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APGAFYA

- SOI I

Júlia Morbeck
@med.morbeck
Metodologias de ensino-aprendizagem
“Estudos revelam que quando o professor fala menos, orienta em palavras. Neste momento o aprendizado
mais e o aluno participa de forma ativa, a aprendizagem é está tomando corpo em nossa mente de forma
mais significativa” (Dollan; Collins) que as palavras ajudam a exprimir aquilo que
No modelo tradicional ainda predominante, a formação vemos, sentimos, ouvimos ou percebemos;
tem por base uma pedagogia que não estimula ➢ Conceituação – E por fim o cérebro realiza a
adequadamente a autonomia, a capacidade de análise, segmentação daquilo que aprendemos. De
julgamento e avaliação, bem como raciocínio crítico, forma resumida ele organiza o aprendizado em
investigativo e criativo. (CRUZ et al., 2018) nossa mente de maneira a facilitar o acesso à
informação futuramente. Esta é considerada
Os métodos tradicionais de ensino são caracterizados pela uma das fases mais importantes de todo o
transmissão verticalizada de conhecimentos e pela ênfase processo. Se todas as demais etapas foram
na memorização em detrimento da reflexão crítica, muito bem utilizadas, a conceituação será mais
baseando-se, essencialmente em aulas expositivas, em precisa e a memória ampliada;
que o professor é o detentor de conhecimentos e
grande protagonista, cabendo aos estudantes repetir Tirar das mãos do professor e transferir para o aluno o
fidedignamente os conteúdos memorizados nas provas protagonismo no processo de aprendizagem, é talvez
classificatórias. Esse panorama, no qual o aluno atua quase uma das principais características das metodologias ativas.
sempre de forma passiva, dificulta a sua participação no De forma geral podemos dizer que essas são práticas de
processo de busca e sedimentação do conhecimento, ensino que possuem em sua essência colocar o aluno no
elemento essencial para o desenvolvimento de mentes centro do processo e participante ativo do
críticas e inovadoras. (CRUZ et al., 2018) desenvolvimento de conteúdos e competências.
(CRUZ,2018)
As mudanças ocorridas nos últimos tempos no meio
social, político, econômico e religioso estão atingindo Os métodos de aprendizagem ativa ancoram-se na
diretamente a educação, exigindo uma nova visão de pedagogia crítica, a qual realiza uma crítica ao ensino
formação de profissionais que atuem de forma coerente tradicional e propõe-se a utilizar situações-problema como
com o paradigma educacional dos novos tempos. um estímulo à aquisição de conhecimento e habilidades,
(SANTOS, 2019) baseando-se, principalmente, nas concepções histórico-
sociais da Educação descritas por Paulo Freire, José
Uma das melhores definições para o processo de Carlos Libâneo e Demerval Saviani, os quais visam e
aprendizado é fornecido pela neuropsicologia, segunda a buscam uma educação transformadora da sociedade.
qual os seres humanos utilizam um modelo com 5 partes (SANTOS, 2019)
que são (CRUZ, 2018):
A educação problematizadora procura desenvolver o ser
➢ Sensação – O processo de aprendizado humano numa perspectiva humanista, preocupando-se
acontece primeiro quando um ou mais de com o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo
nossos sentidos (de preferência todos) são dos sujeitos. (SANTOS, 2019)
acionados. Tato, audição, visão, paladar e olfato
são filtros ativos e potentes na construção do A aprendizagem torna-se uma pesquisa em que o aluno
conhecimento e das competências; passa de uma visão “sincrética” ou global do problema a
➢ Percepção – O que acontece na fase da uma visão “analítica” do mesmo, através da sua teorização
sensação passa a ser percebida de forma e compreensão, o que o leva à construção de hipóteses
consciente nesta fase; que serão sintetizadas para solucionar o problema e
➢ Formação de imagem – A sensação e a transformar a realizada. Para que tais características sejam
percepção contribuem para a construção da atingidas, é necessário seguir as etapas identificadas na
imagem. O cheiro de uma fruta nos remete a figura do Arco de Maguarez: (SANTOS, 2019)
imagem que temos dela, assim como ao
ouvirmos o som de um pássaro rapidamente
imaginamos como este pode ser;
➢ Simbolização – Nesta etapa vamos associar a
imagem criada com a sensação e transformá-la
com os colegas de classe, com a família e a
comunidade. A habilidade de conviver com o
outro em sua totalidade resultará em aquisição
progressiva de autonomia e maturidade.

Tipos de Metodologias Ativas

Definição das metodologias ativas mais conhecidas em


ambientes corporativos. (CRUZ, 2018)
➢ Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) –
Nesta prática os participantes são inicialmente
apresentados a um problema específico o qual
Características das metodologias ativas deverá ser debatido a solução em encontro
posterior. São formados grupos de estudo (de
➢ Aluno ativo e autônomo 4 a 10 participantes) e estes são estimulados a
realizarem uma pesquisa e discutirem sua
melhor solução. Diferente do Painel de debates,
onde as discussões acontecem em sala, neste
os participantes recebem um tempo
(normalmente de um dia a uma semana) para
apresentarem suas conclusões. Esta é uma
prática que permite aos participantes
pesquisarem e muitas vezes testarem suas
soluções na prática, antes de apresentá-las.
➢ Estudos de Caso – Metodologia onde os
participantes são apresentados a casos reais ou
não, e devem apresentar sua melhor solução
para os problemas relatados.
➢ Professor cuidador e orientador
➢ Dinâmicas – Atividades e exercícios diversos,
com utilização de pouco ou nenhum recurso
extra e que serve para ajudar na análise do
comportamento de grupos e suas variações.
Pode-se dizer que a maioria das Metodologias
Ativas tem na sua origem as Dinâmicas, que tem
como principal referência teórica Kurt Lewin –
Fundador da Escola da Dinâmica de Grupo.
Muitos autores também consideram as
dinâmicas como base metodológica para todas
as demais metodologias ativas e não como uma
prática independente das demais.
➢ Aula invertida – O objetivo principal deste
método é fazer com que os participantes
cheguem em sala com um nível maior e mais
equilibrado de conteúdo. A lógica consiste em
inverter o modelo tradicional de ensino, onde o
instrutor primeiro dá a sua aula, normalmente de
forma expositiva e depois passa para os
participantes um material de apoio para leitura e
➢ Trabalho em equipe: a aprendizagem acontece fixação de conteúdo. Neste método os
pela interação entre o aluno com seu professor, participantes recebem, com antecedência, um
material de leitura e preparação para a
aula/curso. Em sala o professor deve atuar muito
mais como mediador do tema em debate do
que como expositor de conteúdo.
➢ Just in time teaching (Estudo sob medida) –
Assemelha-se a Sala de Aula Invertida, mas tem
suas peculiaridades. Nela o instrutor/professor
envia, normalmente pelo menos 7 dias antes do
encontro, alguns textos, vídeos ou qualquer
outro material sobre o assunto para os
participantes. Eles devem estudar estes materiais
e responder a um pequeno teste, aqui chamado
de Warm Up, o qual tem como principal objetivo Fonte: RODRIGUES ELIVANIA T.; LENTE SILVANA M, 2018
avaliar o nível de entendimento dos participantes
sobre os temas. Com os resultados dos testes
em mãos, o instrutor consegue saber Diferenças e Semelhanças das metodologias de ensino-
exatamente onde estão as maiores dificuldades aprendizagem
de entendimento dos participantes e adequar o
seu curso as reais demandas do grupo.
As metodologias ativas citadas, apesar de exigirem muito
Fonte: RODRIGUES ELIVANIA T.; LENTE SILVANA M, 2018
mais do instrutor em termos de criatividade, pois ele a
todo momento deverá sair do lugar comum de forma a
possibilitar que as atividades novas e/ou instigantes, Vantagens e Desvantagens das metodologias de ensino –
permitam aos alunos criticar e pensar, é também a mais
aprendizagem
efetiva quando se fala em termos de resultados para a
educação corporativa. (CRUZ, 2018) Metodologia Metodologia
Tradicional Ativa
Todas essas técnicas didático-pedagógicas têm por
Vantagens Proporciona à Construção
objetivo permitir uma construção mútua de população coletiva do
conhecimentos com base na vivência de situações reais, conhecimento conhecimento;
contrapondo-se à mera memorização e transferência produzido Proporciona ao
verticalizada de conhecimentos. (CRUZ et al, 2018) cientificamente; educando visão
Amplia crítica e reflexiva
As duas estratégias de ensino, norteadas pelo método informações e da realidade;
ativo, mais utilizadas na área de saúde são: A Metodologia conhecimentos já Capacita o
existentes; educando para
da Problematização e a Aprendizagem Baseada em
Produz aquisição tomada de
Problemas (ABP). (SANTOS,2019) de conhecimento; decisões;
No ABP, o professor também é chamado de tutor, e a Desvantagens Formação de um Falta de
indivíduo passivo, conhecimento e
sua principal função é orientar os grupos para que a mero receptor de capacitação de
interação entre os alunos seja produtiva, ajudando-os a informações; profissionais para
identificarem o conhecimento necessário para solucionar Não aplicação à aplicação deste
o problema. Em contrapartida, os alunos são os principais realidade dos modelo.
conteúdos
responsáveis por sua aprendizagem, precisando devolvê-
ensinados;
la de modo que atenda as suas necessidades pessoais e Relação
perspectivas profissionais. (SANTOS, 2019) assimétrica entre
educador e
Características da abordagem tradicional e da educando;
abordagem cognitiva quanto aos indicadores Fonte: WATTÉ BRUNO H; SOUZA RAFAEL R.; FARIAS GIOVANNI
F.; SOUZA MARCIO V., 2018
Artigo: Percepção da efetividade dos métodos de ensino encontrarem parâmetros diferenciados de avaliação e
utilizados em um curso de medicina do Nordeste do Brasil participação em sala de aula.

O estudo objetivou avaliar a percepção e opinião do No entanto, um trabalho mais recente realizado por
corpo docente e discente quanto à efetividade dos Fermozelli et al, mostrou que a maioria dos discentes
métodos de ensino utilizados pelo corpo docente do relatou aumento de interesse pelos estudos com a
curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio utilização de uma metodologia ativa, e que essa
Grande do Norte (UERN). abordagem promoveu maior integração entre os
conteúdos trabalhados e a clínica dos pacientes.
Período de coleta de dados: julho de 2015 a junho de 2016;
A mudança do método de ensino tradicional para o ativo
Para fins de análise dos dados obtidos, consideraram a aula normalmente gera insegurança, requer grande esforço
expositiva, aulas práticas/de campo, discussão de casos dos atores envolvidos no processo e exige maturidade,
clínicos e seminários como métodos tradicionais de organização dos estudantes e mudança de
ensino-aprendizagem para o curso de Medicina. Como comportamento para assumir a responsabilidade sobre o
métodos contemporâneos de ensino foram consideradas próprio aprendizado.
as atividades lúdicas, mapas conceituais, estudos dirigidos,
aprendizagem baseada em problemas (ABP) e Um fator que pode ter dificultada a utilização e adesão
aprendizagem baseada em equipe (ABE). dos discentes às atividades exigidas pelas metodologias
contemporâneas, provocando certa aversão pelo
Resultados: além de mais utilizadas, as metodologias desenvolvimento de atividades, que representariam maior
tradicionais também foram consideradas as mais efetivas investimento de tempo.
para o processo de ensino-aprendizagem pela maioria dos
docentes (62,78%) e discentes (129,92%) entrevistados. Conclusão: a metodologia tradicional foi considerada a
mais efetiva e predominante no curso de Medicina da
No entanto, grande parte dos discentes (103%) afirmaram UERN. É necessário impulsionar o desenvolvimento de
que gostaria que os professores utilizassem outros metodologias centradas no aluno por meio da adoção de
métodos didático-pedagógicos em suas aulas, tendo pedagogias ativas de ensino e estimular a capacitação
como justificativa mais citada a melhora do aprendizado didática-pedagógica do corpo docente.
em geral.
Entre as principais sugestões dos docentes para a
melhoria do processo ensino-aprendizagem no curso de
Medicina, a mais citada foi a promoção de capacitação
didático-pedagógica.
Observou-se que maior tempo de graduação e de
experiência docente, formação em outros cursos de
graduação da área da saúde e titulação em nível de pós-
graduação se mostraram significativamente associados à
utilização de métodos contemporâneos de ensino. Referências

De acordo com a Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), CRUZ, PAULO. Ebook: Metodologias ativas para a
os cursos de Medicina devem utilizar metodologias ativas educação corporativa. 2018
como uma das ferramentas de ensino, as quais auxiliam
na formação geral, humanística, crítica, reflexiva e ética SANTOS, TACIANA. Metodologias Ativas de Ensino-
do graduando. Aprendizagem. Olinda, 2019

O uso de metodologias integradoras potencializa o CRUZ POLIANA O.; CARVALHO THAÍS B.; PINHEIRO
desenvolvimento de capacidade comunicativa, além de LUCA D. P.; GIOVANNINI PATRÍCIA E.; NASCIMENTO
permitir e estimular a atuação interprofissional e a ELLANY G. C.; FERNANDES THALES A. A. M.; Percepção
da efetividade dos métodos de ensino utilizados em um
Apesar de ter boa receptividade, a metodologia ativa não curso de Medicina do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira
é bem vista por todos os discentes, principalmente por de Educação Médica.; vol. 43, nº 2, páginas: 40-47, 2019.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbem/a/rbC9RfTpzwLpRFVxsBVJ
CRf/abstract/?lang=pt
WATTÉ BRUNO H; SOUZA RAFAEL R.; FARIAS
GIOVANNI F.; SOUZA MARCIO V. Implementação da
metodologia Team Based Learning (TBL) em uma
estratégia de Blended Learning, no desenvolvimento da
disciplina de Empreendedorismo. Ebook: EAD, PBL e o
Desafio da Educação em Rede: Metodologias Ativas e
outras Práticas na Formação do Educador Coinvestigador.
páginas: 104-118, 2018. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/329630793_Im
plementacao_da_metodologia_Team_Based_Learning_
TBL_em_uma_estrategia_de_Blended_Learning_no_d
esenvolvimento_da_disciplina_de_Empreendedorismo
RODRIGUES ELIVANIA T.; LENTE SILVANA M. Método
Tradicional de Ensino x Método da problematização: um
estudo comparativo para o alcance do perfil médico
previsto na diretriz curricular brasileira. Anais V CONEDU..
Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em:
<http://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/47842
> 2018
Trabalho em grupo x Trabalho em equipe
Trabalho em grupo não verbal, como apontar, mostrar como fazer, acenar
com a cabeça, fazer careta ou sorrir. Esse processo de
Trabalho em grupo: alunos trabalhando juntos em grupos interação de grupo pode ser muito interessante para os
pequenos de modo que todos possam participar de uma alunos. Alguns, que em geral fariam de tudo menos aquilo
atividade com tarefas claramente atribuídas. Além disso, é que lhes foi pedido, quando são envolvidos no trabalho
esperado que os alunos desempenhem suas tarefas sem em grupo, passam a se engajar ativamente em seu
supervisão direta e imediata do professor. Trabalho em trabalho e se mantêm nele por meio da ação do grupo.
grupo não é a mesma coisa que agrupamento por Existem inúmeras razões para isso. Interações cara a cara
habilidade, no qual o professor divide a sala por critério demandam respostas ou, pelo menos, um
acadêmico para que possa ensinar para grupos mais comportamento mais atento. Além disso, os alunos se
homogêneos. (COHEN; LOTAN, 2017) importam com a avaliação de seus colegas;
frequentemente, não se recusam a participar e não
A filosofia vigente na década de 1970, incentivou-se a
querem decepcionar o grupo. (COHEN; LOTAN, 2017)
estruturação e utilização da aprendizagem cooperativa –
trabalho de estudantes em pequenos grupos Apesar do trabalho em grupo ter potencial para apoiar o
heterogêneos que trocam informações e compartilham aprendizado, este mesmo tipo de trabalho, se feito de
materiais, com papéis previamente definidos - como um maneira não estruturada, pode acarretar uma série de
recurso que fomenta rendimento acadêmico, problemas. Não necessariamente os estudantes e os
interdependência positiva, responsabilidade individual e de próprios adultos sabem como trabalhar em conjunto de
grupo, interação estimuladora, competências sociais, além forma exitosa, por isso, é necessário aprender como se
de aumento de autoestima. (CONCEIÇÃO; MORAES, 2018) trabalhar assim. Esses problemas podem ser superados
com o planejamento adequado de atividades e por meio
Quando a professora propõe aos alunos uma atividade
da preparação dos próprios alunos. (COHEN; LOTAN,
em grupo e permite que eles se esforcem sozinhos e
2017)
cometam erros, ela delega autoridade. Essa é a primeira
característica-chave do trabalho em grupo. Delegar O trabalho em grupo é uma técnica eficaz para atingir
autoridade em uma atividade é fazer com que os alunos certos tipos de objetivos de aprendizagem intelectual e
sejam responsáveis por partes específicas de seu social. É excelente para o aprendizado conceitual, para a
trabalho; os alunos estarão livres para cumprir suas tarefas resolução criativa de problemas e para o
da maneira que decidirem ser a melhor, mas ainda são desenvolvimento de proficiência em linguagem
responsabilizados pela entrega do produto final à acadêmica. Socialmente, melhora as relações intergrupais,
professora. Delegar autoridade não significa que o aumentando a confiança e a cordialidade. Ensina
processo de aprendizagem está sem controle; a habilidades para atuar em equipe que podem ser
professora mantém controle por meio de avaliação do transferidas para muitas situações, sejam escolares ou da
produto final do grupo e do processo pelo qual os alunos vida adulta. O trabalho em grupo é também uma
passaram para chegar àquele produto. (COHEN; LOTAN, estratégia para enfrentar problemas comuns na
2017) condução da sala de aula, como manter os alunos
envolvidos com sua atividade. Mais importante ainda, o
Uma segunda característica-chave do trabalho em grupo
trabalho em grupo torna mais acessíveis as tarefas de
é a de que, em algum nível, os participantes precisam uns
aprendizagem para um número maior de alunos em salas
dos outros para completar a atividade; eles não
de aula com grande diversidade de competências
conseguem fazer todas as partes sozinhos. Os alunos
acadêmicas e proficiência linguística. O trabalho de grupo
assumem o papel de professores quando sugerem o que
produtivo aumenta e aprofunda a oportunidade de
os outros devem fazer, quando ouvem o que os outros
aprender conteúdos e desenvolver a linguagem e,
estão dizendo e quando decidem como finalizar o
portanto, tem o potencial para formar salas de aula
trabalho, dado o tempo e os recursos limitados
equitativas. (COHEN; LOTAN, 2017)
estabelecidos pelo instrutor. (COHEN; LOTAN, 2017)
Alunos que trabalham em grupo falam entre si sobre sua Trabalho em equipe
atividade. Eles fazem perguntas, explicam, fazem
Umas das mudanças mais significativas de nossa época é
sugestões, criticam, ouvem, concordam, discordam e
a passagem da ação individual para o trabalho em grupo.
tomam decisões coletivas. A interação também pode ser

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No mundo de hoje podemos identificar vários tipos de • A necessidade de definir com clareza os
grupos trabalhando nas mais diferentes situações. Alguns objetivos e resultados – individuais e do grupo –
conseguem tornar-se equipes e outros permanecem a serem alcançados;
apenas como grupos. (PIANCASTELLI, FARIA, SILVEIRA, • A importância de construir, em conjunto, um
2000) plano de trabalho e definir a responsabilização
de cada membro do grupo, para alcançar os
A ideia de equipe advém da necessidade histórica do
objetivos;
homem de somar esforços para alcançar objetivos que,
• A necessidade da avaliação constante dos
isoladamente, não seriam alcançados ou seriam de forma
processos e dos resultados
mais trabalhosa ou inadequada. (PIANCASTELLI, FARIA,
SILVEIRA, 2000) • A percepção de que o fracasso de um pode
significar o fracasso de todos e que o sucesso é
De fato, existe apenas uma única pergunta-chave a fazer fundamental para o sucesso da equipe;
a si próprio, quando estiver tentando decidir se seu grupo • A necessidade de aprimorar as relações
constitui ou não uma equipe: Será que todos os interpessoais e de valorizar a comunicação entre
membros de meu grupo compartilham, pelo menos, de os membros da equipe;
um objetivo que só pode ser atingido pelo esforço • A disposição das pessoas em ouvir e considerar
conjunto de todos? O objetivo ou objetivos comuns são as experiencias e saberes de cada membro do
a diferença entre um grupo e uma equipe. grupo;
(HARDINGHAM, 2000) • Finalmente, é fundamental que os objetivos e
Exemplo de equipe: o time de futebol, os componentes resultados definidos se constituam em desafios
desta equipe têm objetivos comuns – marcar gols, constantes para o grupo, algo que instigue cada
vencer jogos -, habilidades diferentes (o goleiro, o beque, integrante;
o atacante), uma coordenação (o técnico) e um plano de O desafio de se fazer um grupo e uma equipe perpassa
trabalho (o esquema tático); (PIANCASTELLI, FARIA, pelo aprendizado coletivo da necessidade de uma
SILVEIRA, 200) comunicação aberta, de uma prática democrática que
Quando os grupos são estruturados como uma equipe, permita o exercício pleno das capacidades individuais e
eles são capazes de executar tarefas que os grupos uma atuação mais criativa e saudável. (PIANCASTELLI,
padrão não realizam; eles são mais criativos e eficientes FARIA, SILVEIRA, 200)
na resolução de problemas, produzem mais e melhor, Tutoria
desenvolvem mais autonomia e são mais motivado. A
palavra "equipe" está etimologicamente relacionada ao ato A palavra ‘tutoria’ vem do latim tutari e significa pôr em
de executar tarefas, de compartilhar tarefas entre segurança, proteger, defender, guardar, ser protetor – o
indivíduos – e eles são capazes, como um grupo, de ter que justifica seu uso no sentido de assumir, tutelar
sucesso em alcançar um objetivo desejado. Portanto, alguém, cuidar, zelar por uma pessoa ou um grupo
“equipe” é definida como um grupo de pessoas ligadas (Brutten, 2008). Essas características passaram a
por um objetivo comum (NAVARRO, GUIMARÃES, conceituar a ação do tutor, ou seja, do indivíduo que é
GARANHANI, 2013) encarregado de cuidar, de tutelar alguém. (FRISON, 2012)
Alguns elementos para a transformação de um grupo de A tutoria é considerada, por Roncelii e Gagno (2008), uma
trabalhadores em equipe de trabalho: (PIANCASTELLI, modalidade de trabalho que se configura na relação entre
FARIA, SILVEIRA, 200) colegas, na medida em que um estudante torna-se
responsável por outro, objetivando determinados
• O grupo conseguir vislumbrar vantagens do
aspectos da aprendizagem. Neste sentido, tutor é aquele
trabalho em equipe – complementaridade,
que ‘cuida’ dos aspectos cognoscitivos e ‘ajuda’ os alunos
interdependência e sinergismo das ações – em
a conquistarem autonomia na construção de novos
relação ao trabalho isolado, individual;
conhecimentos. Segundo eles, a tutoria é uma ação
• A disposição de compartilhar objetivos, decisões,
responsável por ‘conduzir’ os educandos à compreensão
responsabilidades e também resultados;
dos conteúdos trabalhados nas disciplinas cujas aulas
frequentam. Portanto, esta estratégia de ensino pode ser

@jumorbeck
exercida nas formas presencial e à distância. (FRISON, ➢ Ofereça feedback aos membros do grupo e
2012) aos tutores;
➢ Complete as tarefas totalmente e no tempo;
O professor como orientador ou mentor ganha
➢ Seja sensível às necessidades de aprendizagem
relevância. O seu papel é ajudar os alunos a irem além de
de outros membros do grupo;
onde conseguiriam ir sozinhos, motivando, questionando,
➢ Interaja com os demais membros do grupo;
orientando. Estudos revelam que quando o professor fala
➢ Assuma a responsabilidade pelo seu processo de
menos, orienta mais e o aluno participa de forma ativa, a
aprendizagem
aprendizagem é mais significativa (BACICH, MORAN, 2018).

Tutor e Aluno
Feedback
As tarefas consideradas pelo tutor em PBL incluem:
(FRISON, 2012) Feedback é uma palavra inglesa que se refere ao
➢ Definir o Clima: criar um ambiente propício para processo de controlar um sistema reinserindo nele os
a aprendizagem auto-dirigida; resultados de seu desempenho ou acontecimento. Na
➢ Tratar os alunos como aprendizes adultos; década de 1940, o conceito de feedback era utilizado por
➢ Promover a cooperação e não a competição engenheiros de foguetes com o intuito de realizar ajustes
no trabalho de grupo; para alcançar objetivos e, desde então, vem sendo
➢ Esclarecer as necessidades de aprendizagem e aplicado em diversos campos. Quando o feedback é
ajudar os alunos a estabelecer objetivos de utilizado para alterar o desempenho e a meta final de
aprendizagem e estabelecer metas; determinada situação ou atividade, ele faz parte e
➢ Projetar um plano de aprendizagem: ajudar os contribui para o processo de aprendizagem. (PEIXOTO,
alunos com planos e estratégias de 2019)
aprendizagem; O feedback é entendido de diferentes formas. Algumas
➢ Envolver-se em atividades de aprendizagem pessoas entendem que o retorno dado durante o
para garantir que os alunos estão no caminho feedback é uma combinação de comentários positivos
correto: estimular a elaboração de informações com críticas construtivas, enquanto outras afirmam que o
e ideias, orientar o processo de aprendizagem, foco do retorno pode estar na observação dos erros
estimular a integração do conhecimento, (PEIXOTO, 2019 apud HUNUKUMBURE; DAS; SMITH,
estimular o aluno de interação e responsabilidade 2017; ARCHER, 2010).
individual, e facilitar a localização de informações.
➢ Os tutores devem atuar como facilitadores nas No contexto de uma aprendizagem ativa, “dar feedback”
sessões PBL para ajudar os alunos a se é enviar mensagens de retorno, com sentido bidirecional,
tornarem solucionadores de problemas, para dos docentes para os estudantes e vice-versa, com a
que eles possam assumir a responsabilidade de finalidade de obter melhorias no processo, normalmente
usar as habilidades desenvolvidas por conta designado na literatura por feedback interativo. (SÁ,
própria. ALVES, COSTA, 2014)

Assim como os tutores, os alunos também devem ter O feedback pode ser formal e informal. O informal é
responsabilidades bem definidas para atuação dentro do normalmente dado de forma oral, em conversa com o
processo de PBL. Abaixo estão listados os principais estudante ou grupo de estudantes. O feedback formal é
pontos de atenção para adequada atuação dos alunos: dado nas avaliações previstas na planificação das
(FRISON, 2012) disciplinas, onde o desempenho dos estudantes pode ser
“medido”. (SÁ, ALVES, COSTA, 2014)
➢ Trate todos os membros do grupo com
respeito; Alguns estudos mostram que o feedback gera
➢ Seja pontual em assistir a todas as sessões; consciência da aprendizagem, pois ele mostra o resultado
➢ Expresse abertamente seus pensamentos e do que foi realizado comparando ao que era pretendido
ideias; naquela atividade. Ele pode incentivar a mudança, estimular
➢ Esclareça e questione suas compreensões; a prática reflexiva, orientar o indivíduo a adotar

@jumorbeck
comportamentos e reforçar repetição do acerto 2012) referem que, dependendo da maneira como o
(PEIXOTO, 2019) feedback é fornecido, podem haver momentos de
conflitos, pois o avaliado pode se sentir insultado ou
Pode-se dizer que um feedback se torna eficaz quando
injustiçado com o feedback recebido, ou podem surgir o
se apresenta assertivo, respeitoso, descritivo, oportuno e
sentimento de descrédito, por dificuldade do provedor do
específico.
feedback em manter uma postura sincera e honesta.
➢ O feedback assertivo, é aquele que descreve os Assim o feedback fornecido de forma construtiva e
impactos e consequências do comportamento positiva previne o conflito, estimula a reflexão crítica do
avaliado utilizando uma comunicação clara, aluno que segue buscando o aperfeiçoamento da sua
objetiva e direta. prática. Docentes e discentes deveriam estar preparados
➢ Respeitoso, é quando acontece de forma para dar e receber feedback, pois ele promove o
compartilhada, ou seja, o professor e o aprendizado, e consequentemente, pode aumentar a
estudante apresentam pontos concordantes que probabilidade para um efetivo desenvolvimento
devem ser trabalhados, respeitando e profissional e mudança da prática. A relevância do tema
entendendo suas opiniões. e sua importância na participação ativa da formação
➢ Ele é descritivo, quando as palavras são isentas médica justificam o presente estudo.
de julgamentos e descrevem um determinado
Artigo : Avaliação do feedback como ferramenta de
comportamento ou ação.
➢ Oportuno, quando é realizado no momento e ensino e aprendizagem em um curso de medicina.
local adequados e de forma reservada.
➢ E específico, quando os comportamentos Os questionários construídos pelas autoras com base na
avaliados são indicados de forma que o literatura revisada sobre o tema, foram desenvolvidos em
estudante entenda e reflita sobre o que foi bem plataforma digital e disponibilizados on-line. Eles foram
desempenhado e o que necessita ser melhorado compostos por assertivas objetivas e incluíram variáveis
(PEIXOTO, 2019 apud ARCHER, 2010; ZEFERINO; como perfil demográfico para caracterização do público
DOMINGUES; AMARAL, 2007; HENDERSON; alvo, perguntas direcionadas para verificar a frequência,
FERGUSON-SMITH JOHNSON, 2005). qualidade do conteúdo e impacto do processo de
feedback, além dos critérios (atenção, cuidado,
Na educação médica, a importância do feedback se objetividade, solicitação, oportunidade, especificidade,
estende além da pedagogia, ou seja, vai além dos direção, afetividade, confirmação, compreensão) mais
contextos da academia, visando à formação política, social, utilizados no provimento dos feedbacks.
ética e intervencionista do futuro médico. O objetivo do
treinamento clínico é a expertise no cuidado dos Com o intuito de dar um melhor sentido aos critérios
pacientes e, se não houver feedback, dificilmente os utilizados no feedback, segue abaixo uma breve
erros serão corrigidos, o bom desempenho não será descrição, que foi utilizada nos questionários, indicando os
reforçado e as competências clínicas podem acabar significados de cada um desses critérios:
segundo o empirismo (PEIXOTO, 2019 apud ENDE, 1983). ➢ Atenção - aquele que faz crítica deve ser um
Portanto, o feedback é um instrumento de motivação e bom ouvinte e deve estar atento às respostas
aprendizagem na avaliação, que funciona como recurso verbais e não verbais de quem as recebe.
para um momento de troca e comunicação entre os ➢ Cuidado - a crítica deve ser feita com máximo
docentes e discentes, e no acompanhamento de de cuidado para ajudar e dar suporte.
crescimento pessoal. (PEIXOTO, 2019) ➢ Objetividade - a crítica deve ter bases claras,
critérios coerentes, descrevendo a situação
O feedback apresenta-se como uma poderosa como foi compreendida.
ferramenta de aprendizagem e, dependendo de como é ➢ Solicitação - o participante que se mostra
realizado, pode ter impactos positivos e/ou negativos na interessado em ouvir críticas estará
performance do aprendiz e na eficácia da promoção ➢ provavelmente mais aberto a identificar as áreas
dessa aprendizagem. (PEIXOTO, 2019) que requerem atenção.
➢ Oportunidade - o retorno será oferecido na
Alguns estudos (PEIXOTO, 2019 apud LEITE;
oportunidade que encontre a pessoa mais
NASCIMENTO;MATTEU, 2018; OLIVEIRA; BATISTA,

@jumorbeck
receptiva e que seu desempenho ainda esteja O presente estudo teve como objetivo geral explorar a
na mente. percepção de estudantes e docentes sobre
➢ Especificidade - a crítica precisa apontar como aprendizagem cooperativa em um currículo médico
um desempenho pode ser potencializado ou baseado em métodos ativos;.
mudado.
Na modalidade quantitativa, caracterizou-se o perfil de
➢ Direção - o retorno deve ser dirigido aos
estudantes e docentes da Faculdade de Medicina de
comportamentos que podem ser mudados.
Marília (Famema) quanto a suas percepções no que
➢ Afetividade - aquele que faz a crítica deve
tange à aprendizagem cooperativa instigada na esfera de
expressar seus sentimentos para que o outro
metodologias ativas de ensino e aprendizagem (ABP e
possa perceber o impacto de seu desempenho.
Problematização) em pequenos grupos na graduação.
➢ Confirmação - deve-se buscar uma confirmação
da percepção sobre um determinado Ao serem indagados se havia contribuição significativa dos
desempenho do participante. outros estudantes em sua aprendizagem nos grupos
➢ Compreensão - deve-se assegurar que o tutoriais e ciclos pedagógicos, a maioria nas quatro séries
participante compreendeu o retorno que foi concordou com esta afirmação.
feito.
Ao se deparar com a proposição que os colocava diante
Participaram dessa pesquisa 200 estudantes, ativos do papel do tutor em sua aprendizagem dentro das
academicamente, de todos os períodos do curso de tutorias, a maioria dos estudantes da primeira série (75%)
graduação de medicina, vigentes no segundo semestre afirmou que considera preponderante o papel do tutor
de 2018 (2, 4, 6, 8, 10 e 12º períodos); e 82 professores no processo tutorial. Na segunda série, 90% consideraram
ativos academicamente nesse curso. essencial. A terceira série teve a menor porcentagem de
concordância (54%), enquanto 71% da quarta série
Entre os estudantes, os cinco critérios que tiveram maior
concordaram. Assim, percebe-se que há valorização do
frequência, sendo considerados muito importantes, foram:
papel do tutor/facilitador.
objetividade (76,5%), cuidado (76,0%), atenção (70%),
especificidade (69,5%) e compreensão (67,5%). De acordo com alguns autores, o tutor poderia ser
Percebe-se também que a afetividade foi o único critério definido como aquele profissional que ensina o estudante
que recebeu nenhuma e pouca importância no a aprender, sendo essencial num pequeno grupo pela sua
provimento do feedback. Porém, o feedback envolve experiência ao aconselhar, guiar e facilitar a construção o
uma dimensão afetiva de particular importância, e quando do conhecimento
a informação dada pelo professor se centra no próprio
estudante, e não no seu desempenho, pode aumentar o O feedback imediato por todos os elementos do grupo
medo do fracasso pelo estudante. Mas, se houver contribui com o desenvolvimento da aprendizagem de
negligência da afetividade, pelo professor, os estudantes todos.
podem minimizar seus esforços, evitando os riscos das Quanto à proposição segundo a qual no pequeno grupo
tarefas desafiadoras. Além disso, alguns autores afirmam percebiam mais cooperação do que competição, na
que, o bom professor deve demonstrar competência primeira série, 37% concordaram; na segunda série, 54%
pedagógica, científica, e nas relações de afeto entre concordaram; na terceira série,61% concordaram; e na
aluno-professor. quarta série, 67% concordaram. Parece que no primeiro
A forma como o estudante recebe o feedback influencia ano ainda trazem fortemente em suas atitudes a
no sucesso do seu objetivo. Receber o feedback de competição, talvez porque tenham acabado de sair do
maneira adequada requer maturidade, honestidade e vestibular, e, portanto, a experiência com os métodos
compromisso com o objetivo de melhorar suas facilita a cooperação entre eles. Segundo meta-análise de
habilidades clínicas. Albanese1 realizada para avaliar os efeitos da
aprendizagem cooperativa em comparação com a
Artigo: Aprendizagem Cooperativa e a Formação do aprendizagem competitiva, ações cooperativas
Médico Inserido em Metodologias Ativas: um olhar de trouxeram maiores benefícios na resolução de problemas
estudantes e docentes (72,5%)

@jumorbeck
A cooperação pode promover habilidades importantes na p.45-50, 2000. Disponível em:
formação do médico com melhor desenvoltura para https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/si
questões psicossociais. mples/O%20TRABALHO%20EM%20EQUIPE/
Johnsonet al.7 propõem cinco componentes básicos para NAVARRO, ADRIANA SANTANA DE SOUZA;
serem incorporados ao processo de ensino e GUIMARÃES, RAPHAELLA LIMA DE SOUZA;
aprendizagem para que haja aprendizagem cooperativa, GARANHANI MARA LÚCIA. Trabalho em equipe: o
tendo o professor como facilitador nesse processo. São significado atribuído por profissionais da estratégia da
eles: interdependência positiva, responsabilidade individual família. Revista Mineira de Enfermagem, vol. 1, nº 17,
e grupal, interação face a face, habilidades interpessoais e páginas: 69-75, janeiro-março 2013. Disponível em:
grupais para manter um ambiente adequado ao http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/579
aprendizado, e avaliação grupal.
BACICH, LILIAN; MORAN JOSÉ. Metodologias ativas para
Vega Vacaet al destacam em seu trabalho que a uma educação inovadora: uma abordagem téorico-
aprendizagem cooperativa traz vários benefícios num prática. Porto Alegre: Penso, 2018 e-PUB. Disponível em:
contexto de trabalho em pequenos grupos: aumenta o https://curitiba.ifpr.edu.br/wp-
rendimento, motivação e autoestima dos estudantes content/uploads/2020/08/Metodologias-Ativas-para-uma-
frente à aprendizagem individualista, desenvolve atitudes Educacao-Inovadora-Bacich-e-Moran.pdf
mais positivas em relação à aprendizagem e aos
FRISON, LOURDES MARIA BRAGAGNOLO. Tutoria entre
docentes, favorece a aceitação dos companheiros e
estudantes: uma proposta de trabalho que prioriza a
desenvolve interdependência positiva.
aprendizagem. Revista Portuguesa de Educação, vol. 25,
Estas percepções de aprendizagem mútua entre núm. 2, 2012, pp. 217-240 Disponível em:
professores e estudantes também são encontradas no https://revistas.rcaap.pt/rpe/article/view/3008
estudo de Freitas et al.16, ao afirmarem que a relação
CONCEIÇÃO, CAIO V.; MORAES, MAGALI Aparecida
existente entre eles permite a troca de saberes, sendo
Alves. Aprendizagem Cooperativa e a Formação do
condição indispensável ao processo ensino-
Médico Inserido em Metodologias Ativas: um olhar de
aprendizagem, o que dinamiza o processo educativo e
Estudantes e Docentes. Revista Brasileira de Educação
lhe dá sentido.
Médica, vol. 2, nº 42, páginas: 115-122, 2018.
Em suma, com base no entendimento de docentes e
PEIXOTO, MARISA COSTA. Avaliação do feedback como
estudantes, concluiu-se que a aprendizagem cooperativa
ferramenta de ensino e aprendizagem em um curso de
é eficaz em pequenos grupos e que traz benefícios
medicina. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal
sociais, cognitivos e psicomotores, sendo favorecida no
de Uberlândia, 2019.
âmbito de metodologias ativas e com a educação
permanente, a qual, se implementada de maneira incisiva, SÁ, SUSANA OLIVEIRAA; ALVES, MARIA PALMIRA;
pode gerar ferramentas úteis ao processo de ensino e COSTA, ANTÔNIO PEDRO. O contributo do feedback na
aprendizagem. avaliação das aprendizagens no ensino superior. Atas
Investigação Qualitativa em Educação, vol. 1, páginas 229-
Referências
233,2014
COHEN, ELIZABETH G.; LOTAN, RACHEL A. Planejando
o Trabalho em grupo: Estratégias para Salas de Aula
Heterogêneas. 3º edição. Editora Penso, 2017.
HARDINGHAM ALISON. Trabalho em equipe. São Paulo,
Novel, 2000.
PIANCASTELLI, Carlos Haroldo; FARIA, Horácio Pereira
de; SILVEIRA, Marília Rezende da . O trabalho em equipe.
In: BRASIL. Ministério da Saúde. Organização do cuidado a
partir de problemas: uma alternativa metodológica para a
atuação da Equipe de Saúde da Família. Brasília: OPAS,

@jumorbeck
Ética no Trabalho em Equipe Dentro de uma organização existem pessoas diferente,
desta maneira os valores individuais que um colaborador
Ética e moral são conceitos filosóficos que, apesar da possui nem sempre será compatível com os valores de
estreita relação que mantêm com o comportamento em outros. Os relacionamentos e conflitos no ambiente de
sociedade, possuem significados distintos. A moral está trabalho, por vezes, são provocados por valores éticos
baseada em costumes e convenções estabelecidas por não cumpridos. Esse não é um fenômeno novo e
cada grupo. Por sua vez, a ética se vincula ao estudo e à tampouco será extinto (SOUZA et al., 2018 apud NEME,
aplicação desses valores e princípios no âmbito das 2008)
relações humanas. (CEEM, 2018)
A sociedade precisa entender que a ética é insubstituível
Desde o início da civilização o homem necessitou da para a boa conduta no ambiente de trabalho. É ela que
vivencia em grupo, formando a sociedade, sendo que em age no íntimo do indivíduo para que este vise o bem
cada momento histórico foram criados padrões de comum (SOUZA et al., 2018 apud LISBOA, 1997)
comportamentos que demonstram os valores de cada
sujeito de acordo com sua cultura e história, Tentar ser imparcial, nunca culpar os colegas, não
demonstrando em suas ações a sua própria ética (SOUZA provocar fofocas, evitar discussões públicas e conversar
et al., 2018 apud CORTELLA, 2015). no ambiente particular para esclarecer qualquer problema.
Esses são alguns valores que são exigidos para que se
Etimologicamente, ética vem do grego “ethos’ e significa mantenha uma postura ética (SOUZA et al., 2018 apud
modo de ser, caráter, conduta. A grande diferença entre SILVA, 2010)
ética e moral é que, para funcionar, a moral precisa ser
imposta, enquanto a ética deve ser inerente ao indivíduo, A educação também independe de hierarquia de trabalho.
apreendida e incorporada por ele. A moral é imposta, a As empresas devem assumir papel de responsáveis pelos
ética, percebida. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA cumprimentos da ética, e isso só é possível caso os
MÉDICA 8ª EDIÇÃO) gestores demonstrem postura ilibada perante seus
funcionários (SOUZA et al., 2018 apud CORTELLA, 2015).
Uma preocupação e uma justificativa para o estudo da
ética é o fato de que na medicina repousam os valores Ética profissional trata dos direitos e dos deveres, dos
mais altos da humanidade. Tem o poder de dar e tirar a profissionais, através da mesma é que são criados os
vida, lutar por ela e deixar morrer, ajudar e destruir códigos éticos de cada profissão. Assim, os Códigos de
pessoas. Em outras palavras: tudo que existe na ciência Ética Profissional (Camargo,1999) “estruturam e
médica pode ser usado para o bem ou para o mal. A sistematizam as exigências no tríplice plano de orientação,
decisão pelo bem ou pelo mal é ditada pelos princípios disciplina e fiscalização”. Estabelecendo parâmetros
que formam as bases do trabalho de um médico. (PORTO variáveis e relativos que demarcam o piso e o teto dentro
& PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO) dos quais a conduta pode ou deve ser considerada regular
sobe o ângulo ético. (MARTINS, GABRIEL, 2012)
A ética profissional pode ser definida como valores,
normas e de relacionamentos manifestados no ambiente Deve-se respeitar a dignidade humana, os direitos dos
de trabalho. Adotar uma postura ética é construir boas seres humanos e as liberdades fundamentais. Os pilares
relações com colegas, chefes e subordinados, o que do conhecimento aprender a viver juntos e aprender a
contribui para as rotinas de trabalho funcionarem em viver com os outros representam um dos maiores
ordem, fortalecendo rendimentos produtivos e a imagem desafios da educação. (MENEZES et. al, 2017)
da organização frente àqueles que se interessam por ela. Código de Ética do Estudante de Medicina
Desta forma, ser ético é agir de maneira a não desviar
dos padrões convencionais da sociedade, sem trazer Princípios fundamentais:
prejuízos às outras pessoas. (SOUZA et al., 2018) V - O estudante de medicina guardará absoluto respeito
pelo ser humano e atuará sempre em benefício deste
Em se tratando de ética no trabalho, o filósofo Mario com prudência, apresentando-se condignamente,
Sérgio Cortella (2015) afirma que “é necessário cuidar da cultivando hábitos e maneiras que façam ver ao paciente
ética para não anestesiarmos a nossa consciência e o interesse e o respeito de que ele é merecedor. Jamais
começarmos a achar que tudo é normal. (SOUZA et al., utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico
2018) ou moral, para o extermínio do ser humano ou para

@jumorbeck
permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e empírica, depois de atenta reflexão sobre o cotidiano; em
integridade. geral, estas permanecem dispostas dentro de um
ordenamento semelhante a um código no qual são
XII - O estudante terá, para com os colegas, respeito, utilizadas expressões imperativas, tais como “é vedado”,
consideração e solidariedade, sem se eximir de apontar “deve” (Código de Ética Médica). (PORTO & PORTO,
aos seus responsáveis (professores, tutores, preceptores, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
orientadores) atos que contrariem os postulados éticos
A crítica maior aos Códigos de Deontologia é o fato de
previstos neste Código.
que são elaborados apenas com a participação dos
Eixo 6 - Relação do Estudante com a Equipe profissionais da área, sem que sejam ouvidos os reais
Multiprofissional: beneficiários, ou seja, os cidadãos, a quem se propõe
proteger. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª
Art. 42: O estudante de medicina deve relacionar-se de
EDIÇÃO)
maneira respeitosa e integrada com estudantes de
diferentes graduações, buscando fomentar, desde o início A bioética é a parte da ética que enfoca as questões
de sua formação, o trabalho em equipe. referentes à vida humana e, portanto, à saúde. A bioética
possui quatro princípios: beneficência, não maleficência,
Art. 44: O estudante de medicina deve alertar, de forma
autonomia e justiça. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA
respeitosa, qualquer profissional de saúde quando
MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
identificada alguma situação que julgue oferecer risco
potencial à segurança do paciente. A conduta do médico deve ser resultado de qualidades
humanas e preparo técnico, ao lado de uma ordenação
Código de Ética do Estudante de Medicina de princípios, representados pelo Código de Ética, bem
como os direitos e deveres estabelecidos na legislação do
Os primeiros relatos de princípios éticos inerentes à
país. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª
profissão médica são atribuídos à Hipócrates quatro
EDIÇÃO)
séculos antes da era cristã . O juramento de Hipócrates é
até hoje referência para a conduta médica e contém O ensino da ética médica, da bioética e das humanidades
preceitos éticos fundamentais à prática da medicina, no curso de medicina é de extrema importância, pois na
como filantropia, não maleficência, justiça e graduação o estudante constrói as bases de sua futura
confidencialidade. (YAMAKI et. al, 2014) relação médico-paciente. Durante essa construção, além
de uma formação humanística plural, é necessário o
definido no próprio juramento hipocrático: Tudo aquilo
estabelecimento de regras claras de direitos e deveres
que tenha ou não relação com a prática da minha
dos acadêmicos para com seus pares, professores e
profissão, ver ou ouvir da vida dos homens que não deva
pacientes. (LISBOA; LINS, 2014)
ser divulgado, não divulgarei, respeitando tudo aquilo que
deva ficar em segredo. (YAMAKI et. al, 2014) A importância de um código de ética para estudantes de
medicina vai além do estímulo à prevenção do exercício
Os autores da ética profissional utilizam com frequência o
ilegal da medicina por estudantes, incidindo também na
conceito de deontologia, originado da palavra grega deón
humanização do futuro médico, que por meio deste
[o que é conveniente] e logia [conhecimento]. O pensador
instrumento absorverá os princípios e diretrizes voltados
Jeremy Benthan introduziu este termo com o seguinte
ao exercício cidadão da medicina. (LISBOA; LINS, 2014)
sentido: os estudos das obrigações morais do indivíduo no
seio de sua comunidade (Alcântara, 1979). (PORTO & Código de Ética do Estudante de Medicina
PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
Princípios fundamentais:
A deontologia é o conjunto de regras, fruto da tradição, IX - O estudante guardará sigilo a respeito das
que indicam como deverá comportar-se o indivíduo na informações obtidas a partir da relação com os pacientes
qualidade de membro de um grupo social determinado. e com os serviços de saúde
(PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
Eixo 5: Relação do Estudante com a sociedade
A moral deontológica é na realidade uma ética aplicada
Art. 39 – É dever do estudante de medicina agir de forma
que orienta uma dada profissão. Suas normas são
solidária e respeitosa com as pessoas, a instituição e as
estabelecidas pelos próprios profissionais, de maneira

@jumorbeck
normas vigentes, valorizando atitudes e medidas que O prontuário do paciente possui a característica de
beneficiem o crescimento coletivo. documento sigiloso, pessoal, privado e confidencial, pois
em seus registros constam informações pessoais do
Prontuário Médico paciente, tais como: sua identificação completa, sexo,
filiação, naturalidade e endereço, assim como, seus
Em relação à história dos prontuários, o reconhecimento exames e os respectivos resultados, hipóteses
da importância do registro exato das informações do diagnósticas, diagnóstico e tratamento. Nele estão
paciente, registradas em seu prontuário, aconteceu a registradas todas as informações pessoais referentes aos
partir da institucionalização da Medicina Científica por cuidados médicos e serviços prestados ao paciente,
Hipócrates, no século 5 a.C. que refletia de maneira exata informações a respeito da sua saúde, e a sua intimidade
o curso da doença e indicava as suas possíveis causas física e mental. (TONELLO, NUNES, PANARO, 2013)
(TONELLO, NUNES, PANARO, 2013 apud PINTO, 2006).
Todo atendimento, por mais simples que seja, deve ser
Baseado em anotações médicas, Hipócrates conseguiu registrado na ficha clínica ou no prontuário médico, uma
assinalar e descrever muitos sinais e sintomas de vez que é impossível guardar na memória as queixas, o
enfermidade, e enfatizou a importância do registro diagnóstico e as prescrições terapêuticas de todos os
cuidadoso dessas anotações. O objetivo desse cuidado era pacientes, e para que com isso o médico se resguarde
reunir informações, que auxiliassem na reflexão e estudo legal e eticamente. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA
acerca do desenvolvimento da doença, indicando as MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
prováveis causas e mediante análises e comparações e
empírica buscar a melhor forma de tratá-las. (TONELLO, A incoerência dos relatos clínicos, que se constrói a partir
NUNES, PANARO, 2013) da não disposição dos fatos em ordem cronológica, da
não fixação dos médicos em unidades de atenção
O prontuário é um documento que pertence ao paciente, primária, que resulta na constante renovação de
mas fica sob a guarda do médico e/ou da instituição, profissionais, bem como da ilegibilidade dos dados, facilitam
podendo o paciente fotocopiá-lo. É o principal a descontinuidade do cuidado. Além disso, o
instrumento de defesa dos profissionais médicos quando preenchimento inadequado, ilegível ou a omissão de
há algum tipo de questionamento de natureza ética, civil, informações nos prontuários médicos ferem os direitos
administrativa ou criminal. Além disso, servem de suporte dos usuários – mais especificamente, o de ter suas
à pesquisa, ao ensino e ao gerenciamento dos serviços “histórias clínicas preservadas e documentadas”.
de saúde, e são também um documento legal dos atos (FERNANDES et. al, 2019)
médicos.(PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª
EDIÇÃO) Por outro lado, o registro adequado das informações
sociodemográficas pelos profissionais da atenção primária,
De acordo com o Parecer CFM no 30/02, aprovado em associado à realização de pesquisas científicas acerca do
10/07/02, “o prontuário do paciente é o documento único perfil clínico-epidemiológico de determinada comunidade,
constituído de um conjunto de informações registradas, permite o correto estudo da realidade local, a adequação
geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações dos protocolos e programas, bem como a correta
sobre a saúde do paciente e a assistência prestada a ele, “alocação dos recursos materiais e humanos” investidos
de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a pelos serviços de saúde, aumentando o grau de eficiência
comunicação entre membros da equipe multiprofissional do atendimento. (FERNANDES et. al, 2019)
e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”.
.Os prontuários em papel são os mais tradicionais. Todavia,
Sua importância é demonstrada no artigo 69º do Código esse tipo de documento é exposto aos riscos de quebra
de Ética Médica e no artigo 1º da Resolução 1.638 do de privacidade e de extravio. Existe, também, dificuldade
Conselho Federal de Medicina (CFM), em que “o médico para a recuperação de informações importantes para
assume o dever de elaborá-lo para cada paciente”, no tomada de decisão e/ou as que devem ser
intuito de valorizar as individualidades e prestar uma compartilhadas entre os profissionais de saúde e com os
atenção baseada na subjetividade. (FERNANDES et. al, pacientes, além de necessitarem de espaço físico para
2019) seu arquivamento.

@jumorbeck
Há inúmeros modelos de fichas e de prontuários, mas A principal barreira para informatizar o arquivo médico
todos eles devem reservar espaço para identificação do está relacionada à educação dos profissionais de saúde
paciente, história clínica, exame físico, diagnóstico, que interagem com o prontuário. (PORTO & PORTO,
prescrições terapêuticas e seguimento do paciente. É SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
necessário abrir um item para as anotações de exames
Apesar das dificuldades relatadas, acredita-se que é de
complementares. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA
suma importância a utilização de sistemas de informação
MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
que incluam o prontuário eletrônico no âmbito do sistema
O Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) de saúde, a fim de identificar os usuários, facilitar a gestão
dos serviços, a comunicação e o compartilhamento das
Vantagens: Acesso mais rápido ao histórico de saúde do
informações em um país com dimensões continentais e
paciente e as suas consultas e intervenções prévias;
imensa diversidade cultural. (PORTO & PORTO,
disponibilidade remota; uso simultâneo por diversos
SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO)
serviços e profissionais de saúde; legibilidade das
informações; fim da redigitação das informações; Código de Ética do Estudante de Medicina
integração com outros sistemas de informação;
Eixo 3 - Relações Interpessoais do Estudante:
processamento contínuo dos dados; informações
Art. 31: O estudante de medicina deve escrever de forma
organizadas de maneira mais sistemática; inexistência da
correta, clara e legível no prontuário do paciente.
possibilidade de extravio das fichas; controle do fluxo de
pacientes nos serviços de saúde; solicitação e verificação
Art. 32: O estudante de medicina deve manusear e
de exames complementares e de medicamentos; mais
manter sigilo sobre informações contidas em prontuários,
agilidade; melhora da qualidade no preenchimento dos
papeletas, exames e demais folhas de observações
prontuários; evita deterioração, perda e alteração das
médicas, assim como limitar o manuseio e o
informações. (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA
conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas
8ª EDIÇÃO)
a sigilo profissional
No âmbito da saúde pública, os registros atualizados
continuamente em níveis municipal, estadual e nacional Artigo: Avaliação da qualidade de prontuários médicos de
podem apoiar a definição de políticas públicas e regular uma Unidade Básica de Saúde: Desafio para
as demandas entre os três níveis de atenção (primária,
caracterização do perfil epidemiológico dos usuários
secundária e terciária). (PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA
MÉDICA 8ª EDIÇÃO) atendidos

Desvantagens: Necessidade de grandes investimentos em Trata-se de um estudo descritivo e observacional em que


hardware e software com atualizações frequentes; os dados, retrospectivos, foram coletados de prontuários
treinamentos dos usuários; resistência dos profissionais de médicos dos pacientes atendidos no Centro de Saúde Dr.
saúde ao uso de sistemas informatizados; receio dos Ruy Pimenta Filho no período de 1 de janeiro a 30 de abril
profissionais em expor suas condutas clínicas, uma vez de 2015.
que o PEP pode ser visto por outros colegas; o sistema Dos 2.000 prontuários analisados, em 1.075 (53,7%)
pode ficar inoperante por horas ou dias, tornando as prontuários, o diagnóstico se encontrava ausente, ilegível
informações indisponíveis; demora para coleta de todos ou apresentava sintomatologia como diagnóstico., ou seja,
os dados obrigatórios; seu uso e acesso indevidos podem no Centro Ruy Pimenta, 53,7% dos prontuários
colocar a questão da confiabilidade e segurança das apresentaram diagnóstico preenchido de modo incorreto,
informações do paciente. Outra desvantagem apontada ilegíveis, ausentes ou com sintomatologia como
está relacionada ao impacto na relação médico-paciente, diagnóstico.
uma vez que o sistema pode reduzir o contato “olho no
olho” e também aumentar o tempo de trabalho dos A ausência e ilegibilidade das hipóteses diagnósticas, bem
profissionais, uma vez que costumam exigir o como a adoção de sintomatologias e procedimento
preenchimento de uma quantidade maior de informações. (curativos e medicação) como diagnóstico evidencia o
(PORTO & PORTO, SEMIOLOGIA MÉDICA 8ª EDIÇÃO) comprometimento da qualidade de preenchimento dos
prontuários, uma vez que apenas 30,7% foram
preenchidos corretamente no campo diagnóstico.

@jumorbeck
Referências

SOUZA, ADRIENE A.; SOBREIRA, ALINE L. PAIXÃO;


CLAUDIO, EDINEIA A.; GUEDES, SIDILENE A. P.;
BARBOSA, VICTÓRIA M. A. P. A. Ética nas relações de
trabalho. Caderno de Propostas de Pesquisa, CAPES,2018,
Minas Gerais.
MARTIN, ÉRIKA B.; GABRIEL, KAREN. A importância da
ética nas relações de trabalho. Trabalho de Conclusão de
Curso a Graduação em Tecnologia em Recursos Humano
da Faculdade de Pindamonhangaba, 2012.
PORTO, CELMO C.; PORTO, ARNALDO L.. Semiologia
Médica. 8ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
MENEZES, MÁRCIA M.; MAIA, LUCIANA C.; ROCHA,
CAROLINA U., SAMPAIO, CRISTINA A., COSTA, SIMONE
M. Conflitos Éticos Vivenciados por Estudantes de
Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica. Vol. 1, nº
41, páginas: 162-169, 2017.
LISBOA, LARISSA; LINS LILIANE. Código de ética do
estudante de medicina: uma análise qualitativa. Revista
Bioética. Vol. 22, nº 1, páginas 182-190,2014.
YAMAKI, VITOR N.; TEIXEIRA, RENAN K. C.; OLIVEIRA,
JOÃO P. S.; YASOJIMA, EDSON Y.; SILVA, JOSÉ A. C.
Sigilo e confidencialidade na relação médico-paciente:
conhecimento e opinião ética do estudante de medicina.
FERNANDES et. al. Avaliação da qualidade de prontuários
médicos de uma Unidade Básica de Saúde: Desafio para
caracterização do perfil epidemiológico dos usuários
atendidos. Revista Médica de Minas Gerais, 2019.
TONELLO, IZÂNGELA M. S.; NUNES, RISIA M. S.;
PANARO, ALINE P. Prontuário do Paciente: A questão do
sigilo e a lei de acesso à informação. 2013
Código de Ética do Estudante de Medicina. Conselho
Federal de Medicina, Brasília, 2018.

@jumorbeck
Células
As células são as unidades funcionais e estruturais dos monoméricas se podem despolimerizar e polimerizar
seres vivos. novamente, de modo reversível e dinâmico, o que explica
as modificações de sol para gel, e vice-versa, observadas
Procarionte x Eucarionte no citoplasma. Quando despolimerizadas (separadas umas
das outras), as moléculas das proteínas actina e tubulina
A microscopia eletrônica demonstrou que existem
conferem maior fluidez ao citosol. Quando polimerizadas
fundamentalmente duas classes de células: os
em microfibrilas e microtúbulos, conferem a consistência
procariontes (pro, primeiro, e cario, núcleo), cujos
de gel à região citoplasmática em que se encontram.
cromossomos não são separados do citoplasma por
(JUNQUEIRA, 9ª ed.)
membrana, e as eucariontes (eu, verdadeiro, e cario,
núcleo), com um núcleo bem individualizado e delimitado
pelo envoltório nuclear. (JUNQUEIRA, 9ª ed.)

Membrana PlasmÁtica
A membrana plasmática, ou plasmalema, é a estrutura
Célula Eucarionte celular que estabelece o limite entre os meios intra e
extracelulares. Uma função importante dessa membrana
As células eucariontes apresentam duas partes
é a manutenção da constância do meio intracelular, cuja
morfologicamente bem distintas – o citoplasma e o
composição é diferente da do líquido extracelular. Apesar
núcleo –, entre as quais existe um trânsito constante de
da existência desse limite, existe grande interação entre
moléculas diversas, nos dois sentidos. O citoplasma é
o interior da célula e as moléculas extracelulares.
envolvido pela membrana plasmática, e o núcleo, pelo
envoltório nuclear. (JUNQUEIRA, 9ª ed.) As unidades de membrana são bicamadas lipídicas
formadas principalmente por fosfolipídios e que contêm
Citoplasma X CITOSOL
uma quantidade variável de moléculas proteicas, mais
O citoplasma das células eucariontes contém as organelas, numerosas nas membranas com maior atividade funcional
como mitocôndrias, retículo endoplasmático, aparelho de (as proteínas são responsáveis pela maioria das funções
Golgi, lisossomos e peroxissomos. O conceito de organela da membrana). (JUNQUEIRA, 9ª ed.)
não é bem definido; varia um pouco de um autor para
As membranas celulares são compostas principalmente
outro. Além das organelas, o citoplasma pode apresentar
por lipídios e por proteínas. A maior parte dos lipídios se
depósitos de substâncias diversas, como grânulos de
organiza em duas camadas de moléculas de fosfolipídios.
glicogênio e gotículas lipídicas. Preenchendo o espaço
Estes, em meio aquoso, espontaneamente se organizam
entre as organelas e os depósitos, também chamados
em bicamadas sem gasto de energia. Os grupamentos
inclusões, encontra-se a matriz citoplasmática ou citosol.
não polares (hidrofóbicos) dos fosfolipídios se situam no
(JUNQUEIRA, 9ª ed.)
centro da membrana, e os seus grupamentos polares
O citosol contém água, íons diversos, aminoácidos, (hidrofílicos) se localizam nas duas superfícies da
precursores dos ácidos nucleicos, numerosas enzimas. O membrana, expostos aos ambientes em que existe água.
citosol contém microfibrilas, constituídas de actina, e Além dos fosfolipídios, as membranas celulares contêm
microtúbulos, constituídos de tubulina, cujas unidades outros lipídios, como glicolipídios e colesterol.

@jumorbeck
totalmente e são denominadas proteínas
transmembrana. Algumas proteínas
transmembrana atravessam a membrana uma
única vez, enquanto outras têm cadeias longas
e dobradas, que atravessam a membrana
O folheto externo da bicamada lipídica da membrana diversas vezes. Por isso, as proteínas
plasmática apresenta muitas moléculas de glicolipídios, transmembrana podem ser classificadas em
com as porções glicídicas se projetando para o exterior proteínas de passagem única e proteínas de
da célula. As porções glicídicas dos glicolipídios se juntam passagem múltipla.
porções glicídicas das proteínas da própria membrana, As proteínas transmembrana exercem funções muito
mais glicoproteínas e proteoglicanos secretados, que são importantes na célula: algumas agem como poros
adsorvidos pela superfície celular para formar um funcionais por onde transitam íons e moléculas, e outras
conjunto denominado glicocálice. Assim, o glicocálice é agem como receptores.
uma projeção da parte mais externa da membrana, com
apenas algumas moléculas adsorvidas, e não uma camada As proteínas que fazem parte da membrana são
inteiramente extracelular, como se pensou inicialmente. sintetizadas no retículo endoplasmático granuloso,
(JUNQUEIRA, 9ª ed.) modificadas no complexo de Golgi e transportadas para a
superfície celular em membranas de vesículas de
O glicocálice participa do reconhecimento entre células e transporte.
da união das células umas com as outras e com as
moléculas extracelulares. As proteínas podem deslizar ao longo do plano da
membrana porque a bicamada lipídica é fluida. Conjuntos
de moléculas lipídicas e proteicas chamados lipid rafts
(jangadas lipídicas) flutuam na superfície da membrana e
podem se deslocar ao longo dela. A distribuição das
proteínas espalhadas em mosaico na bicamada lipídica da
membrana plasmática constitui o modelo do mosaico
fluido para as membranas celulares.

As proteínas representam aproximadamente 50% do


peso da membrana plasmática, percentual que varia muito
nas membranas do interior da célula. As moléculas
proteicas podem ser classificadas em dois grupos:
➢ Proteínas periféricas: estão fracamente
associadas à membrana e podem ser extraídas
com certa facilidade por meio de soluções
salinas. Essas proteínas se ancoram de diversas
Transporte de substÂncias atravÉs da membrana
maneiras na bicamada lipídica: por interação com
porções hidrofóbicas da membrana, por ligações plasmÁtica:
covalentes ou por diversos tipos de âncoras, A troca de substâncias entre as células e o meio
como, por exemplo, por meio do extracelular ocorre através da membrana. Moléculas
glicosilfosfatidilinositol (GPI) – âncora GPI. pequenas apolares e gases podem se difundir através
➢ Proteínas integrais: são proteínas fortemente dela. Moléculas maiores e íons necessitam de mecanismos
ligadas a moléculas da membrana e só podem específicos para atravessá-la. Para o transporte, alguns
ser extraídas por tratamentos drásticos, como, desses mecanismos utilizam gradientes de concentração
por exemplo, pelo uso de detergentes. A maioria entre um e outro lado da membrana.
dessas proteínas atravessam a bicamada

@jumorbeck
Transporte individual de Íons e pequenas molÉculas:
Muitas substâncias atravessam a membrana de um
ambiente onde elas estão mais concentradas para um
ambiente em que estão menos concentradas. Esse
transporte não requer consumo de energia e é
denominado transporte passivo. Ocorre por meio de
proteínas transmembrana chamadas proteínas
carreadoras ou transportadoras. Em muitas células, o
transporte de água é otimizado pela ação de moléculas
transportadoras especializadas, denominadas aquaporinas. Transporte de substÂncias em quantidades maiores:
A passagem em bloco de macromoléculas pela
membrana, assim como a passagem de partículas (p. ex.,
microrganismos), ocorre por processos que envolvem
modificações na membrana plasmática visíveis por
microscopia óptica ou eletrônica. A entrada na célula de
material em quantidade denomina-se endocitose. Há três
variedades principais de endocitose: pinocitose de fase
fluida, endocitose mediada por receptores e fagocitose.
Íons, como Na+, K+ e Ca2+, podem atravessar a Pinocitose de fase fluida: A pinocitose de fase fluida é
membrana plasmática através de poros ou canais praticada por inúmeros tipos celulares. Caracteriza-se pela
constituídos por proteínas transmembrana. Esse tipo de formação de pequenas invaginações da membrana, que
transporte frequentemente ocorre contra um gradiente envolvem o fluido extracelular e as substâncias nele
de concentração, de um ambiente pouco concentrado contidas. As vesículas de pinocitose, também
para um ambiente muito concentrado, ambos separados denominadas vesículas de endocitose, têm cerca de 80
por membrana. Por esta razão, esse tipo de transporte nm de diâmetro e se destacam da membrana, sendo
consome energia. É chamado de transporte ativo, e a conduzidas através do citoplasma pela atividade de
energia usada para o transporte está geralmente contida proteínas motoras associadas ao citoesqueleto. O destino
em moléculas de ATP. As proteínas envolvidas em das vesículas é variável.
transporte ativo são também chamadas bombas (p. ex.,
bomba de sódio-potássio). Endocitose mediada por receptores: Enquanto a
pinocitose de fase líquida é um processo inespecífico, em
muitos casos o transporte para o interior da célula tem
caráter específico. É um mecanismo do qual participam
receptores de membrana, denominado endocitose
mediada por receptores. A ligação entre um receptor de
As proteínas transportadoras podem transportar apenas membrana com seu ligante específico ativa moléculas do
um tipo de íon ou molécula em uma direção (uniporter) citoesqueleto; caso os receptores estejam afastados
ou dois tipos de moléculas na mesma direção (simporter). entre si, eles são movimentados ao longo da bicamada
Em certas situações, íons são trocados através da lipídica, concentrando-se em pequena área da membrana,
membrana, isto é, enquanto um íon sai da célula, onde se forma uma reentrância chamada fosseta.
simultaneamente entra outro pelo mesmo transportador.
Esse tipo de transporte em direções opostas é
denominado antiporter.

@jumorbeck
Exocitose é um processo equivalente à endocitose,
porém na direção oposta – transporte de dentro para
fora da célula. Exocitose consiste na fusão de vesículas
citoplasmáticas; por exemplo, vesículas de transporte e
grânulos de secreção, com a membrana plasmática
seguida pela expulsão do conteúdo da vesícula para o
exterior. A exocitose é um processo complexo e
depende de proteínas fusogênicas que facilitam a fusão
entre as vesículas e os grânulos de secreção com a
membrana plasmática. A endocitose retira porções de
membrana da superfície. Pela fusão da membrana da
vesícula de exocitose com a membrana plasmática,
porções de membrana retornam à membrana plasmática,
formando-se um fluxo de membrana que recompõe a
Muitas vesículas de endocitose se fundem com os superfície total de membrana da célula.
endossomos, vesículas situadas tanto nas proximidades da
superfície celular (endossomos jovens) como mais Recepção de sinais pela membrana plasmática: A
profundamente (endossomos maduros). Em conjunto, os membrana plasmática atua como local de recepção de
endossomos formam o sistema endossômico da célula. Os sinalização que chega à célula sob a forma de substâncias
endossomos maduros frequentemente se fundem com solúveis situadas no meio extracelular. Essas substâncias
pequenos lisossomos, dando início à digestão do material ou agem como ligantes que reconhecem e se ligam a
endocitado. receptores de superfície ou se difundem pela membrana
e se ligam a receptores intracelulares. Denominam-se
Fagocitose: Alguns tipos celulares, como os macrófagos células-alvo as células que têm receptores para um
e os neutrófilos, são especializados em englobar e destruir determinado sinal.
bactérias, fungos, protozoários, células lesionadas,
partículas orgânicas ou inertes e fragmentos de matriz MITOCÔNDRIAS
extracelular. As células emitem prolongamentos em
forma de lâminas, chamados pseudópodos, que se As mitocôndrias são organelas esféricas ou alongadas,
estendem em torno do material a ser fagocitado. As medindo de 0,5 a 1,0 µm de largura e até 10 µm de
bordas dos pseudópodos se fundem e acabam por comprimento. Sua distribuição na célula varia, tendendo a
englobar o material em um vacúolo que se destaca da se acumular nos locais do citoplasma em que o gasto de
membrana e é transportado para o interior da célula, energia é mais intenso.
constituindo o fagossomo. De modo geral, o tamanho do São constituídas por duas membranas, entre as quais se
material a ser englobado é maior que 0,5 µm. localiza o espaço intermembranoso. O compartimento
delimitado pela membrana interna contém a matriz
mitocondrial. A membrana interna emite projeções para

@jumorbeck
o interior da matriz, chamadas cristas mitocondriais. Na A acetil-CoA combina-se com o ácido oxalacético para
maioria das mitocôndrias, as cristas são achatadas, formar ácido cítrico, dando início ao ciclo do ácido cítrico
assemelhando-se a prateleiras. As cristas aumentam a (ciclo de Krebs). Nesse ciclo energético, há várias reações
superfície da membrana interna da mitocôndria e contêm de descarboxilação que produzem CO2 e quatro pares
as enzimas e outros componentes da cadeia de de H+ que são removidos por reações específicas
fosforilação oxidativa e do sistema transportador de catalisadas por desidrogenases. Os íons H+ reagem com
elétrons. oxigênio para formar H2O. Pela atividade dos citocromos
a, b e c, da coenzima Q, e da citocromo oxidase, o
sistema transportador de elétrons, localizado na
membrana mitocondrial interna, libera energia, que é
capturada para formar ATP, a partir de difosfato de
adenosina (ADP) e fosfato inorgânico. Em condições
aeróbias, a glicólise extramitocondrial (no citosol) mais o
ciclo do ácido cítrico e o sistema transportador de
elétrons originam 36 mols de ATP por cada mol de
glicose. Esse rendimento é 18 vezes maior do que o obtido
pela glicólise realizada apenas em condições anaeróbias.

A principal função das mitocôndrias é liberar energia


gradualmente das moléculas de ácidos graxos e glicose,
provenientes dos alimentos, produzindo calor e moléculas
de ATP (adenosina-trifosfato). A energia armazenada no
ATP é usada pelas células para realizar suas diversas
atividades, como movimentação, secreção e divisão
mitótica (JUNQUEIRA, 9ª ed.) A quantidade de mitocôndrias e o número de cristas por
organela são relacionados ao metabolismo energético das
PRODUÇÃO DE ATP células. As que consomem muita energia, como é o caso
das células do músculo estriado cardíaco, têm grande
As mitocôndrias transformam a energia química contida
quantidade de mitocôndrias, com elevado número de
em moléculas obtidas pela alimentação em energia
cristas.
facilmente utilizável pela célula. Aproximadamente 50%
dessa energia é armazenada nas ligações fosfato do MATRIZ MITOCONDRIAL
trifosfato de adenosina (ATP) e os 50% restantes são
dissipados sob a forma de calor, utilizado para manter a Entre as cristas mitocondriais se situa a matriz
temperatura do corpo. A atividade das enzimas ATPases, mitocondrial, amorfa e rica em proteínas e contendo
muito comuns nas células, libera a energia armazenada no pequena quantidade de DNA e RNA.
ATP quando a célula necessita dessa energia para realizar O DNA mitocondrial é uma dupla-hélice circular,
trabalho, seja osmótico, mecânico, elétrico, químico ou de semelhante aos DNA das bactérias. Esse DNA é
outra natureza. sintetizado na mitocôndria, e sua duplicação é
As principais moléculas utilizadas pelo organismo para independente da duplicação do DNA nuclear. As
fornecer energia para as diversas atividades celulares e mitocôndrias contêm três tipos de RNA: RNA ribossômico
para produção de calor são a glicose e os ácidos graxos. (rRNA), RNA mensageiro (mRNA) e RNA de transferência
Esses processos ocorrem nas mitocôndrias (ácidos (tRNA).
graxos) e no citosol (glicose), e seus produtos finais são As mitocôndrias têm algumas características em comum
as moléculas acetilcoenzima A (acetil-CoA) e piruvato, com as bactérias (DNA circular, ribossomos de estrutura
respectivamente, este último depois convertido a acetil- semelhante), e, por isso, muitos pesquisadores admitem
CoA. que elas se originaram de uma bactéria ancestral aeróbia

@jumorbeck
que se adaptou a uma vida endossimbiótica em uma célula o retículo endoplasmático rugoso, ou granular, e o liso.
eucariótica. (JUNQUEIRA, 9ª ed.)

RIBOSSOMOS O retículo endoplasmático granuloso (REG) se caracteriza


por duas propriedades principais: possui polirribossomos
Os ribossomos são pequenas partículas situadas no na superfície citosólica da sua membrana, e é constituído
citosol, compostas de quatro tipos de RNA ribossômico de cisternas saculares ou achatadas. A membrana das
(rRNA) e cerca de 80 proteínas diferentes. cisternas é contínua com a membrana externa do
Os ribossomos são constituídos por duas subunidades de envelope nuclear.
tamanhos diferentes. A maior parte de seu RNA é O REG é abundante nas células especializadas na
sintetizada no nucléolo. As proteínas são sintetizadas no secreção de proteínas, como as células acinosas do
citoplasma, migram para o núcleo através dos poros pâncreas (enzimas digestivas), fibroblastos (colágeno) e
nucleares e se associam aos rRNA. Depois de prontas, a plasmócitos (imunoglobulinas).
subunidade menor e a maior saem separadamente do
núcleo pelos poros nucleares, passando para o citoplasma, A principal função do retículo endoplasmático granuloso
no qual exercerão suas funções. é separar proteínas que, após a síntese, serão colocadas
em vesículas que se destacam do RE e ficam no citosol.
Além de proteínas destinadas à secreção, são sintetizadas
no REG proteínas lisossômicas, proteínas de membrana e
muitas outras. Outras funções do REG são a glicosilação
inicial das glicoproteínas, a síntese de fosfolipídios e a
montagem de moléculas proteicas formadas por múltiplas
cadeias polipeptídicas.

Polirribossomos são conjuntos de ribossomos unidos por


uma molécula de RNA mensageiro. A mensagem contida
no mRNA é o código que estabelece a sequência de
aminoácidos na molécula proteica que está sendo
sintetizada, e os ribossomos desempenham um papel
importante na decodificação, ou tradução, da mensagem
para a síntese proteica. Muitas proteínas, como as que se
destinam a permanecer no citosol (enzimas, proteínas
motoras, proteínas do citoesqueleto), em mitocôndrias e As proteínas sintetizadas no REG têm vários destinos:
em peroxissomos, são produzidas em polirribossomos armazenamento intracelular, como nos lisossomos e nos
que permanecem isolados no citosol. grânulos dos leucócitos; e armazenamento intracelular
provisório para exportação sob forma de vesículas de
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO rugoso secreção ou grânulos de secreção, como no pâncreas e
No citoplasma das células eucariontes existe uma rede de em algumas glândulas endócrinas.
vesículas achatadas, vesículas esféricas e túbulos que se
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO LISO
intercomunicam, formando um sistema contínuo, embora
apareçam separados nos cortes examinados no O retículo endoplasmático liso (REL) não apresenta
microscópio eletrônico. Esses elementos apresentam uma ribossomos na superfície de suas cisternas, as quais têm
parede formada por uma unidade de membrana que geralmente a forma de túbulos anastomosados. A
delimita cavidades, as cisternas do retículo endoplasmático. membrana do REL é contínua com a do retículo
(JUNQUEIRA, 9ª ed.) granuloso, embora existam diferenças entre as moléculas
que constituem essas duas variedades de membrana.
As cisternas constituem um sistema de túneis, de forma
muito variável, que percorre o citoplasma. Distinguem-se

@jumorbeck
túbulos associados a vesículas de transporte. Esse sistema
de túbulos é mais complexo na face trans, onde forma a
rede trans do Golgi.
A face cis recebe vesículas de transporte que brotam do
retículo endoplasmático, enquanto a superfície côncava
ou trans origina vesículas cujo conteúdo foi modificado
pelas cisternas do Golgi. O complexo de Golgi é envolvido
lateralmente por inúmeras vesículas de transporte. Essas
vesículas transportam material de uma cisterna do Golgi
para outra em direção cis–trans ou vice-versa,
predominando a primeira direção. A maioria dessas
vesículas de transporte são recobertas externamente (na
sua superfície citosólica) por proteínas chamadas COPI ou
O REL participa de diversos processos funcionais, de
COPII.
acordo com o tipo de célula. Por exemplo, nas células que
produzem esteroides, como as da glândula adrenal e
células secretoras do ovário e do testículo, ele ocupa
grande parte do citoplasma e contém algumas das
enzimas necessárias para a síntese desses hormônios. O
REL é abundante também nos hepatócitos, as células
principais do fígado, em que é responsável pelos
processos de conjugação, oxidação e metilação, dos
quais as células lançam mão para inativar determinados
hormônios e neutralizar substâncias nocivas e tóxicas,
como os barbitúricos e vários outros fármacos.
Outra função importante do retículo endoplasmático liso
é a síntese de fosfolipídios para todas as membranas O complexo de Golgi recebe, pela sua face cis, grande
celulares. As moléculas de fosfolipídios são transferidas parte de moléculas sintetizadas no retículo
para as outras membranas: (1) por meio de vesículas que endoplasmático granular. No Golgi são completadas as
se destacam e são movidas por proteínas motoras, ao modificações pós-translacionais realizadas nas cisternas do
longo dos microtúbulos; (2) por comunicação direta com REG após a síntese das moléculas. Além disso, as cisternas
o retículo endoplasmático granuloso; e (3) por meio das do Golgi empacotam e colocam um endereço em vários
proteínas transportadoras de fosfolipídios. grupos de moléculas, que devem ser direcionadas para
Nas células musculares estriadas, o retículo locais específicos do citoplasma. Nas cisternas finais do
endoplasmático liso recebe o nome de retículo Golgi, em sua face trans, as moléculas são transferidas
sarcoplasmático. Nessas células as cisternas do REL para vesículas conforme sua destinação. Essas vesículas
acumulam íons cálcio e os liberam no citosol, regulando, brotam na face trans e são denominadas vesículas de
dessa maneira, a contração muscular. transporte ou de secreção. São transportadas para a
membrana plasmática com a qual se fundem ou
COMPLEXO DE GOLGI acumuladas no citoplasma até ocorrer um estímulo para
exocitose. Outras vesículas formadas na face trans
O complexo de Golgi é um conjunto de vesículas
contêm enzimas lisossômicas que podem se fundir com
achatadas e empilhadas, cujas porções periféricas são
endossomos primários que participam do sistema
dilatadas. O complexo de Golgi é uma estrutura polarizada,
endossômico-lisossômico.
e, nas pilhas de cisternas que compõem essa organela,
podem-se reconhecer duas superfícies. Uma é As proteínas já chegam do RE com grupos de
geralmente convexa, mais próxima ao núcleo e ao oligossacarídeos adicionados a suas cadeias. A glicosilação,
retículo endoplasmático, denominada face cis. A superfície por meio de retirada e adição de moléculas de
oposta da pilha é geralmente côncava e é denominada oligossacarídeos, produz as glicoproteínas.
face trans. Ambas as faces possuem redes de finos

@jumorbeck
Os sacarídeos são muito importantes para as futuras Outra função dos lisossomos relaciona-se com a
funções das moléculas que passam pelo complexo de renovação das organelas celulares. Em certas
Golgi. Além disso, no Golgi são fabricados grandes circunstâncias, organelas ou porções de citoplasma são
complexos moleculares, tais como os proteoglicanos. envolvidas por membrana do retículo endoplasmático liso.
Lisossomos jovens fundem-se com essas estruturas e
Essa organela apresenta múltiplas funções; mas, dentre
digerem o material nelas contido. Forma-se assim um
elas, cabe destacar que é muito importante na separação
lisossomo secundário que recebe o nome de
e no endereçamento das moléculas sintetizadas nas
autofagossomo.
células, encaminhando-as para as vesículas de secreção
(que serão expulsas da célula), os lisossomos, as vesículas
que permanecem no citoplasma ou a membrana celular.
(JUQUEIRA, 9ª ed.)

LISOSSOMOS
Os lisossomos que são observados por microscopia
eletrônica de transmissão são vesículas delimitadas por
membrana, em geral esféricas, com diâmetro de 0,05 a
0,5 µm, e apresentam aspecto denso e granular.
Os lisossomos contêm mais de 40 enzimas hidrolíticas,
com a função de quebra e digestão de diversos
substratos. São encontrados em todas as células; porém,
são mais abundantes nas células fagocitárias, como os
PEROXISSOMOS
macrófagos e os leucócitos neutrófilos.
Peroxissomos são organelas esféricas, limitadas por
Todas as enzimas lisossômicas têm atividade máxima em
membrana, com diâmetro de 0,5 a 1,2 mm.
torno de pH 5,0. A membrana dos lisossomos possui
bombas que transportam prótons para o interior da Receberam esse nome porque oxidam substratos
vesícula por transporte ativo, acidificando dessa maneira orgânicos específicos, retirando átomos de hidrogênio e
o interior do lisossomo. combinando-os com oxigênio molecular (O2). Essa reação
produz peróxido de hidrogênio (H2O2), uma substância
As enzimas dos lisossomos são sintetizadas no retículo
oxidante prejudicial à célula, que é imediatamente
endoplasmático granuloso e transportadas para o
eliminada pela enzima catalase, também contida nos
complexo de Golgi. Nas cisternas do Golgi, as enzimas
peroxissomos. A catalase utiliza oxigênio do peróxido de
adquirem radicais de manose-6-fosfato, os quais se
hidrogênio (transformando-o em H2O) para oxidar
tornam um marcador de enzimas lisossômicas. Nas
diversos substratos orgânicos. Essa enzima também
membranas das cisternas do complexo de Golgi mais
decompõe o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio.
próximas da face trans, existem receptores para
proteínas com manose-6-fosfato em suas cadeias, que A betaoxidação dos ácidos graxos, assim chamada
são reconhecidas e separadas de outras proteínas. Dessa porque tem lugar no carbono 2 ou beta da cadeia do
maneira, na face trans as enzimas destinadas aos ácido graxo, é realizada nos peroxissomos e nas
lisossomos são segregadas em vesículas separadas que mitocôndrias. Os ácidos graxos são biomoléculas
constituem os lisossomos primários. importantes como combustível para as células. No ciclo da
betaoxidação, fragmentos com dois átomos de carbono
Partículas do meio extracelular introduzidas na célula por
são removidos sequencialmente dos ácidos graxos de
fagocitose constituem os fagossomos. A membrana dos
cadeia longa (mais de 18 átomos de carbono), gerando-se
lisossomos primários funde-se com a dos fagossomos,
acetilcoenzima A (acetil-CoA), que é exportada dos
misturando as enzimas com o material a ser digerido. A
peroxissomos para o citosol. A acetil-CoA é utilizada em
digestão intracelular tem lugar dentro desse novo
várias reações de síntese e pode penetrar as
vacúolo, que é chamado de lisossomo secundário ou
mitocôndrias para ser usada no ciclo de Krebs. Os
fagolisossomo.
peroxissomos têm, ainda, outras funções. No fígado, por

@jumorbeck
exemplo, participam da síntese de ácidos biliares e de Os microtúbulos são rígidos e desempenham papel
colesterol. significativo no desenvolvimento e na manutenção da
forma das células.
As enzimas dos peroxissomos são sintetizadas em
polirribossomos livres no citosol. O destino dessas Os microtúbulos são as estruturas responsáveis por
moléculas é determinado por uma pequena sequência de permitir movimentos intracelulares de organelas e
aminoácidos localizada próximo à extremidade carboxílica vesículas, além dos movimentos flagelares e ciliares
da molécula enzimática, que funciona como um sinal para
Organelas constituídas por microtúbulos:
a importação pelo peroxissomo.
➢ Os centríolos são estruturas cilíndricas,
CITOESQUELETO
compostos principalmente por microtúbulos
O citoesqueleto é uma rede complexa de microtúbulos, curtos e altamente organizados. Cada centríolo
filamentos de actina (microfilamentos) e filamentos é composto de nove conjuntos de três
intermediários, todos situados no citosol. Essas proteínas microtúbulos. As células que não estão em
estruturais influem na forma das células e, junto com as divisão têm um único par de centríolos. Em cada
proteínas motoras, possibilitam os movimentos de par os centríolos dispõem-se em ângulo reto,
organelas e vesículas citoplasmáticas. O citoesqueleto é um em relação ao outro. Na fase S do ciclo
responsável também pela contração celular (na celular, precedendo a mitose, cada centríolo se
contração muscular) e pela movimentação da célula duplica, formando-se assim dois pares. Durante a
inteira, como, por exemplo, no movimento ameboide. mitose, cada par se movimenta para cada polo
da célula e se torna um centro de organização
MICROTÚBULOS do fuso mitótico. Nas células que não estão em
Os microtúbulos são estruturas presentes no citoplasma divisão, os pares de centríolos localizam-se
com forma de túbulos. Além disso, formam os eixos de próximo ao núcleo e ao complexo de Golgi.
prolongamentos celulares – cílios e flagelos -, por cujo
batimentos são responsáveis.
A subunidade que constitui os microtúbulos é um
heterodímero formado por moléculas das proteínas
tubulina a e b. As subunidades de tubulina se polimerizam
para formar microtúbulos, organizando-se em
protofilamentos. Treze protofilamentos se unem para
formar um microtúbulo.

