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IRS - Casos práticos resolvidos

Direito Fiscal (Universidade Catolica Portuguesa)

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IRS
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

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Índice
1. Características...................................................................................................5
1.1. Noções gerais - tipo de rendimento, origem e momento da tributação................5
1.2. Regimes de tributação...........................................................................................6
1.3. Progressividade......................................................................................................6
1.4. Liquidação.............................................................................................................7
1.5. Cobrança................................................................................................................7
1.6. Fatores de personalização......................................................................................8
1. Taxas Progressivas.......................................................................................................................8
2. Dedução de encargos familiares (78º e ss CIRS)..........................................................................8
3. Isenção do mínimo de existência (70º CIRS)................................................................................8
4. Dedução de encargos profissionais (28º e ss, CIRS).....................................................................9

Matriz de Resolução de Caso prático – 9 passos......................................................10


2. Incidência Subjetiva........................................................................................11
3. Incidência Territorial......................................................................................11
3.1. Residentes vs Não Residentes – principais diferenças........................................11
3.2. Quem é residente?...............................................................................................12
3.3. Quem é não residente?.........................................................................................13
4. Incidência Objetiva........................................................................................13
4.1. Enquadramento Real por Categoria....................................................................13
4.1.1.1. Categoria A – Rendimentos do Trabalho Dependente..............................................13
4.1.1.2. Categoria B – Rendimentos empresariais e profissionais..........................................18
4.1.1.3. Categoria E – Rendimentos de Capitais.....................................................................21
4.1.1.4. Categoria F – Rendimentos prediais (Rendas)...........................................................23
4.1.1.5. Categoria G – Incrementos Patrimoniais....................................................................25
4.1.1.6. Categoria H - Pensões..................................................................................................32
MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO....................................................................................34
5. Englobamento..................................................................................................34
6. Abatimentos....................................................................................................35
7. Taxas...............................................................................................................36
8. Deduções à Coleta...........................................................................................37
9. Determinar o IRS a pagar...............................................................................38
9.1. Retenção na fonte – 98º........................................................................................38
Retenções na Fonte – CAT. A.............................................................................................................38
Retenções na fonte – CAT B,E e F.....................................................................................................39
9.2. Pagamentos por Conta – 102º...............................................................................40
10. Rendimentos negativos................................................................................40

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1. Características

1.1. Noções gerais - tipo de rendimento, origem e momento da tributação

 Trata-se de um imposto sobre o rendimento


Como tal, não tributa património estático e físico. Estamos quase sempre a falar de fluxos de
rendimento. Contudo, nem todos os rendimentos vão ser tributados. Existem 2 teses/perspetivas
em relação ao rendimento em sentido jurídico:

IRS trata-se de um imposto anual e pessoal:


 Anual - De facto, o ano fiscal coincide com o ano civil. Os rendimentos que vão ser tributados são
aqueles que forma auferidos até 31 de dezembro. Ou seja, o IRS incide sobre o valor global dos
rendimentos auferidos durante um ano fiscal.
- O artigo 13º, nº 8 do CIRS diz-nos que as oscilações cronológicas familiares acabam por ser
irrelevantes porque a data final é a de 31 de dezembro - ou seja, o que importa é a situação pessoal e
familiar que se verificar no último dia do ano a que o imposto respeite. A Administração Tributária
não pode perseguir o contribuinte “ad eternum”. Logo, importa saber até quando é que o fisco pode
exigir aquela dívida.
 Pessoal - os pessoais têm em consideração a situação económica (se ganha muito ou pouco), familiar
(se é casado, solteiro ou divorciado) e social (se trabalha ou está desempregado) do sujeito passivo. Por
sua vez, os impostos reais incidem sobre a riqueza, independentemente da situação económica, familiar e
social do sujeito passivo. ex: IVA. Além disso, a incidência pessoal é uma norma jurídica e diz-nos quem
está sujeito a imposto. A incidência real diz-nos o que está sujeito a imposto. Todos os impostos têm de
ter uma incidência, seja ela pessoal ou real. As situações económicas, sociais e familiares do devedor são
relevantes para determinar o montante a pagar, em sede de IRS.
 Neste sentido é que se fala nos fatores de personalização

Considera-se que estes rendimentos podem ser de dois tipos:


- dinheiro (natureza pecuniária);
- espécie (rendimentos que não se materializam em dinheiro, mas que são admitidos no IRS).
- artigo 2º, nº 3 alínea b) subalínea 9 CIRS prevê várias situações em que o salário pode ser pago através
de uma materialidade que não seja o dinheiro. ex: quando uma entidade patronal paga a um trabalhador
2000 euros em dinheiro e disponibiliza ao mesmo tempo um carro para exercer as suas funções.

Quanto à origem:
- rendimento de base lícita
- rendimento de base ilícita, quando tem na sua génese um comportamento desconforme com o OJ do
ponto de vista civil, contra-ordenacional (mais grave que o anterior, punível com coimas - ex: exercer
determinada atividade que estava licenciada para 40 trabalhadores e estarem 41) e criminal (punido com
prisão ou multa - ex: conduzir sob o efeito de álcool).
Os rendimentos derivados de atos ilícitos são tributados de acordo com o artigo 1º do CIRS. Mesmo
que um contrato de trabalho seja nulo ou anulável, está sujeito a IRS. No caso da prostituição, isto
não é um ato ilícito porque essa pessoa coloca o anúncio de forma livre e ponderada e também
porque não está a enganar alguém. Contudo, isto pode ser um ato contrário à lei e uma ofensa aos
bons costumes. Relativamente aos atos de bruxaria, já estamos perante num ato ilícito.

O rendimento pode ser tributado em 2 momentos:


- momento do pagamento;

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- momento da colocação à disposição. Em sede de IRS, este é o mais relevante . Logo, o rendimento desde
que seja colocado à disposição pode ser tributado. Não é necessário um ato material e formal (artigo 1º,
nº 1 CIRS). Por exemplo, o imposto é devido não quando se celebra o acordo que fixa determinada
indemnização, mas quando o valor desta é efetivamente transferido para o beneficiário. As retenções na
fonte devem ser efetuadas no momento do recebimento da quantia e não no momento da assinatura de
um contrato.

1.2. Regimes de tributação


O sujeito passivo do IRS será sempre a pessoa singular que aufere o rendimento
No plano das pessoas singulares, temos alguns desvios a essa singularidade - regime de tributa ção conjunta,
ou seja, sempre que houver agregado familiar em sede de IRS e assentar numa relação conjugal (casamento ou
união de facto). O CIRS prevê a existência de 2 regimes:

- podem optar pela tributação singular;


- podem optar pela tributação conjunta.

O artigo 13º, nº 2 CIRS diz-nos que quando houver agregado familiar, o IRS é apurado individualmente para
cada cônjuge. O nº 3 desse mesmo artigo remete-nos para uma tributação conjunta, onde o imposto é devido
pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar. Isto trata-se de um desvio à
tributação singular. O segundo desvio diz respeito à transparência fiscal.

1.3. Progressividade

Quanto às taxas, às quotas, o imposto no geral pode ser de 3 espécies:


- Imposto de taxa fixa ou taxa proporcional - taxas e quotas iguais para todos: por exemplo 10%,
independentemente do rendimento da pessoa.
VANTAGEM - é a simplicidade e clareza do sistema
DESVANTAGEM - a violação flagrante do princípio da igualdade. Este aborda a igualdade em
sentido formal (sujeitos em igualdade de circunstâncias têm tratamento idêntico) ou igualdade em
sentido material (sujeitos em circunstâncias diferentes com tratamento diferenciado). Neste caso, a
igualdade em sentido material estaria a ser violado. Nessa medida, poder-se-ia entender que o artigo
13º da CRP estaria a ser violado.

- Imposto de taxa regressiva - taxa diminui à medida que aumenta o rendimento coletável: neste caso,
aumenta a matéria coletável, baixa a taxa que se aplica.
VANTAGEM - poderá servir de incentivo à produtividade, à realização de riqueza e ao trabalho.
DESVANTAGEM - onera mais pesadamente quem tem rendimentos mais baixos. Este imposto
não atende a finalidades redistributivas, ou seja, tirar a quem ganha mais, para dar a quem tem
menos. Um imposto de taxa regressiva não permite isso. As pessoas menos aptas a contribuir são
aquelas que vão pagar mais. Este imposto não cumpre os desígnios da justiça e do estado social.

- Imposto de taxa progressiva: taxa aumenta à medida que aumenta o rendimento coletável.
VANTAGEM - redistribuição e à justiça social. Este sistema permite tirar dos mais ricos para dar
aos mais pobres

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DESVANTAGEM - A desvantagem pode ser um desincentivo à produtividade. Quem produzir


muito e ganhar muito vai ficar onerado com muito mais imposto do que as pessoas que trabalham
menos. ex: um empresário que se insere num escalão de 1000 euros, prefere manter esse escalão, de
modo a que o que ganha a mais não seja tributado pelo escalão seguinte.

 IRS trata-se de um imposto tendencialmente progressivo.


As taxas aumentam à medida que aumenta a matéria coletável. Isto é uma incumbência constitucional. O
artigo 104º da CRP diz-nos que o imposto das pessoas singulares é único e progressivo. O imposto sobre o
rendimento pessoal tem uma componente socializante. Ou seja, isto não é questão de o legislador ordinário
querer ou não pôr em prática a redistribuição. O IRS tem de ser progressivo, mesmo que o legislador, no
intuito de beneficiar revogasse essas taxas e pusesse uma taxa baixíssima, o imposto seria progressivo.
Se estivermos perante uma pessoa não residente, os seus rendimentos são tributados segundo o artigo 71º, nº
4. ex: um cantor não residente que venha cá atuar receberia 1000 euros, mas só recebe na realidade 750 euros,
na medida em que 25% do seu rendimento é retido pela empresa que lhe paga. Isto é um desvio à
progressividade. Por razões de praticabilidade, derroga-se a progressividade. Estas derrogações não devem ser
consideradas inconstitucionais, pelo menos na ótica do Tribunal Constitucional.

1.4. Liquidação
O IRS trata-se de um imposto heteroliquidável.
- Ou seja, é o fisco que faz essa liquidação. (artigo 75º do código do IRS).

Este ato de liquidação consiste em quantificar e tornar líquido e isso distingue-se de cobrar, exigir e arrecadar
a receita tributária. Em primeiro lugar, o fisco tem de proceder à liquidação do imposto. Contudo, da
liquidação pode haver reembolso. Mas nem sempre há cobrança. Liquidar as dívidas é diferente de pagar (que
tem como reverso o ato de cobrar).

O fisco tem 4 anos para liquidar o IRS, de acordo com o artigo 45º da LGT. Se o contribuinte auferir o
rendimento e não o declarar ao fisco e caso este apenas descubra isso após os 4 anos, caduca o direito do
fisco de liquidar o imposto respetivo. Caso o fisco pretenda cobrar, tem um prazo de 8 anos, de acordo com
o artigo 48º da LGT. ex: estamos em 2016, o fisco tem 4 anos para exigir a dívida (2020) e 8 anos para cobrar
a dívida (2024). Conta-se a partir de 2016, ou seja, a partir do facto tributário.

1.5. Cobrança
IRS trata-se de um imposto de cobrança mista ou compósita.
A cobrança diz respeito ao ato de arrecadação da receita tributária por parte do credor tributário.
- Existe a cobrança direta ou a cobrança indireta/retenção na fonte.

O IRS é um imposto anual. Assim, o legislador prevê que o imposto seja entregue por outra pessoa que com
ele, mantém, relações especiais. Em vez de ser o trabalhador a fazê-lo, a sua entidade patronal vai reter uma
determinada percentagem e vai entregá-la aos cofres do Estado. O dinheiro chega ao Estado através do
próprio contribuinte, mas por via de uma terceira pessoa. Estamos perante uma cobrança indireta -
materializa-se através de um instituto jurídico que se dá pelo nome de substituição tributária (artigo 20º
LGT), através de uma figura que se dá pelo nome de retenção na fonte.

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O IRS é um imposto de cobrança mista - durante o ano fiscal a cobrança é feita através de substituiçãoo
tributária e retenção na fonte, mas no final do ano (no ano seguinte) quando é feito o apuramento da dívida
total (acertos), a pessoa é notificada para ela própria pagar a diferença. Dessa notificação pode constar que a
pessoa tem de pagar 1000 euros, mas pode acontecer que durante o ano a entidade patronal já pagou 800
euros. Logo, só tem de pagar 200. Caso a entidade já tiver pago 2000 euros e só tiver de pagar 1000 (com as
deduções) o dinheiro é devolvido ao contribuinte.

1.6. Fatores de personalização


As situações económicas, sociais e familiares do devedor são relevantes para determinar o montante a pagar,
em sede de IRS, daí se dizer que este imposto é um imposto pessoal. Desta forma, surgem vários fatores de
personalização.

1. Taxas Progressivas
Em primeiro lugar, a existência de taxas progressivas (68º CIRS).
 A palavra taxa, em matéria de direito tributário pode ser taxa em matéria de tributo ou taxa
enquanto quota/percentagem a aplicar à matéria coletável. A quota é na maioria das vezes aplicável
à matéria coletável. Quanto à taxa, os impostos podem ser de taxa fixa. A taxa pode ser regressiva,
diminuindo à medida que diminui o rendimento, ou também progressiva, que vai aumentando à
medida que o rendimento vai aumentando.

No código do IRS (artigo 68º), está contida uma tabela de taxas:


- As taxas iniciam em 14,5 % e a taxa máxima é de 48%.
Ou seja, metade do rendimento é usado só para efeito do IRS. A carga fiscal em Portugal é elevadíssima,
estando no limite quase do incomportável, de acordo com o princípio da personalidade.
Em geral, os impostos pessoais têm taxas progressivas. Relativamente ao IRC ou ao IVA, a taxa é fixa,
independentemente dos valores. A primeira característica é a progressividade. As taxas presentes no artigo 68º
do código do IRS aplicam-se aos sujeitos passivos residentes. Os professores não residentes vêm o seu
rendimento tributado de forma diferente.

2. Dedução de encargos familiares (78º e ss CIRS)


- Ou seja, é possível deduzir do imposto certas despesas ou encargos relativos ao próprio sujeito passivo e ao
seu agregado familiar. O artigo 78º do código do IRS é relativo às deduções à coleta, como por exemplo,
encargos com lares, despesas de saúde e educação de menores, etc. E cada um dos artigos seguintes densifica
cada uma das alíneas desse artigo.

