 680 euros

 No total, este casal pode deduzir à sua coleta a importância de 2 680 euros.

119
EXEMPLO
 7.º passo: calcular a coleta líquida
A coleta líquida obtém-se subtraindo à coleta as deduções aplicáveis.
10 730 euros – 2 680 euros = 8 050 euros
Este é efetivamente o imposto devido pelo casal relativo aos rendimentos obtidos em 2018.

 8.º passo: acerto de contas


Resta ainda saber se, em 2019, há IRS adicional a pagar ou a receber de volta, face ao que
foi adiantado ao Estado ao longo do ano anterior por via da retenção mensal na fonte. Para
isso, somam-se os valores retidos mensalmente pelos cônjuges em 2018. Se o resultado for
superior à coleta líquida, significa que foi adiantado mais imposto do que o devido. Nesse
caso, este ano, é devolvido o que foi pago a mais. Se, pelo contrário, o resultado for inferior,
quer dizer que o imposto antecipado em 2018 foi insuficiente, pelo que, em 2019, deve ser
pago o imposto em falta.

120
EXEMPLO
 A retenção mensal na fonte do casal em 2018 atingiu 11 046 euros (8 638 euros + 2 408
euros). Como o valor é superior à coleta líquida (8 050 euros), há lugar a reembolso. O
casal tem assim a receber 2 996 euros (11 046 euros – 8 050 euros)

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