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IRS
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
Índice
1. Características...................................................................................................5
1.1. Noções gerais - tipo de rendimento, origem e momento da tributação................5
1.2. Regimes de tributação...........................................................................................6
1.3. Progressividade......................................................................................................6
1.4. Liquidação.............................................................................................................7
1.5. Cobrança................................................................................................................7
1.6. Fatores de personalização......................................................................................8
1. Taxas Progressivas.......................................................................................................................8
2. Dedução de encargos familiares (78º e ss CIRS)..........................................................................8
3. Isenção do mínimo de existência (70º CIRS)................................................................................8
4. Dedução de encargos profissionais (28º e ss, CIRS).....................................................................9
1. Características
Quanto à origem:
- rendimento de base lícita
- rendimento de base ilícita, quando tem na sua génese um comportamento desconforme com o OJ do
ponto de vista civil, contra-ordenacional (mais grave que o anterior, punível com coimas - ex: exercer
determinada atividade que estava licenciada para 40 trabalhadores e estarem 41) e criminal (punido com
prisão ou multa - ex: conduzir sob o efeito de álcool).
Os rendimentos derivados de atos ilícitos são tributados de acordo com o artigo 1º do CIRS. Mesmo
que um contrato de trabalho seja nulo ou anulável, está sujeito a IRS. No caso da prostituição, isto
não é um ato ilícito porque essa pessoa coloca o anúncio de forma livre e ponderada e também
porque não está a enganar alguém. Contudo, isto pode ser um ato contrário à lei e uma ofensa aos
bons costumes. Relativamente aos atos de bruxaria, já estamos perante num ato ilícito.
- momento da colocação à disposição. Em sede de IRS, este é o mais relevante . Logo, o rendimento desde
que seja colocado à disposição pode ser tributado. Não é necessário um ato material e formal (artigo 1º,
nº 1 CIRS). Por exemplo, o imposto é devido não quando se celebra o acordo que fixa determinada
indemnização, mas quando o valor desta é efetivamente transferido para o beneficiário. As retenções na
fonte devem ser efetuadas no momento do recebimento da quantia e não no momento da assinatura de
um contrato.
O artigo 13º, nº 2 CIRS diz-nos que quando houver agregado familiar, o IRS é apurado individualmente para
cada cônjuge. O nº 3 desse mesmo artigo remete-nos para uma tributação conjunta, onde o imposto é devido
pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar. Isto trata-se de um desvio à
tributação singular. O segundo desvio diz respeito à transparência fiscal.
1.3. Progressividade
- Imposto de taxa regressiva - taxa diminui à medida que aumenta o rendimento coletável: neste caso,
aumenta a matéria coletável, baixa a taxa que se aplica.
VANTAGEM - poderá servir de incentivo à produtividade, à realização de riqueza e ao trabalho.
DESVANTAGEM - onera mais pesadamente quem tem rendimentos mais baixos. Este imposto
não atende a finalidades redistributivas, ou seja, tirar a quem ganha mais, para dar a quem tem
menos. Um imposto de taxa regressiva não permite isso. As pessoas menos aptas a contribuir são
aquelas que vão pagar mais. Este imposto não cumpre os desígnios da justiça e do estado social.
- Imposto de taxa progressiva: taxa aumenta à medida que aumenta o rendimento coletável.
VANTAGEM - redistribuição e à justiça social. Este sistema permite tirar dos mais ricos para dar
aos mais pobres
1.4. Liquidação
O IRS trata-se de um imposto heteroliquidável.
- Ou seja, é o fisco que faz essa liquidação. (artigo 75º do código do IRS).
Este ato de liquidação consiste em quantificar e tornar líquido e isso distingue-se de cobrar, exigir e arrecadar
a receita tributária. Em primeiro lugar, o fisco tem de proceder à liquidação do imposto. Contudo, da
liquidação pode haver reembolso. Mas nem sempre há cobrança. Liquidar as dívidas é diferente de pagar (que
tem como reverso o ato de cobrar).
O fisco tem 4 anos para liquidar o IRS, de acordo com o artigo 45º da LGT. Se o contribuinte auferir o
rendimento e não o declarar ao fisco e caso este apenas descubra isso após os 4 anos, caduca o direito do
fisco de liquidar o imposto respetivo. Caso o fisco pretenda cobrar, tem um prazo de 8 anos, de acordo com
o artigo 48º da LGT. ex: estamos em 2016, o fisco tem 4 anos para exigir a dívida (2020) e 8 anos para cobrar
a dívida (2024). Conta-se a partir de 2016, ou seja, a partir do facto tributário.
1.5. Cobrança
IRS trata-se de um imposto de cobrança mista ou compósita.
A cobrança diz respeito ao ato de arrecadação da receita tributária por parte do credor tributário.
- Existe a cobrança direta ou a cobrança indireta/retenção na fonte.
O IRS é um imposto anual. Assim, o legislador prevê que o imposto seja entregue por outra pessoa que com
ele, mantém, relações especiais. Em vez de ser o trabalhador a fazê-lo, a sua entidade patronal vai reter uma
determinada percentagem e vai entregá-la aos cofres do Estado. O dinheiro chega ao Estado através do
próprio contribuinte, mas por via de uma terceira pessoa. Estamos perante uma cobrança indireta -
materializa-se através de um instituto jurídico que se dá pelo nome de substituição tributária (artigo 20º
LGT), através de uma figura que se dá pelo nome de retenção na fonte.
O IRS é um imposto de cobrança mista - durante o ano fiscal a cobrança é feita através de substituiçãoo
tributária e retenção na fonte, mas no final do ano (no ano seguinte) quando é feito o apuramento da dívida
total (acertos), a pessoa é notificada para ela própria pagar a diferença. Dessa notificação pode constar que a
pessoa tem de pagar 1000 euros, mas pode acontecer que durante o ano a entidade patronal já pagou 800
euros. Logo, só tem de pagar 200. Caso a entidade já tiver pago 2000 euros e só tiver de pagar 1000 (com as
deduções) o dinheiro é devolvido ao contribuinte.
1. Taxas Progressivas
Em primeiro lugar, a existência de taxas progressivas (68º CIRS).
A palavra taxa, em matéria de direito tributário pode ser taxa em matéria de tributo ou taxa
enquanto quota/percentagem a aplicar à matéria coletável. A quota é na maioria das vezes aplicável
à matéria coletável. Quanto à taxa, os impostos podem ser de taxa fixa. A taxa pode ser regressiva,
diminuindo à medida que diminui o rendimento, ou também progressiva, que vai aumentando à
medida que o rendimento vai aumentando.
abarca não só uma determinante quantitativa (salário) mas também uma determinante qualitativa, ou seja, se o
trabalho não se inserir na lista anexa da categoria, não fica isenta de IRS embora o salário seja baixo.
Existem outros fatores de pessoalização, como por exemplo, a existência de mecanismos de fracionamento
dos rendimentos (quociente familiar - artigo 69º CIRS), a consideração do tipo de profissão exercida pelo
sujeito passivo, nomeadamente se a mesma é considerada de desgaste rápido (praticantes desportivos,
mineiros e pescadores - artigo 27º CIRS) e ainda a consideração do estatuto de deficiente (artigo 56º - A do
CIRS). Esta característica da pessoalização apenas diz respeito aos sujeitos passivos residentes, porque a
tributação dos não residentes é uma tributação real.
2. Incidência Subjetiva
Estão sujeitas a IRS (art.13º):
- as pessoas singulares que residem em território português Residência, Art.16º, CIRS
- as que, nele não residindo, aqui obtenham os rendimentos Rend obtidos em PT, Art.18º, CIRS
Nos dias de hoje, a incidência pode ser conjunta ou separada, dependendo se existem cônjuges ou
dependentes:
- por regra é separada (nº2)
- mas pode ser exercida a opção de tributação conjunta (nº3) – nesses casos o sujeito passivo da relação
jurídica do Imposto do IRS serão aqueles a quem couber a direção do agregado familiar - Ou seja, em
primeiro lugar, deve proceder-se ao englobamento de todos os rendimentos de cada sujeito e de seguida, deve
proceder-se ao englobamento desses com os rendimentos dos restantes membros do agregado.