3. Isenção do mínimo de existência (70º CIRS)


Quem tiver rendimentos de um determinado limite ou abaixo de um determinado limite, está isento de IRS.
Os impostos pessoais isentam as pessoas mais pobres, o mesmo não se aplica aos impostos reais. Os titulares
de salários ou de pensões inferiores a 600 euros, estão isentos de IRS. Uma pessoa que tenha uma pensão
mínima (200 euros), não fica, por exemplo sem dinheiro para os medicamentos, devido ao IRS. Ninguém fica
pobre devido ao IRS. Não é o fisco que paga pensões, o fisco apenas tributa. Não é por causa da austeridade
que as pessoas ficam sem dinheiro para os medicamentos. Isto só se aplica aos rendimentos da categoria A
(salários e trabalho dependente), H (pensões) e alguns da categoria B (algumas profissões). Se eu tiver uma
profissão fora daquelas categorias (caixa de supermercado sem contrato de trabalho), essa pessoa já não está
isenta do mínimo de existência. Aqui já estamos perante uma determinante qualitativa. As pessoas da
categoria A e H que têm um rendimento abaixo de um determinado limiar estão isentas de IRS. A isenção

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abarca não só uma determinante quantitativa (salário) mas também uma determinante qualitativa, ou seja, se o
trabalho não se inserir na lista anexa da categoria, não fica isenta de IRS embora o salário seja baixo.

4. Dedução de encargos profissionais (28º e ss, CIRS).


- Possibilidade de a pessoa poder deduzir ou abater dos impostos, despesas e encargos relativos à sua
profissão. (artigo 28º e seguintes do código do IRS).
O imposto pessoal é aquele que tem em conta os fatores enumerados anteriormente, por oposição ao
imposto real. Estes factores são características não cumulativas. Contudo, os dois primeiros factores devem
estar sempre verificados nos impostos pessoais. Mas, tendo apenas uma dessas características preenchidas já
se considera imposto pessoal.

Existem outros fatores de pessoalização, como por exemplo, a existência de mecanismos de fracionamento
dos rendimentos (quociente familiar - artigo 69º CIRS), a consideração do tipo de profissão exercida pelo
sujeito passivo, nomeadamente se a mesma é considerada de desgaste rápido (praticantes desportivos,
mineiros e pescadores - artigo 27º CIRS) e ainda a consideração do estatuto de deficiente (artigo 56º - A do
CIRS). Esta característica da pessoalização apenas diz respeito aos sujeitos passivos residentes, porque a
tributação dos não residentes é uma tributação real.

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Matriz de Resolução de Caso prático – 9 passos

1º passo – Fase Inicial


 Incidência subjetiva (art.13º)
 Incidência Territorial (art.15º)
Pagam IRS não só as pessoas singulares que residem em Pt, mas também as não residentes que
obtenham rendimentos em Portugal
Temos então de saber responder a estas questões:
- É residente ou não residente com obtenção cá de rendimentos?
- Em que situações sou residente?
- Em que situações se considera que obtive rendimentos em Portugal?

Ou seja, eu já sei se vou pagar ou não, agora vamos ver quanto.

2º passo - Temos a fase analítica:


 Incidência objetiva: Enquadramento do rendimento por categoria
 Deduções especificas: Determinação do rendimento líquido por categoria, mediante a aplicação e
deduções especificas

3º passo - Depois de termos o rendimento líquido, passamos para a Fase Sintética:


 Englobamento (determinação do rendimento líquido global) – art.22º
 Abatimentos – só há um hoje em dia – 56º-A
 Aplicação das taxas à matéria coletável – 68º = coleta do imposto
 Deduções à coleta – art.78º - obtém-se o imposto devido
 Imposto a pagar/receber (coleta líquida) – apurar se houve retenções na fonte e pagamento por conta –
art.101º - assim obtém-se o valor do IRS

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2. Incidência Subjetiva
Estão sujeitas a IRS (art.13º):
- as pessoas singulares que residem em território português  Residência, Art.16º, CIRS
- as que, nele não residindo, aqui obtenham os rendimentos  Rend obtidos em PT, Art.18º, CIRS

Nos dias de hoje, a incidência pode ser conjunta ou separada, dependendo se existem cônjuges ou
dependentes:
- por regra é separada (nº2)
- mas pode ser exercida a opção de tributação conjunta (nº3) – nesses casos o sujeito passivo da relação
jurídica do Imposto do IRS serão aqueles a quem couber a direção do agregado familiar - Ou seja, em
primeiro lugar, deve proceder-se ao englobamento de todos os rendimentos de cada sujeito e de seguida, deve
proceder-se ao englobamento desses com os rendimentos dos restantes membros do agregado.

O art.13º,nº4 fala sobre os dependentes e diz que estes são os filhos e outras pessoas equiparadas, é de realçar
que ascendentes a cargo não constituem dependentes, mesmo que dependam a nível económico, nao são
membros do agregado familiar para efeitos fiscais.

Na maioria dos casos, os casais entregam uma declaração conjunta (nº3) por regra, existindo pai, mãe e filhos,
devemos calcular a declaração de IRS conjunta, apesar de a regra ser a incidência separada, 59º,nº2.

Consequências da tributação conjunta:


- 1ª consequência: artigo 13º, nº 3 CIRS;
- 2ª consequência: artigo 59º CIRS - declaração única. A tributação separada é feita com base numa
declaração separada enquanto que a tributação conjunta é feita com base numa declaração única. Nestes
casos, a entrega do IRS vai ser feita com base numa única declaração.
- 3ª consequência: artigo 68º CIRS (taxas). ex: um solteiro A que tenha um rendimento de 20.000 euros,
aplica-se a taxa de 28%. B solteiro com rendimentos de 10.000 euros anuais, aplica-se a taxa de 23%. Caso
optem pela tributação conjunta, a taxa aplicada é de 37%. Ou seja, não compensa a tributação conjunta.
- Logo, o artigo 69º prevê um mecanismo que se dá pelo nome de “splitting” ou quociente conjugal.
Tendo em conta o exemplo anterior e caso optem pela tributação conjunta, o IRS é devido por 30.000
euros. As taxas são aplicadas à matéria coletável de 30.000 euros. Havendo casamento e esta opção pela
tributação conjunta, aplicaríamos as taxas que se aplicariam ao rendimento coletável a dividir por 2 e
depois do produto resultante, multiplica-se por 2.
- Importante, este splitting aplica-se conforme às taxas marginais, e não às taxas especiais ou liberatórias.
- O splitting via de regra aplica-se sem ter em atenção os rendimentos que cada um ganha, não importa se
um ganha mais do que outro
CASO PRATICO AULA TEORICA 7 NOV
- Caso optemos pelo englobamento: quais são os pontos críticos?
Quanto aos juros dos depósitos bancários – opto por englobar e íamos por dentro do bolo e aquilo que
foi retido ia ser devolvido na subtração à coleta
Quando aos dividendos, englobamos os 50.000 e aquilo que tinha ficado retido é devolvido
Quanto às rendas, também podemos optar pelo englobamento: englobamos o RL de 90.000, aplico as
taxas gerias de IRS e aquilo que tinha sido retido na fonte pela embaixada é-me devolvida no final do
ano.

artigo 69º, nº 3: as taxas do artigo 68º aplicam-se ao quociente do resultado coletável e a esse resultado
multiplicamos por 2 para obter a coleta.

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3. Incidência Territorial
Estão sujeitas a IRS (art.13º):
- as pessoas singulares que residem em território português  Residência, Art.16º, CIRS
- as que, nele não residindo, aqui obtenham os rendimentos  Rend obtidos em PT, Art.18º, CIRS

3.1. Residentes vs Não Residentes – principais diferenças


 âmbito da obrigação do imposto (artigo 15º CIRS).
- R - estão sujeitos a uma obrigação universal/mundial de imposto (incide sobre a totalidade dos seus
rendimentos, ou seja, os rendimentos dentro de Portugal e fora de Portugal - artigo 15º, nº 1 CIRS);
- NR - estão sujeitos a uma obrigação restrita de imposto (incide apenas sobre os rendimentos obtidos
dentro de Portugal - artigo 15º, nº 2 CIRS).

 Modo de tributação:
- R - o IRS consubstancia-se numa tributação pessoal, isto é, tendo em conta a sua situação económica,
social e familiar. Ou seja, pode haver isenção do mínimo de existência, pode haver taxas progressivas, por
exemplo.
- NR - o IRS consubstancia-se numa tributação real.

 Taxas:
- R - rendimentos dos residentes estão sujeitos às taxas gerais progressivas que resultam do artigo 68º
CIRS. Quanto mais a pessoa ganha, maior vai ser a taxa que lhe é aplicada.
- NR - em geral, não se aplica o artigo 68º. Aplicam-se sim taxas fixas ou proporcionais - 25%, que estão
previstas no artigo 71º, nº 4 CIRS. Podem estar sujeitos a taxas especiais (artigo 72º CIRS), as quais também
liberam do englobamento a final.

 Modo de cálculo do IRS:


- R - é calculado de modo global para todos os rendimentos anuais - englobamento - artigo 22º CIRS.
Ou seja, é feita através de uma única declaração ao fim do ano, onde são colocados todos os rendimentos. O
imposto vai ser calculado pela junção dos seus rendimentos internos e externos.
- NR - normalmente, são tributados individualmente por cada rendimento que auferem, por via da
retenção da fonte a titulo defintivo- substituição tributária - artigo 20º LGT.
Os rendimentos dos NR não estão sujeitos a englobamento, pois o imposto a pagar não resulta da soma
global no final do ano nem estão sujeitos às taxas gerais progressivas do artigo 68º CIRS. O imposto é pago
no “momento”, ou seja, aquando do seu pagamento ou colocação à disposição

3.2. Quem é residente?


Art.16º, CIRS

Critérios fundamentais:

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 critério da localização/presença física (nº1, al.a)- é residente quem permanecer no território


português no mínimo 183 dias (metade do ano) seguidos ou interpolados (meio ano)

 critério da habitação para residência habitual (nº1, al. b) - a pessoa permaneceu cá menos de
meio ano, mas dispõe em território português de uma residência em condições que fazem crer que
se trata de uma residência habitual. Este critério exclui o primeiro
ex: caso de uma pessoa que não seja residente, mas que tenha uma conta de água ou de luz
todos os meses e que não alegue que tem o imóvel arrendado. Nestes casos, o fisco pode
pensar que essa pessoa é o proprietário e, por conseguinte, fica a ser tributado como
residente.
As alíneas seguintes são mais excepcionais:
 alínea c) do artigo 16º CIRS: comissários de bordo - caso seja empregado de uma companhia
portuguesa até dia 31 de dezembro, é considerado residente mesmo que viaje por todo o mundo e
aufira rendimentos noutros países;
 alínea d) do artigo 16º CIRS: representantes políticos (deputados).

DUVIDA – ART.16º,Nº6 – o salvo se aplica-se a situações em que se vá trabalhar para fora?? Não percebi o
abito de aplicação deste artigo.

3.3. Quem é não residente?


- Aqueles que não cabem no art.16º, CIRS, mas que obtêm rendimentos em Portugal  Art.18º, CIRS
a) Rendimentos de trabalho dependente;
b) Remunerações dos membros dos órgãos estatuários das pessoas coletivas e outras entidades;
c) Os rendimentos do trabalho prestado a bordo de navios ou aeronaves
d) Os rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial
e) Os rendimentos de atividades empresariais e profissionais
f) Os rendimentos não previstos nas alíneas anteriores decorrentes de atividades profissionais e de outras
prestações de serviços. Ex:
g) Outros rendimentos de aplicação de capitais. Ex:
h) Os rendimentos respeitantes a imoveis, incluindo as mais-valias resultantes da sua transmissão.
i) As mais-valias resultantes da transmissão onerosa de partes representativas do capital de entidades com
sede ou direção efetiva em território português
j) ..
l) As pensões e os prémios de jogo, lotarias, rifas, totoloto e apostas mútuas
m) Os rendimentos de atos isolados
n) Os incrementos patrimoniais, designadamente os rendimentos provenientes de operações relativas a
instrumentos financeiros derivados
o) Os rendimentos derivados do exercício, em território português, da atividade de profissionais de
espetáculos ou desportistas

4. Incidência Objetiva
Ou seja, já sabemos se está sujeito a IRS ou não, agora vamos ver quanto.

 Em 1º lugar: - temos de integrar o rendimento na respetiva categoria


 Em 2º lugar - temos de encontrar o rendimento bruto (soma de todos os sal ários) e fazer as
respetivas deduções específicas para encontrar o rendimento líquido de cada uma delas. Os

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residentes são tributados através de uma declaração anual que vai somar todos os rendimentos. Ou
seja, são tributados por um processo denominado de englobamento (artigo 22º CIRS). Daqui resulta
o rendimento líquido global - agregado que resulta da soma do rendimento líquido de todas as
categorias.

4.1. Enquadramento Real por Categoria

4.1.1.1. Categoria A – Rendimentos do Trabalho Dependente

- Previstos no artigo 2º CIRS (remissão para artigo 1152º CC) - rendimentos do trabalho dependente.
IMPORTANTE:
- Os rendimentos da Categoria A dos residentes são obrigatoriamente englobados
- Os auferidos por não residentes são tributados à taxa liberatória de ? prevista no nº4 do art.71º

TIPOS DE RENDIMENTOS: Nº1


 A) Rendimentos derivados de trabalho por conta de outrem de contrato de trabalho e
remuneração emergente desse contrato.
Sempre que estivermos perante alguém que recebe uma remuneração em virtude da celebração de um
contrato de trabalho (artigo 1152º CC).

 B) Rendimentos que decorrem do trabalho prestado ao abrigo de um contrato aquisição de


serviços, sob a autoridade e direção de pessoa ou entidade (sujeito ativo da rj)
Requisitos: prestação de uma atividade intelectual ou manual e sob autoridade e direção de outrem. Alguém
que está subordinado às ordens e às instruções de outra pessoa. A pessoa está a prestar uma atividade e não
um resultado de uma atividade.
Estamos a falar dos chamados “falsos recibos verdes”.
ex: se eu tenho uma loja e tenho uma empregada que está sob a direção do dono da loja mas em vez
de celebrar um contrato de trabalho, está a recibos verdes, o CIRS diz que isso é irrelevante, ela tem
de ser tratada como se tivesse um próprio contrato de trabalho – ou seja, não pode haver
discriminação em função de não haver um contrato de trabalho, os rendimentos que ela auferir
cabem nesta categoria.