➢ Os cílios e flagelos são prolongamentos celulares


móveis, revestidos por membrana plasmática,
cujo eixo – axonema – é formado por
microtúbulos. As células ciliadas têm grande
A polimerização das tubulinas para formar microtúbulos é número de cílios. Cada célula flagelada tem
dirigida por estruturas celulares conhecidas como centros apenas um flagelo. No organismo dos
organizadores de microtúbulos ou MTOC (microtubule mamíferos, muitas células epiteliais são ciliadas,
organizing centers). Essas estruturas incluem os mas os flagelos são encontrados apenas nos
centríolos, os corpúsculos basais dos cílios e flagelos e os espermatozoides. O eixo dos cílios e flagelos é
centrômeros dos cromossomos. Os microtúbulos podem constituído por nove pares de microtúbulos e
constantemente se desfazer e se refazer pelas duas no centro há dois microtúbulos isolados, todos
extremidades. dispostos longitudinalmente nos cílios e flagelos

@jumorbeck
PROTEASSOMOS
Os proteassomos são pequenas organelas situadas no
citosol, não envolvidas por membrana. São complexos de
diversas proteases que digerem proteínas assinaladas
FILAMENTOS DE ACTINA (MICROFILAMENTOS) para destruição pela sua união com a molécula ubiquitina.
A degradação de proteínas é necessária para remover
Os filamentos de actina podem organizar-se de diversas excessos de enzimas e outras proteínas, quando elas,
maneiras: após exercerem suas funções normais, tornam-se inúteis
➢ Na maioria das células, os feixes de filamentos de para a célula. Os proteassomos também destroem
actina constituem redes no citoplasma e, além moléculas proteicas que se formam com defeitos
disso, formam uma delgada camada na estruturais, proteínas que não se dispuseram
superfície, logo abaixo da membrana plasmática, espacialmente de maneira correta e proteínas codificadas
denominada córtex celular. A actina do córtex por vírus, que seriam usadas para produzir novos vírus.
celular participa de diversas atividades, como
NÚCLEO
endocitose, exocitose e migração das células;
➢ No músculo estriado, eles se associam a Uma das principais características da célula eucarionte é a
filamentos grossos de miosina de 16 nm de presença de um núcleo de forma variável, porém bem
diâmetro; individualizado e separado do restante da célula por duas
➢ Há filamentos de actina associados a organelas, membranas. Todavia essa membrana dupla, chamada
vesículas e grânulos citoplasmáticos. A interação envoltório nuclear, contém poros que regulam o intenso
desses filamentos com miosina resulta em trânsito de macromoléculas do núcleo para o citoplasma
movimento dessas organelas e vesículas no e deste para o núcleo. (JUNQUEIRA, 9ª ed.)
citoplasma;
➢ No final da divisão celular, microfilamentos de O núcleo é o centro de controle de todas as atividades
actina associados à miosina formam uma cinta celulares, porque contém, nos cromossomos, todo o
na periferia do citoplasma, cuja constrição resulta genoma (ácido desoxirribonucleico [DNA]) da célula,
na divisão das células mitóticas em duas células- exceto apenas o pequeno genoma das mitocôndrias.
filhas. Chama-se genoma o conjunto da informação genética
codificada no DNA.
Enquanto os filamentos de actina nas células musculares
são estruturalmente estáveis, os das células não
musculares se dissociam e se reorganizam com grande
facilidade, de maneira semelhante ao que ocorre com os
microtúbulos.

FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
As células contêm filamentos com diâmetro de
aproximadamente 10 nm, os filamentos intermediários.
Esses filamentos são constituídos por diferentes
proteínas: queratinas, vimentina, desmina, proteínas dos
neurofilamentos.

@jumorbeck
Além de conter a maquinaria molecular para duplicar seu A eucromatina aparece granulosa e clara, entre os
DNA, o núcleo é responsável pela síntese e pelo grumos de heterocromatina. Na eucromatina, o filamento
processamento de todos os tipos de ácido ribonucleico de DNA não está condensado e tem condições de
(RNA) (rRNA, mRNA, tRNA e miRNA), que são exportados transcrever os genes. Portanto, eucromatina significa
para o citoplasma. Todavia, o núcleo não sintetiza cromatina ativa, sendo mais abundante nas células que
proteínas, dependendo das que são produzidas no estão produzindo muita proteína. As variações nas
citoplasma e transferidas para o núcleo. proporções de heterocromatina e eucromatina são
responsáveis pelo aspecto mais claro ou mais escuro dos
Em geral, cada célula tem apenas um núcleo, localizado
núcleos nos microscópios óptico e eletrônico.
no seu centro, mas há células multinucleadas. Os principais
componentes do núcleo são o envoltório nuclear, a A cromatina é constituída por duplos filamentos helicoidais
cromatina, o nucléolo, a matriz nuclear e o nucleoplasma. de DNA associados a proteínas, principalmente histonas,
mas contém também proteínas não histônicas.
ENVOLTÓRIO NUCLEAR
O DNA e as histonas formam os nucleossomos. Cada
O conteúdo intranuclear é separado do citoplasma pelo nucleossomo é constituído por oito moléculas de histonas.
envoltório nuclear.
Os filamentos de nucleossomos organizam-se em
estruturas cada vez mais compactadas até constituírem
os cromossomos.

A membrana nuclear externa contém polirribossomos


presos à sua superfície citoplasmática e é contínua com
o retículo endoplasmático granuloso. O envoltório nuclear
apresenta poros, e cada um é organizado por uma
estrutura denominada complexo do poro, cuja função é Cada cromossomo consiste em uma única e enorme
o transporte seletivo de moléculas para fora e para dentro molécula de DNA linear associada a proteínas que
do núcleo. No poro, as duas membranas que constituem compactam e enovelam o fino cordão de DNA em uma
o envoltório nuclear são contínuas. estrutura mais compacta. (ALBERTS, BRUCE, 4ª ed.)
O envoltório nuclear é impermeável a íons e moléculas, Com exceção das células germinativas (espermatozoides
de modo que o trânsito entre o núcleo e o citoplasma e óvulos) e das células altamente especializadas que não
seja feito pela estrutura do complexo do poro. possuem DNA (como os eritrócitos), cada célula humana
contém duas cópias de cada cromossomo, uma herdada
CROMATINA
da mãe e a outra herdada do pai. Os cromossomos
Podem ser identificados dois tipos de cromatina. maternos e paternos de um par são denominados
cromossomos homólogos (ou simplesmente homólogos).
A heterocromatina é elétron-densa, aparece como O único par de cromossomos não homólogos é o dos
grânulos grosseiros e é bem visível ao microscópio de cromossomos sexuais nos homens, onde o cromossomo
luz. A heterocromatina é inativa porque nela a hélice dupla Y é herdado do pai e o cromossomo X é herdado da
de DNA está muito compactada, o que impede a mãe. (As mulheres herdam um cromossomo X de cada
transcrição dos genes.

@jumorbeck
genitor, e não possuem o cromossomo Y.) (ALBERTS, NUCLÉOLO
BRUCE, 4ª ed.)
Os nucléolos são as fábricas para produção de
CROMATINA SEXUAL ribossomos. Constituídos principalmente por RNA
ribossômico (rRNA) e proteínas. Em humanos, os genes
Frequentemente se observa, nos núcleos das células de
que codificam os rRNA localizam-se em cinco
mamíferos do sexo feminino, uma partícula de cromatina
cromossomos, e, por isso, as células podem apresentar
bem visível, chamada de cromatina sexual, que não
vários nucléolos; porém, geralmente há uma fusão, e a
aparece nos núcleos de animais do sexo masculino. A
maioria das células tem apenas um ou dois nucléolos.
cromatina sexual é um dos dois cromossomos X que se
mantém condensado no núcleo interfásico. No homem, NUCLEOPLASMA
cujos cromossomos sexuais são um X e um Y, o
cromossomo X único não está condensado, expressa O nucleoplasma é um soluto com muita água, íons,
seus genes e não é visível como cromatina sexual. aminoácidos, metabólitos e precursores diversos, enzimas
para a síntese de RNA e DNA, receptores para
hormônios, moléculas de RNA de vários tipos e outros
componentes. Sua caracterização ao microscópio
eletrônico é impossível, e o nucleoplasma é definido como
o componente granuloso que preenche o espaço entre
os elementos morfologicamente bem caracterizados no
núcleo, como a cromatina e o nucléolo.

CONTROLE GENÉTICO DA SÍNTESE DE PROTEÍNAS (GUYTON)


Nas células do epitélio bucal, a cromatina sexual aparece sob a forma
de um pequeno grânulo, geralmente ligado à membrana nuclear, e Os genes controlam a função celular, determinando quais
esfregaços desse epitélio podem ser usados para verificar o sexo substâncias são sintetizadas na célula – quais estruturas,
genético. Outro material muito empregado é o esfregaço sanguíneo, quais enzimas, quais substâncias químicas.
no qual a cromatina sexual aparece como um apêndice em forma
de raquete nos núcleos dos leucócitos neutrófilos. Cada gene, que é constituído por ácido
desoxirribonucleico (DNA), controla automaticamente a
Em fotomicrografias, os cromossomos podem ser
formação de outro ácido nucleico, o ácido ribonucleico
ordenados de acordo com sua morfologia e na ordem
(RNA); esse RNA, disseminado na célula, controla a
decrescente de tamanho, em pares numerados de 1 a 22,
formação de proteína específica. Todo o processo, desde
acrescidos dos cromossomos sexuais, XX no sexo
a transcrição do código genético, no núcleo, até a
feminino ou XY no sexo masculino. Este é um método
tradução do código do RNA e a formação de proteínas
clássico de estudo em genética e denomina-se cariótipo.
nas células citoplasmáticas, é muitas vezes referido como
a expressão do gene.

@jumorbeck
como molde para a síntese da molécula de RNA. Os
tripletos de código no DNA são transcritos para tripletos
do código complementar (chamados códons) no RNA.
Esses códons, por sua vez, controlarão a sequência de
aminoácidos na proteína a ser sintetizada no citoplasma
celular.

BLOCOS BÁSICOS DE CONSTRUÇÃO DO RNA


A primeira é que o açúcar desoxirribose não é usado na
formação do RNA. Em seu lugar está outro açúcar, de
composição ligeiramente diferente, a ribose, que contém íon
hidroxila adicional ligado à estrutura do anel de ribose. A segunda
é que a timina é substituída por outra pirimidina, a uracila.

A montagem da molécula de RNA se dá sob a influência


de uma enzima, a RNA polimerase. Ela é uma proteína
grande que tem muitas das propriedades funcionais
GENES necessárias para a formação da molécula de RNA. São
elas:
No núcleo celular, grande número de genes está ligado,
extremidade com extremidade, nas moléculas 1. Na fita de DNA, no início de cada gene que será
extremamente longas do DNA, com estrutura de dupla transcrito, há uma sequência de nucleotídeos
hélice. chamada promotor. A RNA polimerase tem
estrutura complementar apropriada, que
Os componentes químicos básicos envolvidos na
reconhece esse promotor e se liga a ele. Esse
formação do DNA incluem: (1) ácido fosfórico; (2) o açúcar
é o passo essencial para se iniciar a formação
chamado desoxirribose; e (3) quatro bases nitrogenadas
da molécula de RNA.
(duas purinas, a adenina e a guanina, e duas pirimidinas, a
2. Após se ligar ao promotor, a RNA polimerase
timina e a citosina).
provoca o desenrolamento de cerca de duas
CÓDIGO GENÉTICO voltas da hélice de DNA e a separação, na região
desenrolada, das duas fitas.
A importância do DNA reside em sua capacidade de 3. Então, a polimerase se move ao longo da fita de
controlar a formação de proteínas na célula, que ele DNA, desenrolando temporariamente e
consegue por meio do chamado código genético. separando as duas fitas de DNA a cada etapa de
O código genético consiste em sucessivos “tripletos” de semovimento. Conforme cada estágio do
bases — isto é, cada três bases sucessivas é uma palavra movimento, a polimerase adiciona novo
do código. Os tripletos sucessivos controlam a sequência nucleotídeo ativado ao final da cadeia de RNA
de aminoácidos na molécula de proteína que é sintetizada em formação.
pela célula. Dessa forma, o código presente no filamento de DNA é
transmitido de forma complementar para a cadeia de RNA.
TRANSCRIÇÃO
O código é transferido para o RNA; esse processo é TIPOS DE RNA
chamado transcrição. O RNA, por sua vez, se difunde do ➢ RNA mensageiro precursor (pré-mRNA), é uma
núcleo através dos poros nucleares para o grande e imatura fita única de RNA que é
compartimento citoplasmático, onde controla a síntese de processada no núcleo para formar RNA
proteínas. mensageiro (mRNA) maduro. O pré-RNA inclui
Durante a síntese do RNA, as duas fitas da molécula de dois tipos diferentes de segmentos
DNA se separam temporariamente; uma das fitas é usada denominados íntrons, que são removidos por

@jumorbeck
um processo que recebe o nome de splicing, e
éxons, que se conservam no mRNA final.
➢ RNA mensageiro (mRNA) que leva o código
genético para o citoplasma, para controlar o tipo
de proteína formada.
➢ RNA de transferência (tRNA) que transporta os
aminoácidos ativados para os ribossomos; os
aminoácidos serão utilizados na montagem da
molécula de proteína.
➢ RNA ribossômico que, com cerca de 75
proteínas diferentes, forma os ribossomos, as
estruturas físicas e químicas nas quais as
moléculas de proteína são formadas.
Como a função do tRNA é levar o aminoácido específico
RNA MENSAGEIRO – O CÓDON à cadeia de proteína em formação, é essencial que cada
tipo de tRNA tenha especificidade para determinado
As moléculas de RNA mensageiro são longas fitas únicas
códon no mRNA. O código específico no tRNA que
de RNA, localizadas no citoplasma. Essas moléculas são
permite que ele reconheça um códon específico é
compostas de várias centenas a vários milhares de
novamente um tripleto de bases de nucleotídeos
nucleotídeos de RNA em fitas não pareadas, e contêm
chamado anticódon.
códons que são exatamente complementares aos
tripletos de código dos genes de DNA. RNA RIBOSSÔMICO
O terceiro tipo de RNA na célula é o RNA ribossômico;
ele representa cerca de 60% do ribossomo. O ribossomo
é a estrutura física no citoplasma na qual as moléculas de
proteína são realmente sintetizadas. Porém, ele sempre
funciona em associação com outros dois tipos de RNA: o
tRNA, que transporta aminoácidos para o ribossomo, para
serem incorporados na molécula de proteína em
formação, e o mRNA, que fornece a informação
necessária para o sequenciamento dos aminoácidos, na
ordem correta, para cada tipo específico de proteína a
RNA DE TRANSFERÊNCIA – O ANTICÓDON ser produzido.
Outro tipo de RNA com papel essencial na síntese de Assim, o ribossomo age como uma fábrica, na qual as
proteínas é o RNA de transferência (tRNA), pois ele moléculas de proteína são formadas.
transfere as moléculas de aminoácidos para as moléculas
de proteínas que estão em processo de síntese. Cada Os genes para a formação de RNA ribossômico estão
tipo de Trna se liga, especificamente, a um dos 20 localizados em cinco pares de cromossomos no núcleo.
aminoácidos que serão incorporados às proteínas. O Cada um destes cromossomos contém muitas
tRNA, portanto, age como um carreador para transportar duplicações desses genes específicos, pois grandes
o seu tipo específico de aminoácido para os ribossomos, quantidades de RNA ribossômico são necessárias para a
onde as moléculas de proteína estão se formando. Nos função celular.
ribossomos, cada tipo específico de tRNA reconhece um O RNA ribossômico é especialmente processado no
códon determinado no mRNA e entrega o aminoácido no nucléolo, onde se liga às “proteínas ribossômicas” para
local adequado da cadeia da molécula de proteína em formar produtos de condensação granular que são
formação. subunidades primordiais dos ribossomos. Essas
subunidades são então liberadas do nucléolo e
transportadas através dos grandes poros do envelope
nuclear para quase todas as partes do citoplasma. Depois

@jumorbeck
de entrarem no citoplasma, as subunidades são montadas Deve-se observar que, exceto nas células glandulares,
para formar ribossomos maduros e funcionais. Portanto, onde são formadas grandes quantidades de vesículas
as proteínas são formadas no citoplasma da célula, e não secretórias contendo proteínas, a maioria das proteínas
no núcleo celular, pois o núcleo não contém ribossomos sintetizadas pelos ribossomos é liberada diretamente no
maduros. citosol, em vez de no retículo endoplasmático. Essas
proteínas são enzimas e proteínas estruturais internas da
TRADUÇÃO célula.
Quando a molécula de mRNA entra em contato com um
LIGAÇÃO PEPTÍDICA
ribossomo, a fita de RNA passa através do ribossomo,
começando por uma extremidade predeterminada,
especificada por uma sequência de bases de RNA,
chamada códon de “iniciação de cadeia”.
Enquanto o mRNA atravessa o ribossomo, a molécula de
proteína é formada — um processo chamado tradução.
Assim, o ribossomo lê os códons do mRNA, semelhante
à “leitura” de fita por meio da cabeça de reprodução de
gravador. Então, quando o códon de “parada” (ou de REGULAÇÃO GÊNICA
“terminação de cadeia”) passa pelo ribossomo, o fim da
molécula de proteína é sinalizado e a molécula é liberada A regulação gênica, ou regulação da expressão gênica
no citoplasma. cobre o processo inteiro desde a transcrição do código
genético, no núcleo, até a formação de proteínas no
Polirribossomos.: Uma só molécula de mRNA pode formar citoplasma
moléculas de proteína em vários ribossomos ao mesmo
tempo, pois a extremidade inicial do filamento de RNA
pode passar para ribossomos sucessivos.
Consequentemente, agrupamentos de ribossomos
ocorrem com frequência, com 3 a 10 ribossomos
simultaneamente ligados a uma só molécula de mRNA.
Esses agrupamentos são chamados de polirribossomos.

Referências

JUNQUEIRA; CARNEIRO. Histologia Básica, 13ª ed.


Guanabara Koogan, SP, 2017.
RIBOSSOMOS LIGAM-SE AO RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Muitos ribossomos aderem ao retículo endoplasmático. Editora Elsevier Ltda., 2017.
Essa ligação ocorre porque as extremidades iniciais de
muitas moléculas de proteína em formação têm ALBERTS, BRUCE. Fundamentos da Biologia Celular, 4ª
sequências de aminoácidos que se ligam imediatamente a ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
locais receptores específicos no retículo endoplasmático;
JUNQUEIRA, Luiz, C. e CARNEIRO, José. Biologia Celular e
isso faz com que essas moléculas atravessem a parede e
Molecular, 9ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca,
entrem na matriz do retículo endoplasmático. Esse
Grupo GEN, 2012.
processo confere uma aparência granular a essas partes
do retículo onde as proteínas estão sendo formadas e
introduzidas na matriz do retículo.

@jumorbeck
Coração
Localização do coração suficiente para a contração vigorosa e rápida. O pericárdio
consiste em duas partes principais: (1) o pericárdio fibroso
e (2) o pericárdio seroso. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ O coração é relativamente pequeno,


aproximadamente do tamanho (mas não com a mesma
forma) de sua mão fechada; (TORTORA, 14ª ed.) ➢ Pericárdio Fibroso: superficial, é composto por
↠ Tem aproximadamente 12 cm de comprimento, 9 cm tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e
de largura em seu ponto mais amplo, e 6 cm de irregular. Assemelha-se a uma bolsa que repousa
espessura; (TORTORA, 14ª ed.) sobre o diafragma, fixando-se nele. O pericárdio
↠ Pesa em média 250 g nas mulheres adultas e 300 g fibroso impede a hiperdistensão do coração,
nos homens adultos; (TORTORA, 14ª ed.) fornece proteção e ancora o coração no
↠ O coração repousa sobre o diafragma, próximo da mediastino. O pericárdio fibroso próximo ao
linha mediana da cavidade torácica. Encontra-se no ápice do coração está parcialmente fundido ao
mediastino, uma região anatômica que se estende do tendão central do diafragma; por conseguinte, o
esterno à coluna vertebral, da primeira costela ao movimento do diafragma, como na respiração
diafragma, e entre os pulmões. Aproximadamente dois profunda, facilita a circulação do sangue pelo
terços da massa do coração encontram-se à esquerda coração. (TORTORA, 14ª ed.)
da linha mediana do corpo; (TORTORA, 14ª ed.) ➢ Pericárdio seroso: mais profundo, é uma
↠ O ápice pontiagudo é formado pela ponta do membrana mais fina, delicada, que forma uma
ventrículo esquerdo (a câmara inferior do coração) e está dupla camada em torno do coração. A lâmina
situado sobre o diafragma. O ápice está direcionado para parietal do pericárdio seroso mais externa está
frente, para baixo e para a esquerda; (TORTORA, 14ª ed.) fundida ao pericárdio fibroso. A lâmina visceral
↠ A base do coração está do lado oposto ao ápice e do pericárdio seroso mais interna, que também
constitui sua face posterior. É formada pelos átrios é chamada epicárdio, é uma das camadas da
(câmaras superiores) do coração, principalmente o átrio parede do coração e adere firmemente à sua
esquerdo. (TORTORA, 14ª ed.) superfície. Entre as camadas parietal e visceral
↠ O coração é um órgão muscular que se contrai do pericárdio seroso existe uma fina película de
ritmicamente enquanto bombeia o sangue pelo sistema líquido seroso lubrificante. Esta secreção das
circulatório. Também é responsável pela produção de um células pericárdicas, conhecida como líquido
hormônio chamado de fator natriurético atrial. pericárdico, reduz o atrito entre as camadas do
(JUNQUEIRA, 13ª ed.) pericárdio seroso conforme o coração se move.
(TORTORA, 14ª ed.)
Pericárdio
Camadas da parede do coração
A membrana que envolve e protege o coração é o
A parede do coração é constituída por três camadas: o
pericárdio. Restringe o coração à sua posição no
epicárdio (camada externa), o miocárdio (camada
mediastino, possibilitando liberdade de movimento
intermediária) e o endocárdio (camada interna).
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
➢ O epicárdio é composto por duas camadas de Faces e margens do coração (MOORE, 7ª ed.)
tecido. A mais externa, é chamada lâmina visceral
do pericárdio seroso. Esta camada exterior fina
e transparente da parede do coração é
composta por mesotélio. Sob o mesotélio existe
uma camada variável de tecido fibroelástico
delicado e tecido adiposo. O tecido adiposo
predomina e torna-se mais espesso sobre as
faces ventriculares, onde abriga as principais
artérias coronárias e vasos cardíacos. O
epicárdio confere uma textura lisa e
escorregadia à face mais externa do coração. O
epicárdio contém vasos sanguíneos, vasos
linfáticos e vasos que irrigam o miocárdio.
(TORTORA, 14ª ed.) Entre o folheto visceral
(epicárdio) e o folheto parietal, existe uma
quantidade pequena de líquido que facilita os
movimentos do coração. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) ↠ Face esternocostal (anterior), formada principalmente pelo
➢ A camada média, o miocárdio, é responsável ventrículo direito;
pela ação de bombeamento do coração e é ↠ Face diafragmática (inferior), formada principalmente pelo
composto por tecido muscular cardíaco. ventrículo esquerdo e em parte pelo ventrículo direito;
Compõe aproximadamente 95% da parede do ↠ Face pulmonar direita, formada principalmente pelo átrio
coração. As fibras musculares (células), como as direito;
↠ Face pulmonar esquerda, formada principalmente pelo
do músculo estriado esquelético, são envolvidas
ventrículo esquerdo;
e separadas em feixes por bainhas de tecido
conjuntivo compostas por endomísio e
perimísio. As fibras musculares cardíacas são
organizadas em feixes que circundam
diagonalmente o coração e produzem as fortes
ações de bombeamento do coração.
(TORTORA, 14ª ed.)
➢ O endocárdio mais interno é uma fina camada
de endotélio que recobre uma fina camada de
tecido conjuntivo. Fornece um revestimento liso
para as câmaras do coração e abrange as valvas
cardíacas. O revestimento endotelial liso minimiza
o atrito de superfície conforme o sangue passa
através do coração. O endocárdio é contínuo ao
revestimento endotelial dos grandes vasos
sanguíneos ligados ao coração. (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ Margem direita (ligeiramente convexa), formada pelo átrio
A região central fibrosa do coração, comumente chamada de direito e estendendo-se entre a VCS e a VCI;
esqueleto fibroso, serve de ponto de apoio para as válvulas, além de
↠ Margem inferior (quase horizontal), formada principalmente
ser também o local de origem e inserção das células musculares
cardíacas. O esqueleto cardíaco é composto de tecido conjuntivo
pelo ventrículo direito e pequena parte pelo ventrículo
denso. Seus principais componentes são o septo membranoso, o esquerdo;
trígono fibroso e o ânulo fibroso. Essas estruturas são formadas por ↠ Margem esquerda (oblíqua, quase vertical), formada
um tecido conjuntivo denso, com fibras de colágeno grossas principalmente pelo ventrículo esquerdo e pequena parte pela
orientadas em várias direções. Nódulos de cartilagem fibrosa são aurícula esquerda;
encontrados em determinadas regiões desse esqueleto fibroso.. ↠ Margem superior, formada pelos átrios e aurículas direita e
(JUNQUEIRA, 13ª ed.) esquerda em vista anterior; a parte ascendente da aorta e o

@jumorbeck
tronco pulmonar emergem dessa margem e a VCS entra no
seu lado direito.

Câmaras do coração

↠ Recebe sangue de três veias: a veia cava superior, a


veia cava inferior e o seio coronário.; (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O interior da parede posterior é liso; o interior da
parede anterior é áspero, por causa de cristas musculares
chamadas de músculos pectíneos, que também se
↠ O coração tem quatro câmaras. As duas câmaras de estendem até a aurícula; (TORTORA, 14ª ed.)
recepção superiores são os átrios, e as duas câmaras de ↠ As partes lisas e àspera da parede atrial são separadas
bombeamento inferiores são os ventrículos. (TORTORA, externamente por um sulco vertical superficial, o sulco
14ª ed.) terminal, e internamente por uma crista vertical, a crista
↠ O par de átrios recebe sangue dos vasos sanguíneos terminal.; (TORTORA, 14ª ed.)
que retornam o sangue ao coração, as chamadas veias, ↠ Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma
enquanto os ventrículos ejetam o sangue do coração partição fina chamada septo interatrial.; (TORTORA, 14ª
para vasos sanguíneos chamados artérias. (TORTORA, 14ª ed.)
ed.) ↠ O sangue passa do átrio direito para o ventrículo
↠ Na face anterior de cada átrio existe uma estrutura direito através da valva atrioventricular direita, porque é
saculiforme enrugada chamada aurícula. Cada aurícula composta por três válvulas. As valvas cardíacas são
aumenta discretamente a capacidade de um átrio, de compostas por tecido conjuntivo denso recoberto por
modo que ele possa conter maior volume de sangue. endocárdio. (TORTORA, 14ª ed.)
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ A VCS se abre na parte superior do átrio direito no
↠ Também na superfície do coração existem vários nível da 3ª cartilagem costal direita. A VCI se abre na parte
sulcos, que contêm vasos sanguíneos coronarianos e uma inferior do átrio direito quase alinhada com a VCS no nível
quantidade variável de gordura. Cada sulco marca a aproximado da 5ª cartilagem costal. (MOORE, 7ª ed.)
fronteira externa entre duas câmaras do coração. Os
sulcos são: profundo sulco coronário, sulco
VENTRÍCULO DIREITO
interventricular anterior, sulco interventricular posterior
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ Forma a maior parte da face esternocostal do
coração; (TORTORA, 14ª ed.)
ÁTRIO DIREITO ↠ O interior do ventrículo direito contém uma série de
cristas formadas por feixes elevados de fibras musculares
cardíacas chamadas trabéculas cárneas; (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ As válvulas da valva atrioventricular direita estão
conectadas às cordas tendíneas, que por sua vez estão
ligadas a trabéculas cárneas em forma de cone chamadas
músculos papilares; (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Internamente, o ventrículo direito é separado do
ventrículo esquerdo por uma partição chamada de septo
interventricular; (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
↠ O sangue passa do ventrículo direito através da valva ↠ Os átrios de paredes finas entregam o sangue sob
do tronco pulmonar para uma grande artéria chamada de menos pressão aos ventrículos adjacentes. (TORTORA,
tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares 14ª ed.)
direita e esquerda e levam o sangue até os pulmões. ↠ Como os ventrículos bombeiam o sangue sob maior
(TORTORA, 14ª ed.) pressão por distâncias maiores, suas paredes são mais
↠ A parte de entrada do ventrículo recebe o sangue do espessas. (TORTORA, 14ª ed.)
átrio direito através do óstio AV direito (tricúspide), ele é ↠ O ventrículo esquerdo bombeia sangue por grandes
circundado por um dos anéis fibrosos do esqueleto distâncias a todas as outras partes do corpo com uma
fibroso do coração. O anel fibroso mantém o calibre do pressão maior, e a resistência ao fluxo sanguíneo é maior.
óstio constante, resistindo à dilatação que poderia resultar (TORTORA, 14ª ed.)
da passagem de sangue através dele com pressões ↠ A anatomia dos dois ventrículos confirma esta
variadas. (MOORE, 7ª ed.) diferença funcional – a parede muscular do ventrículo
esquerdo é consideravelmente mais espessa do que a
ÁTRIO ESQUERDO parede do ventrículo direito. Observe também que o
lúmen do ventrículo esquerdo é mais ou menos circular,
↠ O átrio esquerdo tem aproximadamente a mesma em contraste com o do ventrículo direito, cujo formato
espessura que o átrio direito e forma a maior parte da é discretamente semilunar. (TORTORA, 14ª ed.)
base do coração; (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Ele recebe o sangue dos pulmões, por meio das Esqueleto fibroso do coração
quatro veias pulmonares. Como o átrio direito, o interior
do átrio esquerdo tem uma parede posterior lisa. Como
os músculos pectíneos estão restritos à aurícula do átrio
esquerdo, a parede anterior do átrio esquerdo também
é lisa; (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O sangue passa do átrio esquerdo para o ventrículo
esquerdo através da valva atrioventricular esquerda, a qual
tem duas válvulas. (TORTORA, 14ª ed.)

VENTRÍCULO ESQUERDO O esqueleto fibroso é constituído por quatro anéis de


tecido conjuntivo denso que circundam as valvas
↠ É a câmara mais espessa do coração, Forma o ápice
cardíacas, unidos um ao outro, e que se fundem ao septo
do coração; (TORTORA, 14ª ed.)
interventricular. Além de formar uma base estrutural para
↠ Como o ventrículo direito, o ventrículo esquerdo
as valvas cardíacas, o esqueleto fibroso evita o
contém trabéculas cárneas e tem cordas tendíneas que
estiramento excessivo das valvas enquanto o sangue
ancoram as válvulas da valva atrioventricular esquerda aos
passa por elas. Também serve como um ponto de
músculos papilares. (TORTORA, 14ª ed.)
inserção para os feixes de fibras musculares cardíacas e
↠ O sangue passa do ventrículo esquerdo através da
atua como um isolante elétrico entre os átrios e
valva da aorta na parte ascendente da aorta. (TORTORA,
ventrículos. (TORTORA, 14ª ed.)
14ª ed.)
↠ Como a pressão arterial é muito maior na circulação Valvas cardíacas
sistêmica do que na circulação pulmonar, o ventrículo
esquerdo trabalha mais do que o ventrículo direito. ↠ As valvas se abrem e fecham em resposta às
(MOORE, 7ª ed.) mudanças de pressão conforme o coração se contrai e
relaxa. (TORTORA, 14ª ed.)
Espessura e função do miocárdio ↠ Cada uma das quatro valvas ajuda a assegurar o fluxo
unidirecional de sangue através da abertura ao possibilitar
↠ A espessura do miocárdio das quatro câmaras varia que o sangue passe e, em seguida, se fechando para
de acordo com a função de cada uma das câmaras. impedir o seu refluxo. (TORTORA, 14ª ed.)
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
VALVAS ATRIOVENTRICULARES ↠ As valvas do tronco pulmonar e da aorta possibilitam
a ejeção de sangue do coração para as artérias, mas
evitam o refluxo de sangue para os ventrículos.
(TORTORA, 14ª ed.)
Surpreendentemente, talvez, não há valvas nas junções da veia cava
com o átrio direito ou das veias pulmonares com o átrio esquerdo.
Quando os átrios se contraem, um pequeno volume de sangue reflui
dos átrios para estes vasos. No entanto, o refluxo é minimizado por
um mecanismo diferente; conforme o músculo atrial se contrai, ele
comprime e quase colapsa as fracas paredes dos pontos de entrada
das veias.

Circulação sistêmica e pulmonar

↠ Como estão localizadas entre um átrio e um


ventrículo, estas valvas são chamadas atrioventriculares
(AV) direita e esquerda. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Quando uma valva AV está aberta, as extremidades
arredondadas das válvulas se projetam para o ventrículo.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ Quando os ventrículos estão relaxados, os músculos
papilares estão relaxados, as cordas tendíneas estão
frouxas, e o sangue se move de uma área de maior
pressão no átrio para uma de menor pressão nos
ventrículos através das valvas AV abertas. (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ Quando os ventrículos se contraem, a pressão do
sangue aciona as válvulas para cima até que suas
extremidades se encontrem e fechem a abertura. Ao
mesmo tempo, os músculos papilares se contraem, o que
traciona e retesa as cordas tendíneas. Isso impede que as ↠ Na circulação pós-natal, o coração bombeia o sangue
válvulas das valvas evertam em resposta à alta pressão em dois circuitos fechados a cada contração – circulação
ventricular. (TORTORA, 14ª ed.) sistêmica e circulação pulmonar. (TORTORA, 14ª ed.)
O lado esquerdo do coração é a bomba para a circulação
VÁLVULAS SEMILUNARES sistêmica; ele recebe sangue oxigenado (rico em
oxigênio) vermelho brilhante dos pulmões. O ventrículo
esquerdo ejeta sangue para a aorta. A partir da aorta, o
sangue se divide em correntes separadas, entrando
progressivamente em artérias sistêmicas menores que o
transportam a todos os órgãos do corpo – com exceção
dos alvéolos dos pulmões, os quais são irrigados pela
circulação pulmonar. Nos tecidos sistêmicos, as artérias
dão origem a arteríolas de menor diâmetro, que por fim
↠ As valvas da aorta e do tronco pulmonar são
levam a extensos leitos de capilares sistêmicos. A troca
compostas por três válvulas semilunares. (TORTORA, 14ª
de nutrientes e gases ocorre através das finas paredes
ed.)
capilares. O sangue libera O2 (oxigênio) e capta CO2
↠ Cada válvula se insere na parede arterial por sua
(dióxido de carbono). Na maior parte dos casos, o sangue
margem externa convexa. (TORTORA, 14ª ed.)
flui por meio de um único capilar e então entra em uma

@jumorbeck
vênula sistêmica. As vênulas transportam o sangue ↠ A artéria coronária esquerda passa inferiormente à
desoxigenado dos tecidos e se fundem para formar veias aurícula esquerda e se divide nos ramos interventricular
sistêmicas maiores. Por fim, o sangue reflui para o átrio anterior e circunflexo. (TORTORA, 14ª ed.)
direito. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ A artéria coronária direita emite pequenos ramos
(ramos atriais) para o átrio direito. Ela continua
O lado direito do coração é a bomba para a circulação
inferiormente à aurícula direita e, por fim, se divide em
pulmonar; ele recebe todo o sangue desoxigenado
ramos interventricular posterior e marginal direito.
vermelho escuro que retorna da circulação sistêmica. O
coração e transporta sangue oxigenado à parede do
sangue ejetado do ventrículo direito flui para o tronco
ventrículo direito. (TORTORA, 14ª ed.)
pulmonar, que se divide em artérias pulmonares que
↠ A maior parte do corpo recebe sangue de ramos de
levam o sangue para os pulmões direito e esquerdo. Nos
mais de uma artéria, e onde duas ou mais artérias irrigam
capilares pulmonares, o sangue descarrega o CO2, que é
a mesma região, elas normalmente se conectam entre si.
expirado, e capta o O2 do ar inalado. O sangue
(TORTORA, 14ª ed.)
recentemente oxigenado então flui para as veias
↠ Essas conexões, chamadas de anastomoses, fornecem
pulmonares e retorna ao átrio esquerdo. (TORTORA, 14ª
vias alternativas, chamadas de circulação colateral, para
ed.)
que o sangue chegue a um órgão ou tecido específico.
Circulação coronariana (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O miocárdio contém muitas anastomoses que
↠ O miocárdio tem a sua própria rede de vasos conectam ramos de uma determinada artéria coronária
sanguíneos, a circulação coronariana ou circulação ou se estendem entre os ramos de diferentes artérias
cardíaca. (TORTORA, 14ª ed.) coronárias. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ As artérias coronárias ramificam-se da parte ↠ As anastomoses fornecem desvios para o sangue
ascendente da aorta e cercam o coração como uma arterial se uma via principal estiver obstruída. Assim, o
coroa circundando a cabeça. Enquanto o coração está se músculo cardíaco pode receber oxigênio suficiente,
contraindo, pouco sangue flui nas artérias coronárias, mesmo que uma de suas artérias coronárias esteja
porque elas estão bem comprimidas. Quando o coração parcialmente bloqueada. (TORTORA, 14ª ed.)
relaxa, no entanto, a pressão do sangue elevada na aorta
impulsiona o sangue ao longo das artérias coronárias até VEIAS CORONÁRIAS
os vasos capilares e, em seguida, às veias coronárias.
(TORTORA, 14ª ed.) A maior parte do sangue venoso do miocárdio drena para
um grande seio vascular no sulco coronário na face
posterior do coração, chamado seio coronário.
(TORTORA, 14ª ed.)
O sangue venoso do seio coronário drena para o átrio
direito. As principais tributárias que transportam sangue
para o seio coronário são: (TORTORA, 14ª ed.)
➢ Veia cardíaca magna no sulco interventricular
anterior, que drena as áreas do coração irrigadas
pela artéria coronária esquerda (ventrículos
esquerdo e direito e átrio esquerdo);
➢ Veia interventricular posterior no sulco
interventricular posterior, que drena as áreas
ARTÉRIAS CORONÁRIAS irrigadas pelo ramo interventricular posterior da
↠ Duas artérias coronárias, as artérias coronárias artéria coronária direita (ventrículos esquerdo e
esquerda e direita, ramificam-se da parte ascendente da direito);
aorta e fornecem sangue oxigenado para o miocárdio. ➢ Veia cardíaca parva no sulco coronário, que
(TORTORA, 14ª ed.) drena o átrio direito e o ventrículo direito;

@jumorbeck
➢ Veias anteriores do ventrículo direito, que esqueléticas. As fibras musculares cardíacas têm o
drenam o ventrículo direito e drenam mesmo arranjo de actina e miosina, e as mesmas bandas,
diretamente para o átrio direito. zonas e discos Z, que as fibras musculares esqueléticas.
Os túbulos transversos do músculo cardíaco são mais
Quando o bloqueio de uma artéria coronária priva o músculo cardíaco largos, mas menos abundantes do que no músculo
de oxigênio, a reperfusão, o restabelecimento do fluxo sanguíneo, esquelético; há um único túbulo transverso por
pode danificar ainda mais o tecido. Este efeito surpreendente é
decorrente da formação de radicais livres de oxigênio a partir do sarcômero no disco Z. (TORTORA, 14ª ed.)
oxigênio reintroduzido. (TORTORA, 14ª ed.)
Sistema de condução
Histologia do músculo cardíaco
↠ A atividade elétrica inerente e rítmica é o motivo das
↠ Em comparação às fibras musculares esqueléticas, as contrações cardíacas ao longo da vida. (TORTORA, 14ª
fibras musculares cardíacas são mais curtas e menos ed.)
circulares em um corte transversal. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ A fonte desta atividade elétrica é uma rede de fibras
↠ Apresentam ramificação, que dão a cada fibra musculares cardíacas especializadas chamadas fibras
muscular cardíaca uma aparência de “degrau”. autorrítmicas, porque são autoexcitáveis. (TORTORA, 14ª
(TORTORA, 14ª ed.) ed.)
↠ Geralmente, existe um núcleo central, embora uma
célula ocasionalmente tenha dois núcleos. (TORTORA, 14ª
ed.)

As áreas escuras que cruzam as fibras miocárdicas são


referidas como discos intercalados; elas são, na verdade,
membranas celulares que separam as células miocárdicas umas
das outras. Em cada disco intercalado, as membranas celulares
se fundem entre si, para formar junções “comunicantes”
permeáveis (gap junctions), que permitem rápida difusão,
quase totalmente livre, dos íons. Dessa forma, o miocárdio
forma sincício de muitas células musculares cardíacas, no qual
as células estão tão interconectadas que, quando uma célula é
As extremidades das fibras musculares cardíacas se ligam excitada, o potencial de ação se espalha rapidamente para
às fibras vizinhas por espessamentos transversais todas. O coração é, na verdade, composto por dois sincícios; o
sincício atrial e o sincício ventricular, que forma as paredes dos
irregulares de sarcolema chamados discos intercalares. Os
ventrículos. (GUYTON, 13ª ed.)
discos contêm desmossomos, que mantêm as fibras
unidas, e junções comunicantes, que possibilitam que os
As fibras possuem duas funções importantes:
potenciais de ação musculares sejam conduzidos de uma
fibra muscular para as fibras vizinhas. As junções ↠ Agem como marca-passo, definindo o ritmo da
comunicantes possibilitam que todo o miocárdio dos átrios excitação elétrica que provoca a contração do coração.
ou dos ventrículos se contraia como uma única unidade, (TORTORA, 14ª ed.)
coordenada. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Formam o sistema de condução do coração, uma
As mitocôndrias são maiores e mais numerosas nas fibras rede de fibras musculares cardíacas especializadas que
do músculo cardíaco do que nas fibras musculares

@jumorbeck
oferecem uma via para que cada ciclo de excitação
cardíaca se propague pelo coração. (TORTORA, 14ª ed.)

RESUMO DAS FASES DO POTENCIAL DE AÇÃO DO


MIOCÁRDIO (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Fase 0 (despolarização), os canais rápidos de
sódio abrem. Quando a célula cardíaca é
estimulada e se despolariza, o potencial de
membrana fica mais positivo. Os canais de sódio
ativados por voltagem (canais rápidos de sódio)
abrem e permitem que o sódio flua rapidamente
para dentro da célula e a despolarize. O potencial
de membrana alcança cerca de + 20 milivolts
antes dos canais de sódio encerrarem.
➢ Fase 1 (despolarização inicial), os canais rápidos
de sódio encerram. Os canais de sódio encerram,
a célula começa a repolarizar e os íons potássio
saem da célula através dos canais de potássio
abertos.
➢ Fase 2 (platô), os canais de cálcio abrem e os
canais rápidos de potássio encerram. Ocorre
uma breve repolarização inicial e o potencial de
ação alcança um platô em consequência de (1)
maior permeabilidade dos íons cálcio; e (2)
diminuição da permeabilidade dos íons potássio.
Os canais de íons cálcio, ativados por voltagem,
abrem lentamente durante as fases 1 e 0, e o
cálcio entra na célula. Depois, os canais de
potássio encerram e a combinação da redução
do efluxo de íons potássio e o aumento do
influxo de íons cálcio conduz a que o potencial
de ação alcance um platô.
➢ Fase 3 (polarização rápida), os canais de cálcio
encerram e os canais lentos de potássio abrem.
O fechamento dos canais de íons cálcio e o
aumento da permeabilidade aos íons potássio,
permitindo que os íons potássio saiam
rapidamente da célula, põem fim ao platô e
retornam o potencial de membrana da célula ao
seu nível de repouso.
➢ Fase 4 (potencial de membrana de repouso)
com valor médio aproximado de –90 milivolts. Os potenciais de ação cardíacos se propagam ao longo
do sistema de condução na seguinte sequência:
(TORTORA, 14ª ed.)
➢ A excitação cardíaca normalmente começa no
nó sinoatrial (SA), localizado na parede atrial
direita, discretamente inferior e lateral à abertura

@jumorbeck
da veia cava superior. As células do nó SA não impulsos nervosos da divisão autônoma do sistema nervoso
têm potencial de repouso estável. Em vez disso, (SNA) e hormônios transportados pelo sangue (como a
elas se despolarizam repetida e epinefrina) modificam sua sincronização e força a cada
espontaneamente até um limiar. A batimento cardíaco, mas não estabelecem o ritmo de base. Em
uma pessoa em repouso, por exemplo, a acetilcolina liberada
despolarização espontânea é um potencial
pela parte parassimpática do SNA atrasa a estimulação do nó
marca-passo. Quando o potencial marca-passo SA para a cada aproximadamente 0,8 s, ou 75 potenciais de
alcança o limiar, ele dispara um potencial de ação. ação por minuto. (TORTORA, 14ª ed.)
Cada potencial de ação do nó SA se propaga ao
longo de ambos os átrios via junções Ciclo cardíaco
comunicantes nos discos intercalares das fibras
musculares atriais. Após o potencial de ação, os O conjunto dos eventos cardíacos, que ocorre entre o
dois átrios se contraem ao mesmo tempo. início de um batimento e o início do próximo, é
➢ Ao ser conduzido ao longo das fibras musculares denominado ciclo cardíaco. Cada ciclo é iniciado pela
atriais, o potencial de ação alcança o nó geração espontânea de potencial de ação no nodo
atrioventricular (AV), localizado no septo sinusal. (GUYTON, 13ª ed.)
interatrial, imediatamente anterior à abertura do Em cada ciclo cardíaco, os átrios e ventrículos se
seio coronário. No nó AV, o potencial de ação contraem e relaxam alternadamente, forçando o sangue
se desacelera consideravelmente, como das áreas de alta pressão às áreas de baixa pressão.
resultado de várias diferenças na estrutura Enquanto uma câmara do coração se contrai, a pressão
celular do nó AV. Este atraso fornece tempo arterial dentro dela aumenta. (TORTORA, 14ª ed.)
para os átrios drenarem seu sangue para os
ventrículos. O ciclo cardíaco consiste no período de relaxamento,
➢ A partir do nó AV, o potencial de ação entra no chamado diástole, durante o qual o coração se enche de
fascículo atrioventricular (AV) (feixe de His,). Este sangue, seguido pelo período de contração, chamado
fascículo é o único local em que os potenciais sístole. (GUYTON, 13ª ed.)
de ação podem ser conduzidos dos átrios para
A duração total do ciclo cardíaco, incluindo a sístole e a
os ventrículos. (Em outros lugares, o esqueleto
diástole, é a recíproca da frequência cardíaca. Por
fibroso do coração isola eletricamente os átrios
exemplo, se a frequência cardíaca é de 72
dos ventrículos.)
batimentos/min, a duração do ciclo cardíaco é de 1/72
➢ Depois da propagação pelo fascículo AV, o
batimentos/min — aproximadamente 0,0139 minuto por
potencial de ação entra nos ramos direito e
batimento, ou 0,833 segundo por batimento. (GUYTON, 13ª
esquerdo. Os ramos se estendem ao longo do ed.)
septo interventricular em direção ao ápice do
coração. Bulhas cardíacas
➢ Por fim, os ramos subendocárdicos calibrosos
(fibras de Purkinje) conduzem rapidamente o ↠ O som dos batimentos cardíacos é decorrente
potencial de ação, começando no ápice do principalmente da turbulência do sangue causada pelo
coração e subindo em direção ao restante do fechamento das valvas cardíacas.
miocárdio ventricular. Em seguida, os ventrículos
se contraem, deslocando o sangue para cima ↠ Durante cada ciclo cardíaco, existem quatro bulhas
em direção às válvulas semilunares. cardíacas, mas em um coração normal apenas a primeira e a
segunda bulhas cardíacas (B1 e B2) são auscultadas com um
Por conta própria, as fibras autorrítmicas do nó SA iniciariam estetoscópio.
um potencial de ação a cada 0,6 s, ou 100 vezes por minuto.
Assim, o nó SA define o ritmo de contração do coração – é o ↠ A primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita como um
marca-passo natural. Esta frequência é mais rápida do que a de som de tum, é mais forte e um pouco mais longa do que a
qualquer outra fibra autorrítmica. Como os potenciais de ação segunda bulha. B1 é causada pela turbulência do sangue
do nó SA se espalham ao longo do sistema de condução e associada ao fechamento das valvas AV logo depois de a sístole
estimulam outras áreas antes que estas sejam capazes de ventricular começar.
produzir um potencial de ação no seu próprio ritmo, mais lento,
o nó SA age como o marca-passo natural do coração. Os

@jumorbeck
↠ A segunda bulha (B2), que é mais breve e não tão forte produção de potenciais de ação em todas as fibras
quanto a primeira, pode ser descrita como um som de tá. B2 nervosas e musculares, não é de se estranhar que
é causada pela turbulência no sangue associada ao fechamento os desequilíbrios iônicos possam comprometer
das valvas do tronco pulmonar e da aorta no início da diástole rapidamente a efetividade do bombeamento
ventricular. cardíaco. As concentrações relativas de três cátions
– K+, Ca2+ e Na+ – exercem efeito acentuado na
Fatores que influenciam nos batimentos cardíacos função cardíaca. Níveis sanguíneos elevados de K+
ou Na+ diminuem a frequência e a contratilidade
cardíaca. O excesso de Na+ bloqueia o influxo de
➢ Controle parassimpático O neurotransmissor
Ca2+ durante potenciais de ação cardíacos,
parassimpático acetilcolina (ACh) diminui a frequência
diminuindo assim a força de contração, enquanto o
cardíaca. A acetilcolina ativa os receptores
excesso de K+ bloqueia a produção de potenciais de
colinérgicos muscarínicos que influenciam os canais
ação. Um aumento moderado do nível intersticial (e,
de K e Ca2. A combinação dos dois efeitos faz a
portanto, intracelular) de Ca2+ acelera a frequência
célula levar mais tempo para alcançar o limiar,
cardíaca e fortalece as contrações cardíacas.
atrasando o início do potencial de ação no marca-
passo e diminuindo a frequência cardíaca.
Também influenciam na frequência cardíaca de repouso:
(SILVERTHORN, 7ª ed.) ➢ A idade;
➢ Controle simpático A estimulação simpática nas ➢ O sexo;
células marca-passo acelera a frequência cardíaca. As ➢ A condição física;
catecolaminas noradrenalina (dos neurônios ➢ A temperatura corporal;
simpáticos) e adrenalina (da medula da glândula
suprarrenal) aumentam o fluxo iônico através dos Toda substância química que afeta a contratilidade é chamada de
canais If e de Ca2 . A entrada mais rápida de cátions agente inotrópico, e sua influência é chamada de efeito inotrópico. Se
acelera a taxa de despolarização, fazendo a célula uma substância química aumenta a força de contração, ela possui um
atingir o limiar mais rapidamente e, assim, efeito inotrópico positivo. Por exemplo, as catecolaminas adrenalina e
aumentando a taxa de disparo do potencial de ação noradrenalina e fármacos, como os digitálicos, aumentam a
Quando o marca-passo dispara potenciais de ação contratilidade e, portanto, possuem efeitos inotrópicos positivos.
mais rapidamente, a frequência cardíaca aumenta. Substâncias químicas com efeito inotrópico negativo diminuem a
contratilidade. (SILVERTHORN, 7ª ed.)
(SILVERTHORN, 7ª ed.)

Determinados produtos químicos influenciam a fisiologia


Artigo: Variabilidade da Frequência Cardíaca,
de base do músculo cardíaco e a frequência cardíaca. Por
exemplo, a hipoxia (nível de oxigênio reduzido), acidose Depressão, Ansiedade e Estresse em Intensivistas
(pH baixo) e alcalose (pH elevado) deprimem a atividade
cardíaca. Vários hormônios e cátions têm grandes efeitos O presente estudo objetivou avaliar médicos e
sobre o coração: (TORTORA, 14ª ed.) enfermeiros de UTI, com relação à presença ou não de
ansiedade, depressão e estresse, e documentar durante
➢ Hormônios: A epinefrina e a norepinefrina o plantão possíveis alterações na VFC por meio da
(provenientes da medula da glândula suprarrenal) gravação dos batimentos cardíacos com Holter durante
melhoram a efetividade do bombeamento cardíaco. o período de 12 horas.
Estes hormônios afetam as fibras musculares
cardíacas de modo muito semelhante à maneira Em relação às variáveis da VFC, evidenciou-se que seus
como o faz a norepinefrina liberada pelos nervos componentes em quase sua totalidade estiveram
aceleradores cardíacos – aumentam a frequência e alterados quando comparados aos valores considerados
a contratilidade cardíacas. O exercício, o estresse e a normais, principalmente HF e a relação LF/HF (domínio
excitação fazem com que as medulas das glândulas da frequência).
suprarrenais liberem mais hormônios. Os hormônios
tireoidianos também melhoram a contratilidade Quando se analisam os componentes descanso e
cardíaca e aumentam a frequência cardíaca. Um sinal classificação do plantão, notam-se alterações nas variáveis
de hipertireoidismo é a taquicardia, ou seja, uma que refletem a atividade parassimpática, com nítidas
frequência cardíaca de repouso elevada. mudanças na VFC, sugerindo que o descanso durante o
➢ Cátions: Dado que as diferenças entre as plantão de 12 horas influi de maneira importante a
concentrações intracelulares e extracelulares de
classificação do plantão pelos intensivistas.
vários cátions (p. ex., Na+ e K+) são cruciais para a

@jumorbeck
Referências

TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível


em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

JUNQUEIRA; CARNEIRO. Histologia Básica, 13ª ed.


Guanabara Koogan, SP, 2017.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017.
MOORE. Anatomia Orientada para a Clínica, 7ª ed.
Guanabara Koogan, SP, 2017
Silverthorn, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, [Inserir ano de
publicação].
LONGHI, ALLAN; TOMAZ, CARLOS A. B. Variabilidade da
frequência cardíaca, depressão, ansiedade e estresse em
intensivistas. Revista Brasileira de Cardiologia, v. 23, n. 6 ,
páginas: 315-323, 2010.

@jumorbeck
Ciclo Cardíaco Período de Contração Isovolumétrica (Isométrica):

O conjunto dos eventos cardíacos, que ocorre entre o ↠ Imediatamente após o início da contração ventricular,
início de um batimento e o início do próximo, é a pressão ventricular sobe, de modo abrupto, fazendo
denominado ciclo cardíaco. Cada ciclo é iniciado pela com que as valvas A-V se fechem.
geração espontânea de potencial de ação no nodo ↠ É necessário mais 0,02 a 0,03 segundo para que o
sinusal. (GUYTON, 13ª ed.) ventrículo gere pressão suficiente para empurrar e abrir
as válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) contra a
DiÁstole e SÍstole pressão nas artérias aorta e pulmonar.
↠Durante esse período os ventrículos estão se
O ciclo cardíaco consiste no período de relaxamento, contraindo, mas não ocorre esvaziamento. É o chamado
chamado diástole, durante o qual o coração se enche de período de contração isovolumétrica ou isométrica.
sangue, seguido pelo período de contração, chamado
sístole. A duração total do ciclo cardíaco, incluindo a sístole
Período de Ejeção.:
e a diástole, é a recíproca da frequência cardíaca.
(GUYTON, 13ª ed.) ↠ Quando a pressão no interior do ventrículo esquerdo
aumenta até pouco acima de 80 mmHg (e a pressão do
Por exemplo, se a frequência cardíaca é de 72 batimentos/min,
ventrículo direito, pouco acima de 8 mmHg), a pressão
a duração do ciclo cardíaco é de 1/72 batimentos/min —
aproximadamente 0,0139 minuto por batimento, ou 0,833 ventricular força a abertura das valvas.
segundo por batimento. ↠ Imediatamente, o sangue começa a ser lançado para
diante, para as artérias. Em torno de 60% do sangue do
Obs.: O Aumento da Frequência Cardíaca Reduz a Duração do ventrículo são ejetados durante a sístole.
Ciclo Cardíaco.
↠ Cerca de 70% dessa porção são ejetados durante o
Os átrios funcionam como pré-bombas para os ventrículos: primeiro terço do período de ejeção, e os 30% restantes
Normalmente, o sangue flui de forma contínua, vindo das do esvaziamento ocorrem nos outros dois terços do
grandes veias para os átrios; cerca de 80% do sangue fluem período.
diretamente dos átrios para os ventrículos, mesmo antes da ↠ Assim, o primeiro terço é o chamado período de
contração atrial. Então, essa contração representa os 20% ejeção rápida, e os demais dois terços, período de ejeção
adicionais para acabar de encher os ventrículos. Desse modo,
lenta.
os átrios funcionam como bomba de escova (primer pump),
que melhora a eficácia do bombeamento ventricular por, no
máximo, 20%. Entretanto, o coração pode continuar operando,
Período de Relaxamento Isovolumétrico (Isométrico):
na maioria das circunstâncias, mesmo sem esses 20% a mais ↠ Ao final da sístole, o relaxamento ventricular começa
de eficiência, pois ele normalmente tem capacidade de
de modo repentino, fazendo com que as pressões
bombear de 300 a 400% a mais de sangue do que o
intraventriculares direita e esquerda diminuam
necessário para o corpo, nas condições de repouso (GUYTON,
13ª ed.). rapidamente.
↠ As altas pressões nas artérias distendidas que
acabaram de ser cheias com o sangue vindo dos
ventrículos contraídos tornam a empurrar o sangue de
volta para os ventrículos, causando o fechamento das
valvas aórtica e pulmonar.
↠ Durante mais 0,03 a 0,06 segundo, o músculo
ventricular continua a relaxar, mesmo que o volume não
se altere, originando o período de relaxamento
isovolumétrico ou isométrico.
↠ As pressões intraventriculares diminuem rapidamente
de volta aos valores diastólicos. É então que as valvas A-
V se abrem para iniciar novo ciclo de bombeamento
ventricular.

@jumorbeck
Os Ventrículos se Enchem de Sangue durante a Diástole.: CONCEITOS DE PRÉ-CARGA E PÓS-CARGA
↠ Assim que a sístole termina e as pressões ventriculares ↠ Pré-carga: grau de tensão do músculo quando ele
retornam aos baixos valores diastólicos, as pressões começa a se contrair. Para a contração cardíaca, a pré-
moderadamente altas que se desenvolveram nos átrios carga é geralmente considerada como a pressão
durante a sístole ventricular forçam de imediato as valvas diastólica final quando o ventrículo está cheio.
A-V a se abrirem.
↠ É o chamado período de enchimento rápido ↠ Pós-carga: é a pressão na aorta à saída do ventrículo.
ventricular. O período de enchimento rápido ocorre
REGULAÇÃO DO BOMBEAMENTO CARDÍACO
aproximadamente durante o primeiro terço da diástole.
↠ Ao longo do segundo terço, uma pequena quantidade ↠ Os meios básicos de regulação do volume bombeado
de sangue nas condições normais flui para os ventrículos, são (1) regulação cardíaca intrínseca, em resposta às
sendo esse o sangue que continua a chegar aos átrios, variações no aporte do volume sanguíneo em direção ao
vindo das veias, fluindo diretamente para os ventrículos. coração; e (2) controle da frequência cardíaca e da força
↠ Durante o último terço da diástole, os átrios se de bombeamento pelo sistema nervoso autonômico.
contraem, dando impulso adicional ao fluxo sanguíneo
Regulação intrínseca do bombeamento cardíaco — o
para os ventrículos. Esse mecanismo responde por mais
mecanismo de Frank-Starling:
ou menos 20% do enchimento ventricular total em cada
ciclo cardíaco. ↠ Capacidade intrínseca do coração de se adaptar a
volumes crescentes de afluxo sanguíneo.
↠ O mecanismo de Frank-Starling afirma que quanto
mais o miocárdio for distendido durante o enchimento,
maior será a força da contração e maior será a
quantidade de sangue bombeada para a aorta. Ou, em
outras palavras: Dentro de limites fisiológicos, o coração
bombeia todo o sangue que a ele retorna pelas veias.
EXPLICAÇÃO DO MECANISMO DE FRANK-STARLING

Quando uma quantidade adicional de sangue chega aos


ventrículos, o músculo cardíaco é mais distendido. Essa
distensão, por sua vez, leva o músculo a se contrair com força
aumentada, pois os filamentos de miosina e actina ficam
dispostos em ponto mais próximo do grau ideal de
superposição para a geração de força. Assim, o ventrículo em
VOLUME DIASTÓLICO FINAL: representa o total de sangue função de seu enchimento otimizado automaticamente
presente no ventrículo ao final da diástole.
bombeia mais sangue para as artérias. Essa capacidade do
VOLUME SISTÓLICO: volume ejetado durante a sístole. músculo distendido, de se contrair com maior produção de
trabalho até seu comprimento ideal, é característica de todos
VOLUME SISTÓLICO FINAL: quantidade de sangue restante os músculos estriados (GUYTON, 13ª ed.)
no ventrículo ao fim da sístole.
Controle do Coração pela Inervação Simpática e
FRAÇÃO DE EJEÇÃO: fração do volume final diastólico que é Parassimpática
ejetada.
A eficácia do bombeamento cardíaco é também
DÉBITO CARDÍACO: volume de sangue ejetado por minuto.
controlada pelos nervos simpáticos e parassimpáticos
FREQUÊNCIA CARDÍACA: número de batimentos cardíacos (vagos) que inervam de forma abundante o coração. Para
por min. (bpm). determinados níveis de pressão atrial, a quantidade de
sangue bombeada a cada minuto (o débito cardíaco) com
DC= FC X VS VS= VDF – VSF
frequência pode ser aumentada por mais de 100% pelo
estímulo simpático. E, por outro lado, o débito pode ser

@jumorbeck
diminuído até zero, ou quase zero, por estímulo vagal
(parassimpático). (GUYTON, 13ª ed.)

As células cardíacas conectam-se umas às outras por


discos intercalares, que incluem a combinação de junções
mecânicas e conexões elétricas. As conexões mecânicas,
que evitam que as células se soltem quando se contraem,
abrangem as junções de aderência e os desmossomos.
Por outro lado, as junções comunicantes (gap) entre as
células musculares cardíacas formam conexões elétricas,
Sincronia das células do tecido muscular cardíaco permitindo a propagação do potencial de ação por todo
o coração.
O coração é composto por três tipos principais de
músculo: o músculo atrial, o músculo ventricular e as fibras Assim, considera-se que a disposição das células
especializadas excitatórias e condutoras. (GUYTON, 13ª ed.) musculares cardíacas forma um sincício mecânico e
elétrico, fazendo com que um único potencial de ação
Os tipos atrial e ventricular de músculo contraem-se (gerado no interior do nó sinoatrial) curse por todo o
quase como os músculos esqueléticos, mas com duração coração, de maneira que este se contraia de modo
muito maior da contração. (GUYTON, 13ª ed.) sincrônico, semelhante a ondas. (BERNE E LEVY) O
coração é, na verdade, composto por dois sincícios; o
As fibras excitatórias e de condução do coração, no
sincício atrial, que forma as paredes dos dois átrios e o
entanto, só se contraem fracamente por conterem
sincício ventricular, que forma as paredes dos ventrículos.
poucas fibras contráteis, mas apresentam descargas
(GUYTON, 13ª ed.)
elétricas rítmicas automáticas, na forma de potenciais de
ação, ou fazem a condução desses potenciais de ação Essa divisão do músculo cardíaco em dois sincícios
pelo coração, representando sistema excitatório que funcionais permite que os átrios se contraiam pouco
controla os batimentos rítmicos. (GUYTON, 13ª ed.) antes da contração ventricular, o que é importante para
a eficiência do bombeamento cardíaco. (GUYTON, 13ª ed.)
ANATOMIA FISIOLÓGICA DO MÚSCULO CARDÍACO
A célula cardíaca é constituída de miofibrilas, núcleo,
As fibras musculares cardíacas se dispõem em malha ou
sarcoplasma, sarcolema, discos intercalares, mitocôndrias
treliça com as fibras se dividindo, se recombinando e, de
e retículo sarcoplasmático. (SILVERTHON, 7ª ed.)
novo, se separando.
As miofibrilas são compostas de várias unidades,
O músculo cardíaco contém miofibrilas típicas, com
funcionalmente autônomas, denominadas sarcômeros, os
filamentos de actina e miosina, esses filamentos se
quais representam as unidades contráteis do músculo
dispõem lado a lado e deslizam durante as contrações
cardíaco. Os sarcômeros contêm dois tipos de filamentos,
ambos de estrutura proteica – actina ou filamento
delgado e miosina ou filamento espesso. (SILVERTHON,
7ª ed.)

@jumorbeck
RESUMO DAS FASES DO POTENCIAL DE AÇÃO DO
MIOCÁRDIO (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Fase 0 (despolarização), os canais rápidos de
sódio abrem. Quando a célula cardíaca é
estimulada e se despolariza, o potencial de
membrana fica mais positivo. Os canais de sódio
Dois tipos de proteínas moduladoras – troponina e ativados por voltagem (canais rápidos de sódio)
tropomiosina – participam dos fenômenos que envolvem abrem e permitem que o sódio flua rapidamente
a actina. A troponina age como receptora de cálcio em para dentro da célula e a despolarize. O potencial
nível molecular, enquanto a tropomiosina recobre os de membrana alcança cerca de + 20 milivolts
pontos de acoplamento do sistema miosínico. antes dos canais de sódio encerrarem.
(SILVERTHON, 7ª ed.) ➢ Fase 1 (despolarização inicial), os canais rápidos
de sódio encerram. Os canais de sódio encerram,
a célula começa a repolarizar e os íons potássio
saem da célula através dos canais de potássio
abertos.
➢ Fase 2 (platô), os canais de cálcio abrem e os
canais rápidos de potássio encerram. Ocorre
uma breve repolarização inicial e o potencial de
ação alcança um platô em consequência de (1)
maior permeabilidade dos íons cálcio; e (2)
diminuição da permeabilidade dos íons potássio.
Os canais de íons cálcio, ativados por voltagem,
A contração da célula cardíaca é, em essência, o resultado abrem lentamente durante as fases 1 e 0, e o
da junção de vários sistemas actinomiosínicos, cujo cálcio entra na célula. Depois, os canais de
mecanismo biofísico básico é o deslizamento da actina potássio encerram e a combinação da redução
sobre a miosina. No entanto, para que se processem do efluxo de íons potássio e o aumento do
essas junções, é fundamental uma complexa cadeia de influxo de íons cálcio conduz a que o potencial
reações bioquímicas desencadeadas pela estimulação de ação alcance um platô.
elétrica das células cardíacas. ➢ Fase 3 (polarização rápida), os canais de cálcio
encerram e os canais lentos de potássio abrem.
A energia necessária para ativar o sistema actinomiosínico O fechamento dos canais de íons cálcio e o
provém do rompimento das ligações da adenosina aumento da permeabilidade aos íons potássio,
trifosfato (ATP). O enriquecimento desses fosfatos permitindo que os íons potássio saiam
depende do metabolismo aeróbico, processado no rapidamente da célula, põem fim ao platô e
interior das mitocôndrias e sarcoplasma, os quais, por sua retornam o potencial de membrana da célula ao
vez, estão na dependência da integridade das células e seu nível de repouso.
de adequado suprimento sanguíneo ao miocárdio pelas ➢ Fase 4 (potencial de membrana de repouso)
artérias coronárias. (SILVERTHON, 7ª ed.) com valor médio aproximado de –90 milivolts.
O elemento iônico fundamental na contração cardíaca é
o cálcio, pois a elevação do teor de cálcio livre no interior
do sarcômero resulta em sua interação com a troponina,
etapa essencial da série de fenômenos que culminam na
contração da miofibrila. (SILVERTHON, 7ª ed.)

@jumorbeck
momento do potencial de ação por canais dependentes
de voltagem na membrana de túbulos T.
↠ A entrada de cálcio ativa canais de liberação de cálcio,
também chamados canais de receptores de rianodina, na
membrana do retículo sarcoplasmático, o que
desencadeia a liberação de cálcio para o sarcoplasma.
↠ Em seguida, íons cálcio no sarcoplasma interagem
com a troponina para iniciar a formação de pontes
cruzadas (cross--bridges) e contração.
A força da contração cardíaca depende muito da
concentração de íons cálcio nos líquidos extracelulares.
(GUYTON, 13ª ed.)

Período Refratário do Miocárdio: O músculo cardíaco,


como todos os tecidos excitáveis, é refratário à
reestimulação durante o potencial de ação. Assim, o
período refratário do coração é o intervalo de tempo
durante o qual o impulso cardíaco normal não pode EFEITO DOS ÍONS POTÁSSIO E CÁLCIO NO FUNCIONAMENTO
reexcitar área já excitada do miocárdio. (GUYTON, 13ª ed.)
CARDÍACO
Acoplamento Excitação-Contração – A função dos íons
Efeitos dos Íons Potássio:
cálcio e dos túbulos transversos: mecanismo pelo qual o
potencial de ação provoca a contração das miofibrilas. ↠ O excesso de potássio nos líquidos extracelulares
(GUYTON, 13ª ed.) pode fazer com que o coração se dilate e fique flácido,
além de diminuir a frequência dos batimentos. (GUYTON,
↠ O potencial de ação se difunde para o interior da fibra
13ª ed.)
muscular, passando ao longo das membranas dos túbulos
transversos (T). ↠ Grandes quantidades de potássio podem vir a bloquear
a condução do impulso cardíaco dos átrios para os
↠ O potencial dos túbulos T, por sua vez, age nas
ventrículos pelo feixe A-V.
membranas dos túbulos sarcoplasmáticos longitudinais
para causar a liberação de íons cálcio pelo retículo ↠ Esses efeitos resultam, em parte, do fato da alta
sarcoplasmático no sarcoplasma muscular. concentração de potássio nos líquidos extracelulares
diminuir o potencial de repouso das membranas das fibras
↠ Esses íons cálcio se dispersam para as miofibrilas,
miocárdicas
quando catalisam as reações químicas que promovem o
deslizamento, um contra o outro, dos filamentos de Efeito dos Íons Cálcio:
miosina e actina, produzindo, assim, a contração muscular.
↠ O excesso de íons cálcio causa efeitos quase opostos
↠ Além dos íons cálcio, liberados das cisternas do retículo aos dos íons potássio, induzindo o coração a produzir
sarcoplasmático para o sarcoplasma, grande quantidade contrações espásticas. A causa disso é o efeito direto dos
de íons cálcio adicionais também se difunde para o íons cálcio na deflagração do processo contrátil cardíaco.
sarcoplasma, partindo dos próprios túbulos T no (GUYTON, 13ª ed.)

@jumorbeck
EXCITAÇÃO RÍTMICA DO CORAÇÃO
Autoexcitação das Fibras do Nodo Sinusal:
O coração humano tem um sistema especial para a
autoexcitação rítmica e a contração repetitiva de ↠ Potencial de repouso gradativamente aumenta entre
aproximadamente cem mil vezes ao dia, ou três bilhões os batimentos cardíacos; Canais de sódio
de vezes em uma vida humana de duração média. Esse permanentemente abertos;
feito impressionante é realizado por um sistema que: (1) ↠ -40 canais L de cálcio são ativados;
gera impulsos elétricos rítmicos para iniciar contrações ↠ Canais de potássio se abrem;
rítmicas do miocárdio; e (2) conduz esses impulsos ↠ Potássio deixa a célula;
rapidamente por todo o coração. (GUYTON, 13ª ed.) ↠ Fim do Potencial de Ação;
↠ Fechamento dos Canais de Potássio;
↠ Nova onda despolarizante;

As vias intermodal e interatrial:


↠ Transmitem impulsos cardíacos pelos átrios;
↠ Chegam até o nó AV;
↠ Fibras condutoras especializadas;
↠ Semelhantes às Fibras de Purkinje;

O Nodo Atrioventricular:
↠ Retarda a condução do impulso dos átrios para os
ventrículos;
↠ Localizado na parede posterior do AD, atrás da válvula
tricúspide;
↠ Células do Nodo Atrio Ventricular possuem número
Nodo Sinusal ( Sinoatrial): reduzido de junções comunicantes;

↠ Está situado na parede posterolateral superior do átrio Sistema de Purkinge Ventricular:


direito, imediatamente abaixo e pouco lateral à abertura
da veia cava superior. ↠ Calibrosas, conduzem o Potencial de Ação com
↠ As fibras do nodo sinusal se conectam diretamente às velocidade 6x maior que o músculo ventricular e 150x
fibras musculares atriais, de modo que qualquer potencial maior q as fibras do novo A-V;
de ação que se inicie no nodo sinusal se difunde de ↠ Transmissão praticamente instantânea para toda
imediato para a parede do músculo atrial. musculatura cardíaca;
↠ Junções comunicantes dos discos intercalares são
Mecanismo de Ritmicidade do Nodo Sinusal: numerosas e muito permeáveis;
↠ Possuem pouco ou nada de miofibrilas;

Transmissão unidirecional pelo feixe A – V:


↠ Feixe A-V é incapaz em condições fisiológicas de
conduzir Potenciais de Ação retrogradamente;
↠ Impede a entrada de impulsos dos ventrículos para os
átrios;
↠ Condução é apenas ANTETRÓGRADA;
↠ Tecido fibroso atrioventricular auxilia neste processo.

↠ Negatividade de -55 a -60 nas fibras do nodo sinusal;


↠ Mais permeáveis ao cálcio e sódio;

@jumorbeck
Coração do Atleta de trabalho nas sessões de exercício (BARBIER et al.,
2006; CARREÑO et al., 2007).
Qualquer atividade que aciona grandes músculos do corpo
durante pelo menos 20 min, eleva o débito cardíaco e Esta hipertrofia é um mecanismo fisiológico
acelera a taxa metabólica. (TORTORA, 14ª ed.) compensatório, caracterizado principalmente pelo
aumento do comprimento e diâmetro dos cardiomiócitos,
A prática de exercícios físicos aumenta a demanda de desta forma sendo responsável pela manutenção da
oxigênio dos músculos. O fato de a demanda ser atendida tensão na parede ventricular em níveis fisiológicos
depende principalmente da adequação do débito cardíaco (COLAN, 1997; URHAUSEN& KINDERMANN, 1999).
e do bom funcionamento do sistema respiratório.
(TORTORA, 14ª ed.) A HC ocorre pela capacidade do músculo cardíaco de
adaptar-se a sobrecargas hemodinâmicas, que levam às
Após várias semanas de treinamento, uma pessoa alterações na estrutura do miocárdio de duas formas: uma
saudável aumenta o débito cardíaco máximo (o volume causada pela sobrecarga de volume, verificada com o
de sangue ejetado dos ventrículos para as respectivas treinamento físico aeróbico, como a corrida e a natação,
artérias por minuto), elevando assim o fornecimento chamada de hipertrofia excêntrica e outra causada pela
máximo de oxigênio aos tecidos. (TORTORA, 14ª ed.) sobrecarga de pressão, observada com o treinamento de
força/isométrico como o levantamento de peso e o judô,
Durante a atividade extenuante, um atleta bem treinado
que é conhecida como hipertrofia concêntrica. (FAGARD,
pode alcançar o dobro do débito cardíaco de uma pessoa
1997).
sedentária, em parte porque o treinamento provoca
hipertrofia do coração. Essa condição é conhecida como A HC excêntrica, observada no coração de atletas que
cardiomegalia fisiológica. (TORTORA, 14ª ed.) realizam treinamento aeróbico, ocorre devido à
sobrecarga de volume, ou seja, aumento da pré-carga
A cardiomegalia patológica está relacionada com
devido ao aumento do retorno venoso durante as
cardiopatia grave. (TORTORA, 14ª ed.)
sessões de exercício, o que gera um elevado pico de
Mesmo que o coração de um atleta bem treinado seja tensão diastólica, induzindo ao crescimento dos miócitos.
maior, seu débito cardíaco em repouso é Neste, ocorre adição em série dos novos sarcômeros, e
aproximadamente o mesmo de uma pessoa não treinada consequente aumento em seu comprimento pelo
saudável, porque o volume sistólico é aumentado aumento no número das miofibrilas, para normalizar o
enquanto a frequência cardíaca é diminuída. (TORTORA, estresse na parede do miocárdio levando a um aumento
14ª ed.) da cavidade do ventrículo esquerdo (VE). A cavidade
aumentada gera um elevado pico de tensão sistólica, que
Hipertrofia Cardíaca induzida pelo treinamento físico: estimula o crescimento dos miócitos, pela adição de
eventos moleculares e celulares que modificam o fenótipo. novos sarcômeros em paralelo, aumentando também a
espessura da parede do VE de forma compensatória.
A prática regular de exercícios físicos leva a uma série
Como consequência, a relação entre a parede ventricular
de adaptações fisiológicas no organismo de forma gradual
e o raio do VE permanece inalterada.
que variam conforme as características do treinamento.
Entre essas adaptações estão às cardiovasculares, dentre A HC concêntrica decorrente do treinamento de força é
as quais se destaca a hipertrofia cardíaca (HC), que ocorre gerada pela sobrecarga pressórica que ocorre no VE, ou
frente a alterações hemodinâmicas que modificam as seja, pelo aumento da pós-carga, que é caracterizado
condições de sobrecarga cardíaca durante as sessões de pelo elevado pico de tensão sistólica. Como resposta a
treinamento. (MAGALHÃES et. al, 2008) essa sobrecarga hemodinâmica ocorre aumento no
diâmetro dos miócitos, pela adição de novos sarcômeros
A hipertrofia cardíaca induzida pelo treinamento físico é
em paralelo, o que leva a um aumento na espessura da
considerada fisiológica e desenvolvida de forma simétrica
parede do VE (COLAN, 1997; GROSSMAN et al., 1975;
no coração, sendo que as mudanças estruturais são
SHAPIRO, 1997). Tanto atletas como animais experimentais
dependentes da natureza, duração e intensidade do
que realizam exercícios estáticos ou isométricos
exercício. desenvolvem um aumento predominante da espessura
A HC induzida pelo treinamento físico refere-se ao da parede ventricular esquerda sem alteração no
aumento de massa muscular em resposta a sobrecarga tamanho da cavidade do VE. Esta hipertrofia é

@jumorbeck
caracterizada pelo aumento da razão entre a espessura genético da resposta ao exercício, e pela predisposição
da parede e do raio do VE (COLAN, 1997; PLUIM et al., genética para suportar um exercício físico mais intenso
2000; BARAUNA et al., 2007a). e, consequentemente, atingir um maior rendimento
durante a competição. A influência genética pode assim
A HC promovida pelo treinamento físico ocorre para
ajudar a explicar a diferença acentuada na intensidade das
ajustar à carga de trabalho imposta ao ventrículo para
alterações cardiovasculares e no rendimento de atletas
manter constante a relação entre a pressão sistólica da
com as mesmas características antropométricas e
cavidade e a razão da espessura da parede com o raio
submetidos ao mesmo tipo/intensidade de treino (10). Um
ventricular. Estas alterações na estrutura e função
dos exemplos desta possível influência genética é o gene
cardíaca são determinadas pela lei de Laplace:
da enzima conversora da angiotensina (ECA), ao qual tem
TP=Pr/h sido atribuído um papel importante na remodelação
fisiológica do ventrículo esquerdo. Montgomery et al
Portanto, se o ventrículo é uma esfera, a pressão (P) é comprovaram que níveis aumentados de ECA têm
proporcional à tensão da parede (TP) e a sua espessura influência no desenvolvimento da hipertrofia miocárdica
(h) é inversamente proporcional ao raio da curvatura (r). induzida pelo treino.
Visando adequação da velocidade e da força de Uma das características mais importantes do Coração de
contração necessárias ao processo de adaptação a HC, Atleta é o aumento do tónus parassimpático e a
ocorrem modificações nas proporções dos diferentes diminuição do tónus simpático, que são responsáveis por
tipos de proteínas estruturais dos sarcômeros, como a achados frequentes no atleta, tais como a bradicardia de
actina e a miosina. A síntese destas novas proteínas repouso, a arritmia sinusal e os atrasos da condução
aumenta principalmente a espessura (treinamento físico aurículo-ventricular
de força) e o comprimento das miofibrilas (treinamento
físico aeróbico), aumentando o tamanho dos sarcômeros Um dos achados mais frequentes do exame objectivo do
(MORGAN & BAKER, 1991; MORGAN et al., 1987). Esse atleta é a auscultação de um sopro cardíaco A etiologia
aumento na síntese proteica é dependente da uma deste sopro difere com a idade do atleta. Nos atletas
sinalização extracelular, que desencadeia uma cascata jovens, geralmente não existem alterações degenerativas
bioquímica de sinalização intracelular até chegar ao núcleo dos anéis valvulares. Por isso, o sopro resulta quase
da célula levando ao aumento da transcrição gênica e da sempre do aumento de velocidade do fluxo sanguíneo
síntese proteica. Entretanto, ainda são pouco conhecidos secundário ao elevado volume sistólico ejectado por um
os eventos bioquímicos desta sinalização intracelular com coração “hiperfuncionante”. Nos atletas mais velhos (com
treinamento físico. mais de 50 anos de idade), é frequente a existência de
esclerose da válvula aórtica. Por isso, a auscultação de um
Os receptores de membrana são ativados por seus sopro cardíaco nestes atletas deve suscitar uma avaliação
respectivos agonistas. Já as integrinas são proteínas mais cuidada, porque pode tratar-se de um processo
sensíveis ao estresse mecânico. Ao serem acionados, fisiológico (tal como acontece em atletas mais jovens), ou
tanto os receptores quanto as integrinas desencadeiam ser secundário ao fenómeno de esclerose da válvula
sinais bioquímicos intracelulares, que coordenam o aórtica.
crescimento hipertrófico, alterando no núcleo a
expressão gênica e no citoplasma aumentando a Bradicardia sinusal – O débito cardíaco é o produto da
velocidade de tradução ribossomal de proteínas, bem frequência cardíaca com o volume sistólico. Durante a
como diminuindo a degradação de proteínas do citosol. prática desportiva, o débito cardíaco do atleta é superior
Na HC induzida pelo treinamento físico aeróbico, a via mais ao do indivíduo não atleta. No entanto, quando em
bem conhecida é a do receptor de tirosina quinase, ao repouso estes valores são muito semelhantes em ambos.
qual se ligam fatores de crescimento como o fator de Visto que o volume sistólico está geralmente aumentado
crescimento de fibroblastos (FGF) e o fator de no atleta, para que o débito cardíaco em repouso seja
crescimento semelhante a insulina (IGF-1). semelhante em ambos os indivíduos, a frequência
cardíaca do atleta diminui, o que se deve sobretudo às
Coração Atleta alterações do sistema nervoso autónomo Assim, é
comum a existência de atletas com bradicardia sinusal
Para Pellicia, os factores hereditários intervêm nas
alterações cardiovasculares de duas formas: pelo controlo

@jumorbeck
(definida como uma frequência inferior a 60b.p.m), que Silverthorn, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
pode alcançar os 25 b.p.m. Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, [Inserir ano de
publicação].
A nível estrutural, a adaptação do sistema cardiovascular
à prática de exercício físico envolve o aumento da massa BERNE & LEVY. Fisiologia, 6ª ed. Elsevier Editora, SP, 2009.
cardíaca, a dilatação auriculo-ventricular e o aumento de
espessura da parede miocárdica. Esta remodelagem
abrange as quatro cavidades cardíacas, surge em cerca
de 50% dos atletas e é mais acentuada em praticantes
de exercício isotónico. Visto que se trata de um processo
fisiológico, as alterações são reversíveis com a
interrupção da prática desportiva.
Ventrículo Esquerdo:
↠ Diâmetro do ventrículo esquerdo no fim da diástole:
encontra-se aumentado.
↠ da parede miocárdica: a espessura do septo
interventricular é maior.
↠ Massa ventricular: aumentada.
↠ Forma do ventrículo esquerdo: forma alongada.