O art.13º,nº4 fala sobre os dependentes e diz que estes são os filhos e outras pessoas equiparadas, é de realçar
que ascendentes a cargo não constituem dependentes, mesmo que dependam a nível económico, nao são
membros do agregado familiar para efeitos fiscais.
Na maioria dos casos, os casais entregam uma declaração conjunta (nº3) por regra, existindo pai, mãe e filhos,
devemos calcular a declaração de IRS conjunta, apesar de a regra ser a incidência separada, 59º,nº2.
artigo 69º, nº 3: as taxas do artigo 68º aplicam-se ao quociente do resultado coletável e a esse resultado
multiplicamos por 2 para obter a coleta.
3. Incidência Territorial
Estão sujeitas a IRS (art.13º):
- as pessoas singulares que residem em território português Residência, Art.16º, CIRS
- as que, nele não residindo, aqui obtenham os rendimentos Rend obtidos em PT, Art.18º, CIRS
Modo de tributação:
- R - o IRS consubstancia-se numa tributação pessoal, isto é, tendo em conta a sua situação económica,
social e familiar. Ou seja, pode haver isenção do mínimo de existência, pode haver taxas progressivas, por
exemplo.
- NR - o IRS consubstancia-se numa tributação real.
Taxas:
- R - rendimentos dos residentes estão sujeitos às taxas gerais progressivas que resultam do artigo 68º
CIRS. Quanto mais a pessoa ganha, maior vai ser a taxa que lhe é aplicada.
- NR - em geral, não se aplica o artigo 68º. Aplicam-se sim taxas fixas ou proporcionais - 25%, que estão
previstas no artigo 71º, nº 4 CIRS. Podem estar sujeitos a taxas especiais (artigo 72º CIRS), as quais também
liberam do englobamento a final.
Critérios fundamentais:
critério da habitação para residência habitual (nº1, al. b) - a pessoa permaneceu cá menos de
meio ano, mas dispõe em território português de uma residência em condições que fazem crer que
se trata de uma residência habitual. Este critério exclui o primeiro
ex: caso de uma pessoa que não seja residente, mas que tenha uma conta de água ou de luz
todos os meses e que não alegue que tem o imóvel arrendado. Nestes casos, o fisco pode
pensar que essa pessoa é o proprietário e, por conseguinte, fica a ser tributado como
residente.
As alíneas seguintes são mais excepcionais:
alínea c) do artigo 16º CIRS: comissários de bordo - caso seja empregado de uma companhia
portuguesa até dia 31 de dezembro, é considerado residente mesmo que viaje por todo o mundo e
aufira rendimentos noutros países;
alínea d) do artigo 16º CIRS: representantes políticos (deputados).
DUVIDA – ART.16º,Nº6 – o salvo se aplica-se a situações em que se vá trabalhar para fora?? Não percebi o
abito de aplicação deste artigo.
4. Incidência Objetiva
Ou seja, já sabemos se está sujeito a IRS ou não, agora vamos ver quanto.
residentes são tributados através de uma declaração anual que vai somar todos os rendimentos. Ou
seja, são tributados por um processo denominado de englobamento (artigo 22º CIRS). Daqui resulta
o rendimento líquido global - agregado que resulta da soma do rendimento líquido de todas as
categorias.
- Previstos no artigo 2º CIRS (remissão para artigo 1152º CC) - rendimentos do trabalho dependente.
IMPORTANTE:
- Os rendimentos da Categoria A dos residentes são obrigatoriamente englobados
- Os auferidos por não residentes são tributados à taxa liberatória de ? prevista no nº4 do art.71º
Situações de pré-reforma
Estas situações são as mais difíceis de qualificar.
Ex: Quando tenho um trabalhador e digo “cais para casa até teres idade da reforma e eu pago uma parte
do teu salário” – estas situações são difíceis de saber se qualificamos já como uma pensão ou não, mas
ele ainda não tem direito à pensão, e portanto o Código optou por estabelecer que isto ainda é salário
para efeitos do IRS.
Outras (artigo 2º, nº 1 alínea d), caso estejam preenchidos determinados requisitos. Quando estamos
perante situações em que normalmente se celebra um contrato, mas na verdade isso não se sucede.
ex: advogado que tem um vínculo àquela empresa sem contrato de trabalho. Pode acontecer que os
rendimentos vão ter à categoria A, caso haja dupla-subordinação a outra pessoa. Subordinação do
ponto de vista jurídico e económico.
Vamos analisar os critérios para podermos aferir se existe subordinação e consequentemente
categoria A. Não são cumulativos. Estes são afirmados pela jurisprudência e não pela lei:
o existência de um horário fixo de trabalho. Mesmo não havendo contrato de trabalho, caso a
pessoa esteja na empresa durante x tempo, podemos estar perante categoria A - critério jurídico.
o local fixo de trabalho. O explicador que pode dar explicações no parque ou na biblioteca é
diferente daquele que dá explicações na casa do explicando, mesmo que não haja lugar fixo de
trabalho indicia que existe uma subordinação - critério jurídico.
o existência de uma remuneração fixa. Contratar um explicador que ganha 200 euros por mês
é diferente daquele que ganha x euros à ordem, independentemente de eventuais acréscimos -
critério jurídico.
o existência de poder diretivo, ou seja, a suscetibilidade de uma das pessoas da relação jurídica
dar ordens (natureza individual e concreta - dá-se ao trabalhador específico) ou instruções
(natureza geral e abstrata - dá-se à comunidade laboral). Se uma pessoa procede à lavagem de
automóveis de acordo com os seus próprios critérios, não há subordinação. Caso a pessoa esteja
sujeita a determinadas orientações, há subordinação - critério jurídico.
o existência ou não de poder sancionador. Se o clube sanciona um jogador porque este não
gostou de perder, há subordinação. Se não há a possibilidade de aplicar sanções, multas ou
suspensões, à partida não há subordinação jurídica a uma determinada pessoa - critério jurídico.
o subordinação económica a outrem. A pessoa que aufere o rendimento
(escultor/jogador/pintor) normalmente necessita daquele rendimento para acorrer às suas
despesas correntes e ordinárias ex: pagar a prestação da casa, etc. Nem sempre as entidades
patronais têm poder/supremacia sobre a pessoa que aufere o rendimento. - critério económico.
Nº2 - Tudo o que a entidade patronal entregar ao trabalhador, o legislador engloba no conceito de salário.
Nº3 – O legislador vai ainda incluir outras remunerações que serão tributadas nesta categoria:
- al.a) do nº3 do art.2º - remunerações dos membros dos órgãos estatuários – isto é, aquilo
que recebe o administrador de uma empresa (não tem um contrato de trabalho com a empresa
mas também não é um prestador se serviços). Estas são as situações típicas de trabalho
dependente para efeitos do código de IRS que vão para lá aquilo que é a remuneração por um
contrato de trabalho, nos termos do Direito do Trabalho.
- al. b) do nº 3 do art.2º, temos realidades que normalmente nunca seriam salários, mas o legislador
fiscal vai considerar esses rendimentos como salários. Estas Remunerações Acessórias
compreendem todos os direitos, benefícios ou regalias não incluídos na remuneração principal, mas
que sejam auferidos devido à prestação de trabalho ou em conexão com esta e que constituam para
o beneficiário uma vantagem económica.
A ideia chave para as remunerações acessórias é a diferença entre aquilo que é uma
vantagem económica e aquilo que é um bem usável e consumido no interesse da empresa.