 Exercício de cargo público/função pública


Sempre que alguém tiver um vínculo com um IP, FP. Aqui, estão englobadas todas as situações em que
alguém subordinado à autoridade de direção de outrem, presta uma atividade pública. Ou seja, não têm
um contrato de trabalho, não existe um padrão que defina o seu horário de trabalho, mas também não
são prestados serviços.
ex: juízes, pr, professores, funcionários públicos; magistrados, deputados, ministros, ...

 Situações de pré-reforma
Estas situações são as mais difíceis de qualificar.
Ex: Quando tenho um trabalhador e digo “cais para casa até teres idade da reforma e eu pago uma parte
do teu salário” – estas situações são difíceis de saber se qualificamos já como uma pensão ou não, mas
ele ainda não tem direito à pensão, e portanto o Código optou por estabelecer que isto ainda é salário
para efeitos do IRS.

NÃO SEI SE ISTO ESTÁ CERTO – RESUMOS MARY

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 Outras (artigo 2º, nº 1 alínea d), caso estejam preenchidos determinados requisitos. Quando estamos
perante situações em que normalmente se celebra um contrato, mas na verdade isso não se sucede.
ex: advogado que tem um vínculo àquela empresa sem contrato de trabalho. Pode acontecer que os
rendimentos vão ter à categoria A, caso haja dupla-subordinação a outra pessoa. Subordinação do
ponto de vista jurídico e económico.
Vamos analisar os critérios para podermos aferir se existe subordinação e consequentemente
categoria A. Não são cumulativos. Estes são afirmados pela jurisprudência e não pela lei:
o existência de um horário fixo de trabalho. Mesmo não havendo contrato de trabalho, caso a
pessoa esteja na empresa durante x tempo, podemos estar perante categoria A - critério jurídico.
o local fixo de trabalho. O explicador que pode dar explicações no parque ou na biblioteca é
diferente daquele que dá explicações na casa do explicando, mesmo que não haja lugar fixo de
trabalho indicia que existe uma subordinação - critério jurídico.
o existência de uma remuneração fixa. Contratar um explicador que ganha 200 euros por mês
é diferente daquele que ganha x euros à ordem, independentemente de eventuais acréscimos -
critério jurídico.
o existência de poder diretivo, ou seja, a suscetibilidade de uma das pessoas da relação jurídica
dar ordens (natureza individual e concreta - dá-se ao trabalhador específico) ou instruções
(natureza geral e abstrata - dá-se à comunidade laboral). Se uma pessoa procede à lavagem de
automóveis de acordo com os seus próprios critérios, não há subordinação. Caso a pessoa esteja
sujeita a determinadas orientações, há subordinação - critério jurídico.
o existência ou não de poder sancionador. Se o clube sanciona um jogador porque este não
gostou de perder, há subordinação. Se não há a possibilidade de aplicar sanções, multas ou
suspensões, à partida não há subordinação jurídica a uma determinada pessoa - critério jurídico.
o subordinação económica a outrem. A pessoa que aufere o rendimento
(escultor/jogador/pintor) normalmente necessita daquele rendimento para acorrer às suas
despesas correntes e ordinárias ex: pagar a prestação da casa, etc. Nem sempre as entidades
patronais têm poder/supremacia sobre a pessoa que aufere o rendimento. - critério económico.

Nº2 - Tudo o que a entidade patronal entregar ao trabalhador, o legislador engloba no conceito de salário.

Nº3 – O legislador vai ainda incluir outras remunerações que serão tributadas nesta categoria:
- al.a) do nº3 do art.2º - remunerações dos membros dos órgãos estatuários – isto é, aquilo
que recebe o administrador de uma empresa (não tem um contrato de trabalho com a empresa
mas também não é um prestador se serviços). Estas são as situações típicas de trabalho
dependente para efeitos do código de IRS que vão para lá aquilo que é a remuneração por um
contrato de trabalho, nos termos do Direito do Trabalho.

- al. b) do nº 3 do art.2º, temos realidades que normalmente nunca seriam salários, mas o legislador
fiscal vai considerar esses rendimentos como salários. Estas Remunerações Acessórias
compreendem todos os direitos, benefícios ou regalias não incluídos na remuneração principal, mas
que sejam auferidos devido à prestação de trabalho ou em conexão com esta e que constituam para
o beneficiário uma vantagem económica.
 A ideia chave para as remunerações acessórias é a diferença entre aquilo que é uma
vantagem económica e aquilo que é um bem usável e consumido no interesse da empresa.

Exemplos de RA:
- Abono de família
- Subsídio de refeição, etc
- Aquela entidade patronal que paga 1000 euros de salário e ainda disponibiliza uma viatura, mas tem
que existir acordo escrito (art.2º, nº3, al.b), subalínea 9)
As situações de carros da empresa são mais difíceis de resolver:

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- Se eu for um estafeta e andar com uma carrinha da empresa, é difícil dizer que tenho um
benefício económico. Mas se a empresa me der um plafond para eu comprar um carro e ele
escolher o carro e não houver um controlo sobre a forma como utiliza o carro, há um a
possibilidade de uma componente remuneratória desta tributação em espécie. Mas há
também uma grande dificuldade em dissociar a utilização profissional da utilização pessoal
e por isso os códigos fiscais têm criado regras para resolver isso, essencialmente através de
duas maneiras de o fazer:
- CIRC – através da criação de taxas de tributação autónoma (se a empresa comprar um
carro, vai ter de pagar x% de imposto sobre os gastos com aquele carro)
- CIRS – art.2º,nº3, al.b), 9) – que exige que haja um acordo escrito entre o trabalhador e
o órgão social.
Nessas situações a sociedade que atribui a viatura fica isenta da tributação autónoma das
depreciações da mesma (88º,nº6, CIRC). Contudo, como a taxa de tributação autónoma é
alta, na maior parte dos casos não é compensador assumir a utilização pessoal de viaturas
por parte dos trabalhadores ou dos membros dos órgãos sociais.
 Esta norma é criticada pelo Prof. João Gama, porque parece que nos dá
um “manual de instruções” para a violar. Quando não exista acordo
escrito, não se vai aplicar esta norma, não é tributado. Ora, para o
professor, no direito não há questões de acordo escrito, tem de ser
provado. Outra maneira de contornas a norma é as empresas, para
provar que não há uso pessoal, muitas vezes fazem logo com que se
defina o uso que se vai dar aquele veículo. E a partir do momento em
que se define que não serve para uso pessoal, é irrelevante que haja ou
não acordo escrito.

Ora, como são então tributados estes bens (como carros de serviços) se a norma chegar a
funcionar mas não houverem acordos escritos?
Art.24º,nº5, CIRS – 0,75% do seu valor de mercado, por cada mês de utilização. Assim,
num caso de 1.000€ quanto é tributado do rendimento adicional do uso pessoal?
Considera-se que ele tem mais 750€ por mês de uso. Num ano de uso pessoal = 1000 x
0,75 x 12. Este rendimento é um exemplo de um rendimento em espécie (uso pessoal do
carro).

- Subsídios de residência ou a utilização de casa de habitação fornecida pela entidade patronal (art.
2º, nº 3 al.b), subalínea 4) – remissão para o 24º,n2 que nos diz como é que vai ser tributada.
 Esta norma levanta algumas questões para o Prof.João Gama.
Ex: Se a Católica desse uma casa para um professor e a família irem viver
claro que isso tinha de entrar aqui neste artigo. Mas se a católica quisesse
que um professor francês viesse para Portugal dar aulas, aí há duvidas se
a casa é considerada uma remuneração.
Há argumentos nos dois sentidos:
- Por um lado, a pessoa só precisava de uma casa cá porque veio para cá
trabalhar
- Por outro lado, pode-se dizer que toda a gente precisa de uma casa em
algum lado, por isso tria sempre de pagar a casa em algum lado.
O professor diz que aqui tem de haver uma distinção com base num
critério temporal, se a pessoa já la vive há muitos anos, se calhar já se
pode dizer que lá está estabelecido, já podia ter comprado ele mesmo a
sua casa lá. Mas se for nos casos em que alguém vem so uma semana ou
um mês não faz sentido esperar que tenha de ter uma casa sua cá.

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Importante: Temos de distinguir as situações em que:


- Ana trabalha na católica, recebe salário de acordo com a Cat. A e a faculdade todos os anos oferece uma
coletânea de Direito Fiscal – isto não é uma remuneração acessória porque isto não traz nenhuma vantagem
economica, apesar de ser auferidos devido à prestação de serviços.
- Mas se a Católica além do salário oferecer um vale em que Ana poderá gastar 100 euros por mês nos livros
que quiser, isto já é uma vantagem económica, porque fico 100 euros mais rica do que quem não os tem.

Art.2º, nº4,nº5,nº6 e nº7 – indemnizações recebidas quando há cessação de contrato de trabalho:


Exemplo:
- A começou a ser administrador no dia 1 de jukho de 1989, tendo trabalhado nesse cargo durante 17
anos e meio, com uma remuneração de 175.000 euros.
No dia 1 de janeiro de 2007, passou a administrador, no qual ficou nesse cargo durante 7 anos e meio,
tendo uma remuneração de 75.000 euros (paga IRS na totalidade).
No dia 30 de junho de 2014, saiu da empresa, tendo recebido uma indemnização de 250.000 euros.
- Ora, de e de julho de 2013 até 30 de junho de 2014 – ordenado do último ano – 84.000/12 meses =
7.000 euros
Um mês por cada ano de trabalho: 7.000 x 17,5 = 122.500 euros – até este montante não paga IRS.
Ora, nesses 17 anos e meio recebeu 175.000 euros. Subtraindo os 122.500 = 52.500 euros (excesso) +
75.000 euros = 127.500 estão sujeitos a IRS.

 Deduções Específicas (Art.25º)


O IRS não tributa rendimentos brutos, mas sim líquidos, porque assim o impõe o pp da
capacidade contributiva. Assim, os rendimentos brutos averiguados em cada categoria irão subtrair-
se (deduzir) certos valores de modo a obter o rendimento líquido.

 Por cada titular vai-se deduzir 4104 euros ou a totalidade das contribuições obrigatórias da segurança
social - aplicamos aquele que for mais alto (nº2)
Ou seja:
Hip. A – tem um rendimento bruto de 10.000 euros – faz-se as deduções especificas: 10.000-4104 = RL
=5896
Hip B – RB = 100.000 euros – não faz sentido só deduzir 4104!!! Então, quando a TSU > 4104, o que se
deduz não são os 4104 mas sim as contribuições para a Segurança social

IMPORTANTE: 4104 / O,11 = 37909,09 euros – para rendimentos superiores a isto, deduz-se
sempre as contribuições para a SS

 Na categoria A, em princípio, não se deduzem despesas porque na A quem tem despesas com água, luz é
a entidade patronal. Logo, o legislador não considera despesas, mas sim valores abstratos.
 Aos rendimentos brutos da categoria A, a dedução é um para cada um, caso o casal ainda não esteja
encaixado na tributação conjunta, ambos auferem salário. Logo, a dedução incide sobre cada um dos
salários individualmente.
 Há profissões, como por exemplo, praticantes desportivos, mineiros e pescadores, que como são
consideradas de desgaste rápido, os seus rendimentos correspondentes estão sujeitos a um regime
especial.

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Importante: os rendimentos da cat.A dos não residentes são tributados à taxa liberatória de 25%
prevista na alínea a) do nº4 do art.71º, CIRS.

4.1.1.2. Categoria B – Rendimentos empresariais e profissionais

O que temos de ter em atenção nesta categoria é que não são só atos isolados. Uma coisa que não causa
hesitação são os casos em que o ato é meramente isolado.

Os rendimentos abrangidos são os seguintes (art.3º):


Nº1
 a) Rendimentos derivados do exercício por conta própria, de uma atividade comercial,
industrial, agrícola, silvícola ou pecuária:
- trata-se de uma prática reiterada, continuada de uma atividade comercial, industrial, exploração da terra,
exploração silvícola, exploração de gado. É o exercício que resulta de uma atividade, ou seja, em
princípio, os atos isolados não são aqui considerados. Carácter reiterado e por conta própria!
(empresários em nome individual) - se fosse a título coletivo já era IRC.
Em princípio, estes rendimentos não estão sujeitos a retenção na fonte.
O art.4º distingue os rendimentos agrícolas, industriais e comerciais.
Para distinguir estes rendimentos, ver o exemplo:
-Rendimento Comercial – se compro abobora aos agricultores e vendo na minha loja
- Rendimento Agrícola – Se cultivo a minha própria abóbora, eu estou a vender a minha própria
produção
- Rendimento Industrial – pego na abobora e transforma em compota e vou vender, aí já tenho um
rendimento industrial.
1. Porque é que esta distinção é relevante ? Porque é que distinguimos rendimentos agrícolas dos
comerciais e dos industriais? O que é que vai ser diferente um rendimento agrícola face aos
prestadores de serviços como que temos lidado?
Por exemplo, aplica-se o art.3º,nº3 que fala no IAS. Então, a l) distingue estes tipos de rendimentos
para fixar, ao fim ao cabe, um mínimo de existência próprio. Este artigo só se aplica aos
rendimentos agrícolas de pequeno valor, é um minino de existência que funciona
independentemente do art.70º. Porque esse mínimo só opera quando os rendimentos são
predominantemente das categorias A e H.

 b) Rendimentos do exercício por conta própria de uma atividade de prestação de serviços


Prestações de serviços independentes (artigo 1154 CC - noção de contrato de prestação de serviços).
Prende-se com atividades sem subordinação a outrem, ou seja, quando alguém presta o resultado de uma
determinada atividade. Aqui, contrariamente à categoria A em que o importante é a atividade, aqui o
importante é o resultado.