*Devido às limitações da ecocardiografia, as alterações das


cavidades cardíacas direitas não têm sido tão bem
avaliadas, o que torna menos claro o seu envolvimento
no Coração de Atleta.
Em atletas verifica-se um aumento das dimensões das
artérias coronárias proximais e uma melhoria da sua
resposta à nitroglicerina, o que torna a perfusão
miocárdica mais eficaz
A resposta do sistema cardiovascular à prática de
exercício físico é semelhante entre os atletas de ambos
os sexos, mas as alterações são geralmente mais
acentuadas em atletas do sexo masculino

Referências

FERREIRA, EMANUEL F. E. Coração Atleta. Artigo de


Revisão. Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra,
2010.
MAGALHÃES et al. Hipertrofia Cardíaca induzida pelo
treinamento físico: eventos moleculares e celulares que
modificam o fenótipo. Revista Mackenzie de Educação
Física e Esporte., 2008.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.


Editora Elsevier Ltda., 2017.

@jumorbeck
Fecundação Terceira semana do desenvolvimento humano

↠ A fecundação é uma sequência complexa de eventos GASTRULAÇÃO


moleculares coordenados que se inicia com o contato
entre um espermatozoide e um oócito e termina com a ↠ É o processo pelo qual as três camadas germinativas
mistura dos cromossomos maternos e paternos na são estabelecidas nos embriões. (MOORE, 10ª ed.)
metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto; o ➢ Ectoderma embrionário: dá origem à epiderme,
embrião unicelular. (MOORE, 10ª ed.) aos sistemas nervosos central e periférico, aos
olhos e ouvidos internos, às células da crista
neural e a muitos tecidos conjuntivos da cabeça.
➢ Endoderma embrionário: é a fonte dos
revestimentos epiteliais dos sistemas respiratório
e digestório, incluindo as glândulas que se abrem
no trato digestório e as células glandulares de
Clivagem do zigoto órgãos associados ao trato digestório, como o
fígado e o pâncreas.
A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do ➢ Mesoderma embrionário: dá origem a todos os
zigoto, resultando em um aumento rápido do número de músculos esqueléticos, às células sanguíneas, ao
células (blastômeros). Essas células embrionárias tornam- revestimento dos vasos sanguíneos, à
se menores a cada divisão. (MOORE, 10ª ed.) musculatura lisa das vísceras, ao revestimento
seroso de todas as cavidades do corpo, aos
Quando existem 12 a 32 blastômeros, o ser humano em ductos e órgãos dos sistemas genitais e
desenvolvimento é chamado de mórula. (MOORE, 10ª ed.) excretor e à maior parte do sistema
Uma cavidade se forma na mórula, convertendo-a em cardiovascular.
blastocisto, que é formado pelo embrioblasto, pela
LINHA PRIMITIVA
cavidade blastocística e pelo trofoblasto. (MOORE, 10ª ed.)
↠ O primeiro sinal morfológico da gastrulação é a
formação da linha primitiva na superfície do epiblasto do
disco embrionário bilaminar. (MOORE, 10ª ed.)
↠ No começo da terceira semana, uma faixa linear
espessada do epiblasto aparece caudalmente no plano
mediano do aspecto dorsal do disco embrionário.
(MOORE, 10ª ed.)
↠ A linha primitiva resulta da proliferação e do
movimento das células do epiblasto para o plano mediano
do disco embrionário. Tão logo a linha primitiva aparece,
é possível identificar o eixo craniocaudal, as extremidades
cranial e caudal, as superfícies dorsal e ventral do embrião.
(MOORE, 10ª ed.)
↠ Conforme a linha primitiva se alonga pela adição de
células à sua extremidade caudal, sua extremidade cranial
prolifera para formar o nó primitivo. Simultaneamente, um
sulco estreito, o sulco primitivo, se desenvolve na linha
primitiva. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
↠ No início da terceira semana, a formação dos vasos
sanguíneos começa no mesoderma extraembrionário da
vesícula umbilical, do pedículo de conexão e do córion. Os
vasos sanguíneos embrionários começam a se
desenvolver aproximadamente 2 dias depois. (MOORE, 10ª
ed.)
↠ A formação do sistema vascular embrionário envolve
↠ Pouco tempo depois do aparecimento da linha dois processos, a vasculogênese e a angiogênese.
primitiva, as células migram de sua superfície profunda (MOORE, 10ª ed.)
para formar o mesênquima, um tecido conjuntivo que
↠ A vasculogênese é a formação de novos canais
forma os tecidos de sustentação do embrião. (MOORE,
vasculares pela união de precursores individuais celulares
10ª ed.)
(angioblastos). (MOORE, 10ª ed.)
↠ Uma parte do mesênquima forma o mesoblasto
↠ A angiogênese é a formação de novos vasos pelo
(mesoderma indiferenciado), que forma o mesoderma
brotamento e ramificação de vasos preexistentes. A
intraembrionário. (MOORE, 10ª ed.)
formação de vasos sanguíneos no embrião e nas
↠ As células do epiblasto, bem como as do nó primitivo membranas extraembrionárias, durante a terceira
e de outras partes da linha primitiva, deslocam o semana, começa quando as células mesenquimais se
hipoblasto, formando o endoderma embrionário no teto diferenciam em precursores das células endoteliais, ou
da vesícula umbilical. (MOORE, 10ª ed.) angioblastos (células formadoras de vasos). (MOORE, 10ª
ed.)
↠ As células remanescentes do epiblasto formam o
ectoderma embrionário. (MOORE, 10ª ed.) ↠ O coração primitivo e o sistema vascular aparecem no
meio da terceira semana. Esse desenvolvimento cardíaco
precoce ocorre porque o rápido crescimento
embrionário não pode mais satisfazer suas exigências
nutricionais e de oxigênio somente através da difusão.
(MOORE, 10ª ed.)
↠ Células progenitoras cardíacas multipotentes de várias
fontes, contribuem para a formação do coração.
(MOORE, 10ª ed.)
↠ As células progenitoras cardíacas se encontram no
epiblasto, imediatamente adjacentes à parte cranial da
linha primitiva. (LANGMAN, 14ª ed.)
↠ Elas migram através da linha primitiva para a camada
visceral do mesoderma da placa lateral, onde algumas
formam um aglomerado celular em formato de ferradura
chamado de área cardiogênica primária (ACP) ou primeiro
campo cardíaco (PCC), cranial às pregas neurais. Essas
células formam partes dos átrios e de todo o ventrículo
esquerdo. (LANGMAN, 14ª ed.)
↠ O ventrículo direito e a via de saída (cone arterial e
tronco arterioso ou arterial) são derivados do segundo
campo cardíaco (SCC), que também contribui com células
Desenvolvimento inicial do sistema cardiovascular para a formação dos átrios na extremidade caudal do
coração. Esse campo secundário de células está localizado
↠ O sistema cardiovascular é o primeiro sistema principal
a funcionar no embrião. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
no mesoderma visceral (esplâncnico) ventral à faringe. Muitos membros da família de genes T-box representam um
(LANGMAN, 14ª ed.) papel essencial na determinação da linhagem, especificação das
câmaras cardíacas, desenvolvimento de válvulas e septos, e
formação do sistema condutor. (MOORE, 10ª ed.)

Desenvolvimento de veias associadas ao coração


embrionário

↠ Três veias pareadas drenam para o coração primitivo


do embrião de 4 semanas: (MOORE, 10ª ed.)

VEIAS VITELINAS
↠ Retornam o sangue pobre em oxigênio da vesícula
Desenvolvimento inicial do coração e dos vasos umbilical.
sanguíneos ↠ A veia vitelina esquerda regride, e a veia vitelina direita
forma a maior parte do sistema porta hepático, assim
↠ Por volta do 18° dia, o mesoderma lateral possui como uma porção da veia cava inferior (VCI).
componentes de somatopleura e esplancnopleura; essa
última dá origem a quase todos os componentes do VEIAS UMBILICAIS
coração. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Transportam o sangue bem oxigenado do saco
↠ Essas células endocárdicas iniciais se separam do coriônico.
mesoderma para criar tubos cardíacos pareados.
↠ A veia umbilical direita desaparece durante a sétima
Conforme o dobramento embrionário lateral ocorre, os
semana, deixando a veia umbilical esquerda como o único
tubos endocárdicos do coração se aproximam e fundem-
vaso transportando o sangue bem oxigenado da placenta
se para formar um único tubo cardíaco (MOORE, 10ª ed.)
para o embrião.
↠ A fusão dos tubos cardíacos começa na extremidade
↠ Um grande desvio venoso, o ducto venoso, se
cranial do coração em desenvolvimento e se estende
desenvolve dentro do fígado e conecta a veia umbilical
caudalmente. (MOORE, 10ª ed.)
com a VCI., permitindo que a maioria do sangue da
↠ O coração começa a bater com 22 a 23 dias. placenta passe diretamente para o coração.
(MOORE, 10ª ed.)
VEIAS CARDINAIS
↠ O fluxo sanguíneo se inicia durante a quarta semana,
↠ Retornam o sangue pobre em oxigênio do corpo do
e os batimentos cardíacos podem ser visualizados pela
embrião para o coração.
ultrassonografia com Doppler. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Possui 2 principais sistemas: a veia cardinal anterior
(drena a porção cranial) e a veia cardinal posterior (drena
a porção caudal).
↠ Elas unem-se às veias cardinais comuns, que entram
no seio venoso;
↠ As veias cardinais posteriores desenvolvem-se,
primeiramente, como vasos dos mesonefros (rins
provisórios), e a maioria desaparece com esses rins
transitórios. Os únicos derivados adultos dessas veias são
a raiz da veia ázigo e as veias ilíacas comuns.
↠ As veias subcardinais formam o tronco da veia renal
Estudos moleculares mostram que mais de 500 genes estão esquerda, as veias suprarrenais, as veias gonadais
envolvidos no desenvolvimento do coração de mamíferos. (testicular e ovariana) e um segmento da VCI.

@jumorbeck
↠ A VCI é composta de quatro segmentos principais
➢ Hepático: derivado da veia hepática
➢ Pré-renal: derivado da veia subcardinal direita.
➢ Renal: derivado da anastomose subcardinal-
supracardinal.
➢ Pós-renal: derivado da veia supracardinal direita.

Desenvolvimento final do coração

↠ Miocárdio primitivo: é a camada externa do tubo ↠ O crescimento do tubo cardíaco é resultado da adição
cardíaco embrionário, formada pelo mesoderma de células, cardiomiócitos, diferenciando-se do
esplâncnico ao redor da cavidade pericárdica. (MOORE, 10ª mesoderma da parede dorsal do pericárdio. (MOORE, 10ª
ed.) ed.)

↠ O coração em desenvolvimento é composto por um Circulação através do coração primitivo


tubo endotelial fino, separado de um miocárdio espesso
↠ As contrações iniciais do coração são de origem
por uma matriz gelatinosa de tecido conjuntivo, a geleia
miogênica (com seu início no músculo). (MOORE, 10ª ed.)
cardíaca. (MOORE, 10ª ed.)
↠ As camadas musculares do trato de fluxo do átrio e
↠ O tubo endotelial se torna o revestimento endotelial
ventrículo são contínuas, e as contrações ocorrem como
interno do coração, ou endocárdio, e o miocárdio
ondas peristálticas que começam no seio venoso.
primitivo se torna a parede muscular do coração, ou
(MOORE, 10ª ed.)
miocárdio. O pericárdio visceral, ou epicárdio, é derivado
de células mesoteliais que surgem da superfície externa ↠ O sangue entra no seio venoso através das: veias
do seio venoso e se espalham sobre o miocárdio. cardinais comuns, veias umbilicais e das veias vitelinas.
(MOORE, 10ª ed.) (MOORE, 10ª ed.)

↠ O sangue do seio venoso entra no átrio primitivo; seu


fluxo é controlado por válvulas sinoatriais (SA). O sangue
então passa através do canal atrioventricular (AV) para o
ventrículo primitivo. Quando o ventrículo contrai, o sangue
é bombeado através do bulbo cardíaco e do tronco
↠ O coração tubular é composto pelo bulbo cardíaco, arterioso para o saco aórtico, do qual é distribuído para as
ventrículo, átrio e seio venoso. (MOORE, 10ª ed.) artérias do arco faríngeo no arco faríngeo. O sangue
então passa para a aorta dorsal para distribuição ao
embrião, vesícula umbilical e placenta. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
Formação da alça bulboventricular

↠ Ainda no final da quarta semana, o coração tem forma


SEPTAÇÃO DO ÁTRIO PRIMITIVO
tubular, e suas cavidades comunicam-se entre si. (GARCIA,
3ª ed.) ↠ Iniciando ao final da quarta semana, o átrio primitivo é
dividido em átrio direito e esquerdo pela formação de, e
↠ Na etapa seguinte, esse tubo sofrerá torção e
subsequente modificação e fusão, dois septos: septum
septação de suas cavidades. (GARCIA, 3ª ed.)
primum e septum secundum. (MOORE, 10ª ed.)
↠ O tubo cardíaco cresce, alonga-se e dobra-se para
↠ O septum secundum, uma dobra muscular espessa
acomodar-se dentro da cavidade pericárdica. (GARCIA, 3ª
crescente. Conforme esse septo espesso cresce, ele
ed.)
forma uma divisão incompleta entre o átrio;
Septação do coração primitivo consequentemente, se forma um forame oval. (MOORE,
10ª ed.)
DIVISÃO DO CANAL ATRIOVENTRICULAR
↠ Antes do nascimento, o forame oval permite que a
↠ Ao final da quarta semana, se formam os coxins maior parte do sangue oxigenado que entra no átrio
endocárdicos AV. Eles se aproximam e fundem-se, direito a partir da VCI, passe para o átrio esquerdo. Ele
dividindo o canal AV em canais direito e esquerdo. também previne a passagem de sangue na direção
(MOORE, 10ª ed.) oposta, pois o septum primum se fecha contra o septum
secundum relativamente rígido. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Os coxins AV transformados contribuem para a
formação das valvas e do septo membranoso do coração. ↠ Após o nascimento, o forame oval se fecha
(MOORE, 10ª ed.) funcionalmente, pois a pressão no átrio esquerdo é maior
que àquela no átrio direito. Com aproximadamente 3
meses, a valva do forame oval se funde com o septum
secundum, formando a fossa oval. Como resultado, o
septo interatrial se torna uma divisão completa entre os
átrios. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
ALTERAÇÕES NO SEIO VENOSO
↠ O átrio primitivo dá origem a parte taberculada
(parede rugosa dos átrios) e a aurícula;

@jumorbeck
↠ A incorporação do corno direito do seio venoso dá SEPTAÇÃO DO VENTRÍCULO PRIMITIVO
origem a parte lisa do átrio direito; (MOORE, 10ª ed.)
↠ A divisão do ventrículo é indicada por uma crista
↠ A incorporação das veias pulmonares dá origem a mediana, o septo interventricular muscular. (MOORE, 10ª
parede lisa do átrio esquerdo. (MOORE, 10ª ed.) ed.)
↠ Até a sétima semana, há um forame interventricular.
Ele geralmente se fecha ao final da sétima semana
conforme as cristas bulbares se fundem com os coxins
endocárdios. (MOORE, 10ª ed.)

SEPTAÇÃO DO BULBO CARDÍACO E TRONCO ARTERIOSO


↠ Durante a quinta semana, a proliferação de células
mesenquimais nas paredes do bulbo cardíaco resulta na
formação das cristas bulbares. (MOORE, 10ª ed.)
↠ As cristas bulbares e troncais sofrem uma rotação e
180 graus em espiral. (MOORE, 10ª ed.)
↠ A orientação espiral das cristas , causada em parte
pelo fluxo sanguíneo dos ventrículos , resulta na
formação de um septo aorticopulmonar. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Esse septo divide o bulbo cardíaco e o tronco
arterioso em dois canais arteriais, a aorta ascendente e o
tronco pulmonar. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
sangue pobremente oxigenado a partir dos membros
inferiores, abdome e pelve, o sangue entrando no átrio
direito não está tão bem oxigenado quanto o sangue na
veia umbilical; porém, ele ainda possui um alto teor de
oxigênio. (MOORE, 10ª ed.)
↠ A maioria do sangue da VCI é direcionada pela crista
dividens (margem inferior do septum secundum) através
do forame oval para o átrio esquerdo. Aqui ele se mistura
com uma quantidade relativamente pequena de sangue
pobremente oxigenado, retornando dos pulmões através
das veias pulmonares. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Os pulmões do feto usam o oxigênio do sangue em
vez de devolvê-lo. Então, a partir do átrio esquerdo, o
sangue passa para o ventrículo esquerdo e sai através da
aorta ascendente. (MOORE, 10ª ed.)
↠ As artérias do coração, pescoço, cabeça e membros
superiores recebem sangue bem oxigenado da aorta
ascendente. O fígado também recebe sangue bem
oxigenado da veia umbilical. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Quando a divisão do tronco arterioso está quase ↠ Uma pequena quantidade de sangue bem oxigenado
completa, as valvas semilunares começam a se da VCI no átrio direito, que não entra no forame oval, se
desenvolver. (MOORE, 10ª ed.) mistura com o sangue pouco oxigenado da VCS e do
*As valvas atrioventriculares se desenvolvem de forma similar a partir seio coronário, e passa para o ventrículo direito. Esse
de proliferações localizadas de tecidos ao redor dos canais AV. sangue, que possui um teor médio de oxigênio, sai
através do tronco pulmonar. (MOORE, 10ª ed.)
Circulação fetal e neonatal
↠ Aproximadamente 10% desse fluxo sanguíneo vão
↠ O sistema cardiovascular fetal é designado para servir para os pulmões; a maioria do sangue passa através do
as necessidades pré-natais e permitir modificações ao ducto arterioso para a aorta ascendente do feto e retorna
nascimento que estabelecem o padrão circulatório à placenta através das artérias umbilicais. (MOORE, 10ª ed.)
neonatal. (MOORE, 10ª ed.)
↠ O ducto arterioso protege os pulmões da sobrecarga
↠ As três estruturas vasculares mais importantes na circulatória e permite que o ventrículo direito se fortaleça
transição da circulação são o ducto venoso, o forame na preparação para o funcionamento em plena
oval e o ducto arterioso. (MOORE, 10ª ed.) capacidade no nascimento. (MOORE, 10ª ed.)
CIRCULAÇÃO FETAL A parede ventricular direita é mais espessa que a parede ventricular
esquerda em fetos e neonatos, pois o ventrículo direito trabalha mais
↠ O Sangue altamente oxigenado e rico em nutrientes no útero. Ao final do primeiro mês, a parede ventricular esquerda está
retorna da placenta sob alta pressão para a veia umbilical. mais espessa que a parede ventricular direita, pois o ventrículo
(MOORE, 10ª ed.) esquerdo está trabalhando mais agora. A parede ventricular direita se
torna mais fina devido à atrofia associada à carga de trabalho mais leve.
↠ Ao aproximar-se do fígado, aproximadamente metade
do sangue passa diretamente para o ducto venoso. A
outra metade do sangue na veia umbilical flui para os
sinusoides do fígado e entra na VCI através das veias
hepáticas. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Após um curso pequeno na VCI, o sangue entra no
átrio direito do coração. Devido à VCI também conter

@jumorbeck
infecção materna com suspeita de miocardite fetal,
gestação por reprodução assistida, cardiopatia congênita
em parentes (mãe, pai ou irmão portador), herança
mendeliana associada a cardiopatia congênita em parentes
de primeiro grau ou segundo grau, suspeita de cardiopatia
congênita pelo ultrassom obstétrico/morfológico, cariótipo
fetal anormal, ritmo cardíaco fetal irregular, bradicardia ou
taquicardia, gestação gemelar monocoriônica, hidropisia
fetal ou derrames. (GALVÃO, et al., 2021)
↠ Os que correspondem ao risco entre 1 e 2% são:
ingestão materna de medicações (anticonvulsivantes, lítio,
vitamina A, cardiopatia congênita em parente de segundo
grau, anormalidade fetal do cordão umbilical ou da
placenta, anomalia intra-abdominal fetal. E os riscos que
são menores que 1% são diabetes melito materno
gestacional, ingestão materna de medicações (inibidores
seletivos da recaptação da serotonina – todos exceto
paroxetina, agonista da vitamina k- varfarina). (GALVÃO,
et al., 2021)
↠ Mães com mais de 35 anos, históricos de filhos
Fatores que ocasionam a malformação congênita do
anteriores cardiopatas, mães portadoras de lúpus e
coração hipotireoidismo. Gravidez de gêmeos, múltiplos ou
fertilização in vitro também pode ter influência (SILVA et
↠ Os neonatos decorrentes de partos prematuros
al., 2018 apoud MELO, 2010).
apresentam uma probabilidade duas vezes maior para
apresentarem anormalidades cardíacas. (GALVÃO, et al., ↠ No presente estudo, observou-se maior incidência de
2021) gestações com fetos portadores de cardiopatias em
mulheres com faixa etária entre 20 e 29 anos, destacando
↠ Acredita-se que a maioria dos Defeitos Congênitos do
uma população jovem e que também possuía um alto
Coração (DCCs) sejam causados por múltiplos fatores
índice de abortamento tardio (entre a 13ª e 22ª semana
genéticos e ambientais (p. ex., herança multifatorial), cada
de gestação) em gestações anteriores, além de
um deles com um efeito pequeno. (MOORE, 10ª ed.)
exposições teratogênicas, com destaque para o uso de
↠ Alguns fatores genéticos e ambientais são apontados antibióticos. (PINTO et. al., 2018)
como fatores para o desenvolvimento de cardiopatias
Malformações congênitas
congênitas, como os de herança materna: mutações,
diabetes mellitus, alcoolismo, nutrição inadequada, idade ↠ As cardiopatias congênitas são as más formações na
superior a 40 anos, exposição a raio X e rubéola. Porém, estrutura do coração, elas já são existentes desde o
as causas exatas ainda não foram comprovadas. momento do nascimento. (GALVÃO, et al., 2021)
(GALVÃO, et al., 2021)
↠ São os defeitos congênitos que afetam
↠ Algumas condições clínicas maternas aumentam os aproximadamente 8 entre 1.000 nascidos vivos. (GALVÃO,
riscos para cardiopatias fetais, sendo consideradas fatores et al., 2021)
para indicação de ecocardiografia fetal para ser feito o
rastreamento. Os fatores que contem risco maior que 2% ↠ Segundo a Comissão Nacional de Incorporação de
são: diabetes melito materno pré-gestacional, diabetes Tecnologias do SUS (CONITE), complicações decorrentes
melito materno diagnosticado no primeiro trimestre, desse quadro de cardiopatia correspondem a cerca de
fenilcetonúria materna, anticorpos materno anti-RO e anti- 10% dos óbitos infantis. Porém, algumas doenças
LA, ingestão materna de medicamentos (IECA, ácido coronarianas congênitas podem ser assintomáticas,
retinóico, anti-inflamatórios não hormonais no terceiro podendo vir a ser diagnosticadas apenas na vida adulta.
trimestre), rubéola materna no primeiro trimestre, (GALVÃO, et al., 2021)

@jumorbeck
↠ No Brasil, 28.900 crianças nascem com CC por ano
(1% do total de nascimentos), das quais cerca de 80%
(23.800) necessitam de cirurgia cardíaca, e metade delas
precisa ser operada no primeiro ano de vida. (SOARES,
2018)
↠ As malformações congênitas representam a segunda
principal causa de mortalidade em crianças menores de
um ano de idade. A CC é a mais frequente e com alta
mortalidade no primeiro ano de vida no Brasil e a terceira
causa de óbito até os 30 dias de vida. (SOARES, 2018)
↠ As anomalias cardíacas podem se a presentar ↠ O fechamento incompleto do forame interventricular
isoladamente (80 a 85%), fazer parte de síndromes resulta da falha no desenvolvimento da parte
cromossômicas. (5 a 10%) ou gênicas (3 a 5%), de membranosa do septo interventricular. (MOORE, 10ª ed.)
associações bem estabelecidas ou ocasionais, serem
↠ DSV muscular é um tipo menos comum de defeito e
determinadas por fatores ambientais, infecciosos ou não.
pode aparecer em qualquer local na porção muscular do
(PINTO et. al., 2018)
septo interventricular. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Elas podem ser classificadas em cianóticas e acianóticas.
↠ A ausência do septo interventricular (ventrículo único
(GALVÃO, et al., 2021)
ou ventrículo comum), resultando da falha na formação
↠ Nas denominadas cianóticas vai acontecer a do septo interventricular, é extremamente rara e resulta
interferência no fluxo sanguíneo através dos pulmões, em um coração com três câmaras. (MOORE, 10ª ed.)
onde vai causar a diminuição de oxigênio na circulação,
COMUNICAÇÃO INTERATRIAL
podendo vir a causar uma cianose generalizada. E as
acianóticas, o sangue que é rico em oxigênio vai ser ↠ Mais comum em mulheres. (MOORE, 10ª ed.)
encaminhado para a circulação sistêmica por meio de
shunting (furos ou passagens), que vão ocorrer do lado ↠ A forma mais comum de Defeitos do Septo Atrial
esquerdo do coração para o lado direito. (GALVÃO, et al., (DSA) é o forame oval patente. Um forame oval patente
2021) à sonda está presente em mais de 25% das pessoas..
(MOORE, 10ª ed.)
COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR
↠ É denominada como o defeito congênito de
↠ Os defeitos do septo ventricular (DSVs) são os tipos fechamento do septo interatrial, que divide o coração
mais comuns de DCCs, representando cerca de 25% dos entre os lados direito e esquerdo, equivale a 35% de
defeitos cardíacos. (MOORE, 10ª ed.) todos os defeitos. (GALVÃO, et al., 2021)
↠ Os DSVs ocorrem mais frequentemente em homens
do que em mulheres. (MOORE, 10ª ed.)
↠ DSVs podem ocorrer em qualquer parte do septo
interventricular, porém o DSV membranoso é o tipo mais
comum. (MOORE, 10ª ed.)
↠ Frequentemente, durante o primeiro ano, 30% a 50%
dos DSVs pequenos se resolvem espontaneamente.
(MOORE, 10ª ed.)
↠ Caracteriza-se pela abertura da parede que separa o
ventrículo esquerdo do ventrículo direito. (GALVÃO, et
al., 2021)

@jumorbeck
ESTENOSE AÓRTICA ↠ A tetralogia resulta quando a divisão do tronco
arterioso é desigual e o tronco pulmonar é estenosado.
↠Na estenose da valva aórtica, as margens da valva (MOORE, 10ª ed.)
geralmente estão fusionadas para formar uma cúpula
com uma abertura estreita. (MOORE, 10ª ed.) ↠ A atresia pulmonar com DSV é uma forma extrema
de tetralogia de Fallot; toda saída do ventrículo direito
↠ Esse defeito pode ser congênito ou se desenvolver ocorre através da aorta. (MOORE, 10ª ed.)
após o nascimento. (MOORE, 10ª ed.)
↠ A estenose valvar causa uma sobrecarga de trabalho
para o coração e resulta na hipertrofia do ventrículo
esquerdo e sons cardíacos anormais (sopros cardíacos).
(MOORE, 10ª ed.)

ESTENOSE PULMONAR
↠ A estenose pulmonar é quando há um estreitamento
da válvula pulmonar fazendo com que haja uma
obstrução do sangue na passagem do fluxo sanguíneo
do ventrículo direito para a artéria pulmonar. (GALVÃO,
et al., 2021) A relação da cardiopatia congênita em crianças de 0 a 1
ano portadoras de síndrome de down (trissomia 21)
TETRALOGIA DE FALLOT
De acordo com o estudo de Leite, Miziara e Veloso
↠ É caracterizada por um conjunto de alterações no
(2009), apresentou-se alta prevalência de cardiopatias
coração, nos quais foram descritas por Étienne Louis
como componentes de síndromes, em especial as
Arthut Fallot no ano de 1888, e as alterações anatômicas
trissomias.
são: comunicação interventricular, estenose da artéria
pulmonar, dextroposição da artéria aorta e hipertrofia do A síndrome de Down foi a mais comum, acometendo,
ventrículo direito, ocorre em cada 3 de 10.000 nascidos principalmente, meninas, sendo as malformações mais
vivos. (GALVÃO, et al., 2021) comuns: comunicação interatrial (CIA), comunicação
interventricular (CIV), persistência do canal arterial (PCA).
↠ A tetralogia de Fallot é um grupo clássico de quatro
defeitos cardíacos consistindo de: (MOORE, 10ª ed.)
➢ Estenose da artéria pulmonar (obstrução do
fluxo de saída ventricular direito).
➢ Defeito do septo ventricular.
➢ Dextraposição da aorta (substituição ou
sobreposição da aorta).
➢ Hipertrofia ventricular direita.
↠ Nesses defeitos, o tronco pulmonar geralmente é
pequeno e pode haver vários graus de estenose da
artéria pulmonar. (MOORE, 10ª ed.)
↠ A cianose (oxigenação deficiente do sangue) é um
sinal óbvio da tetralogia, porém, não é comum estar
presente no nascimento. (MOORE, 10ª ed.)

@jumorbeck
Referências

GALVÃO, MARIELY R. C.; MENDES, ALICE L. R.; MELO,


SUELY M. Fatores para o desenvolvimento de doenças
cardíacas em bebês prematuros., 2021.
SOARES, ANDRESSA M. Mortalidade para Cardiopatias
congênitas e fatores de risco associados em recém-
nascidos. Um estudo de coorte, 2018.
PINTO, CAMILA P. P; WESTPHAL, FLÁVIA, ABRAHÃO,
ANELISE R. Fatores de riscos materno associados à
cardiopatia congênita, 2018.
SILVA et. al. Óbitos por anomalias congênitas do coração
e circulatório no Estado do Pará nos anos de 2007 a 2017:
Revisão Sistemática da Literatura, 2018
CRIZOSTOMO, et al. A relação da cardiopatia congênita
em crianças de 0 a 1 ano portadoras de síndrome de
down (trissomia 21), 2019
GARCIA, S. M. L. DE; FERNÁNDEZ, C. G. Sistema
cardiovascular. In: GARCIA, S. M. L. DE; FERNÁNDEZ, C. G.
Embriologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. cap. 35.
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
LANGMAN. Embriologia Médica, 14ª ed. Guanabara
Koogan, SP

@jumorbeck
Esqueleto fibroso do coração cúspides valvares é essencialmente passivo, e a
orientação das válvulas cardíacas é responsável pelo fluxo
↠ Além do tecido muscular cardíaco, a parede do unidirecional do sangue pelo coração. (BERNY & LEVY)
coração também contém tecido conjuntivo denso que
forma o esqueleto fibroso do coração. (TORTORA, 14ª ↠ As valvas se abrem e fecham em resposta às
ed.) mudanças de pressão conforme o coração se contrai e
relaxa. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O esqueleto fibroso é constituído por quatro anéis de
tecido conjuntivo denso que circundam as valvas
cardíacas, unidos um ao outro, e que se fundem ao septo
interventricular. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Além de formar uma base estrutural para as valvas
cardíacas, o esqueleto fibroso evita o estiramento
excessivo das valvas enquanto o sangue passa por elas.
Também serve como um ponto de inserção para os
feixes de fibras musculares cardíacas e atua como um
isolante elétrico entre os átrios e ventrículos. (TORTORA,
14ª ed.)
VÁLVULAS ATRIOVENTRICULARES
↠ A válvula tricúspide, localizada entre o átrio direito e o
ventrículo direito, é formada por três cúspides. (BERNE &
LEVY, 6ª ed.)
↠ A válvula mitral, encontrada entre o átrio esquerdo e
o ventrículo esquerdo, tem duas cúspides. (BERNE &
LEVY, 6ª ed.)
↠ A área total das cúspides de cada válvula AV é
aproximadamente o dobro do respectivo orifício AV, e
assim ocorre sobreposição considerável dos folhetos
quando as válvulas se encontram na posição fechada.
(BERNE & LEVY, 6ª ed.)
↠ Conectados às terminações livres das válvulas existem
ligamentos finos e resistentes (cordas tendíneas) que se
originam dos músculos papilares do ventrículo respectivo.
Esses ligamentos impedem a eversão das válvulas
durante a sístole ventricular. No coração normal, os
folhetos valvulares permanecem relativamente juntos
durante o enchimento ventricular. (BERNE & LEVY, 6ª ed.)

Valvas cardíacas

↠ As cúspides das válvulas cardíacas consistem em


folhetos finos de tecido fibroso flexível, resistente e
revestido por endotélio, que estão firmemente aderidos ↠ As cordas tendíneas fixam-se às margens livres e às
à base dos anéis fibrosos das válvulas. O movimento das superfícies ventriculares das válvulas anterior, posterior e
septal, de forma semelhante à fixação das cordas em um

1
@jumorbeck
paraquedas. As cordas tendíneas originam-se dos ápices
dos músculos papilares, que são projeções musculares
cônicas com bases fixadas à parede ventricular. (MOORE,
7ª ed.)
↠ Três músculos papilares no ventrículo direito
correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita:
(MOORE, 7ª ed.)
➢ O músculo papilar anterior, o maior e mais
proeminente dos três, origina-se da parede
anterior do ventrículo direito; suas cordas
tendíneas se fixam nas válvulas anterior e
posterior da valva atrioventricular direita
➢ O músculo papilar posterior, menor do que o
músculo anterior, pode ter várias partes; origina-
se da parede inferior do ventrículo direito, e suas VÁLVULAS SEMILUNARES
cordas tendíneas se fixam nas válvulas posterior
e septal da valva atrioventricular direita ↠ As válvulas pulmonar e aórtica estão localizadas entre
➢ O músculo papilar septal origina-se do septo o ventrículo direito e a artéria pulmonar e entre o
interventricular, e suas cordas tendíneas se ventrículo esquerdo e a aorta, respectivamente. (BERNE
fixam às válvulas anterior e septal da valva & LEVY, 6ª ed.)
atrioventricular direita. ↠ Essas válvulas consistem em três cúspides em forma
FUNÇÃO DOS MÚSCULOS PAPILARES: de taça, conectadas aos anéis valvulares. (BERNE & LEVY,
6ª ed.)
↠ Os músculos papilares contraem-se ao mesmo tempo
que as paredes dos ventrículos, mas ao contrário do que ↠ São constituídas por tecido fibroso especialmente
seria esperado não ajudam as valvas a se fechar. forte, mas ainda assim muito flexível para suportar o
(GUTYON & hall, 13ª ed.) estresse físico adicional. (GUTYON & hall, 13ª ed.)

↠ Eles puxam as extremidades das valvas em direção ↠ As altas pressões nas artérias, ao final da sístole, fazem
aos ventrículos para evitar que as valvas sejam muito com que as valvas sejam impelidas, de modo repentino,
abauladas para trás, em direção aos átrios, durante a de volta à posição fechada. (GUTYON & hall, 13ª ed.)
contração ventricular. (GUTYON & hall, 13ª ed.) ↠ Por terem aberturas menores, a velocidade da ejeção
↠ Se a corda tendínea se romper, ou um dos músculos do sangue através das valvas aórtica e pulmonar é muito
papilares ficar paralisado, a valva se abaúla muito para trás maior que pelas valvas A-V, bem maiores. (GUTYON &
durante a sístole, às vezes tanto que permite grave hall, 13ª ed.)
refluxo. (GUTYON & hall, 13ª ed.) OBS.: Por causa da abertura e do fluxo rápidos, as extremidades
das valvas semilunares estão sujeitas a abrasões mecânicas
muito maiores do que as valvas A-V. (GUTYON & hall, 13ª ed.)

↠ A margem de cada válvula é mais espessa na região


de contato, formando a lúnula; o ápice da margem livre
angulada é ainda mais espesso, formando o nódulo.
(MOORE, 7ª ed.)
↠ Imediatamente superior a cada válvula semilunar, as
paredes das origens do tronco pulmonar e da aorta são
ligeiramente dilatadas, formando um seio. (MOORE, 7ª ed.)
↠ Os seios da aorta e do tronco pulmonar são os
espaços na origem do tronco pulmonar e da parte

2
@jumorbeck
ascendente da aorta entre a parede dilatada do vaso e SEGUNDA BULHA CARDÍACA
cada válvula semilunar. (MOORE, 7º ed.)
↠ Associada ao fechamento abrupto das valvas
↠ O sangue presente nos seios e a dilatação da parede semilunares no final da sístole ventricular. (GUYTON &
impedem a adesão das válvulas à parede do vaso, o que HALL, 13ª ed.)
poderia impedir o fechamento. (MOORE, 7º ed.)
↠ A segunda bulha (B2), que é mais breve e não tão
↠ A abertura da artéria coronária direita é no seio da forte quanto a primeira, pode ser descrita como um som
aorta direito, a abertura da artéria coronária esquerda é de tá. (TORTORA, 14ª ed.)
no seio da aorta esquerdo, e nenhuma artéria origina-se
do seio da aorta posterior (não coronário). (MOORE, 7º ↠ É composta por vibrações de frequência mais alta
ed.) (mais aguda) e é de duração mais curta e de menor
intensidade
que a primeira bulha cardíaca. (BERNE & LEVY, 6ª ed.)
↠ A razão da segunda bulha ser mais breve é que as
valvas semilunares estão mais retesadas que as valvas AV,
de modo que vibram por período de tempo mais curto
que as valvas AV. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ O som da válvula aórtica é geralmente mais alto que
o da pulmonar, mas nos casos de hipertensão pulmonar
Bulhas cardíacas ocorre o inverso. (BERNE & LEVY, 6ª ed.)
↠ O som dos batimentos cardíacos é decorrente ↠ A natureza do segundo som cardíaco muda com a
principalmente da turbulência do sangue causada pelo respiração. Durante a expiração apenas um som cardíaco
fechamento das valvas cardíacas. (TORTORA, 14ª ed.) é ouvido, que é um reflexo do fechamento simultâneo
das válvulas pulmonar e aórtica. Entretanto, durante a
↠ Durante cada ciclo cardíaco, existem quatro bulhas
inspiração o fechamento simultâneo da válvula pulmonar
cardíacas, mas em um coração normal apenas a primeira
é atrasado, resultado do aumento do fluxo sanguíneo via
e a segunda bulhas cardíacas (B1 e B2) são auscultadas
aumento do retorno venoso induzido pela inspiração. Esse
com um estetoscópio. (TORTORA, 14ª ed.)
evento é conhecido como DESDOBRAMENTO
PRIMEIRA BULHA CARDÍACA FISIOLÓGICO, que é a divisão do som cardíaco. ((BERNE
& LEVY, 6ª ed.)
↠ Associada ao fechamento das valvas AV; (GUYTON &
HALL, 13ª ed.) OBS: A segunda bulha cardíaca tem frequência maior que a
primeira bulha. Isso ocorre devido: o retesamento das valvas
↠ A primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita como semilunares ser maior; o maior coeficiente elástico das paredes
um som de tum, é mais forte e um pouco mais longa do arteriais retesadas que constituem as principais câmaras
que a segunda bulha.. (TORTORA, 14ª ed.) vibratórias para a segunda bulha.

↠ É o mais alto e longo dos sons, tendo qualidade TERCEIRA BULHA CARDÍACA
crescendo-decrescendo e sendo mais bem ouvido sobre
↠ É decorrente da turbulência do sangue durante o
a região apical do coração. (BERNE & LEVY, 6ª ed.)
enchimento ventricular rápido. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A causa desses sons é a vibração das valvas retesadas
↠ A frequência desse som é, em geral, tão baixa que
imediatamente após o fechamento, junto com a vibração
não se pode ouvir; contudo, ele pode, muitas vezes, ser
das paredes adjacentes do coração e dos grandes vasos
registrado no fonocardiograma. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
em torno do coração. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Algumas vezes pode ser ouvida em crianças cujas
↠ Ocorre durante a sístole ventricular. (GUYTON &
paredes torácicas são finas ou em pacientes com
HALL, 13ª ed.)
insuficiência ventricular esquerda. (BERNE & LEVY, 6ª ed.)
↠ Duração de cerca de 0,14 segundos. (GUYTON &
HALL, 13ª ed.)

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@jumorbeck
QUARTA BULHA CARDÍACA Lesões valvulares

↠ Ocasionada pela turbulência do sangue durante a LESÕES VALVULARES REUMÁTICAS


sístole atrial. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O maior número de lesões valvulares resulta da febre
↠ Esse som ocorre quando os átrios se contraem e, reumática. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
presumivelmente, é causado pelo influxo de sangue nos
ventrículos que desencadeiam vibrações similares às da ↠ A febre reumática é doença autoimune onde as valvas
terceira bulha cardíaca. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) cardíacas têm probabilidade de ser lesadas ou destruídas.
A doença geralmente é provocada pela toxina
↠ Pode ser registrada no fonocardiograma, porém ela estreptocócica. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
quase nunca pode ser auscultada devido às suas
amplitudes e às frequências muito baixas. (GUYTON & Infecção estreptocócica (estreptococos hemolíticos do
HALL, 13ª ed.) grupo A) -> Faringite (dor de garganta), escarlatina ou
infecção do ouvido médio -> Liberam várias proteínas
↠ Em pessoas que obtêm benefícios da contração atrial diferentes, o corpo logo produz anticorpos -> Os
para o enchimento ventricular, devido a uma diminuição anticorpos reagem com tecidos proteicos do corpo ->
da complacência da parede ventricular e a um aumento Grave lesão imunológica (Continua a ocorrer enquanto os
da resistência ao seu enchimento, é comum uma quarta anticorpos persistirem no sangue). (GUYTON & HALL, 13ª
bulha cardíaca. Por exemplo, muitas vezes é ouvida uma ed.)
quarta bulha cardíaca em pacientes idosos com hipertrofia
ventricular esquerda. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) ↠ A febre reumática produz lesões especialmente em
certas áreas suscetíveis como as valvas cardíacas. O grau
Ausculta das bulhas cardíacas normais de lesão valvar cardíaca está diretamente correlacionado
à concentração e à persistência dos anticorpos. (GUYTON
& HALL, 13ª ed.)
↠ Em pessoas com febre reumática, grandes lesões
hemorrágicas, fibrinosas e bolhosas crescem ao longo das
cordas inflamadas das valvas cardíacas. (GUYTON & HALL,
13ª ed.)
↠ A valva mitral recebe mais trauma durante a ação
valvular, logo, ela é a primeira a ser mais seriamente
lesada, e a valva aórtica é a segunda a ser lesada com
mais frequência. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ As valvas cardíacas direitas, isto é, as valvas tricúspide
e pulmonar são afetadas, em geral, de forma muito
menos grave, devido, provavelmente, aos estresses de
baixa pressão que atuam sobre essas valvas por serem
↠ As áreas para ausculta das diferentes bulhas cardíacas leves. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
não se situam diretamente sobre as próprias valvas.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) CICATRIZAÇÃO DAS VALVAS

↠ A área aórtica se localiza acima, ao longo da aorta, ↠ Em semanas, meses ou anos, as lesões se
devido à transmissão do som pela aorta, e a área transformam em tecido cicatricial, fundindo,
pulmonar se situa também acima, ao longo da artéria permanentemente, partes dos folhetos valvares
pulmonar. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) adjacentes. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ A área tricúspide se localiza sobre o ventrículo direito, ↠ As bordas livres dos folhetos, que em condições
e a área mitral, sobre o ápice do ventrículo esquerdo, normais são delgadas e livres para se mover, passam a
que é a porção cardíaca mais próxima da superfície do ser, muitas vezes, massas sólidas e fibróticas. (GUYTON &
tórax. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) HALL, 13ª ed.)

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@jumorbeck
↠ A valva onde os folhetos aderem uns aos outros, de ↠ Embora alguns sopros cardíacos em adultos sejam
forma tão extensa que o sangue não consegue fluir inocentes, com frequência um sopro no adulto indica um
normalmente através dela, é dita estar estenosada. distúrbio valvar. (TORTORA, 14ª ed.)
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Um sopro cardiovascular deve ser caracterizado de
↠ Quando as margens valvares estão muito destruídas acordo com: (PAZIN-FILHO; SCHMIDT; MACIEL, 2004)
pelo tecido cicatricial, impedindo seu fechamento
enquanto os ventrículos se contraem, ocorre ➢ SITUAÇÃO NO CICLO CARDÍACO:
regurgitação (refluxo) do sangue quando a valva deveria Sistólicos: começam com a primeira bulha, ou logo depois
estar fechada. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) dela, e terminam com a segunda bulha, ou seja, ocorre
entre a primeira e a segunda bulha. Pode ser subdividido
OUTRAS CAUSAS DE LESÕES VALVARES: estenose, falta de um
em:
ou mais folhetos, como um defeito congênito. (GUYTON
& HALL, 13ª ed.) • Protossistólico: ocorre na porção inicial da sístole.
Sopros cardíacos • Mesossistólico: ocorre no meio da sístole.
• Telessistólico: ocorre no final da sístole.
↠ Muitas bulhas cardíacas anormais, conhecidas como • Holossistólico: ao longo de toda a sístole.
“sopros cardíacos”, ocorrem quando existem
Diastólicos: ocorre logo depois da segunda bulha. Podem
anormalidades das valvas. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
ser subdivididos em:
↠ Geralmente, os sopros são causados pelo fluxo
sanguíneo turbulento que pode resultar no estreitamento • Protodiastólico: ocorre na porção inicial da
ou vazamento das válvulas cardíacas ou devido a diástole.
passagens anormais de sangue no coração. De acordo • Mesodiastólico: ocorre no meio da diástole.
com a situação fisiológica que leva ao sopro diferentes • Telediastólico: ocorre no final da diástole.
sons são gerados. (OLIVEIRA, 2020) • Holodiastólico: ao longo de toda diástole.

↠ Ele pode ser funcional ou fisiológico (sopro inocente), Contínuos: começam na sístole e continuam sem
ou patológico em decorrência de defeitos no coração. interrupção através de B2, até toda a diástole ou parte
(FURLAN et al., 2021) dela.

↠ Consegue-se distinguir os sopros cardíacos devido à ➢ INTENSIDADE:


sua maior duração. Em idade pediátrica podem-se delinear
três tipos de sopros: (OLIVEIRA, 2020) • Grau I é tão fraco que só pode ser ouvido com
grande esforço.
➢ Sopro inocente: Geralmente, acontece num • Grau I ainda é um sopro fraco, mas que pode
coração bem estruturado e funcional; ser detectado prontamente.
➢ Sopro funcional ou fisiológico: Apesar de não
• Grau I I é um sopro proeminente, mas sem
apresentar anomalia cardiovascular, encontra-se
grande intensidade.
uma modificação hemodinâmica que pode
• Grau IV é um sopro alto e comumente
alterar o fluxo normal do sangue;
acompanhado de frêmito à palpação.
➢ Sopro patológico ou orgânico: Quando anomalias
• Grau V, é um sopro alto e audível mesmo com
funcionais e estruturais estão presentes no
o estetoscópio parcialmente em contato com a
sistema cardiovascular.
parede torácica (com o estetoscópio à 45o).
↠ Os sopros cardíacos em crianças são extremamente • Grau VI é de tão alta intensidade que pode ser
comuns e, geralmente, não representam um problema auscultado mesmo com o estetoscópio sem
de saúde. São mais frequentemente detectados em estar em contato com a parede torácica.
crianças entre os 2 e 4 anos de idade. Estes tipos de
↠ É interessante ressaltar que dos graus IV a VI o sopro
sopros cardíacos são chamados de sopros cardíacos
se acompanha de frêmito.
inocentes ou funcionais; muitas vezes, diminuem ou
desaparecem com o crescimento. (TORTORA, 14ª ed.) ➢ CONFIGURAÇÃO (FORMA):

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@jumorbeck
↠ Sibilante, ouvido maximamente sobre o ventrículo
• Crescendo: necessariamente aumenta esquerdo. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
progressivamente de intensidade.
↠ Esse sopro resulta da turbulência do sangue, jorrando
• Decrescendo: diminui progressivamente de
de modo retrógrado para o sangue presente no
intensidade.
ventrículo esquerdo diastólico, sob baixa pressão.
• Crescendo-decrescendo: aumenta até atingir (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
um pico máximo e depois declina.
• Plateau: tem uma intensidade relativamente SOPRO SISTÓLICO DA REGURGITAÇÃO MITRAL
constante durante todo seu curso.
↠ O sangue reflui pela valva mitral para o átrio esquerdo
• Variável: tem intensidade variável.
durante a sístole. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
CAUSAS DO SOPRO
↠ Esse fluxo retrógrado também produz um som
Os defeitos das valvas cardíacas são comuns e têm uma sibilante “semelhante ao vento”, similar ao da regurgitação
série de causas, variando de anomalias congênitas e aórtica, mas que ocorre durante a sístole, em vez de na
genéticas até um suprimento inadequado para as valvas, diástole. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
devido a um ataque cardíaco, e uma infecção bacteriana
↠ Ele é transmitido com mais intensidade para o átrio
do endocárdio. (MARIEB, 2014)
esquerdo. Todavia, o átrio esquerdo fica situado tão
SOPRO SISTÓLICO DA ESTENOSE AÓRTICA profundamente no tórax que é difícil escutar esse som
de modo direto sobre o átrio. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Em pessoas com estenose aórtica, o sangue é ejetado
do ventrículo esquerdo através de apenas uma pequena ↠ O som é transmitido para a parede torácica,
abertura fibrosa da valva aórtica. (GUYTON & HALL, 13ª principalmente pelo ventrículo esquerdo até o ápice do
ed.) coração. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Devido a elevada pressão no VE, surge um efeito de SOPRO DIASTÓLICO DA ESTENOSE MITRAL
esguicho durante a sístole, com o sangue jorrando com
↠ O sangue passa com dificuldade do átrio esquerdo
velocidade enorme pela pequena abertura da valva.
para o ventrículo esquerdo através da valva mitral
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
estenosada. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Esse fenômeno provoca grande turbulência do sangue
↠ Como a pressão no átrio esquerdo raramente se
na raiz da aorta. O sangue turbulento, colidindo contra as
eleva acima de 30 mmHg, não se desenvolve grande
paredes da aorta, provoca intensa vibração, e o sopro de
diferencial de pressão que force o sangue do átrio
grande amplitude ocorre durante a sístole e é transmitido
esquerdo para o ventrículo esquerdo. (GUYTON & HALL,
para toda a aorta torácica superior e mesmo para as
13ª ed.)
grandes artérias do pescoço. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Os sons anormais, ouvidos na estenose mitral, são, em
↠ Esse som é áspero e, em pessoas com estenose
geral, fracos e de frequência muito baixa, está abaixo da
grave, pode ser tão alto a ponto de ser ouvido a vários
extremidade de baixa frequência da audição humana.
centímetros de distância do paciente. (GUYTON & HALL,
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
13ª ed.)
↠ Durante a parte inicial da diástole, o ventrículo
↠ As vibrações sonoras podem, muitas vezes, ser
esquerdo com valva mitral estenosada contém muito
sentidas com a mão na parte superior do tórax e na parte
pouco sangue em seu interior e suas paredes estão tão
inferior do pescoço, fenômeno referido como “frêmito”.
frouxas que o sangue não reverbera de um lado para
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
outro, entre as paredes do ventrículo. Dessa maneira,
SOPRO DIASTÓLICO DA REGURGITAÇÃO AÓRTICA após seu enchimento parcial, o ventrículo é distendido em
grau suficiente para que o sangue reverbere com
↠ Durante a diástole o sangue reflui da aorta sob alta aparecimento de sopro baixo e surdo. (GUYTON & HALL,
pressão para o ventrículo esquerdo, produzindo sopro 13ª ed.)
“semelhante ao vento”, com tom relativamente agudo de
natureza. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

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@jumorbeck
↠ Esses mecanismos, em conjunto, diminuem o débito
renal de urina, fazendo com que o volume sanguíneo
aumente e a pressão arterial média retorne ao normal.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)

➢ AS LESÕES VALVULARES AÓRTICAS PODEM ESTAR


ASSOCIADAS A UM FLUXO SANGUÍNEO
CORONARIANO INADEQUADO
↠ O aumento da pressão intraventricular aumenta a
carga de trabalho e o consumo de oxigênio do ventrículo,
o que exige incremento do fluxo sanguíneo coronariano
para fornecer esse oxigênio. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ A tensão elevada da parede ventricular provoca
Dinâmica circulatória anormal das valvulopatias quedas acentuadas no fluxo coronariano durante a sístole,
além disso a pressão diastólica aumentada pode provocar
DINÂMICA DA CIRCULAÇÃO NA ESTENOSE AÓRTICA E NA compressão das camadas internas do miocárdio e
REGURGITAÇÃO AÓRTICA redução do fluxo sanguíneo coronariano. (GUYTON &
HALL, 13ª ed.)
↠ Na estenose aórtica, o ventrículo esquerdo em
contração falha em se esvaziar de modo adequado, ➢ FALÊNCIA EVENTUAL DO VENTRÍCULO ESQUERDO E
enquanto na regurgitação aórtica, o sangue flui, DESENVOLVIMENTO DE EDEMA PULMONAR
retrogradamente, para o ventrículo, vindo da aorta após
↠ Nos estágios iniciais da estenose aórtica ou da
o ventrículo já ter bombeado o sangue para a aorta.
regurgitação aórtica, a capacidade intrínseca do ventrículo
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
esquerdo, de se adaptar a cargas cada vez maiores,
➢ HIPERTROFIA DO VENTRÍCULO ESQUERDO impede anormalidades significativas da função circulatória
no indivíduo em repouso. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Tanto na estenose aórtica quanto na regurgitação
aórtica, a musculatura ventricular esquerda se hipertrofia, ↠ Em certo estágio o VE não consegue acompanhar a
devido ao aumento da carga do trabalho ventricular. demanda do trabalho. Como consequência, o ventrículo
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) esquerdo se dilata e o débito cardíaco começa a cair; ao
mesmo tempo, o sangue se acumula no átrio esquerdo
↠ Na regurgitação, a câmara ventricular esquerda e nos pulmões acima do ventrículo esquerdo em falência.
também aumenta para conter todo o sangue regurgitado (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
da aorta. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
DINÂMICA DA ESTENOSE MITRAL E DA REGURGITAÇÃO
↠ Na estenose, o músculo hipertrofiado permite que o
MITRAL
ventrículo esquerdo desenvolva pressão intraventricular
de até 400 mmHg no pico sistólico. (GUYTON & HALL, ↠ Em pessoas com estenose mitral, o fluxo sanguíneo
13ª ed.) do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo é impedido
e, nos casos de regurgitação mitral, muito do sangue que
➢ AUMENTO DO VOLUME SANGUÍNEO fluiu para o ventrículo esquerdo, durante a diástole, reflui
↠ Ajuda a compensar a diminuição do bombeamento para o átrio esquerdo na sístole, em vez de ser
efetivo pelo ventrículo esquerdo. (GUYTON & HALL, 13ª bombeado para a aorta. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
ed.)
➢ EDEMA PULMONAR NA VALVULOPATIA MITRAL
↠ Esse volume aumentado é o resultado de (1) leve ↠ O acúmulo de sangue no átrio esquerdo provoca
diminuição inicial na pressão arterial; mais (2) reflexos aumento progressivo da pressão atrial esquerda, o que
circulatórios periféricos induzidos por essa redução. resulta, eventualmente, no desenvolvimento de edema
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) pulmonar grave. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

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@jumorbeck
➢ AUMENTO DO ÁTRIO ESQUERDO E FIBRILAÇÃO Referências
ATRIAL
FURLAN et al. A ausculta cardíaca é eficaz para o
↠ O aumento da pressão atrial esquerda na valvulopatia diagnóstico de sopros em crianças? – revisão de literatura
mitral causa aumento progressivo do átrio esquerdo, o científica. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, 2021.
que eleva a distância que o impulso elétrico excitatório
cardíaco deve percorrer na parede atrial. (GUYTON & OLIVEIRA, MARISA. ANÁLISE DE SOM CARDÍACO
HALL, 13ª ed.) PEDIÁTRICO PARA IDENTIFICAÇÃO DE SOPRO. Tese de
Mestrado, 2020.
↠ Essa via pode ficar, eventualmente, tão longa que
predispõe ao desenvolvimento de movimentos circulares TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
do sinal excitatório. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Nos estágios finais da valvulopatia mitral, especialmente GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
na estenose mitral, em geral ocorre fibrilação atrial. Editora Elsevier Ltda., 2017
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
MOORE. Anatomia Orientada para a Clínica, 7ª ed.
➢ COMPENSAÇÃO NA VALVULOPATIA MITRAL INCIAL Guanabara Koogan, SP, 2017

↠ O volume do sangue aumenta na valvulopatia mitral BERNE & LEVY. Fisiologia, 6ª ed. Elsevier Editora, SP, 2009
devido, principalmente, à diminuição da excreção de
PAZIN-FILHO, A; SCHIMDT, A; MACIEL, B. C. Ausculta
líquido e de sal pelos rins. Esse aumento do volume
cardíaca bases fisiológicas – fisiopatológicas. Medicina,
sanguíneo eleva o retorno venoso para o coração.
Ribeirão Preto, v. 37, p. 208-226, jul/dez 2004.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
MARIEB, E. Anatomia humana. São Paulo. Pearson
↠ Após compensação, o débito cardíaco pode cair
Education do Brasil, 2014.
apenas minimamente até os estágios finais da valvulopatia
mitral, mesmo que a pressão atrial esquerda esteja
aumentando. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Esse aumento da pressão ocasiona hipertrofia do lado
direito do coração, o que compensa, em parte, o
aumento de sua carga de trabalho. (GUYTON & HALL, 13ª
ed.)

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@jumorbeck
Aterosclerose

↠ Os vasos sanguíneos contribuem para a homeostasia, entram em um tecido, se ramificam em diversos vasos
possibilitando o fluxo sanguíneo através do coração e a minúsculos chamados capilares. (TORTORA, 14ª ed.)
troca de nutrientes e escórias metabólicas nos tecidos.
↠ As paredes finas dos capilares possibilitam a troca de
Também têm participação importante no ajuste da
substâncias entre o sangue e os tecidos do corpo. Grupo
velocidade e do volume de fluxo sanguíneo. (TORTORA,
de capilares no tecido se unem para formar pequenas
14ª ed.)
veias chamadas vênulas. Essas, por sua vez, se fundem
↠ Os vasos sanguíneos formam um sistema fechado de para formar vasos sanguíneos progressivamente maiores
tubos que leva o sangue para fora do coração, chamados veias. (TORTORA, 14ª ed.)
transportam-no para os tecidos do corpo e, em seguida,
↠ As veias são os vasos sanguíneos que conduzem o
o devolvem ao coração. (TORTORA, 14ª ed.)
sangue dos tecidos de volta para o coração. (TORTORA,
↠ É comum dividir o sistema circulatório em: vasos da 14ª ed.)
macrocirculação, mais calibrosos, responsáveis por
↠ A parede de um vaso sanguíneo é composta por três
transportar sangue aos órgãos e levá-lo de volta ao
camadas, ou túnicas, de tecidos diferentes: um
coração (artérias e veias de vários calibres); e vasos da
revestimento epitelial interno, uma túnica média formada
microcirculação, com menos de 100 µm e visíveis
por músculo liso e tecido conjuntivo elástico, e um
somente ao microscópio (arteríolas, capilares e vênulas
revestimento externo de tecido conjuntivo. (TORTORA,
pós-capilares). (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.)
14ª ed.)
↠ Os cinco tipos principais de vasos sanguíneos são: as
↠Todos são encontrados em diferentes proporções na
artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias.
parede dos vasos, exceto nos capilares e nas vênulas pós-
(TORTORA, 14ª ed.)
capilares, nos quais os únicos elementos estruturais
representados são o endotélio e sua membrana basal.
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.)
↠ As três camadas estruturais de um vaso sanguíneo
qualquer, da mais interna para a mais periférica, são a
túnica íntima, a túnica média e a túnica externa.
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ As artérias transportam o sangue do coração para


outros órgãos. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Artérias grandes e elásticas deixam o coração e se
ramificam em artérias musculares, de médio porte, que
emitem ramos a várias regiões do corpo. (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ As artérias de médio porte se dividem em pequenas
artérias, as quais por sua vez se dividem em artérias ainda
menores chamadas arteríolas. Conforme as arteríolas

@jumorbeck
Túnica íntima principalmente, quantidades substanciais de fibras elásticas.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ Forma o revestimento interno de um vaso sanguíneo
e está em contato direto com o sangue que flui pelo ↠ A principal função das células musculares lisas, que se
lúmen, ou luz, do vaso. (TORTORA, 14ª ed.) estendem circularmente em torno do lúmen como um
anel circunda o dedo, é regular o diâmetro do lúmen.
↠ Sua camada mais interna é chamada endotélio, que é (TORTORA, 14ª ed.)
uma lâmina fina de células planas que revestem a face
interna de todo o sistema circulatório (coração e vasos ↠ O aumento da estimulação simpática estimula
sanguíneos). (TORTORA, 14ª ed.) tipicamente o músculo liso a se contrair, apertando a
parede do vaso e estreitando o lúmen. Essa diminuição
↠ As células endoteliais são participantes ativas em do diâmetro do lúmen de um vaso sanguíneo é chamada
inúmeras atividades relacionadas com vasos, incluindo vasoconstrição. (TORTORA, 14ª ed.)
influências físicas sobre o fluxo sanguíneo, secreção de
mediadores químicos de ação local que influenciam o ↠ Em contrapartida, quando a estimulação simpática
estado contrátil do músculo liso sobrejacente ao vaso e diminui, ou na presença de determinados compostos
assistência com a permeabilidade capilar. (TORTORA, 14ª químicos (como o óxido nítrico, H+ e ácido láctico) ou
ed.) em resposta à pressão arterial, as fibras musculares lisas
relaxam. O consequente aumento do diâmetro do lúmen
↠ Além disso, a sua face luminal lisa facilita o fluxo é chamado vasodilatação. (TORTORA, 14ª ed.)
sanguíneo eficiente, reduzindo o atrito superficial.
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ Além de regular o fluxo e a pressão sanguínea, o
músculo liso se contrai quando uma pequena artéria ou
↠ O segundo componente da túnica íntima é uma arteríola está danificada (vasospasmo) para ajudar a limitar
membrana basal profunda ao endotélio. Ela fornece uma a perda de sangue através do vaso lesionado. (TORTORA,
base de apoio físico para a camada epitelial. (TORTORA, 14ª ed.)
14ª ed.)
↠ As células musculares lisas também ajudam a produzir
↠ Sua estrutura de fibras colágenas confere à as fibras elásticas na túnica média que possibilitam que os
membrana basal substancial resistência à tração, além de vasos se estirem e retraiam à pressão exercida pelo
resiliência ao estiramento e distensão. (TORTORA, 14ª ed.) sangue. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Parece ter uma participação importante na orientação ↠ Interpostas entre as células musculares lisas existem
dos movimentos celulares durante o reparo de tecidos
das paredes dos vasos sanguíneos. (TORTORA, 14ª ed.) quantidades variáveis de matriz extracelular composta de
fibras e lamelas elásticas, fibras reticulares (colágeno do
↠ A parte mais externa da túnica íntima, que forma a tipo I I), proteoglicanos e glicoproteínas. (JUNQUEIRA &
fronteira entre a túnica íntima e a túnica média, é a lâmina CARNEIRO, 13ª ed.)
elástica interna. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ As células musculares lisas são responsáveis pela
↠ A lâmina elástica interna é uma lâmina fina de fibras produção dessas moléculas da matriz extracelular.
elásticas com número variável de aberturas semelhantes (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.)
a janelas (fenestrações) que lhe conferem o aspecto de
um queijo suíço. Estas fenestrações facilitam a difusão de ↠ As diferenças estruturais nesta camada são
materiais através da túnica íntima para a túnica média mais responsáveis pelas muitas variações na função entre os
espessa. (TORTORA, 14ª ed.) diferentes tipos de vasos. (TORTORA, 14ª ed.)

Túnica média ↠ A separação entre a túnica média e a túnica externa


se dá por uma rede de fibras elásticas, a lâmina elástica
↠ A túnica média é uma camada de tecidos muscular e externa, que faz parte da túnica média. (TORTORA, 14ª
conjuntivo que apresenta a maior variação entre os ed.)
diferentes tipos de vasos. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Na maioria dos vasos, é uma camada relativamente
espessa que compreende células de músculo liso e,

@jumorbeck
↠ A maioria dos vasos sanguíneos que contêm músculo
liso nas suas paredes é provida por uma rede profusa de
fibras não mielínicas da inervação simpática (nervos
vasomotores), cujo neurotransmissor é a norepinefrina.
Descarga de norepinefrina por essas terminações
nervosas resulta em vasoconstrição. (JUNQUEIRA &
CARNEIRO, 13ª ed.)

Durante o envelhecimento, a matriz extracelular torna-se


desorganizada em consequência do aumento da
secreção dos colágenos tipos I e I I e de alguns
glicosaminoglicanos. Alterações na conformação ↠ A densidade total das terminações nervosas é menor
molecular da elastina e outras glicoproteínas também nas veias do que aquela encontrada nas artérias.
ocorrem e podem facilitar a deposição de lipoproteínas e (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.)
cálcio nos tecidos, com subsequente calcificação.
Modificações de componentes da matriz extracelular Artérias
associadas a outros fatores mais complexos podem levar
↠ A parede de uma artéria tem as três túnicas de um
à formação de placas de ateroma na parede dos vasos
vaso sanguíneo normal, mas tem uma espessa túnica
sanguíneos. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.)
média muscular a elástica. (TORTORA, 14ª ed.)
Túnica externa ↠ Em decorrência da abundância de fibras elásticas, as
↠ É composta por fibras elásticas e colágenas. artérias normalmente têm alta complacência, o que
(TORTORA, 14ª ed.) significa que suas paredes se esticam ou expandem
facilmente sem se romper em resposta a um pequeno
↠ Contém diversos nervos e, especialmente nos aumento da pressão. (TORTORA, 14ª ed.)
grandes vasos, minúsculos vasos sanguíneos que irrigam
o tecido da parede do vaso. (TORTORA, 14ª ed.) ARTÉRIAS ELÁSTICAS

↠ Esses pequenos vasos que fornecem sangue para os ↠ As artérias elásticas são as maiores artérias do corpo.
tecidos do vaso são chamados vasos dos vasos, ou vasa (TORTORA, 14ª ed.)
vasorum. Eles são facilmente vistos em grandes vasos, ↠ Estes vasos são caracterizados por lâminas elásticas
como a aorta. (TORTORA, 14ª ed.) interna e externa bem definidas, juntamente com uma
↠ Além da importante função de fornecer nervos e vasa túnica média espessa que é dominada por fibras elásticas,
vasorum à parede do vaso, a túnica externa ajuda a chamadas lamelas elásticas. (TORTORA, 14ª ed.)
ancorar os vasos aos tecidos circundantes. (TORTORA, ↠ As artérias elásticas incluem os dois troncos principais
14ª ed.) que saem do coração (a aorta e o tronco pulmonar),
↠ Os vasa vasorum proveem a adventícia e a média de juntamente com os principais ramos iniciais da aorta,
metabólitos, uma vez que, em vasos maiores, as camadas como o tronco braquiocefálico, a artéria subclávia, a
são muito espessas para serem nutridas somente por artéria carótida comum e a artéria ilíaca comum.
difusão a partir do sangue que circula no lúmen do vaso. (TORTORA, 14ª ed.)
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.) IMPORTANTE FUNÇÃO: ajudam a impulsionar o sangue
↠ Vasa vasorum são mais frequentes em veias que em no sentido anterógrado enquanto os ventrículos estão
artérias. (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.) relaxados. (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
chamadas artérias distributivas. Exemplos incluem a artéria
braquial no braço e a artéria radial no antebraço.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ A túnica externa muitas vezes é mais espessa do que
a túnica média nas artérias musculares. Esta camada
externa contém fibroblastos, fibras colágenas e fibras
elásticas, todos orientados longitudinalmente. (TORTORA,
14ª ed.)
↠ Por causa da diminuição do tecido elástico nas paredes
das artérias musculares, estes vasos não conseguem
dilatar e ajudar a impulsionar o sangue como as artérias
elásticas. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Em vez disso, a espessa túnica média muscular é a
principal responsável pelas funções das artérias
musculares. A capacidade do músculo de se contrair e
manter um estado de contração parcial é chamado tônus
vascular. O tônus vascular enrijece a parede do vaso e é
importante para manter a pressão do vaso e o fluxo
sanguíneo eficiente. (TORTORA, 14ª ed.)
ANASTOMOSES
➢ União dos ramos de duas ou mais artérias que
irrigam uma mesma região do corpo.
➢ As anastomoses entre as artérias constituem
vias alternativas para o sangue chegar a um
tecido ou órgão (circulação colateral).
↠ Como conduzem sangue do coração para as artérias ➢ As anastomoses também podem ocorrer entre
médias, mais musculosas, as artérias elásticas são também veias e entre arteríolas e vênulas.
chamadas artérias condutoras. (TORTORA, 14ª ed.) ➢ As artérias que não se anastomosam são
↠ As paredes desses vasos têm cor amarelada conhecidas como artérias terminais.
decorrente do acúmulo de elastina na túnica média. ➢ A obstrução de uma artéria terminal interrompe
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 13ª ed.) a irrigação sanguínea a todo um segmento de
órgão, provocando necrose (morte) desse
ARTÉRIAS MUSCULARES segmento.

↠ As artérias de médio porte são chamadas artérias ARTERÍOLAS (PEQUENAS ARTÉRIAS)


musculares, porque sua túnica média contém mais
músculo liso e menos fibras elásticas do que as artérias ↠ São abundantes vasos microscópicos que regulam o
elásticas. (TORTORA, 14ª ed.) fluxo sanguíneo para as redes capilares dos tecidos do
corpo. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A abundância de músculo liso, aproximadamente 75%
da massa total, torna as paredes das artérias musculares ↠ As arteríolas têm uma participação essencial na
relativamente espessas. (TORTORA, 14ª ed.) regulação do fluxo sanguíneo das artérias para os vasos
capilares, regulando a resistência, a oposição ao fluxo
↠ Assim, as artérias musculares conseguem se dilatar e sanguíneo decorrente do atrito entre o sangue e as
contrair mais para se ajustar à velocidade do fluxo paredes dos vasos sanguíneos. Por isso, são conhecidas
sanguíneo. (TORTORA, 14ª ed.) como vasos de resistência. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ As artérias musculares continuam ramificando-se e, Em um vaso sanguíneo, a resistência é decorrente
por fim, distribuem sangue para todos os órgãos, elas são principalmente do atrito entre o sangue e as paredes

@jumorbeck
internas dos vasos sanguíneos. Quando o diâmetro do
vaso sanguíneo é menor, o atrito é maior, de modo que
há mais resistência. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A contração do músculo liso de uma arteríola provoca
vasoconstrição, o que aumenta ainda mais a resistência e
diminui o fluxo sanguíneo para os vasos capilares irrigados
por essa arteríola. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Em contrapartida, o relaxamento do músculo liso das
arteríolas provoca vasodilatação, que diminui a resistência
e aumenta o fluxo sanguíneo para os vasos capilares.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠A mudança do diâmetro da arteríola pode afetar
também a pressão arterial: a constrição das arteríolas
aumenta a pressão arterial, e a dilatação das arteríolas
diminui a pressão arterial. (TORTORA, 14ª ed.)

Capilares

↠ O capilar, o menor dos vasos sanguíneos, conectam o


Vênulas
efluxo arterial ao retorno venoso (ligam arteríolas e
vênulas). (TORTORA, 14ª ed.) ↠ As vênulas drenam o sangue capilar e iniciam o fluxo
↠ Os capilares formam uma rede extensa, de de retorno do sangue de volta ao coração. (TORTORA,
14ª ed.)
aproximadamente 20 bilhões de vasos curtos, ramificados
e interconectados, que passam entre cada grupo de ↠ As vênulas que primeiro recebem sangue dos
células do corpo. (TORTORA, 14ª ed.) capilares são chamadas vênulas pós-capilares (são as
↠ O fluxo do sangue de uma metarteríola para os menores vênulas). (TORTORA, 14ª ed.)
capilares e para uma vênula pós-capilar (vênula que ↠ Elas têm junções intercelulares pouco organizadas e,
recebe sangue de um capilar) é chamada microcirculação portanto, são muito porosas. Atuam em importantes
do corpo. (TORTORA, 14ª ed.) locais de troca de nutrientes e escórias metabólicas e
emigração de leucócitos. Por esta razão, formam parte
↠ A função primária dos capilares é a troca de
da unidade de troca microcirculatória, juntamente com os
substâncias entre o sangue e o líquido intersticial. Por
causa disto, estes vasos de paredes finas são chamados capilares. (TORTORA, 14ª ed.)
vasos de troca. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ Conforme as vênulas pós-capilares se afastam dos
↠ Não têm túnica média nem túnica externa. capilares, adquirem uma ou duas camadas de células
musculares lisas dispostas circularmente. Estas vênulas
(TORTORA, 14ª ed.)
musculares têm paredes mais espessas, através das quais
a troca com o líquido intersticial não pode mais ocorrer.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ As paredes finas das vênulas pós-capilares e
musculares são os elementos mais distensíveis do sistema
vascular; isso lhes possibilita expandir e servir como
excelentes reservatórios de grandes volumes de sangue.
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
Veias

↠ As veias, em geral, têm paredes muito finas em


relação ao seu diâmetro total. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Muitas veias, especialmente as dos membros, também
contêm válvulas, pregas finas de túnica íntima que
formam válvulas semelhantes a abas. As válvulas da
válvula se projetam para o lúmen, apontando para o
coração, baixa pressão arterial nas veias possibilita que o
sangue que retorna ao coração desacelere ou até
mesmo retorne; as válvulas auxiliam no retorno venoso
impedindo o refluxo do sangue. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ As válvulas das veias possibilitam que o sangue flua em
uma direção única: ao coração. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ A túnica íntima das veias é mais fina do que a das


artérias; a túnica média das veias é muito mais fina do que
a das artérias, com relativamente pouco músculo liso e
fibras elásticas. A túnica externa das veias é a mais
espessa e é composta por colágeno e fibras elásticas.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ São distensíveis o suficiente para se adaptar às
variações de pressão e ao volume de sangue que passa
por elas, mas não são concebidas para suportar altas
pressões. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O lúmen de uma veia é maior do que o de uma artéria
comparável, e as veias frequentemente parecem
colabadas (achatadas) quando seccionadas. (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ A ação de bombeamento do coração é um fator ↠ Embora, para simplificar, frequentemente sejam
importante no deslocamento do sangue venoso de volta representadas isoladas nas ilustrações, as veias tendem a
ao coração. A contração dos músculos esqueléticos dos ser duplas ou múltiplas. Aquelas que acompanham as
membros inferiores também ajuda a impulsionar o artérias profundas - veias acompanhantes - circundam-
retorno venoso para o coração. A pressão sanguínea nas em uma rede com ramificações irregulares. Essa
média nas veias é consideravelmente mais baixa do que organização serve como trocador de calor em
nas artérias. (TORTORA, 14ª ed.) contracorrente, no qual o sangue arterial morno aquece
↠ A expansão externa dos ventres dos músculos o sangue venoso mais frio em seu retorno de uma
esqueléticos que se contraem nos membros, limitada pela extremidade fria para o coração. Consequentemente,
fáscia muscular, comprime as veias, “ordenhando” o quando a artéria se expande durante a contração do
sangue para cima em direção ao coração; outro tipo coração, as veias são distendidas e achatadas, o que ajuda
(musculovenoso) de bomba venosa. (MOORE, 7ª ed.) a conduzir o sangue venoso para o coração - uma bomba
arteriovenosa. (MOORE, 7ª ed.)

@jumorbeck
↠ Como as veias e vênulas sistêmicas contêm mais de
50% do volume sanguíneo total, são chamadas
reservatórios de sangue. (TORTORA, 14ª ed.)

Fisiologia dos vasos sanguíneos

TROCA CAPILAR
↠ A missão de todo o sistema circulatório é manter o
sangue fluindo pelos capilares para possibilitar a troca
↠ Em alguns indivíduos, as veias superficiais são vistas capilar, o movimento de substâncias entre o sangue e o
como tubos azulados que passam sob a pele. Como o líquido intersticial. (TORTORA, 14ª ed.)
sangue venoso é vermelho escuro, as veias parecem
azuis porque suas paredes finas e os tecidos da pele ↠ Os 7% do sangue que estão nos capilares sistêmicos
absorvem os comprimentos de onda de luz vermelha, a qualquer momento estão continuamente trocando
possibilitando que a luz azul passe para a superfície, onde materiais com o líquido intersticial. (TORTORA, 14ª ed.)
as vemos como azuis. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ As substâncias entram e saem dos capilares por três
DIFERENÇAS ENTRE VEIAS E ARTÉRIAS mecanismos básicos: difusão, transcitose e fluxo de
massa. (TORTORA, 14ª ed.)
Em primeiro lugar, as veias são mais numerosas do que
as artérias por vários motivos. Algumas veias formam ➢ DIFUSÃO
pares e acompanham artérias musculares de médio a ↠ O método mais importante de troca capilar é a difusão
pequeno porte. Estes conjuntos duplos de veias escoltam simples. Muitas substâncias, como o oxigênio (O2), o
as artérias e se conectam por canais venosos chamados dióxido de carbono (CO2), a glicose, os aminoácidos e os
veia anastomótica. hormônios, entram e saem dos capilares por difusão
As veias anastomóticas cruzam a artéria acompanhante simples. (TORTORA, 14ª ed.)
formando “degraus” entre o par de veias. A maior ↠ Como o O2 e os nutrientes normalmente estão
quantidade de pares de veia ocorre no interior dos presentes em concentrações mais elevadas no sangue,
membros. A camada subcutânea profunda à pele é outra eles se difundem por gradiente de concentração para o
fonte de veias. líquido intersticial e, em seguida, para as células do corpo.
➢ VEIAS SUPERFICIAIS: atravessam a tela O CO2 e outras escórias metabólicas liberadas pelas
subcutânea desacompanhadas de artérias células do corpo são encontrados em maiores
paralelas. concentrações no líquido intersticial, de modo que se
➢ VEIAS PROFUNDAS: estão entre os músculos difundem para o sangue. (TORTORA, 14ª ed.)
esqueléticos.
➢ TRANSCITOSE
Distribuição do sangue no sistema circulatório em ↠ Uma pequena quantidade de material atravessa as
repouso paredes capilares por transcitose. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Neste processo, as substâncias do plasma sanguíneo
são englobadas por minúsculas vesículas pinocíticas que
primeiro entram nas células endoteliais por endocitose,
atravessam-na e saem do outro lado por exocitose. Este
método de transporte é importante, principalmente para
grandes moléculas insolúveis em lipídios que não
conseguem atravessar as paredes capilares de outro
modo. (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
➢ FLUXO DE MASSA | FILTRAÇÃO E REABSORÇÃO Hemodinâmica

↠ O fluxo de massa é um processo passivo em que uma ↠ O sangue flui de regiões de maior pressão para
grande quantidade de íons, moléculas ou partículas em regiões de menor pressão; quanto maior a diferença de
um líquido se move em conjunto, no mesmo sentido. pressão, maior for o fluxo sanguíneo. Mas quanto maior
(TORTORA, 14ª ed.) a resistência, menor o fluxo sanguíneo. (TORTORA, 14ª
ed.)
↠ O fluxo de massa ocorre a partir de uma área de alta
pressão para uma zona de pressão mais baixa, e continua PRESSÃO ARTERIAL
desde que exista uma diferença de pressão. (TORTORA,
14ª ed.) ↠ Conforme o sangue sai da aorta e flui ao longo da
circulação sistêmica, sua pressão cai progressivamente à
↠ O movimento impulsionado pela pressão de líquidos e medida que a distância do ventrículo esquerdo aumenta.
solutos dos capilares sanguíneos para o líquido intersticial (TORTORA, 14ª ed.)
é chamado filtração. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O movimento impulsionado pela pressão do líquido
intersticial para os capilares sanguíneos é chamado
reabsorção. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Em geral, o volume de líquidos e solutos normalmente
reabsorvidos é quase tão grande quanto o volume filtrado.
Este equilíbrio próximo é conhecido como lei de Starling
dos capilares. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A pressão hidrostática do sangue “empurra” o líquido
para fora dos capilares (filtração) e a pressão
coloidosmótica do sangue puxa o líquido para os capilares
(reabsorção). (TORTORA, 14ª ed.)

RESISTÊNCIA VASCULAR
↠ É a oposição ao fluxo sanguíneo em decorrência do
atrito entre o sangue e as paredes dos vasos sanguíneos.
A resistência vascular depende: (TORTORA, 14ª ed.)
➢ do tamanho do lúmen do vaso sanguíneo;
➢ da viscosidade do sangue;
➢ do comprimento total dos vasos sanguíneos..
↠ A resistência vascular sistêmica (RVS), também
conhecida como resistência periférica total (RPT), refere-
se a todas as resistências vasculares oferecidas pelos
vasos sanguíneos sistêmicos. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Os diâmetros das artérias e veias são grandes, de
modo que sua resistência é muito pequena. (TORTORA,
14ª ed.)
↠ Os vasos menores – arteríolas, capilares e vênulas –
contribuem com a maior parte da resistência. (TORTORA,
14ª ed.)