Exemplos de RA:
- Abono de família
- Subsídio de refeição, etc
- Aquela entidade patronal que paga 1000 euros de salário e ainda disponibiliza uma viatura, mas tem
que existir acordo escrito (art.2º, nº3, al.b), subalínea 9)
As situações de carros da empresa são mais difíceis de resolver:
- Se eu for um estafeta e andar com uma carrinha da empresa, é difícil dizer que tenho um
benefício económico. Mas se a empresa me der um plafond para eu comprar um carro e ele
escolher o carro e não houver um controlo sobre a forma como utiliza o carro, há um a
possibilidade de uma componente remuneratória desta tributação em espécie. Mas há
também uma grande dificuldade em dissociar a utilização profissional da utilização pessoal
e por isso os códigos fiscais têm criado regras para resolver isso, essencialmente através de
duas maneiras de o fazer:
- CIRC – através da criação de taxas de tributação autónoma (se a empresa comprar um
carro, vai ter de pagar x% de imposto sobre os gastos com aquele carro)
- CIRS – art.2º,nº3, al.b), 9) – que exige que haja um acordo escrito entre o trabalhador e
o órgão social.
Nessas situações a sociedade que atribui a viatura fica isenta da tributação autónoma das
depreciações da mesma (88º,nº6, CIRC). Contudo, como a taxa de tributação autónoma é
alta, na maior parte dos casos não é compensador assumir a utilização pessoal de viaturas
por parte dos trabalhadores ou dos membros dos órgãos sociais.
Esta norma é criticada pelo Prof. João Gama, porque parece que nos dá
um “manual de instruções” para a violar. Quando não exista acordo
escrito, não se vai aplicar esta norma, não é tributado. Ora, para o
professor, no direito não há questões de acordo escrito, tem de ser
provado. Outra maneira de contornas a norma é as empresas, para
provar que não há uso pessoal, muitas vezes fazem logo com que se
defina o uso que se vai dar aquele veículo. E a partir do momento em
que se define que não serve para uso pessoal, é irrelevante que haja ou
não acordo escrito.
Ora, como são então tributados estes bens (como carros de serviços) se a norma chegar a
funcionar mas não houverem acordos escritos?
Art.24º,nº5, CIRS – 0,75% do seu valor de mercado, por cada mês de utilização. Assim,
num caso de 1.000€ quanto é tributado do rendimento adicional do uso pessoal?
Considera-se que ele tem mais 750€ por mês de uso. Num ano de uso pessoal = 1000 x
0,75 x 12. Este rendimento é um exemplo de um rendimento em espécie (uso pessoal do
carro).
- Subsídios de residência ou a utilização de casa de habitação fornecida pela entidade patronal (art.
2º, nº 3 al.b), subalínea 4) – remissão para o 24º,n2 que nos diz como é que vai ser tributada.
Esta norma levanta algumas questões para o Prof.João Gama.
Ex: Se a Católica desse uma casa para um professor e a família irem viver
claro que isso tinha de entrar aqui neste artigo. Mas se a católica quisesse
que um professor francês viesse para Portugal dar aulas, aí há duvidas se
a casa é considerada uma remuneração.
Há argumentos nos dois sentidos:
- Por um lado, a pessoa só precisava de uma casa cá porque veio para cá
trabalhar
- Por outro lado, pode-se dizer que toda a gente precisa de uma casa em
algum lado, por isso tria sempre de pagar a casa em algum lado.
O professor diz que aqui tem de haver uma distinção com base num
critério temporal, se a pessoa já la vive há muitos anos, se calhar já se
pode dizer que lá está estabelecido, já podia ter comprado ele mesmo a
sua casa lá. Mas se for nos casos em que alguém vem so uma semana ou
um mês não faz sentido esperar que tenha de ter uma casa sua cá.
Por cada titular vai-se deduzir 4104 euros ou a totalidade das contribuições obrigatórias da segurança
social - aplicamos aquele que for mais alto (nº2)
Ou seja:
Hip. A – tem um rendimento bruto de 10.000 euros – faz-se as deduções especificas: 10.000-4104 = RL
=5896
Hip B – RB = 100.000 euros – não faz sentido só deduzir 4104!!! Então, quando a TSU > 4104, o que se
deduz não são os 4104 mas sim as contribuições para a Segurança social
IMPORTANTE: 4104 / O,11 = 37909,09 euros – para rendimentos superiores a isto, deduz-se
sempre as contribuições para a SS
Na categoria A, em princípio, não se deduzem despesas porque na A quem tem despesas com água, luz é
a entidade patronal. Logo, o legislador não considera despesas, mas sim valores abstratos.
Aos rendimentos brutos da categoria A, a dedução é um para cada um, caso o casal ainda não esteja
encaixado na tributação conjunta, ambos auferem salário. Logo, a dedução incide sobre cada um dos
salários individualmente.
Há profissões, como por exemplo, praticantes desportivos, mineiros e pescadores, que como são
consideradas de desgaste rápido, os seus rendimentos correspondentes estão sujeitos a um regime
especial.
Importante: os rendimentos da cat.A dos não residentes são tributados à taxa liberatória de 25%
prevista na alínea a) do nº4 do art.71º, CIRS.
O que temos de ter em atenção nesta categoria é que não são só atos isolados. Uma coisa que não causa
hesitação são os casos em que o ato é meramente isolado.
ex: contratar o pintor para fazer um quadro de uma pessoa famosa (interessa o resultado, não
interessa as horas que trabalhou, o que interessa é que pinte o quadro), contratar o explicador para
atingir o 20 no ano letivo!
ex: arquitetos, engenheiros, pintores, atores, desportistas, enfermeiros, economistas, esteticistas,
jornalistas, advogados, professores, médicos, tradutores, toureiros, etc.
c) Rendimentos derivados de direitos imateriais (direitos que não tem existência física)
ex: patentes, direitos de autor, licenças, etc). Prende-se com realidades que não tem existência física
palpável - distinção entre bens corpóreos/incorpóreos e materiais/imateriais. Um bem corpóreo é aquele
que é apreensível pelos sentidos humanos e o incorpóreo é aquele que não é apreensível pelos sentidos
humanos. ex: contrato que tenha por objeto energia elétrica (sente-se e então é corpórea). ex: honra e
dignidade, é algo incorpóreo. Logo, não é apreensível pelos sentidos. Bens materiais são suscetíveis de
delimitação e circunscrição física. ex: caneta, garrafa, etc. Os bens imateriais não são suscetíveis de
delimitação física. ex: ar, energia elétrica (bem corpóreo, mas imaterial); honra (bem incorpóreo e
imaterial).
Vamos abranger 3 realidades:
- Rendimentos derivados da propriedade intelectual: criações do espírito humano com natureza
literária. Estão aqui inseridos os direitos de autor.
ex: livros, peças, obras musicais, etc (artigo 3º, nº 5 CIRS). ex: o autor do livro vai receber
pela sua criação intelectual direitos de autor. É um bom investimento fiscal fazer obras
(escrever livros), pois apenas 50% dos rendimentos estão sujeitos a IRS. Há benefícios
fiscais.
- Rendimentos derivados da propriedade industrial: registo de patentes de determinadas
descobertas, associada a invenções ou aplicações; registos de marcas; condecorações de marido;
nome de uma determinada região, etc.
ex: um aluno de engenharia que registe uma patente.
- Rendimentos derivados do “know how”: conhecimento ou experiência adquirida no setor
industrial, comercial ou científico (técnicas específicas).
ex: caso em que apenas um pintor conhece a técnica de restauro das obras antigas. Quando
este passa a informação a outrem, recebe dinheiro. Esses rendimentos são rendimentos de
know how.
ex: o cozinheiro que confecciona determinados pratos com determinadas técnicas
especificas, e mais tarde cede estas técnicas a outrem, recebendo dinheiro por isso.
Quando estamos perante prestações de serviços, via de regra, aplica-se o coeficiente de 0,75% para as da lista
e 0,35% para as residuais, sendo que depois há casos especiais.
alínea a) - 1º coeficiente (0,15) - aplica-se às atividades comerciais, industriais, agrícolas, etc. ou seja, onde
existe vendas. Se o comerciante declarar 100.000, o coeficiente é 0,15.