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ex: contratar o pintor para fazer um quadro de uma pessoa famosa (interessa o resultado, não
interessa as horas que trabalhou, o que interessa é que pinte o quadro), contratar o explicador para
atingir o 20 no ano letivo!
ex: arquitetos, engenheiros, pintores, atores, desportistas, enfermeiros, economistas, esteticistas,
jornalistas, advogados, professores, médicos, tradutores, toureiros, etc.

 c) Rendimentos derivados de direitos imateriais (direitos que não tem existência física)
ex: patentes, direitos de autor, licenças, etc). Prende-se com realidades que não tem existência física
palpável - distinção entre bens corpóreos/incorpóreos e materiais/imateriais. Um bem corpóreo é aquele
que é apreensível pelos sentidos humanos e o incorpóreo é aquele que não é apreensível pelos sentidos
humanos. ex: contrato que tenha por objeto energia elétrica (sente-se e então é corpórea). ex: honra e
dignidade, é algo incorpóreo. Logo, não é apreensível pelos sentidos. Bens materiais são suscetíveis de
delimitação e circunscrição física. ex: caneta, garrafa, etc. Os bens imateriais não são suscetíveis de
delimitação física. ex: ar, energia elétrica (bem corpóreo, mas imaterial); honra (bem incorpóreo e
imaterial).
Vamos abranger 3 realidades:
- Rendimentos derivados da propriedade intelectual: criações do espírito humano com natureza
literária. Estão aqui inseridos os direitos de autor.
ex: livros, peças, obras musicais, etc (artigo 3º, nº 5 CIRS). ex: o autor do livro vai receber
pela sua criação intelectual direitos de autor. É um bom investimento fiscal fazer obras
(escrever livros), pois apenas 50% dos rendimentos estão sujeitos a IRS. Há benefícios
fiscais.
- Rendimentos derivados da propriedade industrial: registo de patentes de determinadas
descobertas, associada a invenções ou aplicações; registos de marcas; condecorações de marido;
nome de uma determinada região, etc.
ex: um aluno de engenharia que registe uma patente.
- Rendimentos derivados do “know how”: conhecimento ou experiência adquirida no setor
industrial, comercial ou científico (técnicas específicas).
ex: caso em que apenas um pintor conhece a técnica de restauro das obras antigas. Quando
este passa a informação a outrem, recebe dinheiro. Esses rendimentos são rendimentos de
know how.
ex: o cozinheiro que confecciona determinados pratos com determinadas técnicas
especificas, e mais tarde cede estas técnicas a outrem, recebendo dinheiro por isso.

2. Deduções Especificas (art.28º)


Há dois regimes:
- Regime simplificado – regime regra (31º) Semestre - Mobilidade Nacional /Dto Fiscal /Direito-Fiscal-IRS.docx );
- abrange os “pequenos contribuintes”, aplica-se o disposto no art.31º que estabelece vários
coeficientes, consoantes as atividades prosseguidas nas suas alíneas;
Este regime à partida não tem em atenção as despesas, portanto naquelas situações em que existem
100.000 proveitos e 120.000 de gastos, não compensa.
Aplica-se aos que não ultrapassaram os 200.000 euros no ano anterior – estes têm a opção de serem
tributados segundo a contabilidade organizada. Isto significa que o contribuinte enquadrado nesta
categoria nunca esta obrigado a ser tributado segundo o regime simplificado; os
rendimentos podem ser sempre apurados com base na CO.
Portanto, não se aplica:
- Aos que estão obrigados a dispor de contabilidade organizada por força de outros atos
normativos
- A sócios ou membros de entidades abrangidas pelo regime de transparência fiscal
- Aos sujeitos passivos que optarem pelo regime de contabilidade
- Há uma presunção dos gastos feitos

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Quando estamos perante prestações de serviços, via de regra, aplica-se o coeficiente de 0,75% para as da lista
e 0,35% para as residuais, sendo que depois há casos especiais.

alínea a) - 1º coeficiente (0,15) - aplica-se às atividades comerciais, industriais, agrícolas, etc. ou seja, onde
existe vendas. Se o comerciante declarar 100.000, o coeficiente é 0,15.

(alínea b) - O 2º coeficiente (0,75) - aplica-se às prestações de serviços , por exemplo, advogados.


Esta alínea aplicamos às previstas especificamente no 151º. Isto traz problemas, porque às prestações de
serviços da verba residual nº 15, este não aplicamos o 0,75 mas sim o da aliena c), que são os não previstas
nas alienas anteriores

Alínea d) – acontece nas situações de na categoria F (art.8º), caso se optar pela tributação através da categoria
B, alem das deduções especificas que já fizemos segundo o 41º, ainda vamos para a categoria B para o regime
simplificado aplicar esta alínea.

Se ambos tiverem 100.000 de rendimentos, ambos estão sujeitos ao regime simplificado. Ao 1º caso,
a base de IRS vai ser 15.000 e ao 2º caso, o rendimento tributável vai ser 75.000. O advogado vai ter
um rendimento mais elevado. Logo, quem vai ser mais prejudicado é o advogado.
O legislador quer dizer que enquanto um comerciante, nós podemos “confiar” que aqueles 100.000 que
declarou decorrem das suas vendas. num advogado, não posso confiar que ele ganhou apenas 100.000. O
primeiro tem uma dedução alta e um coeficiente baixo (0,15), enquanto que o segundo tem uma dedução baixa
e um coeficiente alto (0,75). O segundo fica mais prejudicado.

Razão pela qual temos diferentes coeficientes: os custos das diferentes atividades são diferentes, portanto faz
sentido que as diferenciem.

Alterações ao regime simplificado feitas no ano passado:


- até ao ano passado, pegávamos no RB e deduzíamos todas as despesas
- agora passou a exigir que os prestadores demonstrassem os custos com as faturas; embora
não tenhamos que deduzir fatura a fatura como no regime da cont organizada, temos de
demonstrar 15% dos custos
Ou seja, da presunção dos 25% do rendimento correspondem a custos, agora desses 25%
temos de provar 15%
- se não conseguirmos provar os 15%, e por exemplo só conseguimos provar 12%, a dedução
especifica passa a ser 22%.

- Regime da contabilidade organizada (mais vantajoso quando as despesas efetuadas sejam


superiores à dedução que se opera nos termos do regime simplificado – nº3).
- Os “grandes contribuintes” terão de ficar no regime da contabilidade organizada que quer dizer
que terão de guardar faturas das suas despesas e outras relacionadas com gastos para deduzir essas
despesas concretas ao seu rendimento bruto, isto é o que se faz neste regime na maior parte dos
casos ao aplicar-se o art.32º que remete para os art.17º e ss do CIRC.
- aplica-se também aqueles que, mesmo não ultrapassando os 200.000 euros, optem por este modo
de tributação.
- Podemos deduzir desde que comprovemos os gastos, isto faz com que no primeiro nunca seja
possível deduzir ate chegar rendimento líquido = 0 mas no da contabilidade organizada sim.

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Este regime remete para o CIRC. Nos termos deste código, vamos aplicar os artigos 17º e ss pois estes é que
estabelecem a integração do lucro tributável. As regras aplicáveis são a diferença entre o lado positivo
(rendimentos ou proveitos - artigo 20º CIRC) e o lado negativo (gastos ou custos - artigo 23º CIRC)

Na categoria B temos normas de incidência tanto para a atividade continuada como para os atos isolados.
- Quando estamos perante uma atividade continuada, vou normalmente aos coeficientes do simplificado
(caso não ultrapasse os 200.000€)
Se o contribuinte tem mais do que 200.000€ na atividade continuada na categoria A, neste caso não pode
enquadrar no regime simplificado, vai para o regime da contabilidade organizada. Quando tivermos num caso
pratico de 300.000€ dizemos que à partida tem de estar no regime de contabilidade organizada e por isso,
todas as despesas, à partida, são dedutíveis por via do CIRC.

- Nos casos de atos isolados:


Imaginemos que num caso pratico temos um individuo que tem uma única prestação de serviços (50.000€).
De acordo com o art.30º, CIRS:
- se o ato isolado ficar abaixo dos 200.000€, aplico os coeficientes do regime simplificado.
- se ficar acima, aplico as regras aplicáveis aos sujeitos passivos com o regime de contabilidade
organizada, com as devidas adaptações. Claro que tem de ter adaptações porque não tenho regime
de contabilidade organizada. O que a lei diz é “se o ato isolado gerar rendimentos acima dos
200.000€, à partida, vai poder deduzir todos os custos que conseguir provar”. Portanto há uma regra
de colagem ou ao regime simplificado ou a contabilidade organizada.

Art.28º,nº8 – importante
Existe a possibilidade de ser tributado de acordo com as regras da categoria A, no caso de só se prestar
serviços a uma única entidade, mantendo-se essa opção por um período de 3 anos.
O objetivo é possibilitar aos “falsos trabalhadores independentes” (trabalho a recibos verdes) o
benefício da dedução especifica para os rendimentos da cat.A.
Isto não vale para os comerciantes. Contudo, esta opção tem como consequências:
- o cálculo do rendimento líquido de prestações de serviços e a consideração das respetivas
deduções específicas deixa de ser feita com base no regime simplificado ou de contabilidade
organizada, passado a ser feita nos termos descritos para a categoria A: em regra, deduz-se 4104
euros;
- o regime das retenções na fonte deixa de ser o estabelecido no artigo 101º CIRS, passando a ser
o do 99º CIRS.

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4.1.1.3. Categoria E – Rendimentos de Capitais

Rendimentos de
Capitais

Rendimentos de fruição Rendimentos de Alienação

Rendimentos Rendimentos de
de capitais Mobiliarios
capitais imobiliarios
mobiliarios imobiliarios
CAT E CAT G
CAT F
Abrange (Artº 5º):
- Esta categoria diz respeito aos rendimentos de capitais - frutos. A noção de fruto consta do artigo
212º CC - tudo aquilo que uma coisa produz periodicamente e sem alteração da sua substância. A coisa de
onde retiramos o fruto continua a ser exatamente a mesma antes de produzir o fruto.
Ex: conta bancaria de 100 euros, em que tiramos 5 de juros, mas os 100 euros continuam lá. Se
tirarmos 15 euros, já estamos a alterar a substância.
ex: as ações de uma empresa podem para o respetivo titular gerar todos os anos dividendos, mas a
ação mantém-se, não sendo alterada.

O fruto é sempre algo acessório relativamente à coisa principal. Só vamos abordar os frutos de coisas
móveis. Os frutos das coisas imóveis são tributados na categoria F - rendas.

Olhando para o artigo 5º, nº 2 CIRS, vamos encontrar 2 grandes tipos de frutos capitais:
- Juros podem ser:
- a) Juros emergentes de contratos: Qualquer contrato que gere juros, esse juro está sujeito a tributação
em sede de IRS.
- b) Juros de depósito (bancários): estão também sujeitos a tributação em sede de IRS. Os bancos é que
pagam os juros bancários, fazendo retenção na fonte de 28% a título definitivo, na altura do pagamento
ou no momento da colocação à disposição.

- Lucros (não da atividade própria, mas sim de uma sociedade que os distribui aos seus sócios): podem ter
uma dupla denominação/natureza jurídica dependendo do tipo de sociedade que distribui os lucros (artigo 5º,
nº 2 alínea h) CIRS). O sócio, em geral, de uma sociedade recebe o respetivo lucro e vai ser tributado com
base na categoria E.
1) sociedades anó
ex: EDP. Quando os lucros têm na sua base ações, falamos em dividendos.
1) sociedades po
vezes, têm até estrutura familiar. Aqui, falamos em lucros.

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Uma vez que não há deduções especificas quanto aos juros, como é que os tributamos?
- Ou por retenção na fonte, aplicando o 71º que nos dá uma taxa liberatória (28%) – o banco aplica
sempre esta taxa porque não tem de saber se o contribuinte quer ou não optar pelo englobamento.
- Ou o contribuinte pode optar por declarar e optando por englobar, o que é que acontece? Há
reembolso? Como? Quando chegamos às partes da dedução à coleta fazemos isso.

O art.71º faz referência às taxas liberatórias que se aplicam a rendimentos da Cat. E, obtidos por residentes.
TL
- Relativamente aos residentes, estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo os da Cat.E.

Atenção ao art.22º, nº5 – nestes casos, querendo englobar os dividendos, é obrigatório englobar também, os
juros de certificados de tesouro ou de depósitos a prazo, eventuais mais valias realizadas com partes sociais e
alguns rendimentos obtidos no estrangeiro. Vale a pena englobar se a taxa for até 28%.

 A decisão de englobar rendimentos facultativamente englobáveis da categoria E é favorecida se os lucros


recebidos tiverem grande representatividade no conjunto dos rendimentos da Cat. E.

 Deduções Especificas
Não há deduções específicas porque entende-se que estamos perante rendimentos não produtivos. Logo,
o rendimento bruto = rendimento líquido.
- há uma exceção - lucros.
Se estivermos perante lucros distribuídos pela sociedade ao seu sócio – EDP vai optar pela
distribuição de dividendos, se eu tenho um pacto de ações na EDP re recebo o valor de 10.000€.
Como é que isto é tributado? Por regra aplica-se a mesma taxa liberatória que se aplica aos juros, do
71º, a).
O contribuinte tem a opção de englobar ou não nestes caos – 71º, nº6.
 Nos casos em que opte por englobar, há uma especialidade em comparação com os juros:
se eu tenho 10.000€ de dividendos e opto por englobar, faço: pego nos 10.000€, coloco no
bolo do englobamento? Estes 10.000€ são lucro da EDP e, portanto, antes da distribuição,
já foram tributados em sere de IRC. Ora, se já tributei IRC, tenho agora vou tributar IRS?
Vou ao art.40º-A
- Ora, tenho duas opções:
- ou aplico a taxa de 28%
- ou, se compensar, pego nos 10.000€/2 = 5.000 e são os 5.000 sujeitos a IRS e vão ser
englobados por força do art.40º-A para evitar a dupla tributação. Depois aplico as taxas
gerais do IRS e no final, nas retenções na fonte quando tiver a coleta, vou subtrair ao
imposto devido aquilo que a EDP reteve na fonte os 28% (que, em princípio, era a título
definitivo, mas deixou de ser) – os 2800€ que ficaram na taxa liberatória.
Isto é um incentivo à aplicação de capitais. O lucro já foi sujeito a IRC, mas agora ao ser distribuído
ao sócio, está sujeito a IRS - mas só metade. A transparência fiscal elimina a dupla tributação. Aqui,
isto apenas atenua a dupla tributação (artigo 40º - A CIRS). O nº 2 diz-nos os requisitos:
- A sociedade que distribui os lucros tem de ter a sua sede e a sua direção efetiva em
território nacional.
- Os sócios também têm de ser residentes em território português.

Todos os outros rendimentos da categoria E são tributados na sua totalidade.