@jumorbeck
↠ Uma função principal das arteríolas é controlar a RVS cruzam o endotélio, até a camada íntima da parede do
– e, por conseguinte, a pressão sanguínea e o fluxo vaso, e diferenciam-se de macrófagos, que então
sanguíneo para tecidos específicos – alterando seus ingerem e oxidam as lipoproteínas acumuladas, adquirindo
diâmetros. (TORTORA, 14ª ed.) aspecto espumoso. Esses macrófagos espumosos então
se agregam no vaso sanguíneo e formam estria de
Aterosclerose gordura, que é visível.. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica que ↠ Com o passar do tempo, as estrias de gordura
possui origem multifatorial e ocorre em resposta à aumentam e coalescem, e os tecidos dos músculos lisos
agressão endotelial, acometendo principalmente a e fibrosos adjacentes proliferam para formar placas cada
camada íntima de artérias de médio e grande calibre. vez maiores. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
(COSTA et al., 2019) E também associada à ativação do
sistema imunológico. (MOTA et al., 2013) ↠ Os macrófagos também liberam substâncias que
causam inflamação e maior proliferação de músculos lisos
↠ No Brasil, a aterosclerose é a principal responsável e tecido fibroso nas superfícies internas da parede arterial.
pelas doenças cardiovasculares. (COSTA et al., 2019) Os depósitos de lipídios e a proliferação celular podem
↠ A aterosclerose, está associada ao acúmulo de gordura ficar tão grandes que as placas se destacam no lúmen da
(principalmente colesterol) nas paredes arteriais. Há artéria e reduzem muito o fluxo do sangue, chegando, às
formação de um depósito de cálcio na placa ateromatosa vezes, a obstruir completamente o vaso. (GUYTON &
(ateroma) — áreas ou elevações amarelas, endurecidas, HALL, 13ª ed.)
bem demarcadas na superfície da túnica íntima das ↠ Mesmo sem oclusão, os fibroblastos da placa
artérias. (MOORE, 7ª ed.) eventualmente depositam quantidades extensas de tecido
conjuntivo denso; a esclerose (fibrose) fica tão grande
que as artérias enrijecem. Mais tarde ainda, os sais de
cálcio se precipitam frequentemente com o colesterol e
outros lipídios das placas, levando a calcificações pétreas
que podem fazer com que as artérias passem a ser tubos
rígidos. Ambos esses estágios da doença são chamados
“endurecimento das artérias”. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ As artérias ateroscleróticas perdem a maior parte de
sua distensibilidade e devido às áreas degenerativas em
suas paredes, elas facilmente se rompem. Também, nos
↠ Aterosclerose é a doença das artérias de tamanho locais onde as placas invadem o lúmen com sangue
médio e grande, em que as lesões de gordura chamadas circulante, suas superfícies ásperas podem levar à
placas ateromatosas se desenvolvem nas superfícies das formação de coágulos, com a resultante formação de
paredes arteriais. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) trombos ou êmbolos, levando ao bloqueio súbito de todo
o fluxo de sangue para a artéria. (GUYTON & HALL, 13ª
↠ Anormalidade que pode ser medida muito cedo nos ed.)
vasos sanguíneos, que posteriormente se tornam
ateroscleróticos, é a lesão do endotélio vascular. Essa
lesão, por sua vez, aumenta a expressão das moléculas
de aderência nas células endoteliais e reduz sua
capacidade de liberar óxido nítrico e outras substâncias
que ajudam a impedir a aderência de macromoléculas,
plaquetas e monócitos a seu endotélio. (GUYTON & HALL,
13ª ed.)
↠ Depois que ocorre a lesão no endotélio vascular, os
monócitos e lipídios circulantes (principalmente LDLs)
começam a se acumular no local da lesão. Os monócitos

@jumorbeck
➢ Aumento de Lipoproteínas de Baixa Densidade:
↠ Fator importante na etiologia da aterosclerose é
elevada concentração plasmática de colesterol sob a
forma de lipoproteínas de baixa densidade. (GUYTON &
HALL, 13ª ed.)
↠ A concentração plasmática dessas LDLs e elevado
teor de colesterol é aumentada por diversos fatores,
especialmente com a ingestão de gorduras muito
saturadas na dieta diária, obesidade e inatividade física.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
➢ Hipercolesterolemia Familiar
↠ A hipercolesterolemia familiar é uma doença em que
a pessoa herda genes defeituosos, para a formação de
receptores para LDLs, nas superfícies das membranas
celulares do corpo. Na ausência desses receptores, o
fígado não é capaz de absorver as LDL nem as IDL. Sem
essa absorção, o mecanismo do colesterol das células
hepáticas se descontrola, produzindo novo colesterol; ele
deixa de responder à inibição por feedback,
desencadeado pela presença de quantidade excessiva de
colesterol plasmático. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Os sintomas dessa doença são mais frequentes ↠ Como resultado, o número de VLDLs liberado pelo
quando a placa de ateroma se forma nas artérias que fígado para o plasma aumenta imensamente. (GUYTON &
irrigam o coração, o cérebro, os rins e o intestino delgado, HALL, 13ª ed.)
aparecendo, portanto, relacionados a esses órgãos.
➢ Papel das Lipoproteínas de Alta Densidade na
Exemplos são: infarto do miocárdio por obstrução de
Prevenção da Aterosclerose.
coronárias, infarto cerebral e aneurisma aórtico. (COSTA
et al., 2019) ↠ Bem menos conhecida é a função das HDLs em
↠ Estudos têm sugerido duas fases interdependentes na comparação com a das LDLs. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
evolução da doença aterosclerótica: (GOTTTLIEB,2005) ↠ Acredita-se que as lipoproteínas de alta densidade são,
de fato, capazes de absorver cristais de colesterol que
• Fase “aterosclerótica”, predomina a formação
começam a ser depositados nas paredes arteriais.
anatômica da lesão aterosclerótica sob a
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
influência dos “fatores de risco aterogênicos”
clássicos e que leva décadas para evoluir. Devido ↠ As doenças cardiovasculares possuem diversos fatores
à sua história lenta e gradual, sua evolução de risco, que podem ser agrupados em dois grupos
geralmente não traz consigo manifestações principais: modificáveis e não modificáveis. (COSTA et al.,
clínicas dramáticas; 2019)
• Fase trombótica, a influência dos “fatores de
risco trombogênicos” determina a formação • Exemplos de fatores modificáveis: a dislipidemia,
aguda de trombo sobre a placa aterosclerótica, a exposição ao tabaco, a não prática de
fenômeno este diretamente ligado aos eventos exercício/atividade física e IMC maior ou igual a
agudos coronarianos, como infarto do miocárdio, 30kg/m².
angina instável e morte súbita. • Exemplos de fatores não modificáveis: presença
de casos na família de doenças cardiovasculares,
Os Papéis do Colesterol e das Lipoproteínas na etnia, idade e sexo.
Aterosclerose

@jumorbeck
➢ Outros Fatores de Risco Importantes da ela não desenvolver a doença aterosclerótica, ou reduzir
Aterosclerose as complicações de uma doença já instalada, são
menores. (COSTA et al., 2019)
↠ Em algumas pessoas com níveis perfeitamente
normais de colesterol e lipoproteínas, ainda assim, a ↠ Assim, a influência da dieta na patogênese de doenças
aterosclerose se desenvolve. Alguns dos fatores crônico-degenerativas ganhou grande importância em
conhecidos que predispõem à aterosclerose são: (1) pesquisas e tem comprovado a teoria de que reduzindo
inatividade física e obesidade; (2) diabetes melito; (3) os níveis de gorduras da dieta há menor possibilidade de
hipertensão; (4) hiperlipidemia; e (5) tabagismo. (GUYTON se desenvolver aterosclerose. (COSTA et al., 2019)
& HALL, 13ª ed.)
↠ Alguns estudos sugerem que o aumento da atividade
↠ No início e na metade da fase adulta, os homens física habitual e do condicionamento cardiorrespiratório
apresentam maior probabilidade de desenvolver estão associados ao decréscimo de causas de mortalidade
aterosclerose do que as mulheres da mesma idade, em homens com acometimentos cardiovasculares pré-
sugerindo que os hormônios sexuais masculinos podem existentes. (COSTA et al., 2019)
ser aterogênicos ou, pelo contrário, que os hormônios
↠ O estresse tem sido mencionado como um dos
sexuais femininos podem ter ação protetora. (GUYTON &
possíveis fatores contribuintes para o desenvolvimento da
HALL, 13ª ed.)
aterosclerose, não só por meio da ação direta, mas
↠ Alguns desses fatores causam aterosclerose, ao também pela contribuição para a etiologia de outros
aumentar a concentração de LDLs no plasma. Outros, tais fatores de risco, como a depressão, a obesidade, a
como a hipertensão, são capazes de levar à hipercolesterolemia e o sedentarismo. (SANTOS, 2011)
aterosclerose ao causar lesões no endotélio vascular, além
↠ Autores discutiram como o estresse psicossocial em
de outras alterações nos tecidos vasculares que
animais pode levar ao desenvolvimento da aterosclerose,
predispõem à deposição de colesterol. (GUYTON &
provavelmente por um mecanismo envolvendo ativação
HALL, 13ª ed.)
excessiva do sistema nervoso simpático. Em pacientes
PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE com doença arterial coronária (DAC), o estresse agudo
pode também levar à vasoconstrição coronária.
As medidas mais importantes para proteger contra o (SANTOS, 2011)
desenvolvimento da aterosclerose e sua progressão para
grave doença vascular são (1) manter peso saudável, ser ↠ Em estudo conduzido com 37 homens em 2003 por
fisicamente ativo e ingerir dieta contendo principalmente Steptoe et al sobre os efeitos do estresse e da classe
gorduras insaturadas com baixo teor de colesterol; (2) econômica na ativação das plaquetas, verificou-se que o
prevenir a hipertensão, mantendo dieta saudável e sendo estresse psicológico induz à ativação plaquetária. Os
fisicamente ativa, ou efetivamente controlando a pressão autores sugeriram que pelo fato de as pessoas de classes
arterial com fármacos anti-hipertensivos caso a econômicas menos favorecidas enfrentarem diariamente
hipertensão se desenvolva; (3) controlar efetivamente a inúmeros fatores estressantes de grande magnitude
glicose sanguínea, com insulina ou outros fármacos na ligados às dificuldades financeiras e sociais, elas estariam
presença de diabetes; e (4) evitar fumar cigarros. sujeitas a um estresse mais intenso, que poderia, por sua
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) vez, induzir a uma ativação plaquetária que contribuiria
para um aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Diferenças nos hábitos de vida entre populações (SANTOS, 2011)
diferentes e os impactos positivos na saúde
↠ Nas sociedades ocidentais, a aterosclerose é causa
↠ A doença cardiovascular aterosclerótica se inicia na primária de 50% de todas as mortes relacionadas com
infância precoce e é influenciada ao longo da vida por infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
fatores genéticos e exposição ambiental a fatores de Contudo, países como a Groenlândia, Islândia e Japão têm
risco potencialmente modificáveis. (SANTOS, 2011) baixa prevalência de aterosclerose, principalmente entre
os esquimós, sugerindo uma forte relação com o estilo
↠ Estudos relatam que quando uma pessoa muda seus de vida, dieta e composição genética dos indivíduos.
hábitos de vida (abandona o sedentarismo, a alta ingestão (GOTTTLIEB,2005)
de gorduras, o tabagismo, por exemplo) as chances de

@jumorbeck
TSIMANES – EL PAIS idade. O pouco cálcio que acumulam é porque vão
envelhecendo.”
↠ O estudo, publicado na revista The Lancet,
comprovou que a quantidade de cálcio acumulada nas ↠ Existe a possibilidade de que os tsimanes tenham
artérias principais dos tsimanes com mais de 40 anos é alguma variante genética que os protegeria das doenças
até cinco vezes menor que a calcificação detectada em cardiovasculares, além do seu estilo de vida. No entanto,
pessoas ocidentais da mesma idade. os pesquisadores comprovaram que nos últimos anos os
níveis de colesterol estão subindo, com uma
↠ Além disso, a boa saúde se mantém à medida que concentração de colesterol LDL que passou de 1,84
envelhecem. Um total de 65% de anciãos tsimanes que milimol por litro na primeira década do século para 2,35
chegaram aos 75 anos ainda tinha um índice de mmol/L em 2015. Isso descartaria a possibilidade de origem
calcificação zero. Os pesquisadores compararam seus genética.
resultados com os de outras populações, como a de uma
ampla amostra dos EUA, outra de europeus e mais uma ↠ O aumento do colesterol coincidiu com uma
dezena de estudos sobre a incidência de aterosclerose intensificação da aculturação desse povo. Isto permitiu aos
em diferentes sociedades. O estado das artérias dos tsimanes um maior acesso aos produtos ricos em
velhos tsimanes é similar ao que podem ter ocidentais açúcares e gorduras. Ainda é cedo para detectar se as
com 28 anos menos e ainda melhor que o das mulheres mudanças na dieta provocarão um aumento da
adultas japonesas, as que até agora tinham melhor saúde calcificação arterial, mas os autores do estudo acreditam
arterial. que poderia estar em curso uma revolução nutricional
que acabará com a boa saúde.
↠ Embora o estudo não estabeleça uma relação causal,
para seus autores tudo indica que o estilo de vida dos Referências
tsimanes explicaria esses dados e outros que também
comprovaram em suas revisões médicas, como os baixos COSTA et. al. Estilo de vida como fator de prevenção da
níveis que mostraram no ritmo cardíaco, pressão aterosclerose. Revista Caderno de Medicina vol. 2, nº 2,
sanguínea, colesterol e glicose no sangue. Todos esses 2019
indicadores estão direta ou indiretamente relacionados SANTOS et al. Hábitos e perfil socioeconômico dos
com a aterosclerose. pacientes com doença aterosclerótica no Brasil, 2011.
↠ Os tsimanes podem ficar oito horas na caça de algo GOTTLIEB, M. G. V. BONARDI G. MORIGUCHI, E. H.
para comer. Os pesquisadores estimam que dedicam um Fisiopatologia e aspectos inflamatórios da aterosclerose,
mínimo de sete horas a atividades que requerem esforço 2005.
físico e que em apenas 10% do tempo que passam
despertos não fazem nada. Quanto à sua dieta, em sua TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
maioria se trata de carboidratos (72%) não processados, em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
ricos em fibra, como arroz, mandioca, milho e frutas. As
proteínas são obtidas da caça e da pesca, e somente GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
consomem cerca de 38 gramas de gordura por dia. Editora Elsevier Ltda., 2017
Embora alguns tenham declarado que fumam, um maço
MOORE. Anatomia Orientada para a Clínica, 7ª ed.
de cigarros lhes poderia durar um ano.
Guanabara Koogan, SP, 2017
↠ "Se não há tabaco, não há colesterol nem diabetes, e
JUNQUEIRA; CARNEIRO. Histologia Básica, 13ª ed.
têm uma dieta equilibrada e fazem exercícios físicos, não
Guanabara Koogan, SP, 2017.
há aterosclerose”, comenta o pesquisador do Centro
Nacional de Pesquisas Cardiovasculares Carlos I I (CNIC),
Antonio Fernández Ortiz.
↠ Esta pesquisa ajuda a demonstrar de forma definitiva
que os fatores de risco cardiovasculares são a causa da
doença aterosclerótica. Nessa população sem
aterosclerose o único fator de risco que eles têm é a

@jumorbeck
Anamnese Sinais (Libras), da palavra escrita ou mediante tradutor
(acompanhante e/ou cuidador que compreenda a
↠ Anamnese (do grego aná –trazer de novo + mnesis comunicação do paciente). (PORTO, 8ª ed.)
–memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos
relacionados com a doença e o paciente. (PORTO, 8ª ed.) ↠ A anamnese necessita de entrevista organizada em
métodos que privilegiam a solução da complexa relação
↠ De início, deve-se ressaltar que a anamnese é a parte médico-paciente, com o intuito de alterar o
mais importante da medicina: primeiro, porque é o núcleo posicionamento do médico, deixando o lado entrevistador
em torno do qual se desenvolve a relação médico- e favorecendo o lado ouvinte, capaz de promover a
paciente, que, por sua vez, é o principal pilar do trabalho saúde e prevenindo as doenças que acometem os
do médico; segundo, porque é cada vez mais evidente pacientes (LIMA et al., 2021 apud SOARES et al, 2016).
que o progresso tecnológico somente é bem utilizado se
o lado humano da medicina é preservado. (PORTO, 8ª ed.) ↠ O diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo
e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos
↠ A anamnese, se bem feita, culmina em decisões fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente
diagnósticas e terapêuticas corretas; se mal feita, em relacionados com uma situação anormal da vida do
contrapartida, desencadeia uma série de consequências paciente. (PORTO, 8ª ed.)
negativas, as quais não podem ser compensadas com a
realização de exames complementares, por mais Maneiras de se fazer anamnese
sofisticados que sejam. (PORTO, 8ª ed.) A anamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras:
↠ Como a anamnese é uma entrevista, são necessárias ➢ Deixar o paciente relatar, livre e
a ela a comunicação não verbal, a verbal e a escrita. Uma espontaneamente, suas queixas sem nenhuma
anamnese verdadeira sai da boca do paciente, mas o interferência, limitando-se a ouvi-lo. Essa técnica
médico deve ser cooperativo, atento, cuidadoso e é recomendada e seguida por muitos clínicos. O
direcionador. (SOARES et al., 2014) psicanalista apoia-se integralmente nela e chega
POSSIBILIDADES E OBJETIVOS DA ANAMNESE ao ponto de se colocar em uma posição na qual
não possa ser visto pelo paciente, para que sua
➢ Estabelecer condições para uma adequada relação presença não exerça influência inibidora ou
médico-paciente; coercitiva. (PORTO, 8ª ed.)
➢ Conhecer, por meio da identificação, os
➢ De outra maneira, denominada anamnese
determinantes epidemiológicos que influenciam o
processo saúde-doença de cada paciente;
dirigida, o médico, tendo em mente um
➢ Fazer a história clínica, registrando, detalhada e esquema básico, conduz a entrevista mais
cronologicamente, o(s) problema(s) de saúde do objetivamente. O uso dessa técnica exige rigor
paciente; técnico e cuidado na sua execução, de modo a
➢ Registrar e desenvolver práticas de promoção da não se deixar levar por ideias preconcebidas.
saúde; (PORTO, 8ª ed.)
➢ Avaliar o estado de saúde passado e presente do ➢ Outra maneira é o médico deixar, inicialmente, o
paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares paciente relatar de maneira espontânea suas
e ambientais que influenciam seu processo saúde- queixas, para depois conduzir a entrevista de
doença;
modo mais objetivo. (PORTO, 8ª ed.)
➢ Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como
suas condições socioeconômicas e culturais; Com a crescente capacidade de o paciente obter informações sobre
➢ Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema sintomas, doenças, tratamentos, especialmente nos sites de busca da
corporal. internet, está surgindo um novo tipo de entrevista que pode ser
chamado de “anamnese dialogada”. Em vez do tradicional relato passa
↠ Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o a haver um diálogo amparado nas informações obtidas pelo paciente
instrumento de que nos valemos é a palavra falada. e nos conhecimentos científicos do médico. (PORTO, 8ª ed.)
(PORTO, 8ª ed.) ↠ A história clínica, portanto, não é o simples registro de
↠ Em situações especiais (pacientes surdos ou pacientes uma conversa. É mais do que isso: é o resultado de uma
com dificuldades de sonorização), dados da anamnese entrevista com objetivo explícito, conduzida pelo
podem ser obtidos por meio da Linguagem Brasileira de

@jumorbeck
examinador e cujo conteúdo foi elaborado criticamente ↠ Sintomas bem investigados e mais bem
por ele. (PORTO, 8ª ed.) compreendidos abrem caminho para um exame físico
objetivo. Isso poderia ser anunciado de outra maneira: só
↠ Para fazer uma entrevista de boa qualidade, antes de
se acha o que se procura e só se procura o que se
tudo o médico deve estar interessado no que o paciente
conhece. (PORTO, 8ª ed.)
tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar
compreensão e desejo de ser útil àquela pessoa. (PORTO, ↠A causa mais frequente de erro diagnóstico é uma
8ª ed.) história clínica mal obtida. (PORTO, 8ª ed.)
↠ A pressa é o defeito de técnica mais grosseiro que se ↠ Somente a anamnese possibilita ao médico uma visão
pode cometer durante a obtenção da história. (PORTO, de conjunto do paciente, indispensável para a prática de
8ª ed.) uma medicina de excelência (PORTO, 8ª ed.)
↠ Há muitas doenças cujos diagnósticos são feitos quase Semiotécnica da anamnese
exclusivamente pela história, como, por exemplo,
epilepsia, enxaqueca e neuralgia do trigêmeo, isso sem se ↠ Não basta pedir ao paciente que relate sua história e
falar dos transtornos psiquiátricos, cujo diagnóstico apoia- anotá-la. Muitos pacientes têm dificuldade para falar e
se integralmente nos dados da anamnese. (PORTO, 8ª ed.) precisam de incentivo; outros – e isto é mais frequente
– têm mais interesse em narrar as circunstâncias e os
Recomendações práticas para se fazer uma boa acontecimentos paralelos do que relatar seus
anamnese padecimentos. (PORTO, 8ª ed.)

↠ É no primeiro contato que reside a melhor ↠ Aliás, o paciente não é obrigado a saber como deve
oportunidade para fundamentar uma boa relação entre o relatar suas queixas. O médico é que precisa saber como
médico e o paciente. Perdida essa oportunidade, sempre obtê-las. (PORTO, 8ª ed.)
existirá um hiato intransponível entre um e outro.
↠ O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar
(PORTO, 8ª ed.) o paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal
↠ Cumprimente o paciente, perguntando logo o nome intento, Bickley e Szilagyi (2010) sugerem que o
dele e dizendo-lhe o seu. Não use termos como “vovô”, examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas:
“vovó”, “vozinho”, “vozinha” para as pessoas idosas. apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação,
(PORTO, 8ª ed.) interpretação, respostas empáticas e silêncio. (PORTO, 8ª
ed.)
↠ Demonstre atenção ao que o paciente está falando e
procure identificar de pronto alguma condição especial – ➢ Afirmações de apoio despertam segurança no
dor, sonolência, ansiedade, hostilidade, tristeza, confusão paciente. Dizer, por exemplo, “Eu compreendo”
mental – para que você saiba a maneira de conduzir a em momento de dúvida pode encorajá-lo a
entrevista. (PORTO, 8ª ed.) prosseguir no relato de alguma situação difícil.
➢ O médico consegue facilitar o relato do paciente
↠ Conhecer e compreender as condições socioculturais por meio de sua postura, de ações ou palavras
do paciente representa uma ajuda inestimável para que o encorajem, mesmo sem especificar o
reconhecer a doença e entender o paciente. (PORTO, 8ª tópico ou o problema que o incomoda. O gesto
ed.) de balançar a cabeça levemente, por exemplo,
↠ Ter sempre o cuidado de não sugestionar o paciente pode significar para o paciente que ele está
com perguntas que surgem de ideias preconcebidas. sendo compreendido.
(PORTO, 8ª ed.) ➢ A reflexão é muito semelhante à facilitação e
consiste basicamente na repetição das palavras
↠ O tempo reservado à anamnese distingue o médico que o médico considerar as mais significativas
competente do incompetente, o qual tende a transferir durante o relato do paciente.
para as máquinas e o laboratório a responsabilidade do ➢ O esclarecimento é diferente da reflexão
diagnóstico. (PORTO, 8ª ed.) porque, nesse caso, o médico procura definir de
maneira mais clara o que o paciente está
relatando. Por exemplo, se o paciente se refere

@jumorbeck
à tontura, o médico, por saber que esse termo COMPONENTES DA ANAMNESE
tem vários significados, procura esclarecer a qual IDENTIFICAÇÃO Perfil sociodemográfico que
possibilita a interpretação dos
deles o paciente se refere (vertigem? Sensação dados individuais e coletivos do
desagradável na cabeça?). paciente.
➢ A confrontação consiste em mostrar ao QUEIXA PRINCIPAL É o motivo da consulta.
Sintomas ou problemas que
paciente algo acerca de suas próprias palavras motivaram o paciente a
ou comportamento. Por exemplo, o paciente procurar atendimento.
mostra-se tenso, ansioso e com medo, mas diz HISTÓRIA DA DOENÇA Registro cronológico e
ao médico que “está tudo bem”. Aí, o médico ATUAL detalhado do problema atual de
saúde do paciente.
pode confrontá-lo da seguinte maneira: “Você INTERROGATÓRIO Avaliação detalhada dos
diz que está tudo bem, mas por que está com SINTOMATOLÓGICO sintomas de cada sistema
lágrimas nos olhos?” Essa afirmativa pode corporal. Complementar a HDA
e avaliar.
modificar inteiramente o relato do paciente. ANTECEDENTES PESSOAIS E Avaliação do estado de saúde
➢ Na interpretação, o médico faz uma observação FAMILIARES passado e presente do
a partir do que vai notando no relato ou no paciente, conhecendo os
fatores pessoais.
comportamento do paciente. Por exemplo: HÁBITOS DE VIDA Documentar hábitos e estilo de
“Você parece preocupado com os laudos das vida do paciente, incluindo
radiografias que me trouxe.” ingesta alimentar diária e usual,
prática utilização de outras
➢ A resposta empática é a intervenção do médico
substâncias e drogas ilícitas.
mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e CONDIÇÕES Avaliar as condições de
aceitação sobre algo relatado pelo paciente. A SOCIOECONÔMICAS habitação do paciente, além de
resposta empática pode ser por palavras, gestos vínculos afetivos familiares,
condições escolaridade.
ou atitudes: colocar a mão sobre o braço do
paciente, oferecer um lenço se ele estiver
chorando ou apenas dizer a ele que IDENTIFICAÇÃO
compreende seu sofrimento. No entanto, é
necessário cuidado com esse tipo de ↠ A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente
procedimento. A palavra ou gesto do médico que permite a interpretação de dados individuais e
pode desencadear uma reação inesperada ou coletivos. Apresenta múltiplos interesses; o primeiro deles
até contrária por parte do paciente. é de iniciar o relacionamento com o paciente, saber o
➢ Há momentos na entrevista em que o nome de uma pessoa é indispensável para que se
examinador deve permanecer calado, mesmo comece um processo de comunicação em nível afetivo.
correndo o risco de parecer que perdeu o (PORTO, 8ª ed.)
controle da conversa. O silêncio pode ser o mais ↠ Além do interesse clínico, também dos pontos de vista
adequado quando o paciente se emociona ou pericial, sanitário e médico-trabalhista, esses dados são de
chora. Saber o tempo de duração do silêncio faz relevância para o médico. (PORTO, 8ª ed.)
parte da técnica e da arte de entrevistar.
↠ A data em que é feita a anamnese é sempre
Elementos componentes da anamnese importante e, quando as condições clínicas modificam-se
com rapidez, convém acrescentar a hora. (PORTO, 8ª ed.)
↠ A anamnese é classicamente desdobrada nas
seguintes partes: identificação, queixa principal, história de Os elementos descritos a seguir são obrigatórios:
doença atual (HDA), interrogatório sintomatológico (IS),
antecedentes pessoais e familiares, hábitos e estilo de ➢ Nome. Primeiro dado da identificação. Nunca é
vida, condições socioeconômicas e culturais. (PORTO, 8ª demais criticar o hábito de designar o paciente
ed.) pelo número do leito ou pelo diagnóstico.
“Paciente do leito 5” ou “aquele caso de cirrose
↠ Esta divisão visa contemplar o paciente como um todo hepática da Enfermaria 7” são expressões que
e promover sua saúde. (LIMA et al, 2021) jamais devem ser usadas para caracterizar uma
pessoa.

@jumorbeck
➢ Idade. Cada grupo etário tem sua própria possibilita o correto encaminhamento para
doença, e bastaria essa assertiva para tornar exames complementares, outros especialistas
clara a importância da idade. ou mesmo a hospitais, nos casos de internação.
➢ Sexo/gênero. Há enfermidades que só ocorrem O cuidado do médico em não onerar o paciente,
em determinado sexo. buscando alternativas dentro do seu plano de
➢ Cor/etnia. Embora não sejam coisas exatamente saúde, é fator de suma importância na adesão
iguais, na prática elas se confundem. Em nosso ao tratamento proposto.
país, onde existe uma intensa mistura de etnias,
é preferível o registro da cor da pele como faz QUEIXA PRINCIPAL OU MOTIVO DA CONSULTA
o IBGE usando-se a seguinte nomenclatura: cor ↠ Registra-se a queixa principal ou, mais adequadamente,
branca, cor parda, cor preta. o motivo que levou o paciente a procurar o médico,
➢ Estado civil. Não só os aspectos sociais repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas.
referentes ao estado civil podem ser úteis ao (PORTO, 8ª ed.)
examinador. Aspectos médico-trabalhistas e
periciais podem estar envolvidos, e o ↠ É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um
conhecimento do estado civil passa a ser um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa que
dado valioso. expressa o motivo da consulta. Pode ser uma anotação
➢ Profissão. É um dado de crescente importância entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas
na prática médica, e sobre ele teceremos do paciente. (PORTO, 8ª ed.)
algumas considerações em conjunto com o item ↠ Não aceitar, tanto quanto possível, “rótulos
que se segue. diagnósticos” referidos à guisa de queixa principal.
➢ Local de trabalho. Não basta registrar a (PORTO, 8ª ed.)
ocupação atual. Faz-se necessário indagar sobre
outras atividades já exercidas em épocas HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL
anteriores.
➢ Naturalidade. Local onde o paciente nasceu. ↠ A história da doença atual (HDA) é um registro
➢ Procedência. Este item geralmente refere-se à cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente
residência anterior do paciente. a procurar assistência médica, desde o seu início até a
➢ Residência. Anota-se a residência atual. Nesse data atual. (PORTO, 8ª ed.)
local deve ser incluído o endereço do paciente. ↠ A HDA, abreviatura já consagrada no linguajar médico,
As doenças infecciosas e parasitárias se distribuem pelo mundo em é a parte principal da anamnese e costuma ser a chave
função de vários fatores, como climáticos, hidrográficos e de altitude. mestra para chegar ao diagnóstico. (PORTO, 8ª ed.)
Conhecer o local da residência é o primeiro passo nessa área.
↠ Histórias simples e curtas x Histórias longas e
➢ Nome da mãe. Anotar o nome da mãe do complexas. (PORTO, 8ª ed.)
paciente é uma regra comum nos serviços de
saúde no sentido de diferenciar os pacientes NORMAS PARA SE OBTER UMA BOA HDA
homônimos. ➢ Deixe que o paciente fale sobre sua doença.
➢ Nome do responsável, cuidador e/ou ➢ Identifique o sintoma-guia.
acompanhante. O registro do nome do ➢ Descreva o sintoma-guia com suas características e analise-
responsável, cuidador e/ou acompanhante de o minuciosamente.
➢ Use o sintoma-guia como fio condutor da história e
crianças, adolescentes, pessoas idosas, tutelados estabeleça as relações das outras queixas com ele em
ou incapazes (problemas de cognição, por ordem cronológica.
exemplo) faz-se necessário para que se firme a ➢ Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim.
relação de corresponsabilidade ética no ➢ Não induza respostas.
➢ Apure evolução, exames e tratamentos realizados em
processo de tratamento do paciente.
relação à doença atual.
➢ Religião. A religião à qual o paciente se filia tem ➢ Resuma a história que obteve para o paciente, a fim de ele
relevância no processo saúde-doença. possa confirmar ou corrigir algum dado ou acrescentar
➢ Filiação a órgãos/instituições previdenciárias e alguma informação esquecida.
planos de saúde. Ter conhecimento desse fato

@jumorbeck
SINTOMAGUIA Embora o IS seja a parte mais longa da anamnese e
pareça ao estudante algo cansativo e muitas vezes inútil,
↠ Designa-se como sintoma-guia o sintoma ou sinal que convém ressaltar que: (PORTO, 8ª ed.)
permite recompor a história da doença atual com mais facilidade
e precisão. (PORTO, 8ª ed.) ➢ A proposta de atender ao paciente de maneira
↠ O passo seguinte é determinar a época em que teve início
global inclui o conhecimento de todos os
aquele sintoma. (PORTO, 8ª ed.) sistemas corporais em seus sintomas e na
dimensão da promoção da saúde.
↠ O terceiro passo consiste em investigar a maneira como ➢ Pensando no paciente como um ser mutável e
evoluiu o sintoma. (PORTO, 8ª ed.) em desenvolvimento, é necessário que se
↠ Concomitantemente com a análise da evolução do sintoma- registre o estado atual de todo o seu organismo,
guia, o examinador estabelece as correlações e as interrelações para se ter um parâmetro no caso de futuras
com outras queixas. (PORTO, 8ª ed.) queixas e adoecimento.
➢ Muitas vezes, o adoecimento de um sistema
ESQUEMA PARA ANÁLISE DE UM SINTOMA corporal tem correlação com outro sistema, e
➢ Início; há necessidade de tal conhecimento para
➢ Características do sintoma; adequar a proposta terapêutica.
➢ Fatores de melhora ou piora; ➢ Por fim, vale a pena incluir na fase de
➢ Relação com outras queixas; aprendizagem da anamnese o interrogatório
➢ Evolução; sintomatológico, porque adquire-se uma visão de
➢ Situação atual. conjunto dos sinais e sintomas, conhecimento
que será útil a todo médico.

INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO SISTEMATIZAÇÃO DO INTERROTAGÓRIO SINTOMATOLÓGICO


➢ Sintomas gerais: febre, sudorese, astenia, cãibras.
↠ O interrogatório sintomatológico documenta a ➢ Pele e fâneros: alterações da pele (cor, textura, lesões,
existência ou ausência de sintomas comuns relacionados sensibilidade), alterações dos fâneros (queda de cabelo,
com cada um dos principais sistemas corporais. (PORTO, alterações nas unhas).
8ª ed.) ➢ Cabeça e pescoço: crânio, face e pescoço (dor, alterações
do pescoço – tumorações), olhos (prurido, olho seco,
↠ A principal utilidade prática do interrogatório diplopia), orelhas (dor, otorreia, zumbidos), nariz e cavidades
sintomatológico reside no fato de permitir ao médico paranasais (prurido, dor, espirros) cavidade bucal e anexos
(halitose, dor de dente), faringe (dor de garganta, tosse,
levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que ronco), laringe (dor, dispneia, disfagia), tireoide e
não guardam relação com o quadro sintomatológico paratireoides (dor, nódulo), vasos e linfonodos (dor,
registrado na HDA. (PORTO, 8ª ed.) linfadenomegalias).
➢ Tórax (parede torácica, traqueia, brônquios, pulmões e
↠ Em outras ocasiões, é no interrogatório pleuras, diafragma e mediastino, coração e grandes vasos
sintomatológico que se origina a suspeita diagnóstica mais – palpitações, esôfago – pirose).
➢ Abdome (parede abdominal, estômago, intestino delgado,
importante. (PORTO, 8ª ed.)
cólon, reto, anus, fígado e vias biliares, pâncreas).
↠ Enquanto se avalia o estado de saúde passado e ➢ Sistema geniturinário (rins e vias urinárias, órgãos genitais
masculinos, órgãos genitais femininos).
presente de cada sistema corporal, aproveita-se para ➢ Sistema hemolinfopoético.
promover saúde, orientando e esclarecendo o paciente ➢ Sistema endócrino.
sobre maneiras de prevenir doenças e evitar riscos à ➢ Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades.
saúde. (PORTO, 8ª ed.) ➢ Músculos.
➢ Artérias, veias, linfáticos e microcirculação.
↠ Para tirar o máximo proveito das atividades práticas, o ➢ Sistema nervoso
➢ Exame psíquico e avaliação das condições emocionais.
estudante deve registrar os sintomas presentes e os
negados pelo paciente. (PORTO, 8ª ed.) ↠ Antes de iniciar o interrogatório sintomatológico (IS), explique ao
paciente que você irá fazer questionamentos sobre todos os sistemas
IMPORTÂNCIA DO INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO corporais (revisão “da cabeça aos pés”), mesmo não tendo relação
com o sistema que o motivou a procura-lo. Assim, você terá

@jumorbeck
preparado o paciente para a série de perguntas que compõe o IS. seja do seco masculino, indaga-se o número de
(PORTO, 8ª ed.) filhos.
↠ Inicie a avaliação de cada sistema corporal com essas perguntas ➢ Vacinas: anotar quais vacinas e a época de
gerais. Exemplos: “Como estão seus olhos e visão?”, “Como anda sua aplicação.
digestão?” ou “Seu intestino funciona regularmente?”. A resposta ➢ Medicamentos em uso: anotar nome, posologia,
permitirá que você, se necessário, passe para perguntas mais motivo, quem prescreveu.
específicas, e, assim, detalhe a queixa. (PORTO, 8ª ed.)
↠ Perguntas sobre a sexualidade devem ser feitas após já se ter
↠ Não induza respostas com perguntas que afirmem ou neguem o conversado algum tempo com o paciente; assim, ele fica mais
sintoma, como por exemplo: “O senhor está com falta de ar, não é?” descontraído e o estudante não se sente tão constrangido.
ou “O senhor não está com falta de ar, não é mesmo?” Nesse caso,
o correto é apenas questionar: “O senhor sente falta de ar?” ↠ Lembre-se sempre que o que é perguntado de maneira adequada,
(PORTO, 8ª ed.) sem demonstrar preconceito, é respondido também com tranquilidade.

ANTECEDENTES PESSOAIS ↠ Mostre-se sempre tranquilo, sem sinais de discriminação, seja qual
for a informação do paciente.
↠ Considera-se avaliação do estado de saúde passado e
presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e ANTECEDENTES FAMILIARES
familiares que influenciam seu processo saúde-doença. ↠ Os antecedentes começam com a menção ao estado
(PORTO, 8ª ed.) de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente.
↠ Os passos a serem seguidos abrangem os Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes
antecedentes fisiológicos e antecedentes patológicos. são referidos. Não se esquecer dos avós, tios e primos
(PORTO, 8ª ed.) paternos e maternos do paciente. Se tiver algum doente
na família, esclarecer a natureza da enfermidade. (PORTO,
Antecedentes pessoais fisiológicos 8ª ed.)
➢ Gestação e nascimento: como decorreu a ↠ Em caso de falecimento, indagar a causa do óbito e a
gravidez, condições de parto (normal, fórceps, idade em que ocorreu. (PORTO, 8ª ed.)
cesariana), ordem do nascimento (se é
primogênito, segundo filho etc.), número de ↠ Quando o paciente é portador de uma doença de
irmãos. caráter hereditário torna-se imprescindível um
➢ Desenvolvimento psicomotor e neural: dentição, levantamento genealógico mais rigoroso. (PORTO, 8ª ed.)
fala, controle dos esfíncteres.
HÁBITOS E ESTILO DE VIDA
➢ Desenvolvimento sexual: início da puberdade,
menarca, sexarca, menopausa, orientação ↠ Item, muito amplo e heterogêneo, documenta hábitos
sexual. e estilo de vida do paciente e está desdobrado nos
seguintes tópicos: alimentação; ocupação atual e
Antecedentes pessoais patológicos
ocupações anteriores; atividades físicas; hábitos. (PORTO,
➢ Doenças sofridas pelo paciente: mais comuns na 8ª ed.)
infância (sarampo, varicela, amigdalites) e
ALIMENTAÇÃO
passando às da vida adulta (pneumonia, hepatite,
hipertensão arterial, diabetes) ↠ Toma-se como referência o que seria a alimentação
➢ Alergia: existência de alergia a alimentos, adequada para aquela pessoa em função da idade, do
medicamentos ou outras substâncias. sexo e do trabalho desempenhado. (PORTO, 8ª ed.)
➢ Cirurgias: os motivos que determinaram.
➢ Traumatismo: indagar sobre o acidente em si e ↠ Induz-se o paciente a discriminar sua alimentação
sobre as consequências deste. habitual, especificando, tanto quanto possível, o tipo e a
➢ Transfusões sanguíneas: número de quantidade dos alimentos ingeridos – é o que se chama
transfusões, quando ocorreu e por quê. anamnese alimentar. (PORTO, 8ª ed.)
➢ História obstétrica: número de gestações (G), de ↠ Devemos questionar principalmente sobre o consumo
partos (P), de abortos (A), de prematuros e de de alimentos à base de carboidratos, proteínas, gorduras,
cesarianas (C) (G_P_A_C_). Caso o paciente

@jumorbeck
fibras, bem como de água e outros líquidos. (PORTO, 8ª explicações por parte do paciente não significa
ed.) necessariamente a verdade! (PORTO, 8ª ed.)
↠ Assim procedendo, o examinador poderá fazer uma ↠ Deve-se investigar sistematicamente o uso de tabaco,
avaliação quantitativa e qualitativa, ambas com interesse bebidas alcoólicas, anabolizantes, anfetaminas e drogas
médico. (PORTO, 8ª ed.) ilícitas. (PORTO, 8ª ed.)
Sintetizadas as conclusões mais frequentes: Uso de tabaco:
➢ Alimentação quantitativa e qualitativamente adequada
↠ O consumo de tabaco, droga socialmente aceita, não
➢ Reduzida ingesta de fibras
➢ Insuficiente consumo de proteínas, com alimentação à base costuma ser negado pelos pacientes, exceto quando
de carboidratos tenha sido proibido de fumar. (PORTO, 8ª ed.)
➢ Consumo de calorias acima das necessidades
➢ Alimentação com alto teor de gorduras ↠ Diante disso, nenhuma anamnese está completa se
➢ Reduzida ingesta de verduras e frutas não se investigar esse hábito, registrando-se tipo,
quantidade, frequência, duração do vício e abstinência.
(PORTO, 8ª ed.)
OCUPAÇÃO ATUAL E OCUPAÇÕES ANTERIORES Bebidas Alcoólicas:
↠ Obter informações sobre a natureza do trabalho ↠ A ingestão de bebidas alcoólicas também é
desempenhado, com que substâncias entra em contato, socialmente aceita, mas muitas vezes é omitida ou
quais as características do meio ambiente e qual o grau minimizada por parte dos pacientes. (PORTO, 8ª ed.)
de ajustamento ao trabalho. (PORTO, 8ª ed.)
↠ O próprio etilismo, em si, uma doença de fundo
↠ Devemos questionar e obter informações tanto da psicossocial, deve ser colocado entre as enfermidades
ocupação atual quanto das ocupações anteriores importantes e mais difundidas atualmente. (PORTO, 8ª ed.)
exercidas pelo paciente. (PORTO, 8ª ed.)
↠ Não se deve deixar de perguntar sobre o tipo de
↠ Os dados relacionados com este item são chamados bebida e a quantidade habitualmente ingerida, bem como
história ocupacional. Voltamos a chamar a atenção para a frequência, duração do vício e abstinência. (PORTO, 8ª
crescente importância médica e social da medicina do ed.)
trabalho. (PORTO, 8ª ed.)
Uso de anabolizantes e anfetaminas:
ATIVIDADES FÍSICAS
↠ O uso de anabolizantes por jovens frequentadores de
↠ Torna-se cada dia mais clara a relação entre muitas academias de ginástica tornou-se uma preocupação, pois
enfermidades e o tipo de vida levado pela pessoa no que tais substâncias levam à dependência e estão
concerne à prática de exercícios físicos. (PORTO, 8ª ed.) correlacionadas com doenças cardíacas, renais, hepáticas,
↠ Devemos questionar qual tipo de exercício físico endócrinas e neurológicas. (PORTO, 8ª ed.)
realiza, frequência.); duração e tempo que pratica. ↠ A utilização de anfetaminas, de maneira indiscriminada,
(PORTO, 8ª ed.) leva à dependência química e, comprovadamente, causa
Uma classificação prática é a que se segue: prejuízos à saúde. (PORTO, 8ª ed.)

➢ Pessoas sedentárias Consumo de drogas ilícitas:


➢ Pessoas que exercem atividades físicas moderadas
➢ Pessoas que exercem atividades físicas intensas e ↠ As drogas ilícitas incluem maconha, cocaína, heroína,
constantes ecstasy, LSD, crack, oxi, chá de cogumelo, inalantes (cola
➢ Pessoas que exercem atividades físicas ocasionais. de sapateiro, lança perfume). (PORTO, 8ª ed.)
↠ A investigação clínica de um paciente que usa drogas
ilícitas não é fácil. Há necessidade de tato e perspicácia. O
HÁbitos
médico deve integrar informações provenientes de todas
↠ A investigação deste item exige habilidade, discrição e as fontes disponíveis, principalmente de familiares.
perspicácia. Uma afirmativa ou uma negativa sem (PORTO, 8ª ed.)

@jumorbeck
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS E CULTURAIS ↠ Todo médico precisa conhecer as possibilidades
econômicas de seu paciente, principalmente sua
↠ As condições socioeconômicas e culturais avaliam a capacidade financeira para comprar medicamentos e
situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação realizar exames complementares.. (PORTO, 8ª ed.)
religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como
condições de moradia e grau de escolaridade. (PORTO, 8ª ↠ Quanto à escolaridade, é importante saber se o
ed.) paciente é analfabeto ou alfabetizado. Vale ressaltar se o
paciente completou o ensino fundamental, o ensino
↠ Este item está desdobrado em: habitação, condições médio ou se tem nível superior. Tais informações são
socioeconômicas, condições culturais, vida conjugal e fundamentais na compreensão do processo saúde-
relacionamento familiar. (PORTO, 8ª ed.) doença. (PORTO, 8ª ed.)
HABITAÇÃO VIDA CONJUGAL E RELACIONAMENTO FAMILIAR
↠ Importância considerável tem a habitação. (PORTO, ↠ Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre
8ª ed.) irmãos e entre cônjuges. (PORTO, 8ª ed.)
↠ Na zona rural, pela sua precariedade, as casas ↠ Em várias ocasiões temos salientado as dificuldades da
comportam-se como abrigos ideais para numerosos anamnese. Chegamos ao tópico em que essa dificuldade
reservatórios e transmissores de doenças infecciosas e atinge seu máximo. (PORTO, 8ª ed.)
parasitárias. (PORTO, 8ª ed.)
↠ O estudante encontrará dificuldade para andar nesse
↠ Na zona urbana, a diversidade de habitação é um fator terreno, pois os pacientes veem nele um “aprendiz”,
importante. (PORTO, 8ª ed.) adotando, em consequência, maior reserva a respeito de
↠ A habitação não pode ser vista como fato isolado, sua vida íntima e de suas relações familiares. (PORTO, 8ª
porquanto ela está inserida em um meio ecológico do ed.)
qual faz parte. (PORTO, 8ª ed.) Anamnese abrangente x Anamnese focalizada
↠ É importante questionar sobre as condições de ↠ No caso de pacientes vistos pela primeira vez no
moradia: se mora em casa ou apartamento; se a casa é consultório ou hospital, geralmente a opção adotada é
feita de alvenaria ou não; qual a quantidade de cômodos; conduzir uma avaliação abrangente, que inclui todos os
se conta com saneamento básico (água tratada e rede componentes da anamnese e um completo exame físico.
de esgoto), com coleta regular de lixo; se abriga animais (BATES, 12ª ed.)
domésticos, entre outros. Indaga-se também sobre o
contato com pessoas ou animais doentes. Se afirmativo, ↠ No entanto, em muitas situações, é indicada uma
questiona-se sobre onde e quando ocorreu e sobre a avaliação orientada para problemas ou focalizada mais
duração do contato. (PORTO, 8ª ed.) flexível, principalmente no caso de pacientes que você
conheça bem e estejam retornando para uma consulta
↠ A poluição do ar, a poluição sonora e visual, os de rotina ou de pacientes com preocupações específicas
desmatamentos e as queimadas, todos são fatores e “mais prementes”, como dor de garganta ou dor no
relevantes na análise do item habitação, podendo joelho. (BATES, 12ª ed.)
propiciar o surgimento de várias doenças. (PORTO, 8ª ed.)
↠ A escolha do tipo de anamnese vai depender de
CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS diversos fatores: (BATES, 12ª ed.)
↠ Os primeiros elementos estão contidos na própria ➢ Magnitude e a gravidade dos problemas do
identificação do paciente; outros são coletados no paciente;
decorrer da anamnese. (PORTO, 8ª ed.) ➢ A necessidade de ser minucioso;
↠ Se houver necessidade de mais informações, indagar- ➢ O ambiente clínico – hospital ou ambulatório;
se-á sobre renda mensal, situação profissional, ➢ Atendimento primário ou especializado;
dependência econômica de parentes ou instituição. ➢ Tempo disponível.
(PORTO, 8ª ed.)

@jumorbeck
ANAMNESE ABRANGENTE ANAMNESE FOCALIZADA ↠ Não é uma relação interpessoal como outra qualquer,
É adequada para pacientes É adequada para pacientes pois está inserida nela uma grande carga de angústia,
novos no consultório ou já conhecidos, medo,
hospital. principalmente durante incerteza, amor, ódio, insegurança, confiança, que
consultas de rotina ou determina uma relação dialética entre o ser doente e
urgência. aquele que lhe oferece ajuda. (PORTO, 8ª ed.)
Fornece dados Aborda queixas ou sintomas
fundamentais e localizados.
personalizados sobre Relação Médico-Paciente e Princípios Bioéticos
o paciente
Fortalece a relação entre o Aplica métodos de exames ↠ É importante compreender que princípios bioéticos e
paciente e o profissional relevantes à avaliação das virtudes morais são partes indissociáveis do exame clínico
de saúde queixas ou problemas da e estão no núcleo da relação médico-paciente. (PORTO,
maneira mais detalhada 8ª ed.)
e cuidadosa possível
Constitui uma linha de base Avalia sintomas restritos a Princípios bioÉticos segundo Beauchamp e Chidress
para avaliações futuras um sistema corporal Beneficência: buscar fazer sempre o bem para o paciente.
específico Não maleficência: não fazer nada de mal ao paciente.

Justiça: fazer sempre o que é justo ao paciente.


↠ A avaliação abrangente faz mais do que avaliar Autonomia: possibilitar que o paciente decida sobre o
sistemas de órgãos. É fonte de conhecimentos tratamento.
fundamentais e personalizados sobre o paciente que
reforça a relação médico-paciente.. (BATES, 12ª ed.) Valores BioÉticos
Alteridade: respeitar a diferença no outro.
↠ No caso do exame mais focalizado, você selecionará
Sigilo: respeitar o segredo sobre as informações do
os métodos pertinentes para realizar uma avaliação paciente.
minuciosa do problema em questão. Os sinais/sintomas, a
idade e a história de saúde do paciente ajudam a Classificação da relação médico-paciente
determinar a abrangência do exame focalizado, assim
como seu conhecimento sobre padrões das doenças. ClassificaÇÃo da relaÇÃo mÉdico-paciente (Veatche,
(BATES, 12ª ed.) 1983)
Modelo paternalista ou sacerdotal: O médico toma as
Dados subjetivos x Dados objetivos decisões em nome da beneficência sem valorizar os
valores, a cultura e a opinião do paciente, que se coloca
↠ Os sintomas são dados subjetivos ou o que o paciente em uma posição de completa submissão.
conta a você. Os sinais são considerados informações Modelo tecnicista ou engenheiral: O médico informa e
objetivas, ou o que você observa. (BATES, 12ª ed.) executa os procedimentos necessários, mas deixa a
decisão inteiramente sob a responsabilidade do paciente.
DADOS SUBJETIVOS DADOS OBJETIVOS Modelo colegial ou igualitário: O médico adota a falsa
O que o paciente conta a O que você detecta posição de “colega” do paciente, não levando em conta a
você. durante o exame, os inevitável assimetria desta relação.
resultados Modelo contratualista. As habilidades e os conhecimentos
dos exames laboratoriais e do médico são valorizados, preservando sua autoridade,
dados do exame. mas deseja e valoriza a participação ativa do paciente que
Os sintomas e a anamnese, Todos os achados do vai resultar em uma efetiva troca de informações e um
desde a queixa principal exame físico ou sinais. comprometimento de ambas as partes.
até a revisão de sistemas
Características do encontro médico-paciente:

Aspectos éticos da comunicação interpares Médico ativo/paciente passivo: o paciente abandona-se


por completo e aceita passivamente os cuidados médicos,
↠ O encontro entre o paciente e o médico desperta sem mostrar necessidade ou vontade de compreendê-
uma grande variedade de sentimentos e emoções, los.
configurando uma relação humana especial, designada
através dos tempos, como relação médico-paciente. Médico direciona/paciente colabora: o profissional assume
(PORTO, 8ª ed.) seu papel de maneira, até certo ponto, autoritária. O

@jumorbeck
paciente compreende e aceita tal atitude, procurando Médico sem vocação Desenvolve mecanismos –
colaborar. inconscientes ou claramente
propositais – que inibem o
Médico age/paciente participa ativamente: o profissional paciente.
define os caminhos e os procedimentos, e o paciente Padrão otimista Não vê gravidade em nada, tudo
lhe parece simples e sem
compreende e atua conjuntamente.
gravidade.
Transferência, contratransferência e resistência Padrão “rotulador” Tem sempre pronto um
diagnóstico rotulado que agrada o
↠ Os principais fenômenos psicodinâmicos da relação paciente.
Padrão “especialista” Não consegue ver o paciente
médico-paciente são os mecanismos de transferência e
como um todo.
contratransferência. Tais conceitos provêm da psicanálise Padrão pessimista Vê maior gravidade nas doenças
e, na prática médica, constituem um arsenal terapêutico que a real.
que independe de técnicas psicoterápicas especiais e que Padrão “frustrado” Quase sempre pessimista, pode
é indissociável do trabalho de qualquer médico. (PORTO, tornar-se agressivo com os
8ª ed.) pacientes.
Padrão agressivo A hostilidade pode se revelar em
Transferência Transferência diz respeito aos palavras ofensivas, porém é mais
fenômenos afetivos que o paciente comum disfarçar-se como mau
passa (transfere) para a relação que atendimento.
estabelece com o médico ou o Padrão paternalista Adota atitudes protetoras.
estudante. São sentimentos
inconscientes vividos no âmbito de
seus relacionamentos primários com O paciente
os pais, irmãos e outros membros da
família. ↠ O ser humano é uma unidade biopsicossocial e
Resistência Chama-se resistência qualquer fator espiritual, e seus aspectos afetivos são o que mais o
ou mecanismo psicológico diferenciam dos outros animais. O paciente é um ser
inconsciente que comprometa ou
humano, com uma identidade de gênero e uma
atrapalhe a relação médico-paciente
Contratransferência Os fenômenos relatados também determinada orientação sexual, de certa idade, com uma
ocorrem em sentido contrário, ou história individual e uma personalidade exclusiva. Para
seja, do médico (ou do estudante), avaliá-lo, o médico se vale de sua capacidade de sentir e
para o paciente, sendo denominados de estabelecer um relacionamento positivo ou favorável,
contratransferência, ou seja, é a ou seja, é preciso que tenha empatia e compaixão.
passagem de aspectos afetivos do
médico ou do estudante para o (PORTO, 8ª ed.)
paciente.
Padrões de comportamento dos pacientes
↠As pessoas se comportam de maneiras diversas, em
O médico
função de seu temperamento, suas condições culturais,
↠ Na primeira consulta, uma palavra ou um gesto modo de viver e circunstâncias do momento. (PORTO, 8ª
inadequado pode deteriorar a relação entre médico e ed.)
paciente e aumentar os padecimentos deste último. Isso ↠ Todas as enfermidades têm um componente afetivo,
acontece frequentemente quando os aspectos e, ao adoecer, o indivíduo acentua os traços de sua
psicológicos não são valorizados. Compete ao profissional personalidade e expressa no bojo de seu quadro clínico
direcionar este encontro a fim de torná-lo o menos seus distúrbios emocionais. (PORTO, 8ª ed.)
angustiante possível (PORTO, 8ª ed.)
Comunicação entre profissionais de saúde e pacientes ou
PadrÕes de comportamento e caracterÍsticas da
familiares
relaÇÃo mÉdico-paciente
Padrão inseguro A insegurança, na maioria das ↠ As más notícias são definidas como aquelas que
vezes, é um traço de
personalidade. alteram de forma drástica e negativa a visão do paciente
Padrão autoritário Sempre impõe suas decisões. sobre seu futuro. (NETO et al., 2013)

@jumorbeck
↠ O processo de comunicação pode gerar sérios
impactos psicológicos, de forma que quem recebe uma VISÃO DO PACIENTE E FAMILIAR
má notícia geralmente não esquece o local, a data e a
forma como esta foi transmitida. (NETO et al., 2013) A amostra foi constituída de 501 participantes, que responderam um
questionário objetivo. Segundo 70,82% (n=347) dos entrevistados, o
↠ Robert Buckman, em 1992, criou o Protocolo SPIKES profissional estava preparado para informar a má notícia, enquanto
29,18% (n=143) o consideraram despreparado. Entre os participantes,
para orientar os profissionais de saúde a comunicarem
59,27% (n=294) não se consideravam aptos a receber a má notícia,
más notícias, abordando diretrizes básicas, como: postura enquanto 40,73% (n=202) se consideravam preparados. Os principais
do profissional, percepção do paciente, troca de sentimentos citados após o recebimento da má notícia foram: tristeza
informação, conhecimento, explorar e enfatizar as 35,72% (n=210), indiferença 15,48% (n=91), angústia 12,24% (n=72),
emoções, estratégias e síntese. (NETO et al., 2013) desespero 9,35% (n=55) e outros 15,48% (n=91). (NETO et al., 2013)

Quanto aos aspectos definidos como mais relevantes no momento de


PROTOCOLO SPIKES (CRUZ; RIERA, 2016) receber uma má notícia, 11,24% (n=91) das pessoas consideraram como
principal o local; 12,59% (n=102) afirmaram que a qualidade da
➢ S - Setting up: Preparando-se para o encontro. informação é mais importante; já 31,11% (n=252) acreditam que a
Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de sinceridade do médico é fundamental; enquanto que 14,32% (n=116)
a notícia ser triste, é importante manter a calma, acreditam ser a escolha do momento apropriado. Notou-se, ainda, que
pois as informações dadas podem ajudar o 25,43% (n=206) das pessoas valorizam a tranquilidade do médico e
5,31% (n=43) outros aspectos, entre os quais 13,95% (n=6) aludiram à
paciente a planejar seu futuro.
necessidade da humanização. (NETO et al., 2013)
➢ P – Perception: Percebendo o paciente.
Investigue o que o paciente já sabe do que está
acontecendo.
Código de ética médica
➢ I – Invitation: Convidando para o diálogo.
Identifique até onde o paciente quer saber do CAPÍTULO I – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
que está acontecendo, se quer ser totalmente
informado ou se prefere que um familiar tome I – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do
as decisões por ele. ser humano, em benefício da qual deverá agir com o
➢ K – Knowledge: Transmitindo as informações. máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
Introduções como “infelizmente não trago boas
XI – O médico guardará sigilo a respeito das informações
notícias” podem ser um bom começo. Use
de que detenha conhecimento no desempenho de suas
sempre palavras adequadas ao vocabulário do
funções, com exceção dos casos previstos em lei.
paciente.
➢ E – Emotions: Expressando emoções. Aguarde XIX – O médico se responsabilizará, em caráter pessoal
a resposta emocional que pode vir, dê tempo e nunca presumido, pelos seus atos profissionais,
ao paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, resultantes de relação particular de confiança e
em choque. executados com diligência, competência e prudência.
➢ S – Strategy and Summary: Resumindo e
organizando estratégias. É importante deixar CAPÍTULO III – RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
claro para o paciente que ele não será É vedado ao médico:
abandonado, que existe um plano ou tratamento,
curativo ou não. Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão,
caracterizável como imperícia, imprudência ou
↠ Comunicar más notícias não é uma tarefa fácil. O negligência.
objetivo do protocolo SPIKES é, de alguma maneira,
organizar este momento, ajudando profissionais e Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre
pacientes a manter uma comunicação clara e aberta. pessoal e não pode ser presumida.
(CRUZ, RIERA, 2016)
Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições
exclusivas da profissão médica.
Art. 8º Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo
temporariamente, sem deixar outro médico encarregado

@jumorbeck
do atendimento de seus pacientes internados ou em IX - O estudante guardará sigilo a respeito das
estado grave. informações obtidas a partir da relação com os pacientes
e com os serviços de saúde.
CAPÍTULO IV – DIREITOS HUMANOS
EIXO 3 – RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO ESTUDANTE
É vedado ao médico:
Art. 24: É vedado ao acadêmico de medicina identificar-
Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou
se como médico, podendo qualquer ato por ele praticado
consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo
nessa situação ser caracterizado como exercício ilegal da
de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.
medicina.
CAPÍTULO V – RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES Art. 26: A realização de atendimento por acadêmico
É vedado ao médico: deverá obrigatoriamente ter supervisão médica.

Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus Art. 29: A quebra de sigilo médico é de responsabilidade
cuidados profissionais em casos de urgência ou do médico assistente, sendo esse ato vedado ao
emergência quando não houver outro médico ou serviço acadêmico de medicina.
médico em condições de fazê-lo. Art. 32: O estudante de medicina deve manusear e
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o manter sigilo sobre informações contidas em prontuários,
prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo papeletas, exames e demais folhas de observações
quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, médicas, assim como limitar o manuseio e o
devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas
representante legal. a sigilo profissional.

Relação médico-estudante/ estudante-paciente


Referências:
↠ O relacionamento do estudante com o paciente gera
inúmeras dúvidas. Segundo Bates, grande parte da tensão LIMA et. al. Anamnese: Uma reflexão da sua importância
nesse cenário envolve a dinâmica de uma equipe de na relação médico-paciente dentro da formação médica.
saúde e seu papel como um membro da equipe. (BATES, Pesquisa Unifimes, 2021.
12ª ed.)
PINHO, F. M. O. et al. Exame Físico Geral. In: PORTO, C. C.
↠ O estudante deve ajudar no trabalho; contudo, sua Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
função primária é aprender. (BATES, 12ª ed.) Koogan, 2019.
↠ Os princípios de Tavistock, que formam um BICKLEY, L. S. Bates: Propedêutica Médica. 12. ed. Rio de
arcabouço de análise de situações de assistência à saúde Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
que vão além do atendimento direto de pacientes
individuais, abordando escolhas complicadas que envolvem SOARES et al. Reflexões contemporâneas sobre
interações de equipes de saúde e distribuição de recursos anamnese na visão do estudante de medicina. Revista
para o bem-estar da sociedade. (BATES, 12ª ed.) Brasileira de Educação Médica, v.3, nº38, páginas 314-322,
2014.
↠ Os princípios de Tavistock são: direitos, equilíbrio,
abrangência, cooperação, aprimoramento, segurança e NETO et al. Profissionais de saúde e a comunicação de
franqueza. (BATES, 12ª ed.) más notícias sob a ótica do paciente. Revista Medica Minas
Gerais, v. 4, nº.23, páginas 518-525, 2013.
Código de ética do estudante de medicina
CRUZ, CAROLINA O.; RIERA, RACHEL. Comunicando más
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS notícias: o protocolo SPIKES. Diagnostico e Tratamento,
v. 3, nº 21, páginas 106-108,2016.
I - O alvo de toda a atenção do estudante de medicina é
a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir
com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade
intelectual.

@jumorbeck
CARACTERÍSTICAS DO MÚSCULO CARDÍACO: ↠ Considera-se que a disposição das células musculares cardíacas
forma um sincício mecânico e elétrico, fazendo com que um único
➢ Em geral, possui um núcleo por fibra; potencial de ação (gerado no interior do nó sinoatrial) curse por todo
➢ As células musculares cardíacas individuais ramificam-se e o coração, de maneira que este se contraia de modo sincrônico,
juntam-se com as células vizinhas, criando uma rede semelhante a ondas. (BERNE E LEVY)
complexa. As junções celulares, conhecidas como discos
intercalares, consistem em membranas interligadas. Os
discos intercalares têm dois componentes: os
desmossomos e as junções comunicantes. Os Sistema de condução
desmossomos são conexões fortes que mantêm as células
vizinhas unidas, permitindo que a força criada em uma célula
seja transferida para a célula vizinha.

➢ As junções comunicantes nos discos intercalares conectam NÓ
ATRIOVENTRIC FEIXE DE HIS
eletricamente as células musculares cardíacas umas às SINOATRIAL
ULAR
outras. Elas permitem que as ondas de despolarização se
espalhem rapidamente de célula a célula, de modo que
todas as células do músculo cardíaco se contraem quase
simultaneamente. RAMOS
FIBRAS DE
➢ O retículo sarcoplasmático miocárdico é menor que o do DIREITO E
PURKINJE
ESQUERDO
músculo esquelético; por isso, o músculo cardíaco depende,
em parte, do Ca extracelular para iniciar a contração.
➢ As mitocôndrias ocupam cerca de um terço do volume
celular de uma fibra contrátil cardíaca, devido à grande CÉLULAS MUSCULARES CARDÍACAS CONTRAEM-SE SEM INERVAÇÃO
demanda energética dessas células.
↠ A maior parte do coração é composta por células
SINCRONIA DAS CÉLULAS DO TECIDO MUSCULAR CARDÍACO
musculares cardíacas, ou miocárdio. A maioria das células
↠ O coração é composto por três tipos principais de músculo: o musculares cardíacas é contrátil, mas cerca de 1% delas
músculo atrial, o músculo ventricular e as fibras especializadas são especializadas em gerar potenciais de ação
excitatórias e condutoras. (GUYTON, 13ª ed.)
espontaneamente. Essas células são responsáveis por
↠ Os tipos atrial e ventricular de músculo contraem-se quase como uma propriedade única do coração: sua capacidade de se
os músculos esqueléticos, mas com duração muito maior da contração. contrair sem qualquer sinal externo. (SILVERTHON, 7ª ed.)
(GUYTON, 13ª ed.)
↠ O sinal para a contração é miogênico, ou seja, é
↠ As fibras excitatórias e de condução do coração, no entanto, só se
contraem fracamente por conterem poucas fibras contráteis, mas originado dentro do próprio músculo cardíaco.
apresentam descargas elétricas rítmicas automáticas, na forma de (SILVERTHON, 7ª ed.)
potenciais de ação, ou fazem a condução desses potenciais de ação
pelo coração, representando sistema excitatório que controla os ↠ O sinal para a contração miocárdica não é proveniente
batimentos rítmicos. (GUYTON, 13ª ed.) do sistema nervoso central, mas de células miocárdicas
↠ As células cardíacas conectam-se umas às outras por discos
especializadas, denominadas células autoexcitáveis. As
intercalares, que incluem a combinação de junções mecânicas e células autoexcitáveis são também denominadas células
conexões elétricas. As conexões mecânicas, que evitam que as células marca-passo, uma vez que elas determinam a frequência
se soltem quando se contraem, abrangem as junções de aderência e dos batimentos cardíacos. (SILVERTHON, 7ª ed.)
os desmossomos. Por outro lado, as junções comunicantes (gap) entre
as células musculares cardíacas formam conexões elétricas, permitindo As células autoexcitáveis miocárdicas são anatomicamente distintas das
a propagação do potencial de ação por todo o coração. células contráteis: elas são menores e contêm poucas fibras contráteis.
(SILVERTHON, 7ª ed.) Como elas não têm sarcômeros organizados, as células autoexcitáveis
não contribuem para a força contrátil do coração. (SILVERTHON, 7ª
ed.)

@jumorbeck
SINAIS ELÉTRICOS COORDENAM A CONTRAÇÃO ↠ As células do nó SA não têm potencial de repouso
estável. Em vez disso, elas se despolarizam repetida e
espontaneamente até um limiar. Quando o potencial
marcapasso alcança o limiar, ele dispara um potencial de
ação. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Uma via internodal ramificada conecta o nó SA com o
nó atrioventricular (nó AV), um grupo de células
autoexcitáveis perto do assoalho do átrio direito.
(SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ No nó AV, o potencial de ação se desacelera
consideravelmente, como resultado de várias diferenças
na estrutura celular do nó AV. Este atraso fornece tempo
para os átrios drenarem seu sangue para os ventrículos.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ Do nó AV, a despolarização move-se para os
ventrículos. através do feixe AV (fascículo atrioventricular)
↠ As células miocárdicas individuais devem despolarizar
também chamado de feixe de His (“hiss”), no septo
e contrair de modo coordenado para o coração gerar
ventricular. (SILVERTHON, 7ª ed.)
força suficiente para o sangue circular. (SILVERTHON, 7ª
ed.) ↠ Percorrido um curto caminho no septo, o feixe se
divide em ramos esquerdo e direito. Esses ramos
↠ A comunicação elétrica no coração começa com um
continuam se deslocando para o ápice do coração, onde
potencial de ação em uma célula autoexcitável. A
se dividem em pequenas fibras de Purkinje, que se
despolarização se propaga rapidamente para as células
espalham lateralmente entre as células contráteis.
vizinhas através das junções comunicantes nos discos
(SILVERTHON, 7ª ed.)
intercalares. (SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ As fibras do nodo sinusal se conectam diretamente às
fibras musculares atriais, de modo que qualquer potencial
de ação que se inicie no nodo sinusal se difunde de
imediato para a parede do músculo atrial. (GUYTON, 13ª
ed.)

↠ A onda de despolarização é seguida por uma onda de


contração, que passa pelo átrio e depois vai para os
ventrículos. (SILVERTHON, 7ª ed.)

↠ A despolarização inicia no nó sinoatrial (nó SA), as


células autoexcitáveis no átrio direito que servem como 1- O sinal elétrico para a contração começa quando o nó SA
o principal marca-passo do coração. A onda de dispara um potencial de ação e a despolarização se
despolarização, então, propaga-se rapidamente por um propaga para as células vizinhas através das junções
comunicantes;
sistema especializado de condução, constituído de fibras
autoexcitáveis não contráteis. (SILVERTHON, 7ª ed.)

@jumorbeck
2- A condução elétrica é rápida através das vias de condução entre a força e o volume ventricular é uma propriedade
intermodais; importante da função cardíaca. (SILVERTHON, 7ª ed.)
3- Porém mais lenta através das células contráteis do átrio;

Quando os potenciais de ação se espalham pelos átrios, eles ↠ A atividade elétrica (potencial de ação) leva a uma
encontram o esqueleto fibroso do coração na junção entre os átrios resposta mecânica (contração) depois de um pequeno
e os ventrículos. Esta barreira impede que os sinais elétricos sejam atraso. (TORTORA, 14ª ed.)
transferidos dos átrios para os ventrículos. Consequentemente, o nó
AV é o único caminho através do qual os potenciais de ação podem OS POTENCIAIS DE AÇÃO NO MIOCÁRDIO VARIAM
alcançar as fibras contráteis dos ventrículos. (SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ O músculo cardíaco é um tecido excitável com a
4- O sinal elétrico passa do nó AV para o fascículo AV e seus
ramos até o ápice do coração; capacidade de gerar potenciais de ação. (SILVERTHON,
5- Os ramos subendocárdicos (fibras de Purkinje) transmitem 7ª ed.)
os impulsos muito rapidamente, com velocidades de até
4ms, de modo que todas as células contráteis do ápice se ↠ Cada um dos dois tipos de células musculares cardíacas
contraem quase ao mesmo tempo; tem um potencial de ação distinto, que varia um pouco
No coração, o nó SA é o marca-passo mais rápido e normalmente
no formato, dependendo do local do coração onde ele é
determina a frequência cardíaca. Contudo, se ele estiver danificado e medido. (SILVERTHON, 7ª ed.)
não funcionar, um dos marca-passos mais lentos do coração deverá
assumir o ritmo. A frequência cardíaca então se ajustará ao ritmo do ↠ Tanto no miocárdio autoexcitável quanto no contrátil,
novo marca-passo. Ainda existe a possibilidade de que diferentes o Ca+2 desempenha um papel importante no potencial de
partes do coração sigam marca-passos diferentes. (SILVERTHON, 7ª ação. (SILVERTHON, 7ª ed.)
ed.)
POTENCIAIS DE AÇÃO CARDÍACOS
Potencial de ação e contração das células miocárdicas
➢ O potencial de repouso da membrana é determinado pela
contráteis condutância do K+ e aproxima-se do potencial de equilíbrio
do K+.
↠ O potencial de ação iniciado pelo nó SA propaga-se ➢ A corrente de influxo traz cargas elétricas positivas para o
pelo sistema de condução e se espalha para excitar as interior da célula e despolariza o potencial de membrana.
fibras musculares atriais e ventriculares “atuantes”, ➢ A corrente de efluxo leva cargas elétricas positivas para
fora da célula e hiperpolariza o potencial de membrana.
chamadas de fibras contráteis. (TORTORA, 14ª ed.)
➢ O papel da Na+/K+ - adenosina trifosfatase(ATPase) é
manter gradientes iônicos através das membranas celulares.
A CONTRAÇÃO DO MÚSCULO CARDÍACO PODE SER GRADUADA (CONSTANZO, 6ª ed.)
↠ Uma propriedade-chave das células musculares
CÉLULAS MIOCÁRDICAS AUTOEXCITÁVEIS
cardíacas é a habilidade de uma única fibra muscular
executar contrações graduadas nas quais a fibra varia a ↠ Potencial de membrana instável, o qual inicia em - 60
quantidade de força que gera. (SILVERTHON, 7ª ed.) mV e lentamente ascende em direção ao limiar.
(SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ A força gerada pelo músculo cardíaco é proporcional
ao número de ligações cruzadas que estão ativas. O ↠ Este potencial de membrana instável é chamado de
número de ligações cruzadas é determinado pela potencial marca-passo, em vez de potencial de
quantidade de Ca+2 ligado à troponina. (SILVERTHON, 7ª membrana em repouso, uma vez que ele nunca
ed.) permanece em um valor constante. Sempre que o
potencial marca--passo depolariza até o limiar, as células
↠ Se a concentração citosólica de Ca+2 está baixa,
autoexcitáveis disparam um potencial de ação.
algumas ligações cruzadas não são ativadas e a força de
(SILVERTHON, 7ª ed.)
contração é menor. Se Ca+2 extracelular for adicionado à
célula, mais Ca+2 será liberado do retículo sarcoplasmático. ↠ As células autoexcitáveis contêm canais que são
Esse Ca+2 adicional gera mais força. (SILVERTHON, 7ª ed.) diferentes dos canais de outros tecidos excitáveis. Quando
o potencial de membrana da célula é -60 mV, os canais
↠ Outro fator que afeta a força de contração no
If, que são permeáveis tanto ao K+ quanto ao Na+2, estão
músculo cardíaco é o comprimento do sarcômero no
abertos. (SILVERTHON, 7ª ed.)
início da contração. Em um coração sadio, o estiramento
de fibras individuais depende da quantidade de sangue
existente no interior das câmaras cardíacas. A relação

@jumorbeck
↠ Os canais If são assim denominados porque eles
permitem o fluxo da corrente (I) e devido às suas
propriedades não usuais. (SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ Os pesquisadores que primeiro descreveram a
corrente iônica através desses canais não entenderam,
naquele momento, o seu comportamento e a
denominaram corrente funny (engraçada), e, portanto,
utilizaram o subscrito f. Os canais If pertencem à família
RESUMO
dos canais HCN, ou canais dependentes de nucleotídeos
cíclicos ativados por hiperpolarização. (SILVERTHON, 7ª NÓ SINOATRIAL (SA)
ed.) ➢ É normalmente o marca-passo do coração;
➢ Apresenta potencial de repouso instável;
↠ Quando os canais If se abrem em potenciais de ➢ Exibe despolarização na fase 4, ou automatismo;
membrana negativos, o influxo de Na+ excede o efluxo ➢ O nó AV e o sistema His-Purkinje são marca-passos
de K+. O influxo resultante de carga positiva despolariza latentes, que podem exibir automatismo e sobrepujar o nó
lentamente a célula autoexcitável. À medida que o AS, se este for suprimido;
➢ A frequência intrínseca de despolarização da fase 4 é
potencial de membrana se torna mais positivo, os canais
maior no nó AS e menor no sistema His-Purkinje: Nó SA>
de If fecham-se gradualmente, e alguns canais de Ca+2 se nó AV > His-Purkinje;
abrem. O resultante influxo de Ca+2 continua a
despolarização, e o potencial de membrana move-se FASE 0: é a fase ascendente do potencial de ação.

continuamente em direção ao limiar. (SILVERTHON, 7ª ➢


É causada por um aumento da condutância do Ca+2 . Esse
ed.) aumento resulta em uma corrente de influxo de Ca+2 que
impulsiona o potencial de membrana em direção ao
↠ Quando o potencial de membrana atinge o limiar, potencial de equilíbrio do Ca+2.
canais adicionais de Ca+2 dependentes de voltagem se ➢ A base iônica da fase 0 no nó SA é diferente daquela
encontrada nos ventrículos, átrios e fibras de Purkinje
abrem. O cálcio entra rapidamente na célula, gerando a
(onde resulta uma corrente de influxo de Na+.
fase de despolarização rápida do potencial de ação.
(SILVERTHON, 7ª ed.) FASE 3: é a repolarização.

Observe que esse processo é diferente daqueles em outras células ➢ É causada por um aumento de condutância do K+. Esse
excitáveis, no qual a fase de despolarização é devida à abertura de aumento resulta em uma corrente de efluxo de K+ que
canais de Na+ dependentes de voltagem. (SILVERTHON, 7ª ed.) causa repolarização do potencial de membrana

FASE 4: é a despolarização lenta.


↠ Quando os canais de Ca+2 se fecham no pico do
potencial de ação, os canais lentos de K+ estão abrindo. ➢ É responsável pela atividade de marca-passo do nó SA;
A fase de repolarização do potencial de ação ➢ É causada por um aumento na condutância do Na+, que
resulta em uma corrente de influxo de NA+ denominada If;
autoexcitável é devida resultante efluxo de K+.
➢ A If é ativada pela repolarização do potencial de membrana
(SILVERTHON, 7ª ed.) durante o potencial de ação precedente.

↠ A velocidade na qual as células marca-passo FASES 1 e 0: não estão presentes no potencial de ação do nó SA.
despolarizam determina a frequência com que o coração
contrai (a frequência cardíaca). O intervalo entre os
potenciais de ação pode ser modificado pela alteração da
permeabilidade das células autoexcitáveis para diferentes
íons, o que, por sua vez, modifica a duração do potencial
marca-passo. (SILVERTHON, 7ª ed.)

Potencial de ação do nó sinoatrial


(CONSTANZO, 6ªed.)

@jumorbeck
CÉLULAS MIOCÁRDICAS CONTRÁTEIS A entrada do cálcio é uma característica do acoplamento excitação-
contração cardíaco
↠ Os potenciais de ação das células cardíacas contráteis No músculo cardíaco, um potencial de ação inicia o acoplamento EC,
são similares, de diversas maneiras, aos dos neurônios e contudo, o potencial de ação origina-se espontaneamente nas células
dos músculos esqueléticos. A fase de despolarização marca-passo do coração e se propaga para as células contráteis
rápida do potencial de ação é resultado da entrada de através das junções comunicantes. (SILVERTHON, 7ª ed.)
Na+, e a fase de repolarização rápida é devida à saída de
K+ da célula. (SILVERTHON, 7ª ed.)

1- Um potencial de ação que entra em uma célula contrátil se


move pelo sarcolema e entra nos túbulos T;
Fase 0: despolarização. Quando a onda de despolarização
2- Onde abre os canais de Ca+2 dependentes de voltagem
entra na célula contrátil através das junções tipo L na membrana das células;
comunicantes, o potencial de membrana torna-se mais 3- O Ca+2 entra nas células através desses canais, movendo-
positivo. Os canais de Na+ dependentes de voltagem se a favor do seu gradiente eletroquímico. A entrada de
(canais rápidos de sódio) se abrem, permitindo que a cálcio abre os canais liberadores de cálcio do tipo
rianodínico (RyR) no retículo sarcoplasmático;
entrada de Na+ despolarize rapidamente a célula. O 4- Esse processo do acoplamento EC no músculo cardíaco é
potencial de membrana atinge cerca de 20 mV antes de também chamado de liberação de Ca+2 induzida pelo Ca+2
os canais de Na+ se fecharem. Estes são canais de Na+ (LCIC). Quando os canais RyR se abrem, o cálcio estocado
com duas comportas. flui para fora do retículo sarcoplasmático e entra no citosol;
5- Cria-se uma fagulha que pode ser vista utilizando-se
Fase 1: repolarização inicial. Quando os canais rápidos de métodos bioquímicos especiais. A abertura múltipla de
diferentes canais RyR se somam para criar o sinal de Ca+2;
Na+ se fecham, a célula começa a repolarizar à medida
6- A liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático fornece,
que o K+ deixa a célula pelos canais de K+ abertos. aproximadamente, 90% do Ca+2 necessário à contração
muscular, sendo que os 10% restantes entram na célula a
Fase 2: o platô. A repolarização inicial é muito breve. O partir do líquido extracelular. O cálcio difunde-se pelo citosol
potencial de ação, então, se achata e forma um platô para os elementos contráteis, onde se liga à troponina e
como resultado de dois eventos: uma diminuição na inicia o ciclo de formação de pontes cruzadas e o
permeabilidade ao K+ e um aumento na permeabilidade movimento;
7- Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de
ao Ca+2.. Os canais de Ca+2 dependentes de voltagem
Ca+2, o Ca+2 desliga-se da troponina, liberando a actina da
ativados pela despolarização foram abertos lentamente miosina, e os filamentos contráteis deslizam de volta para
durante as fases 0 e 1. Quando eles finalmente abrem, o sua posição relaxada;
Ca+2 entra na célula. Ao mesmo tempo, alguns canais 8- O Cálcio é transportado de volta para o retículo
“rápidos” de K+ se fecham. A combinação do influxo de sarcoplasmático com a ajuda da Ca+2 -ATPase;
9- No músculo cardíaco, o Cálcio também é removido de
Ca+2 com a diminuição do efluxo de K+ faz o potencial dentro da célula pelo trocador Na+ - Ca+2 (NCX);
de ação se achatar e formar um platô. 10- Um Ca+2 é movido para fora da célula contra o seu
gradiente eletroquímico em troca de 3 Na+ para dentro da
Quando os canais de Ca+2 acionados por voltagem do sarcolema se
célula a favor do seu gradiente eletroquímico. O sódio que
abrem, os íons cálcio se movem do líquido intersticial para o citosol.
entra na célula durante essa troca é removido pela Na+-K+-
Este influxo de Ca faz com que ainda mais Ca saia do RS para o citosol
ATPase.
por canais adicionais de Ca da membrana do reticulo sarcoplasmático.
(TORTORA 14ª ed.)

@jumorbeck
Fase 3: repolarização rápida. O platô termina quando os RESUMO
canais de Ca+2 se fecham e a permeabilidade ao K+ VENTRÍCULOS, ÁTRIOS E O SISTEMA DE PURKINJE
aumenta mais uma vez. Os canais lentos de K+,
responsáveis por essa fase são ativados pela ➢ Apresentam potenciais de repouso da membrana estáveis,
de cerca de -90mV. Esse valor se aproxima do potencial
despolarização, mas são abertos lentamente. Quando os de equilíbrio do K+;
canais lentos de K+ se abrem, o K+ sai rapidamente e a ➢ Os potenciais de ação são de longa duração,
célula retorna para seu potencial de repouso (fase 4). particularmente nas fibras de Purkinje, onde duram 300 ms.

Fase 4: potencial de membrana em repouso. As células FASE 0: é a fase ascendente do potencial de ação.
miocárdicas contráteis têm um potencial de repouso ➢ É causada por um aumento transitório da condutância do
estável de aproximadamente -90 mV. Na+. Esse aumento resulta em uma corrente de influxo de
Na+ que despolariza a membrana.
O influxo de Ca+2 durante a fase 2 prolonga a duração total do ➢ No pico do potencial de ação, o potencial de membrana
potencial de ação do miocárdio. Em uma célula miocárdica contrátil, o aproxima-se do potencial de equilíbrio do Na+.
potencial de ação dura geralmente 200 ms ou mais. (SILVERTHON, 7ª
ed.) FASE 1: breve período de repolarização inicial.

O potencial de ação miocárdico mais longo ajuda a impedir a contração ➢ A repolarização inicial é causada por uma corrente de
sustentada, chamada de tetania. A prevenção do tétano no coração é efluxo, em parte pelo movimento dos íons K+ para fora da
importante porque o músculo cardíaco deve relaxar entre as célula e, em parte, pela diminuição na condutância do Na+.
contrações, de modo que os ventrículos possam encher-se com
sangue. (SILVERTHON, 7ª ed.) FASE 2: platô do potencial de ação.

O período refratário é o período após um potencial de ação durante É causada por uma elevação transitória da condutância do
o qual um estímulo normal não pode desencadear um segundo Ca+2, que resulta em uma corrente de influxo de Ca+2, e
potencial de ação. (SILVERTHON, 7ª ed.) por um aumento da condutância do K+.
➢ Durante a fase 2, as correntes de efluxo e influxo são
No músculo cardíaco, o longo potencial de ação (curva vermelha) faz aproximadamente iguais, de modo que o potencial de
o período refratário (fundo amarelo) e a contração (curva azul) membrana se encontra estável no platô.
terminarem simultaneamente. Quando um segundo potencial de ação
pode ocorrer, a célula miocárdica está quase completamente relaxada. FASE 3: é a repolarização.
Consequentemente, não ocorre somação. (SILVERTHON, 7ª ed.) ➢ A condutância do Ca+2 diminui, enquanto a condutância do
K+ aumenta e, portanto, predomina;

A elevada condutância do K+ resulta em uma grande
corrente de efluxo de K+, que hiperpolariza a membrana
de volta ao potencial de equilíbrio do K+.

FASE 4: é o potencial de repouso da membrana.

➢ É um período durante o qual as correntes de influxo e de


efluxo são iguais e o potencial de membrana aproxima-se
do potencial de equilíbrio do K+.

Potencial de ação ventricular


(CONSTANZO, 6ªed.)

@jumorbeck
de ação produzido por todas as fibras musculares do
coração durante cada batimento cardíaco. O instrumento
utilizado para registrar as alterações é um
eletrocardiógrafo. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O pai do ECG moderno foi o fisiologista holandês
Walter Einthoven. Ele nomeou as partes do ECG como
as conhecemos hoje e criou o “triângulo de Einthoven”,
um triângulo hipotético criado ao redor do coração
quando os eletrodos são colocados nos braços e na perna
esquerda. Os lados do triângulo são numerados para
COMPARAÇÃO DOS POTENCIAIS DE AÇÃO corresponder às três derivações, ou pares de eletrodos,
usados para obter o registro. (SILVERTHON, 7ª ed.)
MIOCÁRDIO MIOCÁRDIO
CONTRÁTIL AUTOEXCITÁVEL
POTENCIAL DE Estável a -90mV Potencial marca-
MEMBRANA passo instável,
normalmente,
começa em -60mV
EVENTOS QUE LEVAM A despolarização Entrada resultante de
AO LIMIAR DO entra via junções Na+ através dos
POTENCIAL comunicantes. canais If, reforçada
pela entrada de Ca+2.
FASE DE ASCENSÃO Entrada de Na+. Entrada de Ca+2.
DO POTENCIAL DE
AÇÃO
FASE DE Prolongamento Rápida; causada pelo
REPOLARIZAÇÃO do platô, causado efluxo de K+.
pela entrada de
Ca+2; fase
rápida, causada
pelo efluxo de ↠ Na prática clínica, posicionam-se eletrodos nos braços
K+. e pernas (derivações dos membros) e em seis posições
DURAÇÃO DO Prolongada: Variável; geralmente
do tórax (derivações torácicas) para registrar o ECG.
POTENCIAL DE AÇÃO +200ms +150ms
(TORTORA, 14ª ed.)
PERÍODO REFRATÁRIO Longo, uma vez Não é significante na
a restauração função normal.
dos portões dos
canais de Na+
persiste até o
fim do potencial
de ação

Eletrocardiograma

↠ Quando o impulso cardíaco passa através do coração,


uma corrente elétrica também se propaga do coração
para os tecidos adjacentes que o circundam. Pequena
parte da corrente se propaga até a superfície do corpo.
(GUYTON, 13ª ed.)
É possível utilizar eletrodos na superfície para registrar a atividade
elétrica interna porque as soluções salinas, como o nosso líquido
extracelular à base de NaCl, são bons condutores de eletricidade.
(SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ O eletrocardiógrafo amplifica os sinais elétricos do
↠ O eletrocardiograma (ECG) é um registro desses sinais coração e produz 12 traçados diferentes a partir das
elétricos. O ECG é composto pelo registro do potencial distintas combinações de derivações de membros e tórax.