Alínea d) – acontece nas situações de na categoria F (art.8º), caso se optar pela tributação através da categoria
B, alem das deduções especificas que já fizemos segundo o 41º, ainda vamos para a categoria B para o regime
simplificado aplicar esta alínea.
Se ambos tiverem 100.000 de rendimentos, ambos estão sujeitos ao regime simplificado. Ao 1º caso,
a base de IRS vai ser 15.000 e ao 2º caso, o rendimento tributável vai ser 75.000. O advogado vai ter
um rendimento mais elevado. Logo, quem vai ser mais prejudicado é o advogado.
O legislador quer dizer que enquanto um comerciante, nós podemos “confiar” que aqueles 100.000 que
declarou decorrem das suas vendas. num advogado, não posso confiar que ele ganhou apenas 100.000. O
primeiro tem uma dedução alta e um coeficiente baixo (0,15), enquanto que o segundo tem uma dedução baixa
e um coeficiente alto (0,75). O segundo fica mais prejudicado.
Razão pela qual temos diferentes coeficientes: os custos das diferentes atividades são diferentes, portanto faz
sentido que as diferenciem.
Este regime remete para o CIRC. Nos termos deste código, vamos aplicar os artigos 17º e ss pois estes é que
estabelecem a integração do lucro tributável. As regras aplicáveis são a diferença entre o lado positivo
(rendimentos ou proveitos - artigo 20º CIRC) e o lado negativo (gastos ou custos - artigo 23º CIRC)
Na categoria B temos normas de incidência tanto para a atividade continuada como para os atos isolados.
- Quando estamos perante uma atividade continuada, vou normalmente aos coeficientes do simplificado
(caso não ultrapasse os 200.000€)
Se o contribuinte tem mais do que 200.000€ na atividade continuada na categoria A, neste caso não pode
enquadrar no regime simplificado, vai para o regime da contabilidade organizada. Quando tivermos num caso
pratico de 300.000€ dizemos que à partida tem de estar no regime de contabilidade organizada e por isso,
todas as despesas, à partida, são dedutíveis por via do CIRC.
Art.28º,nº8 – importante
Existe a possibilidade de ser tributado de acordo com as regras da categoria A, no caso de só se prestar
serviços a uma única entidade, mantendo-se essa opção por um período de 3 anos.
O objetivo é possibilitar aos “falsos trabalhadores independentes” (trabalho a recibos verdes) o
benefício da dedução especifica para os rendimentos da cat.A.
Isto não vale para os comerciantes. Contudo, esta opção tem como consequências:
- o cálculo do rendimento líquido de prestações de serviços e a consideração das respetivas
deduções específicas deixa de ser feita com base no regime simplificado ou de contabilidade
organizada, passado a ser feita nos termos descritos para a categoria A: em regra, deduz-se 4104
euros;
- o regime das retenções na fonte deixa de ser o estabelecido no artigo 101º CIRS, passando a ser
o do 99º CIRS.
Rendimentos de
Capitais
Rendimentos Rendimentos de
de capitais Mobiliarios
capitais imobiliarios
mobiliarios imobiliarios
CAT E CAT G
CAT F
Abrange (Artº 5º):
- Esta categoria diz respeito aos rendimentos de capitais - frutos. A noção de fruto consta do artigo
212º CC - tudo aquilo que uma coisa produz periodicamente e sem alteração da sua substância. A coisa de
onde retiramos o fruto continua a ser exatamente a mesma antes de produzir o fruto.
Ex: conta bancaria de 100 euros, em que tiramos 5 de juros, mas os 100 euros continuam lá. Se
tirarmos 15 euros, já estamos a alterar a substância.
ex: as ações de uma empresa podem para o respetivo titular gerar todos os anos dividendos, mas a
ação mantém-se, não sendo alterada.
O fruto é sempre algo acessório relativamente à coisa principal. Só vamos abordar os frutos de coisas
móveis. Os frutos das coisas imóveis são tributados na categoria F - rendas.
Olhando para o artigo 5º, nº 2 CIRS, vamos encontrar 2 grandes tipos de frutos capitais:
- Juros podem ser:
- a) Juros emergentes de contratos: Qualquer contrato que gere juros, esse juro está sujeito a tributação
em sede de IRS.
- b) Juros de depósito (bancários): estão também sujeitos a tributação em sede de IRS. Os bancos é que
pagam os juros bancários, fazendo retenção na fonte de 28% a título definitivo, na altura do pagamento
ou no momento da colocação à disposição.
- Lucros (não da atividade própria, mas sim de uma sociedade que os distribui aos seus sócios): podem ter
uma dupla denominação/natureza jurídica dependendo do tipo de sociedade que distribui os lucros (artigo 5º,
nº 2 alínea h) CIRS). O sócio, em geral, de uma sociedade recebe o respetivo lucro e vai ser tributado com
base na categoria E.
1) sociedades anó
ex: EDP. Quando os lucros têm na sua base ações, falamos em dividendos.
1) sociedades po
vezes, têm até estrutura familiar. Aqui, falamos em lucros.
Uma vez que não há deduções especificas quanto aos juros, como é que os tributamos?
- Ou por retenção na fonte, aplicando o 71º que nos dá uma taxa liberatória (28%) – o banco aplica
sempre esta taxa porque não tem de saber se o contribuinte quer ou não optar pelo englobamento.
- Ou o contribuinte pode optar por declarar e optando por englobar, o que é que acontece? Há
reembolso? Como? Quando chegamos às partes da dedução à coleta fazemos isso.
O art.71º faz referência às taxas liberatórias que se aplicam a rendimentos da Cat. E, obtidos por residentes.
TL
- Relativamente aos residentes, estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo os da Cat.E.
Atenção ao art.22º, nº5 – nestes casos, querendo englobar os dividendos, é obrigatório englobar também, os
juros de certificados de tesouro ou de depósitos a prazo, eventuais mais valias realizadas com partes sociais e
alguns rendimentos obtidos no estrangeiro. Vale a pena englobar se a taxa for até 28%.
Deduções Especificas
Não há deduções específicas porque entende-se que estamos perante rendimentos não produtivos. Logo,
o rendimento bruto = rendimento líquido.
- há uma exceção - lucros.
Se estivermos perante lucros distribuídos pela sociedade ao seu sócio – EDP vai optar pela
distribuição de dividendos, se eu tenho um pacto de ações na EDP re recebo o valor de 10.000€.
Como é que isto é tributado? Por regra aplica-se a mesma taxa liberatória que se aplica aos juros, do
71º, a).
O contribuinte tem a opção de englobar ou não nestes caos – 71º, nº6.
Nos casos em que opte por englobar, há uma especialidade em comparação com os juros:
se eu tenho 10.000€ de dividendos e opto por englobar, faço: pego nos 10.000€, coloco no
bolo do englobamento? Estes 10.000€ são lucro da EDP e, portanto, antes da distribuição,
já foram tributados em sere de IRC. Ora, se já tributei IRC, tenho agora vou tributar IRS?
Vou ao art.40º-A
- Ora, tenho duas opções:
- ou aplico a taxa de 28%
- ou, se compensar, pego nos 10.000€/2 = 5.000 e são os 5.000 sujeitos a IRS e vão ser
englobados por força do art.40º-A para evitar a dupla tributação. Depois aplico as taxas
gerais do IRS e no final, nas retenções na fonte quando tiver a coleta, vou subtrair ao
imposto devido aquilo que a EDP reteve na fonte os 28% (que, em princípio, era a título
definitivo, mas deixou de ser) – os 2800€ que ficaram na taxa liberatória.
Isto é um incentivo à aplicação de capitais. O lucro já foi sujeito a IRC, mas agora ao ser distribuído
ao sócio, está sujeito a IRS - mas só metade. A transparência fiscal elimina a dupla tributação. Aqui,
isto apenas atenua a dupla tributação (artigo 40º - A CIRS). O nº 2 diz-nos os requisitos:
- A sociedade que distribui os lucros tem de ter a sua sede e a sua direção efetiva em
território nacional.