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4.1.1.4. Categoria F – Rendimentos prediais (Rendas)

Art. 8º CIRS.
- Estamos a falar dos frutos provenientes de bens imóveis (rendas) de forma periódica sem que seja
alterada a sua substância.
- O CIRS fala-nos de prédios urbanos, rústicos ou mistos. Contudo, é irrelevante essa classificação
porque todos se inserem nesta categoria - qualquer um deles gera rendimentos prediais (rendas),
logo é indiferente se estamos a arrendar um apartamento para um estudante ou um campo para um
agricultor.

O sujeito passivo pode optar por o seu rendimento será tributado nesta categoria ou com base na categoria B.
Mas vamos assumir que não é o caso.
- Compensa quando há muitos custos imobiliários que não são podemos deduzir pela Cat.F (ex: comprar
mobiliários) mas sim pela cat. B pelo regime da contabilidade organizada.
ex: caso típico do senhorio e do inquilino.
O sujeito passivo é quem aufere o rendimento da categoria F (senhorio), ou seja, o titular o prédio.
Quem faz retenção na fonte é o inquilino. Em princípio para haver rendas, deve haver um contrato
de arrendamento (1022º CC).

O conceito fiscal de renda coincide com o conceito civilístico de renda.


- No nº 2 do artigo 8º CIRS, o legislador alarga o conceito de renda, incluindo certas realidades que não
seriam rendas do ponto de vista civilístico:
ex: propriedade horizontal (condomínio): as partes comuns (terraço do imóvel e sala de reuniões do
condomínio). Na alínea e) - cedência do uso de áreas comuns (piscina do condomínio). ex: utilizar a
fachada lateral do prédio para efeitos de publicidade - alínea d) do nº 2 do artigo 8º.

 O conceito de rendas (8º, nº 1 e nº 2 CIRS) para efeitos fiscais é mais amplo do que aquele que
decorre do CC. O rendimento bruto vai ser o valor anual de rendas. Ao contrário da categoria A, aqui
devemos considerar em cada caso prático, por exemplo, do mês de setembro ao mês de julho, desde que
seja razoável. Integrado o rendimento bruto na categoria F, passamos para o cálculo do rendimento
líquido.

 Deduções Especificas (Art.41º CIRS)


Podemos encontrar três espécies de despesas que podem ser deduzidas em sede de categoria F. Quem recebe
as rendas é o senhorio, logo as despesas estão ao cargo dele. Tal como no CIRC, tem de haver um nexo de
causalidade entre aquela despesa e a obtenção do rendimento. Este pode deduzir 3 realidades:
- encargos com o imóvel (de conservação e de manutenção) - pintar o prédio, obras no prédio,
mudança de lâmpadas;
- despesas com o condomínio;
- imposto que incide sobre a titularidade do imóvel (IMI) – quando este tiver arrendado.
- seguros dos imoveis arrendados
Não se podem deduzir nesta categoria: Os juros bancários (encargos financeiros), as depreciações, o adicional
ao IMI e os objetos/material de decoração e eletrodomésticos

Nota: - no caso de fração autónoma de prédio em regime de propriedade horizontal, também são
dedutíveis os encargos de conservação, fruição e outros que o condómino esteja obrigado a suportar (nº2)
- no caso da sublocação não há qualquer dedução (nº3).

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Esta categoria tem uma particularidade - o rendimento pode ser negativo.


ex: o senhorio devido a algumas solicitações de alguns estudantes teve de instalar Wi-fi. Isso pode ser
dedutível. Não precisam de ser despesas com bens móveis ou corpóreos. Como o artigo 41º não estabelece
limites, o seu rendimento fica negativo caso este gaste mais dinheiro em obras do que com o rendas. Quanto
mais obras fizerem, estas acabam por ser pagas por IRS pois estas são todas deduzidas no montante do
imposto. Tal como na categoria B, onde se optava pela contabilidade organizada, aqui pode haver prejuízo.

Quanto ao englobamento, há três exceções nesta categoria .

1. - Não englobando os rendimentos, aplico-lhes uma taxa de 28% (não liberatória) e aplico os 28% ao
rendimento líquido.
Se tive 10.000€ de rendimento e 2000€ de despesas, aplico os 28% aos 8.000€. E agora, sou proprietário,
tenho 10.000€ de rendimento. Dá 2800€.
O cálculo não termina aqui. Atenção que não estamos perante uma taxa liberatória – na taxa liberatória, a
entidade aplica a taxa e acabou (nos casos em que não se engloba).

Ex: Imaginemos que tenho o meu imóvel arrendado a uma empresa. A empresa, quando paga as rendas, faz
retenção na fonte por conta do final devido e não retenção na fonte liberatória – estamos no art.101º e) – taxa
de 25%. Por isso, se o locatário for uma entidade com contabilidade organizada, quando me paga as rendas,
retém os 25% por conta do imposto devido no final; ao longo do ano, já foi retido 2500€, logo só pago 300€.
As retenções na fonte são sempre sobre rendimento brutos!! Porque o inquilino quando me paga as rendas
não sabe que despesas tenho ou vou ter relacionadas com o imóvel.

As normas que usamos nesta primeira opção, são: art.8º - norma de incidência, art.72º - aplico a taxa de 28%
ao RL da Cat. F. Art.101 – sempre que uma entidade paga rendimento da Cat. F paga e tem ou devia ter
contabilidade organizada, há retenção na fonte de 25%.

2. – Englobando – chego ao fim do ano e opto por englobar, o que vai acontecer?

Imaginemos que tenho 10.000€ de rendimento da cat.F, tenho 2.000€ de despesas de manutenção. Englobo
os 8.000€ (Ren da Cat. F vai para dentro do “bolo”). E agora, que taxas aplico?
Aplica-se as taxas gerais do art.68º. Mas também há retenção na fonte do art.101º ou não? A entidade
locatária não sabe se vou englobar ou não, por isso, se o locatário tiver contabilidade organizada, há sempre
de aplicar a retenção na fonte, e por isso não esquecer que os 2.500€ também têm de ser subtraídos ao
imposto devido. Porque houver retenção a fonte. Se o locatário não tem contabilidade, não há retenção na
fonte; então, como não tenho nada que “subtrair”, “pago mais” IRS ao final do ano pois não paguei ao longo
do ano.

3. – Aplicando o tratamento via Cat.B


A grande consequência aqui é que vou pagar parar ao regime simplificado. Logo, ao nível de deduções
especificas é que está a grande diferença. Aquilo que era um rendimento predial vai transformar-se numa
prestação de serviços. Esta opção é mais vantajosa para o titular dos rendimentos.

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Assim, vou ter englobamento obrigatório (vai para dentro do bolo), que é o que acontece normalmente na
Cat. B.
Mas e os rendimentos prediais que estejam integrados numa atividade empresarial?
Nesses casos, vale a regra do art.3º: quando um rendimento capital, predial ou mais valia é arrecadado no
âmbito de uma atividade empresarial transforma-se em rendimentos da Cat.B. Aqui não se trata de uma
opção.

4.1.1.5. Categoria G – Incrementos Patrimoniais

É a categoria mais heterogénea que tem rendimentos mais diversificados, mas estes têm uma nota em
comum: são rendimentos ocasionais, fortuitos, esporádicos, ou seja, tendencialmente não repetidos. Pode
acontecer que o mesmo rendimento esteja noutra categoria. O que temos de ter sempre em conta é se se
tratam de rendimentos esporádicos.

O artigo 9º CIRS identifica várias espécies/tipos de rendimentos, numa indubitável tipicidade fechada.
- mais valias (9º, alínea a): comprar uma casa por 10 e vendê-la por 100;
- indemnizações (9º, alínea b): cair uma árvore em cima do carro;
- rendimentos derivados de assunção de obrigações de não concorrência (9º, alínea c): trespassar a
nossa farmácia a outra pessoa e fazemos um acordo em que prometemos que não abrimos uma na
mesma rua a troco de 500 euros;
- acréscimos patrimoniais injustificados (9º, alínea d): ostentação de riqueza.

1. Quanto às indemnizações:
Indemnizações: quantia pecuniária que visa ressarcir/compensar determinada pessoa por um dano/lesão
que essa pessoa sofreu.
 Para haver uma indemnização, tem de haver um facto danoso e um prejuízo/dano. Tem de haver um
nexo de causalidade entre o facto danoso e um resultado (prejuízo/dano).
ex: peão atropelado na passadeira; publicação no fb que atente contra honra e imagem de outra pessoa.
Não confundir responsabilidade civil que pode dar origem a uma indemnização com responsabilidade
criminal que pode dar origem a uma pena de prisão ou multa. Contudo, se uma determinada pessoa
insultar alguém no facebook, pode ser condenada a pagar 2000 euros de multa e ainda ter de pagar uma
indemnização de 2000 euros à pessoa que sofreu um dano.
ex: empresas que querem despedir os trabalhadores e antecipam as reformas. Com isso, ganham uma
indemnização de 1000 euros.
ex: alguém a entrar no autocarro se desequilibrou porque a escada tinha um defeito, tendo as despesas
hospitalares sido de 500 euros. A seguradora fixou a indemnização de 500 euros.

Para que haja uma indemnização é preciso que haja um dano e estes podem ser qualificados de acordo
com vários critérios:
- danos patrimoniais: aqueles que têm na sua base a lesão de bens jurídicos de natureza material/financeira
e corpórea e patrimonial. ex: montra que ficou partida ou algo relativo a uma casa, carros, roupa, etc.
Podemos ter:
- Danos emergentes: danos que não existiam, mas passaram a existir em virtude da lesão. ex:
despesas com medicamentos ou com a fisioterapia. O legislador faz uma distinção fundamental
entre danos emergentes comprovados (há prova, ou seja, houve intervenção de um juiz que de
facto confirmou que aquela pessoa teve de fazer obras, apresentando as respetivas faturas. ex: se a
pessoa ganhou 5000 euros e teve despesas de 5000 euros - as indemnizações devidas por factos
comprovados não estão sujeitas a IRS) e não comprovados (negócios com carros usados - alguém
recebe uma indemnização de 50.000 euros, mas não apresenta qualquer tipo de comprovativo. O
legislador vai sujeitar aquelas quantias a imposto. Há tributação em sede de IRS).

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- Lucros cessantes: danos que decorrem de rendimentos que eu auferia, mas que deixei de auferir.
ex: a loja ficar fechada durante x dias, devido a ter sido atropelado. O que acontecia se não tivesse
havido o acidente? - a loja permanecia aberta. A quantia que vem substituir os 5000 euros se o
escritório tivesse aberto, vai ser tributada em sede de IRS. Nestes casos, há sempre tributação.
- danos não patrimoniais/morais: incidem sobre bens jurídicos que não têm natureza patrimonial. Não é
um bem jurídico materializado em dinheiro. ex: prestígio, dignidade, memória de uma pessoa, honra, bom
nome, etc. Se forem comprovados, não há tributação em sede de IRS, caso contrário haverá. O legislador
exige que haja intervenção do juiz, para que os factos sejam comprovados. Haverá tributação quando não
houver homologação judicial.

Em conclusão, estão sujeitos a IRS:


- Danos patrimoniais sem intervenção do juiz,
- Danos emergentes não comprovados
- Lucros cessantes.

Ex: O aluno que ia a entrar na UM a pé e distraído levou com a cancela, chega a acordo com a UM para que
lhe seja paga uma indemnização de 400 euros. Recebeu a indemnização a título de danos patrimoniais de
danos emergentes (curativos).
- Se estes resultaram de acordo e este foi homologado judicialmente, não há tributação porque são
comprovados.
- Se resultarem de um acordo de “boca”, sem o respetivo comprovativo, estão sujeitos a tributação.
Se o aluno recebeu para além dos custos do internamento hospitalar uma indemnização devido aos danos não
patrimoniais decorrentes da não prestação adequada para efeitos fiscais:
se houver homologação não há tributação.
Caso contrário, há tributação.
Se este deixar de acabar o curso e perder uma oportunidade de emprego que lhe iria render 5000 curso por
mês, serão danos emergentes e não patrimoniais. Depois, teremos de verificar se houve homologação ou não.

2. Quanto aos rendimentos derivados de assunção de obrigações de não concorrência (pactos de n


concorrência):
Uma obrigação de não concorrência é uma obrigação negativa (obrigação non facere), em que alguém se
compromete a não fazer concorrência com outrem.
ex: o proprietário de uma farmácia que aliena esse estabelecimento e se compromete por um período de
tempo a não abrir uma outra para não fazer concorrência, por um determinado valor €. Exige-se a essa
pessoa um comportamento omissivo.
- Esta quantia levanta algumas questões porque: não estou a trabalhar para essa entidade, logo não se
considera um rendimento de trabalho dependente, mas também não se trata de um rendimento de
trabalho independente nem de uma pensão.
Como diz o artigo 42º, não há deduções e o artigo 101º, nº 1 a) CIRS diz-nos que há retenção na fonte
caso o devedor tenha ou deva ter contabilidade organizada. Aqui, não há dano nenhum, apenas uma
obrigação negativa.
- O facto de não haver deduções especificas levanta algumas questões teóricas porque caso trabalhasse
noutra empresa para a concorrência era tributada pelas regras da Cat. A ou B, mas neste caso sou pago
àquele ano pelas regras da Cat. G, sem dedução da Cat.A-
 O Prof João Gama acha que seria mais justo, do ponto de vista fiscal, dizer-se que os
pactos de não concorrência seriam tributados como seriam se eu trabalhasse para a
concorrência, normalmente na Cat.A ou por opção na B, mas nunca na G.

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3. Quanto aos acréscimos patrimoniais injustificados (art.87º, 88º e 89º-A da LGT)


Manifestações de fortuna ou sinais exteriores de riqueza.
ex: uma pessoa que declara para efeitos de IRS o rendimento mínimo, mas que depois tem carros de
luxo, fazendo uma vida de ostentação.
Estamos a falar de pessoas singulares que apresentam uma discrepância grande e injustificada entre aquilo que
declaram e aquilo que ostentam. O artigo 9º, alínea d) CIRS remete para o artigo 89º-A da LGT. Este artigo,
no nº 4 contém uma tabela que diz respeito a manifestações de fortuna e também a uma presunção. Quem
tiver uma casa de 260.000 euros, deve declarar para IRS, 20%. O legislador até é pouco exíguo, levantou-se a
questão em alguns circuitos certas manifestações de fortuna como tatuagens/piercings feitas de ouro. Só se
aplica essa tabela do nº 4 nos casos do nº 1 do artigo 89º A LGT. Estamos a falar de pessoas que não
declararam ou que caso tenham declarado, declararam muito menos do que aquilo que deveriam ter
declarado. Se o legislador quisesse atingir o enriquecimento ilícito, era só colocar mais presunções. A tal
pessoa que manifeste a fortuna, a Administração Tributária vai presumir os valores que estão na tabela e
prevê 113.857 euros, sem deduções (42º CIRS).