@jumorbeck
Cada eletrodo no membro e tórax registra uma atividade ↠ Existem dois componentes principais em um ECG: as
elétrica discretamente diferente, por causa da diferença ondas e os segmentos. As ondas fazem parte do traçado
em sua posição em relação ao coração. (TORTORA, 14ª que sobe e desce a partir da linha de base. Os segmentos
ed.) são partes da linha de base entre duas ondas. Os
intervalos são combinações de ondas e segmentos.
↠ Em um registro típico, três ondas claramente
reconhecíveis aparecem a cada batimento cardíaco.
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ A primeira, chamada onda P, é um pequeno desvio
para cima no ECG. A onda P representa a despolarização
atrial, que se propaga do nó SA ao longo das fibras
Um ECG registra uma derivação de cada vez. Um eletrodo atua como
contráteis em ambos os átrios. (TORTORA, 14ª ed.)
eletrodo positivo da derivação, e um segundo eletrodo atua como o
↠ A segunda onda, denominada complexo QRS, começa
eletrodo negativo da derivação. (O terceiro eletrodo é inativo.) Por
exemplo, na derivação I, o eletrodo do braço esquerdo é definido com uma deflexão para baixo, continua como uma
como positivo, e o eletrodo do braço direito é definido como negativo. grande onda vertical triangular, e termina como uma onda
Quando uma onda elétrica se move através do coração diretamente descendente. O complexo QRS representa a
para o eletrodo positivo, a onda do ECG ascende da linha de base. Se despolarização ventricular rápida, conforme o potencial
o movimento resultante de cargas pelo coração dirigir-se para o
eletrodo negativo, o traçado move-se para baixo. (SILVERTHON, 7º
de ação se propaga ao longo das fibras contráteis
ed.) ventriculares. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A terceira onda é um desvio para cima em forma de
cúpula chamada de onda T. Indica a repolarização
ventricular e ocorre apenas quando os ventrículos
começam a relaxar. A onda T é menor e mais larga do
que o complexo QRS, porque a repolarização ocorre mais
lentamente do que a despolarização. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Durante o período de platô da despolarização
Um ponto importante a ser lembrado é que o ECG é uma “visão” constante, o traçado do ECG é reto. (TORTORA, 14ª ed.)
elétrica de um objeto tridimensional. As derivações de um ECG
fornecem “visões” elétricas diferentes e dão informações sobre CORRELAÇÃO DAS ONDAS DO ECG COM SÍSTOLES ATRIAIS E
diferentes regiões do coração. (SILVERTHON, 7º ed.)
VENTRICULARES
ONDAS DO ECG

@jumorbeck
↠ Os átrios e ventrículos se despolarizam e então se
contraem em momentos diferentes porque o sistema de
condução conduz os potenciais de ação cardíacos ao
longo de uma via específica. O termo sístole refere-se à
fase de contração; a fase de relaxamento é a diástole. As
ondas do ECG predizem o momento da sístole e diástole
atrial e ventricular. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Em uma frequência de 75 bpm, a sincronização é a
seguinte: (TORTORA, 14ª ed.)
1- Um potencial de ação cardíaco surge no nó SA. Ele se INTERPRETAÇÃO DO ECG
propaga ao longo do músculo atrial e para baixo em direção
ao nó AV em cerca de 0,03 s. Enquanto as fibras contráteis ↠ Um ECG fornece informações da frequência cardíaca
atriais se despolarizam, a onda P aparece no ECG.
e do ritmo, da velocidade de condução e até mesmo da
2- Depois do início da onda P, os átrios se contraem (sístole
atrial). A condução do potencial de ação se desacelera no condição dos tecidos do coração. Assim, embora seja
nó AV, porque as fibras têm diâmetros muito menores e simples obter um ECG, sua interpretação pode ser muito
menos junções comunicantes. O 0,1 s de atraso resultante complicada. A interpretação de um ECG inicia com as
possibilita tempo para os átrios se contraírem, aumentando seguintes questões: (SILVERTHON, 7ª ed.)
assim o volume de sangue nos ventrículos antes de a
sístole ventricular começar. 1- Qual é a frequência cardíaca? A frequência
3- O potencial de ação se propaga rapidamente de novo
cardíaca é normalmente cronometrada do início
depois de entrar no fascículo AV. Cerca de 0,2 s após o
início da onda P, ele se propagou ao longo dos ramos, de uma onda P até o início da próxima onda P,
ramos subendocárdios e todo o miocárdio ventricular. A ou do pico de uma onda R;
despolarização progride para baixo pelo septo, para cima a
partir do ápice, e para fora da superfície do endocárdio, A frequência dos batimentos cardíacos pode ser determinada com
produzindo o complexo QRS. Ao mesmo tempo, ocorre a facilidade no ECG, visto que a frequência cardíaca corresponde ao
repolarização atrial, mas esta normalmente não é evidente inverso do intervalo de tempo entre dois batimentos cardíacos
em um ECG, porque os complexos QRS maiores a sucessivos. Se, de acordo com as linhas de calibração do tempo, o
mascaram. intervalo entre dois batimentos for de 1 segundo, a frequência cardíaca
4- A contração das fibras contráteis ventriculares (sístole será de 60 batimentos por minuto. O intervalo de tempo normal entre
ventricular) começa pouco depois do complexo QRS dois complexos QRS sucessivos de adulto é de cerca de 0,83 segundo,
aparecer e continua durante o segmento ST. Conforme a o que corresponde a uma frequência cardíaca de 60/0,83 vezes por
contração prossegue do ápice à base do coração, o minuto, ou 72 batimentos/min. (GUYTON, 13ªed.)
sangue é espremido para cima em direção às válvulas
semilunares.
2- O ritmo dos batimentos cardíacos é regular (i.e.,
5- A repolarização das fibras contráteis ventriculares começa ocorre em intervalos regulares) ou irregular? Um
no ápice e se espalha por todo o miocárdio ventricular. Isso ritmo irregular, ou arritmia, pode ser resultado
produz a onda T do ECG em cerca de 0,4 s depois do de um batimento extra benigno ou de condições
início da onda P.
mais sérias, como a fibrilação atrial, na qual o nó
6- Logo após a onda T começar, os ventrículos começam a
relaxar (diástole ventricular). Em 0,6s, a repolarização SA perde o controle de marca-passo;
ventricular está completa e as fibras contráteis 3- Todas as ondas normais estão presentes em
ventriculares estão relaxadas. uma forma reconhecível? Após determinar a
Durante o próximo 0,2 s, as fibras contráteis dos átrios e ventrículos frequência cardíaca e o ritmo, o próximo passo
estão relaxadas. Em 0,8 s, a onda P aparece novamente no ECG, os ao analisar um ECG é olhar as ondas individuais.
átrios começam a se contrair, e o ciclo se repete. (TORTORA, 14ª ed.) Para ajudar na sua análise, você pode precisar
escrever as letras sobre as ondas P, R e T.
4- Existe um complexo QRS para cada onda P? Se
sim, o comprimento do segmento P-R é
constante? Em caso negativo, pode haver um
problema de condução dos sinais no nó AV;
↠ A análise de um ECG também envolve medir os
intervalos de tempo entre ondas, que são chamados
intervalos ou segmentos. Por exemplo, o intervalo PQ é

@jumorbeck
o tempo desde o início da onda P até o início do
complexo QRS. Representa o tempo de condução do
início da excitação atrial até o início da excitação
ventricular. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ O segmento ST, que começa no fim da onda S e
termina no início da onda T, representa o momento em
que as fibras contráteis ventriculares são despolarizadas
durante a fase de platô do potencial de ação. (TORTORA,
14ª ed.)
↠ O intervalo QT se estende do início do complexo QRS
até ao final da onda T. É o tempo a partir do início da
despolarização ventricular até o fim da repolarização
ventricular. (TORTORA, 14ª ed.)

Referências:

TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível


em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.


Editora Elsevier Ltda., 2017
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
BERNE & LEVY. Fisiologia, 6ª ed. Elsevier Editora, SP, 2009.
CONSTANZO, LINDA S. Fisiologia, 6ª ed. Editora
Guanabara Koogan LTDA., 2015.

@jumorbeck
A aorta e seus ramos

↠ As artérias sistêmicas transportam sangue oxigenado


do coração para os capilares dos órgãos por todo o
corpo. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A aorta, a maior artéria do corpo, sai do coração, faz
um arco superiormente e depois desce ao longo da face
anterior dos corpos das vértebras até a parte inferior do
abdome. Ao longo de seu curso, a aorta se divide nas
seguintes partes: parte ascendente da aorta, arco da aorta
e parte descendente da aorta. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Parte descendente da aorta: continuando do arco da
aorta, a parte descendente da aorta segue na face
Artéria femoral
posterior do coração e inferiormente, anterior aos corpos
das vértebras torácicas e lombares. Ela possui duas partes: ↠ A artéria femoral desce verticalmente pela região
a torácica e a abdominal. medial da coxa até o fêmur e ao longo da superfície
↠ A parte torácica da aorta passa pelo diafragma no nível anterior dos músculos adutores. Superiormente, a artéria
da vértebra T XII e entra na cavidade abdominal como desce pelo trígono femoral, uma região na parte proximal
parte abdominal da aorta, anterior aos corpos vertebrais da coxa delimitada pelo músculo sartório lateralmente e
lombares na linha média. Ela termina no nível da vértebra pelo músculo adutor longo medialmente. Inferiormente, a
L IV, onde se subdivide nas artérias ilíacas comuns direita artéria femoral passa por uma fenda no músculo adutor
e esquerda, que suprem a pelve e os membros inferiores. magno (o hiato do adutor) e emerge na face posterior e
(MARIEB, 7ª ed.) distal do fêmur como artéria poplítea. (MARIEB, 7ª ed.)
Embora a parte superior da artéria femoral esteja confinada em uma
Artérias dos membros inferiores formação tubular de fáscia densa, ela é relativamente superficial e não
conta com a proteção de qualquer musculatura sobrejacente. Essa
↠ No nível da articulação sacroilíaca na cavidade pélvica, falta de proteção torna a parte proximal da artéria femoral em um
cada artéria ilíaca comum bifurca em dois ramos: a artéria local conveniente para tomar a pulsação ou aplicar pressão a fim de
ilíaca interna, que supre principalmente os órgãos da parar o sangramento de uma hemorragia distal no membro, mas
pelve, e a artéria ilíaca externa, que supre o membro também a torna suscetível à lesão. (MARIEB, 7ª ed.)

inferior. (MARIEB, 7ª ed.) No cateterismo cardíaco, insere-se um cateter através de um vaso


sanguíneo, que é avançado até os grandes vasos para acessar uma
Artéria ilíaca externa câmara do coração. O cateter muitas vezes contém um instrumento
de medição ou outro dispositivo em sua ponta. Para alcançar o lado
↠ As artérias ilíacas externas direita e esquerda esquerdo do coração, o cateter é inserido na artéria femoral e passado
transportam sangue para os membros inferiores. para a aorta até as artérias coronárias ou câmara cardíaca. (TORTORA)
(MARIEB, 7ª ed.)
↠ Originando-se nas artérias ilíacas comuns da pelve,
cada artéria ilíaca externa desce ao longo da linha
arqueada do ilío, emite alguns ramos pequenos para a
parede anterior do abdome e entra na coxa passando
abaixo do ponto médio do ligamento inguinal. A partir
desse local, a artéria ilíaca externa passa a se chamar
artéria femoral. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Na sequência, a ilíaca externa se torna a artéria femoral
na coxa, a artéria poplítea posterior ao joelho e as artérias
tibiais anterior e posterior nas pernas. (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
Artéria poplítea

↠ A artéria poplítea, a continuação inferior da artéria


femoral, situa -se na fossa poplítea (a região posterior ao
joelho), uma região profunda que oferece proteção
contra lesões. Você pode sentir um pulso poplíteo se
flexionar a sua perna no joelho e empurrar seus dedos
vigorosamente na fossa poplítea. (MARIEB, 7ª ed.)

Se um clínico não conseguir sentir o pulso poplíteo, a artéria femoral


pode estar estenosada pela aterosclerose. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ A artéria poplítea emite várias artérias do joelho


(geniculares) que circundam a articulação do joelho como
↠ Várias artérias surgem da artéria femoral na região da arcos horizontais. (MARIEB, 7ª ed.)
coxa. O maior ramo, que emerge superiormente e se
chama femoral profunda (ou artéria profunda da coxa), é ↠ Logo abaixo da cabeça da fíbula, a artéria poplítea se
a principal fornecedora de sangue para os músculos da divide nas artérias tibiais anterior e posterior. (MARIEB, 7ª
coxa: adutores, posteriores da coxa e quadríceps. ed.)
(MARIEB, 7ª ed.)
Artéria tibial anterior
↠ Os ramos proximais da artéria femoral profunda são
↠ A artéria tibial anterior segue através do
as artérias circunflexas femorais medial e lateral, que
compartimento muscular anterior da perna, descendo ao
circundam o colo e a diáfise superior do fêmur. (MARIEB,
longo da membrana interóssea lateral à tíbia e emitindo
7ª ed.)
ramos para os músculos extensores ao longo do seu
A artéria circunflexa medial é o principal vaso para a cabeça do fêmur. trajeto. (MARIEB, 7ª ed.)
Se uma fratura do quadril romper essa artéria, o tecido ósseo da
cabeça do fêmur degenera. (MARIEB, 7ª ed.) ↠ No tornozelo, ela se transforma na artéria dorsal do pé
que, na base dos ossos metatarsais, dá origem à artéria
↠ Um longo ramo descendente da artéria circunflexa
arqueada e emite ramos menores distais ao longo dos
femoral lateral segue ao longo da face anterior do
metatarsos. A parte terminal da dorsal do pé penetra na
músculo vasto lateral, suprido por ela. (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
planta do pé, onde forma a extremidade medial do arco comuns. Descem ao na mulher, e
longo da margem membro inferior.
plantar. (MARIEB, 7ª ed.)
medial do músculo
A artéria dorsal do pé é superficial e a sua pulsação pode ser palpada psoas maior
seguindo a margem
no espaço proximal entre o primeiro e o segundo metatarsal (ponto
pélvica, passam
de pulsação do pé). A ausência dessa pulsação pode indicar que o
posteriormente à
suprimento sanguíneo para a perna é inadequado. A verificação de parte média dos
rotina do pulso do pé é indicada para os pacientes reconhecidamente ligamentos inguinais
com prejuízo circulatório nas pernas e para os pacientes que estão e tornam-se
se recuperando de cirurgia na perna ou na coxa. (MARIEB, 7ª ed.) artérias femorais
quando passam sob
o ligamento inguinal
e entram na coxa.
Artéria tibial posterior ARTÉRIAS FEMORAIS Continuações das Músculos da coxa
artérias ilíacas (quadríceps
externas no ponto femoral,
↠ A artéria tibial posterior, desce pela parte em que elas entram adutores e
posteromedial da perna diretamente abaixo do músculo na coxa. No trígono isquiotibiais), fêmur
sóleo. Na parte proximal, ela emite um grande ramo, a femoral da parte e
superior das coxas ligamentos e
artéria fibular, que desce ao longo da face medial da fíbula.
são superficiais, tendões em torno
(MARIEB, 7ª ed.) juntamente com a da
veia e o nervo articulação do
↠ Juntas, as artérias tibial posterior e fibular suprem os femorais. Passam joelho.
músculos flexores na perna, e as artérias fibulares, os sob o músculo
sartório à medida
músculos fibulares. (MARIEB, 7ª ed.) que descem ao
longo das faces
↠ Inferiormente, a artéria tibial posterior passa anteromediais da
posteriormente ao maléolo medial da fíbula, onde sua coxa e seguem em
pulsação pode ser palpada. No lado medial do pé, ela se direção à
extremidade distal
divide nas artérias plantares medial e lateral, que suprem da coxa, onde
a planta do pé. A artéria plantar contribui para a formação atravessam uma
do arco plantar, de onde se originam as artérias abertura no tendão
do músculo adutor
metatarsais e digital para os dedos dos pés. (MARIEB, 7ª magno para
ed.) terminar na face
posterior do joelho,
RAMO DESCRIÇÃO E RAMOS REGIÕES IRRIGADAS onde se tornam as
ARTÉRIAS ILÍACAS Emergem da parte Músculos da parede artérias poplíteas.
COMUNS abdominal da aorta, pélvica, órgãos ARTÉRIAS POPLÍTEAS Continuação das Músculos da coxa
aproximadamente pélvicos, órgãos artérias femorais na distal, pele da região
no nível da vértebra genitais externos e fossa poplítea. do
L IV. Cada artéria membros inferiores. Descem até a joelho, músculos da
ilíaca comum dá margem inferior parte proximal da
origem a dois dos perna, articulação
ramos: as artérias músculos poplíteos, do joelho, fêmur,
ilíaca interna e ilíaca onde se dividem patela,
externa. em artérias tibial tíbia e fíbula.
ARTÉRIAS ILÍACAS Principais artérias da Músculos da parede anterior e tibial
INTERNAS pelve. Começam na pélvica, órgãos posterior.
bifurcação das pélvicos, nádegas, ARTÉRIAS TIBIAIS Descendem da Tíbia, fíbula,
artérias ilíacas órgãos genitais ANTERIORES bifurcação das músculos anteriores
comuns externos e artérias poplíteas na da perna,
anteriormente à músculos mediais da margem distal do músculos dorsais do
articulação coxa. músculo poplíteo. pé, ossos tarsais,
sacroilíaca. Se Menores do que as ossos
dividem em divisões artérias tibiais metatarsais e
anterior e posterior. posteriores; passam falanges.
ARTÉRIAS ILÍACAS Maiores do que as Parede inferior do sobre a membrana
EXTERNAS artérias internas. abdome, músculo interóssea da tíbia
Começam na cremaster no e fíbula para descer
bifurcação das homem e ligamento ao longo do
artérias ilíacas redondo do útero compartimento

@jumorbeck
muscular anterior compartimento
da perna; tornam- lateral da perna. As
se as menores artérias
artérias dorsais do plantares
pé no tornozelo. No mediais passam ao
dorso do pé, as longo da face
artérias dorsais do medial da planta do
pé emitem um pé e as maiores
ramo transverso no artérias plantares
primeiro osso laterais angulam-se
cuneiforme medial em direção à face
chamado artérias lateral da planta do
arqueadas, que pé e se unem ao
passam ramo das artérias
lateralmente sobre dorsais do pé para
as bases dos ossos formar o arco
metatarsais. Das plantar. O arco
artérias arqueadas começa na base do
rami Ecam-se as quinto osso
artérias metatarsais metatarsal e
dorsais, que passam se estende
ao longo dos ossos medialmente ao
metatarsais. As longo dos ossos
artérias metatarsais metatarsais.
dorsais terminam Conforme o arco
dividindo-se em cruza o pé, emite
artérias digitais as artérias
dorsais, que passam metatarsais
para os dedos dos plantares, que
pés. passam ao longo da
ARTÉRIAS TIBIAIS Continuações Compartimentos face plantar dos
POSTERIORES diretas das artérias musculares ossos
poplíteas, posterior e metatarsais. Estas
descendem da lateral da perna, artérias terminam
bifurcação das músculos plantares dividindo-se em
artérias poplíteas. do pé, artérias digitais
Descem pelo tíbia, fíbula, ossos do plantares, que
compartimento tarso, metatarsais e passam para os
muscular posterior das falanges. artelhos.
da perna
profundamente ao
M. sóleo. Veias
Passam
posteriormente ao Embora a maioria das veias acompanhe as artérias correspondentes,
maléolo medial na existem algumas diferenças importantes nas distribuições das artérias
extremidade distal e veias: (MARIEB, 7ª ed.)
da perna e curvam-
se para ➢ Enquanto apenas uma artéria sistêmica sai do coração - a
a frente em direção aorta que sai do ventrículo esquerdo - três grandes veias
à face plantar dos entram no átrio direito do coração: as veias cavas superior
pés; passam e inferior e o seio coronário.
profundamente ao
➢ Todas as artérias de tamanho médio são de localização
retináculo flexor do
lado medial do pé e profunda e são acompanhadas por veias profundas,
terminam frequentemente de nome similar. Além disso, as veias
ramificando-se em também são encontradas logo abaixo da pele,
artérias plantar desacompanhadas de qualquer artéria.. Essas veias
medial e plantar superficiais são clinicamente importantes porque
lateral. proporcionam locais para retirar sangue ou estabelecer
Dão origem às uma via intravenosa. Sua localização superficial também as
artérias fibulares no torna suscetíveis a cortes ou lesões.
terço superior da ➢ Frequentemente, duas ou mais veias paralelas drenam uma
perna, onde correm região do corpo em vez de uma única veia maior. Em
lateralmente à algumas regiões, várias veias anastomosam e formam um
medida que
plexo venoso.
descem pelo

@jumorbeck
Veias cavas e seus principais tributários

↠ As veias cavas superior e inferior, as duas maiores


veias do corpo, desembocam diretamente no átrio direito
do coração. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Veia cava superior: recebe o sangue sistêmico de
todas as regiões do corpo superiores ao diafragma,
excluindo as paredes do coração. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Veia cava inferior: que sobe ao longo da parede
posterior da cavidade abdominal e é o vaso sanguíneo
mais largo do corpo, devolve ao coração o sangue
proveniente de todas as regiões do corpo inferiores ao
diafragma. (MARIEB, 7ª ed.) ↠ A veia safena magna tem 10 a 12 válvulas, que são mais
Drenagem venosa do membro inferior numerosas na perna do que na coxa. Essas válvulas
geralmente estão localizadas logo abaixo das veias
↠ O membro inferior tem veias superficiais e profundas: perfurantes. As veias perfurantes também têm válvulas.
as veias superficiais estão situadas no tecido subcutâneo (MOORE, 7ª ed.)
e seguem independentemente das artérias As válvulas venosas são projeções de endotélio com seios valvulares
correspondentes e as veias profundas situam-se caliciformes cujo enchimento vem de cima. Quando os seios estão
profundamente à fáscia muscular e acompanham todas cheios, as válvulas ocluem a luz da veia, evitando, assim, o refluxo distal
as grandes artérias. As veias superficiais e profundas têm de sangue e tornando o fluxo unidirecional. O mecanismo valvular
também divide a coluna de sangue na veia safena em segmentos
válvulas, que são mais numerosas nas veias profundas. menores, reduzindo a pressão retrógrada. Os dois efeitos facilitam o
(MOORE, 7ª ed.) trabalho da bomba musculovenosa para superar a força da gravidade
e reconduzir o sangue ao coração. (MOORE, 7ª ed.)
↠ As veias que drenam os membros inferiores são
profundas ou superficiais. (MARIEB, 7ª ed.) As veias safenas são mais propensas a enfraquecer e se tornar
varicosas do que quaisquer outras veias no membro inferior, já que
Veias superficiais do membro inferior são mal sustentadas pelo tecido circundante. Além disso, quando as
válvulas começam a falhar nas veias de um membro inferior, as
↠ As duas principais veias superficiais no membro inferior contrações normais dos músculos da perna podem espremer o
sangue para fora das veias profundas e impulsioná-lo para as veias
são as veias safenas magna e parva.. A maioria das superficiais através das anastomoses entre esses dois grupos de veias.
tributárias não tem nome. (MOORE, 7ª ed.) Esse influxo de sangue intumesce e enfraquece as veias safenas ainda
mais. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A veia safena magna é formada pela união da veia
dorsal do hálux e o arco venoso dorsal do pé.. A veia ↠ Enquanto ascende na perna e na coxa, a veia safena
safena magna: (MOORE, 7ª ed.) magna recebe várias tributárias e comunica-se em vários
locais com a veia safena parva. (MOORE, 7ª ed.)
➢ Ascende anteriormente até o maléolo medial;
➢ Segue posteriormente ao côndilo medial do
fêmur (cerca de quatro dedos posteriormente à
margem medial da patela);
➢ Anastomosa-se livremente com a veia safena
parva;
➢ Atravessa o hiato safeno na fáscia lata;
➢ Desemboca na veia femoral.
Importância médica das veias safenas

A veia safena magna é o vaso utilizado com mais frequência em


pontes da artéria coronária (revascularização do miocárdio). Aqui, deve
-se observar que, quando suturar essa veia em uma artéria coronária,
o cirurgião precisa orientá-la de modo que o fluxo sanguíneo vá abrir,
ao invés de fechar, suas válvulas. (MARIEB, 7ª ed.)

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Várias veias perfurantes atravessam a fáscia muscular para desviar
sangue das veias superficiais para as veias profundas. (MOORE, 7ª ed.)

↠ As tributárias das faces medial e posterior da coxa ↠ Embora as veias safenas recebam muitas tributárias,
costumam se unir para formar uma veia safena acessória. seus diâmetros se mantêm razoavelmente constantes no
Quando presente, essa veia é a principal comunicação trajeto de ascensão no membro. Isso é possível porque
entre as veias safenas magna e parva. (MOORE, 7ª ed.) o sangue recebido pelas veias safenas é continuamente
desviado dessas veias superficiais na tela subcutânea para
↠ Além disso, vasos bem grandes, as veias cutâneas as veias profundas, situadas internamente à fáscia
lateral e anterior, originam-se de redes venosas na parte muscular, através de muitas veias perfurantes. (MOORE,
inferior da coxa e entram na veia safena magna 7ª ed.)
superiormente, logo antes de sua entrada na veia femoral.
Perto de seu fim, a veia safena magna também recebe ↠ As veias perfurantes penetram na fáscia muscular
as veias circunflexa ilíaca superficial, epigástrica superficial perto do local onde se originam das veias superficiais e
e pudenda externa. (MOORE, 7ª ed.) têm válvulas que permitem o fluxo sanguíneo apenas das
veias superficiais para as veias profundas. (MOORE, 7ª ed.)
↠ A veia safena parva origina-se na face lateral do pé, a
partir da união da veia dorsal do quinto dedo com o arco
venoso dorsal. A veia safena parva: (MOORE, 7ª ed.)
➢ Ascende posteriormente ao maléolo lateral
como uma continuação da veia marginal lateral;
➢ Segue ao longo da margem lateral do tendão
do calcâneo;
➢ Inclina-se em direção à linha mediana da fíbula e
penetra na fáscia muscular;
➢ Ascende entre as cabeças do músculo
gastrocnêmio;
➢ Drena para a veia poplítea na fossa poplítea.

@jumorbeck
↠ As veias perfurantes atravessam a fáscia muscular em válvulas competentes impedem o refluxo. (MOORE, 7ª
um ângulo oblíquo, de modo que, quando os músculos se ed.)
contraem e a pressão aumenta no interior da fáscia
↠ As veias profundas são mais variáveis e se
muscular, as veias perfurantes são comprimidas. A
anastomosam com frequência muito maior do que as
compressão também impede o fluxo sanguíneo das veias
artérias que acompanham. Tanto as veias superficiais
profundas para as veias superficiais. Esse padrão de fluxo
quanto as veias profundas podem ser ligadas, se
sanguíneo venoso – da região superficial para a profunda
necessário. (MOORE, 7ª ed.)
– é importante para o retorno venoso apropriado do
membro inferior, porque permite que as contrações
musculares impulsionem o sangue em direção ao
coração contra a força da gravidade (bomba
musculovenosa). (MOORE, 7ª ed.)

Veias profundas do membro inferior

↠ As veias profundas acompanham todas as grandes


artérias e seus ramos. Em vez de ocorrerem como uma
veia única nos membros (embora muitas vezes sejam
ilustradas e denominadas como uma veia única), as veias
acompanhantes geralmente são pares, muitas vezes
interconectadas, situadas ao lado da artéria que
acompanham. Estão contidas na bainha vascular com a
artéria, cujas pulsações também ajudam a comprimir e
deslocar o sangue nas veias. (MOORE, 7ª ed.)
↠ Embora o arco venoso dorsal drene basicamente pelas
veias safenas, as veias perfurantes penetram na fáscia
muscular, formando e suprindo continuamente uma veia
tibial anterior no compartimento anterior da perna. As
veias plantares medial e lateral da face plantar do pé
formam as veias tibiais posteriores e fibulares, situadas
posteriormente aos maléolos medial e lateral. (MOORE, 7ª VEIAS PROFUNDAS DESCRIÇÃO E REGIÕES
ed.) TRIBUTÁRIAS
DRENADAS
VEIAS ILÍACAS Formadas pela Pelve, órgãos
↠ As três veias profundas da perna fluem para a veia COMUNS união das veias genitais
poplítea posterior ao joelho, que se torna a veia femoral ilíacas interna e externos e
externa membros
na coxa. As veias que acompanham as artérias
anteriormente às inferiores.
perfurantes da artéria femoral profunda drenam sangue articulações
dos músculos da coxa e terminam na veia femoral sacroilíacas
profunda, que se une à parte terminal da veia femoral. anteriores;
anastomosam-se na
(MOORE, 7ª ed.) altura da vértebra L
V para formar a
↠ A veia femoral segue profundamente ao ligamento veia cava inferior. A
inguinal para se tornar a veia ilíaca externa. Em vista do veia
ilíaca comum direita
efeito da gravidade, o fluxo sanguíneo é mais lento é muito mais curta
quando uma pessoa fica parada de pé. (MOORE, 7ª ed.) do que a esquerda
e também é mais
↠ Durante o exercício, o sangue recebido pelas veias vertical, visto que a
profundas proveniente das veias superficiais é veia cava inferior
encontra-se à
impulsionado por contração muscular para as veias direita da linha
femorais e, depois, para as veias ilíacas externas. As mediana.
VEIAS ILÍACAS Acompanham as Parede inferior do
EXTERNAS artérias ilíacas abdome

@jumorbeck
internas. Começam anteriormente, VEIAS TIBIAIS Começam Pele, músculos e
nos ligamentos músculo POSTERIORES posteriormente ao ossos da
inguinais como cremaster nos maléolo medial na face plantar do pé,
continuações homens e união das veias e pele,
das veias femorais. órgãos genitais plantar medial e músculos e ossos
Terminam externos e lateral da das
anteriormente às membro inferior. face plantar do pé. faces posterior e
articulações Ascendem pela lateral
sacroilíacas, onde se perna com a artéria da perna.
unem às veias tibial posterior e o
ilíacas internas para nervo tibial
formar as veias profundamente ao
ilíacas comuns. músculo sóleo.
VEIAS FEMORAIS Acompanham as Pele, linfonodos, Unem-se às veias
artérias femorais e músculos e ossos tibiais posteriores
são continuações da coxa, por volta de dois
das veias poplíteas e órgãos genitais terços
ligeiramente externos. do trajeto até a
superiores ao perna. Unem-se às
joelho, onde as veias tibiais
veias passam anteriores próximo
através de uma do topo da
abertura no membrana
músculo adutor interóssea para
magno. Recebem as formar as veias
veias femorais poplíteas. Na face
profundas e plantar do pé, as
veias safenas veias digitais
magna pouco antes plantares se
de penetrar na unem para formar
parede abdominal. as veias metatarsais
Passam por baixo plantares, que são
do paralelas aos ossos
ligamento inguinal e metatarsais.
entram na região Estas, por sua vez,
abdominopélvica se unem para
para se tornarem as formar arcos
veias ilíacas plantares venosos
externas. profundos. As veias
VEIAS POPLÍTEAS Formadas pela Articulação e pele plantares medial e
união entre as veias do lateral emergem
tibiais anterior e joelho, músculos e dos arcos plantares
posterior na ossos venosos profundos.
extremidade em torno da VEIAS TIBIAIS Emergem no arco Dorso do pé,
proximal da articulação ANTERIORES venoso dorsal e tornozelo,
perna; ascendem do joelho. acompanham a face anterior da
pela fossa poplítea artéria tibial anterior. perna,
com as artérias Ascendem joelho e articulação
poplíteas e nervo profundamente ao tibiofibular.
tibial. Terminam músculo tibial
onde anterior na face
passam através da anterior da
janela no músculo membrana
adutor magno e interóssea.
passam para a Atravessam a
frente do joelho abertura na
para se extremidade
tornarem as veias superior da
femorais. Também membrana
recebem sangue interóssea para se
de veias safena juntar às
parva e tributárias, veias tibiais
que posteriores e
correspondem a formar as veias
ramos da artéria poplíteas.
poplítea.

@jumorbeck
VEIAS SUPERFICIAS DESCRIÇÃO E REGIÕES DRENADAS posteriormente ao
TRIBUTÁRIAS joelho. Contêm 9 a
12
VEIAS SAFENAS Veias mais longas Tecidos
do corpo; tegumentares e válvulas. Podem se
MAGNAS
ascendem do pé à músculos comunicar com as
virilha na tela superficiais dos veias safenas
subcutânea. membros inferiores, magnas na parte
Começam na região inguinal e proximal da perna.
extremidade medial parede
dos arcos venosos inferior do abdome.
dorsais do pé. Os Retorno Venoso
arcos venosos
dorsais são redes ↠ O retorno venoso, o volume de sangue que flui de
de
veias do dorso do volta ao coração pelas veias sistêmicas, é consequente à
pé formadas pelas pressão produzida pelo ventrículo esquerdo por meio das
veias digitais dorsais, contrações do coração. Embora pequena, a diferença de
que coletam sangue
dos dedos dos pressão entre as vênulas, em média de aproximadamente
pés, e depois se 16 mmHg, e o ventrículo direito, 0 mmHg, normalmente
unem em pares é suficiente para provocar o retorno venoso para o
para formar as veias
metatarsais dorsais, coração. (TORTORA, 2016)
que correm
paralelamente aos ↠ Se a pressão no átrio ou ventrículo direito aumentar,
ossos metatarsais. o retorno venoso irá diminuir. Uma das causas do
Quando as veias aumento da pressão no átrio direito é uma valva
metatarsais dorsais
chegam ao pé, se atrioventricular direita incompetente, com
combinam para extravasamento, que possibilita a regurgitação, refluxo, de
formar os arcos sangue quando os ventrículos se contraem. O resultado
venosos dorsais.
Passam é a diminuição no retorno venoso e o acúmulo de sangue
anteriormente ao no lado venoso da circulação sistêmica. (TORTORA, 2016)
maléolo medial da
tíbia e então ↠ Uma característica singular das veias é a presença de
superiormente ao válvulas em todos os segmentos venosos, as quais se
longo da face
medial da perna e encontram mais desenvolvidas nas extremidades
coxa inferiores. As válvulas venosas nada mais são que
imediatamente protrusões da túnica íntima das paredes venosas para o
abaixo
da pele. Recebem lúmen do vaso. Cada uma delas é formada por tecido
tributárias dos fibroso, denso, revestida por endotélio, e orientada de
tecidos super Eciais modo a permitir o fluxo sanguíneo anterógrado. Porém,
e também se
conectam às veias fechando totalmente o vaso quando o fluxo tende a se
profundas. tornar retrógrado. Sendo assim, as válvulas são
Esvaziam-se nas importantes estruturas direcionadoras do fluxo sanguíneo
veias femorais na
região inguinal.
nas veias. (MARGARIDA, 2018)
VEIAS SAFENAS Começam na face Tecidos
lateral dos arcos tegumentares e ↠ Um mecanismo funcional que ajuda no retorno do
PARVAS
venosos dorsais do músculos sangue venoso para o coração é o movimento normal
pé. Passam superficiais do do corpo e dos membros, por exemplo, durante a
posteriormente ao pé e face posterior
maléolo da
caminhada. A oscilação do membro move o sangue nesse
lateral da fíbula e perna. membro e as válvulas venosas asseguram que esse
ascendem sangue se mova apenas na direção adequada. (MARIEB,
profundamente à
pele ao longo da
2018)
face posterior da
perna. ↠ De acordo com a lei de Frank-Starling, o volume
Esvaziam-se nas sistólico aumenta quando o volume diastólico final
veias poplíteas na aumenta. O volume diastólico final é, em geral,
fossa poplítea,

@jumorbeck
determinado pelo retorno venoso, que é a quantidade de válvula distal do segmento não comprimido se
sangue que retorna ao coração pela circulação venosa. fecha conforme um pouco de sangue é
(SILVERTHORN, 2017) empurrado contra ela.. (TORTORA, 2016)
➢ Logo após o relaxamento muscular, a pressão
↠ Além do coração, dois outros mecanismos
cai na seção previamente comprimida da veia, o
“bombeiam” o sangue da parte inferior do corpo de volta
que faz com que a válvula proximal se feche. A
ao coração: (1) a bomba de músculo esquelético e (2) a
válvula distal agora se abre porque a pressão
bomba respiratória. Ambas as bombas dependem das
arterial no pé está mais elevada do que na perna,
válvulas existentes nas veias. (TORTORA, 2016)
e a veia se enche com o sangue que vem do
Bomba de músculo esquelético pé. A válvula proximal então reabre. (TORTORA,
2016)
↠ A bomba do músculo esquelético é assim denominada
As pessoas que estão imobilizadas em decorrência de uma lesão ou
devida às contrações do músculo esquelético que doença não têm essas contrações de músculos da perna. Como
espremem as veias, particularmente nas pernas, resultado, seu retorno venoso é mais lento e elas podem desenvolver
comprimindo-as e empurrando o sangue em direção ao problemas de circulação. (TORTORA, 2016)
coração. Durante exercícios que envolvem os membros
Bomba respiratória
inferiores, o músculo esquelético ajuda a bombear o
sangue de volta para o coração. Durante os períodos em ↠ Também é baseada na compressão e descompressão
que se está imóvel, sentado ou em pé, a bomba do alternadas das veias. Durante a inspiração, o diafragma se
músculo esquelético não auxilia no retorno venoso. move para baixo, o que provoca uma diminuição da
(SILVERTHORN, 2017) pressão na cavidade torácica e um aumento da pressão
na cavidade abdominal. Como resultado, as veias
abdominais são comprimidas, e um maior volume de
sangue se move das veias abdominais comprimidas para
as veias torácicas não comprimidas e então para dentro
do átrio direito. Quando as pressões se invertem durante
a expiração, as válvulas das veias evitam o refluxo do
sangue das veias torácicas para as veias abdominais.
(TORTORA, 2016)
Silverthorn entende serem três os fatores que afetam o retorno
venoso, incluindo a inervação simpática.

Inervação simpática das veias.

A constrição das veias devida à atividade simpática é o terceiro fator


que afeta o retorno venoso. Quando ocorre constrição das veias, seu
volume diminui, empurrando mais sangue para dentro do coração.
Com um volume ventricular maior no início da próxima contração, o
ventrículo contrai com mais força, enviando mais sangue para o lado
arterial da circulação. Desse modo, a inervação simpática das veias
Funciona do seguinte modo: permite que o corpo redistribua parte do sangue venoso para a parte
arterial da circulação. (SILVERTHORN, 2017)
➢ Na posição ortostática, tanto as válvulas venosas
mais próximas do coração, válvulas proximais, Varizes ou Veias Varicosas
quanto aquelas mais distantes, válvulas distais,
nesta parte do membro inferior estão abertas, ↠ Quando as válvulas nas veias se tornam ineficientes, o
e o sangue flui para cima em direção ao resultado são as veias varicosas. As veias deformam e
coração. (TORTORA, 2016) incham com o sangue acumulado, e a drenagem venosa
➢ A contração dos músculos das pernas, como desacelera consideravelmente. 15% de todos os adultos
quando você fica na ponta dos pés ou dá um sofrem de veias varicosas, geralmente nos membros
passo, comprime a veia. A compressão empurra inferiores. As mulheres são afetadas com mais frequência
o sangue através da válvula proximal, em uma do que os homens. O membro inferior esquerdo é mais
ação chamada ordenha. Ao mesmo tempo, a

@jumorbeck
suscetível às veias varicosas do que o direito. (MARIEB, Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
2018) Guanabara Koogan, 2016.
↠ Muitas vezes, a veia safena magna e suas tributárias MOORE, Anatomia Orientada para a Clínica, 7ª ed., Rio de
tornam-se varicosas (tão dilatadas que as válvulas não se Janiero: Guanabara Koogan, 2014.
fecham). As varizes são comuns nas partes
posteromediais do membro inferior e causam
desconforto. (MOORE, 7ª ed.)
↠ Na veia saudável, as válvulas permitem o fluxo
sanguíneo em direção ao coração (B) e impedem o fluxo
retrógrado (C). Nas varizes (D), as válvulas são
incompetentes em razão da dilatação ou rotação e não
funcionam mais adequadamente. Consequentemente, o
sangue flui em sentido inferior nas veias, provocando o
surgimento de varizes. (MOORE, 7ª ed.)

↠ As veias varicosas podem ser hereditárias, mas


também ocorrem nas pessoas cujas ocupações exijam
que elas fiquem de pé na mesma posição por muito
tempo, como é o caso dos balconistas de lojas,
cabeleireiros, dentistas e profissionais de enfermagem.
Nas pernas imóveis, o sangue venoso drena tão
lentamente que acumula, estica as paredes venosas e as
válvulas e faz que essas válvulas falhem. (MARIEB, 2018)

Referências:

AIRES, Margarida de Mello Fisiologia / Margarida de Mello


Aires. - 5. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2018.
MARIEB, Elaine. Anatomia humana. Tradução Lívia Cais,
Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2014.
SILVERTHORN, DeeUnglaub. Fisiologia humana: uma
abordagem integrada. Porto Alegre: Artmed, 2017.
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana

@jumorbeck
1

Morfologia dos vasos sanguíneos

↠ As paredes de todos os vasos sanguíneos, exceto os


muito pequenos, são compostas por três camadas
distintas, ou túnicas:
➢ Íntima: a túnica mais interna da parede de um
vaso, que está em contato “íntimo” com o
sangue em sua luz. Essa túnica contém o
endotélio, o epitélio simples pavimentoso que
reveste a luz de todos os vasos. As células
endoteliais planas formam uma superfície lisa
que minimiza o atrito do sangue que passa por
elas. Uma fina camada de tecido conjuntivo
frouxo, a camada subendotelial, situa -se na Vasos sanguíneos
superfície externa do endotélio. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Média: consiste principalmente em lâminas de ↠ ARTÉRIAS: a passagem do sangue pelas artérias ocorre das
artérias elásticas para as musculares e depois para as arteríolas.
fibras musculares lisas dispostas circularmente,
(MARIEB, 7ª ed.)
entre as quais se situam lâminas de fibrilas de
colágeno e elastina. A elastina e o colágeno ➢ Artérias elásticas: são as maiores artérias perto do
contribuem com elasticidade e resistência para coração - a aorta e seus ramos principais. São
suportar a pressão do sangue que cada chamadas artérias de condução. Nas paredes dessas
batimento cardíaco exerce sobre a parede do artérias há mais elastina do que em qualquer outro
vaso. (MARIEB, 7ª ed.) tipo de vaso
➢ Artérias musculares: situam -se distalmente às
➢ Adventícia: camada de tecido conjuntivo que
artérias elásticas e suprem grupos de órgãos, órgãos
contém muitas fibras de colágeno e fibras
individuais e partes de órgãos. Essas artérias de
elásticas. Suas células e fibras seguem na direção “tamanho médio” constituem a maior parte das
longitudinal. Protege o vaso, reforça ainda mais a artérias observadas.
sua parede e prende esse vaso nas estruturas ➢ Arteríolas: são as menores artérias.
circundantes. Contém os vasos dos vasos, que
surgem como ramificações minúsculas do ↠ CAPILARES: são os menores vasos sanguíneos. Eles são
mesmo vaso ou como ramificações pequenas compostos de apenas uma única camada de células endoteliais
circundadas por uma membrana basal. Renovam e revigoram o
de outros vasos vizinhos e nutrem a metade
líquido intersticial circundante. Existem três tipos de capilares:
externa da parede do vaso maior. (MARIEB, 7ª (MARIEB, 7ª ed.)
ed.)
➢ Contínuos;
➢ Fenestrados;
➢ Sinusoides;.

↠ VASOS VENOSOS: vênulas e veias. (MARIEB, 7ª ed.)


ARTÉRIAS VEIAS
TÚNICA MÉDIA Mais espessa Menos espessa
TÚNICA ADVENTÍCIA Menos espessa. Mais espessa.
TRANSPORTE DE Levam o sangue Conduzem o
SANGUE para fora do sangue dos
coração. capilares para o
coração.
LUZ DO VASO Menor Maior
ELASTINA Mais elastina Menos elastina
PRESSÃO ARTERIAL Maior Menos
VÁLVULAS Ausente Presente

@jumorbeck
2

Vascularização dos membros superiores ➢ A artéria torácica lateral, que desce ao longo da
margem lateral do m. peitoral menor, irrigando
ARTÉRIAS os músculos peitorais e serrátil anterior, e emite
ramos importantes para a mama;
↠ AORTA: maior artéria do corpo, sai do coração, faz um ➢ Artéria subescapular, que se destina às regiões
arco superiormente e depois desce ao longo da face escapulares dorsal e ventral e o músculo
anterior dos corpos das vértebras até a parte inferior do latíssimo do dorso;
abdômen. Ao longo de seu curso, a aorta se divide nas ➢ Artérias circunflexas anterior e posterior do
seguintes partes: (MARIEB, 7ª ed.) úmero, que envolvem o colo cirúrgico do úmero
➢ Parte ascendente da aorta; e auxiliam na irrigação do músculo deltoide e da
➢ Arco da aorta: arqueado posteriormente e para articulação do ombro.
a esquerda, o arco da aorta situa -se
↠ A artéria axilar continua no braço como artéria braquial.
posteriormente ao manúbrio do esterno. Três
O limite para essa transição é a margem inferior do
artérias se ramificam do arco da aorta e seguem
músculo redondo maior. (MARIEB, 7ª ed.)
na direção superior: tronco braquiocefálico,
artéria carótida comum esquerda e artéria Artéria braquial
subclávia esquerda. Esses três ramos suprem a
cabeça, o pescoço, os MMSS e a parte superior ↠ A artéria braquial desce ao longo da face medial do
da parede do tórax. úmero, abaixo do músculo bíceps braquial no sulco bicipital
➢ Parte descendente da aorta medial, e supre os músculos da região anterior do braço.
(MARIEB, 7ª ed.)

↠ O pulso braquial pode ser sentido nesse local. (MARIEB,


7ª ed.)

↠ A artéria braquial é utilizada para a tomada da pressão


arterial. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Um ramo importante, a artéria profunda do braço


(também chamada braquial profunda), envolve a face
posterior do úmero com o nervo radial e supre o músculo
tríceps. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ À medida que a artéria braquial se aproxima do


cotovelo, ela emite vários ramos pequenos inferiormente,
Artérias dos membros superiores
as artérias colaterais ulnares, que formam anastomoses
↠ O membro superior é irrigado por ramos da artéria com os ramos ascendentes das artérias no antebraço
subclávia. Após emitir seus ramos para o pescoço e o para suprir a articulação do cotovelo. Esses vasos também
tórax (a artéria vertebral, os troncos tireocervical e proporcionam circulação colateral para as regiões mais
costocervical e a artéria torácica interna), cada artéria distais do membro, quando o cotovelo é dobrado.
subclávia segue lateralmente sobre a primeira costela, sob (MARIEB, 7ª ed.)
a clavícula. Desse ponto, a artéria subclávia entra na axila A artéria braquial atravessa a face anterior da articulação do cotovelo,
como artéria axilar. (MARIEB, 7ª ed.) abaixo da aponeurose do músculo bíceps braquial na linha média do
braço, outro local em que seu pulso é sentido facilmente e onde se
Artéria axilar pode auscultar durante a tomada da pressão arterial. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ A artéria axilar desce pela axila, emitindo os seguintes ↠ Imediatamente após a articulação do cotovelo, a artéria
ramos: braquial se divide nas artérias radial e ulnar, que descem
pela face anterior do antebraço. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Artéria toracoacromial, que surge logo abaixo da
clavícula e se ramifica para suprir grande parte
dos músculos peitoral e deltoide;

@jumorbeck
3

Artéria radial ↠ O arco superficial se situa abaixo da pele e da fáscia


da mão, enquanto o arco profundo se situa contra os
↠ A artéria radial desce ao longo da margem medial do ossos metacarpais. (MARIEB, 7ª ed.)
músculo braquiorradial, suprindo os músculos
anterolaterais do antebraço, a parte lateral do punho, além ↠ As artérias digitais, que suprem os dedos, ramificam -
do polegar e do dedo indicador. (MARIEB, 7ª ed.) se desses arcos. (MARIEB, 7ª ed.)

Na raiz do polegar, imediatamente lateral ao tendão do m. flexor radial As artérias radial e ulnar também formam na face dorsal do punho, a
do carpo, ela se situa muito próximo da superfície e proporciona um rede carpal dorsal, cujos ramos seguem na direção distal ao longo dos
local conveniente para a tomada da pulsação. (MARIEB, 7ª ed.) ossos metacarpais. (MARIEB, 7ª ed.)

Um ramo da artéria radial continua na tabaqueira anatômica, um local ARTÉRIAS


onde a pulsação radial também pode ser detectada. (MARIEB, 7ª ed.) RAMO DESCRIÇÃO E RAMOS REGIÕES IRRIGADAS
TRONCO Primeiro ramo do Cabeça, pescoço,
BRAQUIOCEFÁLICO arco da aorta; se membros
divide para formar superiores e
as artérias subclávia parede torácica.
direita e carótida
comum direita.
ARTÉRIA SUBCLÁVIA Estende-se do Pescoço, ombro,
DIREITA tronco músculos
braquiocefálico até escapulares, entre
a margem inferior outros.
da primeira costela.
ARTÉRIA SUBCLÁVIA Emerge como o Distribuição
ESQUERDA terceiro e último semelhante à da
ramo do arco da artéria subclávia
aorta; passa direita.
Artéria ulnar superior e lateral
pelo mediastino e
↠ A artéria ulnar, que desce ao longo da face anterior e profundamente à
medial da parte anterior do antebraço, situa-se entre os clavícula na base
do pescoço em
músculos flexores superficiais e profundos e emite ramos seu percurso em
para os músculos que cobrem a ulna. (MARIEB, 7ª ed.) direção ao
membro superior.
↠ Na parte proximal, ela emite um ramo importante ARTÉRIA AXILAR Continuação da A. Músculos do
chamado artéria interóssea comum, que se divide suclávia direita na ombro e do
axila. cíngulo dos
imediatamente nas artérias interósseas anterior e membros
posterior. Esses vasos descem ao longo das respectivas superiores.
superfícies da membrana interóssea entre o rádio e a ARTÉRIA BRAQUIAL Continuação da A. Músculos do braço,
axilar no braço, úmero e
ulna. (MARIEB, 7ª ed.) começa na articulação do
margem distal do cotovelo.
➢ A artéria interóssea anterior irriga os músculos músculo redondo
flexores profundos; maior e termina
➢ A artéria interóssea posterior seus ramos destinam- bifurcando-se em
se a todos os músculos extensores da região Aa. radial e ulnar.
posterior do antebraço. ARTÉRIA RADIAL Menor ramo da Principal fonte de
bifurcação braquial; sangue para os
continuação direta músculos do
↠ A artéria ulnar continua na mão, atravessando o punho
da A. braquial. compartimento
lateralmente ao do tendão do flexor ulnar do carpo. posterior do
(MARIEB, 7ª ed.) antebraço.
ARTÉRIA ULNAR Maior ramo da A. Músculos do
Arcos palmares braquial. compartimento
anterior do
antebraço.
↠ Na palma, ramos das artérias radial e ulnar se unem e
ARCO PALMAR Formado Músculos, ossos,
formam dois arcos horizontais, os arcos palmares SUPERFICIAL principalmente pelo articulações e pele
superficial e profundo. (MARIEB, 7ª ed.) ramo superficial da da palma das mãos
artéria ulnar, com e dedos.
contribuição do

@jumorbeck
4

ramo superficial da ↠ As veias superficiais são maiores do que as veias


artéria radial.
profundas e devolvem a maior parte do sangue dos
ARCO PALMAR Emerge Músculos, ossos, e
PROFUNDO principalmente do articulações da membros superiores. (TORTORA, 14ª ed.)
ramo profundo da palma das mãos e
A. radial, mas dedos. ↠ As veias profundas estão localizadas profundamente
recebe no corpo. Elas costumam acompanhar artérias e têm os
contribuição do
mesmos nomes das artérias correspondentes.
ramo profundo da
artéria ulnar. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Tanto as veias superficiais quanto profundas têm


VEIAS válvulas, mas estas são mais numerosas nas veias
profundas. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ As veias cavas superior e inferior, as duas maiores
veias do corpo, desembocam diretamente no átrio direito Veias profundas
do coração. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Os arcos palmares profundo e superficial da mão
↠ A veia cava superior recebe o sangue sistêmico de drenam nas veias radial e ulnar do antebraço, que se
todas as regiões do corpo superiores ao diafragma, unem logo abaixo da articulação do cotovelo e formam a
excluindo as paredes do coração. Essa veia surge da união veia braquial (do braço). (MARIEB, 7ª ed.)
das veias braquiocefálica esquerda e direita, posterior ao
manúbrio do esterno, e desce para desembocar no átrio ↠ À medida que a veia braquial entra na axila, ela drena
direito. (MARIEB, 7ª ed.) na veia axilar, que se transforma na veia subclávia, no nível
da primeira costela. (MARIEB, 7ª ed.)
VEIAS PROFUNDAS
VEIAS DESCRIÇÃO E REGIÕES
TRIBUTÁRIAS DRENADAS
VEIAS BRAQUIOCEFÁLICAS Formadas pela Membros
união das veias superiores,
subclávia e jugular parte superior
interna. Duas veias do tórax,
braquiocefálicas se cabeça entre
unem para formar outros
a veia cava
superior.
VEIAS SUBCLÁVIAS Continuações das Ossos dos
veias axilares. braços,
↠ Das duas veias braquiocefálicas, a esquerda é mais Passam sobre a ombros,
primeira costela pescoço,
longa e quase horizontal, enquanto a direita é vertical. profundamente à entre outros.
(MARIEB, 7ª ed.) clavícula para
terminar na
Veias dos membros superiores extremidade
esternal da
↠ As veias dos membros superiores são profundas ou clavícula, onde se
unem com as
superficiais. (MARIEB, 7ª ed.) veias jugulares
externas.
↠ Tanto as veias superficiais quanto profundas retornam VEIAS AXILARES Surgem quando Pele,
o sangue dos membros superiores para o coração. as veias braquiais músculos,
(TORTORA, 14ª ed.) e basílicas se ossos do
unem próximo da braço, axila,
base da axila ombro.
↠ As veias superficiais estão localizadas profundamente
VEIAS BRAQUIAIS Acompanham as Músculos e
na pele e frequentemente são visíveis. Elas se artérias braquiais. ossos da
anastomosam extensivamente entre si e com as veias região do
cotovelo e
profundas, e não acompanham artérias. (TORTORA, 14ª
braquial.
ed.) VEIAS ULNARES Começam nos Músculos,
arcos venosos ossos e pele
palmares da mão, e

@jumorbeck
5

superficiais, que músculos da


drenam as veias face medial
digitais palmares e do antebraço.
as veias digitais
palmares próprias
nos dedos.
VEIAS RADIAIS Iniciam-se nos Músculos e
arcos venosos ossos da
palmares lateral da mão
profundos, que e antebraço.
drenam as veias
metacarpais
palmares nas
palmas das mãos.
Unem-se às veias
ulnares para
formar as veias
braquiais.

Veias superficiais
VEIAS SUPERFICIAIS
↠ São maiores do que as veias profundas e são visíveis VEIAS DESCRIÇÃO E REGIÕES DRENADAS
abaixo da pele. (MARIEB, 7ª ed.) TRIBUTÁRIAS
VEIAS CEFÁLICAS Iniciam-se na face Tegumento e
↠ Elas formam anastomoses frequentes ao longo do seu lateral das redes músculos
venosas dorsais da superficiais da face
curso, começando pela rede venosa dorsal da mão. Essas mão no dorso das lateral do membro
veias são imediatamente aparentes no dorso da mão em mãos, formadas superior.
razão da pele delgada da região. (MARIEB, 7ª ed.) pelas veias
metacarpais dorsais
↠ A rede venosa dorsal drena superiormente na veia VEIAS BASÍLICAS Iniciam-se na face Tegumento e
medial da rede músculos
cefálica, que começa na parte lateral dessa rede, curva- venosa dorsal das superficiais da face
se em torno da parte distal do rádio, e penetra na parte mãos e ascendem lateral do membro
anterior do antebraço. Desse ponto, essa veia sobe por ao longo da face superior.
posteromedial do
toda a face anterolateral do membro superior e termina antebraço e da
abaixo da clavícula, onde se une à veia axilar. (MARIEB, 7ª face anteromedial
ed.) do braço.
Conectam-se às
↠ A veia basílica surge na parte medial da rede venosa veias cefálicas
anteriormente ao
dorsal da mão, e sobe ao longo da superfície cotovelo pelas
posteromedial do antebraço e da superfície anteromedial veias intermediárias
do braço. Na axila, a veia basílica se une à veia braquial e do cotovelo.
formam a veia axilar. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Na face anterior da articulação do cotovelo, na região Sinais vitais


da fossa cubital, a veia intermédia do cotovelo conecta as
↠ As medidas de temperatura, pulso, pressão arterial
veias basílica e cefálica. Essa veia é fácil de encontrar na
(PA), frequência respiratória e saturação de oxigênio são
maioria das pessoas, sendo utilizada para retirar sangue
as mais frequentemente obtidas pelos profissionais de
ou administrar substâncias por via intravenosa. (MARIEB,
saúde. Como indicadores do estado de saúde, essas
7ª ed.)
medidas indicam a eficiência das funções circulatória,
respiratória, neural e endócrina do corpo. (POTTER &
PERRY)

↠ Devido à sua importância, são referidas como sinais


vitais. (POTTER & PERRY)

@jumorbeck
6

↠ A dor, um sintoma subjetivo, também é Deve-se avaliar o:


frequentemente chamada de o quinto sinal vital e medida ➢ Ritmo: normalmente ocorre um intervalo regular entre cada
juntamente com os demais. (POTTER & PERRY) pulso ou batimento cardíaco. Um intervalo interrompido por
um batimento precoce ou tardio, ou por um batimento
↠ Os sinais vitais são um modo eficiente e rápido de perdido, indica um ritmo anormal ou disritmia.
monitorar a condição do paciente ou de identificar ➢ Força: a força ou amplitude de um pulso reflete o volume
problemas e avaliar a resposta do paciente a uma de sangue ejetado contra a parede arterial a cada
contração cardíaca.
intervenção. (POTTER & PERRY)
➢ Igualdade: acesse a pulsação radial em ambos os lados do
QUANDO MEDIR OS SINAIS VITAIS? sistema vascular periférico, comparando as características
de cada um.
➢ À admissão em instituições de cuidado da saúde;
➢ Quando avaliar o paciente em visitas de cuidado domiciliar; ↠ Alguns pontos de verificação do pulso arterial comuns:
➢ No hospital, em esquema de rotina, conforme prescrições
do profissional de saúde ou dos padrões de prática ESTRUTURA LOCALIZAÇÃO
hospitalar; Artéria carótida comum Lateral à laringe (pregas
➢ Antes e após um procedimento cirúrgico ou um vocais)
procedimento diagnóstico invasivo; Artéria braquial Face medial do músculo
bíceps braquial
➢ Antes, durante e após uma transfusão de derivados do
Artéria femoral Inferior ao ligamento inguinal
sangue;
Artéria poplítea Posterior ao joelho
➢ Antes, durante e após a administração de medicamentos
Artéria radial Face lateral do punho
ou terapias que afetam as funções de controle
Artéria dorsal do pé Superior ao dorso do pé
cardiovascular, respiratório ou de temperatura;
➢ Quando condições físicas gerais do paciente são alteradas;

Pulso e Frequência Cardíaca

↠ A expansão e a retração alternadas das artérias


elásticas após cada sístole do ventrículo esquerdo cria
uma onda de pressão móvel que é chamada pulso. O
pulso é mais intenso nas artérias mais próximas do
coração, torna-se mais fraco nas arteríolas e desaparece
por completo nos capilares. O pulso pode ser palpado em
qualquer artéria que se situe perto da superfície do corpo
que possa ser comprimida contra um osso ou outra
estrutura firme. (TORTORA, 14ª ed.)
VARIAÇÕES ACEITÁVEIS DA FREQUÊNCIA CARDÍACA
↠ Devem-se registrar a frequência das pulsações IDADE FREQUÊNCIA CARDÍACA (BPM)
BEBÊ 120 - 160
arteriais - geralmente a radial - e a frequência cardíaca
CRIANÇA COMEÇANDO A ANDAR 90 – 140
mensurada no exame do precórdio. (CAMPANA) 80 – 110
PRÉ-ESCOLAR
➢ Taquicardia é uma frequência cardíaca ou de pulso acima CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR 75 - 100
de 100 bpm. (TORTORA, 14ª ed.) ADOLESCENTE 60- 90
➢ Bradicardia é uma frequência cardíaca ou de pulso lenta ADULTO 60 - 100
(inferior a 60 bpm). (POTTER & PERRY)
➢ Taquisfigmia: é uma frequência da pulsação arterial acima
de 100 bpm. Pressão Arterial
➢ Bradisfigmia: é uma frequência da pulsação arterial abaixo
de 60 bpm. ↠ Na prática clínica, o termo pressão arterial geralmente
Uma contração cardíaca ineficiente que falha na transmissão da onde
refere-se à pressão nas artérias produzida pelo ventrículo
de pulsação para o local da pulsação periférica cria um déficit de pulso. esquerdo durante a sístole e a pressão remanescente
Para avaliar esse déficit, deve-se avaliar as frequências apical e radial nas artérias quando o ventrículo está na diástole. A
ao mesmo tempo e compará-las. A diferença entre as frequências de pressão arterial normalmente é aferida na artéria braquial
pulsação apical e radial corresponde ao déficit de pulso. (POTTER &
do braço esquerdo. (TORTORA, 14ª ed.)
PERRY)

@jumorbeck
7

↠ A contração cardíaca força o sangue sob alta pressão cardíaco, como na insuficiência cardíaca grave.
para dentro da aorta. O pico máximo de pressão, no (CAMPANA)
momento em que a ejeção ocorre, é a pressão sistólica.
Quando os ventrículos relaxam, o sangue que permanece Frequência Respiratória
nas artérias exerce uma pressão mínima ou diastólica. A ↠ A respiração é o mecanismo que o corpo utiliza para
pressão diastólica é mínima. (POTTER & PERRY) trocar os gases oxigênio e dióxido de carbono entre a
atmosfera e o sangue e entre o sangue e as células.
(POTTER & PERRY)

↠ Respiração envolve ventilação (circulação de gases


para dentro e para fora dos pulmões), difusão
(movimento do oxigênio e do dióxido de carbono entre
os alvéolos e as hemácias e perfusão (distribuição das
hemácias para os capilares pulmonares). (POTTER &
PERRY)

↠ Os vários sons auscultados durante a aferição da ↠ Analisar a eficiência respiratória requer a integração da
pressão arterial são chamados sons de Korotkoff. avaliação dos dados provenientes destes três processos.
(TORTORA, 14ª ed.) (POTTER & PERRY)
Fatores que influenciam na pressão arterial: idade, estresse, etnia, sexo, ↠ Avalie a ventilação determinando a frequência
variação diária, medicamentos, atividade e peso, tabagismo. (POTTER respiratória, a profundidade e o ritmo. Avalie a difusão e a
& PERRY, 8ª ed.)
perfusão determinando a saturação de oxigênio.
CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL DE ACORDO COM A MEDIÇÃO (POTTER & PERRY)
NO CONSULTÓRIO A PARTIR DE 18 ANOS DE IDADE
CLASSIFICAÇÃO PAS (mmHg) PAD (mmHg) ↠ O termo para o padrão normal de respiração tranquila
PA ÓTIMA < 120 e < 80 é eupneia. (TORTORA, 14ª ed.)
PA NORMAL 120 - 129 e/ou 80 - 84
PRÉ-HIPERTENSÃO 130 - 139 e/ou 85 - 89 ↠ Observe o movimento completo de inspiração e
HA ESTÁGIO 1 140 - 159 e/ou 90 - 99 expiração quando contar a frequência respiratória.
HÁ ESTÁGIO 2 160 - 179 e/ou 100 - 109 (POTTER & PERRY)
HÁ ESTÁGIO 3 >/= 180 e/ou >/= 110
De acordo com a Diretriz Brasileira de HÁ, 2020 A frequência respiratória em indivíduos adultos sadios, em
repouso, varia de 12 a 22 movimentos por minuto.
(CAMPANA)
↠ A diferença entre as pressões sistólica e diastólica é
chamada pressão diferencial. Esta pressão, normalmente Devido às incertezas das medidas, define-se taquipneia como a
de cerca de 40 mmHg, fornece informações sobre a frequência respiratória igual ou maior do que 24 movimentos por
minuto, e bradipneia, a frequência menor do que 12 movimentos por
condição do sistema circulatório. Por exemplo, doenças
minuto. Apneia é a parada total da ventilação. Nessa parte da
como a aterosclerose e a persistência do canal arterial observação clínica, é costume registrar, além da frequência
(PCA) aumentam muito a pressão diferencial. A razão respiratória, a presença ou não de dispneia. (CAMPANA)
normal entre as pressões sistólica, diastólica e diferencial
VARIAÇÕES ACEITÁVEIS DA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
é de aproximadamente 3:2:1. (TORTORA, 14ª ed.)
IDADE FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
↠ Aumento da pressão diferencial, isto é, a diferença (RPM)
RECÉM-NASCIDO 35 – 40
entre a pressão sistólica e a diastólica é maior que o
BEBÊ (16 MESES) 30 – 50
normal; essa alteração tem o nome de pressão – 32
CRIANÇA COMEÇANDO A ANDAR 25
divergente; exemplos: insuficiência da valva aórtica, (2 ANOS)
anemia. (CAMPANA) CRIANÇAA 20 – 30
ADOLESCENTE 16 – 20
↠ Redução da pressão diferencial, com diminuição da ADULTO 12 – 20
pressão sistólica; a alteração tem o nome de pressão
convergente; encontra-se, por exemplo, em situações
em que há comprometimento acentuado do débito

@jumorbeck
8

↠ Um padrão respiratório profundo (abdominal), ↠ A principal causa de hipotermia é a exposição ao frio.


chamado de respiração Diafragmática, consiste no Os idosos são especialmente suscetíveis a hipotermia e,
movimento do abdome para fora decorrente da além disso, é menos provável que apresentem febre.
contração e da descida do diafragma. (TORTORA, 14ª ed.) (BATES, 12ª ed.)

↠ Hipertermia: elevação da temperatura corporal acima


do ponto de regulação térmica. (POTTER & PERRY)

↠ A temperatura é mais baixa no início da manhã e mais


alta na parte da tarde e à noite. As mulheres apresentam
maior variação da temperatura normal do que os homens.
(BATES)

↠ Fatores que afetam a temperatura corpórea: idade,


exercício, nível hormonal, ritmo circadiano, estresse,
ambiente.

Volemia, Volume Sanguíneo e Choque Hipovolêmico

↠ Volemia é a quantidade de sangue circulante no corpo.


Temperatura
Hipovolemia significa redução do volume sanguíneo. (GUYTON &
↠ A medição da temperatura do corpo é realizada com HALL, 13ª ed.)
a finalidade de obter uma temperatura média
Hipervolemia: aumento do volume sanguíneo.
representativa central dos tecidos corporais. (POTTER
&PERRY) ↠ VOLUME SANGUÍNEO TOTAL É A VOLEMIA
↠ Os locais que refletem temperaturas corpóreas são ↠ O volume sanguíneo é equivalente a 75ml/kg. (MS,
indicadores mais confiáveis da temperatura corpórea do 2008)
que os locais que refletem a temperatura superficial.
(POTTER &PERRY) Choque Hipovolêmico

↠ A temperatura corpórea é a diferença entre a ↠ O choque é uma falha do sistema circulatório em


quantidade de calor produzido por processos do corpo e entregar O2 e nutrientes suficientes para atender às
a quantidade de calor perdido para o ambiente externo. necessidades metabólicas celulares. As causas de choque
(POTTER & PERRY) são muitas e variadas, mas todas são caracterizadas por
fluxo sanguíneo inadequado para os tecidos do corpo. Por
↠ Locais de aferir a temperatura: oral, retal, axilar, da causa do aporte insuficiente de oxigênio, as células
membrana timpânica e da artéria temporal. (BATES, 12ª passam da produção aeróbica para a anaeróbica de ATP,
ed.) e o ácido láctico se acumula nos líquidos corporais. Se o
LOCAIS DE AFERIÇÃO
choque persistir, as células e os órgãos são danificados, e
as células podem morrer, a menos que o tratamento
➢ Oral: 37ºC – leitura lenta, risco de contaminação por fluidos, adequado seja instituído rapidamente. (TORTORA, 14ª ed.)
não indicado para pacientes que não colaboram ou
inconsciente. ↠ John Collins Warren, em 1895, definiu clinicamente o
➢ Retal: 37,5ºC – maior precisão, método desagradável, risco
choque no sentido de uma “pausa momentânea no ato
de exposição a fluidos, risco de lesão, contra indicado para
RN e pacientes com doença retal. da morte”, dando ao “estado de choque um conceito de
➢ Axilar: 36,5ºC – local menos preciso, sudorese pode ameaça à vida”. (CERQUEIRA et. al., 2018)
interferir.
➢ Timpânica: 37ºC – aferição rápida, custo elevado, ↠ O Choque Hipovolêmico (CH) é caracterizado pela
presença de cerume pode interferir na leitura. perda de sangue e fluidos, resultando na diminuição da
volemia, levando o organismo a desenvolver um quadro
↠ Hipotermia: consiste em temperatura corporal
de hipóxia. (CERQUEIRA et. al., 2018 apud BERNARDINA;
anormalmente baixa, ou seja, abaixo de 35°C (95°F)
SALLUM; CHEREGATTI, 2011)
(temperatura retal). (BATES, 12ª ed.)

@jumorbeck
9

↠ A hemorragia é a causa mais comum de choque ↠ O sistema cardiovascular sofre severas modificações
hipovolêmico. A hemorragia diminui a pressão de na presença do choque hipovolêmico (CH), o que acarreta
enchimento da circulação e, como consequência, diminui uma diminuição no processo da pré-carga, resultando na
o retorno venoso. Como resultado, o débito cardíaco cai redução do débito cardíaco (DC), levando o organismo a
abaixo do normal e pode sobrevir o choque. (GUYTON & tentar equilibrar as mudanças sofridas desenvolvendo
HALL, 13ª ed.) taquicardia. (CERQUEIRA et. al., 2018 apud FELICE et al.,
2011).
↠ O CH pode acontecer por meio de perdas exógenas,
quando o volume é exteriorizado, e por perda endógena, ↠ Quando o organismo encontra-se com perfusão
quando o volume é interiorizado. Podendo ser classificado tecidual inadequada, ativa-se o sistema nervoso simpático
em hemorrágico, decorrente dos vários tipos de (SNS), que é responsável em levar informações
hemorragias, causado geralmente por traumas; e choque involuntárias aos tecidos miocárdio, músculo liso e tecido
não hemorrágico, no qual não ocorre perda de sangue epitelial glandular. No estado de choque, o organismo
e, sim, de fluídos corporais, que podem ser através de aciona o SNS que responde realizando alterações que
suor, inflamações, desidratação, diarreia intensa, vômitos tentam suprir as deficiências presentes naquele
abundantes e queimaduras. (CERQUEIRA et. al., 2018 apud momento, a fim de normalizar o funcionamento da
VICENTE; RODRIGUES; SILVA JÚNIOR, 2008). perfusão tecidual através de ações que envolvem a RVP,
pré-carga, força de contração do coração e FC.
↠ Seja qual for a causa, quando o volume de líquidos do
(CERQUEIRA et. al., 2018)
corpo cai, o retorno venoso para o coração diminui, o
enchimento do coração cai, o volume sistólico diminui e ↠ Algumas sintomatologias do CH mudam de acordo
há uma redução no débito cardíaco. Repor o volume de com a atividade que o DC e a resistência vascular
líquido tão rapidamente quanto possível é essencial para sistêmica (RVS) apresentam durante o choque, dividindo-
o tratamento do choque hipovolêmico. (TORTORA, 14ª se em dois momentos: (CERQUEIRA et. al., 2018)
ed.)
➢ O primeiro é quando o funcionamento do DC
↠ O CH pode ser classificado: em leve, estado em que encontra-se reduzido e o funcionamento da RVS
o volume do sangue circulante é menor que 20%; elevado (choque hipodinâmico), os seguintes
moderado, quando a volemia chega a 20 – 40%; e grave, sinais e sintomas podem surgir: prostração e
quando a redução do volume do sangue alcança valores ansiedade; hipotensão; taquicardia; pulso
maiores que 40%. No último citado a reversibilidade é filiforme; pele fria, pálida e cianótica; sudorese;
quase nula, tendo o paciente poucas chances de taquipnéia; sede; náuseas; vômito; oligúria;
sobrevivência. (CERQUEIRA et. al., 2018 apud BERNARDINA; anúria; inquietude; apreensão; confusão e
SALLUM; CHEREGATTI, 2011) inconsciência nas fases tardias.
➢ O segundo momento é quando o quadro se
↠ O sistema circulatório pode se recuperar enquanto o apresenta ao inverso, ou seja, com o DC
grau da hemorragia não for maior que certa quantidade
trabalhando em alta e a RVS está reduzida
crítica. A ultrapassagem desse limite crítico, mesmo pela
(choque hiperdinâmico). As manifestações que
perda de poucos mililitros de sangue, faz a diferença final
se diferem do primeiro citado são: hipotensão
entre a vida e a morte. Dessa maneira, a hemorragia além
de forma mais branda; a pele se torna quente e
de certo nível crítico faz com que o choque passe a ser com rubor; hiperventilação; febre; calafrios;
progressivo. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) diurese de forma reduzida; ademais, mesmo
↠ Choque progressivo: o próprio choque causa ainda sendo raro pode ocorrer o coma
mais choque, e a condição passa a ser ciclo vicioso, que
RESPOSTAS HOMEOSTÁTICAS AO CHOQUE
leva, finalmente, à deterioração da circulação e à morte.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) ↠ Os principais mecanismos de compensação no choque
são os sistemas de feedback negativo que trabalham para
↠ Choque não progressivo ou compensado: choque em
devolver o débito cardíaco e a pressão arterial ao normal.
grau menos intenso, significando que os reflexos
Quando o choque é leve, a compensação por
simpáticos e outros fatores provocam compensação
mecanismos homeostáticos evita danos graves.
suficiente para impedir a deterioração adicional da
(TORTORA, 14ª ed.)
circulação. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

@jumorbeck
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↠ Sistemas de feedback negativo que respondem ao caindo a zero quando cerca de 40% a 45% do volume
choque hipovolêmico: (TORTORA, 14ª ed.) total de sangue tiverem sido removidos. (GUYTON &
HALL, 13ª ed.)
➢ Ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona: a redução do fluxo sanguíneo para
os rins faz com que estes secretem renina e
inicia o sistema renina-angiotensina-aldosterona.
A angiotensina II causa vasoconstrição e estimula
o córtex da glândula suprarrenal a secretar
aldosterona, hormônio que aumenta a
reabsorção de Na+ e água pelos rins. O
aumento na resistência vascular sistêmica e no
volume de sangue ajuda a elevar a pressão
arterial.
➢ Secreção do hormônio antidiurético: em
resposta à diminuição na pressão arterial, a
neuro-hipófise libera mais hormônio antidiurético COMPENSAÇÕES PELOS REFLEXOS SIMPÁTICOS NO CHOQUE –
(HAD). O HAD aumenta a reabsorção de água SEU VALOR ESPECIAL PARA A MANUTENÇÃO DA PRESSÃO
pelos rins, que conserva o volume sanguíneo ARTERIA
restante. Também provoca vasoconstrição, o
↠ A diminuição da pressão arterial após hemorragia, que
que aumenta a resistência vascular sistêmica. também reduz as pressões das artérias e nas veias
➢ Ativação da parte simpática da divisão autônoma pulmonares no tórax, desencadeia potentes reflexos
do sistema nervoso: conforme a pressão arterial simpáticos (iniciados, em grande parte, pelos
diminui, os barorreceptores aórticos e caróticos barorreceptores arteriais e outros receptores de
iniciam potentes respostas simpáticas por todo
estiramento vasculares). Esses reflexos estimulam o
o corpo. Um dos resultados é a vasoconstrição
sistema vasoconstritor simpático na maioria dos tecidos
acentuada das arteríolas e veias da pele, rins e
do corpo, resultando em três efeitos importantes:
outras vísceras abdominais.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
➢ Liberação de vasodilatadores locais: em resposta
à hipoxia, as células liberam vasodilatadores – ➢ As arteríolas se contraem na maior parte da
incluindo K+, H+, ácido láctico, adenosina e óxido circulação sistêmica, aumentando, assim, a
nítrico – que dilatam as arteríolas e relaxam os resistência periférica total.
esfíncteres pré-capilares. Essa vasodilatação ➢ As veias e os reservatórios venosos se
aumenta o fluxo sanguíneo local e pode contraem, ajudando, desse modo, a manter o
restaurar o nível de O2 ao normal na parte do retorno venoso adequado, apesar da diminuição
corpo. Contudo, a vasodilatação também tem o do volume sanguíneo.
efeito potencialmente nocivo de diminuir a ➢ A atividade cardíaca aumenta acentuadamente,
resistência vascular sistêmica e, portanto, reduzir elevando a frequência cardíaca por vezes, do
a pressão arterial. valor normal de 72 batimentos/min para até 160
a 180 batimentos/min.
RELAÇÃO DO VOLUME DO SANGRAMENTO COM O DÉBITO
Maior Efeito dos Reflexos Nervosos Simpáticos em Manter a Pressão
CARDÍACO E A PRESSÃO ARTERIAL
Arterial do que em Manter o Débito Cardíaco: A razão dessa diferença
é que os reflexos simpáticos são gerados mais em função da
↠ A figura abaixo mostra os efeitos aproximados sobre
manutenção da pressão arterial que do débito cardíaco. Eles
o débito cardíaco e a pressão arterial, da remoção do aumentam a pressão arterial principalmente pela elevação da
sangue do sistema circulatório por período de cerca de resistência periférica total, que não tem efeito benéfico sobre o débito
30 minutos. Em torno de 10% do volume total do sangue cardíaco; entretanto, a constrição simpática das veias é importante
podem ser removidos sem produzir algum efeito sobre para impedir a redução excessiva do retorno venoso e do débito
cardíaco, além do seu papel na manutenção da pressão arterial.
a pressão arterial ou sobre o débito cardíaco, porém a (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
maior perda de sangue diminui, em geral, primeiramente
o débito cardíaco e, a seguir, a pressão arterial, ambos Proteção do Fluxo Sanguíneo Coronariano e Cerebral pelos Reflexos:
a estimulação simpática não provoca constrição importante dos vasos

@jumorbeck
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cerebrais ou cardíacos. Além disso, nesses dois leitos vasculares, a ↠ Eles enviam impulsos para o centro cardiovascular para
autorregulação do fluxo sanguíneo é excelente, impedindo que ajudar a regular a pressão sanguínea. Os dois reflexos
reduções moderadas da pressão arterial possam diminuir, de modo
significativo, seu fluxo sanguíneo. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
barorreceptores mais importantes são o reflexo do seio
carótico e o reflexo da aorta. (TORTORA, 14ª ed.)
Mecanismos Fisiológicos Correlacionados Com o Controle
Os seios caróticos são pequenas ampliações das artérias carótidas
da PA internas direita e esquerda, um pouco acima do ponto em que elas se
ramificam da artéria carótida comum. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Vários sistemas de feedback negativo interligados
controlam a pressão arterial por meio do ajuste do ritmo ↠ A pressão arterial distende a parede do seio carótico,
cardíaco, do volume sistólico, da resistência vascular o que estimula os barorreceptores. (TORTORA, 14ª ed.)
sistêmica e do volume de sangue. Alguns sistemas
possibilitam ajustes rápidos para lidar com mudanças
bruscas, como a queda da pressão sanguínea no encéfalo
que ocorre quando a pessoa levanta da cama; outros
agem mais lentamente para fornecer a regulação a longo
prazo da pressão sanguínea. (TORTORA, 14ª ed.)

PAPEL DO CENTRO CARDIOVASCULAR


↠ O centro cardiovascular (CV) no bulbo ajuda a regular
a frequência cardíaca e o volume sistólico. O centro CV
também controla sistemas de feedback negativo neurais, ↠ Quando a pressão arterial cai, os barorreceptores são
hormonais e locais que regulam a pressão e fluxo menos distendidos e enviam impulsos nervosos em uma
sanguíneo a tecidos específicos. (TORTORA, 14ª ed.) frequência mais lenta ao centro cardiovascular. Em
↠ Grupos de neurônios espalhados no centro CV resposta, o centro CV diminui a estimulação
regulam a frequência cardíaca, a contratilidade (força de parassimpática do coração por meio dos axônios motores
contração) dos ventrículos e o diâmetro dos vasos dos nervos vago e aumenta a estimulação simpática do
sanguíneos. (TORTORA, 14ª ed.) coração via nervos aceleradores cardíacos. (TORTORA,
14ª ed.)
↠ Os três tipos principais de receptores sensitivos que
fornecem informações ao centro cardiovascular são os ↠ Inversamente, quando é detectado um aumento na
proprioceptores, os barorreceptores e os pressão, os barorreceptores enviam impulsos em uma
quimiorreceptores. (TORTORA, 14ª ed.) frequência mais rápida. O centro CV responde
aumentando a estimulação parassimpática e diminuindo a
➢ Os proprioceptores monitoram os movimentos das estimulação simpática. As reduções resultantes da
articulações e músculos e fornecem informações ao centro
frequência cardíaca e força de contração diminuem o
cardiovascular durante a atividade física. Sua atividade é
responsável pelo rápido aumento da frequência cardíaca débito cardíaco. (TORTORA, 14ª ed.)
no início do exercício.
➢ Os barorreceptores monitoram as alterações na pressão e Reflexos Quimiorreceptores
distendem as paredes dos vasos sanguíneos.
➢ Os quimiorreceptores monitoram a concentração de vários ↠ Os quimiorreceptores, receptores sensitivos que
produtos químicos no sangue. monitoram a composição química do sangue, estão
localizados perto dos barorreceptores do seio carótico e
Mecanismos Rápidos de Controle da Pressão que Atuam
do arco da aorta em pequenas estruturas chamadas
em Segundos ou Minutos glomos caróticos e glomos para-aórticos,
respectivamente. (TORTORA, 14ª ed.)
Reflexos Barorreceptores
↠ Estes quimiorreceptores detectam mudanças nos
↠ Os barorreceptores, receptores sensitivos sensíveis à níveis sanguíneos de O2, CO2 e H+. Hipoxia (baixa
pressão, estão localizados na aorta, nas artérias carótidas disponibilidade de O2), acidose (aumento na concentração
internas (artérias do pescoço que fornecem sangue ao de H+) ou hipercapnia (excesso de CO2) estimulam os
encéfalo) e outras grandes artérias do pescoço e do tórax. quimiorreceptores a enviar impulsos ao centro
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
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cardiovascular. Em resposta, o centro CV aumenta a ↠ A renina é uma enzima proteica liberada pelos rins
estimulação simpática de arteríolas e veias, provocando quando a pressão arterial cai para níveis muito baixos. Sua
vasoconstrição e aumento da pressão sanguínea. resposta consiste em elevar a pressão arterial de diversos
(TORTORA, 14ª ed.) modos, contribuindo para a correção da queda inicial da
pressão. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
Resposta isquêmica do sistema nervoso central
↠ A renina é sintetizada e armazenada em forma inativa
↠ Controle da pressão arterial pelo centro vasomotor do chamada pró-renina nas células justaglomerulares (células
cérebro em resposta à diminuição do fluxo sanguíneo JG) dos rins. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
cerebral. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
➢ Quando a pressão arterial cai, reações
↠ Quando o fluxo sanguíneo para o centro vasomotor intrínsecas dos rins fazem com que muitas das
no tronco encefálico inferior diminui o suficiente para moléculas de pró-renina nas células JG sejam
causar deficiência nutricional - ou seja, provocando clivadas, liberando renina. (GUYTON & HALL, 13ª
isquemia cerebral -, os neurônios vasoconstritores e ed.)
cardioaceleradores no centro vasomotor respondem de ➢ A renina é uma enzima e age enzimaticamente
modo direto à isquemia, ficando fortemente excitados. sobre outra proteína plasmática, a globulina
Quando essa excitação ocorre, a pressão arterial referida como substrato de renina (ou
sistêmica com frequência se eleva até os níveis máximos angiotensinogênio), liberando peptídeo com 10
do bombeamento cardíaco. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) aminoácidos, a angiotensina I. (GUYTON & HALL,
↠ Acredita-se que esse efeito seja causado pela 13ª ed.)
incapacidade do fluxo lento de sangue de eliminar o ➢ A angiotensina I tem ligeiras propriedades
dióxido de carbono do centro vasomotor do tronco vasoconstritoras, mas não suficientes para
encefálico. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) causar alterações significativas na função
circulatória. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
É possível que outros fatores, como a formação de ácido lático e de ➢ Alguns segundos após a formação de
outras substâncias ácidas no centro vasomotor, também contribuam
angiotensina I, dois aminoácidos adicionais são
para a acentuada estimulação e para a elevação da pressão arterial.
Esse aumento em resposta à isquemia cerebral é referido como removidos da angiotensina I, formando o
resposta isquêmica do SNC. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) peptídeo de oito aminoácidos angiotensina II.
Essa conversão ocorre, em grande parte, nos
O efeito isquêmico sobre a atividade vasomotora pode elevar a
pressão arterial média, de maneira espantosa, por até 10 minutos a pulmões, enquanto o sangue flui por seus
níveis muito elevados de até 250 mmHg. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) pequenos vasos catalisados pela enzima
conversora de angiotensina (ECA) presente no
Apesar da intensidade da resposta isquêmica do SNC, ela não é
significativa até que a pressão arterial caia bem abaixo da normal, até
endotélio dos vasos pulmonares. (GUYTON &
níveis de 60 mmHg ou menos, atingindo seu maior grau de HALL, 13ª ed.)
estimulação sob pressões de 15 a 20 mmHg. Portanto, a resposta ➢ A angiotensina II é vasoconstritor extremamente
isquêmica do SNC não é um dos mecanismos normais de regulação potente, e ela afeta a função circulatória por
da pressão arterial. Ao contrário, ela atua, na maioria das vezes, como
outros modos. Entretanto, ela persiste no sangue
sistema de emergência de controle da pressão que age muito rápida
e intensamente para impedir maior diminuição da pressão arterial, por apenas 1 ou 2 minutos por ser rapidamente
quando o fluxo sanguíneo cerebral diminui até valor muito próximo do inativada por múltiplas enzimas sanguíneas e
nível letal. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) teciduais, coletivamente chamadas de
angiotensinases. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
Mecanismos de controle da pressão que agem após vários
minutos ↠ A angiotensina II exerce dois efeitos principais capazes
de aumentar a pressão arterial:
↠ Diversos mecanismos de controle da pressão só
apresentam respostas significativas após alguns minutos ➢ Vasoconstrição em muitas áreas do corpo,
depois da alteração aguda da pressão arterial. (GUYTON ocorre com muita rapidez. A vasoconstrição se
& HALL, 13ª ed.) dá, de modo muito intenso, nas arteríolas e com
intensidade muito menor nas veias. A constrição
Sistema Renina-Angiotensina das arteríolas aumenta a resistência periférica
total, elevando, dessa forma, a pressão arterial.