- Os sócios também têm de ser residentes em território português.
Art. 8º CIRS.
- Estamos a falar dos frutos provenientes de bens imóveis (rendas) de forma periódica sem que seja
alterada a sua substância.
- O CIRS fala-nos de prédios urbanos, rústicos ou mistos. Contudo, é irrelevante essa classificação
porque todos se inserem nesta categoria - qualquer um deles gera rendimentos prediais (rendas),
logo é indiferente se estamos a arrendar um apartamento para um estudante ou um campo para um
agricultor.
O sujeito passivo pode optar por o seu rendimento será tributado nesta categoria ou com base na categoria B.
Mas vamos assumir que não é o caso.
- Compensa quando há muitos custos imobiliários que não são podemos deduzir pela Cat.F (ex: comprar
mobiliários) mas sim pela cat. B pelo regime da contabilidade organizada.
ex: caso típico do senhorio e do inquilino.
O sujeito passivo é quem aufere o rendimento da categoria F (senhorio), ou seja, o titular o prédio.
Quem faz retenção na fonte é o inquilino. Em princípio para haver rendas, deve haver um contrato
de arrendamento (1022º CC).
O conceito de rendas (8º, nº 1 e nº 2 CIRS) para efeitos fiscais é mais amplo do que aquele que
decorre do CC. O rendimento bruto vai ser o valor anual de rendas. Ao contrário da categoria A, aqui
devemos considerar em cada caso prático, por exemplo, do mês de setembro ao mês de julho, desde que
seja razoável. Integrado o rendimento bruto na categoria F, passamos para o cálculo do rendimento
líquido.
Nota: - no caso de fração autónoma de prédio em regime de propriedade horizontal, também são
dedutíveis os encargos de conservação, fruição e outros que o condómino esteja obrigado a suportar (nº2)
- no caso da sublocação não há qualquer dedução (nº3).
1. - Não englobando os rendimentos, aplico-lhes uma taxa de 28% (não liberatória) e aplico os 28% ao
rendimento líquido.
Se tive 10.000€ de rendimento e 2000€ de despesas, aplico os 28% aos 8.000€. E agora, sou proprietário,
tenho 10.000€ de rendimento. Dá 2800€.
O cálculo não termina aqui. Atenção que não estamos perante uma taxa liberatória – na taxa liberatória, a
entidade aplica a taxa e acabou (nos casos em que não se engloba).
Ex: Imaginemos que tenho o meu imóvel arrendado a uma empresa. A empresa, quando paga as rendas, faz
retenção na fonte por conta do final devido e não retenção na fonte liberatória – estamos no art.101º e) – taxa
de 25%. Por isso, se o locatário for uma entidade com contabilidade organizada, quando me paga as rendas,
retém os 25% por conta do imposto devido no final; ao longo do ano, já foi retido 2500€, logo só pago 300€.
As retenções na fonte são sempre sobre rendimento brutos!! Porque o inquilino quando me paga as rendas
não sabe que despesas tenho ou vou ter relacionadas com o imóvel.
As normas que usamos nesta primeira opção, são: art.8º - norma de incidência, art.72º - aplico a taxa de 28%
ao RL da Cat. F. Art.101 – sempre que uma entidade paga rendimento da Cat. F paga e tem ou devia ter
contabilidade organizada, há retenção na fonte de 25%.
2. – Englobando – chego ao fim do ano e opto por englobar, o que vai acontecer?
Imaginemos que tenho 10.000€ de rendimento da cat.F, tenho 2.000€ de despesas de manutenção. Englobo
os 8.000€ (Ren da Cat. F vai para dentro do “bolo”). E agora, que taxas aplico?
Aplica-se as taxas gerais do art.68º. Mas também há retenção na fonte do art.101º ou não? A entidade
locatária não sabe se vou englobar ou não, por isso, se o locatário tiver contabilidade organizada, há sempre
de aplicar a retenção na fonte, e por isso não esquecer que os 2.500€ também têm de ser subtraídos ao
imposto devido. Porque houver retenção a fonte. Se o locatário não tem contabilidade, não há retenção na
fonte; então, como não tenho nada que “subtrair”, “pago mais” IRS ao final do ano pois não paguei ao longo
do ano.
Assim, vou ter englobamento obrigatório (vai para dentro do bolo), que é o que acontece normalmente na
Cat. B.
Mas e os rendimentos prediais que estejam integrados numa atividade empresarial?
Nesses casos, vale a regra do art.3º: quando um rendimento capital, predial ou mais valia é arrecadado no
âmbito de uma atividade empresarial transforma-se em rendimentos da Cat.B. Aqui não se trata de uma
opção.
É a categoria mais heterogénea que tem rendimentos mais diversificados, mas estes têm uma nota em
comum: são rendimentos ocasionais, fortuitos, esporádicos, ou seja, tendencialmente não repetidos. Pode
acontecer que o mesmo rendimento esteja noutra categoria. O que temos de ter sempre em conta é se se
tratam de rendimentos esporádicos.
O artigo 9º CIRS identifica várias espécies/tipos de rendimentos, numa indubitável tipicidade fechada.
- mais valias (9º, alínea a): comprar uma casa por 10 e vendê-la por 100;
- indemnizações (9º, alínea b): cair uma árvore em cima do carro;
- rendimentos derivados de assunção de obrigações de não concorrência (9º, alínea c): trespassar a
nossa farmácia a outra pessoa e fazemos um acordo em que prometemos que não abrimos uma na
mesma rua a troco de 500 euros;
- acréscimos patrimoniais injustificados (9º, alínea d): ostentação de riqueza.
1. Quanto às indemnizações:
Indemnizações: quantia pecuniária que visa ressarcir/compensar determinada pessoa por um dano/lesão
que essa pessoa sofreu.
Para haver uma indemnização, tem de haver um facto danoso e um prejuízo/dano. Tem de haver um
nexo de causalidade entre o facto danoso e um resultado (prejuízo/dano).
ex: peão atropelado na passadeira; publicação no fb que atente contra honra e imagem de outra pessoa.
Não confundir responsabilidade civil que pode dar origem a uma indemnização com responsabilidade
criminal que pode dar origem a uma pena de prisão ou multa. Contudo, se uma determinada pessoa
insultar alguém no facebook, pode ser condenada a pagar 2000 euros de multa e ainda ter de pagar uma
indemnização de 2000 euros à pessoa que sofreu um dano.
ex: empresas que querem despedir os trabalhadores e antecipam as reformas. Com isso, ganham uma
indemnização de 1000 euros.
ex: alguém a entrar no autocarro se desequilibrou porque a escada tinha um defeito, tendo as despesas
hospitalares sido de 500 euros. A seguradora fixou a indemnização de 500 euros.
Para que haja uma indemnização é preciso que haja um dano e estes podem ser qualificados de acordo
com vários critérios:
- danos patrimoniais: aqueles que têm na sua base a lesão de bens jurídicos de natureza material/financeira
e corpórea e patrimonial. ex: montra que ficou partida ou algo relativo a uma casa, carros, roupa, etc.
Podemos ter:
- Danos emergentes: danos que não existiam, mas passaram a existir em virtude da lesão. ex:
despesas com medicamentos ou com a fisioterapia. O legislador faz uma distinção fundamental
entre danos emergentes comprovados (há prova, ou seja, houve intervenção de um juiz que de
facto confirmou que aquela pessoa teve de fazer obras, apresentando as respetivas faturas. ex: se a
pessoa ganhou 5000 euros e teve despesas de 5000 euros - as indemnizações devidas por factos
comprovados não estão sujeitas a IRS) e não comprovados (negócios com carros usados - alguém
recebe uma indemnização de 50.000 euros, mas não apresenta qualquer tipo de comprovativo. O
legislador vai sujeitar aquelas quantias a imposto. Há tributação em sede de IRS).