4. Quanto às mais valias (de bens imoveis):


Acréscimo tendencialmente inesperado ou ocasional do valor de um bem.
ex: eu posso comprar aquele terreno, à espera que ele seja valorizado. Temos um bem que valia 1000 e sem o
respetivo esforço de uma pessoa passa a valer 10.000 euros. Só há tributação quando houver realização do
bem. Essa valorização pode ocorrer com o decurso do tempo. As mais valias podem ser qualificadas
consoante diversas categorias:
- Mais valias meramente verificadas: resultam do simples aumento do valor do bem. É a verificação do
aumento do valor do bem. Um sistema que tribute as mais valias verificadas, tributará no momento que
o bem aumenta de valor, ou seja, no momento da constatação.
- Mais valias realizadas: pressupõe um ato de realização. A realização é sinónimo de alienação. Ou seja, o
bem até pode aumentar o valor em maio, mas enquanto eu não o vender, não há tributação. A mais valia
só é tributado no momento da transmissão daquele bem.
ex: as ações valiam 100, hoje passaram a valer 500. Se o sistema tributar as mais valias realizadas, apesar
do bem ter aumentado, só vai haver tributação quando vender o bem e quando obter o ganho. Se não
vender as ações, não há tributação.
- Mais valias nominais/faciais: aquelas que resultam da diferença aritmética de valores (entre o valor
passado e o valor atual). Se comprar o terreno em 2000, por 10.000 euros, hoje em 2018 estou a vendê-
los por 80.000. A mais valia nominal é a diferença entre os valores.
- Mais valias reais: O problema é que aquilo que eram 10.000 naquela altura, pode não ser agora. Temos
de atualizar o valor. A mais valia real é a diferença atualizada.

Importante: não confundir as situações – A Cat. G não é uma categoria residual!!


Exemplos:
- A quer compra o carro a B, B faz um preço superior ao que ele vale agora. Há de facto uma mais valia, mas
será que vai ser tributada? Não, porque se formos ao 10º não encontro nenhuma forma de incidência para as
mais valias decorrentes da alienação de bens moveis.
- Tenho um quadro da Paula Rego, compro uma obra de arte e valoriza e vendo-a num leilão pelo dobro do
preço – não é um rendimento ca categoria B porque não é a minha atividade, isto é, eu não sou vendedor de
arte. Esta mais valia não é tributada porque não se encontra nada no 9º e no 10º que a preveja.

 O artigo 10º, nº1 CIRS diz-nos que o legislador optou pelas mais valias realizadas.
É preciso que haja um ato translativo e a pessoa ganhe dinheiro com isso - tributa-se a mais valia não no
momento em que existe um acréscimo patrimonial, mas sim a partir do momento da alienação.

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Exceção - Há alguns casos em que são tributados os aumentos do valor do bem, por exemplo, decorrente de
obras públicas.
ex: tenho um terreno numa zona degradada. E este terreno a partir de agora passou a valer 1 milhão de
euros. A nível de IRS, só se tributa se eu vender o terreno. No entanto, paga-se as contribuições
especiais de melhoria em que é aplicado o regime dos impostos - artigo 4º, nº 3 LGT. Existe assim uma
dupla tributação.

Certos bens adquiridos antes da entrada em vigor do CIRS (1 de janeiro de 1989), se tiverem na base de
uma mais valia, essa mais valia não é tributada.
ex: no apartamento adquirido no ano de 1980, o imposto respetivo não tributava as compras e
vendas de bens imóveis. Para proteger a confiança legítima e a segurança jurídica, o legislador prevê
que as mais valias estão sujeitas a tributação se os respetivos bens tiverem sido adquiridos após a
entrada em vigor do CIRS.
- Logo, não estão sujeitas a IRS as mais valias resultantes de alienações onerosa de partes
de capital e os imoveis adquiridos antes
Exceto – terrenos para construção
Isto está no diploma que aprova o CIRS - artigo 5º regime transitório para a categoria G. Para bens
imóveis vamos fixar a data de 1989.

O artigo 10º prevê as mais valias que estão sujeitas a IRS (princípio da tipicidade fechada):

Englobamento Taxas (art.68º)


a): alienação de direitos reais sobre bens imóveis: qualquer ganho
que decorra de bens imóveis (casas, apartamentos, escritórios);
50% Progressivas
nota: exceto quando se destinem a habitação própria (10º, nº5)

b) alienação onerosa de partes sociais (ações ou quotas de


- 28%
sociedade);
c) alienação onerosa direitos de propriedade comercial/industrial/
know how (royalties) - direitos imateriais, como direitos de autor,
marcas, patentes desde que auferidos pelo titular não originário. 50% Progressivas
ex: os herdeiros do cantor que vendem essas royalties.
d) cessão onerosa de posições contratuais: estabelecimentos
50% Progressivas
comerciais e produtos financeiros.
e) e f) operações relativas a instrumentos financeiros - Progressivas

 Todas as outras mais valias não são tributadas (compra e venda de carros, mobílias, jóias).
Se o Sr. António hoje vender um apartamento por 2000 e o carro por 1000 euros, ambas são mais
valias, mas apenas a primeira é tributada.

 Não é certo dizer que apenas os bens imóveis estão sujeitos a IRS, uma vez que as ações são bens
móveis e também estão sujeitas a IRS. Se for um agente imobiliário, o produto alienado vai para a
categoria B. Aqui, estamos sempre a falar de rendimentos ocasionais.

Distingue-se então duas mais valias comuns:

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 As mais valias imobiliárias: resultam da alienação de imóveis


Estas mais valias são englobáveis ou também têm taxa especial?
72º.nº1, a) – a taxa especial nestes casos só se aplica a não residentes
Como tal, não tendo taxa especial, vamos englobar, mas há aqui uma especialidade. Ora, no 43º nº2
diz que só é relevante para efeitos fiscais metade da mais valia, e portanto, só vou englobar metade
da mais valia.
Nestas, vamos ter que ter em atenção a diferença entre o valor da aquisição e valor da alienação, o
que nos manda para a parte do Código de determinação da matéria coletável relativamente à Cat. G
– 43º.
 Mais-valia= ValorRealização(44º) – ValorAquisição x CorreçãoMon +
DespesasEncargos
O valor de aquisição se for a título gratuito – 45º; oneroso – 46º

Repare-se, no entanto, que se uma pessoa comprou uma casa em 1991 por 150 mil euros, e agora
esta valesse 550 mil euros, se se fizesse só a conta da diferença, podia estar aqui uma questão de
inflação – logo temos de corrigir (50º) o valor da aquisição por aplicação coeficiente aprovado por
portaria. Neste caso, o coeficiente para 1991 é 1,96. Isto quer dizer que 100 mil euros quase
duplicaram com a inflação acumulada até 2016, que agora são 196 mil euros.

Exclusão da tributação:
- Nas habitações próprias permanentes (nº5): exclui-se os ganhos provenientes de alienação de
imoveis destinados à habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado familiar
Requisitos cumulativos para que se verifique esta não tributação:
- o valor obtido na venda tem de ser utilizado para o mesmo fim (ou seja, construção,
aquisição ou beneficiação de um imóvel); se for só parcialmente, a mais valia será tributada
proporcionalmente (regra de três simples)
- o valor utilizado na aquisição da nova habitação tem de ser igual ao valor realizado.
- quanto aos prazos para reinvestir:
- se a nova habitação for adquirida após a venda da antiga – prazo de 36 meses,
contados da data da venda da habitação antiga; exceto nos casos de construção
- se for antes – 24 meses anteriores, só nos casos de aquisição de nova habitação

 As mais valias mobiliarias: resultam da alienação de valores mobiliários (participações sociais)


Quando o contribuinte aufere uma destas mais valias, há englobamento ou é tributado à parte?
Ora, o legislador vem dizer que vamos chegar ao final do ano e ver qual foi o saldo, porque o saldo
pode ser negativo. Se esse saldo for positivo, é tributado a uma taxa especial (28%) com
possibilidade de englobamento (é facultativo) – 72º nº1 c) e 72º nº8.
 Mais valia = ValorRealização – (ValorAquisição x CorreçãoMon +
DespesasEncargos)
No caso das mais valias de ações, há uma dúvida que todos os sistemas fiscais têm de resolver:
- Se eu tiver 100 ações da EDP mas comprei a preços diferentes e em tempos diferentes, se eu
vender 10 ações, estou a vender 10 da primeira, 10 da segunda ou 5 de cada? Para a venda de
ações, art.43º nº6, d) considera as que estão a ser vendidas são as primeiras a ser compradas
Ex: B compra um pacote de ações da EDP por 1000 e vende por 1500 – a mais valia
resulta de um confronto de valores, assim temos: valor de realização – valor de aquisição =
500 euros de mais valias.

 Todas as outras mais valias não são tributadas (compra e venda de carros, mobílias, jóias).
Se o Sr. António hoje vender um apartamento por 2000 e o carro por 1000 euros, ambas são mais valias
mas apenas a primeira é tributada. Não é certo dizer que apenas os bens imóveis estão sujeitos a IRS,

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uma vez que as ações são bens móveis e também estão sujeitas a IRS. Se for um agente imobiliário, o
produto alienado vai para a categoria B. Aqui, estamos sempre a falar de rendimentos ocasionais.

Em que consiste o valor de realização? (44º)


- Na troca, o valor atribuído no contrato aos bens ou direitos recebidos, ou o valor de mercado quando
não exista contrato, acrescido ou diminuído, um ou outro, do dinheiro a receber ou a pagar;
- No caso de expropriação, o valor da indemnização
- O valor de venda

Em que consiste o valor de aquisição? (45º a 49º)


- a titulo gratuito, no caso de bens imoveis e partes sociais – o valor que for determinado para efeitos de
liquidação do imposto de selo (IS) ou o valor que serviria de base à liquidação deste imposto, caso fosse
devido.
- a titulo oneroso de bens imoveis - considerar o valor que tiver servido para efeitos de liquidação do IMT.
- a titulo oneroso de partes sociais ou outros valores mobiliários - considera-se o custo documentalmente
provado, ou na sua falta, tratando-se de valores mobiliários cotados em bolsa, a menor cotação verificada nos
dois anos anteriores à data de alienação; não sendo cotados em bolsa, o respetivo valor nominal

artigo 50º CIRS - correção monetária. Isto só vale para bens imóveis - alínea a) do artigo 10º.
O valor pelo qual adquirimos o terreno vai ter de ser corrigido mediante a aplicação de coeficientes (fator de
multiplicação) – aplicação de coeficientes de desvalorização monetária ao valor de aquisição de direitos reais
sobre bens imoveis, sempre que tenham decorrido mais de 24 meses entre a data de aquisição e a data de
alienação ou afetação

Art.51º - Despesas e encargos


Encargos com a valorização dos bens alienados e as despesas inerentes à aquisição e alienação.
Logo, ao valor de aquisição acrescem:
- Encargos feitos nos últimos 5 anos
- Despesas necessárias e efetivamente realizadas, inerentes à alienação.

- Os rendimentos das mais valias, em princípio vão ser englobados.


Não há retenção. A tributação vai ser feita totalmente naquele ano, quando o contribuinte entregar a
declaração daquele ano.
Como se calculam as mais valias? Art.10º,nº4, CIRS

Exemplos:
1. Um sujeito que comprou uma casa no ano de 2000. Comprou a casa por 50.000 euros e hoje, no ano de
2018, está a vender essa mesma casa por 75.000 euros. Teve uma mais valia, porque a casa valorizou. Esta
mais valia está prevista no artigo 9º, nº 1 Alínea a) e 10º, nº 1 alínea a) CIRS. Têm de ser rendimentos que não
cabem nas outras categorias, ou seja, que não sendo comerciais, industriais, etc. O cálculo está previsto no nº
4.

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- Qual das alíneas do nº 4 é que se refere à alínea a) do nº 1 ? Logo na alínea a).


- É errado pensar que a mais valia é a diferença de valores (entre 75.000 e 50.000 euros).
 Para saber o que é o valor de realização temos de recorrer ao artigo 44º CIRS
 Quanto ao valor de aquisição, depende. No ano 2000, quando a casa foi adquirida este pode ter
adquirido a título oneroso ou a título gratuito. Para sabermos o valor da aquisição a título
oneroso, temos de recorrer ao artigo 46º CIRS (nosso caso). Caso esta tivesse sido adquirido a
título gratuito, teremos de recorrer ao artigo 45º CIRS.

Nota: No ano 2000, quando a pessoa comprou a casa, ela teve de pagar imposto (IMT). O valor que a pessoa declarou na altura para
efeitos de IMT é o mesmo valor que ela agora vai declarar para efeitos de IRS. Quanto mais baixar o valor para efeitos de IMT (quanto
mais se fugir ao fisco), mais aumenta a mais valia, ou seja, menos se deduz. O IMT tem taxas moderadas, ao contrário do IRS.

Entao:
- À partida, parece que o ganho seria 25.000. Mas não vai ser porque 50.000 era o valor há 18 anos
atrás. O legislador manda-nos atualizar o valor, no artigo 50º CIRS - coeficiente seria 1,39. Logo, o
valor a atualizar será de 69.500. O ganho sujeito a IRS será (75.000-69.500), ou seja, 5500 euros.
- Além disso, ao valor de aquisição, o artigo 51º CIRS manda que se vai acrescentar os encargos com
o imóvel. Se a pessoa fez obras à casa nos últimos 12 anos, os encargos com a valorização da casa
vão acrescer ao valor da aquisição já realizado (ou seja, aos 69.000). Isto é um incentivo para as
pessoas modernizarem as suas casas. Se a pessoa fez obras de 10.000, vamos ter 69.500 mais 10.000.

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4.1.1.6. Categoria H - Pensões

Abarca os rendimentos de pensões (artigo 11º CIRS):


- A pessoa normalmente já não está a trabalhar, são pensões pagas ao abrigo do trabalho anteriormente
prestado. - pensões de reforma, velhice, invalidez, aposentadoria, pensões de alimentos, etc
- no art.11º,nº1.al.c) – é uma norma residual muito ampla – “pensões e subvenções não compreendidas nas
alíneas anteriores.”