@jumorbeck
13

Além disso, a leve constrição das veias promove ↠ O sistema rim-líquidos corporais para o controle da
o aumento do retorno venoso do sangue para pressão arterial atua lenta, mas poderosamente, como se
o coração, contribuindo para o maior segue: se o volume sanguíneo aumenta e a capacitância
bombeamento cardíaco contra a pressão vascular não é alterada, a pressão arterial se elevará
elevada. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) também. Essa elevação faz com que os rins excretem o
➢ Diminuição da excreção de sal e de água pelos volume excessivo, normalizando, assim, a pressão.
rins: essa ação eleva lentamente o volume do (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
líquido extracelular, o que aumenta a pressão
↠ De fato, a elevação da pressão arterial no ser humano
arterial durante as horas e dias subsequentes.
por apenas alguns mmHg pode duplicar o débito renal de
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
água, um fenômeno chamado diurese de pressão, bem
Relaxamento por estresse da vasculatura como duplicar a eliminação de sal, o que é chamado
natriurese de pressão. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Quando a pressão nos vasos sanguíneos se torna
muito alta, esses vasos são estirados de forma contínua ↠ O aumento da pressão arterial não eleva apenas o
por minutos ou horas; como resultado, a pressão nesses débito urinário, mas provoca também elevação
vasos sanguíneos volta ao normal. (GUYTON & HALL, 13ª aproximadamente igual da eliminação de sódio, que é o
ed.) fenômeno da natriurese de pressão. (GUYTON & HALL,
13ª ed.)
↠ Esse estiramento contínuo dos vasos, chamado
relaxamento por estresse, pode atuar como “tampão” da ↠ A figura mostra o efeito médio aproximado de
pressão que age por períodos intermediários. (GUYTON diferentes níveis de pressão arterial sobre o volume do
& HALL, 13ª ed.) débito urinário no rim isolado, demonstrando seu aumento
acentuado quando a pressão se eleva. (GUYTON & HALL,
Mecanismo do deslocamento de líquido capilar 13ª ed.)
↠ Representa simplesmente o fato de que, quando a
pressão capilar cai a níveis muito baixos, o líquido é
reabsorvido pelas membranas capilares dos tecidos para
a circulação, elevando o volume sanguíneo e a pressão
na circulação. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Ao contrário, quando a pressão capilar se eleva em


demasia, o líquido é perdido da circulação para os tecidos,
reduzindo, assim, o volume sanguíneo, bem como
praticamente todas as pressões circulatórias. (GUYTON &
HALL, 13ª ed.)
Esses três mecanismos intermediários são ativados principalmente
depois de 30 minutos a várias horas. Durante esse tempo, os
mecanismos nervosos, em geral, ficam cada vez menos eficazes, o
que explica a importância dessas medidas não nervosas de controle
da pressão nos tempos intermediários. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) Experimento realizados em cães que tiveram todos os mecanismos
reflexos de controle da pressão bloqueados. Então, a pressão arterial
Mecanismos para a regulação da pressão arterial a foi subitamente elevada pela infusão intravenosa de 400 ml de sangue,
longo prazo como consequência ocorreu a elevação rápida do DC e aumento da
PA. Em suma, o débito urinário aumentou por 12 vezes. Junto com
essa enorme perda de urina, o DC e a PA retornaram ao normal na
↠ Esse controle, a longo prazo, da pressão arterial está
hora seguinte. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
intimamente relacionado à homeostasia do volume de
líquido corporal, determinado pelo balanço entre a ↠ O mecanismo geral pelo qual o aumento do volume
ingestão e a eliminação de líquido. (GUYTON & HALL, 13ª do líquido extracelular pode elevar a pressão arterial, se a
ed.) capacidade vascular não for aumentada ao mesmo
tempo, é mostrado no esquema abaixo:
Sistema Rim-Líquidos Corporais

@jumorbeck
14

Prevenção de acidentes de trabalho


Aumento da
Elevação do Elevação do
volume do líquido volume
pressão média de ↠ A segurança do trabalho é a ciência que estuda as
enchimento da
extracelular sanguíneo
circulação possíveis causas dos acidentes e incidentes durante a
atividade laboral do trabalhador. Seu principal objetivo é a
prevenção de acidentes ocupacionais e outras formas de
Aumenta a Aumenta o Eleva o retorno agravos à saúde do profissional. (BARSANO; BARBOSA,
PA débito cardíaco venoso 2018)

↠ De acordo com a NR 9, norma do Ministério do


Trabalho que trata do Programa de Prevenção de Riscos
↠ A elevação da pressão arterial, por sua vez, aumenta Ambientais, os ambientes de trabalho estão expostos aos
a excreção real de sal e água e pode fazer voltar para seguintes: (BARSANO; BARBOSA, 2018)
quase normal o volume do líquido extracelular, se a
função renal estiver normal. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) ➢ Físicos: as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais
↠ Estudos experimentais mostraram que o aumento da como ruídos, vibrações, pressões anormais,
ingestão de sal tem probabilidade muito maior de elevar temperaturas extremas, radiações ionizantes ou
a pressão arterial que a elevação da ingestão de água. O não ionizantes;
motivo desse achado é que a água pura é normalmente ➢ Biológicos: bactérias, fungos, bacilos, vírus, entre
excretada pelos rins, com quase a mesma rapidez com outros;
que é ingerida, o que não ocorre com o sal. A quantidade ➢ Químicos: substâncias, compostos ou produtos
de sal acumulada no corpo é o principal determinante do que possam penetrar no organismo pela via
volume do líquido extracelular. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) respiratória, nas formas de poeiras, fumos,
REGULAÇÃO HORMONAL DA PRESSÃO SANGUÍNEA
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter
Vários hormônios ajudam a regular a pressão arterial e o fluxo contato com o organismo ou ser absorvidos por
sanguíneo por meio da alteração no débito cardíaco, alteração da
ele através da pele ou por ingestão.
resistência vascular sistêmica ou ajuste do volume total de sangue:

➢ Epinefrina e norepinefrina. Em resposta à estimulação ↠ Conceito legal de acidente de trabalho: é o que ocorre
simpática, a medula da glândula suprarrenal libera epinefrina pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
e norepinefrina. Esses hormônios aumentam o débito provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cardíaco ao elevarem a velocidade e força das contrações cause a morte, ou a perda ou redução permanente ou
cardíacas. Também causam constrição das arteríolas e
veias na pele e órgãos abdominais e dilatação das arteríolas temporária da capacidade para o trabalho. (BARSANO;
no músculo cardíaco e esquelético, o que ajuda a aumentar BARBOSA, 2018)
o fluxo sanguíneo para o músculo durante o exercício.
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ Equipamento de Proteção Individual – EPI é todo
➢ Hormônio antidiurético (HAD). O hormônio antidiurético dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
(HAD) é produzido pelo hipotálamo e liberado pela neuro- trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de
hipófise em resposta à desidratação ou à diminuição no
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. (NR 6)
volume sanguíneo. Entre outras ações, o HAD causa
vasoconstrição, o que aumenta a pressão arterial. Por isso, ↠ A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,
o HAD é também chamado vasopressina. O HAD também
promove o deslocamento de água do lúmen dos túbulos gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado
renais para a corrente sanguínea. Isso resulta em aumento de conservação e funcionamento. (NR 6)
no volume sanguíneo e diminuição na produção de urina.
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ Cabe ao empregador quanto ao EPI: (NR 6)
➢ Peptídio natriurético atrial (PNA). Liberado pelas células do
átrio do coração, o PNA reduz a pressão arterial ao causar
vasodilatação e promover a perda de sal e água na urina, ➢ adquirir o adequado ao risco de cada atividade;
o que reduz o volume sanguíneo. (TORTORA, 14ª ed.) ➢ exigir seu uso;
➢ fornecer ao trabalhador somente o aprovado
pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;

@jumorbeck
15

➢ orientar e treinar o trabalhador sobre o uso Referências:


adequado, guarda e conservação;
➢ substituir imediatamente, quando danificado ou Ministério da Saúde. Guia para o Uso de
extraviado; Hemocomponentes Série A. Normas e Manuais Técnicos,
➢ responsabilizar-se pela higienização e 2008.
manutenção periódica;
CERQUEIRA, et. al. A importância da atuação do
↠ Cabe ao empregado quanto ao EPI: (NR 6) enfermeiro na assistência a pacientes em choque
hipovolêmico. Revista Universo Salvador, n. 6, 2018.
➢ usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que
se destina; BARSANO, Paulo R; BARBOSA, Rildo P. Segurança do
➢ responsabilizar-se pela guarda e conservação; Trabalho: Guia prático e didático, 2018.
➢ comunicar ao empregador qualquer alteração ROCHA, et al. Falhas no uso de equipamentos de
que o torne impróprio para uso; proteção individual pelos profissionais de saúde: revisão
➢ cumprir as determinações do empregador de literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 11,
sobre o uso adequado. 2018.
↠ Com intuito de promover a qualidade salutar de MARIEB, Elaine. Anatomia humana. Tradução Lívia Cais,
profissionais ligados à área da saúde, foi aprovada a norma Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz. São Paulo:
regulamentadora 32 (NR32), de extrema importância para Pearson Education do Brasil, 2014.
trabalhadores do serviço de saúde e que possui a
finalidade de definir as diretrizes básicas para TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /
implementação de medidas de garantia da segurança e Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana
da saúde desses profissionais. (ROCHA et. al., 2020) Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
↠ Principais equipamentos de proteção individual para
profissionais da área da saúde: GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
➢ Luvas: proteger as mãos;
➢ Óculos de proteção: evitar o risco de excreções POTTER & PERRY. Fundamentos de Enfermagem, 8º ed.,
ou secreções respingarem na mucosa do olho Porto Alegra, Artmed, 2010.
do colaborador;
CAMPANA, Álvaro O. Exame Clínico: Sintomas e Sinais
➢ Avental: barreira contra secreções e
em Clínica Médica. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,
substâncias;
2010.
➢ Máscara: evita a transmissão de doenças por
gotículas ou aerossóis;
➢ Touca: evita a queda de cabelo no momento da
execução de tarefas;
➢ Sapato fechado: para evitar acidentes com
perfurocortantes.

@jumorbeck
1

↠ Os sistemas linfático e imune estão intimamente


relacionados com o sistema cardiovascular. (MARIEB, 7ª
ed.)
↠ O sistema linfático contribui para a homeostasia ao
drenar o líquido intersticial, bem como ao fornecer os
mecanismos de defesa contra doenças (TORTORA, 14ª
ed.)

↠ A função principal do sistema linfático é devolver o


excesso de líquido para o sistema vascular sanguíneo. Os
vasos linfáticos coletam esse líquido e o transportam para
a corrente sanguínea. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ O sistema imune protege o corpo dos organismos


estranhos combatendo infecções e conferindo imunidade
às doenças. Os componentes principais do sistema imune
são os linfócitos, o tecido linfático e os órgãos linfáticos
(como baço, linfonodos e timo). (MARIEB, 7ª ed.)
O tecido linfático é um tipo especializado de tecido conjuntivo reticular
que contém numerosos linfócitos. (TORTORA, 14ªed.)

Funções principais do sistema linfático: (TORTORA, 14ª ed.)

➢ Drenar o excesso de líquido intersticial;


➢ Transportar lipídios oriundos da dieta;
➢ Desempenhar respostas imunes.

↠ Todos os capilares sanguíneos são circundados por


tecido conjuntivo frouxo que contém líquido tecidual (ou
intersticial), que surge do sangue filtrado pelas paredes
dos capilares e consiste em pequenas moléculas de
plasma sanguíneo, incluindo água, vários íons, moléculas
de nutrientes e gases respiratórios. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Embora o líquido entre e saia continuamente dos


capilares sanguíneos, por razões complexas, um pouco
mais de líquido sai da extremidade da arteríola de cada
leito capilar do que entra novamente no sangue na
extremidade da vênula. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Os vasos linfáticos funcionam na coleta desse excesso


de líquido no tecido conjuntivo frouxo, em volta dos
capilares sanguíneos e na sua devolução para a corrente
sanguínea. Uma vez dentro dos vasos linfáticos, esse
líquido chama-se linfa (“água limpa”). Qualquer bloqueio dos
↠ Os vasos linfáticos também desempenham outra
vasos linfáticos faz que a região do corpo afetada inche
função relacionada. As proteínas do sangue vazam
com o excesso de líquido tecidual, uma condição
lentamente, porém de modo permanente, dos capilares
chamada edema. (MARIEB, 7ª ed.)
sanguíneos para o líquido tecidual circundante. Os vasos
A principal diferença entre o líquido intersticial e a linfa é a sua linfáticos devolvem essas proteínas para a corrente
localização: o líquido intersticial é encontrado entre as células, e a linfa sanguínea. (MARIEB, 7ª ed.)
está localizada nos vasos linfáticos e no tecido linfático. (TORTORA,
14ªed.)

@jumorbeck
2

As proteínas que saem do plasma sanguíneo não conseguem retornar livremente as paredes dos capilares para formar o líquido
ao sangue por difusão, porque o gradiente de concentração (alto nível intersticial, mas um volume maior de líquido sai dos
de proteínas no interior dos capilares sanguíneos, baixo nível fora) se
opõe a este movimento. (TORTORA, 14ª ed.)
capilares sanguíneos do que retorna a eles por
reabsorção. O excesso de líquido filtrado –
↠ As proteínas no sangue geram forças osmóticas que aproximadamente 3 l/dia – drena para os vasos linfáticos
são essenciais para manter a água na corrente sanguínea. e se torna a linfa. (TORTORA, 14ª ed.)
Se essas proteínas não fossem devolvidas para a
corrente sanguínea, logo se seguiria um efluxo maciço de ↠ A linfa é um liquido viscoso e transparente com
água do sangue para os tecidos, e o sistema composição semelhante à do plasma sanguíneo, diferindo
cardiovascular inteiro entraria em colapso por causa do apenas na concentração de proteínas que é mais baixa.
volume insuficiente. (MARIEB, 7ª ed.) Existe ainda uma grande concentração de leucócitos,
principalmente linfócitos, uma vez que o Sistema Linfático
↠ O sistema linfático representa a via acessória, por meio (SL) participa de forma ativa na resposta imunológica do
da qual o líquido pode fluir dos espaços intersticiais para o organismo (MARQUES; SILVA, 2020)
sangue. É importante notar que os linfáticos transportam
para fora dos espaços teciduais proteínas e grandes ↠ Sem a ajuda da força do batimento cardíaco, a linfa é
partículas, que não podem ser removidas por absorção impelida através dos vasos linfáticos por uma série de
direta pelos capilares sanguíneos. (GUYTON, 13ª ed.) mecanismos mais fracos:
➢ O inchaço dos músculos esqueléticos em
contração (BOMBA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO) e
as pulsações das artérias vizinhas comprimem os
vasos linfáticos, espremendo a linfa através deles.
(MARIEB, 7ª ed.)
➢ A túnica média muscular dos vasos linfáticos
contrai para ajudar a impelir a linfa. (MARIEB, 7ª
ed.)
➢ Os movimentos normais dos membros e do
tronco ajudam a manter o escoamento da linfa.
(MARIEB, 7ª ed.)
➢ O fluxo de linfa é também mantido pelas
alterações de pressão que ocorrem durante a
inspiração. A linfa flui da região abdominal, onde
a pressão é maior, para a região torácica, onde
ela é mais baixa. Quando as pressões se
↠ Como a linfa flui apenas na direção do coração, os invertem durante a expiração, as válvulas nos
vasos linfáticos formam um sistema de mão única em vez vasos linfáticos evitam o refluxo da linfa. Além
de um circuito completo. (MARIEB, 7ª ed.) disso, quando um vaso linfático se distende, o
músculo liso de suas paredes se contrai, o que
↠ Existem vasos de vários tamanhos (calibre) que ajuda a mover linfa de um segmento do vaso
coletam e transportam a linfa. Os vasos menores, os que para o seguinte (BOMBA RESPIRATÓRIA).
recebem primeiro a linfa, são os capilares linfáticos, que (TORTORA, 14ª ed.)
drenam em vasos (coletores) linfáticos ao longo dos quais
existem linfonodos dispersos. Os vasos linfáticos drenam ↠ Apesar desses mecanismos de propulsão, o
para os troncos linfáticos, eles se unem para formar os transporte da linfa é esporádico e lento, o que explica por
ductos linfáticos, que desembocam nas veias da raiz do que as pessoas que ficam muito tempo em pé no
pescoço. (MARIEB, 7ª ed.) trabalho podem desenvolver edema em volta dos
tornozelos no fim do expediente. (MARIEB, 7ª ed.)
Formação e transporte da linfa

↠ A maior parte dos componentes do plasma sanguíneo,


como nutrientes, gases e hormônios, atravessam

@jumorbeck
3

O edema geralmente desaparece se as pernas forem exercitadas, por maiores as aberturas entre as células para que mais líquido possa fluir
exemplo, ao caminhar para casa. O hábito nervoso, aparentemente para o capilar linfático. (TORTORA, 14ª ed.)
inútil, de as pessoas sacudirem as pernas enquanto estão sentadas
realiza, na verdade, a importante função de mover a linfa pelas pernas. ↠ Depois que esse líquido entra nos capilares linfáticos,
(MARIEB, 7ª ed.) ele passa a se chamar linfa. (MARIEB, 7ª ed.)
Sequência de fluxo de líquidos ↠ A linfa não pode vazar do capilar linfático porque o
refluxo força as abas da miniválvula simultaneamente.
Embora a alta permeabilidade dos capilares linfáticos
CAPILARES ESPAÇOS CAPILARES permita a absorção de grandes quantidades de líquido
INTERSTICIAIS
SANGUÍNEOS LINFÁTICOS
(SANGUE)
(LÍQUIDOS
INTERSTICIAIS) (LINFA)
tecidual e grandes moléculas proteicas, ela também
permite que quaisquer bactérias, vírus ou células
cancerosas no tecido conjuntivo frouxo entrem nesses
JUNÇÃO ENTRE AS DUCTOS VASOS
capilares com facilidade. Esses agentes patogênicos
VEIAS JUGULAR
INTERNA E LINFÁTICOS LINFÁTICOS podem percorrer todo o corpo através dos vasos
SUBCLÁVIA (SANGUE) (LINFA) (LINFA)
linfáticos. No entanto, essa ameaça é evitada em parte
pelos linfonodos que destroem a maioria dos patógenos
na linfa. (MARIEB, 7ª ed.)
Componentes do sistema linfático
↠ Os capilares linfáticos não existem nos ossos e dentes,
CAPILARES LINFÁTICOS na medula óssea e em todo o SNP, onde o excesso de
líquido tecidual é drenado através do tecido nervoso para
↠ Os capilares linfáticos, vasos altamente permeáveis
o líquido cerebrospinal. O líquido cerebrospinal devolve
que coletam o excesso de líquido tecidual, situam -se
esse líquido tecidual para o sangue no seio sagital superior.
perto dos capilares sanguíneos no tecido conjuntivo
(MARIEB, 7ª ed.)
frouxo. (MARIEB, 7ª ed.)
Entretanto, mesmo esses tecidos têm canais minúsculos, referidos
↠ Assim como os capilares sanguíneos, sua parede como pré-linfáticos, pelos quais o líquido intersticial pode fluir; esse
consiste em uma única camada de células endoteliais. líquido é, por fim, drenado para vasos linfáticos ou, no caso do encéfalo,
(MARIEB, 7ª ed.) para o líquido cerebrospinal e dele diretamente de volta ao sangue.
(GUYTON, 13ª ed.)
↠ Sua permeabilidade resulta da estrutura e organização
↠ Um conjunto de capilares linfáticos, chamados lácteos,
das células endoteliais: eles têm poucas junções
tem uma função exclusiva. Localizados nas vilosidades da
intercelulares e as margens das células adjacentes
mucosa do intestino delgado, eles absorvem a gordura
sobrepõem-se, formando miniválvulas de fácil abertura.
digerida pelo intestino, fazendo que a linfa drenada das
(MARIEB, 7ª ed.)
vísceras se torne leitosa (lacte = leite). Essa linfa gordurosa
chama-se quilo e, como toda linfa, é transportada para a
corrente sanguínea. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Os lipídios conferem à linfa drenada do intestino


delgado uma aparência branca cremosa. Em outros
lugares, a linfa é um líquido claro, amarelo pálido.
(TORTORA, 14ª ed.)
VASOS (COLETORES) LINFÁTICOS
↠ A partir dos capilares linfáticos, a linfa entra nos vasos
(coletores) linfáticos que acompanham os vasos
sanguíneos: em geral, os vasos linfáticos superficiais na
pele acompanham as veias superficiais, enquanto os vasos
Ligado aos capilares linfáticos estão os filamentos de ancoragem, que linfáticos profundos do tronco e das vísceras
contêm fibras elásticas. Eles se estendem para fora do capilar linfático, acompanham as artérias profundas. (MARIEB, 7ª ed.)
anexando as células endoteliais linfáticas aos tecidos circundantes.
Quando o excesso de líquido intersticial se acumula e causa edema do
tecido, os filamentos de ancoragem são puxados, tornando ainda

@jumorbeck
4

↠ Eles possuem as mesmas túnicas dos vasos ➢ Os linfonodos superficiais cervicais ao longo das veias
sanguíneos (túnica íntima, túnica média e túnica externa), jugulares e artérias carótidas recebem a linfa da cabeça e
pescoço. (MARIEB, 7ª ed.)
mas suas paredes sempre são muito mais finas. (MARIEB, ➢ Os linfonodos axilares na axila e os linfonodos inguinais na
7ª ed.) parte superior da coxa filtram a linfa dos membros
superiores e inferiores, respectivamente. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Para direcionar o escoamento da linfa, os vasos ➢ Os linfonodos no mediastino, como os linfonodos
linfáticos contêm mais válvulas do que as veias. Na base traqueobronquiais profundos, recebem a linfa das vísceras
de cada válvula, o vaso incha, formando uma bolsa na qual torácicas. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Os linfonodos profundos ao longo da parte abdominal da
a linfa é coletada e obriga a válvula a fechar. Por causa
aorta, chamados linfonodos aórticos, filtram a linfa da parede
dessas bolsas, cada vaso linfático se assemelha a um colar posterior do abdome. (MARIEB, 7ª ed.)
de contas. (MARIEB, 7ª ed.) ➢ Os linfonodos profundos ao longo das artérias ilíacas,
chamados linfonodos ilíacos, filtram a linfa dos órgãos
Essa aparência diferente, que caracteriza o tronco linfático maior e
pélvicos e dos membros inferiores. (MARIEB, 7ª ed.)
também os ductos linfáticos, permite que os médicos reconheçam os
vasos linfáticos nas imagens de raio X obtidas após esses vasos Um linfonodo é circundado por uma cápsula fibrosa de tecido
receberem injeção de corante radiopaco. Esse procedimento conjuntivo denso, da qual se estendem cordões fibrosos chamados
radiográfico chama-se linfangiografia (“imagem de vaso linfático”). trabéculas (“feixes”) para dentro do linfonodo, dividindo-o em
(MARIEB, 7ª ed.) compartimentos. (MARIEB, 7ª ed.)

LINFONODOS
↠ Os linfonodos, que removem os patógenos da linfa,
são órgãos em forma de feijão, situados ao longo dos
vasos linfáticos. (MARIEB, 7ª ed.)
O termo popular “glândulas linfáticas” não está correto, pois não se
trata de glândulas. (MARIEB, 7ª ed.)

Existem cerca de 500 linfonodos no corpo humano, com um diâmetro


que varia de 1 a 25 mm. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Grandes agrupamentos de linfonodos superficiais


estão situados nas regiões cervical, axilar e inguinal; os
linfonodos profundos são encontrados no tórax, abdome
e pelve. (MARIEB, 7ª ed.)

A linfa entra no aspecto convexo do nódulo através de vários vasos


linfáticos aferentes e sai pela região endentada no lado oposto, o hilo,
através dos vasos linfáticos eferentes. Dentro do nódulo, entre os
vasos aferentes e eferentes, a linfa infiltra através dos seios linfáticos
(seios subcapsular, cortical e medular). Esses grandes seios linfáticos
são distribuídos internamente por uma rede entrecruzada de fibras
reticulares, coberta por células endoteliais. Muitos macrófagos vivem
nessa rede fibrosa, consumindo patógenos e partículas estranhas na
linfa que escoa pelos seios. Como a maior parte da linfa passa por
vários linfonodos, normalmente ela não tem mais patógenos quando
sai do seu último linfonodo e entra nos troncos linfáticos em seu
caminho para as grandes veias do pescoço. (MARIEB, 7ª ed.)

Linfonodos intumescidos

Às vezes, os linfonodos são subjugados pelos mesmos agentes que


estão tentando destruir. Em um caso específico, quando grandes
quantidades de bactérias ou vírus invencíveis são aprisionadas pelos
nódulos, mas não são destruídas, esses nódulos aumentam de
tamanho, inflama e ficam muito sensíveis ao toque. Esses linfonodos

@jumorbeck
5

infectados chamam-se bubões. Na peste bubônica, os bubões são o superiores; eles também drenam a parte inferior do
sintoma mais óbvio. Em outro caso, as células cancerosas metastáticas pescoço e a parede superior do tórax. (MARIEB, 7ª ed.)
que entram nos vasos linfáticos e ficam aprisionadas nos linfonodos ➢ Troncos jugulares: localizado na base de cada veia jugular
locais continuam a se multiplicar ali. O fato de os linfonodos infiltrados interna, esse par de troncos drena a linfa da cabeça e
por células cancerosas serem intumescidos, porém não doloridos, pescoço. (MARIEB, 7ª ed.)
ajuda a distinguir os nódulos cancerosos daqueles infectados por
microrganismos (a dor resulta de inflamação e as células cancerosas DUCTOS LINFÁTICOS
não induzem a resposta inflamatória). Os linfonodos potencialmente
cancerosos podem ser localizados por palpação; quando um médico ↠ Os troncos linfáticos drenam em vasos linfáticos
examina uma paciente em busca de um câncer de mama procura maiores, os ductos linfáticos. Enquanto alguns indivíduos
linfonodos axilares intumescidos. Os médicos também podem localizar possuem dois ductos linfáticos, outros têm apenas um.
linfonodos cancerosos inchados utilizando TC ou RM. (MARIEB, 7ª ed.) (MARIEB, 7ª ed.)
TRONCOS LINFÁTICOS
➢ O ducto torácico está presente em todos os
↠ Após sair dos linfonodos, os vasos linfáticos convergem indivíduos. Sua parte mais inferior, localizada na
e formam os troncos linfáticos. Esses troncos drenam união dos troncos lombar e intestinal, é a cisterna
extensas áreas do corpo e são suficientemente grandes do quilo (“saco de quilo”), situada na altura dos
para serem encontrados numa dissecção. (MARIEB, 7ª ed.) corpos das vértebras L I e L II. A partir daí, o
ducto torácico assume trajeto ascendente,
anterior aos corpos das vértebras. Na parte
superior do tórax, ele volta-se para o lado
esquerdo e deságua na circulação venosa, na
junção da veia jugular interna esquerda com a
veia subclávia esquerda. O ducto torácico muitas
vezes une-se aos troncos jugular esquerdo,
subclávio ou broncomediastinal logo antes de se
juntar à circulação venosa. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Ducto linfático direito: o quadrante superior
direito do corpo é drenado pelos troncos jugular,
subclávio e broncomediastinal direitos. Em
aproximadamente 20% das pessoas, esses
ductos unem-se e formam um ducto linfático
direito curto. Quando presente, esse ducto
deságua nas veias do pescoço,
aproximadamente na junção das veias jugular
interna direita e subclávia direita. Com mais
frequência, os três troncos abrem-se de maneira
independente nas veias do pescoço. (MARIEB, 7ª
↠ Os cinco troncos linfáticos principais, do inferior para o ed.)
superior, são:
Tecidos linfáticos
➢ Troncos lombares: esse par de troncos, que se situa nos
lados da aorta, na parte inferior do abdome, recebe toda a ↠ O tecido linfático é um tipo especializado de tecido
linfa que drena dos membros inferiores, órgãos pélvicos e conjuntivo no qual grandes quantidades de linfócitos se
de uma parte da parede anterior do abdome. (MARIEB, 7ª reúnem para combater microrganismos invasores. Esse
ed.)
➢ Tronco intestinal: esse tronco ímpar, situado próximo à
tecido tem duas localizações gerais:
parede posterior do abdome na linha média, recebe linfa
➢ Nas membranas mucosas frequentemente infectadas
gordurosa (quilo) do estômago, intestinos e outros órgãos
dos tratos digestório, respiratório, urinário e
digestórios. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Troncos broncomediastinais: subindo pelos lados da reprodutor, onde se chama tecido linfático associado
traqueia, esse par de troncos coleta linfa das vísceras à mucosa ou MALT (do inglês mucosa associated
torácicas e da parede do tórax. (MARIEB, 7ª ed.) lymphoid tissue); (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Troncos subclávios: localizado perto da base do pescoço, ➢ Em todos os órgãos linfáticos, exceto no timo.
esse par de troncos recebe a linfa dos membros (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
6

folículo. As células B recém-produzidas migram para fora


do folículo e transformam-se em plasmócitos. (MARIEB,
7ª ed.)

Órgãos linfáticos

↠ Os órgãos linfáticos são agrupados em duas


categorias:
➢ Órgãos linfáticos primários, que são a medula
óssea e o timo e produzem linfócitos B e T,
respectivamente. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Órgãos linfáticos secundários, que são os
linfonodos, o baço e os agrupamentos de tecido
linfático associado à mucosa (MALT) que
formam as tonsilas, os nódulos linfáticos
agregados no intestino e o apêndice. Esses
órgãos armazenam linfócitos
imunocompetentes e linfócitos de memória,
coletando e destruindo microrganismos
infecciosos dentro do tecido linfático. (MARIEB,
7ª ed.)

↠ Além de servir como principal campo de batalha na


luta contra a infecção, o tecido linfático também é o lugar
onde os linfócitos se tornam ativados e onde é gerada a
maioria dos linfócitos efetores e de memória. (MARIEB, 7ª
ed.)

↠ O tecido linfático é um tecido conjuntivo reticular cuja


estrutura básica é uma rede de fibras reticulares
secretadas por células reticulares (fibroblastos). Dentro
dos espaços dessa rede residem muitos linfócitos T e B
que chegam continuamente, provenientes das vênulas
que passam por esse tecido. Os macrófagos na rede TIMO
fibrosa matam os microrganismos invasores por ↠ O timo bilobado situa-se na parte superior do tórax e
fagocitose e, junto às células dendríticas, ativam os na parte inferior do pescoço, imediatamente posterior ao
linfócitos vizinhos apresentando-lhes aos antígenos. esterno. (MARIEB, 7ª ed.)
(MARIEB, 7ª ed.)
↠ É o local em que os linfócitos imaturos se
↠ Evidentes dentro do tecido linfático encontram-se desenvolvem em linfócitos T. (MARIEB, 7ª ed.)
agrupamentos dispersos e esféricos de linfócitos
densamente empacotados, chamados folículos linfáticos ↠ Ele secreta hormônios tímicos como a timosina e a
ou nódulos linfáticos. Esses folículos exibem timopoietina, que fazem que os linfócitos T adquiram
frequentemente centros que adquirem coloração clara, imunocompetência. (MARIEB, 7ª ed.)
chamados centros germinativos, de linfócitos divididos.
↠ O timo atrofia ao longo do tempo, porém continua a
Cada folículo deriva da ativação de uma única célula B,
produzir células imunocompetentes durante a vida adulta
cuja proliferação rápida gera milhares de linfócitos no
em uma taxa reduzida. (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
7

LINFONODOS
↠ Os linfonodos são mais do que apenas filtros de linfa.
Os linfonodos são os órgãos onde os sistemas linfático e
imune se cruzam. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Entre os seios linfáticos encontram-se massas de


tecido linfático. À medida que a linfa infiltra pelos seios
linfáticos, alguns dos antígenos contidos vazam pelas
paredes do seio e entram no tecido linfático. A maioria
dos desafios antigênicos no corpo humano ocorre aqui
nos linfonodos, onde os antígenos não só encontram sua
destruição, mas também ativam os linfócitos B e T,
acrescentando-os ao valioso suprimento corporal de
linfócitos de memória que oferecem imunidade de longo
↠ O timo contém muitos lóbulos organizados como
prazo. (MARIEB, 7ª ed.)
pequenas flores em uma cabeça de couve-flor. Cada
lóbulo, por sua vez, contém um córtex e uma medula.
(MARIEB, 7ª ed.)

↠ O córtex adquire uma coloração escura, já que


consiste em linfócitos T que se dividem rapidamente e
que adquirem imunocompetência; a medula contém
menos linfócitos e cora em uma cor mais clara. Também
na medula se encontram os corpúsculos tímicos, que são
compostos de agrupamentos de células epiteliais. Os
corpúsculos tímicos agem no desenvolvimento das células ↠ Os linfonodos possuem duas regiões distintas em
T regulatórias, um tipo de linfócito T que evita as termos histológicos: um córtex externo (“casca externa”)
respostas autoimunes. (MARIEB, 7ª ed.) e uma medula (“média”) perto do hilo. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A estrutura tecidual do timo não é um tecido BAÇO
conjuntivo linfático verdadeiro. Como o timo surge como
↠ O baço, macio e rico em sangue, é o maior órgão
uma glândula do epitélio que reveste a faringe
linfático e seu tamanho varia bastante entre os indivíduos,
embrionária, sua estrutura tecidual básica consiste em
mas em média ele tem o tamanho de um punho. Esse
células epiteliais estreladas, em vez de fibras reticulares.
órgão ímpar, situado no quadrante superior esquerdo da
Essas células reticulares epiteliais secretam os hormônios
cavidade abdominal logo depois do estômago, tem a
tímicos que estimulam as células T a se tornarem
forma de uma água-viva e uma superfície anterior
imunocompetentes. (MARIEB, 7ª ed.)
côncava. (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
8

TONSILAS
↠ As tonsilas são intumescências da mucosa que reveste
a faringe. Existem quatro grupos de tonsilas:
➢ O par de tonsilas palatinas situa -se diretamente
posterior à boca e ao palato, na parede lateral
da faringe. Essas são as maiores tonsilas e as que
são infectadas e removidas com mais frequência
durante a infância, em um procedimento
cirúrgico chamado tonsilectomia. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ A tonsila lingual situa -se na superfície posterior
da língua. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ A tonsila faríngea (adenoides) situa -se no teto
↠ O baço tem duas grandes funções de limpeza
faríngeo. (MARIEB, 7ª ed.)
sanguínea: remoção dos antígenos transportados pelo
➢ A tonsila tubária situa-se posteriormente ao
sangue (sua função imune) e remoção e destruição de
ósteo faríngeo da tuba auditiva. (MARIEB, 7ª ed.)
células sanguíneas velhas ou defeituosas. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ É circundado por uma cápsula fibrosa a partir da qual


trabéculas se estendem para dentro. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ O parênquima do baço é formado por dois tipos


diferentes de tecido, chamados:
➢ A polpa branca é composta por tecido linfático,
que consiste principalmente em linfócitos e
macrófagos dispostos em torno de ramos da
artéria esplênica chamados de artérias centrais. ↠ Os quatro grupos de tonsilas são organizados em um
(TORTORA, 14ª ed.) anel em volta da entrada da faringe para reunir e remover
➢ A polpa vermelha é constituída por seios muitos patógenos que entram na faringe pelo ar inspirado
venosos cheios de sangue e cordões de tecido e pelo alimento deglutido. As tonsilas processam os
esplênico chamado cordões esplênicos ou antígenos e depois iniciam as respostas imunes. (MARIEB,
cordões de Billroth. Os cordões esplênicos são 7ª ed.)
constituídos por eritrócitos, macrófagos, ↠ Assim como todas as mucosas, as tonsilas consistem
linfócitos, plasmócitos e granulócitos. As veias em um epitélio sustentado por uma lâmina própria de
estão intimamente associadas à polpa vermelha. tecido conjuntivo. Nas tonsilas, a lâmina própria subjacente
(TORTORA, 14ª ed.) consiste em uma quantidade abundante de tecido linfático
associado à mucosa (MALT). (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
9

NÓDULOS LINFÁTICOS AGREGADOS E O APÊNDICE Mecanismos de combate ao linfedema


↠ Muitas bactérias habitam permanentemente o interior ↠ O linfedema é classificado como uma patologia crônica,
oco dos intestinos e infectam permanentemente as complexa, que se manifesta pelo aumento de volume de
paredes dos intestinos. Para combater esses invasores, o uma determinada região do corpo, causado por distúrbio
MALT é especialmente abundante no intestino. Na da circulação linfática. (NAGATA; MARQUES, 2015)
verdade, em duas partes do intestino o MALT é grande,
permanente e repleto de linfócitos. Essas estruturas são ↠ A etiologia e a fisiopatogenia do linfedema parecem
os nódulos linfáticos agregados e o apêndice. (MARIEB, 7ª ser multifatoriais e não entendidas completamente, visto
ed.) que outros fatores também contribuem para o seu
desenvolvimento. Esta patologia pode se desenvolver em
➢ Nódulos linfáticos agregados são agrupamentos qualquer tecido em que haja desequilíbrio entre o nível
de folículos linfáticos nas paredes da parte distal de filtração por capilares e drenagem linfática. (NAGATA;
(íleo) do intestino delgado. (MARIEB, 7ª ed.) MARQUES, 2015)
➢ O tecido linfático também é altamente
concentrado na parede do apêndice ↠ O número de linfonodos ressecados está diretamente
vermiforme, uma expansão tubular da primeira relacionado ao desenvolvimento do linfedema.. (CORDEIRO
parte (ceco) do intestino grosso. Cortes et. al., 2019)
histológicos revelam que o tecido linfático denso
↠ O linfedema é uma doença crônica, progressiva e
ocupa de maneira uniforme mais da metade da
geralmente incurável, o que reforça a importância de
espessura da parede do apêndice. (MARIEB, 7ª
intervenções precoces a fim de auxiliar essas mulheres a
ed.)
alcançar uma melhor qualidade de vida. Além disso, causa
↠ Além de destruir os microrganismos que os invadem, um incômodo físico e emocional para as mulheres
os nódulos linfáticos agregados e o apêndice colhem mastectomizadas, sendo que muitas delas experimentam
amostras de muitos antígenos diferentes de dentro do depressão e ansiedade. (CORDEIRO et. al., 2019)
tubo digestório e geram uma ampla gama de linfócitos de
↠ A população de mulheres que cursam com câncer de
memória para proteger o organismo. (MARIEB, 7ª ed.)
mama está predisposta a adquirir o linfedema. (NAGATA;
Os vasos linfáticos carreiam fluidos e proteína plasmática que tenham MARQUES, 2015)
extravasado para o espaço intersticial dos tecidos de volta para o
sistema cardiovascular, enquanto os órgãos linfoides - que incluem ↠ Em todo o mundo, cerca de 140 milhões de pessoas
medula óssea, timo, linfonodos, baço e tonsila - têm função de são portadoras de linfedema, sendo 20 milhões no pós-
produzir, manter e distribuir os linfócitos. (NAGATA; MARQUES, 2015) operatório de câncer de mama, representando 98% dos
TRANSTORNOS DOS VASOS LINFÁTICOS linfedemas de membros superiores. (NAGATA;
MARQUES, 2015)
Quilotórax (“quilo no tórax”) é o vazamento de linfa gordurosa (quilo)
do ducto torácico para a cavidade da pleura, no tórax, e é provocado
↠ Os fatores associados ao risco de desenvolvimento do
por laceração ou bloqueio do ducto torácico em decorrência de
trauma ou compressão no tórax provocados por um tumor vizinho. linfedema incluem dissecção axilar, obesidade, idade
Pode haver complicações resultantes (1) de grandes quantidades de avançada, radioterapia, agressividade cirúrgica, infecção e
linfa na cavidade da pleura comprimindo e colapsando os pulmões, (2) preexistência de insuficiência do sistema linfático.
problemas metabólicos causados pela perda de nutrientes gordurosos (NAGATA; MARQUES, 2015)
na circulação ou (3) redução do volume sanguíneo após a perda de
líquido da circulação. (MARIEB, 7ª ed.) ↠ Tendo o início insidioso em vários períodos após a
Linfangite é a inflamação de um vaso linfático. Assim como os grandes abordagem axilar e com progressão para condição visível
vasos sanguíneos, os vasos linfáticos são irrigados por sangue pelos e de comprometimento grave do membro, podendo
vasos dos vasos (vasa vasorum). Quando os vasos linfáticos estão variar de leve e pouco evidente no estágio inicial, a grave
infectados ou inflamados, esses vasos ficam congestionados com
em estágios avançados. (NAGATA; MARQUES, 2015)
sangue. Os vasos linfáticos superficiais tornam-se visíveis através da
pele como linhas vermelhas sensíveis ao toque. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A presença de comunicações linfovenosas
funcionantes em mulheres tratadas por câncer de mama
pode contribuir para prevenção de linfedema. (NAGATA;
MARQUES, 2015)

@jumorbeck
10

↠ Segundo a Sociedade Americana de Câncer e o ↠ De acordo a Sociedade Brasileira de Dermatologia


consenso da Sociedade Internacional de Linfologia a (2017): A drenagem linfática tem como objetivo aumentar
Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD) é o principal o volume da linfa a ser transportada pelos vasos e ductos
tratamento para linfedema. Este programa inclui linfáticos, por meio de manobras que imitem o
drenagem linfática manual, bandagens compressivas, bombeamento fisiológico. Ela tem influência direta no
cuidados com a pele, exercícios terapêuticos combinados aumento da oxigenação dos tecidos favorecendo a
e treinamento dos pacientes para autoaplicação das eliminação de toxinas e metabolitos, aumenta a absorção
técnicas. (NAGATA; MARQUES, 2015) de nutrientes por meio do trato digestório, aumenta a
quantidade de líquidos a ser eliminada e melhora as
↠ Devido à função de reabsorção de fluidos no espaço
condições de absorção intestinal, dentre outras funções.
intersticial (espaço entre os capilares sanguíneos e as
(MARQUES; SILVA, 2020)
células), o SL representa papel fundamental para o
equilíbrio hídrico. Qualquer disfunção na atividade desse ↠ A drenagem linfática tem o papel de agir sobre o
sistema pode acarretar em um acumulo de liquido no linfedema, evitando possíveis complicações e
tecido intersticial, resultando em edema. (MARQUES; restabelecendo a drenagem local normal no membro
SILVA, 2020) afetado. Porém, os melhores resultados aparecem quando
há intervenção precoce do profissional fisioterapeuta no
pós-operatório e, também, quando o tratamento tem
início ainda na fase pré-operatória. (CORDEIRO et. al., 2019)

↠ Todas as técnicas de DLM consistem na associação


de três categorias de manobras: captação, reabsorção e
evacuação da linfa. As manobras são realizadas com
pressões suaves, lentas, intermitentes e relaxantes,
dividem a drenagem linfática em duas leis: (MARQUES;
SILVA, 2020)

↠ As principais alterações fisiológicas envolvidas no 1- a drenagem linfática manual deve obedecer ao


processo de formação de edema são a integridade sentido do fluxo, pois se for realizada em sentido
vascular e o desequilíbrio das forças de Starling. contrário pode forçar a linfa Cintra as válvulas,
(MARQUES; SILVA, 2020) podendo danifica-las e, consequentemente,
destruir um ‘coração linfático’.
Vasos linfáticos e edema 2- os linfonodos constituem naturalmente barreiras
Uma região do corpo cujos vasos linfáticos tenham sido bloqueados limitantes e funcionam como filtros do sistema;
ou removidos fica inchada, com edema. O edema do braço costuma portanto são limitadores da velocidade de
vir após uma mastectomia (remoção de uma mama cancerosa) na drenagem. Deste modo, devemos obedecer a
qual os vasos e nódulos linfáticos que drenam o braço são removidos
da axila. O edema grave pode continuar por vários meses, até os vasos
capacidade de filtração dos linfonodos,
linfáticos crescerem novamente. (Os vasos linfáticos regeneram-se controlando a velocidade da drenagem e a
muito bem e podem crescer até mesmo no tecido cicatricial.) Como pressão exercida.
essa condição, chamada linfedema do braço, é muito desconfortável
e difícil de tratar, os cirurgiões que realizam as mastectomias ↠ Vale ressaltar que o corpo humano realiza de forma
atualmente são incentivados a abandonar o procedimento padrão, natural o processo de drenagem de líquidos, porém, em
agressivo, de remover todos os linfonodos axilares, para em vez disso, casos de patologias esse processo fica mais lento ou
remover apenas os nódulos para os quais o câncer provavelmente se
espalhou. (MARIEB, 7ª ed.)
defeituoso. Deste modo, a DL é um mecanismo que ajuda
o organismo a reestabelecer o equilíbrio através do
DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL estímulo no fluxo da linfa. (MARQUES; SILVA, 2020)
↠ Trata-se de uma técnica de massagem que visa Aspectos éticos no uso da imagem e voz de pacientes
estimular o correto funcionamento do SL, aumentando a
oxigenação tecidual e diminuído o edema causado por ↠ As pessoas, quando hospitalizadas, encontram-se em
acumulo de liquido. (MARQUES; SILVA, 2020) uma situação de extrema fragilidade, na qual, muitas

@jumorbeck
11

vezes, necessitam de cuidados que invadem sua AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
intimidade. (CAIRES et. al., 2015) SOBRE OS DIREITOS DE IMAGEM

A amostra do estudo foi constituída por enfermeiros, auxiliares e


↠ O uso do telefone celular com câmera fotográfica por técnicos de enfermagem, médicos residentes e fisioterapeutas, que
muitos profissionais da saúde tem facilitado a captura e a desempenhavam suas atividades no ambiente hospitalar. Aplicação de
reprodução de imagens dos pacientes no momento de questionário com 360 profissionais da saúde. (CAIRES et. al., 2015)
seu atendimento, principalmente dos pacientes com A maior parte dos participantes (81,3%) afirmou que presenciou algum
comprometimento do nível de consciência. (CAIRES et. al., outro profissional de saúde fazendo imagens de pacientes, dos quais
2015) 9,7% haviam presenciado uma vez, 23,3% de duas a quatro vezes,
48,3% mais de quatro vezes, 5,3% relataram não lembrar e 13,3%
↠ Assim, pode-se dizer que a imagem, enquanto um não presenciaram. (CAIRES et. al., 2015)
bem jurídico, torna-se facilmente violável em função da
Quando perguntado se o profissional já havia fotografado ou filmado
facilidade e da rapidez com que pode ocorrer sua pacientes no último ano, 57,8% afirmaram que sim, e 71,1% disseram
captação e transmissão. (BENEDICTO et. al., 2019) não ter fotografado ou filmado alguém inconsciente. Dentre os
profissionais que responderam afirmativamente sobre ter captado
↠ Especialmente neste início de milênio, têm sido imagens (n=147), a maioria relatou ter solicitado autorização verbal
percebidos abalos éticos quanto à privacidade e à (61,2%) e a minoria solicitou autorização escrita (10,9%). (CAIRES et. al.,
confidencialidade das informações, o que contraria os 2015)
preceitos dos códigos de ética profissionais, que possuem Dos 147 participantes que afirmaram ter feito imagens, 41,5% (n=61)
recomendações de normas para uma adequada atuação, usaram para apresentação de casos clínicos e estudos, 12,2% (n=18)
de modo a garantir a privacidade em diferentes contextos. mostraram para amigos e parentes fora do trabalho, e 0,7% (n=1)
publicou em redes sociais. (CAIRES et. al., 2015)
(BENEDICTO et. al., 2019)
Embora este estudo tenha verificado que os profissionais participantes
↠ O Código de Ética Médica, por exemplo, veda ao usaram autorização verbal, o processo de consentimento deve se dar
médico: fazer referência a casos clínicos identificáveis, de forma escrita. É importante ter provas documentais para apoiar a
exibir pacientes ou seus retratos em anúncios defesa jurídica, quando necessário. (CAIRES et. al., 2015)
profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em
meios de comunicação em geral, mesmo com
CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES SOBRE DIREITOS DE
autorização do paciente. (BENEDICTO et. al., 2019)
IMAGEM
↠ Problemas éticos envolvendo imagens do paciente Entre os 263 participantes, 51% (n=134) cursavam medicina e 49%
têm sido bastante discutidos, e repercutem nas (n=129), odontologia. (LEAL et. al., 2018)
legislações vigentes. Nessa esteira, o Conselho Federal de
Entre os estudantes que responderam positivamente sobre a captura
Medicina (CFM) alterou as normas de conduta profissional de imagens (n=115), a maior parte relatou ter solicitado autorização
em relação à imagem do paciente. Segundo a nova verbal (63%, n=72), e apenas 23% (n=26) pediram autorização escrita
Resolução CFM 2.126/2015, que reformula a de 2011, ou registraram a prática no prontuário, (10%, n=11). (LEAL et. al., 2018)
médicos não podem divulgar selfies em situações de Entre os principais motivos da captura de imagem em meio acadêmico
trabalho ou durante procedimentos, sobretudo para destacam-se: relato de caso (56%, n=64); discussão com colegas
comparar resultados de intervenções estéticas. LEAL et. (35%, n=40); e publicação de trabalhos em revistas ou congressos
al., 2018) (22%, n=25). Outros motivos incluem apresentação de seminários em
atividades acadêmicas (n=4) e recordação ou publicação em redes
sociais (n=8), totalizando 10%. (LEAL et. al., 2018)

Os resultados da presente pesquisa demonstraram que a maioria dos


estudantes (98,5%, n=259) estava ciente da relevância de preservar
a imagem do indivíduo. No entanto, muitos deles desconheciam a
importância de solicitar autorização escrita e a forma correta de fazê-
lo. Além disso, a maioria (73%, n=192) desconhecia a existência de
dispositivos legais e legislações específicas acerca do uso de imagens
do paciente. (LEAL et. al., 2018)

@jumorbeck
12

Referências:

NAGATA, Karoliny S.; MARQUES, Samara M. O efeito da


bandagem elástica funcional em linfedema pós
mastectomia. Trabalho de Conclusão de Curso, SP, 2015.
CORDEIRO et. al. Relação do linfedema e da fisioterapia na
qualidade de vida de pacientes com câncer de mama.
FisiSenectus, v.7, n.2, julho-dezembro, 2019.
MARQUES, T. M. L. S.; SILVA, A. G. Anatomia e fisiologia
do sistema linfático: processo de formação de edema e
técnica de drenagem linfática. Scire Salutis, v. 10, n. 1,
outubro 2019 – janeiro 2020, 2020.

CAIRES et. al. Conhecimento dos profissionais de saúde


sobre os direitos de imagem do paciente, 2015.
BENEDICTO et. al. Uso de imagens de pacientes em redes
sociais: como percebem e agem os fonoaudiólogos?
CoDAS, v. 31, n. 2, 2019.
MARIEB, Elaine. Anatomia humana. Tradução Lívia Cais,
Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2014.
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana
Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
LEAL et. al. O conhecimento dos estudantes sobre direito
de imagem do paciente. Revista Bioética, v. 26, n.4, Brasília,
2018

@jumorbeck
1

Produção de células sanguíneas Plaquetas

↠ As células sanguíneas são produzidas na medula óssea. ↠ As plaquetas são fragmentos de células, produzidos na
A hematopoiese a síntese de células sanguíneas, começa medula óssea, a partir de células enormes, chamadas de
no início do desenvolvimento embrionário e continua ao megacariócitos.
longo da vida de uma pessoa. (SILVERTHON, 7ªed.)

↠ As diferentes células sanguíneas são todas


descendentes de um único tipo de precursor celular,
denominado célula-tronco hematopoiética pluripotente.
(SILVERTHON, 7ªed.)

↠ Esse tipo de célula é encontrado primariamente na


medula óssea, um tecido mole que preenche o centro
oco dos ossos. As células-tronco pluripotentes possuem
a notável habilidade de desenvolver-se formando vários
tipos diferentes de célula. (SILVERTHON, 7ªed.)

↠ Quando se especializam, elas diminuem seus possíveis


destinos. Primeiramente, elas tornam-se células-tronco
não comprometidas e, em seguida, células progenitoras,
↠ Os megacariócitos desenvolvem seu formidável
que se comprometem a se desenvolverem em um ou,
tamanho por sofrerem replicação do DNA até sete vezes
talvez, dois tipos celulares. (SILVERTHON, 7ªed.)
sem sofrerem divisão nuclear ou citoplasmática. O
↠ As células progenitoras diferenciam-se em eritrócitos, resultado é uma célula poliploide com múltiplas cópias do
linfócitos, outros leucócitos e em megacariócitos, as seu DNA em seus núcleos lobulados. (SILVERTHON, 7ªed.)
células que dão origem às plaquetas. (SILVERTHON, 7ªed.)
↠ Os megacariócitos se fragmentam nas diminutas
plaquetas na medula óssea ou, de modo especial, no
momento em que se espremem pelos capilares.
Célula-tronco Célula-tronco Células
hematopoiética não progenitoras (GUYTON, 13ª ed.)
pluripotente comprometida comprometidas
↠ As plaquetas são menores do que os eritrócitos, sem
cor, e não possuem núcleo. Seu citoplasma contém
mitocôndria, retículo endoplasmático liso e numerosas
Plaquetas Megacariócito vesículas ligadas à membrana, chamadas de grânulos, que
são preenchidos com uma variedade de citocinas e
fatores de crescimento. (SILVERTHON, 7ªed.)

A TROMBOPOETINA REGULA A PRODUÇÃO DE PLAQUETAS ↠ As plaquetas têm muitas características funcionais de


células completas, apesar de não terem núcleos e nem
A trombopoetina (TPO) é uma glicoproteína que regula poderem se reproduzir. No citoplasma das plaquetas,
o crescimento e a maturação dos megacariócitos, as existem:
células progenitoras das plaquetas.
➢ Moléculas de actina e miosina que são proteínas
Lembre-se que trombócito (“células de coagulação”) é contráteis semelhantes às encontradas nas
um nome alternativo para plaqueta. células musculares, além de outra proteína
A TPO é produzida principalmente no fígado. contrátil, a trombostenina, que pode causar
contração das plaquetas; (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Resíduos do retículo endoplasmático e do
complexo de Golgi que sintetizam várias
enzimas e especialmente armazenam grande
quantidade de íons cálcio; (GUYTON, 13ª ed.)

@jumorbeck
2

➢ Mitocôndrias e sistemas enzimáticos capazes de ↠ As plaquetas estão sempre presentes no sangue e


formar trifosfato de adenosina (ATP) e difosfato sua vida útil comum é de cerca de 10 dias. (SILVERTHON,
de adenosina (ADP); (GUYTON, 13ª ed.) 7ªed.)
➢ Sistemas enzimáticos que sintetizam
prostaglandinas, ou por hormônios locais que ↠ O sangue normal contém 150.000 a 400.000
causam várias reações vasculares e outras plaquetas/µl.. (TORTORA, 14ª ed.)
reações teciduais locais; (GUYTON, 13ª ed.) ↠ As plaquetas são retiradas da circulação principalmente
➢ A proteína importante chamada fator por meio dos macrófagos. Mais da metade das plaquetas
estabilizador de fibrina, discutido adiante, em é removida pelos macrófagos no baço, enquanto o
relação à coagulação sanguínea; (GUYTON, 13ª sangue passa pelas trabéculas que formam malha
ed.) bastante fina. (GUYTON, 13ª ed.)
➢ O fator de crescimento que faz com que as
células do endotélio vascular, células da ↠ As plaquetas são mais bem conhecidas por seu papel
musculatura lisa vascular e fibroblastos se em ajudar a prevenir a perda de sangue, contudo,
multipliquem e cresçam, produzindo recentemente, cientistas têm demonstrado que elas
crescimento celular que, eventualmente, ajuda a também agem como células imunes e mediadores da
reparar as paredes vasculares lesadas. (GUYTON, resposta inflamatória. Elas, aparentemente, auxiliam o
13ª ed.) sistema imune a combater doenças infecciosas, como a
malária, e podem contribuir para o processo inflamatório
↠ Na superfície da membrana celular das plaquetas da aterosclerose. (SILVERTHON, 7ªed.)
existe uma camada de glicoproteínas que impede a
As plaquetas têm a forma disóide ou elipsóide e nelas se reconhecem três
aderência ao endotélio normal, enquanto favorece a zonas: (THEREZINHA, 4ª ed.)
aderência às áreas lesionadas da parede vascular
➢ Zona externa ou periférica: porção mais externa, na qual se
especialmente às células endoteliais e, ainda mais, a encontram antígenos, glicoproteínas e vários tipos de enzimas.
qualquer colágeno exposto na profundidade da parede do Condiciona a propriedade de adesão.
vaso. (GUYTON, 13ª ed.) ➢ Zona sol-gel ou citosol: contém proteínas arranjadas abaixo da
região submembranosa, denominadas microtúbulos (constituem
um aparelho de contração).
↠ A membrana plaquetária contém grande quantidade ➢ Zona de organelas: são encontrados vários tipos de estruturas,
de fosfolipídeos, que ativam múltiplos estágios do como por exemplo: corpos densos, grânulos, mitocôndrias.
processo de coagulação do sangue. (GUYTON, 13ª ed.)

Hemostasia

↠ O termo hemostasia significa prevenção de perda


sanguínea. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ É uma sequência de respostas que interrompe o


sangramento. (TORTORA, 14ª ed.)

A hemostasia é o processo de manter o sangue dentro


de um vaso sanguíneo danificado. O oposto de hemostasia
é hemorragia. (SILVERTHON, 7ªed.)

↠ Quando bem sucedida, a hemostasia evita hemorragia,


que consiste na perda de grande volume de sangue dos
vasos. Os mecanismos hemostáticos conseguem evitar a
hemorragia de vasos sanguíneos pequenos, porém as
hemorragias substanciais de vasos maiores demandam
intervenção médica. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Esse desafio é complicado pelo fato de que o sangue


no sistema está sob pressão. Se o “remendo” do reparo

@jumorbeck
3

for muito fraco, ele é rompido pela pressão sanguínea. Se o corte no vaso sanguíneo for muito pequeno - na
(SILVERTHON, 7ªed.) verdade, diversas rupturas vasculares muito pequenas se
desenvolvem em todo o corpo a cada dia - ele é, com
↠ Sempre que um vaso é seccionado ou rompido, é
frequência, selado pelo tampão plaquetário, em vez de
provocada hemostasia por meio de diversos mecanismos:
por coágulo sanguíneo. (GUYTON, 13ª ed.)
(GUYTON, 13ª ed.)
↠ O reparo plaquetário das aberturas vasculares
➢ Constrição vascular;
depende de várias funções importantes da própria
➢ Formação de tampão plaquetário;
plaqueta. (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Formação de coágulo sanguíneo, como
resultado da coagulação do sangue; ↠ Quando as plaquetas entram em contato com a
➢ Eventual crescimento de tecido fibroso no superfície vascular lesada, especialmente com as fibras de
coágulo para o fechamento permanente no colágeno da parede vascular, alteram rapidamente suas
orifício do vaso. características de forma drástica. (GUYTON, 13ª ed.)

Constrição vascular ➢ Começam a se dilatar;


➢ Assumem formas irregulares, com inúmeros
↠ Imediatamente após corte ou ruptura do vaso pseudópodos que se projetam de suas
sanguíneo, o trauma da própria parede vascular faz com superfícies;
que a musculatura lisa dessa parede se contraia, esse ➢ Suas proteínas contráteis se contraem
mecanismo reduz de forma instantânea o fluxo de intensamente, provocando a liberação de
sangue pelo vaso lesado. (GUYTON, 13ª ed.) grânulos que contêm vários fatores ativos;
O primeiro passo na hemostasia é a constrição imediata ➢ Esses fatores ficam pegajosos e aderem ao
dos vasos danificados, a fim de reduzir o fluxo sanguíneo colágeno dos tecidos e à proteína, chamada
e a pressão no vaso temporariamente. Se você aplicar fator de von Willebrand, que vaza do plasma para
pressão sobre um ferimento que está sangrando, você o tecido traumatizado;
também diminuirá o fluxo dentro do vaso danificado. ➢ Elas secretam grande quantidade de ADP, e suas
(SILVERTHON, 7ªed.) enzimas formam o tromboxano A2.;

↠ A contração resulta de: (GUYTON, 13ª ed.) O ADP e o tromboxano por sua vez atuam nas plaquetas
vizinhas, ativando-as; a superfície grudenta dessas
➢ Espasmo miogênico local: maior grau de plaquetas recém-ativadas faz com que sejam aderidas às
vasoconstrição, iniciada pela lesão direta da plaquetas originalmente ativadas. (GUYTON, 13ª ed.)
parede vascular;
➢ Fatores autacoides locais dos tecidos
As plaquetas
traumatizados e das plaquetas: para os vasos estendem
menores, as plaquetas são responsáveis por Adesão projeções Agregação Tampão
plaquetária Reação de plaquetária plaquetário
grande parte da vasoconstrição pela liberação liberação das
plaquetas
da substância vasoconstritora tromboxano A2.
➢ Reflexos nervosos: são desencadeados por
impulsos nervosos dolorosos ou por outros No local de qualquer punção da parede de vaso sanguíneo, a parede
impulsos sensoriais, originados no vaso vascular lesionada ativa número sucessivamente maior de plaquetas
traumatizado ou nos tecidos vizinhos. que atraem cada vez mais plaquetas, formando, assim, o tampão
plaquetário. (GUYTON, 13ª ed.)
↠ Quanto maior for a gravidade do trauma ao vaso,
maior será o grau do espasmo vascular. O espasmo pode ↠ Inicialmente, esse tampão fica solto, mas é usualmente
durar vários minutos ou mesmo horas, tempo no qual bem-sucedido ao bloquear a perda de sangue se a
ocorrem os processos de formação dos tampões abertura vascular for pequena. (GUYTON, 13ª ed.)
plaquetários e de coagulação do sangue. (GUYTON, 13ª ↠ Embora inicialmente o tampão plaquetário seja frouxo,
ed.) ele passa a ser bastante firme quando é reforçado por
Formação do tampão plaquetário filamentos de fibrina formados durante a coagulação.
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
4

↠ Cerca de 3 a 6 minutos, após a ruptura do vaso, toda


a abertura ou a extremidade aberta do vaso é ocupada
pelo coágulo se a abertura não for muito grande. Após
período de 20 minutos a 1 hora, o coágulo se retrai, o
que fecha ainda mais o vaso. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ O mecanismo de coagulação culmina na formação de


filamentos de fibrina. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Assim que o coágulo se forma ele pode seguir um


entre dois cursos: (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Pode ser invadido por fibroblastos,
subsequentemente, formando tecido conjuntivo
por todo o coágulo;
➢ Pode se dissolver.

↠ O curso usual para o coágulo formado em pequeno


orifício do vaso é a invasão por fibroblastos, começando
algumas horas após a formação do coágulo (que é
promovida, pelo menos em parte, pelo fator de
crescimento liberado pelas plaquetas). Essa invasão
continua até a completa organização do coágulo, em
tecido fibroso, no período de aproximadamente 1 a 2
semanas. (GUYTON, 13ª ed.)

Coágulo sanguíneo ↠ De modo inverso, quando quantidade excessiva de


sangue vazou para os tecidos e os coágulos teciduais
↠ O coágulo começa a se desenvolver, entre 15 e 20 ocorreram onde não eram necessários, substâncias
segundos, se o trauma à parede vascular for grave, e especiais no interior do próprio coágulo são usualmente
entre 1 e 2 minutos, se o trauma for pequeno. (GUYTON, ativadas. Essas substâncias atuam como enzimas para a
13ª ed.) dissolução do coágulo. (GUYTON, 13ª ed.)
↠ Substâncias ativadoras produzidas por parede vascular O corpo deve manter o equilíbrio adequado durante a
traumatizada, plaquetas e proteínas sanguíneas que se hemostasia. Pouca hemostasia permite sangramento
aderem à parede vascular traumatizada iniciam o excessivo; muita cria trombos, coágulos sanguíneos que
processo de coagulação. (GUYTON, 13ª ed.) aderem a paredes de vasos não danificados.
(SILVERTHON, 7ªed.)

@jumorbeck
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➢ Pela via extrínseca que começa com o trauma


da parede vascular e dos tecidos vizinhos;
Mecanismos da Coagulação Sanguínea ➢ Pela via intrínseca que começa no sangue.
↠ Mais de 50 substâncias importantes que causam ou ↠ Tanto na via extrínseca quanto na via intrínseca, série
afetam a coagulação do sangue foram encontradas no de diferentes proteínas plasmáticas, chamadas fatores da
sangue e nos tecidos — algumas que promovem a coagulação sanguínea, tem papel primordial. Em sua
coagulação, chamadas procoagulantes, e outras que maioria, esses fatores são formas inativas de enzimas
inibem a coagulação, chamadas anticoagulantes. proteolíticas. Quando convertidas a suas formas ativas,
(GUYTON, 13ª ed.) suas ações enzimáticas causam as sucessivas reações em
↠ A coagulação ou a não coagulação do sangue cascata do processo da coagulação. (GUYTON, 13ª ed.)
depende do balanço entre esses dois grupos de ↠ A maioria dos fatores de coagulação é identificada por
substâncias. (GUYTON, 13ª ed.) numerais romanos que indicam a ordem da sua
↠ Na corrente sanguínea normalmente predominam os descoberta (não necessariamente a ordem da sua
anticoagulantes, de modo que o sangue não coagula participação no processo de coagulação). (TORTORA, 14ª
enquanto está circulando pelos vasos sanguíneos. ed.)
Entretanto, quando o vaso é rompido, procoagulantes da ↠ Para indicar a forma ativada do fator uma letra
área da lesão tecidual são “ativados” e predominam sobre minúscula “a” é acrescentada ao algarismo romano, como
os anticoagulantes, com o consequente desenvolvimento o Fator VIIIa, para indicar o estado ativado do Fator VIII.
de coágulo. (GUYTON, 13ª ed.) (GUYTON, 13ª ed.)
↠ A coagulação consiste em uma cascata complexa de FATOR DA COAGULAÇÃO SINÔNIMO
reações enzimáticas na qual cada fator de coagulação Fibrinogênio Fator I
ativa várias moléculas do fator seguinte em uma
sequência fixa. Por fim, forma-se a proteína insolúvel Protrombina Fator II
fibrina. A coagulação pode ser dividida em três estágios: Fator tecidual Fator III; tromboplastina
(TORTORA, 14ª ed.) tecidual
Cálcio Fator IV
➢ Duas vias, chamadas de via extrínseca e
intrínseca, levam à formação de protrombinase. Fator V Proacelerina; fator lábil;
Uma vez formada a protrombinase, as etapas globulina Ac (Ac-G)
envolvidas nas duas fases seguintes da Fator VII Acelerador da conversão
coagulação são as mesmas tanto na via sérica da protrombina
(ACSP); proconvertina;
intrínseca quanto na extrínseca e, juntas, essas fator estável
duas fases são chamadas de via comum. Fator VIII Fator anti-hemofílico (FAH);
➢ A protrombinase converte a protrombina (uma globulina anti-hemofílica
proteína plasmática formada pelo fígado) na (GAH); fator anti-hemofílico
enzima trombina. A
Fator IX Componente da
➢ A trombina converte fibrinogênio solúvel (outra
tromboplastina plasmática
proteína plasmática formada pelo fígado) em (CTP); fator Christmas;
fibrina insolúvel. A fibrina forma os filamentos do fator anti-hemofílico B
coágulo. Fator X Fator Stuart; fator Stuart-
Prower
Iniciação da coagulação: formação do ativador da Fator XI Antecedente da
protrombina tromboplastina plasmática
(PTA); fator anti-hemofílico
↠ Considera-se, em geral, que o ativador da protrombina C
Fator XII Fator Hageman
seja formado por duas vias, mas na realidade essas duas
Fator XIII Fator estabilizador da fibrina
vias interagem constantemente entre si: (GUYTON, 13ª
ed.) Pré-calicreína Fator Fletcher

@jumorbeck
6

Cininogênio de alto peso Fator de Fitzgerald, que acelera ainda mais o processo. Note
molecular cininogênio de APM (alto especialmente que o efeito de feedback positivo
peso molecular) da trombina, atuando sobre o Fator V, acelera
todo o processo depois de seu
desencadeamento.
Via extrínseca para a iniciação da coagulação
RESUMO: uma proteína tecidual chamada de fator tecidual
↠ A via extrínseca para o desencadeamento da (FT), também conhecida como tromboplastina, passa
formação do ativador da protrombina começa com o para o sangue a partir de células do lado de fora dos
trauma da parede vascular ou com o trauma dos tecidos vasos sanguíneos (extrínsecas aos) e inicia a formação da
extravasculares que entram em contato com o sangue. protrombinase. O FT é uma mistura complexa de
(GUYTON, 13ª ed.) lipoproteínas e fosfolipídios liberada das superfícies de
células danificadas. Na presença de Ca2+, o FT começa
Essa condição leva às seguintes etapas: (GUYTON, 13ª ed.) uma sequência de reações que, por fim, ativa o fator de
➢ Liberação do fator tecidual: tecido traumatizado coagulação X. Uma vez ativado, o fator X se combina
libera complexo de diversos fatores, chamado com o fator V na presença de Ca2+ para formar a
fator tecidual ou tromboplastina tecidual. Esse enzima ativa protrombinase, completando a via extrínseca.
fator é composto, de modo especial, por
fosfolipídeos das membranas dos tecidos mais
complexo lipoproteico que atua, principalmente,
como enzima proteolítica.
➢ Ativação do Fator X — papel do Fator VII e do
fator tecidual.: complexo lipoproteico do fator
tecidual se combina com o Fator VII da
coagulação sanguínea e, em presença de íons
cálcio, atua enzimaticamente sobre o Fator X
para formar o Fator X ativado (Xa).
➢ Efeito do Fator X ativado (Xa) para formar o
ativador da protrombina — o papel do Fator V:
o Fator X ativado se combina, imediatamente,
com os fosfolipídeos teciduais que fazem parte
dos fatores teciduais, ou com fosfolipídeos
adicionais, liberados pelas plaquetas, além de com
o Fator V, para formar o complexo chamado
ativador da protrombina. Em alguns segundos,
em presença de Ca+2, a protrombina divide-se Via Intrínseca para a Iniciação da Coagulação
para formar a trombina, e o processo de
coagulação prossegue. De início, o Fator V no ↠ O segundo mecanismo para o desencadeamento da
complexo ativador da protrombina está inativo, formação do ativador da protrombina e, portanto, para o
mas assim que o processo de coagulação se início da coagulação, começa com o trauma ao próprio
inicia e a trombina começa a se formar a ação sangue ou a exposição do sangue ao colágeno da parede
proteolítica da trombina ativa o Fator V. Essa vascular traumatizada. (GUYTON, 13ª ed.)
ativação passa a ser potente acelerador adicional
da ativação da protrombina. Consequentemente, ↠ O processo continua por série de reações em cascata:
no complexo ativador da protrombina final, o (GUYTON, 13ª ed.)
Fator X ativado é a verdadeira protease ➢ O trauma sanguíneo causa: ativação do Fator XII
causadora da clivagem da protrombina para a e liberação dos fosfolipídeos das plaquetas. O
formação da trombina: o Fator V ativado acelera trauma ao sangue ou a exposição do sangue ao
enormemente essa atividade de protease, e os colágeno da parede vascular altera dois
fosfolipídeos das plaquetas atuam como veículo

@jumorbeck
7

importantes fatores da coagulação do sangue: o necessidade de dano tecidual externo. Se as células


Fator XII e as plaquetas. endoteliais se tornam rugosas ou são danificadas, o
sangue pode entrar em contato com as fibras de
Quando o Fator XII é afetado, tal como ao entrar em
colágeno no tecido conjuntivo ao redor do endotélio do
contato com o colágeno ou com superfície molhável,
vaso sanguíneo. Além disso, o trauma às células endoteliais
como o vidro, ele assume nova configuração molecular
causa danos às plaquetas, resultando na liberação
que o converte na enzima proteolítica chamada “Fator XII
plaquetária de fosfolipídios. O contato com as fibras de
ativado”. Simultaneamente, o trauma sanguíneo também
colágeno (ou com as paredes de vidro do tubo de coleta
lesa as plaquetas, devido à sua aderência ao colágeno ou
de sangue) ativa o fator de coagulação XII, que começa
à superfície molhável (ou por outros tipos de lesão),
uma sequência de reações que, por fim, ativa o fator de
acarretando a liberação de fosfolipídeos plaquetários que
coagulação X. Fosfolipídios plaquetários e Ca2+ também
contêm a lipoproteína chamada fator plaquetário 3 que
podem participar da ativação do fator X. Uma vez ativado,
também tem participação nas reações de coagulação
o fator X se combina com o fator V para formar a enzima
subsequentes. (GUYTON, 13ª ed.)
ativa protrombinase (assim como acontece na via
➢ Ativação do Fator XI.: o Fator XII ativado atua extrínseca), completando a via intrínseca. (TORTORA, 14ª
enzimaticamente sobre o Fator XI ativando-o ed.)
também, sendo essa a segunda etapa da via
intrínseca. Essa reação também necessita do
cininogênio de alto peso molecular (AAPM) e é
acelerada pela pré-calicreína.
➢ Ativação do Fator IX pelo Fator XI ativado: o
Fator XI ativado, então, atua enzimaticamente
sobre o Fator IX para provocar sua ativação.
➢ Ativação do Fator X — o papel do Fator VIII: o
Fator IX, atuando em conjunto com o Fator VIII
ativado e com os fosfolipídeos plaquetários e
com o Fator III das plaquetas traumatizadas, ativa
o Fator X. É claro que na falta do Fator VIII ou
das plaquetas essa etapa é deficiente.
O Fator VIII é o fator ausente na pessoa com hemofilia
clássica, motivo pelo qual ele é chamado fator anti-
hemofílico. As plaquetas constituem o fator ausente da
coagulação na doença hemorrágica chamada
trombocitopenia. (GUYTON, 13ª ed.)
➢ Ação do Fator X ativado na formação do
ativador da protrombina — o papel do Fator V: Papel dos Íons Cálcio nas Vias Intrínseca e Extrínseca
essa etapa, na via intrínseca, é a mesma etapa
Exceto pelas duas primeiras etapas da via intrínseca, os íons cálcio são
final da via extrínseca. Ou seja, o Fator X ativado
necessários para a promoção ou para a aceleração de todas as
se combina com o Fator V e com as plaquetas reações da coagulação sanguínea. Por consequência, na ausência de
ou com fosfolipídeos teciduais para formar o íons cálcio, a coagulação sanguínea não ocorre por qualquer das vias.
complexo ativador da protrombina. O ativador da (GUYTON, 13ª ed.)
protrombina, por sua vez, desencadeia, em
questão de segundos, a clivagem da
protrombina para formar trombina, iniciando a VIA INTRÍNSECA X VIA EXTRÍNSECA
etapa final do processo da coagulação. Diferença especialmente importante entre as vias extrínseca e
intrínseca é que a via extrínseca pode ser explosiva; uma vez iniciada,
RESUMO: A via intrínseca é assim chamada porque seus sua velocidade até a formação do coágulo final só é limitada pela
ativadores ou estão em contato direto com o sangue ou quantidade de fator tecidual liberado por tecidos traumatizados e
estão contidos no sangue (intrínsecos ao): não há quantidades dos Fatores X, VII e V no sangue. Com trauma tecidual
grave, a coagulação pode ocorrer em 15 segundos. A via intrínseca

@jumorbeck
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prossegue muito mais lentamente, em geral, necessitando de 1 a 6


minutos para causar a coagulação. (GUYTON, 13ª ed.)

O fator tecidual desencadeia a via extrínseca, enquanto o contato do


Fator XII e das plaquetas com o colágeno na parede vascular
desencadeia a via intrínseca. (GUYTON, 13ª ed.)

Conversão de protrombina em trombina

↠ Primeiro, o ativador da protrombina é formado como


resultado da ruptura de vaso sanguíneo ou da liberação
de substâncias especiais no sangue. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ Segundo, o ativador da protrombina, em presença de


quantidade suficiente de cálcio iônico (Ca++), causa a
conversão da protrombina em trombina. (GUYTON, 13ª Conversão do fibrinogênio em fibrina - formação do
ed.) coágulo
↠ Terceiro, a trombina provoca a polimerização das FIBRINOGÊNIO
moléculas de fibrinogênio em fibras de fibrina, em 10 a 15
segundos. (GUYTON, 13ª ed.) O fibrinogênio é uma proteína de alto peso molecular
(peso molecular = 340.000) que ocorre no plasma na
Assim, o fator limitador da coagulação sanguínea é usualmente a
formação do ativador da protrombina e não as reações subsequentes
concentração de 100 a 700 mg/dL, formada no fígado.
além desse ponto, pois essas etapas terminais normalmente ocorrem, (GUYTON, 13ª ed.)
com muita rapidez, para formar o coágulo. (GUYTON, 13ª ed.)
Devido a sua grande dimensão molecular, pouca
↠ As plaquetas têm também papel importante na quantidade de fibrinogênio normalmente sai dos vasos
conversão da protrombina em trombina, pois grande sanguíneos para os líquidos intersticiais e, como o
parte da protrombina se fixa, inicialmente, nos receptores fibrinogênio é um dos fatores essenciais do processo de
de protrombina, nas plaquetas já ligadas ao tecido lesado. coagulação, os líquidos intersticiais não coagulam.
(GUYTON, 13ª ed.) (GUYTON, 13ª ed.)

PROTROMBINA E TROMBINA. ↠ A trombina é enzima proteica com fracas capacidades


proteolíticas. Ela atua sobre o fibrinogênio, removendo
A protrombina é proteína plasmática, uma alfa 2-globulina, com peso
molecular de 68.700, presente no plasma normal na concentração de
quatro peptídeos de baixo peso molecular de cada
cerca de 15 mg/dL. Ela é proteína instável que pode se dividir molécula de fibrinogênio, formando molécula de
facilmente em compostos menores, um dos quais sendo a trombina, monômero de fibrina, com capacidade automática de se
com peso molecular de 33.700, quase a metade do peso da polimerizar com outros monômeros de fibrina para
protrombina. (GUYTON, 13ª ed.)
formar fibras de fibrina. Portanto, muitas moléculas de
A protrombina é continuamente formada no fígado, e é utilizada de monômero de fibras se polimerizam em questão de
forma também contínua em todo o corpo para a coagulação segundos, em longas fibras de fibrina que constituem o
sanguínea. Se o fígado deixa de produzir a protrombina, dentro de 1
retículo do coágulo sanguíneo. (GUYTON, 13ª ed.)
dia a concentração plasmática de protrombina cai a ponto de não ser
suficiente para produzir a coagulação normal do sangue. (GUYTON, 13ª
↠ Nos estágios iniciais da polimerização, os monômeros
ed.)
de fibrina são mantidos unidos por fraca ligação de
A vitamina K é requerida pelo fígado para a ativação normal da hidrogênio não covalente, e as fibras recém-formadas
protrombina, bem como para a formação de alguns outros fatores de não têm ligações cruzadas entre si; por conseguinte, o
coagulação. Desse modo, a falta de vitamina K e a presença de doença
hepática que impeça a formação normal de protrombina podem
coágulo resultante é fraco e pode se romper com
diminuir o nível de protrombina a valores tão baixos que provoque em facilidade. (GUYTON, 13ª ed.)
aumento da tendência ao sangramento. (GUYTON, 13ª ed.)
↠ Entretanto, nos próximos segundos ocorre outro
processo que fortalece enormemente o retículo de
fibrina. Esse processo envolve a substância chamada fator

@jumorbeck
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estabilizador de fibrina, presente em pequena quantidade As plaquetas são necessárias para a retração do coágulo.
nas globulinas normais do plasma, mas que é liberada Assim, falha na retração do coágulo indica que o número
também pelas plaquetas retidas no coágulo. (GUYTON, 13ª de plaquetas no sangue circulante deve estar baixo.
ed.) (GUYTON, 13ª ed.)

↠ Antes de o fator estabilizador de fibrina ter efeito As plaquetas contribuem diretamente para a contração
sobre as fibras de fibrina, ele deve ser ativado. A mesma do coágulo pela ativação da trombostenina da actina e da
trombina que causa a formação de fibrina também ativa miosina plaquetárias, que são proteínas contráteis
o fator estabilizador da fibrina. Essa substância ativada atua causadoras de forte contração das espículas plaquetárias
como enzima para criar ligações covalentes entre presas à fibrina. Esse efeito também auxilia a compressão
número crescente de monômeros de fibrina, bem como da malha de fibrina até o volume menor. A contração é
ligações cruzadas entre as fibras adjacentes de fibrina, ativada e acelerada por trombina e íons cálcio, liberados
aumentando muito a força tridimensional da malha de dos reservatórios de cálcio nas mitocôndrias, no retículo
fibrina. (GUYTON, 13ª ed.) endoplasmático e no complexo de Golgi das plaquetas.
(GUYTON, 13ª ed.)
Com a retração do coágulo, as bordas da abertura do
vaso sanguíneo são tracionadas, contribuindo ainda mais
para a hemostasia. (GUYTON, 13ª ed.)

FEEDBACK POSITIVO DE FORMAÇÃO DO COÁGULO


Assim que o coágulo sanguíneo começa a se formar, ele
normalmente se estende, em questão de minutos, para
o sangue ao seu redor, ou seja, o coágulo, por si só,
desencadeia ciclo vicioso (feedback positivo) para
promover mais coagulação. (GUYTON, 13ª ed.)
Uma das causas mais importantes dessa promoção do
coágulo é que a ação proteolítica da trombina permitir
que ela atue sobre vários dos outros fatores da
COÁGULO SANGUÍNEO coagulação além do fibrinogênio. Por exemplo, a trombina
O coágulo é composto por malha de fibras de fibrinas tem efeito proteolítico direto sobre a própria
que cursam em todas as direções e que retêm células protrombina, tendendo a convertê-la em mais trombina,
sanguíneas, plaquetas e plasma. As fibras de fibrina e isso atua sobre alguns dos fatores da coagulação
também aderem às superfícies lesadas dos vasos responsáveis pela formação do ativador da protrombina.
sanguíneos; desse modo, o coágulo sanguíneo fica (GUYTON, 13ª ed.)
aderido a qualquer abertura vascular, impedindo a Assim que quantidade crítica de trombina é formada, o
continuação da perda de sangue. (GUYTON, 13ª ed.) feedback positivo se desenvolve, causando coagulação
sanguínea ainda maior e maior formação de trombina;
consequentemente, o coágulo sanguíneo continua a
RETRAÇÃO DO COÁGULO E EXPRESSÃO DE SORO crescer até que o vazamento de sangue seja
interrompido. (GUYTON, 13ª ed.)
Alguns minutos após a formação do coágulo, ele começa
a se contrair e usualmente expele grande parte do líquido Mesmo que a trombina exerça efeito de feedback
do coágulo em 20 a 60 minutos. O líquido eliminado é positivo na coagulação do sangue, a formação do coágulo
chamado soro porque todo o fibrinogênio e a maioria dos normalmente permanece restrita ao local do dano. Um
outros fatores de coagulação foi removida; dessa forma, coágulo não se estende além do local lesado na circulação
o soro difere do plasma. (GUYTON, 13ª ed.) geral, em parte porque a fibrina absorve trombina no
coágulo. Outro motivo para a formação localizada de

@jumorbeck
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coágulo é a dispersão de parte dos fatores de coagulação ↠ Após a lesão de um vaso sanguíneo e a consequente
pelo sangue, cujas concentrações não são altas o formação de coágulo, este deve ser removido para que
suficiente para promover a coagulação disseminada. o sangue possa recircular normalmente por esse local.
(TORTORA, 14ª ed.) (THEREZINHA, 4ª ed.)