- Lucros cessantes: danos que decorrem de rendimentos que eu auferia, mas que deixei de auferir.
ex: a loja ficar fechada durante x dias, devido a ter sido atropelado. O que acontecia se não tivesse
havido o acidente? - a loja permanecia aberta. A quantia que vem substituir os 5000 euros se o
escritório tivesse aberto, vai ser tributada em sede de IRS. Nestes casos, há sempre tributação.
- danos não patrimoniais/morais: incidem sobre bens jurídicos que não têm natureza patrimonial. Não é
um bem jurídico materializado em dinheiro. ex: prestígio, dignidade, memória de uma pessoa, honra, bom
nome, etc. Se forem comprovados, não há tributação em sede de IRS, caso contrário haverá. O legislador
exige que haja intervenção do juiz, para que os factos sejam comprovados. Haverá tributação quando não
houver homologação judicial.
Ex: O aluno que ia a entrar na UM a pé e distraído levou com a cancela, chega a acordo com a UM para que
lhe seja paga uma indemnização de 400 euros. Recebeu a indemnização a título de danos patrimoniais de
danos emergentes (curativos).
- Se estes resultaram de acordo e este foi homologado judicialmente, não há tributação porque são
comprovados.
- Se resultarem de um acordo de “boca”, sem o respetivo comprovativo, estão sujeitos a tributação.
Se o aluno recebeu para além dos custos do internamento hospitalar uma indemnização devido aos danos não
patrimoniais decorrentes da não prestação adequada para efeitos fiscais:
se houver homologação não há tributação.
Caso contrário, há tributação.
Se este deixar de acabar o curso e perder uma oportunidade de emprego que lhe iria render 5000 curso por
mês, serão danos emergentes e não patrimoniais. Depois, teremos de verificar se houve homologação ou não.
O artigo 10º, nº1 CIRS diz-nos que o legislador optou pelas mais valias realizadas.
É preciso que haja um ato translativo e a pessoa ganhe dinheiro com isso - tributa-se a mais valia não no
momento em que existe um acréscimo patrimonial, mas sim a partir do momento da alienação.
Exceção - Há alguns casos em que são tributados os aumentos do valor do bem, por exemplo, decorrente de
obras públicas.
ex: tenho um terreno numa zona degradada. E este terreno a partir de agora passou a valer 1 milhão de
euros. A nível de IRS, só se tributa se eu vender o terreno. No entanto, paga-se as contribuições
especiais de melhoria em que é aplicado o regime dos impostos - artigo 4º, nº 3 LGT. Existe assim uma
dupla tributação.
Certos bens adquiridos antes da entrada em vigor do CIRS (1 de janeiro de 1989), se tiverem na base de
uma mais valia, essa mais valia não é tributada.
ex: no apartamento adquirido no ano de 1980, o imposto respetivo não tributava as compras e
vendas de bens imóveis. Para proteger a confiança legítima e a segurança jurídica, o legislador prevê
que as mais valias estão sujeitas a tributação se os respetivos bens tiverem sido adquiridos após a
entrada em vigor do CIRS.
- Logo, não estão sujeitas a IRS as mais valias resultantes de alienações onerosa de partes
de capital e os imoveis adquiridos antes
Exceto – terrenos para construção
Isto está no diploma que aprova o CIRS - artigo 5º regime transitório para a categoria G. Para bens
imóveis vamos fixar a data de 1989.
O artigo 10º prevê as mais valias que estão sujeitas a IRS (princípio da tipicidade fechada):
Todas as outras mais valias não são tributadas (compra e venda de carros, mobílias, jóias).
Se o Sr. António hoje vender um apartamento por 2000 e o carro por 1000 euros, ambas são mais
valias, mas apenas a primeira é tributada.
Não é certo dizer que apenas os bens imóveis estão sujeitos a IRS, uma vez que as ações são bens
móveis e também estão sujeitas a IRS. Se for um agente imobiliário, o produto alienado vai para a
categoria B. Aqui, estamos sempre a falar de rendimentos ocasionais.
Repare-se, no entanto, que se uma pessoa comprou uma casa em 1991 por 150 mil euros, e agora
esta valesse 550 mil euros, se se fizesse só a conta da diferença, podia estar aqui uma questão de
inflação – logo temos de corrigir (50º) o valor da aquisição por aplicação coeficiente aprovado por
portaria. Neste caso, o coeficiente para 1991 é 1,96. Isto quer dizer que 100 mil euros quase
duplicaram com a inflação acumulada até 2016, que agora são 196 mil euros.
Exclusão da tributação:
- Nas habitações próprias permanentes (nº5): exclui-se os ganhos provenientes de alienação de
imoveis destinados à habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar
Requisitos cumulativos para que se verifique esta não tributação:
- o valor obtido na venda tem de ser utilizado para o mesmo fim (ou seja, construção,
aquisição ou beneficiação de um imóvel); se for só parcialmente, a mais valia será tributada
proporcionalmente (regra de três simples)
- o valor utilizado na aquisição da nova habitação tem de ser igual ao valor realizado.
- quanto aos prazos para reinvestir:
- se a nova habitação for adquirida após a venda da antiga – prazo de 36 meses,
contados da data da venda da habitação antiga; exceto nos casos de construção
- se for antes – 24 meses anteriores, só nos casos de aquisição de nova habitação
Todas as outras mais valias não são tributadas (compra e venda de carros, mobílias, jóias).
Se o Sr. António hoje vender um apartamento por 2000 e o carro por 1000 euros, ambas são mais valias
mas apenas a primeira é tributada. Não é certo dizer que apenas os bens imóveis estão sujeitos a IRS,
uma vez que as ações são bens móveis e também estão sujeitas a IRS. Se for um agente imobiliário, o
produto alienado vai para a categoria B. Aqui, estamos sempre a falar de rendimentos ocasionais.
artigo 50º CIRS - correção monetária. Isto só vale para bens imóveis - alínea a) do artigo 10º.
O valor pelo qual adquirimos o terreno vai ter de ser corrigido mediante a aplicação de coeficientes (fator de
multiplicação) – aplicação de coeficientes de desvalorização monetária ao valor de aquisição de direitos reais
sobre bens imoveis, sempre que tenham decorrido mais de 24 meses entre a data de aquisição e a data de
alienação ou afetação
Exemplos:
1. Um sujeito que comprou uma casa no ano de 2000. Comprou a casa por 50.000 euros e hoje, no ano de
2018, está a vender essa mesma casa por 75.000 euros. Teve uma mais valia, porque a casa valorizou. Esta
mais valia está prevista no artigo 9º, nº 1 Alínea a) e 10º, nº 1 alínea a) CIRS. Têm de ser rendimentos que não
cabem nas outras categorias, ou seja, que não sendo comerciais, industriais, etc. O cálculo está previsto no nº
4.
Nota: No ano 2000, quando a pessoa comprou a casa, ela teve de pagar imposto (IMT). O valor que a pessoa declarou na altura para
efeitos de IMT é o mesmo valor que ela agora vai declarar para efeitos de IRS. Quanto mais baixar o valor para efeitos de IMT (quanto
mais se fugir ao fisco), mais aumenta a mais valia, ou seja, menos se deduz. O IMT tem taxas moderadas, ao contrário do IRS.
Entao:
- À partida, parece que o ganho seria 25.000. Mas não vai ser porque 50.000 era o valor há 18 anos
atrás. O legislador manda-nos atualizar o valor, no artigo 50º CIRS - coeficiente seria 1,39. Logo, o
valor a atualizar será de 69.500. O ganho sujeito a IRS será (75.000-69.500), ou seja, 5500 euros.
- Além disso, ao valor de aquisição, o artigo 51º CIRS manda que se vai acrescentar os encargos com
o imóvel. Se a pessoa fez obras à casa nos últimos 12 anos, os encargos com a valorização da casa
vão acrescer ao valor da aquisição já realizado (ou seja, aos 69.000). Isto é um incentivo para as
pessoas modernizarem as suas casas. Se a pessoa fez obras de 10.000, vamos ter 69.500 mais 10.000.