 A dúvida nas pensões é sempre saber quando é que é pensão ou quando é que é indemnização .
Temos sempre de olhar para o art.12º - para ver se não exclui a incidência.
Ex: se a viúva de um militar que morreu num cenário de guerra receber uma pensão pela morte do
marido, aquele rendimento será para compensar um dano ou atribuir uma vantagem económica?
- Por um lado, está a ter aquele rendimento mensalmente
- Por outro lado, está a compensar uma perda, tando de rendimento como efetiva

 Deduções Especificas
Discutiu-se durante muito tempo se deveria haver ou não deduções especificas, porque havia quem
considerasse que não há um custo necessário para obter aquele rendimento. Mas por outro lado também se
dizia que fazia sentido diferenciar-se em relação aos trabalhadores. Mas as pensões geralmente não são
aumentadas, pelo que não se devia também penalizar as pensões em relação ao rendimento do trabalho.
Em 2007, considerou-se que a dedução especifica nesta categoria tinha de ser, pelo menos, mais parecida com
a da Cat. A, estando consagrada no art.53º, CIRS.

Constam do artigo 53º CIRS – 4104€.


Pensões de valor anual até 4104€, deduz-se o valor das pensões. Uma pensão de 4100, deduz-se 4100 euros.
4100 - 4100 = 0, ou seja, o resultado dá sempre 0. Ou seja, vamos englobar 0. Logo, não estão sujeitas a IRS.
Vamos supor 4104 / 14 meses = 293, ou seja, isto é o limiar mínimo das pensões.
- Ou seja, pensões até 300 euros, não pagam IRS.

Além disso, existe a isenção do mínimo de existência. Quando as pessoas auferem por ano mais de 4104, ou
seja, 5000, deduz-se 4104. Ou seja, só paga IRS a diferença entre os 4104 e o valor que a pessoa recebe.
Pensão mensal de reforma de 525 euros. Vamos multiplicar por 14 = 7350. 7350 - 4104 = 3246.

Aos rendimentos brutos da categoria H são ainda deduzidas as quotizações sindicais e as contribuições
obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde.

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A tributação dos residentes vai estar sujeita a um esquema de cálculo do RL composto por
diversas fases.

CAT Caracteristicas da Cat. Calcular o RL


A trabalho dependente RB (art 2º)-DE (art 25º) = RL

rendimentos empresariais e profissionais (empresas em RB (art 3º)-DE (art 28º e ss) = RL


B nome individual e o trabalho independente - recibos
verdes)
rendimentos de capitais (juros e lucros distribuídos por RB (art 5º)-DE (não há deduções) = RL.
E empresas/PC) Logo, RB = RL
F rendimentos prediais (rendas/senhorios) RB (art 8º)-DE (art 41º) = RL
incrementos patrimoniais (todos os rendimentos são RB (art 9º/10º)-DE(art 42º e ss) = RL
G ocasionais/esporádicos)
ex: mais-valias ou indemnizações
rendimentos de pensões (quantias auferidas que não RB (art 11º)-DE (art 52º)= RL
resultam de uma atividade produtiva.
H ex: velhice, invalidez, reforma)

MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO

CAT Momento Relevante Fundamento


A Pagamento ou colocação à disposição Art.2º,nº1

Se for no regime simplificado: Art.3º,nº6


B Momento em que para efeitos de IVA:
- Seja obrigatória a emissão de fatura ou documento
equivalente
- Não sendo obrigatória, o momento do pagamento ou da
colocação à disposição

Se for no regime de contabilidade organizada: Art.3º, nº6 CIRS e art.18º CIRS


- Pagamento ou colocação à disposição

Momento em que se vencem, se presume o vencimento, são Art.7º, nº1


E colocados à disposição do seu titular, são liquidados ou desde
a data do respetivo quantitativo, conforme os casos.

F Pagamento ou colocação à disposição Art.8º, nº1

G No momento da prática dos atos Art.10º,nº3

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CAT Momento Relevante Fundamento


H

5. Englobamento
Depois de termos o RL da cada categoria, vamos proceder ao englobamento, que é a soma do RL de cada
categoria (art.22º, CIRS)

Este artigo estipula a regra geral.


Há exceções ao englobamento, respetivamente as taxas liberatórias (art.71º) e as taxas especiais (art.72º).

No caso de rendimentos sujeitos a englobamento - a retenção na fonte tem natureza de pagamento por conta;
No caso de rendimentos não englobáveis, em que a retenção é definitiva.

Importa tratar separadamente as retenções previstas para:


- Residentes – regra: englobamento, salvo algumas exceções
- Não residentes – na maior parte dos casos, o englobamento não é possível, pelo que as taxas de retenção
são quase sempre liberatórias, exceto nos casos dos art.72, nº9 e 10

O que são as taxas liberatórias?


São taxas que aplicam por retenção na fonte, e uma vez aplicadas, liberam os contribuintes de declarar os
rendimentos nos termos do art.58, nº1, al.a).
Aplicam-se por isso ao valor do rendimento bruto e aplicam-se aos rendimentos de capitais e aos
rendimentos de valores imobiliários devidos por entidades que não tenham domicílio em Portugal.
Ex: Se eu depositar dinheiro no banco vou estar perante rendimentos de capitais, logo aplica-se a taxa
liberatória, o que vai acontecer é que o banco me paga os juros aplica a taxa de 28% e por isso o dinheiro fica
lá, não sendo por essa razão necessário declarar esses rendimentos, já são tributados no banco que no fundo
vai agir como meu substituto – guarda esses 28% do rendimento obtido com juros para entregar ao Estado.

O nº6 do art,71º contudo dá a opção ao contribuinte de englobar ou não englobar estes rendimentos
previstos no 71º - isto compensa fazer quando a taxa geral do escalão de IRS que aplicar for inferior a 28%.
Mas como é que isto se faz na prática? O banco está, por lei, obrigado a taxar os 28% com retenção, como é
que o banco vai saber se decidimos ou não englobar? O que acontece nesses casos é que quando chegar ao
passo de fazer as deduções à coleta, vou subtrair os 28% que ficaram retidos na fonte pelo baco e assim
neutraliza-se a taxa liberatória.

O que são taxas especiais?


São bastante abrangentes. Se olharmos para o artigo, vemos por exemplo os rendimentos prediais
(Cat.F). O que vai acontecer nestas taxas é que, temos de declarar os rendimentos, mas estes serão
declarados à parte, não indo para o englobamento sendo tributados “à parte”.
Esta taxa aplica-se ao rendimento líquido.

Quanto ao englobamento facultativo:


Esta decisão deve ser tomada ponderando qual a opção que conduz a uma mais baixa tributação.
As situações em que é possível estão previstas no art.71º,nº6 e no art.72º,nº8.

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Nos termos no art.22º,nº5 – a opção pelo englobamento implica a obrigatoriedade de o sujeito passivo
englobar a totalidade dos rendimentos compreendidos no nº6 do 71º, no nº8 do 72º e no nº7 do 81º
(ou seja, juros, lucros e mais-valias de ações e quotas).

As taxas de retenção na fonte que, em princípio, seriam definitivas(liberatórias) passam a ter a natureza de
pagamentos por conta do imposto devido no final, como se estabelece no nº7 do 71º.

Em termos práticos, o estudo a efetuar consiste em comparar:


- a taxa marginal de tributação aplicável aos rendimentos em relação aos quais se pondera a hipótese de
englobamento;
- com a taxa liberatória estabelecida para os mesmos rendimentos.

6. Abatimentos
- Só se aplica o abatimento previsto no art.56º-A, os outros foram todos revogados.
Trata-se de uma compatibilização de 90% ou 85% consoante a categoria dos rendimentos.
Depois de englobar os RL e fazermos os abatimentos, obtemos o rendimento coletável.

7. Taxas
Obtido o rendimento coletável, vamos aplicar a este as taxas do IRS previstas no art.68º, CIRS.

Como se aplicam estas taxas?


Primeira parte: coluna B – limite do maior escalão que cabe no nosso rendimento. Ex: 20 000 euros, vamos
ter que ver quais são os escalões que cabem neste valor
Segunda parte: coluna A (imediatamente a seguir de modo a que haja progressividade). Excedente, isto é, o
que sobra.

 Se o Rendimento coletável for superior a 7091€, divide-se em duas partes (não é dividir por dois!!), mas
sim aplicar uma taxa a uma parte do rendimento e à outra parte outra taxa. Depois, é preciso ter em
atenção que não é o rendimento que vai para dentro/tem que caber nos escalões, são os escalões que
têm de caber no rendimento.
Por isso, quando se calcula o IRS, via de regra, divise-se em parte. A uma parcela do rendimento aplica-
se a taxa media e à outra parcela, o excedente do rendimento, aplica-se a taxa marginal.

Exemplos (atenção que estes exemplos não são feitos consoante as normas deste ano)

A. 40.000€ de rendimento coletável


- Uma vez que é maior do que 7091, vamos dividir em duas partes:

1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 40000 euros?
- De 7091 até 20261 – corresponde a uma taxa media de 23,600.
(20261 x 0,236 = 4781,6)

2ª parte: Qual é o excedente? 40.000-20.261 = 19.739


Qua taxa se aplica a este excedente? Taxa da coluna A respeitante ao escalão imediatamente superior:
x 0,37% = taxa marginal
19.739 x 0,37 = 7303,43

Então, a coleta é: 4781,6 + 7303,43 = 12.085,03

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B. 15.000 euros de rendimento coletável.


Uma vez que é maior que 7091, vamos dividir em duas partes:

1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 15.000 euros?
Até 7091. Aplica-se a taxa de 14,500 (coluna B).
7091 x 0,145 = 1028,2

2º parte: qual o excedente? 15.000-7091= 7909


Taxa de 28,50 (coluna A)
7909 x 0,285 = 2254,07

Então é coleta é: 2254,07+1082,2 = 3282,265

C. 2.000 euros de rendimendo coletável.


Neste caso, não se divide em duas partes porque é menor que 7091.
Aplica-se a taxa A ou B?
Se o contribuinte tiver rendimento abaixo de 7091, não importa a coluna, a taxa é sempre 14,5%.

D. 100.000 euros de rendimento.


1ª parte: qual é o maior dos escalões que cabe inteiro em 100.000?
De mais de 40522 até 80640. Aplica-se a taxa de 37,613 (col.B)
80640 x 0,37613 = 30331,12

2ª parte: qual é o excedente? 100.000 – 80640 = 19360


Taxa de 48 (col.A)
19360 x 0,48 = 9292,8

Então, a coleta é: 30331,12 + 9292,8 = 39623,92

 Desta forma, depois de aplicadas as taxas ao rendimento coletável, obtemos então a coleta.

8. Deduções à Coleta
Temos de ver se existe a possibilidade de fazer deduções à coleta, deduções personalizadas, que já nada têm a
ver com a arrecadação de rendimentos, mas sim com a situações concreta de cada um - art.78º e ss, CIRS.

 Deduções com base nos dependentes do agregado familiar e ascendentes , como é dito no 78º-A.
Assim, por cada dependente: dedução de 600 €; por cada ascendente: dedução de 525€ à possibilidade de
majoração no nº2.

 Deduções com base nas despesas gerais familiares, muito abrangentes e previstas no art.78º-B.
Basicamente funciona como um estímulo ao pedido de faturas para que seja mais fácil às finanças saber se os
gastos são lícitos de modo a combater a fraude. Esta dedução não ultrapassa os 250€ para cada sujeito passivo
do agregado familiar.

 Despesas de Saúde – 78º- C


Incluem-se aqui as atividades de saúde humana, o comercio de farmacêuticas, bem como os prémios de
seguros ou equiparadas que cubram os riscos de saúde. Limite global de 1000€.

 Despesas de formação e educação – 78º- D

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Limite global de 800€. Incluem-se as despesas com livros escolares, as despesas quanto à educação e
formação seja prestada por entidades reconhecidas pelo ministério da educação.

 Despesas com encargos de imoveis – 78º-E


Refere-se aqui às despesas do arrendatário quando arrenda o imóvel – rendas e juros de dividas ao banco (al.a
e b), com limites respetivamente de 502€ e 296€.

 Despesas pela exigência de fatura – 78ºF


Incluem-se gastos em oficinas, restauração, cabeleireiro, esta dedução especial acontece nos setores por são os
setores onde há tipicamente fuga ao fisco, daí que haja este incentivo em pedir fatura.

 Atenção: há um limite às deduções à coleta no art.78 º - isto acontece para impedir que as famílias mais
numerosas e ricas esgotem tudo em deduções.

Artigo 78º nº2: os pagamentos por conta e as importâncias contidas na fonte.


Só as do artigo 78º nº2 dá direito a reembolso (adiantamentos de IRS).

(relativamente a um caso prático)


Quanto ao donativo de 4000 euros à sociedade tauromáquica:
Temos de aplicar o art.78º, nº1, k) onde preveem-se os benefícios fiscais enquanto interesse para dedução da
coleta. O legislador diz que em certos casos poderemos deduzir os benefícios, mas não diz quais serão esses
nem o montante - isso resultará tanto do Estatuto dos Benefícios fiscais como de legislação avulsa.
- No EBF devermos ir ver o art.63º. Neste artigo, a primeira coisa a ter em atenção é que estas normas não
foram pensadas tendo em mente os meros particulares, mas também tendo em conta as empresas que fazem
os benefícios mais variados. O art.63º EBF diz “nos termos e condições dos artigos anteriores”, tenho que
ver se a entidade a quem faço o donativo é uma entidade fiscalmente relevante e reconhecida para
estes efeitos. Além disso, a dedução à coleta é diversa caso haja ou não limitação nos artigos
precedentes.

Neste caso, temos um benefício a uma sociedade tauromáquica. Poderá caber no mecenato cultural, vamos
admitir que prossegue fins de natureza cultura, al.b) do 62º do EBF. Então, fazendo donativo será
reconhecido fiscalmente e temos de ver se há alguma limitação ao donativo, no nº5 do 62º o que a lei diz é
que os benefícios podem ser feitos a estas entidades até ao limite de 8 por 1000, isto está assim para evitar
casos de fraude. Tenho que saber se a entidade existe e qual a limitação. Para aplicar o art.63º tenho que olhar
aos artigos anteriores pensados para empresa: ver se a entidade é ou não relevante fiscalmente e tenho que ver
se há ou não limitação no nº5 do mesmo artigo.