Ativação dos fatores que participam da cascata de ↠ A dissolução da fibrina ai formada se faz ao mesmo
coagulação tempo em que o endotélio vascular se recompõe, pelo
processo denominado fibrinólise. A célula endotelial
↠ Agentes anticoagulantes e procoagulantes. participa dessa fibrinólise por meio da secreção de
(THEREZINHA, 4ª ed.) enzimas proteolíticas denominadas ativadores do
plasminogênio. (THEREZINHA, 4ª ed.)
Agentes anticoagulantes
↠ O plasminogênio constitui uma proenzima circulante
↠ O endotélio vascular tem papel ativo na manutenção que é transformada em plasmina, sendo esta que
das condições normais da hemostasia. As substâncias de promove a dissolução dos trombos. (THEREZINHA, 4ª ed.)
efeito anticoagulante sintetizadas pelas células endoteliais
são reconhecidas como de grande importância clínica. ↠ As células endoteliais secretam ativados do
(THEREZINHA, 4ª ed.) plasminogênio tipo t-PA(ativador tissular) e tipo u-PA
(uroquinase). (THEREZINHA, 4ª ed.)
↠ Com o auxílio delas o organismo procura evitar a
propagação da formação de coágulos na rede vascular, ↠ O próprio endotélio é capaz de controlar a síntese dos
localizando os fenômenos trombóticos. (THEREZINHA, 4ª ativadores referidos anteriormente por meio da síntese
ed.) de inibidores denominados PAIs (PAI – 1 e PAI – 2)
(THEREZINHA, 4ª ed.)
PROSTACICLINA (PGI2)
AÇÃO ANTICOAGULANTE DA SUPERFÍCIE ENDOTELIAL DOS
↠ É o principal produto derivado do metabolismo do
VASOS
ácido aracdônico na célula endotelial. (THEREZINHA, 4ª
ed.) ↠ Está ligada à presença de moléculas heparina símile na
luz dos vasos. A heparina se liga a uma substância inibidora
↠ Atua como potente vasodilatador e inibidor da da trombina, denominada antritrombina II, e esta ligação,
agregação plaquetária. Diminui a possibilidade de heparina-antitrombina III, facilita a reação entre a trombina
formação de trombos, especialmente nos vasos capilares. e a antitrombina, com formação de um complexo que
Nestes, a estase sanguínea constitui um agente que entra na circulação, sendo depois destruído pelo fígado.
favorece o aparecimento de trombos. (THEREZINHA, 4ª (THEREZINHA, 4ª ed.)
ed.)
↠ Por esse mecanismo, a trombina, que se forma toda
↠ Em condições normais, as células endoteliais liberam vez que as plaquetas se agregam junto a um ponto do
quantidades mínimas de PGI2. Quando elas são estimuladas endotélio lesado, tende a ser inibida, evitando assim a
por vários agentes, incluindo-se a trombina, há liberação formação do coágulo. Trata-se, pois, de mecanismos
de maiores quantidades de PGI2. opostos que atuam em condições normais, permitindo
↠ A PGI2. inibe a atividade do fator plaquetário 3 (FP3) e que o plug ou tampão hemostático se forme somente
bloqueia o aparecimento de receptores da membrana no local onde o endotélio está lesado, impedindo que se
plaquetária para o fibrinogênio e o fator de von Willebrand. forma nos pontos em que o mesmo se apresenta
íntegro. (THEREZINHA, 4ª ed.)
↠ As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) inibem a
produção de PGI2., enquanto as de alta densidade (HDL) TROMBOMODULINA
aumentam esta produção. Por isso, a tendencia à
↠ É uma proteína presente no endotélio vascular e que
formação de trombos nos indivíduos com alto teor de
tem afinidade elevada pela trombina, formando com esta
LDL.
o complexo trombomodulina-trombina. Desse modo, a
SUBSTÂNCIAS ATIVADORAS DO PLASMINOGÊNIO trombina perde virtualmente seu poder proteolítico.
(THEREZINHA, 4ª ed.)

@jumorbeck
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↠ Portanto, a trombomodulina tem uma ação ↠ As plaquetas também produzem o Vwf que fica
antitrombina ou anticoagulante. Entretanto, o papel da armazenado nas estruturas do citoplasma plaquetário
trombomodulina é mais complexo, pois ela atua também denominadas alfa-grânulos. (THEREZINHA, 4ª ed.)
ativando outra proteína presente no plasma, denominada
↠ Várias unidades de vWF se reúnem de modo
proteína C. (THEREZINHA, 4ª ed.)
complexo para formar os vários multímeros presentes
PROTEÍNA C no plasma. Considera-se que os grandes multímeros
sejam mais ativos ou eficientes do que os pequenos
↠ A proteína C se apresenta inativa no plasma, passando multímeros na hemostasia, pois teriam maior capacidade
à forma ativa sob influência da trombomodulina. de promoverem a adesão das plaquetas circulantes ao
(THEREZINHA, 4ª ed.) endotélio lesado. (THEREZINHA, 4ª ed.)
↠ A proteína C é uma fator vitamina-K-dependente com ↠ O vWF atua como verdadeira ponte, reagindo como
propriedade anticoagulante e seu papel na coagulação se receptores localizados tanto nas plaquetas como nas
manifesta após a formação do complexo trombina- estruturas do subendotélio. (THEREZINHA, 4ª ed.)
trombomodulina. (THEREZINHA, 4ª ed.)
FIBRONECTINA
↠ A ativação da proteína C causa inativação dos fatores
V e VIII da coagulação. (THEREZINHA, 4ª ed.) ↠ É uma glicoproteína presente no plasma e na
membrana basal da parede vascular. (THEREZINHA, 4ª
↠ A atividade anticoagulante da proteína C é aumentada ed.)
na presença de outra proteína, também do tipo da
vitamina-k-dependente, denominada proteína S. ↠ É sintetizada pelas células endoteliais, por fibroblastos
(THEREZINHA, 4ª ed.) e vários outros tipos de células. (THEREZINHA, 4ª ed.)

↠ A proteína C ativada tem ainda a propriedade de ↠ É encontrada em grandes concentrações nos alfa-
estimular a fibrinólise. Isso ocorre por existir um estímulo grânulos das plaquetas e atua facilitando a adesão de
para a síntese de ativadores do plasminogênio (PA) e plaquetas ao endotélio lesado, colaborando na formação
também por haver inibição direta para a formação de do coágulo. (THEREZINHA, 4ª ed.)
substâncias que são inibidoras da ativação do
plasminogênio (PA) (THEREZINHA, 4ª ed.) FATOR TISSULAR (TF)
↠ É também denominado fator III da coagulação ou
Agentes procoagulantes
tromboplastina. (THEREZINHA, 4ª ed.)
FATOR DE VON WILLEBRAND (vWF) ↠ É sintetizado em vários órgãos (cérebro, placenta,
↠ Trata-se de uma proteína que circula no plasma unida pulmão) e pelas células presentes nas camadas mais
ao fator VIII de atividade coagulante, fator anti-hemolítico profundas da parede vascular. (THEREZINHA, 4ª ed.)
ou fator VIII:C. (THEREZINHA, 4ª ed.) ↠ As células endoteliais produzem esse fator em
↠ Os dois fatores formam um complexo vWF-fator VIII:C, pequena quantidade. O aumento de sua produção parece
em que o vWF constitui a maior parte, sendo estar ligado a estímulo após lesão endotelial.
considerado, por isso, uma proteína transportadora do (THEREZINHA, 4ª ed.)
fator VIII. (THEREZINHA, 4ª ed.) ↠ O fator tissular ou tromboplastina tissular é considerado
↠ O vWF é sintetizado pelas células endoteliais da rede agora como o principal iniciador da coagulação. A sua
vascular comum e dos sinusóides hepáticos. liberação acontece a partir da lesão dos tecidos
(THEREZINHA, 4ª ed.) adjacentes ao vaso que libera o TF, o qual se liga ai fator
VII formando o complexo TF+FVIIa. Este complexo, na
↠ As células endoteliais sintetizam e polimerizam o vWF, presença de íons cálcio, promove ativação dos fatores IX
além de armazená-lo em estruturas denominadas corpos (IXa) e X (Xa) da coagulação. (THEREZINHA, 4ª ed.)
de Weibel-Palade. (THEREZINHA, 4ª ed.)

@jumorbeck
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SÍNTESE DE OUTROS FATORES COAGULANTES


↠ Outras substâncias de efeito coagulante são
sintetizadas pelas células do endotélio vascular, tais como
trombina, fator ativador de plaquetas (PAF), fator V e
inibidores da ativação do plasminogênio (PA).
(THEREZINHA, 4ª ed.)

Referências:

TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /


Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana
Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
LORENZI, Therezinha F. Hematologia Propedêutica e
Clínica, 4ª ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

@jumorbeck
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Aminoácidos apresentam uma variedade quase infinita de funções.


(LEHNINGNER, 7ª ed.)
↠ Proteínas são polímeros de aminoácidos, com cada
resíduo de aminoácido unido ao seu vizinho por um tipo ↠ As proteínas são as macromoléculas biológicas mais
específico de ligação covalente (o termo “resíduo” indica abundantes, estando presentes em todas as células e em
a perda de elementos de água quando um aminoácido é todas as partes das células. Além disso, há uma grande
unido a outro). (LEHNINGNER, 7ª ed.) diversidade de proteínas; milhares de tipos diferentes
podem ser encontrados em uma única célula.
↠ As proteínas podem ser degradadas (hidrolisadas) em (LEHNINGNER, 7ª ed.)
seus aminoácidos constituintes por vários métodos.
(LEHNINGNER, 7ª ed.) ↠ As proteínas são os instrumentos moleculares pelos
quais a informação genética é expressa. (LEHNINGNER, 7ª
OS AMINOÁCIDOS POSSUEM ALGUMAS CARATERÍSTICAS ed.)
ESTRUTURAIS EM COMUM
↠ As proteínas de cada organismo, desde a mais simples
↠ Todos os 20 tipos de aminoácidos comuns são α- das bactérias até os seres humanos, são construídas a
aminoácidos. Eles têm um grupo carboxila e um grupo partir do mesmo conjunto de 20 aminoácidos.
amino ligados ao mesmo átomo de carbono (o carbono (LEHNINGNER, 7ª ed.)
α). (LEHNINGNER, 7ª ed.)
↠ Para gerar uma determinada proteína, os aminoácidos
↠ Em todos os aminoácidos comuns, exceto na glicina, ligam-se de modo covalente em uma sequência linear
o carbono α está ligado a quatro grupos diferentes: um específica. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
grupo carboxila, um grupo amino, um grupo R e um
átomo de hidrogênio. (LEHNINGNER, 7ª ed.) ↠ Entre as proteínas, as enzimas são as que têm maior
variedade e especializações. Como catalisadoras de quase
Obs.: Na glicina, o grupo R é outro átomo de hidrogênio. (LEHNINGNER, todas as reações celulares. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
7ª ed.)
↠ Duas moléculas de aminoácidos podem ser ligadas por
ligação covalente por meio de uma ligação amida
substituída, denominada ligação peptídica, produzindo,
assim, um dipeptídeo. Essa ligação é formada pela
remoção de elementos de água (desidratação) do grupo
α-carboxila de um aminoácido e do grupo α-amino do
outro. (LEHNINGNER, 7ª ed.)

↠ A formação da ligação peptídica é um exemplo de


uma reação de condensação, uma classe comum de
reações nas células vivas. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
↠ O átomo de carbono α é, portanto, um centro quiral.
(LEHNINGNER, 7ª ed.)

↠ A polaridade dos grupos R varia amplamente, de apolar


e hidrofóbico (não hidrossolúvel) a altamente polar e
hidrofílico (hidrossolúvel). (LEHNINGNER, 7ª ed.)

Peptídeos e proteínas

↠ As proteínas são macromoléculas formadas pela união


sucessiva de aminoácidos, que são compostos originados ↠ Quando o número de aminoácidos que se ligam dessa
da ligação peptídica entre um grupo amino e um grupo maneira é pequeno, a estrutura é chamada de
carboxílico. (DUARTE, 2015) oligopeptídeo. (LEHNINGNER, 7ª ed.)

↠ As proteínas controlam praticamente todos os ↠ Quando o número de aminoácidos que se ligam for
processos que ocorrem em uma célula, e elas maior, o produto é chamado de polipeptídeo. As proteínas

@jumorbeck
2

podem ter milhares de resíduos de aminoácidos. ↠ O conhecimento da sequência de aminoácidos em


(LEHNINGNER, 7ª ed.) uma proteína pode dar ideias sobre sua estrutura
tridimensional e função, localização celular e evolução.
↠ Embora algumas vezes os termos “proteína” e
(LEHNINGNER, 7ª ed.)
“polipeptídeo” sejam usados de maneira intercambiável,
as moléculas chamadas de polipeptídeos têm massas Estrutura secundária
moleculares abaixo de 10.000, e as chamadas de proteínas
têm massas moleculares mais elevadas. (LEHNINGNER, 7ª ↠ O termo estrutura secundário refere-se a qualquer
ed.) segmento de uma cadeia polipeptídica e descreve o
arranjo espacial dos átomos na cadeia principal.
Algumas proteínas contêm, além dos aminoácidos, componentes (LEHNINGNER, 7ª ed.)
químicos permanentemente associados; elas são chamadas de
proteínas conjugadas. A parte de uma proteína conjugada que não é ↠ Existem alguns tipos de estruturas secundárias que
aminoácido normalmente é chamada de grupo prostético.
são particularmente estáveis e ocorrem extensamente
(LEHNINGNER, 7ª ed.)
em proteínas. As mais conhecidas são as α-hélices e as
Estrutura das proteínas conformações β. (LEHNINGNER, 7ª ed.)

A descrição de todas as ligações covalentes ligando resíduos de A estabilidade de uma α -hélice origina-se principalmente das ligações
aminoácidos em uma cadeia polipeptídica é a estrutura primária. O de hidrogênio formadas entre o oxigênio da carbonila da ligação
elemento mais importante da estrutura primária é a sequência de peptídica e o átomo de hidrogênio ligado ao nitrogênio da ligação
resíduos de aminoácidos. (LEHNINGNER, 7ª ed.) peptídica no quarto resíduo adiante na cadeia polipeptídica. (HARPER,
30ª ed.)
Uma mesma proteína pode adquirir também estruturas secundárias,
terciárias e até quaternárias. Isso ocorre como resultado de interações As conformações β organizam as cadeias polipeptídicas em forma de
intermoleculares entre partes de uma mesma proteína ou entre várias folhas. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
cadeias de proteína. A estrutura secundária geralmente é resultante
de ligações de hidrogênio que ocorrem entre o hidrogênio do grupo
-NH e o oxigênio do grupo C = O. Quando as estruturas secundárias
das proteínas se dobram sobre si mesmas, elas dão origem a uma
disposição espacial denominada de estrutura terciária. Já a estrutura
quaternária é a união de várias estruturas terciárias que assumem
formas espaciais bem definidas. (DUARTE, 2015)
Em proteínas globulares, que apresentam estrutura enovelada
compacta, alguns resíduos de aminoácidos estão em voltas ou alças
onde a cadeia polipeptídica inverte a direção. Esses são elementos
conectores que ligam estruturas sucessivas de α-hélices e
conformações β. (LEHNINGNER, 7ª ed.)

Estruturas terciária e quaternária

↠ O arranjo tridimensional total de todos os átomos de


uma proteína é chamado de estrutura terciária.
(LEHNINGNER, 7ª ed.)

Estrutura primária ↠ Algumas proteínas contêm duas ou mais cadeias


polipeptídicas distintas, ou subunidades, que podem ser
↠ Algumas observações simples ilustram a importância idênticas ou diferentes. O arranjo dessas subunidades
da estrutura primária, ou a sequência de aminoácidos de proteicas em complexos tridimensionais constitui a
uma proteína: (LEHNINGNER, 7ª ed.) estrutura quaternária. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
➢ Proteínas com funções diferentes sempre ↠ Considerando esses níveis mais altos de estrutura, é
possuem sequências de aminoácidos diferentes. conveniente separar dois grandes grupos nos quais
➢ Milhares de doenças genéticas humanas foram muitas proteínas podem ser classificadas: proteínas
rastreadas quanto à produção de proteínas fibrosas, com cadeias polipeptídicas arranjadas em longos
defeituosas. filamentos ou folhas, e proteínas globulares, com cadeias
polipeptídicas enoveladas em forma esférica ou globular.
(LEHNINGNER, 7ª ed.)

@jumorbeck
3

As proteínas fibrosas têm forma alongada e, diferentemente das A mioglobina contém uma única cadeia polipeptídica de 153 resíduos
globulares, são formadas pela associação de módulos repetitivos, de aminoácidos de sequência conhecida e um único grupo ferro-
possibilitando a construção de grandes estruturas. O componente protoporfirina, ou heme. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
fundamental das proteínas fibrosas são cadeias polipeptídicas muito
longas com estrutura secundária regular: α-hélice nas α-queratinas, O mesmo grupo heme encontrado na mioglobina é encontrado na
folha β pregueada nas β-queratinas e uma hélice característica no hemoglobina, a proteína ligadora de oxigênio dos eritrócitos.
colágeno. (MARZZOCO, 4ª ed.) O grupo heme é responsável pela coloração vermelha amarronzada
tanto da mioglobina quanto da hemoglobina. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
Proteínas globulares
A mioglobina é especialmente abundante nos músculos de mamíferos
↠ As proteínas globulares normalmente contêm vários mergulhadores. A estocagem e a distribuição do oxigênio pela
tipos de estruturas secundárias. (LEHNINGNER, 7ª ed.) mioglobina do músculo permitem que animais que mergulham
permaneçam submersos por um longo período. (LEHNINGNER, 7ª ed.)
↠ São solúveis em água. (DUARTE, 2015)
Eritrócitos
↠ A maioria das enzimas e das proteínas reguladoras são
proteínas globulares. (LEHNINGNER, 7ª ed.) ↠ Os eritrócitos (hemácias), ou células vermelhas do
sangue (RBC), são pequenas células transportadoras de
↠ Em uma proteína globular, segmentos diferentes das oxigênio com aproximadamente 7,5 µm de diâmetro.
cadeias polipeptídicas (ou de múltiplas cadeias (MARIEB, 7ª ed.)
polipeptídicas) se dobram uns sobre os outros, gerando
uma forma mais compacta do que a observada nas ↠ São as células mais numerosas no sangue. (MARIEB,
proteínas fibrosas. (LEHNINGNER, 7ª ed.) 7ª ed.)

↠ As proteínas globulares tem uma função dinâmica e ↠ Os eritrócitos têm a forma de discos bicôncavos —
incluem a maioria das enzimas, os anticorpos, muitos discos com centros rebaixados. (MARIEB, 7ª ed.)
hormônios e proteínas transportadoras, como a albumina
↠ A forma bicôncava dos eritrócitos é mantida por uma
sérica e hemoglobina. (DUARTE, 2015)
rede de proteínas periféricas na superfície interna da
↠ As proteínas globulares são formadas por cadeias membrana. plasmática. (MARIEB, 7ª ed.)
polipeptídicas que se dobram adquirindo a forma esférica
ou globular sendo estruturalmente mais complexas que
as demais proteínas, contem frequentemente, vários
tipos de estruturas secundárias, além de apresentarem
estrutura terciária. (DUARTE, 2015)

↠ Hemeproteínas são um grupo de proteínas


especializadas que contêm heme como grupo prostético
firmemente ligado. O papel do grupo heme é
determinado pelo ambiente criado pela estrutura
tridimensional da proteína. (BROWN, 7ª ed.)

↠ Na hemoglobina e na mioglobina, as duas


hemeproteínas mais abundantes em humanos, o grupo
heme serve para ligar, de forma reversível, o oxigênio
(O2). (BROWN, 7ª ed.)
MIOGLOBINA ↠ Os eritrócitos vivem de 100 a 120 dias, muito mais do
A mioglobina, uma hemeproteína presente no coração e no músculo que a maioria dos outros tipos de células sanguíneas, e
esquelético, funciona tanto como um reservatório quanto como um se originam na medula óssea vermelha, onde expelem
carreador de oxigênio que aumenta a velocidade de transporte de seu núcleo e suas organelas antes de entrarem na
oxigênio dentro da célula muscular. (BROWN, 7ª ed.) corrente sanguínea. (MARIEB, 7ª ed.)
Ela funciona tanto para a estocagem de oxigênio quanto para facilitar
a difusão do oxigênio nos tecidos musculares em contração.
↠ Os eritrócitos são circundados por uma membrana
(LEHNINGNER, 7ª ed.) plasmática, mas não possuem núcleos ou organelas. Seu

@jumorbeck
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citoplasma contém moléculas de hemoglobina, uma


proteína transportadora de oxigênio. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ A hemoglobina nos eritrócitos, além do oxigênio que


transporta, também leva 20% do dióxido de carbono
transportado pelo sangue. (MARIEB, 7ª ed.)

Hemoglobina

↠ É uma substância pigmentada e formada por duas


partes: (THEREZINHA, 4ª ed.)
➢ Porção que contém ferro, denominada heme;
➢ Porção proteica, denominada de globina.

FORMAÇÃO DA HEMOGLOBINA
↠ O ferro do heme chega à célula formadora de
hemoglobina ou eritroblasto ligado à sua proteína
transportadora – a siderofilina ou transferrina.
(THEREZINHA, 4ª ed.) FUNÇÕES E CARACTERÍSTICAS DA HEMOGLOBINA
↠ O complexo ferro-transferrina liga-se à membrana ↠ A hemoglobina tem duas funções essenciais:
celular por meio de seus receptores específicos. A transportar oxigênio e exercer um poderoso efeito
absorção desse complexo pelos eritoblastos se faz após tampão. (MARZZOCO, 4ª ed.)
a invaginação de pequena porção da membrana celular.
(THEREZINHA, 4ª ed.) ↠ A hemoglobina está presente nas hemácias, com
cerca de 270 milhões de moléculas por célula,
↠ O ferro intracitoplasmático entra na mitocôndria para equivalendo a aproximadamente 1/3 do seu peso.
que se processe a síntese do heme. Se houver ferro em (MARZZOCO, 4ª ed.)
excesso, este se deposita sob a forma de ferritina em
pequenos agregados semicristalinos no citoplasma. ↠ A hemoglobina é encontrada exclusivamente nos
(THEREZINHA, 4ª ed.) eritrócitos, e sua principal função é transportar oxigênio
(O2) dos pulmões até os capilares dos tecidos. (BROWN,
↠ A globina constitui a maior porção da molécula da 7ª ed.)
hemoglobina. Enquanto a síntese do heme se processa
na mitocôndria, a da globina se faz no ribossoma ↠ A hemoglobina predominante (mais de 95% do total)
citoplasmático. (THEREZINHA, 4ª ed.) nos seres humanos adultos (HbA) é formada por quatro
cadeias polipeptídicas, duas α (com 141 aminoácidos) (α1 e
↠ A formação da globina é comandada por genes das α2) e duas β (com 146 aminoácidos) (β1 e β2).
células eritroblásticas, existindo quatro diferentes genes (MARZZOCO, 4ª ed.)
capazes de comandar a síntese de quatro cadeias
polipeptídicas, que são: denominadas alfa(controlada pelo ↠ Na estrutura quaternária da hemoglobina, as ligações
gene alfa, localizado no cromossomo 16), beta, gama e não covalentes são muito mais numerosas entre
delta (controlada pelo gene beta, localizado no subunidades diferentes — α/β — do que entre
cromossomo 11). (THEREZINHA, 4ª ed.) subunidades iguais — α/α e β/β. (MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ O resultado desta associação desigual é uma molécula


tetramérica composta pela união de dois dímeros, α1 β1
e α2 β2. O contato entre os dois dímeros é estabelecido
nas interfaces designadas α1 β2 e α2 β1. (MARZZOCO,
4ª ed.)

@jumorbeck
5

e pode, ainda, ligar-se reversivelmente a uma molécula de


oxigênio (O2). As duas últimas ligações são
perpendiculares ao plano do anel e situam-se em lados
opostos do plano do heme. (MARZZOCO, 4ª ed.)
Ao sítio de ligação do ferro com oxigênio podem ligar-se outras
moléculas pequenas, como CO e H2S, com afinidade ainda maior que
o oxigênio, o que explica sua alta toxidez para organismos aeróbios.
(MARZZOCO, 4ª ed.)

A mioglobina pode ligar somente uma molécula de oxigênio (O 2),


porque contém apenas um grupo heme. A hemoglobina, em
contrapartida, pode ligar quatro moléculas de O2, uma a cada um de
seus quatro núcleos
heme. (BROWN, 7ª ed.)

↠ Uma molécula de hemoglobina totalmente oxigenada


contém quatro moléculas de O2 e é denominada oxi-
LIGAÇÃO DO OXIGÊNIO À HEMOGLOBINA hemoblobina (oxiHb ou HbO2), em contraposição à forma
↠ A hemoglobina é uma hemeproteína: cada uma de desprovida de oxigênio, chamada desoxi-hemoglobina
suas cadeias está associada a um grupo prostético heme. (desoxiHb ou Hb). (MARZZOCO, 4ª ed.)
(MARZZOCO, 4ª ed.) ↠ A ligação do oxigênio ao grupo heme altera a cor da
↠ O heme é uma molécula de porfirina contendo um íon hemoglobina, que passa de azulada (sangue venoso) a
de ferro, que, na mioglobina e na hemoglobina, vermelha (sangue arterial). (MARZZOCO, 4ª ed.)
permanece no estado ferroso, Fe2+. (MARZZOCO, 4ª ↠ As hemoglobinas oxigenada e desoxigenada têm
ed.) estruturas tão diferentes, que apresentam formas
As porfirinas consistem em um anel plano, resultante da fusão de cristalinas distintas. (MARZZOCO, 4ª ed.)
quatro núcleos pirrólicos, com substituintes variáveis, que caracterizam
seus subtipos; na hemoglobina é encontrado o isômero denominado ↠ A oxigenação da hemoglobina determina alterações
protoporfirina IX1. (MARZZOCO, 4ª ed.) estruturais sequenciais. Na desoxi-Hb, os íons de ferro
estão situados fora do plano do grupo heme e o anel
↠ O heme confere à hemoglobina, e ao sangue, sua cor
porfirínico é ligeiramente côncavo. Quando o oxigênio se
característica. (MARZZOCO, 4ª ed.)
liga ao heme de uma das subunidades, o ferro se desloca
↠ O grupo heme localiza-se dentro de uma cavidade para o plano do anel, que se torna mais achatado.
hidrofóbica, delimitada sobretudo por aminoácidos (MARZZOCO, 4ª ed.)
apolares, que estabelecem interações hidrofóbicas com o
anel porfirínico. Este ambiente apolar torna possível a
ligação do oxigênio ao ferro (Fe2+), sem que ele seja
oxidado ao estado férrico (Fe3+). (MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ O íon de ferro fica no centro do grupo heme,


formando seis ligações: com os quatro átomos de
nitrogênio do anel porfirínico, com a cadeia polipeptídica

@jumorbeck
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A HEMOGLOBINA LIGA-SE AO OXIGÊNIO COOPERATIVAMENTE ↠ O efeito do BPG manifesta-se em baixas pressões de


A ligação do oxigênio implica rearranjos moleculares sucessivos, já que
oxigênio, sendo suplantado por pressões elevadas de
a mudança de conformação de uma subunidade acarreta alteração oxigênio, nas quais prevalece a oxi-Hb. (MARZZOCO, 4ª
das outras. Estes movimentos coordenados determinam a cinética de ed.)
oxigenação da hemoglobina: a ligação da primeira molécula de oxigênio
facilita o preenchimento dos outros grupos heme. As sucessivas ↠ Nas condições de alta pO2 dos pulmões, a hemoglobina
conformações assumidas pela molécula de hemoglobina têm afinidades fica saturada com oxigênio, mesmo na presença de BPG,
crescentes pelo oxigênio: a ligação da quarta molécula é 300 vezes cujo papel fisiológico é aumentar substancialmente a
mais eficiente do que a ligação da primeira. A esse fenômeno dá-se o
nome de cooperatividade. (MARZZOCO, 4ª ed.)
liberação de oxigênio nos tecidos extrapulmonares, onde
a pO2 é baixa. (MARZZOCO, 4ª ed.)
FATORES QUE INTERFEREM NA LIGAÇÃO COM OXIGÊNIO
↠ O nível de BPG nas hemácias aumenta, de modo
↠ O aumento da temperatura, a presença de gradativo, em condições associadas com hipóxia tecidual
determinados compostos orgânicos fosforilados, o (oxigenação deficitária dos tecidos) prolongada, como:
aumento da pressão parcial de CO2 e a diminuição de comprometimento do sistema cardiorrespiratório, estado
pH são fatores que provocam a redução da afinidade da anêmico e permanência em grandes altitudes. Este
hemoglobina pelo oxigênio. (MARZZOCO, 4ª ed.) mecanismo adaptativo compensa a menor disponibilidade
de oxigênio existente nessas situações, com um aumento
2,3 bisfosfoglicerato (BPG)
na liberação do gás para os tecidos. (MARZZOCO, 4ª ed.)
↠ Composto que as hemácias possuem que diminui a ↠ As múltiplas subunidades da hemoglobina, uma
afinidade da hemoglobina por oxigênio. (MARZZOCO, 4ª proteína tetramérica de hemácias, interagem de forma
ed.) cooperativa, o que possibilita a esse transportador
↠ O BPG liga-se fortemente à desoxiHb, que apresenta descarregar uma alta quantidade de O2 nos tecidos
a cavidade entre as subunidades β suficientemente periféricos enquanto mantém, ao mesmo tempo, a
grande para alojá-lo. Esta cavidade é circundada por capacidade de ligá-lo com eficiência nos pulmões.
cadeias laterais de aminoácidos carregadas positivamente, (HARPER, 30ª ed.)
que interagem com os grupos negativos do BPG. Na oxi- ↠ Além de entregar O2, a hemoglobina retira os resíduos
Hb, a cavidade é menor, o que dificulta a ligação do BPG. de produtos da respiração, CO2 e prótons, para o
A consequência é o predomínio da forma desoxigenada transporte e, finalmente, para a eliminação nos pulmões.
da hemoglobina, o que equivale a um decréscimo na sua (HARPER, 30ª ed.)
afinidade por oxigênio. (MARZZOCO, 4ª ed.)
pH: efeito Bohr

↠ A ligação do oxigênio à hemoglobina depende do pH.


(MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ A afinidade da hemoglobina pelo oxigênio varia com o


pH, mesmo dentro do estreito limite fisiológico de
variação do pH: é tanto menor quanto menor o pH.
(MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ A afinidade da hemoglobina por oxigênio também


diminui com acréscimos na pressão parcial de CO2 (pO2),
produzindo desvios da curva de saturação com oxigênio
para a direita, um resultado semelhante ao da diminuição
de pH. (MARZZOCO, 4ª ed.)

@jumorbeck
7

↠ A ocorrência destas duas reações consecutivas explica


por que um aumento na concentração de CO2 causa
uma diminuição do pH. Este aumento de acidez, associado
à baixa pO2 tecidual, faz com que a hemoglobina libere
O2 e capte H+, impedindo que ocorram grandes
variações de pH. O HCO3–, produzido nas hemácias,
difunde-se para o plasma e é transportado até os
pulmões. (MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ Cerca de 90% do CO2 produzido nas células são


transportados aos pulmões por este mecanismo; 5%
como carbamino-hemoglobina e 5% permanecem em
solução. (MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ Nos pulmões a situação inverte-se. A alta pO2 leva à


↠ Os íons H+, como acontece com o BPG, ligam-se oxigenação da hemoglobina e à dissociação de H+. O
preferencialmente à desoxi-Hb, que passa a constituir a HCO3– desloca-se do plasma para o interior das hemácias
forma predominante, o que corresponde a uma e combina-se com os H+, formando H2CO3, que é
diminuição na afinidade da hemoglobina por oxigênio. convertido em CO2 e H2O pela anidrase carbônica.
(MARZZOCO, 4ª ed.) (MARZZOCO, 4ª ed.)
↠ A influência do pH e da concentração de CO2 sobre ↠ O CO2 difunde-se das hemácias para o plasma, depois
a oxigenação da hemoglobina tem grande importância para os alvéolos pulmonares e é expirado. A liberação de
fisiológica, porque no nível dos tecidos a acentuada prótons pela hemoglobina corrige o valor de pH que, de
produção de CO2 pelo metabolismo e o decréscimo no outro modo, tenderia a aumentar pois, com a baixa pCO2
pH resultante estão sempre associados a uma maior alveolar, o CO2 é eliminado no ambiente, consumindo H+
demanda de oxigênio. (MARZZOCO, 4ª ed.) e HCO3-: (MARZZOCO, 4ª ed.)
↠ O efeito do pH e da pressão parcial de CO2 sobre a
união entre Hb e O2 é denominado efeito Bohr.
(MARZZOCO, 4ª ed.)
↠ Assim, a manutenção do pH fisiológico, imprescindível
Hemoglobina e o tamponamento do sangue
para o desempenho de qualquer função vital, é obtida
↠ O efeito Bohr revela o papel fundamental pela ação coordenada do sistema Hb/HbO2 e do sistema
desempenhado pela hemoglobina na manutenção do pH CO2/HCO3–. (MARZZOCO, 4ª ed.)
plasmático: à medida que a pO2 diminui e a concentração
de H+ aumenta, a hemoglobina libera O2 e capta H+.
(MARZZOCO, 4ª ed.)
↠ Quando a pO2 aumenta e a concentração de H+
diminui, ela se liga a O2 e libera H+. Estas são as condições
encontradas nos tecidos e nos alvéolos pulmonares,
respectivamente. (MARZZOCO, 4ª ed.)

↠ Nos capilares que irrigam os tecidos, o CO2 produzido


pelo metabolismo celular difunde-se até as hemácias,
onde é hidratado rapidamente em uma reação catalisada
pela anidrase carbônica, formando H2CO3. No pH do
sangue (7,4), o H2CO3 dissocia-se em HCO3– e H+:
(MARZZOCO, 4ª ed.)

@jumorbeck
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↠ Cada uma dessas proteínas transportadoras de


oxigênio é um tetrâmero, composto por dois
polipeptídeos de α-globina e dois polipeptídeos β-globina.
(BROWN, 7ª ed.)

↠ Certas hemoglobinas, como a HbF, são sintetizadas


normalmente apenas durante o desenvolvimento fetal,
enquanto outras, como a HbA2, são sintetizadas no
adulto, embora em baixos níveis quando comparadas com
a HbA. (BROWN, 7ª ed.)

↠A HbA também pode ser modificada pela adição


covalente de uma hexose (BROWN, 7ª ed.)

HEMOGLOBINA FETAL
↠ A hemoglobina fetal (HbF) tem uma cadeia
polipeptídica chamada γ (gama) em substituição à cada
cadeia β. A estrutura da HbF é, então, α2 γ2, em
contraposição à estrutura α2 β2 da HbA. (MARZZOCO,
4ª ed.)

↠ HbF tem maior afinidade por oxigênio que HbA: sua


LIGAÇÃO AO CO curva de saturação com oxigênio é deslocada para a
esquerda em relação à curva de saturação da HbA.
↠ O monóxido de carbono (CO) liga-se fortemente (mas Graças a esta propriedade, o feto pode obter oxigênio
reversivelmente) ao ferro da hemoglobina, formando do sangue da mãe, através da placenta - efetivamente,
carboxie-moglobina. Quando o monóxido de carbono se HbF é oxigenada à custa da HbA materna. (MARZZOCO,
liga a um ou mais dos quatro grupos heme, a hemoglobina 4ª ed.)
muda para a conformação R, de modo que os grupos
remanescentes se ligam ao O2 com alta afinidade. ↠ A diferença de afinidade por oxigênio entre HbF e
(BROWN, 7ª ed.) HbA é devida à força de ligação de
2,3bisfosfoglicerato(BPG) aos dois tipos de hemoglobina.
↠ Como resultado, a hemoglobina afetada é incapaz de Nas cadeias γ, um aminoácido com carga positiva foi
liberar o oxigênio para os tecidos. (BROWN, 7ª ed.) substituído por um polar sem carga. Ou seja, na molécula
Obs.: a afinidade da hemoglobina por CO é 220 vezes de HbF existe um par a menos de grupos positivos na
maior do que por O2. Consequentemente, mesmo cavidade onde se insere o BPG, que, por isto, liga-se mais
concentrações mínimas de monóxido de carbono no fracamente que na HbA. (MARZZOCO, 4ª ed.)
meio podem produzir concentrações tóxicas de carboxie- ↠ Como a concentração de BPG é igual nas hemácias
moglobina no sangue. (BROWN, 7ª ed.) da mãe e do feto, e a HbF liga-se menos eficientemente
Além do O2, do CO2 e do CO, outro gás, o óxido nítrico (NO), também ao BPG, a forma desoxigenada desta hemoglobina fica
é carregado pela hemoglobina. O NO é um potente vasodilatador. Ele menos estável e a sua afinidade por oxigênio aumenta: o
pode ser captado pelos eritrócitos ou deles liberado, modulando, assim, oxigênio flui da oxi-Hb da mãe para a desoxi-Hb do feto.
a disponibilidade de NO e influenciando o diâmetro dos vasos. (BROWN,
7ª ed.)
(MARZZOCO, 4ª ed.)

Tipos de Hemoglobina Hemoglobina A2

↠ É importante lembrar que a hemoglobina A humana ↠ A HbA2 é um componente menor da hemoglobina


(HbA) é apenas um membro de uma família de proteínas normal do adulto, surgindo inicialmente logo antes do
funcional e estruturalmente relacionadas, as hemoglobinas. nascimento e finalmente constituindo cerca de 2% da
(BROWN, 7ª ed.) hemoglobina total. É composta por duas cadeias de α-
globina e duas de γ-globina. (BROWN, 7ª ed.)

@jumorbeck
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Hemoglobina A1C ↠ A anemia falciforme é uma doença autossômica


recessiva. Ela ocorre em pessoas que herdaram dois
↠ Em condições fisiológicas, a HbA é vagarosamente genes mutantes (um de cada um dos genitores) que
glicada (condensada não enzimaticamente com uma codificam a síntese das cadeias β das moléculas de
hexose), sendo a extensão dessa glicação dependente da globina. (BROWN, 7ª ed.)
concentração plasmática da hexose. (BROWN, 7ª ed.)
↠ Um bebê não demonstra sintomas da doença até que
↠A forma mais abundante de hemoglobina glicada é uma quantidade suficiente de HbF tenha sido substituída
HbA1C. (BROWN, 7ª ed.) por HbS, de modo que possa ocorrer a alteração no
↠ Ela possui resíduos de glicose ligados formato dos eritrócitos, que passam a mostrar-se
predominantemente aos grupos NH2 das valinas N- falciformes. (BROWN, 7ª ed.)
terminais das cadeias de β -globina Quantidades ↠ A anemia falciforme caracteriza--se por episódios
aumentadas de HbA1c são encontradas nos eritrócitos de dolorosos (crises) que ocorrem durante toda a vida, por
pacientes com diabetes melito, pois a HbA desses uma anemia hemolítica crônica com hiperbilirrubinemia
pacientes está em contato com concentrações mais altas associada e pelo aumento da suscetibilidade a infecções,
de glicose durante os 120 dias de vida de seus eritrócitos. que começam, em geral, no início da infância. (BROWN,
(BROWN, 7ª ed.) 7ª ed.)
Obs.: A vida média de um eritrócito na anemia falciforme
é menor que 20 dias, comparada com os 120 dias para
eritrócitos normais; daí a anemia. (BROWN, 7ª ed.)

↠ Outros sintomas incluem síndrome aguda do peito,


acidentes vasculares cerebrais (AVC), disfunção esplênica
e renal e alterações ósseas devido à hiperplasia da medula
óssea. (BROWN, 7ª ed.)

↠ Há redução da expectativa de vida. (BROWN, 7ª ed.)

↠ Os heterozigotos, representando um em cada doze


afro-americanos, possuem um gene normal e um gene
falciforme. Os eritrócitos desses heterozigotos contêm
tanto HbS quanto HbA, e diz-se que esses indivíduos
apresentam traço de anemia falciforme. Eles
normalmente não apresentam sintomas clínicos (mas
podem apresentar, quando sob condições de exercício
físico intenso com desidratação) e podem ter uma
expectativa de vida normal. (BROWN, 7ª ed.)
↠ Substituição de aminoácidos nas cadeias da HbS. Uma
molécula de HbS contém duas cadeias de α -globina
normais e duas cadeias de β -globina mutantes (βS), nas
Anemia Falciforme (Doença da hemoglobina S) quais o ácido glutâmico da posição 6 é substituído pela
valina. (BROWN, 7ª ed.)
↠ Resulta da produção de hemoglobinas com sequências
alteradas de aminoácidos (hemoglobinopatias qualitativas).
(BROWN, 7ª ed.)

↠ A anemia falciforme, a mais comum das doenças


falciformes dos eritrócitos, é uma doença genética
causada pela substituição de um único nucleotídeo no
gene da cadeia da β -globina. (BROWN, 7ª ed.)

@jumorbeck
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Incidência da anemia falciforme e de outras doenças na


população negra

↠Até hoje, a exclusão social, condições socioeconômicas


e hereditariedade determinam as doenças e os agravos
em pessoas de cor de pele negra. (SANTOS, 2019)

↠ Segundo o Relatório Anual das Desigualdades Raciais


no Brasil, a população negra chega menos às atividades
de saúde. (SANTOS, 2019)
↠ A substituição de um resíduo de glutamato carregado ↠ A população negra compõe mais da metade dos
por uma valina apolar forma uma saliência na cadeia β a brasileiros. De acordo com o Instituto Brasileiro de
qual se associa de forma complementar com a cadeia β Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 54% da
de outra molécula de hemoglobina na célula. (BROWN, 7ª população do país se autodeclara negra.
ed.)
↠ A anemia falciforme é a doença hereditária do sangue
↠ Em condições de baixa pressão de oxigênio, a mais comum nos Estados Unidos, afetando cerca de
desoxiemoglobina S polimeriza dentro dos eritrócitos, 50.000 norte-americanos. (BROWN, 7ª ed.)
formando uma rede de polímeros fibrosos insolúveis que
enrijece e distorce as células, produzindo eritrócitos ↠ Ela ocorre principalmente na população de afro-
rígidos e deformados. (BROWN, 7ª ed.) americanos, afetando 1 a cada 500 recém-nascidos afro-
americanos. (BROWN, 7ª ed.)
↠ Essas células falciformes frequentemente bloqueiam o
fluxo sanguíneo nos capilares de pequeno diâmetro. Essa ↠ A anemia falciforme (AF) é uma doença originária do
interrupção no suprimento de oxigênio leva à anóxia continente africano e foi trazida para o Brasil durante o
(privação de oxigênio) localizada no tecido, causando dor período da escravidão. É uma doença de caráter
e, por fim, a morte isquêmica (infarto) das células na genético causada pela mutação do gene da hemoglobina
vizinhança da área do bloqueio. (BROWN, 7ª ed.) beta, levando a produção de uma hemoglobina anormal,
denominada S (HbS). É uma das doenças hereditárias mais
Comparados aos eritrócitos normais, os eritrócitos falciformes
presentes na população brasileira, acometendo
apresentam uma capacidade reduzida de se deformarem e uma
tendência aumentada de aderência às paredes do vaso. Isso dificulta o principalmente pessoas negras e pardas, e em menor
movimento por meio dos vasos pequenos, causando então oclusão proporção, pessoas brancas. (OLIVEIRA, et. al., 2013)
microvascular. (BROWN, 7ª ed.)
↠ A anemia falciforme é muito frequente na população
O tratamento envolve adequada hidratação, analgésicos, do continente africano. Sua origem data de mais ou
antibioticoterapia agressiva (em caso de infecção) e transfusões em
pacientes que apresentem alto risco de oclusão fatal de vasos.
menos 30 mil anos atrás, quando da passagem do
(BROWN, 7ª ed.) nomadismo para o sedentarismo humano, e o principal
fator implicado no surgimento da mutação genética seria
a malária falciparum (o traço falciforme confere uma certa
resistência a essa doença, aumentando a possibilidade de
sobrevida durante a infância). A partir daí, com as
migrações populacionais frequentes naquele período, o
gene teria sido disseminado por todo o continente. Esse
teria sido o desenvolvimento dos haplótipos do continente
africano, que seria diferente da origem daqueles surgidos
no continente asiático. (OLIVEIRA, et. al., 2013)

↠ Geneticamente, existem cinco tipos de haplótipos de


interesse associados ao gene da hemoglobina S: Senegal,
Benin, Banto, Camarões e Árabe-Indiano, cada um
recebendo o nome da região ou grupo étnico em que é
mais prevalente. Cada um desses haplótipos tem

@jumorbeck
11

manifestações clínicas com níveis de gravidades NELSON, David. L.; COX, Michael. M. Princípios de
diferentes, sendo aqueles ligados ao Senegal e Árabe- Bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed: Grupo
Indiano mais benignas e o ligado ao Banto a forma mais A, 2018. 9788582715345. Disponível em:
grave. (OLIVEIRA, et. al., 2013) https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978858
2715345/. Acesso em: 29 set. 2021.
↠ Doenças prevalentes na população negra: (SANTOS,
2019) SANTOS et al. Doenças e agravos prevalentes na
população negra: revisão integrativa. Revista Nursing, v.22,
➢ Anemia falciforme: doença genética.;
n. 250, p. 2756-2758, 2019.
➢ Hipertensão Arterial Sistêmica: prevalência 2
vezes maior entre os afro-americanos – os OLIVEIRA et. al. Anemia falciforme: informações científicas
negros desenvolvem HAS em idades mais sobre uma doença que aflige a população negra e
precoces do que os brancos e detêm as taxas quilombola no Brasil. Revista Digital, Buenos Aires, v. 18,
mais elevadas de HAS severa; n.183, 2013.
➢ Diabetes Mellitus;
➢ Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA);
➢ Doença Renal Crônica: maior em negros, com
prevalência em indivíduos de baixa escolaridade.
➢ Vírus da Imunodegiciência Humana (HIV) e
Infecção Sexualmente Transmissível (IST):
maior ocorrência nos afrodescendentes;
➢ Câncer de Próstata: chance duas a três vezes
maior;
➢ Glaucoma: em função do aumento da
pigmentação nos olhos.
➢ Suicídio: não é uma doença em si, mas uma
consequência de alterações psicológicas. Em
2016, segundos dados do IBGE, os negros
representaram 55% dos adolescentes e jovens
que cometeram suicídio no Brasil, sendo os
homens negros o grupo de maior risco.

Referências

LORENZI, Therezinha F. Hematologia Propedêutica e


Clínica, 4ª ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MARIEB, Elaine. Anatomia humana. Tradução Lívia Cais,
Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2014.
MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo B. Bioquímica
Básica, 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
RODWELL et. al. Bioquímica Ilustrada de Harper, 30ª ed.
Porto Alegre: AMGH, 2017.
FERRIER, Denise. R. Bioquímica Ilustrada. Porto Alegre:
Artmed: Grupo A, 2019 9788582714867. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978858
2714867/. Acesso em: 29 set. 2021.

@jumorbeck
1

Sangue ↠ O volume de sangue varia de 5 a 6 l em um homem


adulto de porte mediano e de 4 a 5 l na mulher adulta
↠ O sangue transporta várias substâncias, ajuda a regular de porte mediano. A diferença de volume entre homens
diversos processos vitais e fornece proteção contra e mulheres é decorrente das diferenças de tamanho
doença. Apesar das semelhanças de origem, composição corporal. (TORTORA, 14ª ed.)
e funções, o sangue é único de pessoa para pessoa, assim
como a pele, os ossos e o cabelo. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ Vários hormônios regulados por feedback negativo
garantem que o volume de sangue e a pressão osmótica
↠ O sangue é um tecido conjuntivo líquido que consiste permaneçam relativamente constantes. Os hormônios
em células circundadas por matriz extracelular líquida. A aldosterona, hormônio antidiurético e peptídio natriurético
matriz extracelular é chamada de plasma sanguíneo e atrial (PNA) são especialmente importantes, pois regulam
suspende várias células e fragmentos celulares. o volume de água excretada na urina. (TORTORA, 14ª ed.)
(TORTORA, 14ª ed.)
Componentes do sangue
Funções do sangue
Quando uma amostra de sangue é agitada em uma centrífuga, os
↠ Transporte: sangue transporta oxigênio dos pulmões elementos figurados mais pesados são compactados pela força
para as células do corpo e dióxido de carbono das células centrífuga e o plasma menos denso permanece na parte superior do
tubo. (MARIEB, 7ª ed.)
corporais para os pulmões para que seja exalado. Além
disso, leva os nutrientes do sistema digestório para as A massa vermelha no fundo do tubo consiste em eritrócitos (ou
células corporais e hormônios das glândulas endócrinas hemácias), que são as células vermelhas do sangue que transportam
gases importantes, como o oxigênio e o dióxido de carbono. A
para outras células do corpo. (TORTORA, 14ª ed.)
porcentagem do volume sanguíneo que consiste em eritrócitos,
conhecida como hematócrito (“fração sanguínea”) é de, em média,
↠ Regulação: o sangue circulante ajuda a manter a
45%. Os valores normais do hematócrito variam. Nos homens
homeostasia de todos os líquidos corporais. (TORTORA, saudáveis, o hematócrito é de 47% ± 5%, enquanto nas mulheres
14ª ed.) saudáveis é de 42% ± 5%. Os valores tendem a ser ligeiramente mais
altos nos recém nascidos - entre 42% e 68%. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Proteção: o sangue é capaz de coagular (se tornar
parecido com um gel), propriedade que o protege contra Uma camada cinzenta delgada está presente na junção entre os
eritrócitos e o plasma. Essa camada contém leucócitos, que são as
perdas excessivas do sistema circulatório depois de uma “células brancas” que agem de várias maneiras para proteger o
lesão. Além disso, seus leucócitos protegem contra organismo, e as plaquetas (trombócitos), fragmentos celulares que
doença, realizando fagocitose. Diversos tipos de proteínas ajudam a estancar um sangramento. Os leucócitos e as plaquetas
sanguíneas, inclusive anticorpos, interferonas e constituem menos de 1% do volume sanguíneo, e o plasma
corresponde a 55% do sangue total. (MARIEB, 7ª ed.)
complemento auxiliam na proteção contra doença de
várias formas. (TORTORA, 14ª ed.)

Características físicas do sangue

↠ O sangue é mais denso e mais viscoso que a água,


além de ligeiramente pegajoso; (TORTORA, 14ª ed.)

↠ A temperatura do sangue é de 38°C, cerca de 1°C


mais elevada que a temperatura corporal oral ou retal, e
apresenta pH levemente alcalino, variando de 7,35 a 7,45.
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ A cor do sangue varia com o conteúdo de oxigênio.


Quando saturado com oxigênio, o sangue é vermelho
vivo. Quando insaturado de oxigênio é vermelho escuro.
(TORTORA, 14ª ed.) Plasma sanguíneo
↠ O sangue constitui cerca de 20% do líquido
↠ O plasma sanguíneo é um fluido viscoso cor de palha.
extracelular, contabilizando 8% da massa corporal total.
(TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
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↠ É composto 91,5% de água e 8,5% de solutos, cuja ➢ As plaquetas, são fragmentos celulares sem
maioria é (7% por peso) de proteínas. (TORTORA, 14ª núcleo. Entre outras ações, elas liberam
ed.) substâncias químicas que promovem a
coagulação do sangue nos casos de dano dos
↠ Embora consista em 90% de água, ele contém mais vasos sanguíneos.
de 100 tipos de moléculas diferentes, incluindo íons como
o sódio (Na+) e o cloro (Cl–); nutrientes como os açúcares ↠ Os leucócitos são as únicas células plenamente
simples, aminoácidos e lipídios; resíduos como a ureia, funcionais na circulação. Os eritrócitos perdem seus
amônia e dióxido de carbono; e oxigênio, hormônios e núcleos no momento em que entram na corrente
vitaminas. O plasma também contém três tipos principais circulatória, e as plaquetas, que também não possuem
de proteínas: (MARIEB, 7ª ed.) núcleo, são fragmentos celulares originados de uma
grande célula-mãe, chamada de megacariócito.
➢ Albumina: ajuda a evitar que a água se difunda
(SILVERTHON, 7ª ed.)
da corrente sanguínea para a matriz extracelular
dos tecidos. O percentual do volume de sangue total ocupado pelas hemácias é
➢ Globulinas: incluem anticorpos e proteínas chamado de hematócrito; o hematócrito de 40 indica que 40% do
volume de sangue são compostos por hemácias. O hematócrito
sanguíneas que transportam lipídios, ferro e normal de mulheres adultas varia de 38 a 46% (média = 42), enquanto
cobre. o de homens adultos varia entre 40 e 54% (média = 47). (TORTORA,
➢ Fibrinogênio: a proteína plasmática fibrinogênio 14ª ed.)
é uma das várias moléculas envolvidas em uma O hormônio testosterona, encontrado em concentração muito mais
série de reações químicas que efetuam a elevada nos homens do que nas mulheres, estimula a síntese de
coagulação sanguínea. eritropoetina (EPO), um hormônio que, por sua vez, estimula a
produção de hemácias. Dessa forma, a testosterona contribui para os
↠ Se o sangue for deixado em repouso, uma série de hematócritos mais altos nos homens. Valores mais baixos nas mulheres
reações no plasma, chamada de coagulação, produz um durante os anos férteis também podem ser decorrentes da perda
excessiva de sangue durante a menstruação. (TORTORA, 14ª ed.)
coágulo que enreda os elementos figurados e um fluido
claro chamado soro. Assim, o soro é o plasma do qual os Uma queda significativa no hematócrito indica anemia, que consiste em
fatores de coagulação foram removidos. (MARIEB, 7ª ed.) contagem de hemácias abaixo da normal. Na policitemia, o percentual
de hemácias está anormalmente elevado e o hematócrito pode ser
O plasma é idêntico em composição ao líquido intersticial, exceto pela de 65% ou mais, o que aumenta a viscosidade do sangue, acentua a
presença de proteínas plasmáticas. A presença de proteínas no plasma resistência ao fluxo e dificulta o bombeamento do sangue pelo
torna a pressão osmótica do sangue mais alta do que a do líquido coração. (TORTORA, 14ª ed.)
intersticial. Este gradiente osmótico tende a puxar a água do líquido
intersticial para os capilares e compensar a filtração dos capilares criada Formação das células sanguíneas
pela pressão do sangue. (SILVERTHON, 7ª ed.)
↠ O processo pelo qual os elementos figurados do
Elementos figurados sangue se desenvolvem é chamado de hemopoese,
↠ Os elementos figurados do sangue incluem três eritropoese ou hematopoese. (TORTORA, 14ª ed.)
componentes principais: (TORTORA, 14ª ed.) ↠ A hematopoiese é a síntese de células sanguíneas,
➢ As hemácias ou eritrócitos transportam oxigênio começa no início do desenvolvimento embrionário e
dos pulmões para as células corporais e dióxido continua ao longo da vida de uma pessoa. (SILVERTHON,
de carbono das células do corpo para os 7ª ed.)
pulmões. Por volta da terceira semana de desenvolvimento fetal, células
➢ Os leucócitos protegem o corpo de patógenos especializadas do saco vitelino do embrião formam aglomerados.
invasores e outras substâncias estranhas. Alguns desses aglomerados de células estão destinados a se tornarem
o revestimento endotelial dos vasos sanguíneos, ao passo que outros
Existem diversos tipos de leucócitos: neutrófilos, se tornam células sanguíneas. A origem embrionária comum do
basófilos, eosinófilos, monócitos e linfócitos. Os endotélio e das células sanguíneas talvez explique por que muitas
linfócitos são ainda subdivididos em linfócitos B citocinas que controlam a hematopoiese são liberadas pelo endotélio
(células B), linfócitos T (células T) e células vascular. (SILVERTHON, 7ª ed.)
exterminadoras naturais (natural killers, NK). Cada ↠ Antes do nascimento, a hemopoese ocorre
tipo de leucócito contribui da sua maneira para primeiramente no saco vitelino do embrião e, depois, no
os mecanismos de defesa do corpo. fígado, no baço, no timo e nos linfonodos do feto. A

@jumorbeck
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medula óssea vermelha se torna o principal local de formadoras de sangue da medula óssea vermelha vão
hemopoese nos últimos 3 meses da gravidez e continua para medula óssea amarela, que é repovoada por células-
sendo a fonte de células sanguíneas depois do tronco pluripotentes. (TORTORA, 14ª ed.)
nascimento e ao longo da vida. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ A medula óssea vermelha é um tecido conjuntivo


extremamente vascularizado localizado nos espaços
microscópicos entre as trabéculas do tecido ósseo
esponjoso. É encontrada principalmente nos ossos do
esqueleto axial, nos cíngulos dos membros superiores e
inferiores e nas epífises proximais do úmero e fêmur. De
0,05 a 0,1% das células da medula óssea vermelha são
chamadas de células-tronco pluripotentes ou
hemocitoblastos, que são derivadas do mesênquima
(tecido a partir do qual a maioria dos tecidos conjuntivos
evolui). Essas células são capazes de se desenvolver em ↠ A fim de formar células sanguíneas, as células-tronco
muitos tipos de células diferentes. (TORTORA, 14ª ed.) pluripotentes na medula óssea vermelha produzem mais
dois tipos de células-tronco, que possuem a capacidade
↠ Nos recém-nascidos, toda a medula óssea é vermelha de se desenvolver em vários tipos celulares. Essas células-
e, portanto, ativa na produção de células sanguíneas. Com tronco são chamadas de células-tronco mieloides e
o envelhecimento do indivíduo, a velocidade de formação células-tronco linfoides. (TORTORA, 14ª ed.)
de células sanguíneas diminui; a medula óssea vermelha
na cavidade medular dos ossos longos se torna inativa e ↠ As células-tronco mieloides começam o seu
é substituída por medula óssea amarela, formada desenvolvimento na medula óssea vermelha e dão
principalmente por células gordurosas. origem a hemácias, plaquetas, monócitos, neutrófilos,
eosinófilos, basófilos e mastócitos. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ As células-tronco linfoides, que dão origem aos


linfócitos, começam o seu desenvolvimento na medula
óssea vermelha, porém o completam nos tecidos
linfáticos. As células-tronco linfoides também originam as
células natural killer (NK). (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Durante a hemopoese, algumas das células-tronco


mieloides se diferenciam em células progenitoras. Outras
células-tronco mieloides e as células-tronco linfoides se
desenvolvem diretamente nas células precursoras.
(TORTORA, 14ª ed.)
As células progenitoras não são mais capazes de se reproduzir e estão
comprometidas a dar origem a elementos mais específicos do sangue.
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ Algumas células progenitoras são conhecidas como


unidades formadoras de colônia (UFC). Depois da
designação UFC vem a abreviação que indica os
elementos maduros no sangue que vão produzir:
(TORTORA, 14ª ed.)
➢ UFC-E produz eritrócitos (hemácias);
➢ UFC-Meg produz megacariócitos, a fonte das
↠ Em determinadas condições, como sangramentos plaquetas;
graves, a medula óssea amarela pode voltar a ser medula ➢ UFC-GM produz granulócitos (sobretudo
óssea vermelha; isso ocorre porque células-tronco neutrófilos) e monócitos.

@jumorbeck
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↠ Na geração seguinte, as células são chamadas de ↠ As hemácias não possuem núcleo e outras organelas
células precursoras, também conhecidas como blastos. e não podem se reproduzir nem realizar atividades
Depois de várias divisões, elas se desenvolvem nos metabólicas intensas. (TORTORA, 14ª ed.)
elementos figurados do sangue propriamente ditos. Por
↠ O citosol das hemácias contém moléculas de
exemplo, os monoblastos se tornam monócitos, os
hemoglobina; essas importantes moléculas são
mieloblastos eosinofílicos se tornam eosinófilos e assim
sintetizadas antes da perda do núcleo durante a fase de
por diante. (TORTORA, 14ª ed.)
produção da hemácia e constituem cerca de 33% do
↠ As células precursoras apresentam aparências peso da célula. (TORTORA, 14ª ed.)
microscópicas reconhecíveis. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A forma das hemácias pode variar muito conforme as
Vários hormônios chamados de fatores de crescimento células sejam espremidas ao passarem pelos capilares. De
hematopoéticos regulam a diferenciação e a proliferação de células fato, a hemácia é um “saco” que pode ser deformado,
progenitoras específicas. (TORTORA, 14ª ed.)
assumindo praticamente qualquer forma. (GUYTON &
➢ A eritropoetina (EPO) aumenta o número de células HALL, 13ª ed.)
precursoras de hemácias. A EPO é produzida
principalmente por células que se encontram entre os ↠ A membrana é mantida no lugar por um citoesqueleto
túbulos renais (células intersticiais peritubulares). Em caso de complexo, composto de filamentos unidos a proteínas
insuficiência renal, a liberação de EPO fica mais lenta e a
transmembrana de ancoramento. (SILVERTHON, 7ª ed.)
produção de hemácias inadequada, o que leva à diminuição
do hematócrito e da capacidade de levar oxigênio aos
tecidos corporais.
➢ A trombopoetina (TPO) é um hormônio produzido pelo
fígado que estimula a formação de plaquetas a partir dos
megacariócitos.
➢ Várias citocinas diferentes regulam o desenvolvimento de
tipos distintos de células sanguíneas. Citocinas são pequenas
glicoproteínas tipicamente produzidas por células como as
da medula óssea vermelha, leucócitos, macrófagos,
fibroblastos e células endoteliais. Em geral, atuam como
hormônios locais (autócrinos ou parácrinos). As citocinas
estimulam a proliferação de células progenitoras na medula
óssea vermelha e regulam as atividades de células
envolvidas nas defesas inespecíficas (como fagócitos) e ↠ A estrutura em forma de disco dos eritrócitos também
respostas imunes (como células B e T).
possibilita que eles modifiquem sua forma em resposta a
➢ Os fatores estimuladores de colônia (FEC) e as interleucinas
(IL) são duas importantes famílias de citocinas que mudanças osmóticas no sangue. Em um meio hipertônico,
estimulam a formação de leucócitos. os eritrócitos encolhem e desenvolvem uma superfície
pontiaguda quando a membrana é tracionada em direção
Hemácias (eritrócitos) ao citoesqueleto. Um eritrócito colocado em um meio
ligeiramente hipotônico, incha e forma uma esfera, sem
Forma e dimensões das hemácias
romper a integridade da sua membrana. (SILVERTHON,
↠ As hemácias normais são discos bicôncavos com 7ª ed.)
diâmetro médio de cerca dos 7,8 micrômetros e
espessura de 2,5 micrômetros, em sua área mais
espessa, e 1 micrômetro ou menos no centro. O volume
médio das hemácias é de 90 a 95 micrômetros cúbicos.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ As hemácias maduras apresentam uma estrutura


simples. Sua membrana plasmática é, ao mesmo tempo,
resistente e flexível, o que possibilita a deformação
eritrocitária sem ruptura quando as hemácias atravessam A célula normal tem excesso de membrana celular em relação à
capilares sanguíneos estreitos. (TORTORA, 14ª ed.) quantidade de material interno, a deformação, em termos relativos,
não distende muito a membrana e, consequentemente, não causa

@jumorbeck
5

ruptura da célula, como aconteceria com muitas outras células. continua a ser produzida na medula óssea dos ossos
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo.
No homem saudável, o número médio de hemácias por milímetro Mesmo nesses ossos, a medula passa a ser menos
cúbico é de 5.200.000 (±300.000); e, na mulher, é de 4.700.000 produtiva com o avanço da idade. (GUYTON & HALL, 13ª
(±300.000). As pessoas que vivem em grandes altitudes apresentam ed.)
número maior de hemácias. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Um adulto saudável do sexo masculino possui cerca


de 5,4 milhões de hemácias por microlitro (µl) de sangue*
e uma mulher adulta saudável possui cerca de 4,8 milhões.
(Uma gota de sangue contém cerca de 50 µ l.
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ Para manter a contagem normal de hemácias, novas


células maduras precisam entrar na circulação na
impressionante velocidade de, pelo menos, 2 milhões por
segundo, um ritmo que contrabalanceia a taxa igualmente
alta de destruição das hemácias. (TORTORA, 14ª ed.) GÊNESE DAS CÉLULAS SANGUÍNEAS:
↠ As hemácias iniciam suas vidas, na medula óssea, por
Funções das hemácias
meio de tipo único de célula referido como célula-tronco
↠ A principal função das hemácias, também conhecidas hematopoética pluripotente, da qual derivam todas as
como eritrócitos, consiste no transporte de hemoglobina, células do sangue circulante. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
que, por sua vez, leva oxigênio dos pulmões para os ↠ Pequena parcela permanece exatamente como as
tecidos. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) células pluripotentes originais, retidas na medula óssea
↠ As hemácias desempenham outras funções, como por como reserva, embora seu número diminua com a idade.
exemplo, contêm grande quantidade de anidrase (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
carbônica, enzima que catalisa a reação reversível entre
↠ Todavia, a maioria das células-tronco que se
o dióxido de carbono (CO2) e a água para formar ácido
reproduziram se diferencia formando outras células. As
carbônico (H2CO3), aumentando, por milhares de vezes, a
células em estágio intermediário são bastante parecidas
velocidade dessa reação. A rapidez dessa reação
com as células-tronco pluripotentes, apesar de já estarem
possibilita que a água do sangue transporte quantidade
comprometidas com uma linhagem particular de células,
enorme de CO2 na forma de íon bicarbonato (HCO3-),
referida como células-tronco comprometidas. (GUYTON
dos tecidos para os pulmões, onde é reconvertido em
& HALL, 13ª ed.)
CO2 e eliminado para a atmosfera como produto do
metabolismo corporal. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) ↠ A célula tronco comprometida produtora de hemácias
é referida como unidade formadora de colônia de
↠ A hemoglobina nas células é excelente tampão ácido eritrócitos e a sigla CFU-E (colony-forming unit
base (como é o caso da maioria das proteínas); devido a erythrocyte) é usada para designar esse tipo de célula-
isso, a hemácia é responsável pela maior parte da tronco. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
capacidade do tamponamento ácido-base de todo o
sangue. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) INDUTORES DE CRESCIMENTO E DE DIFERENCIAÇÃO
Produção das hemácias O crescimento e a reprodução das diferentes células-tronco são
controlados por múltiplas proteínas, denominadas indutores de
ÁREAS DO CORPO QUE PRODUZEM HEMÁCIAS: crescimento. Foram descritos pelo menos quatro indutores de
crescimento principais, cada um tendo características diferentes. Um
↠ A medula óssea de quase todos os ossos produz desses indutores, a interleucina-3, promove o crescimento e a
reprodução de praticamente todos os diferentes tipos de células-
hemácias até que a pessoa atinja a idade de 5 anos. A
tronco comprometidas, ao passo que os outros induzem o
medula óssea dos ossos longos, exceto pelas porções crescimento de apenas tipos específicos de células. (GUYTON & HALL,
proximais do úmero e da tíbia, fica muito gordurosa, 13ª ed.)
deixando de produzir hemácias aproximadamente aos 20
Os indutores de crescimento promovem o crescimento das células,
anos de idade. Após essa idade, a maioria das hemácias mas não sua diferenciação, que é a função de outro grupo de

@jumorbeck
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proteínas, denominado indutores de diferenciação. (GUYTON & HALL,


13ª ed.)

A formação dos indutores de crescimento e de diferenciação é, por


sua vez, controlada por fatores externos à medula óssea. Por exemplo,
no caso de hemácias (células da linhagem vermelha), a exposição do
sangue a baixas concentrações de oxigênio, por longo período, resulta
na indução do crescimento, da diferenciação e da produção de
número muito aumentado de hemácias. No caso de alguns leucócitos,
as doenças infecciosas causam crescimento, diferenciação e formação
final de tipos específicos de leucócitos necessários ao combate de
cada infecção. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

ESTÁGIOS DA DIFERENCIAÇÃO DAS HEMÁCIAS:


↠ A primeira célula que pode ser identificada como
pertencente à linhagem vermelha é o proeritroblasto. Na
presença de estimulação apropriada, grande número
dessas células é formado por células-tronco CFU-E..
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Uma vez formado o proeritroblasto, ele se divide por


diversas vezes, até por fim formar muitas hemácias
maduras. As células da primeira geração são denominadas
eritroblastos basófilos, por se corarem com substâncias
básicas; nesse estágio, a célula só acumula pequena
quantidade de hemoglobina. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Nas gerações sucessivas, as células ficam cheias com


hemoglobina, na concentração de cerca de 34%; o
núcleo se condensa até tamanho muito pequeno e seu
resíduo final é absorvido ou excretado pela célula. Ao
mesmo tempo, o retículo endoplasmático também é
reabsorvido. A célula nesse estágio é designada
reticulócito, por ainda conter pequena quantidade de
A ERITROPOETINA REGULA A PRODUÇÃO DAS HEMÁCIAS DO
material basofílico, consistindo em remanescentes do
SANGUE
aparelho de Golgi, das mitocôndrias e de algumas outras
organelas citoplasmáticas. Durante esse estágio de ↠ A massa total de células sanguíneas da linhagem
reticulócito, as células saem da medula óssea, entrando vermelha no sistema circulatório é regulada dentro de
nos capilares sanguíneos por diapedese (modificando sua limites estreitos, de modo que:
conformação para passar pelos poros das membranas
➢ um número adequado de hemácias sempre
capilares). (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
esteja disponível para o transporte adequado de
↠ O material basófilo remanescente do reticulócito, oxigênio dos pulmões para os tecidos;
normalmente, desaparece de 1 a 2 dias e, a partir daí, a ➢ as células não sejam tão numerosas a ponto de
célula passa a ser referida como hemácia madura. impedir o fluxo sanguíneo.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)

@jumorbeck
7

A MATURAÇÃO DAS HEMÁCIAS NECESSITA: VITAMINA B12


(CIANOCOBALAMINA) E ÁCIDO FÓLICO

Devido à contínua necessidade de reposição das hemácias, as células


eritropoéticas da medula óssea estão entre as células de mais rápido
crescimento e reprodução de todo o corpo. Assim, como seria de se
esperar, sua maturação e intensidade de produção são
acentuadamente afetadas pelo estado nutricional da pessoa. Duas
vitaminas, a vitamina B12 e o ácido fólico, são de grande importância
para a maturação final das células da linhagem vermelha. Ambas as
vitaminas são essenciais à síntese de DNA, visto que cada uma delas,
por modos diferentes, é necessária para a formação de trifosfato de
timidina, uma das unidades essenciais da produção do DNA. Por
conseguinte, a deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico resulta
em diminuição do DNA e, consequentemente, na falha da maturação
nuclear e da divisão celular. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

Não raro, bebês prematuros exibem anemia, em parte devido à


produção inadequada de eritropoetina. Durante as primeiras semanas
depois do nascimento, o fígado, e não os rins, produz a maior parte
da EPO. Uma vez que o fígado é menos sensível que os rins à hipoxia,
os recém-nascidos apresentam uma resposta menor da EPO à anemia
que os adultos. Visto que a hemoglobina fetal (hemoglobina presente
ao nascimento) carreia até 30% mais oxigênio, a perda de hemoglobina
fetal, devido à produção insuficiente de eritropoetina, piora a anemia.
(TORTORA, 14ª ed.)
OXIGENAÇÃO TECIDUAL É O REGULADOR MAIS ESSENCIAL DA PRODUÇÃO
DE HEMÁCIAS ↠. Embora as células maduras da linhagem vermelha não
As condições que causem diminuição da quantidade de oxigênio
tenham núcleo, mitocôndrias ou retículo endoplasmático,
transportado para os tecidos normalmente aumentam a intensidade da elas contêm enzimas citoplasmáticas capazes de
produção de hemácias. Assim, quando a pessoa fica extremamente metabolizar glicose e formar pequenas quantidades de
anêmica, como consequência de hemorragia ou de outra condição, a trifosfato de adenosina. Essas enzimas também mantêm
medula óssea, de imediato, inicia a produção de grande quantidade de
(1) a flexibilidade de sua membrana celular; (2) o transporte
hemácias. Além disso, a destruição de grandes porções de medula
óssea, em especial pela terapia por raios X, acarreta hiperplasia da de íons através da membrana; (3) o ferro das
medula óssea em uma tentativa de suprir a demanda por hemácias hemoglobinas na forma ferrosa, em vez de na forma
pelo organismo. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) férrica, além de (4) impedirem a oxidação das proteínas
Nas grandes altitudes, onde a quantidade de oxigênio no ar está presentes nas hemácias. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
bastante diminuída, o oxigênio é transportado para os tecidos em
quantidade insuficiente e ocorre aumento significativo da produção de Ciclo de vida das hemácias
hemácias. Nesse caso, não é a concentração de hemácias no sangue
que controla sua produção, mas, sim, a quantidade de oxigênio ↠ As hemácias vivem aproximadamente 120 dias devido
transportado para os tecidos, em relação à demanda tecidual por ao desgaste que suas membranas plasmáticas sofrem ao
oxigênio. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) atravessar os capilares sanguíneos. (TORTORA, 14ª ed.)
A ERITROPOETINA ESTIMULA A PRODUÇÃO DE HEMÁCIAS E SUA ↠ Como não têm núcleo e outras organelas, as hemácias
FORMAÇÃO AUMENTA EM RESPOSTA À HIPOXIA
não conseguem sintetizar novos componentes para
O principal estímulo para a produção de hemácias nos estados de repor os danificados. A membrana plasmática fica mais
baixa oxigenação é o hormônio circulante referido como eritropoetina, frágil com o avanço da idade e as hemácias mais
glicoproteína com peso molecular de cerca de 34.000. Na ausência de propensas a se romper, especialmente à medida que são
eritropoetina, a hipoxia tem pouco ou nenhum efeito sobre a
estimulação da produção eritrocitária. Entretanto, quando o sistema da comprimidas pelos canais estreitos no baço. (TORTORA,
eritropoetina está funcional, a hipoxia promove aumento importante 14ª ed.)
da produção de eritropoetina, e, por sua vez, a eritropoetina aumenta
a produção eritrocitária até o desaparecimento da hipoxia. (GUYTON ↠ Quando a membrana das hemácias fica frágil, a célula
& HALL, 13ª ed.) se rompe durante sua passagem por algum ponto
estreito da circulação. Muitas das hemácias se
autodestroem no baço, onde os espaços entre as
trabéculas estruturais da polpa vermelha, pelos quais deve

@jumorbeck
8

passar a maioria das hemácias medem apenas 3 10- A bilirrubina entra no sangue e é transportada
micrômetros de largura, em comparação ao diâmetro de para o fígado.
8 micrômetros das hemácias. Quando o baço é removido, 11- No fígado, a bilirrubina é liberada pelos
o número de hemácias anormais e de células senis hepatócitos na bile, passa para o intestino
circulantes no sangue aumenta consideravelmente. delgado e, depois, para o intestino grosso.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) 12- No intestino grosso, bactérias convertem
bilirrubina em urobilinogênio.
↠ As hemácias rompidas são removidas da circulação e
13- Parte do urobilinogênio é absorvida de volta ao
destruídas por macrófagos fagocíticos presentes no baço
sangue, convertida em um pigmento amarelo
e no fígado e os produtos da sua degradação são
chamado urobilina e excretado na urina.
reciclados e usados em vários processos metabólicos,
14- A maior parte do urobilinogênio é eliminada nas
inclusive formação de novas hemácias. (TORTORA, 14ª
fezes na forma de um pigmento marrom
ed.)
chamado de estercobilina, que confere às fezes
↠ A reciclagem ocorre da seguinte maneira: sua cor característica.

1- Os macrófagos no baço, no fígado ou na medula ↠ Normalmente, a eritropoese e a destruição de


óssea vermelha fagocitam hemácias rompidas hemácias quase se equivalem. (TORTORA, 14ª ed.)
ou gastas.
Leucócitos
2- As porções globina e heme da hemoglobina são
separadas. ↠ Os leucócitos, também chamados glóbulos brancos,
3- A globina é degradada em aminoácidos, que são as unidades móveis do sistema protetor do corpo.
podem ser reutilizados na síntese de outras Eles são formados, em parte, na medula óssea
proteínas. (granulócitos, monócitos e alguns linfócitos) e, em outra,
4- O ferro é removido da porção heme na forma no tecido linfático (linfócitos e plasmócitos). Após sua
de Fe3+, que se associa à proteína plasmática formação, eles são transportados pelo sangue para
transferrina, um transportador de Fe3+ na diversas partes do corpo, onde foram necessários.
corrente sanguínea. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
5- Nas fibras musculares, nos hepatócitos e nos
macrófagos do baço e do fígado, o Fe3+ se ↠ Os leucócitos possuem núcleos e um complemento
desliga da transferrina e se fixa a uma proteína total de outras organelas. (TORTORA, 14ª ed.)
que armazena ferro chamada ferritina. ↠ Os leucócitos são classificados como granulócitos ou
6- Ao ser liberado de um local de reserva ou agranulócitos, dependendo se contêm notáveis grânulos
absorvido do sistema digestório, o Fe3+ se fixa citoplasmáticos cheios de substâncias químicas (vesículas)
novamente à transferrina. que se tornam visíveis com coloração quando visualizados
7- O complexo Fe3+–transferrina é levado para a pelo microscópio óptico. (TORTORA, 14ª ed.)
medula óssea vermelha, onde as células
precursoras de hemácias os captam por meio ↠ Os leucócitos granulócitos englobam os neutrófilos, os
de endocitose mediada por receptores para uso eosinófilos e os basófilos; os leucócitos agranulócitos
na síntese de hemoglobina. O ferro é necessário abarcam os linfócitos e os monócitos. (TORTORA, 14ª ed.)
para a porção heme da molécula de
Características gerais dos leucócitos
hemoglobina e os aminoácidos para a porção
globina. A vitamina B12 também é essencial para
TIPOS DE GLÓBULOS BRANCOS:
a síntese de hemoglobina.
8- A eritropoese na medula óssea vermelha resulta ↠ Seis tipos de glóbulos brancos estão presentes no
na produção de hemácias, que entram na sangue: neutrófilos polimorfonucleares, eosinófilos
circulação. polimorfonucleares, basófilos polimorfonucleares,
9- Quando o ferro é removido da heme, a porção monócitos, linfócitos e, ocasionalmente, plasmócitos.
sem ferro da heme é convertida em biliverdina, (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
um pigmento verde e, em seguida, em
bilirrubina, um pigmento amarelo-alaranjado. ↠ Os três primeiros tipos de células, as células
polimorfonucleares, têm aparência granular, e por esse

@jumorbeck
9

motivo são chamados granulócitos ou, na terminologia depois que estes estiverem ligados aos
clínica, “polis”, devido a seus múltiplos núcleos. (GUYTON anticorpos. (MARIEB, 7ª ed.)
& HALL, 13ª ed.) ➢ Em resposta a uma infecção parasitária, os
eosinófilos atacam os parasitas, e seus grânulos
↠ Os granulócitos e os monócitos protegem o corpo
liberam enzimas que digerem e destroem os
contra micro-organismos invasores, principalmente por
invasores. O combate aos parasitas é a função
meio de sua ingestão (isto é, pela fagocitose) ou por
mais importante dos eosinófilos, e essas células
liberação de substâncias antimicrobianas ou inflamatórias
se reúnem na parede do tubo digestório, onde
que apresentam múltiplos efeitos que ajudam a destruir
os parasitas têm mais probabilidade de serem
o organismo agressor. Os linfócitos e os plasmócitos
encontrados. (MARIEB, 7ª ed.)
atuam principalmente em conexão com o sistema imune.
➢ Os grânulos grandes e de tamanho uniforme
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)
dentro de um eosinófilo são eosinofílicos
LEUCÓCITOS GRANULÓCITOS (atraídos pela eosina) – eles se coram de
vermelho-alaranjado com corantes ácidos.
↠ Depois da coloração, cada um dos três tipos de ➢ Em geral, os grânulos não cobrem ou
leucócitos granulócitos demonstra grânulos, com obscurecem o núcleo, que, na maioria das vezes,
colorações distintas, que podem ser reconhecidos no possui dois lobos conectados por um filamento
microscópio óptico. Os leucócitos granulócitos podem ser fino ou um filamento espesso de material
diferenciados da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.) nuclear.

NEUTRÓFILOS: BASÓFILOS:
➢ Destruidores de bactérias são a classe de ➢ Os leucócitos mais raros são os basófilos, que,
leucócito mais abundante, constituindo cerca de em média, contribuem com apenas 0,5% de
60% de todas as células brancas (leucócitos) do todos os leucócitos, ou 1 em 200. (MARIEB, 7ª
sangue nas pessoas saudáveis. (MARIEB) ed.)
➢ Os grânulos do neutrófilo são menores que os ➢ Os basófilos conduzem os estágios finais da
dos outros leucócitos granulócitos, são inflamação nas alergias e infecções parasitárias.
distribuídos de maneira uniforme e apresentam (MARIEB, 7ª ed.)
cor lilás-clara. ➢ Os grânulos redondos e de tamanho variado de
➢ Uma vez que os grânulos não atraem um basófilo são basofílicos (atraídos pela base) –
fortemente nem o corante ácido (vermelho) eles se coram de azul-arroxeado com corantes
nem o básico (azul), esses leucócitos são básicos.
neutrofílicos (= neutros). ➢ Os grânulos comumente obscurecem o núcleo,
➢ O núcleo apresenta dois a cinco lobos que apresenta dois lobos.
conectados por filamentos muito finos de
material nuclear. Conforme o leucócito
envelhece, o número de lobos nucleares
aumenta.
➢ Como os neutrófilos mais velhos apresentam
lobos nucleares de vários formatos diferentes,
muitas vezes, são chamados de leucócitos
polimorfonucleares (PMN)

EOSINÓFILOS:
➢ Os relativamente raros eosinófilos contribuem
com 1% a 4% de todos os leucócitos. (MARIEB,
7ª ed.)
➢ Os eosinófilos desempenham um papel no
encerramento das reações alérgicas fagocitando
os alérgenos (substâncias que induzem à alergia)

@jumorbeck
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➢ O sangue é meramente um conduto para os


monócitos, que migram do sangue para os
LEUCÓCITOS AGRANULÓCITOS tecidos, onde crescem e se diferenciam em
↠ Embora os chamados leucócitos agranulócitos macrófagos. Alguns se tornam macrófagos fixos
possuam grânulos citoplasmáticos, eles não são visíveis (tecido), o que quer dizer que residem em um
ao microscópio óptico devido ao seu pequeno tamanho tecido particular; os macrófagos alveolares nos
e baixa afinidade pelos corantes. (TORTORA, 14ª ed.) pulmões ou macrófagos no baço são alguns
exemplos. Outros se tornam macrófagos
LINFÓCITOS: nômades, que vagam pelos tecidos e se reúnem
em locais de infecção ou inflamação.
➢ Relativamente comuns, eles representam 20% a
45% de todos os leucócitos no sangue.
(MARIEB, 7ª ed.)
➢ O núcleo de um linfócito possui uma coloração
escura e é redondo ou discretamente
endentado.
➢ O citoplasma se cora de azul-celeste e forma
uma margem ao redor do núcleo. Quanto maior
a célula, mais visível o citoplasma. Os linfócitos
são classificados de acordo com o diâmetro
celular como linfócitos grandes (10 a 14 µm) ou
pequenos (6 a 9 µm).
➢ Os linfócitos são eficazes no combate aos
organismos infecciosos porque cada linfócito
reconhece e age contra uma molécula estranha
específica. Qualquer molécula desse tipo que
induza uma resposta de um linfócito se chama
antígeno (“induzir contra”).
➢ As duas classes principais de linfócitos — as
células T e as células B - atacam os antígenos
Os leucócitos e todas as outras células nucleadas do corpo apresentam
de maneiras diferentes. As células T atacam as proteínas, chamadas de complexo de histocompatibilidade principal
células estranhas diretamente e as células B (MHC) ou HLA (human leukocyte antigen), que se projetam da
diferenciam e produzem anticorpos, proteínas membrana plasmática no líquido extracelular. Esses “marcadores de
que se ligam ao antígeno e, assim, marcam a identidade celular” são únicos para cada pessoa (exceto gêmeos
idênticos). (TORTORA, 14ª ed.)
célula estranha para que seja destruída pelos
macrófagos CONCENTRAÇÕES DOS DIFERENTES GLÓBULOS BRANCOS NO
SANGUE
MONÓCITOS: ↠ O ser humano adulto tem cerca de 7.000 leucócitos
por microlitro de sangue. Do total de leucócitos, as
➢ Os maiores leucócitos são os monócitos, que
porcentagens normais dos diferentes tipos de células são
correspondem a 4% a 8% das células brancas
as seguintes: (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
do sangue. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ O núcleo de um monócito normalmente tem
forma de rim ou de ferradura e o citoplasma é
azul-acinzentado e possui uma aparência
espumosa.
➢ A cor e a aparência do citoplasma são
decorrentes de grânulos azurofílicos muito finos, Funções dos Leucócitos
que são os lisossomos.
A leucocitose, que consiste no aumento da quantidade de leucócitos
acima de 10.000/µl, é uma resposta de proteção normal a estresses

@jumorbeck
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como organismos invasores, exercício vigoroso, anestesia e cirurgia. O de metamielócito, o núcleo para de funcionar e se dobra
nível anormalmente baixo de leucócitos (abaixo de 5.000/µ l ) é em uma “ferradura” espessa. Os neutrófilos com esses
chamado leucopenia. Nunca é benéfico e pode ser causado por
radiação, choque e certos agentes quimioterápicos. (TORTORA, 14ª
conteúdos são os neutrófilos em bastão. Depois os
ed.) granulócitos completam sua diferenciação e entram na
corrente sanguínea. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Quando patógenos entram no corpo, a função geral
dos leucócitos é combate-los por fagocitose ou respostas ↠ Não ocorre muita diferenciação estrutural nas
imunes. Para realizar essas tarefas, muitos leucócitos linhagens celulares que levam aos monócitos e linfócitos,
deixam a corrente sanguínea e se reúnem em locais de já que essas células se parecem muito com as células-
invasão patogênica ou inflamação. Uma vez que os tronco das quais se originam. (MARIEB, 7ª ed.)
leucócitos granulócitos e os monócitos deixam a corrente
↠ Na linhagem que leva aos monócitos, os monoblastos
sanguínea para combater alguma lesão ou infecção, eles
comprometidos aumentam e obtêm mais lisossomos à
nunca retornam. Os linfócitos, por outro lado, voltam a
medida que se transformam em promonócitos e depois
circular de maneira contínua – do sangue para os espaços
em monócitos. (MARIEB, 7ª ed.)
intersticiais dos tecidos, para o líquido linfático e de volta
ao sangue. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ Na linhagem que leva aos linfócitos, a cromatina no
núcleo condensa e a quantidade de citoplasma diminui.
Gênese dos Leucócitos
(MARIEB, 7ª ed.)
↠ Além das células comprometidas para formar as ↠ Os granulócitos e os monócitos só são formados na
hemácias, são formadas duas grandes linhagens de medula óssea. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
leucócitos, as linhagens mielocítica e linfocítica. O lado
esquerdo da imagem mostra a linhagem mielocítica, ↠ Os linfócitos e os plasmócitos são produzidos,
começando com o mieloblasto; o lado direito mostra a principalmente, nos diversos tecidos linfogênicos — de
linhagem linfocítica, iniciando com o linfoblasto. (GUYTON modo especial, nos linfonodos, no baço, no timo, nas
& HALL, 13ª ed.) tonsilas e em vários bolsões de tecido linfoide em outras
partes do corpo, como na medula óssea e nas chamadas
placas de Peyer, por baixo do epitélio da parede do
intestino. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

Os leucócitos formados na medula óssea ficam


armazenados na medula até que sejam necessários no
sistema circulatório. Quando surge essa necessidade,
vários fatores provocam a liberação dos leucócitos.
(GUYTON & HALL, 13ª ed.)