A dúvida nas pensões é sempre saber quando é que é pensão ou quando é que é indemnização .
Temos sempre de olhar para o art.12º - para ver se não exclui a incidência.
Ex: se a viúva de um militar que morreu num cenário de guerra receber uma pensão pela morte do
marido, aquele rendimento será para compensar um dano ou atribuir uma vantagem económica?
- Por um lado, está a ter aquele rendimento mensalmente
- Por outro lado, está a compensar uma perda, tando de rendimento como efetiva
Deduções Especificas
Discutiu-se durante muito tempo se deveria haver ou não deduções especificas, porque havia quem
considerasse que não há um custo necessário para obter aquele rendimento. Mas por outro lado também se
dizia que fazia sentido diferenciar-se em relação aos trabalhadores. Mas as pensões geralmente não são
aumentadas, pelo que não se devia também penalizar as pensões em relação ao rendimento do trabalho.
Em 2007, considerou-se que a dedução especifica nesta categoria tinha de ser, pelo menos, mais parecida com
a da Cat. A, estando consagrada no art.53º, CIRS.
Além disso, existe a isenção do mínimo de existência. Quando as pessoas auferem por ano mais de 4104, ou
seja, 5000, deduz-se 4104. Ou seja, só paga IRS a diferença entre os 4104 e o valor que a pessoa recebe.
Pensão mensal de reforma de 525 euros. Vamos multiplicar por 14 = 7350. 7350 - 4104 = 3246.
Aos rendimentos brutos da categoria H são ainda deduzidas as quotizações sindicais e as contribuições
obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde.
A tributação dos residentes vai estar sujeita a um esquema de cálculo do RL composto por
diversas fases.
MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO
5. Englobamento
Depois de termos o RL da cada categoria, vamos proceder ao englobamento, que é a soma do RL de cada
categoria (art.22º, CIRS)
No caso de rendimentos sujeitos a englobamento - a retenção na fonte tem natureza de pagamento por conta;
No caso de rendimentos não englobáveis, em que a retenção é definitiva.
O nº6 do art,71º contudo dá a opção ao contribuinte de englobar ou não englobar estes rendimentos
previstos no 71º - isto compensa fazer quando a taxa geral do escalão de IRS que aplicar for inferior a 28%.
Mas como é que isto se faz na prática? O banco está, por lei, obrigado a taxar os 28% com retenção, como é
que o banco vai saber se decidimos ou não englobar? O que acontece nesses casos é que quando chegar ao
passo de fazer as deduções à coleta, vou subtrair os 28% que ficaram retidos na fonte pelo baco e assim
neutraliza-se a taxa liberatória.
Nos termos no art.22º,nº5 – a opção pelo englobamento implica a obrigatoriedade de o sujeito passivo
englobar a totalidade dos rendimentos compreendidos no nº6 do 71º, no nº8 do 72º e no nº7 do 81º
(ou seja, juros, lucros e mais-valias de ações e quotas).
As taxas de retenção na fonte que, em princípio, seriam definitivas(liberatórias) passam a ter a natureza de
pagamentos por conta do imposto devido no final, como se estabelece no nº7 do 71º.
6. Abatimentos
- Só se aplica o abatimento previsto no art.56º-A, os outros foram todos revogados.
Trata-se de uma compatibilização de 90% ou 85% consoante a categoria dos rendimentos.
Depois de englobar os RL e fazermos os abatimentos, obtemos o rendimento coletável.
7. Taxas
Obtido o rendimento coletável, vamos aplicar a este as taxas do IRS previstas no art.68º, CIRS.
Se o Rendimento coletável for superior a 7091€, divide-se em duas partes (não é dividir por dois!!), mas
sim aplicar uma taxa a uma parte do rendimento e à outra parte outra taxa. Depois, é preciso ter em
atenção que não é o rendimento que vai para dentro/tem que caber nos escalões, são os escalões que
têm de caber no rendimento.
Por isso, quando se calcula o IRS, via de regra, divise-se em parte. A uma parcela do rendimento aplica-
se a taxa media e à outra parcela, o excedente do rendimento, aplica-se a taxa marginal.
Exemplos (atenção que estes exemplos não são feitos consoante as normas deste ano)
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 40000 euros?
- De 7091 até 20261 – corresponde a uma taxa media de 23,600.
(20261 x 0,236 = 4781,6)
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 15.000 euros?
Até 7091. Aplica-se a taxa de 14,500 (coluna B).
7091 x 0,145 = 1028,2
Desta forma, depois de aplicadas as taxas ao rendimento coletável, obtemos então a coleta.
8. Deduções à Coleta
Temos de ver se existe a possibilidade de fazer deduções à coleta, deduções personalizadas, que já nada têm a
ver com a arrecadação de rendimentos, mas sim com a situações concreta de cada um - art.78º e ss, CIRS.
Deduções com base nos dependentes do agregado familiar e ascendentes , como é dito no 78º-A.
Assim, por cada dependente: dedução de 600 €; por cada ascendente: dedução de 525€ à possibilidade de
majoração no nº2.
Deduções com base nas despesas gerais familiares, muito abrangentes e previstas no art.78º-B.
Basicamente funciona como um estímulo ao pedido de faturas para que seja mais fácil às finanças saber se os
gastos são lícitos de modo a combater a fraude. Esta dedução não ultrapassa os 250€ para cada sujeito passivo
do agregado familiar.
Limite global de 800€. Incluem-se as despesas com livros escolares, as despesas quanto à educação e
formação seja prestada por entidades reconhecidas pelo ministério da educação.
Atenção: há um limite às deduções à coleta no art.78 º - isto acontece para impedir que as famílias mais
numerosas e ricas esgotem tudo em deduções.
Neste caso, temos um benefício a uma sociedade tauromáquica. Poderá caber no mecenato cultural, vamos
admitir que prossegue fins de natureza cultura, al.b) do 62º do EBF. Então, fazendo donativo será
reconhecido fiscalmente e temos de ver se há alguma limitação ao donativo, no nº5 do 62º o que a lei diz é
que os benefícios podem ser feitos a estas entidades até ao limite de 8 por 1000, isto está assim para evitar
casos de fraude. Tenho que saber se a entidade existe e qual a limitação. Para aplicar o art.63º tenho que olhar
aos artigos anteriores pensados para empresa: ver se a entidade é ou não relevante fiscalmente e tenho que ver
se há ou não limitação no nº5 do mesmo artigo.
Qual a dedução do benefício à coleta neste caso? Al.b) neste caso tem limitação, por isso a dedução é de 25%
do donativo e temos uma limitação de 15% do valor da coleta no que se pode deduzir. Oferecem 4.000, 25%
seria 1.000 euros. O valor tributável do donativo seria 1.000 euros. Deduzir-se-ia a totalidade destes mil euros,
uma vez que os 1000 euros não são neste caso superiores a 15% da coleta; mas caso os 25% do donativo
ultrapassassem 15% do valor da coleta apenas se deduzia até ao máximo, até 15% da coleta.
Questão que surge: Quais os casos em que aplico a) do 63º em que não há limitação, qual é o artigo, dos
anteriores, em que fazendo um donativo não tenho limitação? A quem é que as empresas podem fazer
donativo sem limitação de qualquer especie?
Art.62º, EBF diz-nos que se uma empresa quiser oferecer donativos ao Estado pode fazê-lo sem limitações,
fora o Estado normalmente haveria limitações. Vemos isto pelos números 4 e 5 do art.62º em que no nº4 não
há limite e no nº5 como já dissemos aqui há o limite de 8/1.000.
É preciso ter em tenção que é preciso subtrair a esse valor quaisquer adiantamentos feitos ao longo do ano,
como é o caso da retenção na fonte e dos pagamentos por conta.
No fim, pega-se na coleta e nas retenções na fonte e depois de as plicar vê-se se essa conta dá sinal
positivo ou negativo, ou seja, se a pessoa ainda tem de pagar mais de imposto para fazer o valor do
imposto ou se o valor das retenções na fonte foi superior ao imposto a pagar e aí vai receber reembolso.