Qual a dedução do benefício à coleta neste caso? Al.b) neste caso tem limitação, por isso a dedução é de 25%
do donativo e temos uma limitação de 15% do valor da coleta no que se pode deduzir. Oferecem 4.000, 25%
seria 1.000 euros. O valor tributável do donativo seria 1.000 euros. Deduzir-se-ia a totalidade destes mil euros,
uma vez que os 1000 euros não são neste caso superiores a 15% da coleta; mas caso os 25% do donativo
ultrapassassem 15% do valor da coleta apenas se deduzia até ao máximo, até 15% da coleta.

Al.c) é para os donativos feitos no âmbito de uma entidade empresarial

Questão que surge: Quais os casos em que aplico a) do 63º em que não há limitação, qual é o artigo, dos
anteriores, em que fazendo um donativo não tenho limitação? A quem é que as empresas podem fazer
donativo sem limitação de qualquer especie?

Art.62º, EBF diz-nos que se uma empresa quiser oferecer donativos ao Estado pode fazê-lo sem limitações,
fora o Estado normalmente haveria limitações. Vemos isto pelos números 4 e 5 do art.62º em que no nº4 não
há limite e no nº5 como já dissemos aqui há o limite de 8/1.000.

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9. Determinar o IRS a pagar


Depois de todos os passos feitos, retira-se o valor correspondente ao imposto a pagar.

É preciso ter em tenção que é preciso subtrair a esse valor quaisquer adiantamentos feitos ao longo do ano,
como é o caso da retenção na fonte e dos pagamentos por conta.
 No fim, pega-se na coleta e nas retenções na fonte e depois de as plicar vê-se se essa conta dá sinal
positivo ou negativo, ou seja, se a pessoa ainda tem de pagar mais de imposto para fazer o valor do
imposto ou se o valor das retenções na fonte foi superior ao imposto a pagar e aí vai receber reembolso.
As tabelas de retenção na fonte estão normalmente desenhadas para que haja uma situação de crédito
dos sujeitos passivos, ou seja, os valores que lhe vão sendo retirados ao longo do ano, no fim do ano, são
maiores que o valor que ele devia pagar e por isso é que há aquele fenómeno de “receber do IRS”

9.1. Retenção na fonte – 98º


Por via de regra que quem paga os rendimentos tem de reter uma parcela de IRS de quem ia receber o
pagamento.
As regras de retenções na fonte estão previstas nos art.99º a 101º do CIRS. Trata-se de um fenómeno de
substituição tributaria.

Assim, estas retenções na fonte e pagamentos por conta são subtraídas ao valor do IRS, e é esse valor que se
vai ter de pagar ao Estado.
Nos nossos casos práticos, quando o enunciado disser que há retenção ou pagamento, é que será necessário
tratar disso.

 O 99º fala de um pp geral de retenção na fonte para as categorias A e H, e as taxas de retenção para
estas categorias estão anexadas fora do CIRS.

Retenções na Fonte – CAT. A


Quem é obrigado a fazer a retenção na fonte são as entidades devedoras – empresa que paga o salario
(99º,nº1).
O montante de retenção não consta no próprio CIRS, exceto nos casos de remunerações não fixas - artigo
100º CIRS, mas de tabelas de retenção na fonte, aprovadas por portaria e sujeitas a atualização regular, em
princípio anualmente. Essas tabelas preveem taxas de natureza progressiva e fazem depender o montante da
retenção da situação económica e familiar do sujeito passivo.
- Para que as retenções na fonte sejam corretamente efetuadas, as entidades patronais têm de conhecer a
situação económica e familiar dos seus trabalhadores (Ex: número e filhos, nº de titulares de rendimentos no
agregado familiar), as deduções especificas e os abatimentos e deduções à coleta. Caso o trabalhador não
forneça à entidade patronal estes dados, esta vai proceder à retenção do imposto, partindo da ideia de que o
titular não tem dependentes.

A retenção de IRS é efetuada sobre as remunerações mensalmente pagas ou postas à disposição dos seus
titulares, com exceção no nº4,5,7,9 e 10 da al.b) e na al.g) do nº3 do art.2º.

Retenções na Fonte – CAT H


Aplicam-se os art.99º-D e 99º-F e 99º do CIRS.

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 Nas outras categorias, temos o 101º


Retenções na fonte – CAT B,E e F
Apenas haverá lugar às retenções relativas às categorias B, E e F no caso de o devedor dos rendimentos
dispor ou deve dispor de contabilidade organizada.

Sem prejuízo do art.71º, as entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada
são obrigadas a reter imposto, com aplicação das taxas mais relevantes – ver art.10º
O devedor é o cliente e não o advogado - credor. O médico é o credor e o cliente é o devedor
Por exemplo, para os prestadores de serviços, há uma retenção na fonte, o cliente faz retenção e
entrega a taxa de 16,5% ao Estado, mas isto só acontece se este (o cliente) tiver contabilidade
organizada. Assim, se um advogado fizer um trabalho para uma empresa, esta reterá na fonte 16,5%.

Em alguns casos excecionais, mesmo quando a entidade põe o rendimento à disposição e tem
contabilidade organizada, há uma exceção em que não é o necessário reter na fonte quando
estejamos abaixo dos 10.000 euros – 101º-B, nº1, a)

CAT.B
Os rendimentos da categoria B da alínea a) do artigo 3º CIRS nunca estão sujeitos a retenção na fonte
(rendimentos comerciais, industriais, silvícolas ou pecuários).
Nos restantes casos, por exemplo, prestações de serviços, e tratando-se de rendimentos auferidos por
residentes, as retenções são feitas nos termos do artigo 101º CIRS.

CAT.E
Os rendimentos da categoria E estão sujeitos à retenção na fonte, à taxa liberatória (liberar, exonerar, afastar
o cumprimento de uma obrigação que o sujeito passivo tinha e já não vai ter: englobamento) de 28% se
forem pagos por entidades que têm ou devem ter contabilidade organizada. Esta retenção na fonte é a título
definitivo. A paga juros a B e se A tiver ou dever ter contabilidade organizada, ao pagar os juros/lucros de
1000, vai se subtrair 280 (28%) = 720 que entrega aos cofres do Estado. Quem paga retém na fonte. B no
final do ano, na sua declaração de IRS não vai colocar esses juros porque não há englobamento, na medida
em que a retenção na fonte é a título definitivo. Artigo 22º, nº 3 CIRS: quanto aos residentes, não há
englobamento.

CAT.F
a retenção é a título de pagamento por conta (regras do artigo 101º CIRS = categoria B). Se o devedor tem ou
deve ter contabilidade organizada, faz retenção quando paga a renda. Se não tiver, não faz a retenção quando
paga a renda. Paga a renda em bruto. Assim, o sujeito A e B (ambos) pagam uma renda de 200 euros. No 1º
caso, quem paga a renda é o reformado, assalariado e estudante. Como não tem contabilidade organizada, não
há retenção, pagando 400 euros. No 2º caso, é um advogado ou uma sociedade. Se tiver contabilidade
organizada, faz retenção na fonte nos termos do artigo 101º CIRS. Quem paga é quem tem ou deve ter
contabilidade organizada. Não interessa se o senhorio tem ou não contabilidade organizada. Na alínea e) do
artigo 101º CIRS diz-nos que a retenção na fonte é à taxa de 25%.

ex: Renato Sanches vem morar para Braga e frequenta o curso de Direito na UM e fica num imóvel
arrendado de 300 euros por mês. Há retenção na fonte ? - sim, pois este tem ou deverá ter contabilidade
organizada. Esta é a título de pagamento por conta, sendo que o senhorio vai declarar aqueles rendas que já
foram sujeitas a retenção ao longo do ano. Vai deduzir à coleta a retenção na fonte que foi feita ao longo do
ano. A autonomia da vontade é irrelevante, ou seja, se senhorio e inquilino disserem que a renda é só 300 e
que não há retenção, há na mesma violação do direito fiscal. Estes arranjos entre os sujeitos não são válidos
para efeitos fiscais. Caso contrário, há sanções.

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CAT. G
às retenções na fonte, os incrementos patrimoniais referidos, quando auferidos por residentes, apenas estão
sujeitos a retenção na fonte se se tratar de indemnizações ou importâncias auferidas em virtude da assunção
de obrigações de não concorrência, ficando de fora quer as mais valias, quer os incrementos patrimoniais
injustificados. Naqueles casos, a retenção na fonte é feita se a entidade devedora tiver ou dever ter
contabilidade organizada no momento do pagamento ou colocação à disposição, a título de pagamento pot
conta e à taxa de 16,5%. As importâncias retidas ser deduzidas à coleta final.

A retenção que incide:


- Sobre os rendimentos das categorias B e F é efetuada no momento do respetivo pagamento ou colocação à
disposição;
- A que incide sobre os rendimentos da Cat. E, conforme os casos (7º, CIRS).

Relativamente a residentes, estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo os rendimentos da Cat. E.

9.2. Pagamentos por Conta – 102º


É o titular, o próprio contribuinte, que diretamente faz uma transferência. Normalmente tem um código de
pagamento online e 3 vezes por ano faz um pagamento ao estado. Aqui, não há substituição tributaria.

O que justifica os pagamentos por conta?


Quando estou na categoria B, nem sempre tenho retenção na fonte, depende do facto de os clientes terem
contabilidade organizada. Neste caso, os titulares são obrigados a faze três pagamento por conta do imposto
até ao dia 20 dos meses de julho, setembro e dezembro.

Quanto maior for o rendimento do ano anterior, maior é o pagamento por conta. Ex: um médico, além do
pagamento dos três adiantamentos, os seus pacientes também fazem retenção na fonte sobre esse rendimento
que lhe pagam (quando chegar à coleta, vai deduzir tanto os adiantamentos como as retenções na fonte).

10. Rendimentos negativos


Pode acontecer em que em algumas delas haja um resultado negativo, ou seja, um prejuízo fiscal e isso
distingue-se de custo fiscal (despesa - encargo dedutível).

Categoria A:
salários, deduz-se sempre 4104 ou valor das contribuições para o sistema de proteção social - segurança social
(artigo 25º CIRS).
É possível haver 1000 de salário e 1300 de dedução? O artigo 25º estabelece um limite. Nesta categoria, não
há possibilidade de haver resultados negativos. Mesmo que tenha muitas quotizações sindicais, só se deduz
até à sua concorrência (ou seja, o valor do RB).

Categoria B: aqui, depende do regime que se aplica.

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Perante um regime simplificado de tributação - não é possível haver resultados negativos pois vamos deduzir
o coeficiente ou uma percentagem. Nem que a dedutibilidade fosse 95%.
Perante um regime da contabilidade organizada - temos de ter em conta proveitos ou ganhos ; encargos ou
custos. Pode acontecer que os encargos sejam superiores aos proveitos. Pode haver prejuízos, desde que os
encargos sejam superiores aos proveitos (artigo 20º CIRC com remissão para o artigo 13º, nº 2 CIRS).

Categoria E: capitais. Aqui, não é possível haver resultados negativos, porque não há deduções especificas. E
mesmo no caso excecional, a dedução que existe é apenas de 50% (artigo 40º A CIRS).

Categoria F: rendas. Aqui, podem ser detidos encargos com despesas de conservação e manutenção (artigo
41º CIRS). As deduções especificas podem ser superiores ao RB, logo pode haver resultados negativos.

Categoria G: Em geral, não há deduções. Logo, não há resultado negativos. Mas há uma exceção, aqui é
possível e muito provável haver resultados negativas. Por exemplo, se estivermos a falar de menos valias. ex:
comprar um imóvel por 100.000 e vendê-las por 200.000.

Categoria H: artigo 53º CIRS - pensões. Também não é possível haver resultado negativo.

 Logo, só pode haver resultados negativos na categoria B (regime de contabilidade organizada), na


categoria F e na categoria G (menos valias).

Qual o tratamento jurídico fiscal português a dar aos casos em que há resultados
negativos/prejuízos/perdas fiscais?
Existem 2 modos/sistemas para tratar as perdas ou os prejuízos fiscais:

Sistema da comunicabilidade: os RL negativos apurados em determinada categoria ou em determinado


rendimento podem, no mesmo ano, ser deduzidos aos resultados positivos de outras. Ou seja, faz-se o
apuramento no mesmo ano. ex: momento do englobamento.

Sistema de reporte: os resultados negativos apurados em determinada categoria ou espécie de rendimento


apenas poderão ser deduzidos no(s) exercícios seguintes aos RL positivos da mesma categoria ou espécie,
havendo-os. Podemos ter um reporte mais exigente quando se exige que seja na mesma espécie ou menos
exigente quando se exige que seja na mesma categoria.
- Resultados negativos da categoria B, apenas pode no ano seguinte se houver resultados positivos
da categoria B, deduzir o prejuízo do ano anterior.
- Na categoria G, se o legislador disser que a pessoa tem uma menos valia das ações, pode deduzir
no ano seguinte na mesma categoria. - Relativamente às mais valias de ações, como não se aplica a
regra dos 50%, vamos ter um reporte diferente (alínea d) - reporte a 5 anos. Mas, como não é uma
mais valia mobiliaria, não é abrangida pelo artigo 43º CIRS.
mais valias: só uma parte dela é que é sujeita a tributação (artigo 43º, nº 2 CIRS) - 50%. Se só 50% é
que é tributada, só 50% da menos valia é que é reportada. A percentagem do saldo negativo só pode
ser reportada a 5 anos. Se o sujeito comprou uma casa por 2 milhões e vendeu por 1,4 milhões. Teve
uma menos valia de 600.000, metade (300.000) são reportados nos 5 anos seguintes.
- Categoria F: nas rendas é reporte a 6 anos.

Descarregado por Nuno Pereira (formador.nuno.pereira@gmail.com)


lOMoARcPSD|7058377

artigo 55º CIRS: dedução de perdas. Aqui, já estamos a intuir que se é dedutivo na mesma categoria, só pode
ser no ano seguinte. Em regra, na categoria B, os resultados negativos podem ser reportados para qualquer
um dos 12 anos seguintes. Pode ir deduzindo até 12 exercícios, ou seja, até ao prazo de 12 anos seguintes.

Descarregado por Nuno Pereira (formador.nuno.pereira@gmail.com)

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