As tabelas de retenção na fonte estão normalmente desenhadas para que haja uma situação de crédito
dos sujeitos passivos, ou seja, os valores que lhe vão sendo retirados ao longo do ano, no fim do ano, são
maiores que o valor que ele devia pagar e por isso é que há aquele fenómeno de “receber do IRS”
Assim, estas retenções na fonte e pagamentos por conta são subtraídas ao valor do IRS, e é esse valor que se
vai ter de pagar ao Estado.
Nos nossos casos práticos, quando o enunciado disser que há retenção ou pagamento, é que será necessário
tratar disso.
O 99º fala de um pp geral de retenção na fonte para as categorias A e H, e as taxas de retenção para
estas categorias estão anexadas fora do CIRS.
A retenção de IRS é efetuada sobre as remunerações mensalmente pagas ou postas à disposição dos seus
titulares, com exceção no nº4,5,7,9 e 10 da al.b) e na al.g) do nº3 do art.2º.
Sem prejuízo do art.71º, as entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada
são obrigadas a reter imposto, com aplicação das taxas mais relevantes – ver art.10º
O devedor é o cliente e não o advogado - credor. O médico é o credor e o cliente é o devedor
Por exemplo, para os prestadores de serviços, há uma retenção na fonte, o cliente faz retenção e
entrega a taxa de 16,5% ao Estado, mas isto só acontece se este (o cliente) tiver contabilidade
organizada. Assim, se um advogado fizer um trabalho para uma empresa, esta reterá na fonte 16,5%.
Em alguns casos excecionais, mesmo quando a entidade põe o rendimento à disposição e tem
contabilidade organizada, há uma exceção em que não é o necessário reter na fonte quando
estejamos abaixo dos 10.000 euros – 101º-B, nº1, a)
CAT.B
Os rendimentos da categoria B da alínea a) do artigo 3º CIRS nunca estão sujeitos a retenção na fonte
(rendimentos comerciais, industriais, silvícolas ou pecuários).
Nos restantes casos, por exemplo, prestações de serviços, e tratando-se de rendimentos auferidos por
residentes, as retenções são feitas nos termos do artigo 101º CIRS.
CAT.E
Os rendimentos da categoria E estão sujeitos à retenção na fonte, à taxa liberatória (liberar, exonerar, afastar
o cumprimento de uma obrigação que o sujeito passivo tinha e já não vai ter: englobamento) de 28% se
forem pagos por entidades que têm ou devem ter contabilidade organizada. Esta retenção na fonte é a título
definitivo. A paga juros a B e se A tiver ou dever ter contabilidade organizada, ao pagar os juros/lucros de
1000, vai se subtrair 280 (28%) = 720 que entrega aos cofres do Estado. Quem paga retém na fonte. B no
final do ano, na sua declaração de IRS não vai colocar esses juros porque não há englobamento, na medida
em que a retenção na fonte é a título definitivo. Artigo 22º, nº 3 CIRS: quanto aos residentes, não há
englobamento.
CAT.F
a retenção é a título de pagamento por conta (regras do artigo 101º CIRS = categoria B). Se o devedor tem ou
deve ter contabilidade organizada, faz retenção quando paga a renda. Se não tiver, não faz a retenção quando
paga a renda. Paga a renda em bruto. Assim, o sujeito A e B (ambos) pagam uma renda de 200 euros. No 1º
caso, quem paga a renda é o reformado, assalariado e estudante. Como não tem contabilidade organizada, não
há retenção, pagando 400 euros. No 2º caso, é um advogado ou uma sociedade. Se tiver contabilidade
organizada, faz retenção na fonte nos termos do artigo 101º CIRS. Quem paga é quem tem ou deve ter
contabilidade organizada. Não interessa se o senhorio tem ou não contabilidade organizada. Na alínea e) do
artigo 101º CIRS diz-nos que a retenção na fonte é à taxa de 25%.
ex: Renato Sanches vem morar para Braga e frequenta o curso de Direito na UM e fica num imóvel
arrendado de 300 euros por mês. Há retenção na fonte ? - sim, pois este tem ou deverá ter contabilidade
organizada. Esta é a título de pagamento por conta, sendo que o senhorio vai declarar aqueles rendas que já
foram sujeitas a retenção ao longo do ano. Vai deduzir à coleta a retenção na fonte que foi feita ao longo do
ano. A autonomia da vontade é irrelevante, ou seja, se senhorio e inquilino disserem que a renda é só 300 e
que não há retenção, há na mesma violação do direito fiscal. Estes arranjos entre os sujeitos não são válidos
para efeitos fiscais. Caso contrário, há sanções.
CAT. G
às retenções na fonte, os incrementos patrimoniais referidos, quando auferidos por residentes, apenas estão
sujeitos a retenção na fonte se se tratar de indemnizações ou importâncias auferidas em virtude da assunção
de obrigações de não concorrência, ficando de fora quer as mais valias, quer os incrementos patrimoniais
injustificados. Naqueles casos, a retenção na fonte é feita se a entidade devedora tiver ou dever ter
contabilidade organizada no momento do pagamento ou colocação à disposição, a título de pagamento pot
conta e à taxa de 16,5%. As importâncias retidas ser deduzidas à coleta final.
Relativamente a residentes, estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo os rendimentos da Cat. E.
Quanto maior for o rendimento do ano anterior, maior é o pagamento por conta. Ex: um médico, além do
pagamento dos três adiantamentos, os seus pacientes também fazem retenção na fonte sobre esse rendimento
que lhe pagam (quando chegar à coleta, vai deduzir tanto os adiantamentos como as retenções na fonte).
Categoria A:
salários, deduz-se sempre 4104 ou valor das contribuições para o sistema de proteção social - segurança social
(artigo 25º CIRS).
É possível haver 1000 de salário e 1300 de dedução? O artigo 25º estabelece um limite. Nesta categoria, não
há possibilidade de haver resultados negativos. Mesmo que tenha muitas quotizações sindicais, só se deduz
até à sua concorrência (ou seja, o valor do RB).
Perante um regime simplificado de tributação - não é possível haver resultados negativos pois vamos deduzir
o coeficiente ou uma percentagem. Nem que a dedutibilidade fosse 95%.
Perante um regime da contabilidade organizada - temos de ter em conta proveitos ou ganhos ; encargos ou
custos. Pode acontecer que os encargos sejam superiores aos proveitos. Pode haver prejuízos, desde que os
encargos sejam superiores aos proveitos (artigo 20º CIRC com remissão para o artigo 13º, nº 2 CIRS).
Categoria E: capitais. Aqui, não é possível haver resultados negativos, porque não há deduções especificas. E
mesmo no caso excecional, a dedução que existe é apenas de 50% (artigo 40º A CIRS).
Categoria F: rendas. Aqui, podem ser detidos encargos com despesas de conservação e manutenção (artigo
41º CIRS). As deduções especificas podem ser superiores ao RB, logo pode haver resultados negativos.
Categoria G: Em geral, não há deduções. Logo, não há resultado negativos. Mas há uma exceção, aqui é
possível e muito provável haver resultados negativas. Por exemplo, se estivermos a falar de menos valias. ex:
comprar um imóvel por 100.000 e vendê-las por 200.000.
Categoria H: artigo 53º CIRS - pensões. Também não é possível haver resultado negativo.
Qual o tratamento jurídico fiscal português a dar aos casos em que há resultados
negativos/prejuízos/perdas fiscais?
Existem 2 modos/sistemas para tratar as perdas ou os prejuízos fiscais:
artigo 55º CIRS: dedução de perdas. Aqui, já estamos a intuir que se é dedutivo na mesma categoria, só pode
ser no ano seguinte. Em regra, na categoria B, os resultados negativos podem ser reportados para qualquer
um dos 12 anos seguintes. Pode ir deduzindo até 12 exercícios, ou seja, até ao prazo de 12 anos seguintes.