Tempo de vida dos leucócitos

↠ A vida dos granulócitos, após sua liberação pela medula


óssea, é normalmente de 4 a 8 horas circulando pelo
sangue, e de mais 4 a 5 dias nos tecidos onde são
necessários. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

↠ Durante as infecções graves, essa duração total da


vida dos leucócitos, em geral, se encurta para algumas
↠ As células comprometidas em cada linhagem de horas, porque os granulócitos se dirigem com rapidez
granulócito chamam-se mieloblastos, que acumulam ainda maior para a área infectada para exercerem suas
lisossomos e se transformam em promielócitos. (MARIEB, funções e, no processo, serem destruídos. (GUYTON &
7ª ed.) HALL, 13ª ed.)

↠ Os grânulos distintivos de cada granulócito aparecem ↠ Os monócitos têm também curto tempo de trânsito,
em seguida, no estágio de mielócito. Quando esse estágio de 10 a 20 horas no sangue, antes de atravessar as
é alcançado, a divisão celular cessa. No estágio posterior membranas capilares em direção aos tecidos. Uma vez

@jumorbeck
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nos tecidos, essas células aumentam seu volume para se FAGOCITOSE


transformar em macrófagos teciduais e, nessa forma, A função mais importante dos neutrófilos e dos macrófagos é a
podem viver por meses, a menos que sejam destruídos fagocitose, que significa ingestão celular do agente agressor. Os
durante a execução de suas funções fagocíticas. fagócitos devem ser seletivos quanto ao material que é fagocitado;
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) caso contrário, células e estruturas normais do corpo poderiam ser
ingeridas. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
↠ Os linfócitos entram de forma contínua no sistema Quando a partícula estranha é fagocitada, lisossomos e outros grânulos
circulatório, junto com a drenagem da linfa dos linfonodos citoplasmáticos no neutrófilo ou no macrófago entram em contato
e de outros tecidos linfoides. Depois de algumas horas, imediatamente com a vesícula fagocítica e suas membranas se
passam do sangue de volta para os tecidos por diapedese. fundem, esvaziando muitas enzimas digestivas e agentes bactericidas
nessa vesícula. Assim, a vesícula fagocítica passa a ser uma vesícula
Então, passado algum tempo, eles reentram na linfa e
digestiva, e a digestão das partículas fagocitadas começa
retornam várias vezes para o sangue; assim, existe imediatamente. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)
circulação contínua de linfócitos por todo o corpo. Os
linfócitos têm sobrevida que varia de semanas a meses, Além da digestão das bactérias ingeridas nos fagossomos, os
neutrófilos e macrófagos contêm agentes bactericidas que destroem
dependendo da necessidade pelo corpo dessas células. a maioria das bactérias, mesmo quando as enzimas lisossômicas não
(GUYTON & HALL, 13ª ed.) conseguem digeri-las. (GUYTON & HALL, 13ª ed.)

OS LEUCÓCITOS ENTRAM NOS ESPAÇOS TECIDUAIS POR DIAPEDESE Referências:


Os neutrófilos e os monócitos podem se espremer através dos poros
dos capilares sanguíneos por diapedese. Ou seja, mesmo que um poro
MARIEB, Elaine. Anatomia humana. Tradução Lívia Cais,
seja muito menor do que a célula, pequena porção da célula desliza Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz. São Paulo:
pelo poro a cada vez; a porção que desliza pelo poro fica, Pearson Education do Brasil, 2014.
momentaneamente, limitada ao tamanho do poro. (GUYTON & HALL,
13ª ed.) TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana
Os neutrófilos e os macrófagos podem se deslocar através dos tecidos
por movimento ameboide. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2016.
Várias substâncias químicas diferentes nos tecidos fazem com que os
neutrófilos e macrófagos se movam na direção da fonte dessa GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
substância. Esse fenômeno é conhecido como quimiotaxia. Essas Editora Elsevier Ltda., 2017
substâncias incluem: algumas das toxinas bacterianas e virais, produtos
degenerativos dos tecidos inflamados. (GUYTON & HALL, 13ª ed.) SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.

@jumorbeck
1

↠ O termo imunidade é derivado da palavra latina


imunitas, a qual se refere à proteção contra processos
legais oferecida aos senadores romanos durante seus
mandatos. Historicamente, imunidade significa proteção
contra doença e, mais especificamente, doença infecciosa.
(ABBAS, 9ª ed.)

↠ As células e moléculas responsáveis pela imunidade


constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e
coordenada à entrada de substâncias estranhas é
denominada resposta imune. (ABBAS, 9ª ed.)
A função fisiológica do sistema imune é a defesa contra
IMUNIDADE INATA
microrganismos infecciosos; entretanto, mesmo substâncias estranhas
↠ A imunidade inata (também chamada de imunidade
não infecciosas e produtos de células danificadas podem elicitar
respostas imunes. Além disso, os mecanismos que normalmente natural ou imunidade nativa) é essencial para a defesa
protegem os indivíduos contra uma infecção e eliminam substâncias contra microrganismos nas primeiras horas ou dias após
estranhas também são capazes de causar lesão tecidual e doença em a infecção, antes que as respostas imunes adaptativas
algumas situações. (ABBAS, 9ª ed.) tenham se desenvolvido. (ABBAS, 9ª ed.)
Moléculas próprias podem elicitar respostas imunes (as chamadas
doenças autoimunes). (ABBAS, 9ª ed.)
↠ A imunidade inata é mediada por mecanismos que já
existem antes da ocorrência de uma infeção (por isso
IMUNIDADE INATA X IMUNIDADE ADAPTATIVA inata) e que facilitam rápidas respostas contra
↠ A defesa contra microrganismos é mediada por microrganismos invasores. (ABBAS, 9ª ed.)
respostas sequenciais e coordenadas que são ↠ A imunidade inata, há outras respostas imunes que são
denominadas imunidade inata e adaptativa. (ABBAS, 9ª ed.) estimuladas pela exposição a agentes infecciosos e que
INATA ADAPTATIVA aumentam em magnitude e capacidades defensivas após
CARACTERÍSTICAS cada exposição sucessiva a um microrganismo em
ESPECIFICIDADE Para moléculas Para antígenos
particular. (ABBAS, 9ª ed.)
compartilhadas por microbianos e não
grupos de microbianos.
microrganismos ↠ Os principais componentes da imunidade inata são:
relacionados e (ABBAS, 9ª ed.)
moléculas produzidas
por células lesadas do
hospedeiro. ➢ barreiras físicas e químicas, tais como os epitélios
DIVERSIDADE Limitada, Muito ampla, genes e os agentes antimicrobianos produzidos nas
reconhecimento de dos receptores são
moléculas codificadas formados por superfícies epiteliais;
por genes herdados. recombinação ➢ células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos),
somática de
segmentos gênicos células dendríticas (DCs, do inglês, dendritic cells),
nos linfócitos. mastócitos, células natural killer (células NK) e
MEMÓRIA Nenhuma ou limitada Sim
outras células linfoides inatas;
NÃO REATIVIDADE Sim Sim
➢ proteínas sanguíneas, incluindo componentes do
AO PRÓPRIO
sistema complemento e outros mediadores da
COMPONENTES
BARREIRAS Pele, epitélios de Linfócitos nos inflamação
CELULARES E mucosa; moléculas epitélios; anticorpos
QUÍMICAS
antimicrobianas. secretados nas ↠ Muitas células da imunidade inata, tais como
superfícies epiteliais.
macrófagos, DCs e mastócitos, estão sempre presentes
PROTEÍNAS Complemento, várias Anticorpos
SANGUÍNEAS
lectinas e aglutininas. na maioria dos tecidos, onde atuam como sentinelas em
CÉLULAS Fagócitos Linfócitos busca de microrganismos invasores. (ABBAS, 9ª ed.)
(macrófagos,
neutrófilos), células ↠ A resposta imune inata combate microrganismos por
dendríticas, células
natural killer, meio de duas reações principais: (ABBAS, 9ª ed.)
mastócitos, células
linfoides inata.

@jumorbeck
2

➢ pelo recrutamento de fagócitos e outros Estima-se que o sistema imune de um indivíduo possa 107 a 109
leucócitos que destroem os microrganismos, no discriminar a determinantes antigênicos distintos. Essa capacidade do
repertório de linfócitos para reconhecer um grande número de
processo chamado inflamação; antígenos (a chamada diversidade) é resultado da variabilidade nas
➢ pelo bloqueio da replicação viral ou pelo killing estruturas dos sítios de ligação ao antígeno dos receptores antigênicos
de células infectadas por vírus, sem a dos linfócitos. (ABBAS, 9ª ed.)
necessidade de uma reação inflamatória.
IMUNIDADE ADAPTATIVA
↠ Uma vez que a imunidade inata se desenvolve em
resposta à infecção e a ela se adapta, é denominada
imunidade adaptativa (também chamada imunidade
específica ou imunidade adquirida). (ABBAS, 9ª ed.)

↠ O sistema imune adaptativo reconhece e reage a um


grande número de substâncias microbianas e não
microbianas chamadas antígenos. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ A resposta imune adaptativa é mediada por células


chamadas linfócitos e seus produtos. (ABBAS, 9ª ed.)
➢ Memória.: a exposição do sistema imune a um
↠ Os linfócitos expressam receptores altamente diversos antígeno estranho aumenta sua capacidade de
que são capazes de reconhecer um vasto número de responder novamente àquele antígeno.
antígenos. (ABBAS, 9ª ed.) (ABBAS, 9ª ed.)

↠ Há duas populações principais de linfócitos, As respostas a uma segunda exposição ou exposições subsequentes
denominadas linfócitos B e linfócitos T, os quais medeiam ao mesmo antígeno, chamadas respostas imunes secundárias, são
normalmente mais rápidas, de maior magnitude e, com frequência,
diferentes tipos de respostas imunes adaptativas. (ABBAS, quantitativamente diferentes da primeira resposta imune (ou primária)
9ª ed.) àquele antígeno. (ABBAS, 9ª ed.)

CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS RESPOSTAS IMUNES A memória imunológica ocorre porque cada exposição a um antígeno
gera células de memória de vida longa específicas para o antígeno.
ADAPTATIVAS (ABBAS, 9ª ed.)
↠ As propriedades fundamentais do sistema imune Duas razões pelas quais a resposta secundária é mais forte do que a
adaptativo refletem as propriedades dos linfócitos que resposta imune primária: as células de memória se acumulam e
medeiam essas respostas. ABBAS, 9ª ed.) tornam-se mais numerosas do que os linfócitos naive específicos para
o antígeno existentes no momento da exposição inicial ao antígeno;
➢ Especificidade e diversidade: respostas imunes e células de memória reagem mais rápida e vigorosamente ao desafio
são específicas para antígenos distintos e, antigênico do que os linfócitos naive. (ABBAS, 9ª ed.)
frequentemente, para diferentes porções de um ➢ Não reatividade ao próprio (autotolerância).: não
único complexo proteico, polissacarídico ou de reage prejudicialmente aos antígenos do próprio
outra macromolécula. ABBAS, 9ª ed.) indivíduo. ABBAS, 9ª ed.)
As porções de antígenos complexos especificamente reconhecidas A autotolerância é mantida por diversos mecanismos, que incluem: a
por linfócitos individuais são denominadas determinantes ou epítopos. eliminação de linfócitos que expressam receptores específicos para
(ABBAS, 9ª ed.) alguns autoantígenos, inativando os linfócitos autorreativos ou
Seleção Clonal: clones de linfócitos com diferentes especificidades suprimindo essas células pela ação de outras células (reguladoras).
estão presentes em indivíduos não imunizados e são capazes de (ABBAS, 9ª ed.)
reconhecer e responder aos antígenos estranhos. (ABBAS, 9ª ed.)
TIPOS DE RESPOSTAS IMUNES ADAPTATIVAS
Expansão Clonal: um antígeno introduzido se liga (seleciona) às células
do clone antígeno-específico preexistente e as ativa. Como resultado, ↠ Existem dois tipos de respostas imunes adaptativas,
as células específicas para o antígeno proliferam para gerar milhares denominadas imunidade humoral e imunidade mediada
de descendentes com a mesma especificidade. (ABBAS, 9ª ed.) por células, as quais são induzidas por diferentes tipos de
O número total de especificidades antigênicas dos linfócitos em um linfócitos e atuam para eliminar diferentes tipos de
indivíduo, chamado repertório dos linfócitos, é extremamente grande. microrganismos. ABBAS, 9ª ed.)

@jumorbeck
3

promove a destruição de microrganismos dentro dos


fagócitos e a morte das células infectadas para eliminar os
reservatórios da infecção. (ABBAS, 9ª ed.)

IMUNIDADE HUMORAL
↠ A imunidade humoral é mediada por moléculas no
sangue e em secreções mucosas, denominadas
anticorpos, os quais são produzidos pelos linfócitos B.
(ABBAS, 9ª ed.) IMUNIDADE ATIVA X IMUNIDADE PASSIVA
↠ Anticorpos reconhecem antígenos microbianos, ↠ A forma de imunidade induzida pela exposição a um
neutralizam a infectividade dos microrganismos e marcam antígeno estranho é chamada imunidade ativa, porque o
microrganismos para sua eliminação pelos fagócitos e indivíduo imunizado tem papel ativo na resposta ao
pelo sistema complemento. (ABBAS, 9ª ed.) antígeno. (ABBAS, 9ª ed.)
↠ A imunidade humoral é o principal mecanismo de ↠ A imunidade também pode ser conferida a um
defesa contra os microrganismos e suas toxinas, indivíduo pela transferência de anticorpos de um indivíduo
localizados fora das células (p. ex.: no lúmen dos tratos imunizado para um indivíduo que nunca encontrou o
gastrintestinal e respiratório, e no sangue), uma vez que antígeno. O receptor de tal transferência se torna imune
os anticorpos secretados podem se ligar a esses ao antígeno em particular sem nunca ter sido exposto
microrganismos e toxinas, neutralizando-os, além de nem ter respondido àquele antígeno. Portanto, essa
auxiliar na sua eliminação. (ABBAS, 9ª ed.) forma de imunização é chamada de imunidade passiva.
A defesa do hospedeiro contra infecções é mediada por substâncias (ABBAS, 9ª ed.)
presentes nos fluidos corporais (então chamados humores). (ABBAS,
9ª ed.)

IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS


↠ A imunidade mediada por células, também denominada
imunidade celular, é mediada pelos linfócitos T. (ABBAS,
9ª ed.)

↠ Muitos microrganismos são ingeridos, mas sobrevivem


dentro dos fagócitos, e alguns, particularmente os vírus,
infectam e se replicam em diversas células do hospedeiro.
Nesses locais, os microrganismos são inacessíveis aos
A resposta imune inata aos microrganismos fornece os primeiros sinais
anticorpos circulantes. A defesa contra tais infecções é de perigo que estimulam as respostas imunes adaptativas. Por outro
uma função da imunidade mediada por células, a qual lado, as respostas imunes adaptativas frequentemente trabalham

@jumorbeck
4

intensificando os mecanismos protetores da imunidade inata, tornando- ESTRUTURA DO ANTICORPO


os mais capazes de combater efetivamente os microrganismos.
(ABBAS, 9ª ed.) ↠ Todas as moléculas de anticorpo compartilham as
mesmas características estruturais básicas, mas
O sistema imune de cada indivíduo é capaz de reconhecer, responder
e eliminar muitos antígenos estranhos (não próprios), mas apresentam extraordinária variabilidade nas regiões que
normalmente não reage contra antígenos e tecidos do próprio se ligam ao antígeno. (ABBAS, 9ª ed.)
indivíduo. (ABBAS, 9ª ed.)
↠ As funções efetoras e propriedades físico-químicas
Em decorrência da capacidade de linfócitos e de outras células imunes
comuns dos anticorpos estão associadas às porções que
em circular pelos tecidos, a imunidade é sistêmica. (ABBAS, 9ª ed.)
não se ligam ao antígeno, as quais exibem relativamente
As respostas imunes são reguladas por um sistema de alças de poucas variações entre os diferentes anticorpos. (ABBAS,
feedback positivo que amplificam a reação e por mecanismos de 9ª ed.)
controle que previnem reações inapropriadas ou patológicas. (ABBAS,
9ª ed.) ↠ Uma molécula de anticorpo tem uma estrutura central
ANTICORPOS (IMUNIGLOBULINA) simétrica composta de duas cadeias leves idênticas e duas
cadeias pesadas idênticas. (ABBAS, 9ª ed.)
↠ Outra denominação comum para anticorpo é
imunoglobulina (Ig). (ABBAS, 9ª ed.)

↠ Uma das principais funções do sistema imunológico é


a produção de proteínas solúveis que circulam livremente
e exibem propriedades que contribuem especificamente
para a imunidade e proteção contra material estranho.
(COICO, 6ª ed.)

↠ Estas proteínas solúveis são denominadas anticorpos,


e, devido a sua estrutura globular, pertencem à classe das
proteínas denominadas globulinas. Inicialmente. em função
de suas propriedades migratórias em um campo
eletroforético, elas foram chamadas -y-globulinas (em
relação às proteínas que migram mais rapidamente, a
albumina, a alfa-globulina e a 13-globulina); atualmente, elas
são coletivamente conhecidas como imunoglobulinas.
(COICO, 6ª ed.)
As substâncias que estimulavam a produção de anticorpos ou eram
reconhecidas por eles foram então denominadas antígenos. (ABBAS,
9ª ed.)

↠ Os anticorpos são sintetizados somente pelas células


da linhagem de linfócitos B e existem em duas formas:
anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos
B que atuam como receptores antigênicos, e anticorpos ↠ Tanto as cadeias leves quanto as cadeias pesadas
secretados que atuam na proteção contra contêm uma série de unidades estruturais homólogas
microrganismos. (ABBAS, 9ª ed.) repetidas, cada uma com cerca de 110 resíduos de
aminoácidos de comprimento, que se dobram
↠ O reconhecimento dos antígenos pelos anticorpos
independentemente em um motivo globular chamado
ligados à membrana nas células B naive ativa esses
domínio Ig. (ABBAS, 9ª ed.)
linfócitos e inicia a resposta imune humoral. As células B
ativadas se diferenciam em plasmócitos que secretam ↠ Um domínio Ig contém duas camadas de folhas ß-
anticorpos com a mesma especificidade do receptor pregueadas, cada uma composta de três a cinco fitas de
antigênico. (ABBAS, 9ª ed.) cadeia polipeptídica antiparalelas. As duas camadas são
mantidas unidas por uma ponte dissulfeto e as fitas
adjacentes de cada folha ß são conectadas por pequenas

@jumorbeck
5

alças. Os aminoácidos localizados em algumas dessas alças ↠ Como a unidade estrutural central de cada molécula
são os mais variáveis e críticos para o reconhecimento de anticorpo contém duas cadeias pesadas e duas cadeias
do antígeno. (ABBAS, 9ª ed.) leves, cada molécula de anticorpo possui pelo menos dois
sítios de ligação antigênica. (ABBAS, 9ª ed.)
Estrutura de dobra da Ig - isto é, duas folhas ß-pregueadas adjacentes
mantidas unidas por uma ponte dissulfeto. (ABBAS, 9ª ed.) ↠ Os domínios Ig da região C estão espacialmente
separados dos sítios de ligação ao antígeno e não
participam do reconhecimento antigênico. As regiões C
da cadeia pesada interagem com outras moléculas e
células do sistema imune e, dessa forma, medeiam a
maior parte das funções biológicas dos anticorpos,
algumas vezes chamadas de funções “efetoras”. (ABBAS,
9ª ed.)

↠ Além disso, as cadeias pesadas existem em duas


formas que diferem nas terminações carboxiterminais:
uma forma de cadeia pesada ancora os anticorpos ligados
à membrana nas membranas plasmáticas dos linfócitos B,
e a outra forma é encontrada somente nos anticorpos
secretados. (ABBAS, 9ª ed.)
↠ As regiões C das cadeias leves não participam das
funções efetoras e não estão diretamente ligadas às
membranas celulares. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ As cadeias pesadas e leves estão covalentemente


ligadas por ligações dissulfeto formadas entre os resíduos
de cisteína na porção carboxiterminal da cadeia leve e do
domínio CH1 da cadeia pesada. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ A porção de ligação ao antígeno de uma molécula de


anticorpo é a região Fab, e a extremidade C terminal que
↠ Tanto as cadeias leves quanto as cadeias pesadas está envolvida nas funções efetoras é a região Fc.
consistem em regiões aminoterminais variáveis (V) que (ABBAS, 9ª ed.)
participam no reconhecimento do antígeno e regiões
carboxiterminais constantes (C); as regiões C das cadeias
pesadas ajudam a mediar algumas das funções protetoras
e efetoras dos anticorpos. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ Nas cadeias pesadas, a região V é composta de um


domínio Ig e a região C é composta de três ou quatro
domínios Ig. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ Cada cadeia leve é composta de uma região V de


domínio Ig e uma região C de domínio Ig. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ As regiões variáveis são assim chamadas porque suas


sequências de aminoácidos variam entre os anticorpos
produzidos por diferentes clones de células B. A região V
de uma cadeia pesada (VH) e a região V adjacente de
uma cadeia leve (VL) formam um sítio de ligação ao
↠ Fab (fragmentação, ligação ao antígeno): fragmentos
antígeno. (ABBAS, 9ª ed.)
que retêm a capacidade de se ligar ao antígeno, porque

@jumorbeck
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cada um deles contém domínios VL e VH pareados. criar uma superfície de ligação ao antígeno. (ABBAS, 9ª
(ABBAS, 9ª ed.) ed.)

↠ Fc (fragmento, cristalizável): composta de dois ↠ As alças hipervariáveis podem ser imaginadas como
peptídeos idênticos ligados por dissulfeto, cada um semelhantes a “dedos” protuberantes de cada domínio
contendo os domínios CH2 e CH3 da cadeia pesada. Essa variável, com três dedos da cadeia pesada e três dedos
porção da IgG tem propensão a autoassociar-se e da cadeia leve permanecendo unidos para formar o sítio
cristalizar em uma estrutura semelhante a uma treliça ou de ligação do antígeno. Pelo fato dessas sequências
grade. (ABBAS, 9ª ed.) formarem uma superfície complementar à forma
tridimensional do antígeno ligado a elas, as regiões
↠ A organização básica da molécula de anticorpo
hipervariáveis também são chamadas regiões
deduzida a partir dos experimentos de proteólise de IgG
determinantes de complementariedade (CDRs, do inglês
de coelhos é comum a todas as moléculas de Ig de todas
complementarity-determining regions). (ABBAS, 9ª ed.)
as classes e de todas as espécies. Os termos Fab, F(ab’)2
e Fc são amplamente usados para descrever essas ↠ Procedentes tanto da região aminoterminal VL quanto
diferentes porções dos anticorpos humanos e murinos. VH, estas regiões são chamadas CDR1, CDR2 e CDR3,
De fato, esses experimentos forneceram a primeira sendo que as CDR3s de ambos os segmentos VH e VL
evidência de que as funções de reconhecimento do são as mais variáveis dentre as CDRs. (ABBAS, 9ª ed.)
antígeno e as funções efetoras das moléculas de Ig são
↠ As diferenças na sequência entre as CDRs de
espacialmente separadas. (ABBAS, 9ª ed.)
diferentes moléculas de anticorpo contribuem para
superfícies de interação distintas e, dessa maneira, para
as especificidades dos anticorpos individuais. (ABBAS, 9ª
ed.)

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DAS REGIÕES CONSTANTES


DOS ANTICORPOS
↠ As moléculas de anticorpo são flexíveis, permitindo
que se liguem a diferentes matrizes de antígenos.
(ABBAS, 9ª ed.)

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DAS REGIÕES VARIÁVEIS ↠ Cada anticorpo contém pelo menos dois sítios de
DOS ANTICORPOS ligação ao antígeno, cada um formado por um par de
domínios VH e VL. Muitas moléculas Ig podem orientar
↠ A maioria das diferenças de sequência e variabilidade esses sítios de ligação de tal forma que duas moléculas
entre os diferentes anticorpos está restrita a três trechos de antígeno em uma superfície planar (p. ex.: célula)
curtos na região V da cadeia pesada e a três trechos na podem ser ligadas ao mesmo tempo. (ABBAS, 9ª ed.)
região V da cadeia leve. Esses segmentos de maior
diversidade são conhecidos como regiões hipervariáveis.
(ABBAS, 9ª ed.)

↠ Em uma molécula de anticorpo, as três regiões


hipervariáveis de um domínio VL e as três regiões
hipervariáveis de um domínio VH são mantidas unidas para

@jumorbeck
7

FUNÇÕES DOS ANTICORPOS


↠ As ações dos anticorpos incluem as seguintes:
↠ Essa flexibilidade é conferida, em grande parte, por (TORTORA, 14ª ed.)
uma região de dobradiça localizada entre CH1 e CH2 de ➢ Neutralização de antígenos;
certos isotipos. (ABBAS, 9ª ed.) ➢ Imobilização de bactérias;
↠ Além disso, alguma flexibilidade das moléculas de ➢ Aglutinação e precipitação de antígenos;
anticorpo é decorrente da capacidade de cada domínio ➢ Ativação do complemento;
de VH sofrer rotação em relação ao domínio CH1 ➢ Reforço da fagocitose.
adjacente. (ABBAS, 9ª ed.) TIPOS DE ANTICORPOS
ANTICORPOS MONOCLONAIS
↠ As moléculas de anticorpo podem ser divididas em
Um anticorpo monoclonal é uma coleção pura de moléculas de classes e subclasses distintas com base em diferenças na
anticorpo idênticas e com a mesma especificidade. (ABBAS, 9ª ed.) estrutura de suas regiões C da cadeia pesada. (ABBAS,
Um tumor de plasmócitos (mieloma ou plasmacitoma), assim como a 9ª ed.)
maioria dos tumores de qualquer origem celular, é monoclonal e, dessa
maneira, produz anticorpos de uma única especificidade. (ABBAS, 9ª ↠ As classes das moléculas de anticorpo são também
ed.) chamadas de isotipos e são nomeadas IgA, IgD, IgE, IgG e
IgM. (ABBAS, 9ª ed.)
SÍNTESE E MONTAGEM DAS IMUNIGLOBULINAS

As cadeias pesadas e leves da imunoglobulina, assim como a maioria ↠ Em humanos, os isotipos IgA e IgG podem ainda ser
das proteínas secretadas e de membrana, são sintetizadas em adicionalmente divididos em subclasses, ou subtipos,
ribossomos ligados à membrana no retículo endoplasmático rugoso. A intimamente relacionadas, denominadas IgA1 e IgA2 e IgG1,
proteína é translocada para o retículo endoplasmático, e as cadeias IgG2, IgG3 e IgG4. (ABBAS, 9ª ed.)
pesadas da Ig são N-glicosiladas durante o processo de translocação.
(ABBAS, 9ª ed.) ↠ Os isotipos e subtipos de anticorpos diferem em suas
O dobramento apropriado das cadeias pesadas da Ig e sua montagem regiões C e, assim, onde eles se ligam e quais funções
com as cadeias leves são reguladas por proteínas residentes no efetoras realizam. (ABBAS, 9ª ed.)
retículo endoplasmático chamadas de chaperonas. (ABBAS, 9ª ed.)
Propriedades estruturais e biológicas da IgG
A associação covalente das cadeias pesadas e leves é estabilizada pela
formação de pontes dissulfeto e também ocorre no retículo
↠ É o isotipo predominante no soro humano normal.
endoplasmático durante o processo de montagem. Após essa
montagem, as moléculas de Ig são liberadas das chaperonas, (ROITT, 13ª ed.)
transportadas para a cisterna do complexo de Golgi, onde seus
carboidratos são modificados e, então, direcionadas para a membrana ↠ A IgG representa 70%-75% do total de anticorpos no
plasmática em vesículas. (ABBAS, 9ª ed.) soro, consistindo em uma molécula monomérica de
quatro cadeias. (ROITT, 13ª ed.)
Anticorpos em sua forma de membrana são ancorados na membrana
plasmática, enquanto a forma secretada é transportada para fora da ↠ Sua concentração normal varia de 6,0-16 g/L. (ROITT,
célula. (ABBAS, 9ª ed.)
13ª ed.)
A maturação das células B a partir dos progenitores da medula óssea
é acompanhada por alterações específicas na expressão do gene de ↠ Nos seres humanos a classe IgG das imunoglobulinas
Ig, resultando na produção de moléculas de Ig em diferentes formas. contém quatro subclasses denominadas lgG1, lgG2, lgG3 e
(ABBAS, 9ª ed.) lgG4., em função de sua abundância no soro sendo a IgG1,
a mais abundante. (COICO, 6ª ed.)

@jumorbeck
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produzidos pela mãe Rh negativa, atravessam a placenta


e se prendem aos eritrócitos fetais que expressam
antígenos Rh (Rh+). (COICO, 6ª ed.)

AGLUTINAÇÃO E FORMAÇÃO DE PRECIPITADOS


↠ As moléculas de IgG podem causar a aglutinação ou
agregação de antígenos particulados (insolúveis) como os
microrganismos. (COICO, 6ª ed.)

OPSONIZAÇÃO
↠ As moléculas de IgG circulantes têm meia-vida de
↠ Quando antígenos, como microrganismos patogênicos,
cerca de 21 a 28 dias, a mais longa meia-vida de todos os
se ligam à IgG antígeno-específica, eles são mais
isotipos. (ABBAS, 9ª ed.)
rapidamente fagocitados pelos fagócitos em função da
↠ A longa meia-vida da IgG é atribuída à sua capacidade presença de receptores para a porção Fc das moléculas
em se ligar a um receptor Fc específico chamado de IgG existentes nestas células. (COICO, 6ª ed.)
receptor de proteção FcRp. Esse receptor encontrado
↠ As moléculas de anticorpo reagem com os epítopos
em endossomas celulares, recicla seletivamente a IgG
antigênicos dos antígenos por suas regiões Fab, mas é a
endocitada e a devolve à circulação. (COICO, 6ª ed.)
porção Fc que confere a propriedade de opsonização. O
o resultado é o fechamento, semelhante ao de um zíper,
da membrana superficial da célula fagocitária ao redor do
antígeno, à medida que os receptores para as regiões Fc
e as regiões Fc dos anticorpos continuam a se combinar,
acarretando o engolfamento e destruição final do
microrganismo. (COICO, 6ª ed.)

NEUTRALIZAÇÃO DE TOXINAS
↠ A molécula de IgG é um excelente anticorpo para a
neutralização de toxinas tal como a toxina tetânica e
↠ O isotipo IgG (exceto a subclasse IgG2) é a única
botulínica ou para a inativação de, por exemplo, veneno
classe de imunoglobulina que pode passar através da
de cobra ou escorpião. (COICO, 6ª ed.)
placenta, possibilitando que a mãe transfira sua imunidade
ao feto. A transferência placentária é facilitada pela ↠ Devido a sua capacidade de neutralizar estes venenos
expressão de um receptor de proteção da IgG (FcRn) (principalmente bloqueando seu sítio ativo), bem como
encontrado nas células placentárias. (COICO, 6ª ed.) devido a sua longa meia-vida, comparada com a dos
outros isotipos, a molécula de IgG constitui o isotipo de
↠ Mostrou-se recentemente que o FcRn é idêntico ao
escolha para a imunização passiva (isto é, transferência de
receptor de proteção da IgG (FcRp) encontrado nos
anticorpos) contra toxinas e venenos. (COICO, 6ª ed.)
endossomas celulares. (COICO, 6ª ed.)

↠ A mesma forma de IgG materna que atravessa a IMOBILIZAÇÃO DE BACTÉRIAS


placenta conferindo ao feto imunidade à infecção, ↠ As moléculas de IgG são eficientes na mobilização de
também pode ser responsável pela doença hemolítica do inúmeras bactérias móveis. A reação dos anticorpos
recém-nascido (eritroblastose fetal), que é causada pelos específicos com os flagelos e cílios de certos
anticorpos maternos contra os eritrócitos do feto. Os microrganismos faz com as bactérias se agrupem,
anticorpos IgG maternos contra o antígeno Rh, paralisando, consequentemente, seu movimento e

@jumorbeck
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impedindo sua capacidade de disseminar ou invadir ↠ Os anticorpos lgM não são capazes de atravessar a
tecidos. (COICO, 6ª ed.) placenta. Entretanto, pelo fato de constituírem a única
classe de imunoglobulina sintetizada pelo feto, cuja
NEUTRALIZAÇÃO DE VÍRUS produção se inicia aproximadamente aos cinco meses de
↠ O anticorpo IgG é um eficiente neutralizador de vírus. gestação, elevados níveis de IgM no feto indicam infecção
Em um mecanismo de neutralização, os anticorpos se congênita ou perinatal. (COICO, 6ª ed.)
ligam a determinantes antigênicos presentes em várias ↠ A IgM é o isotipo sintetizado por crianças e adultos
partes do revestimento dos vírus, entre eles a região em quantidades apreciáveis após imunização ou
utilizada pelo vírus para se prender à célula alvo. A inibição exposição a antígenos T-independentes e constitui o
da fixação do vírus efetivamente paralisa a infecção. primeiro isotipo sintetizado após a imunização. Desta
(COICO, 6ª ed.) maneira, elevados níveis de IgM geralmente indicam
Propriedades estruturais e biológicas da IgM infecção ou exposição
recentes a um antígeno. (COICO, 6ª ed.)
↠ A IgM é a primeira imunoglobulina produzida após a
imunização. Sua denominação deriva-se de sua descrição
inicial como macroglobulina (M), uma imunoglobulina de
alto peso molecular. (COICO, 6ª ed.)
↠ É uma molécula pentamérica. (COICO, 6ª ed.)

↠ A IgM presente no soro de indivíduos adultos é


encontrada predominantemente nos espaços
intravasculares. (COICO, 6ª ed.)

AGLUTINAÇÃO
↠ As moléculas de lgM são eficientes anticorpos
aglutinantes. Devido a sua forma pentamérica, os
anticorpos IgM podem formar pontes macromoleculares
entre epítopos sobre moléculas que podem estar muito
distante uma da outra para serem unidas por um
anticorpo IgG de menor tamanho. (COICO, 6ª ed.)

ISO-HEMAGLUTININAS
↠ Os anticorpos IgM incluem as iso-hemaglutininas, os
anticorpos de ocorrência natural contra os antígenos
eritrocitários do grupo sanguíneo ABO. (COICO, 6ª ed.)

Propriedades estruturais e biológicas da IgA

↠ A IgA é a principal imunoglobulina nas secreções


A IgM circulante tem meia-vida de aproximadamente 4 externas como saliva,muco, suor ,fluído gástrico e
dias. (COICO, 6ª ed.) lágrimas. (COICO, 6ª ed.)

A IgM também é encontrada na superfície da célula B ↠ Ela é, além disso, a principal imunoglobulina encontrada
madura juntamente com a IgD, onde atua como um BCR no colostro e no leite das lactantes, e, durante as primeiras
antígeno-específico. (COICO, 6ª ed.) semanas após o nascimento, pode prover o neonato com
a principal fonte de proteção intestinal contra patógenos.
PRIMEIRA LINHA DE DEFESA HUMORAL (COICO, 6ª ed.)

@jumorbeck
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Propriedades estruturais e biológicas da IgD

↠ A IgD está presente no soro em quantidades muito


baixas e variáveis, provavelmente porque não é
secretada pelas células plasmáticas e também porque,
entre as imunoglobulinas, ela é altamente suscetível à
degradação proteolítica devido a sua longa região da
dobradiça. (COICO, 6ª ed.)

↠ Embora a função da IgD ainda não esteja


completamente elucidada, a expressão da IgD na
membrana parece estar correlacionada à eliminação das
células B com capacidade de gerar anticorpos
↠ A imunoglobulina da classe IgA contém duas autorreativos. Desta maneira, durante o desenvolvimento,
subclasses: IgA1, (93%) e IgA2 (7%). (COICO, 6ª ed.) a principal importância biológica da IgD pode ser a de
silenciar as células B autorreativas (COICO, 6ª ed.)
↠ A IgA circulante tem meia-vida de cerca de 3 dias
(embora a maior parte da IgA seja produzida em sítios de Propriedades estruturais e biológicas da IgE
mucosa e seja secretada diretamente no lumen do
intestino ou da via aérea). (COICO, 6ª ed.) ↠ A IgE, também denominada anticorpo reagínico.
(COICO, 6ª ed.)
↠ A maior parte da IgA não está presente no soro mas
nas secreções como lágrimas, saliva, suor e muco, onde
ela desempenha importante função biológica como
componente do MALT. (COICO, 6ª ed.)

PAPEL NAS INFECÇÕES MUCOSAS


↠ Devido a sua presença nas secreções como, saliva,
urina e fluido gastrintestinal, a IgA secretora é importante
na defesa imunológica primária contra infecções
respiratórias ou gastrintestinais locais. (COICO, 6ª ed.)

↠ Acredita-se que seu efeito protetor seja devido a sua


capacidade de impedir que o microrganismo invasor se
ligue e penetre na superfície epitelial. (COICO, 6ª ed.)

ATIVIDADE BACTERICIDA
↠ Sabe-se que a lgA possui atividade bactericida contra ↠ A IgE tem uma meia-vida bastante curta, de
microrganismos Gram-negativos, mas apenas na aproximadamente 2 dias na circulação (embora a IgE
presença de lisozima, que também está presente nas ligada à célula associada ao seu receptor de alta afinidade
mesmas secreções que contêm a IgA secretora. (COICO, no mastócito tenha meia-vida bastante longa; (COICO, 6ª
6ª ed.) ed.)

ATIVIDADE ANTIVIRAL ↠ Ela está presente no soro na mais baixa concentração


de todas as imunoglobulinas. Estes baixos níveis são
↠ A lgA secretora é um excelente anticorpo antivirai, devidos, em parte, à baixa taxa de síntese e à capacidade
impedindo os vírus de penetrarem nas células do característica da porção Fc de conter um domínio extra
hospedeiro. Além disso, a lgA secretora é um eficiente para se ligar, com alta afinidade, aos receptores
anticorpo aglutinante. (COICO, 6ª ed.) (receptores Fce) encontrados sobre mastócitos e
bas6ftlos. Uma vez ligada a estes receptores de alta
afinidade, a IgE pode ser retida por estas células por
semanas ou meses. (COICO, 6ª ed.)

@jumorbeck
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↠ Ela tem um papel na proteção contra certos parasitas, CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO RECONHECIMENTO DO
como os helmintos (vermes). Esta proteção é alcançada ANTÍGENO
pela ativação da mesma resposta inflamatória aguda vista
na forma mais patológica das respostas de ↠ A capacidade dos anticorpos em reconhecer
hipersensibilidade imediata. (COICO, 6ª ed.) especificamente uma grande variedade de antígenos
com afinidades variadas reflete as propriedades das
CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS regiões V. (ABBAS, 9ª ed.)
NOME E ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS E
FUNCÕES ➢ Especificidade;
Mais abundante anticorpo do ➢ Diversidade;
sangue; encontrado no
sangue, linfa e intestinos.
➢ Maturação de afinidade.
Estrutura de monômero.
Protege contra bactérias e REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
vírus aprimorando a
fagocitose. Única classe de ↠ A imunidade adaptativa tem a importante função de
anticorpos que cruza a
placenta da mãe para o feto.
defesa do hospedeiro contra infecções microbianas, mas
Encontrada no suor, nas as respostas imunes também são capazes de causar
lágrimas, na saliva, muco, no lesão tecidual e doença. Os distúrbios causados pelas
leite materno. Seus níveis
diminuem durante o respostas imunes são chamados doenças de
estresse, abaixando a hipersensibilidade. (ABBAS, 9ª ed.)
resistência à infecção.
Fornece proteção localizada
das túnicas mucosas contra ↠ Em determinadas circunstâncias, a resposta
bactérias e vírus. imunológica produz danos e algumas vezes resultados
Ocorre como pentâmeros,
primeira classe de anticorpos fatais. Estas reações deletérias são coletivamente
a ser secretada pelos conhecidas como hipersensibilidade. Elas causam danos
plasmócitos após a
exposição inicial a qualquer imunologicamente mediados ao hospedeiro pelo fato de
antígeno. Também é serem reações exageradas a antígenos estranhos ou por
encontrada na forma de
monômeros na superfície serem reações inadequadas aos antígenos próprios.
dos linfócitos B, onde atua (COICO, 6ª ed.)
como receptores de
antígeno. No plasma CAUSAS DAS DOENÇAS DE HIPERSENSIBILIDADE
sanguíneo, os anticorpos
anti-A e anti-B do grupo
sanguíneo ABO, que se liga ↠ As respostas imunes, que são a causa das doenças de
aos hipersensibilidade, podem ser específicas para antígenos
antígenos A e B durante a
transfusão de sangue de diferentes fontes. (ABBAS, 9ª ed.)
incompatível, são também
anticorpos IgM AUTOIMUNIDADE:
Encontrada principalmente
na superfície dos linfócitos B ↠ Reações contra autoantígenos. A falha dos
como receptores de
antígenos, onde ocorre mecanismos normais de autotolerância resulta em
como monômeros. reações de células T e células B contra as próprias células
Menos de 0,1% de todos os
e tecidos do indivíduo, chamadas autoimunidade. (ABBAS,
anticorpos do sangue; 9ª ed.)
ocorre como monômeros,
localizada nos mastócitos e ↠ As doenças causadas pela autoimunidade são
basófilos. Envolvida nas
reações alérgicas e de denominadas doenças autoimunes. (ABBAS, 9ª ed.)
hipersensibilidade. Fornece
proteção contra vermes
parasitas.
REAÇÕES CONTRA MICRORGANISMOS:
↠ As respostas imunes contra antígenos microbianos
Relações estrutura-função nas moléculas de anticorpos podem causar doença se as reações forem excessivas
ou se os microrganismos forem anormalmente
↠ Muitas características estruturais dos anticorpos são persistentes. (ABBAS, 9ª ed.)
críticas para sua capacidade de reconhecer antígenos e
para suas funções efetoras. (ABBAS, 9ª ed.)

@jumorbeck
12

↠ As respostas das células T contra microrganismos A sequência de acontecimentos envolvidos no desenvolvimento de


persistentes podem dar origem a uma inflamação grave, reações alérgicas pode ser dividida em várias fases: (COICO, 6ª ed.)

algumas vezes com a formação de granulomas; essa é a ➢ fase de sensibilização: durante a qual os anticorpos IgE são
causa da lesão tecidual observada na tuberculose e outras produzidos em resposta a um estímulo antigênico ligando-
infecções crônicas. (ABBAS, 9ª ed.) se, posteriormente, a receptores específicos presentes
nos mastócitos e basófilos;
➢ fase de ativação: durante a qual a reexposição (desafio) ao
REAÇÕES CONTRA ANTÍGENOS AMBIENTAIS NÃO
antígeno deflagra a resposta dos mastócitos e basófilos
MICROBIANOS: através da liberação do conteúdo de seus grânulos;
➢ fase efetora: durante a qual ocorre uma resposta complexa
↠ A maioria dos indivíduos saudáveis não reage contra resultante dos efeitos de muitos mediadores inflamatórios
substâncias ambientais comuns, geralmente inócuas, mas liberados pelos mastócitos e basófilos.
quase 20% da população é anormalmente responsiva a
Os sintomas das reações alérgicas são inteiramente atribuídos aos
uma ou mais dessas substâncias. (ABBAS, 9ª ed.) mediadores inflamatórios liberados pelos mastócitos ativados. É útil
classificar estes mediadores em duas categorias principais: (COICO, 6ª
↠ Esses indivíduos produzem anticorpos imunoglobulina ed.)
E (IgE) que causam doenças alérgicas. (ABBAS, 9ª ed.)
Mediadores pré-formados:
↠ Alguns indivíduos tornam-se sensibilizados a antígenos
➢ Histamina
ambientais e substâncias químicas que, em contato com
➢ Serotonina
a pele, desenvolvem reações de células T que levam à ➢ Fatores Quimiotáticos
inflamação mediada por citocinas, resultando em ➢ Heparina
sensibilidade de contato. (ABBAS, 9ª ed.)
Mediadores recentemente sintetizados:
CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE ➢ Leucotrienos
➢ Tromboxanos e Prostaglandinas
↠ No início da década de 1960, as reações de ➢ Fator de Ativação das Plaquetas
hipersensibilidade foram divididas em quatro tipos,
enumerados I a IV, por Coombs e Gell (1963). (COICO, 6ª
ed.)
HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA (TIPO I)
↠ As reações mediadas pela IgE (comumente designadas
reações alérgicas ou alergia) são estimuladas pela ligação
da IgE, via sua região Fc, a receptores Fc IgE específicos
de alta afinidade denominados FceRI. (COICO, 6ª ed.)

↠ Os receptores FcERI são expressos em mastócitos e


basófilos Devido a sua alta afinidade pela IgE, esses
receptores se ligam à IgE mesmo na ausência de
antígeno. Quando as moléculas de IgE se encontram com
o antígeno, inicia-se uma cascata de acontecimentos que
acarreta a desestabilização e liberação de mediadores
inflamatórios e citocinas dos mastócitos e basófilos.
(COICO, 6ª ed.) ASPECTOS CLÍNICOS DAS REAÇÕES ALÉRGICAS

↠ Todo este processo resulta nas manifestações clínicas ↠ As consequências clínicas das reações alérgicas
da hipersensibilidade do tipo I, que inclui rinite, asma e,nos podem variar de reações localizadas como rinite alérgica,
casos graves, anafilaxia. (COICO, 6ª ed.) asma, dermatite atópica e alergia alimentar a graves
reações sistêmicas potencialmente fatais como a anafilaxia.
↠ As reações de hipersensibilidade do tipo I são rápidas, Embora definidas como anafilaxia localizada, as reações
ocorrendo minutos após o desafio (reexposição ao asmáticas também podem ser fatais. A desgranulação do
antígeno). Consequentemente, as reações alérgicas são mastócito constitui o mecanismo central em cada uma
também denominadas hipersensibilidade imediata. (COICO, dessas reações. (COICO, 6ª ed.)
6ª ed.)

@jumorbeck
13

Hipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo II)


↠ As reações citolíticas ou citotóxicas ocorrem quando
os anticorpos IgM ou IgG se ligam de maneira inapropriada
ao antígeno localizado na superfície de células próprias e
ativam a cascata do complemento. (COICO, 6ª ed.)

↠ O resultado é a destruição da célula. (COICO, 6ª ed.)


Três diferentes mecanismos mediados por anticorpos estão
envolvidos nas reações de hipersensibilidade do tipo I . A célula alvo é
danificada ou destruída por inúmeros mecanismos associados com:
(COICO, 6ª ed.)

➢ reações mediadas pelo complemento: os anticorpos


reagem com a membrana celular dos antígenos próprios,
acarretando a fixação do complemento. O processo ativa a
cascata do complemento acarretando lise da célula.
Alternativamente, a ligação do anticorpo à superfície celular
e subsequente ativação do complemento (para gerar C3b)
causa a opsonização da célula-alvo. Exemplos de reações de hipersensibilidade II: reações transfusionais,
reações de incompatibilidade Rh, reações induzidas por fármacos.

Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo III)


↠ Reações por complexos imunológicos ocorrem
quando complexos antígeno-IgM ou antígeno-IgG se
acumulam na circulação ou nos tecidos e ativam a cascata
do complemento. Os granulócitos são atraídos ao local da
ativação resultando dano em consequência da liberação
de enzimas líticas de seus grânulos. As reações ocorrem
horas após o desafio com o antígeno. (COICO, 6ª ed.)
➢ citotoxicidade anticorpo-dependente: utiliza receptores de
Fc expressos em muitos tipos celulares (tais como as ↠ Em condições normais, os imunocomplexos circulantes
células NK, macrófagos, neutrófilos e eosinófilos) para constituídos por anticorpos ligados a antígenos estranhos
colocar estas células em contato com as células alvo são removidos pelas células fagocitárias. (COICO, 6ª ed.)
recobertas de anticorpo.
↠ A fagocitose é facilitada pela ligação das regiões Fc
dos anticorpos, presentes nesses complexos, a
receptores de Fc de IgG expressos sobre as células
fagocíticas. (COICO, 6ª ed.)
O que acontece quando os mecanismos fisiológicos destinados a
eliminar os imunocomplexos estão "sufocados" pela grande quantidade
destes complexos?

O resultado é que os imunocomplexos de determinados tamanhos


podem, inapropriadamente, depositar-se nos tecidos e desencadear
inúmeros acontecimentos patogênicos sistêmicos conhecidos como
reações de hipersensibilidade do tipo I I. Se esta reação for sistêmica,
ela é também conhecida como doença por imunocomplexo sistêmica.
As reações localizadas são também conhecidas como doença por
imunocomplexo localizada. Ambas podem estar associadas com a
➢ disfunção celular mediada por anticorpo: os anticorpos se deposição dos imunocomplexos nas articulações, rins, pele, plexo
ligam a recept.ores de superfície celular que são decisivos coroide e artéria ciliar ocular. (COICO, 6ª ed.)
para a integridade funcional da célula.
O dano tissular causado por esses imunocomplexos varia dependendo
do sítio de localização. Se, por exemplo, o sítio de deposição do
imunocomplexo for o menisco da articulação, pode ocorrer a
destruição das membranas sinoviais e da cartilagem. (COICO, 6ª ed.)

@jumorbeck
14

As características clínicas das reações de hipersensibilidade do tipo IV


variam dependendo do antígeno sensibilizante e da via de exposição.
(COICO, 6ª ed.)

Os principais acontecimentos envolvem três etapas: (COICO, 6ª ed.)

➢ ativação de células inflamatórias THl e TH17 antígeno-


específicas em um indivíduo previamente sensibilizado;
➢ elaboração de citocinas pró-inflamatórias pelas células THl e
TH17 antígeno-específicas;
➢ recrutamento e ativação de leucócitos inflamatórios
antígeno-inespecíficos.

Geralmente, estes acontecimentos ocorrem por um período de vários


dias (48-72 horas). (COICO, 6ª ed.)

CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS DE HIPERSENSIBILIDADE


TIPO DE MECANISMOS MECANISMOS DE
HIPERSENSIBILIDADE IMUNOPATOLÓGICOS LESÃO TECIDUAL
E DOENÇA
IMEDIATA: TIPO I Anticorpo IgE, células Mastócitos,
Th2 eosinófilos e seus
mediadores
(citocinas, entre
outros)
MEDIADA POR Anticorpos IgM e IgG Opsonização e
ANTICORPOS: TIPO II contra antígenos de fagocitose de
superfície celular ou da células;
matriz extracelular. Recrutamento e
ativação de
leucócitos
(neutrófilos e
macrófagos)
mediadas por
receptor Fc e
complemento.
Anormalidades nas
funções celulares,
por exemplo,
sinalização por
receptor de
hormônio, bloqueio
Hipersensibilidade mediada por células T (tipo IV) de receptor
neurotransmissor.
↠ Reações mediadas por células - comumente MEDIADA POR Imunocomplexos de Recrutamento e
denominadas hipersensibilidade do tipo tardio (DTH) - são IMUNOCOMPLEXOS: antígenos circulantes e ativação de
anticorpos IgM ou IgG. leucócitos
mediadas por mecanismos efetores dependentes de TIPO III mediados por
célula T envolvendo tanto células THl CD4+ quanto células receptor Fc e
complemento.
T citotóxicas CD8+. (COICO, 6ª ed.) MEDIADA POR CÉLULA CélulasT CD4+ (Th1 e Inflamação mediada
Th17); por citocinas e
T: TIPO IV
↠ Os anticorpos não participam das reações de CTLs CD8+ ativação de
macrófagos;
hipersensibilidade do tipo IV. As células TH1 ativadas liberam Morte celular
citocinas que promovem acúmulo e ativação de direta, inflamação
mediada por
macrófagos que, por sua vez, causam dano local. Este tipo citocinas.
de reação tem início tardio, que pode ocorrer dias ou
semanas após o desafio com o antígeno. (COICO, 6ª ed.)
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
↠ Os efeitos prejudiciais da DTH são causados pela SECUNDÁRIAS NAS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
liberação inapropriada de grandes quantidades de
↠ As manifestações de doenças alérgicas dependem dos
citocinas (incluindo quimiocinas) pelas células T ativadas.
tecidos em que atuam os mediadores dos mastócitos e
(COICO, 6ª ed.)
as citocinas do tipo 2, bem como da cronicidade do
processo inflamatório resultante. (ABBAS, 9ª ed.)

@jumorbeck
15

RINITE ALÉRGICA ↠ Os mediadores dos mastócitos podem comprometer


a respiração causando edema de laringe,
↠ A rinite alérgica (comumente conhecida como febre broncoconstrição e produção excessiva de muco
do feno) é o distúrbio atópico mais comum em todo o brônquico. Frequentemente, há diarreia devido à
mundo. (COICO, 6ª ed.) hipermotilidade intestinal ou efusão de muco no intestino,
↠ É causada por alérgenos transportados pelo ar que além de lesões urticariformes (urticária) na pele. (ABBAS,
reagem com mastócitos sensibilizados por IgE nas vias 9ª ed.)
nasais e conjuntiva. Os mediadores liberados dos
mastócitos aumentam a permeabilidade capilar e causam
vasodilatação localizada, levando aos sintomas típicos que Referências
incluem espirro e tosse. (COICO, 6ª ed.)
ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv.
ALERGIA ALIMENTAR Imunologia Celular e Molecular, 9ª edição. Elsevier Editora
Ltda., 2019.
↠ É causada pelo consumo de certos alimentos (por
exemplo, amendoim, arroz, ovos). A ingestão de tais COICO, Richard; SUNSHINE, Geoffrey. Imunologia, 6ª
alimentos por indivíduos suscetíveis pode desencadear a edição. Guanabara Koogan, 2010.
reação cruzada de IgE alérgeno-específica sobre os
ROITT, Ivan M.; MALE, David; BROSTOFF, Jonathan;
mastócitos do trato gastrointestinal superior e inferior.
ROTH, David B. Imunologia, 8ª edição. Elsevier, 2014.
(COICO, 6ª ed.)
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia /
↠ A desgranulação do mastócito e a liberação do
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana
mediador acarretam a contração localizada do músculo
Cavalcanti C. Botelho.. [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
liso e a vasodilatação causando frequentemente vômito e
Guanabara Koogan, 2016.
diarreia. (COICO, 6ª ed.)

↠ Em alguns casos o alérgeno é absorvido pela corrente


sanguínea como consequência do aumento da
permeabilidade das membranas mucosas, permitindo que
os alérgenos alimentares sejam transportados para os
mastócitos presentes na pele. Isto causa reações de
pápula e eritema (urticária atópica) comumente
conhecidos como urticária. (COICO, 6ª ed.)

ANAFILAXIA SISTÊMICA
↠ A anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade
imediata sistêmica caracterizada por edema em muitos
tecidos e diminuição da pressão arterial secundária à
vasodilatação e ao extravasamento vascular. Esses efeitos
geralmente resultam da presença sistêmica do antígeno
introduzido por injeção (p. ex.: uma picada de inseto) ou
da absorção ao longo de uma superfície epitelial como a
mucosa intestinal. (ABBAS, 9ª ed.)

↠ O alérgeno ativa os mastócitos em muitos tecidos,


resultando na liberação de mediadores que ganham
acesso aos leitos vasculares em todo o corpo. A
diminuição do tônus vascular e o extravasamento de
plasma causado pelos mediadores dos mastócitos podem
acarretar uma significativa queda na pressão arterial, ou
choque, chamado choque anafilático que frequentemente
é fatal. (ABBAS, 9ª ed.)

@jumorbeck
Transporte de Gases 1

Troca de oxigênio e dióxido de carbono maior a diferença na pressão parcial, mais rápida será a
velocidade de difusão. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o ar
alveolar e o sangue pulmonar ocorre por meio da difusão Lei de Henry:
passiva, que é regida pelo comportamento dos gases, ↠ A lei de Henry afirma que o volume de um gás que
como descrito por duas leis dos gases, a lei de Dalton e se dissolve em um líquido é proporcional à pressão parcial
a lei de Henry. (TORTORA, 14ª ed.) do gás e à sua solubilidade. TORTORA, 14ª ed.)
LEI DOS GASES | LEI DE DALTON E LEI DE HENRY ↠ Nos líquidos corporais, a capacidade de um gás de ficar
Lei de Dalton: em solução é maior quando a sua pressão parcial é maior
e quando ele tem elevada solubilidade em água. Quanto
↠ De acordo com a lei de Dalton, cada gás em uma maior a pressão parcial de um gás em um líquido e mais
mistura de gases exerce a sua própria pressão como se elevada a sua solubilidade, mais gás vai ficar em solução.
não houvesse outros gases. A pressão de um gás Em comparação ao oxigênio, muito mais CO2 está
específico em uma mistura é chamada de pressão parcial dissolvido no plasma sanguíneo, porque a solubilidade do
(Px); o subscrito é a fórmula química do gás. (TORTORA, CO2 é 24 vezes maior do que a do O2.. TORTORA, 14ª
14ª ed.) ed.)
↠ A pressão total da mistura é calculada simplesmente ↠ Mesmo que o ar que respiramos contenha
adicionando-se todas as pressões parciais. O ar principalmente N2, este gás não tem qualquer efeito
atmosférico é uma mistura de gases – nitrogênio (N2), sobre as funções corporais; ao nível do mar, sua pressão
oxigênio (O2), argônio (Ar), dióxido de carbono (CO2), muito pequena se dissolve no plasma sanguíneo, porque
volumes variáveis de vapor de água (H2O), além de a sua solubilidade é muito baixa. (TORTORA, 14ª ed.)
outros gases presentes em pequenas quantidades. A
Quando um mergulhador respira ar sob alta pressão, o nitrogênio na
pressão atmosférica é a soma das pressões de todos
mistura pode ter sérios efeitos negativos. Visto que a pressão parcial
estes gases: (TORTORA, 14ª ed.) de nitrogênio é superior em uma mistura de ar comprimido do que
no ar à pressão ao nível do mar, um volume considerável de
nitrogênio se dissolve no plasma e no líquido intersticial. Muito
nitrogênio dissolvido pode provocar tontura e outros sintomas
semelhantes aos da intoxicação por álcool. A condição é chamada de
narcose por nitrogênio ou “embriaguez das profundezas”. (TORTORA,
14ª ed.)
↠ É possível determinar a pressão parcial exercida por
cada um dos componentes na mistura multiplicando a Se um mergulhador sobe à superfície lentamente, o nitrogênio
dissolvido pode ser eliminado em sua expiração. No entanto, se a
porcentagem do gás na mistura pela pressão total da
subida é demasiadamente rápida, o nitrogênio sai da solução rápido
mistura. Assim, as pressões parciais dos gases no ar demais e forma bolhas de gás nos tecidos, resultando em doença por
inspirado são: (TORTORA, 14ª ed.) descompressão (barotrauma). (TORTORA, 14ª ed.)

Transporte de gases

↠ Os gases que entram nos capilares primeiramente se


dissolvem no plasma. Todavia, os gases dissolvidos
representam apenas uma pequena parte do oxigênio que
será fornecido às células. (SILVERTHON, 7ª ed.)

↠ Os glóbulos vermelhos, ou eritrócitos, têm um papel


↠ Estas pressões parciais determinam o movimento de fundamental em garantir que o transporte de gás entre
O2 e CO2 entre a atmosfera e os pulmões, entre os o pulmão e as células seja suficiente para atender às
pulmões e o sangue, e entre as células do sangue e o necessidades celulares. (SILVERTHON, 7ª ed.)
corpo. Cada tipo de gás se difunde através da membrana ↠ Sem a hemoglobina nos eritrócitos, o sangue não seria
permeável da área em que sua pressão parcial é maior capaz de transportar uma quantidade suficiente de
para a área em que sua pressão parcial é menor. Quanto oxigênio para sustentar a vida. (SILVERTHON, 7ª ed.)

@jumorbeck
2

↠ A presença de hemoglobina nas hemácias permite molécula de O2. O oxigênio e a hemoglobina se ligam em
que o sangue transporte 30 a 100 vezes mais O2 do que uma reação facilmente reversível para formar a oxi-
seria transportado na forma de O2 dissolvido na água do hemoglobina: (TORTORA, 14ª ed.)
sangue. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ A reação de ligação da hemoglobina com o oxigênio


obedece à lei de ação das massas. À medida que a
concentração de O2 livre aumenta, mais oxigênio liga-se
à hemoglobina, e, assim, a equação desloca-se para a
direita, produzindo mais HbO2. Se a concentração de O2
diminui, a equação desloca-se para a esquerda. A
hemoglobina libera o oxigênio, e a quantidade de oxi-
hemoglobina diminui. (SILVERTHON, 7ª ed.)

↠ Os gases podem se mover de um ponto para outro


por difusão e que a causa desse movimento sempre é
uma diferença de pressão parcial do primeiro ponto para
o outro. (GUYTON, 13ª ed.) Fatores que promovem a ligação e a dissociação do o2
com a hemoglobina
Transporte de oxigênio

↠ O oxigênio não se dissolve facilmente em água, de RELAÇÃO ENTRE A HEMOGLOBINA E A PRESSÃO PARCIAL DO
modo que somente aproximadamente 1,5% do O2 OXIGÊNIO
inspirado está dissolvido no plasma sanguíneo, que é ↠ O fator mais importante para determinar quanto O2
composto principalmente por água. Aproximadamente que se liga à hemoglobina é a PO2; quanto maior for a
98,5% do O2 no sangue está ligado à hemoglobina nos PO2, mais O2 se combina à Hb. (TORTORA, 14ª ed.)
eritrócitos. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Quando a hemoglobina reduzida (Hb) é
↠ Cada 100 ml de sangue oxigenado contém o completamente convertida em oxi-hemoglobina (HbO2),
equivalente a 20 ml de O2 gasoso. Usando as diz-se que a hemoglobina está totalmente saturada;
porcentagens indicadas, a quantidade dissolvida no plasma quando a hemoglobina é constituída por uma mistura de
é de 0,3 ml e a quantidade ligada à hemoglobina é de 19,7 Hb e HbO2, está parcialmente saturada. (TORTORA, 14ª
ml. (TORTORA, 14ª ed.) ed.)
↠ A porção heme da hemoglobina contém quatro
átomos de ferro, cada um capaz de se ligar a uma

@jumorbeck
3

↠ A porcentagem de saturação da hemoglobina PO2, a Hb está menos saturada com O2, uma mudança
expressa a saturação média de hemoglobina com denominada efeito Bohr. (TORTORA, 14ª ed.)
oxigênio. Por exemplo, se cada molécula de hemoglobina
↠ O efeito Bohr funciona nos dois sentidos: o aumento
se ligou a 2 moléculas de O2, então a hemoglobina está
do H+ no sangue faz com que o O2 seja descarregado
50% saturada, porque cada Hb pode se ligar a no máximo
da hemoglobina, e a ligação do O2 à hemoglobina causa
quatro O2. (TORTORA, 14ª ed.)
a descarga de H+ da hemoglobina. (TORTORA, 14ª ed.)

OBS.: Observe que a hemoglobina ainda está 75% saturada com O2


a uma PO2 de 40mmHg, a PO2 média das células teciduais em uma
PRESSÃO PARCIAL DE DIÓXIDO DE CARBONO
pessoa em repouso. Esta é a base para a afirmação de que apenas
25% do O2 disponível é descarregado da hemoglobina e é utilizado ↠ O CO2 também pode se ligar à hemoglobina, e o
pelas células teciduais em condições de repouso. (TORTORA, 14ª ed.)
efeito é semelhante ao do H+ (deslocamento da curva
OBS.: Quando a PO2 está entre 60 e 100 mmHg, a hemoglobina está para a direita). Conforme a PCO2 sobe, a hemoglobina
90% ou mais saturada com O2. Assim, o sangue capta uma carga libera O2 mais facilmente. (TORTORA, 14ª ed.)
quase completa de O2 dos pulmões, mesmo quando a PO2 do ar
alveolar é tão baixa quanto 60mmHg. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ A PCO2 e o pH são fatores relacionados, porque o
OBS.: A curva Hb-PO2 explica por que determinadas pessoas ainda baixo pH do sangue (acidez) resulta em PCO2 elevada.
podem ter um bom desempenho em altitudes elevadas ou quando (TORTORA, 14ª ed.)
elas têm certas doenças cardíacas e pulmonares, embora a PO2 possa
cair a valores tão baixos quanto 60 mmHg. (TORTORA, 14ª ed.)

OBS.: No entanto, a saturação de oxigênio da Hb cai para 35% a 20


mmHg. Entre 40 e 20 mmHg, muito O2 é liberado da hemoglobina
em resposta a apenas pequenas diminuições na PO2. (TORTORA, 14ª
ed.)

ACIDEZ (pH)
↠ Conforme a acidez aumenta (pH diminui), a afinidade
da hemoglobina ao O2 diminui, e o O2 se dissocia mais
facilmente da hemoglobina (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Os principais ácidos produzidos por tecidos


metabolicamente ativos são o ácido láctico e o ácido
carbônico. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ Quando o pH diminui, toda a curva de dissociação da ↠ Conforme o CO2 entra no sangue, grande parte dele
oxi-hemoglobina se desloca para a direita; em uma dada é temporariamente convertido em ácido carbônico

@jumorbeck
4

(H2CO3), em uma reação catalisada por uma enzima nos


eritrócitos chamada de anidrase carbônica (AC):
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ O ácido carbônico assim formado nos eritrócitos se


dissocia em íons hidrogênio e íons bicarbonato. Conforme
a concentração de H+ aumenta, o pH diminui. Assim, um
aumento na PCO2 produz um ambiente mais ácido, o que
ajuda na liberação de O2 da hemoglobina. (TORTORA, 14ª
ed.) BPG
↠ Durante o exercício, o ácido láctico – um subproduto ↠ Uma substância encontrada nos eritrócitos chamada
do metabolismo anaeróbico no interior dos músculos – 2,3-bisfosfoglicerato (BPG), antigamente chamada de
também diminui o pH do sangue. A PCO2 diminuída (e o difosfoglicerato (DPG), diminui a afinidade da hemoglobina
pH elevado) desloca a curva de saturação para a pelo O2 e, assim, ajuda a descarregar o O2 da
esquerda. (TORTORA, 14ª ed.) hemoglobina. (TORTORA, 14ª ed.)
TEMPERATURA ↠ O BPG é formado nos eritrócitos quando eles quebram
↠ Dentro de determinados limites, conforme a a glicose para produzir ATP em um processo chamado
temperatura aumenta, o mesmo acontece com a glicólise. (TORTORA, 14ª ed.)
quantidade de O2. (TORTORA, 14ª ed.) ↠ Quando o BPG se combina à hemoglobina pela ligação
↠ O calor é um subproduto das reações metabólicas de aos grupos aminoterminais das duas cadeias globina beta,
todas as células; o calor liberado pela contração das fibras a hemoglobina se liga ao O2 menos fortemente nos locais
musculares tende a elevar a temperatura corporal. Células do grupo heme. Quanto maior for o nível de BPG, mais
metabolicamente ativas requerem mais O2 e liberam mais O2 é descarregado da hemoglobina. (TORTORA, 14ª ed.)
ácidos e calor. Os ácidos e o calor, por sua vez, ↠ Determinados hormônios, como a tiroxina, o hormônio
promovem a liberação de O2 da oxi-hemoglobina. A febre de crescimento humano, a epinefrina, a norepinefrina e a
produz um resultado semelhante. (TORTORA, 14ª ed.) testosterona, aumentam a formação de BPG. O nível de
↠ Em contraste, durante a hipotermia (temperatura BPG também é maior em pessoas que vivem em altitudes
corporal reduzida), o metabolismo celular desacelera, a mais elevadas. (TORTORA, 14ª ed.)
necessidade de O2 é reduzida e mais O2 permanece AFINIDADE AO OXIGÊNIO DA HEMOGLOBINA FETAL E ADULTA
ligado à hemoglobina (um deslocamento da curva de
saturação para a esquerda). (TORTORA, 14ª ed.) ↠ A hemoglobina fetal (HbF) difere da hemoglobina adulta (HbA) em
estrutura e afinidade ao O2. A HbF tem uma maior afinidade ao O2
porque se liga menos fortemente ao BPG. Assim, quando a PO2 está
baixa, a HbF é capaz de transportar até 30% mais O2 do que a HbA
materna. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ À medida que o sangue materno entra na placenta, o O2 é


prontamente transferido para o sangue fetal. Isto é muito importante
porque a saturação de O2 no sangue materno na placenta é bastante
baixa, e o feto poderia sofrer de hipoxia se não fosse a maior afinidade
da hemoglobina fetal ao O2. (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
5

apenas 40 mmHg. Assim, existe enorme diferença da


pressão inicial que faz com que o O2 se difunda, com
rapidez, do sangue capilar para os tecidos — tão
rapidamente que a Po2 capilar diminui, quase se igualando
à pressão de 40 mmHg, no interstício. Portanto, a Po2 do
sangue que deixa os capilares dos tecidos e entra nas
veias sistêmicas é também de aproximadamente, 40
mmHg. (GUYTON, 13ª ed.)

Difusão do oxigênio dos alvéolos para o sangue capilar


Difusão de oxigênio dos capilares periféricos para as
pulmonar
células teciduais
↠ A Po2 do O2 gasoso no alvéolo é em média, de 104
↠ O O2 está sempre sendo utilizado pelas células.
mmHg, enquanto a Po2 do sangue venoso que entra nos
Portanto, a Po2 intracelular nos tecidos periféricos,
capilares pulmonares, em sua porção arterial, está em
permanece menor do que a Po2 nos capilares periféricos.
torno de apenas 40 mmHg porque grande quantidade de
(GUYTON, 13ª ed.)
O2 foi removida desse sangue enquanto ele passava
através dos tecidos periféricos. Portanto, a diferença de O Aumento do Fluxo Sanguíneo Eleva o Po2 do Líquido Intersticial.
pressão inicial que faz com que o O2 se difunda para os
Se o fluxo de sangue por determinado tecido aumentar, maior
capilares pulmonares é 104 - 40, ou 64 mmHg. (GUYTON, quantidade de O2 é transportada para os tecidos, e a Po2 tecidual fica
13ª ed.) correspondentemente, maior. (GUYTON, 13ª ed.)

O Aumento do Metabolismo Tecidual Diminui a Po 2 do Líquido


Intersticial.

Se as células usarem mais O2 para seu metabolismo do que o normal,


ocorrerá redução da Po2 do líquido intersticial. (GUYTON, 13ª ed.)

Difusão de oxigênio dos capilares periféricos para o


líquido tecidual
Transporte de dióxido de carbono
↠ Quando o sangue arterial chega aos tecidos
periféricos, sua Po2 nos capilares ainda é 95 mmHg. ↠ Em condições normais de repouso, cada 100 ml de
Contudo, como mostrado na figura, a Po2 no líquido sangue venoso contêm o equivalente a 53 ml de CO2
intersticial, que banha as células teciduais, é, em média, de gasoso, que é transportado no sangue de três maneiras
principais: (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
6

➢ CO2 dissolvido: uma pequena porcentagem - Duas características da desoxi-hemoglobina dão origem ao efeito de
aproximadamente 7% - está dissolvida no Haldane: (TORTORA, 14ª ed.)
plasma sanguíneo. Ao alcançar os pulmões, o ➢ a desoxi-hemoglobina se liga ao CO2 e, assim, transporta
CO2 dissolvido se difunde no ar alveolar e é mais CO2 do que a HbO2.
expirado. ➢ a desoxi-hemoglobina também tampona mais H+ do que a
HbO2, desse modo removendo H+ da solução e
➢ Compostos carbamino: uma porcentagem um promovendo a conversão do CO2 em HCO3– por meio da
pouco mais elevada, aproximadamente 23%, reação catalisada pela anidrase carbônica
combina-se aos grupos amina dos aminoácidos
e proteínas no sangue para formar compostos Difusão de dióxido de carbono das células teciduais
carbamino. Como a proteína mais prevalente no periféricas para os capilares e dos capilares pulmonares
sangue é a hemoglobina (no interior dos para os alvéolos
eritrócitos), a maior parte do CO2 transportado
deste modo está ligada à hemoglobina. Os ↠ Quando o O2 é usado pelas células, praticamente, todo
principais locais de ligação do CO2 são os ele se torna CO2, o que aumenta a Pco2 intracelular.
aminoácidos terminais das duas cadeias globina Devido a essa Pco2 elevada das células teciduais, o CO2
alfa e duas cadeias globina beta. A hemoglobina se difunde das células para os capilares e é, então,
que se ligou ao CO2 é denominada transportado pelo sangue para os pulmões. Nos pulmões,
carbaminohemoglobina (HbCO2): ele se difunde dos capilares pulmonares para os alvéolos,
onde é expirado. (GUYTON, 13ª ed.)
↠ Assim, em cada ponto da cadeia de transporte gasoso
o CO2 se difunde em direção exatamente oposta à
OBS.: A formação da carbaminohemoglobina é muito influenciada pela difusão do O2.. Contudo, existe grande diferença entre a
PCO2. Por exemplo, nos capilares teciduais, a PCO2 é relativamente difusão de CO2 e a do O2: o CO2 consegue se difundir
elevada, o que promove a formação de carbaminohemoglobina. Mas cerca de 20 vezes mais rápido que o O2. (GUYTON, 13ª
nos capilares pulmonares, a PCO2 é relativamente baixa, e o CO2 se ed.)
separa facilmente da globina e entra nos alvéolos por difusão.
(TORTORA, 14ª ed.) ↠ Portanto, as diferenças de pressão necessárias para
➢ Íons bicarbonato: o maior percentual de CO2 – causar a difusão do CO2 são, em cada instância, bem
aproximadamente 70% – é transportado no menores que as diferenças de pressão necessárias para
plasma sanguíneo como íons bicarbonato causar a difusão de O2. (GUYTON, 13ª ed.)
(HCO3–). Conforme o CO2 se difunde para os
capilares sistêmicos e entra nos eritrócitos, ele
reage com a água na presença da enzima
anidrase carbônica (AC) para formar o ácido
carbônico, que se dissocia em H+ e HCO3–:

Conforme o sangue capta CO2, o HCO3– se acumula no interior das


hemácias. Um pouco de HCO3– se move para o plasma sanguíneo,
abaixando seu gradiente de concentração. Em troca, íons cloreto (Cl–
) se movem do plasma para as hemácias. Essa troca de íons negativos,
que mantém o equilíbrio elétrico entre o plasma sanguíneo e o citosol
das hemácias, é conhecida como deslocamento de cloreto.
(TORTORA, 14ª ed.)

A quantidade de CO2 que pode ser transportada no sangue é


influenciada pela porcentagem de saturação da hemoglobina com
oxigênio. Quanto menor a quantidade de oxi-hemoglobina (HbO2),
maior a capacidade de transporte de CO2 do sangue, uma relação
conhecida como efeito de Haldane. (TORTORA, 14ª ed.)

@jumorbeck
7

Transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos

↠ O O2 se difunde dos alvéolos para o sangue dos


capilares pulmonares porque a pressão parcial do O2 (Po2)
nos alvéolos é maior do que a Po2 no sangue capilar
pulmonar. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ Nos outros tecidos do corpo, a Po2 maior no sangue


capilar do que nos tecidos faz com que o O2 se difunda
para as células adjacentes. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ Por outro lado, quando o O2 é metabolizado pelas


células formando CO2, a pressão intracelular do CO2
(Pco2) aumenta para valor elevado, o que faz com que o
CO2 se difunda para os capilares teciduais. (GUYTON, 13ª ↠ Essa curva é quase idêntica à curva de dissociação de
ed.) O2-hemoglobina, exceto pelo fato de que as pressões
↠ Depois que o sangue flui para os pulmões, o CO2 se parciais do CO, mostradas na abscissa, estão em nível de
difunde para fora do sangue até os alvéolos porque a 1/250 das da curva de dissociação de oxigênio-
Pco2, no sangue capilar pulmonar, é maior do que nos hemoglobina. Portanto, a pressão parcial de CO de apenas
alvéolos. (GUYTON, 13ª ed.) 0,4 mmHg, nos alvéolos, 1/250 da pressão parcial do O2
alveolar normal (Po2 de 100 mmHg), permite ao CO
↠ Assim, o transporte de O2 e CO2 pelo sangue competir em igualdade com o O2, pela combinação com
depende tanto da difusão quanto do fluxo de sangue. a hemoglobina, e faz com que metade da hemoglobina
(GUYTON, 13ª ed.) do sangue se ligue ao CO, em vez de se ligar com O2.
(GUYTON, 13ª ed.)
Combinação de hemoglobina com monóxido de carbono
- deslocamento do o2 ↠ Portanto, a pressão de CO de apenas 0,6 mmHg
(concentração de volume inferior a uma parte por mil no
↠ O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor e ar) pode ser letal. (GUYTON, 13ª ed.)
inodoro encontrado na fumaça do escapamento de
automóveis, fornos a gás e aquecedores de ambiente, e ↠ Assim, em uma concentração tão pequena quanto
também na fumaça do cigarro. (TORTORA, 14ª ed.) 0,1% (PCO = 0,5 mmHg), o CO se combinará à metade
das moléculas de hemoglobina disponíveis e reduzirá a
↠ É um subproduto da combustão de materiais capacidade de transporte de oxigênio do sangue em
contendo carbono, como o carvão, o gás e a madeira. 50%. (TORTORA, 14ª ed.)
(TORTORA, 14ª ed.)
↠ Muito embora o conteúdo de O2 no sangue esteja
↠O monóxido de carbono (CO) se combina com a bastante reduzido na intoxicação por CO, a Po2 do sangue
hemoglobina no mesmo ponto em que a molécula de pode estar normal, o que faz com que a exposição ao
hemoglobina se combina com o O2. (GUYTON, 13ª ed.) CO seja especialmente perigosa, já que o sangue é
↠ O monóxido de carbono pode, portanto, deslocar O2 vermelho-vivo e não existem sinais óbvios de hipoxemia,
da hemoglobina, diminuindo, assim, a capacidade de como o tom azulado das pontas dos dedos ou dos lábios
transporte de O2 do sangue. Além disso, o CO se liga (cianose). Além disso, a Po2 não se mostra reduzida, e o
cerca de 250 vezes mais facilmente que o O2, o que é mecanismo de feedback que normalmente estimula o
demonstrado pela curva de dissociação de CO aumento da frequência respiratória, em resposta à falta
hemoglobina. (GUYTON, 13ª ed.) de O2 (geralmente refletida por Po2 baixa) está ausente.
Na medida em que o cérebro é um dos primeiros órgãos
afetados pela falta de O2, o indivíduo pode ficar
desorientado e inconsciente, antes de se dar conta do
perigo. (GUYTON, 13ª ed.)

@jumorbeck
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↠ Níveis sanguíneos elevados de CO causam ↠ Para Willard (2006) o Cyberbullying pode ser dividido
envenenamento por monóxido de carbono, que pode em diferentes formas, baseando-se na ação que se
fazer com que os lábios e a túnica mucosa da boca realiza: (LONGHINI, 2013)
tenham coloração vermelho-cereja claro (a cor da
➢ Nominal: provocar com o uso de linguagem
hemoglobina com o monóxido de carbono ligado a ela).
vulgar e ofensiva.
(TORTORA, 14ª ed.)
➢ Perseguir ou assediar: envio repetido de
↠ Sem tratamento imediato, o envenenamento por mensagens desagradáveis.
monóxido de carbono é fatal. É possível recuperar uma ➢ .Denegrir: divulgação de mentiras sobre a vítima
vítima de envenenamento por CO por meio da com o objetivo de causar danos a sua imagem
administração de oxigênio puro, o que acelera a ou reputação
separação do monóxido de carbono da hemoglobina. ➢ .Personificar: fazer-se passar pela vítima no
(TORTORA, 14ª ed.) espaço virtual para degradar o relacionamento
com seus amigos
Impactos psicológicos gerados pelo cyberbullying ➢ .Violar a intimidade: partilhar online com terceiros
↠ A revolução tecnológica que influencia radicalmente a os segredos, informações pessoais ou imagens
sociedade e a humanidade altera maneiras de se da vítima.
relacionar, como o advento de novas formas de ➢ .Exclusão: excluir a vítima de um grupo online de
comunicação e interação entre indivíduos. (FORNASIER, forma deliberada ou cruel
2020) ➢ .Intimidação: enviar mensagens insultuosas,
desagradáveis para desencadear o medo ou
↠ A internet proporciona o ambiente conhecido como intimidação na vítima
ciberespaço, que, segundo Benedikt(1991), significa um
novo universo criado e sustentado por computadores ↠ Um estudo da Healio (Infectious Diseases In Children)
mundiais e linhas de comunicação. Um universo de constatou que a pandemia mundial da Covid-19 pode ser
informações, sons, imagens, entretenimento, um universo um fator de aumento para os casos de cyberbullying. Com
“sem limites”, que pode ser acessado através de um o significativo número de vítimas e de possíveis
computador ou dispositivo eletrônico em casa, em um agressores no mundo virtual, somados à determinação
escritório, em sala de aula e até mesmo na rua. de quarentena, os números aumentaram e revelaram que
(SCHREIBER; ANTUNES, 2015) a sociedade ainda precisa evoluir no que diz respeito ao
seu modo de comunicar. (FORNASIER, 2020)
↠ Muitas vezes essas mudanças apresentam resultados
positivos para a sociedade, facilitando o compartilhamento ↠ Muito além de uma simples discussão comportamental,
de conhecimentos e acelerando processos, mas podem o cyberbullying traz à tona questões relativas aos direitos
mostrar o lado oposto da moeda, e entre tais fundamentais. Um dos principais direitos fundamentais é a
consequências negativas se tem a tradução do bullying – liberdade de expressão, mas quando essa prática é
constrangimento imposto por uma figura (indivíduo ou relacionada às formas tradicionais de bullying, surge o
grupo) contra alguém a quem persegue, causando a este questionamento de até onde vai essa liberdade de cada
humilhação social, danos psicológicos e/ou físicos – que um, de que forma isso pode afetar a vida e o bem-estar
acontecia presencialmente, para os ambientes de rede de outras pessoas, tonando-se um problema de saúde
virtuais, ocasionando então o fenômeno do cyberbullying. pública global. Com isso a liberdade de expressão colide
(FORNASIER, 2020) com os direitos de personalidade de cada ser humano,
uma vez que outro direito fundamental, o direito à honra,
↠ A principal diferença do cyberbullying para o bullying à privacidade, à intimidade, o direito de imagem, podem
tradicional é que, enquanto este último tem o caráter ser feridos com o assédio moral. Aqui o direito à liberdade
presencial, sendo praticado frente a frente, estando vítima de expressão encontra uma limitação para que o direito
e agressor identificados, o cyberbullying ocorre por meio de personalidade seja respeitado. (FORNASIER, 2020)
da Internet, nas redes sociais e sites de conversas,
podendo ser praticado de forma mais fácil pelo agressor, ↠ O ataque de cyberbullying pode partir de ações como
que muitas vezes se esconde atrás de perfis falsos. deboche, montagem de fotos, divulgação de fotos ou
(FORNASIER, 2020) matérias da intimidade das vítimas, propagação de boatos
em prol de desclassificar e intimidar a vítima, entre outros

@jumorbeck
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meios, que causam danos como tristeza e medo, podendo ser subdividido em dois tipos: comportamento
seguidos de vergonha e desapontamento, características suicida e conduta autolesiva. (SILVA; NETO, 2020)
que se tornam comuns a todas as vítimas e podem levar
↠ O primeiro incluiu ideação suicida, tentativas de suicídio
a atitudes mais drásticas quando estas não têm
e o suicídio consumado. O segundo, a conduta autolesiva,
acompanhamento psicológico. (FORNASIER, 2020)
por seu lado, foi resumida em comportamentos de
↠ Os sintomas mais frequentes sofridos pelas vítimas vão automutilação, que acontecem em situações mais
muito além de um sentimento momentâneo, acabam privadas, muitas vezes não chegando a constar de
causando doenças futuras, desencadeando transtornos relatórios de saúde pública, sendo, portanto,
graves, como depressão e ansiedade, muitas vítimas se subnotificadas. (SILVA; NETO, 2020)
autoexcluem de relações sociais, e a união desses
↠ De acordo com a OMS o suicídio é a segunda causa
transtornos pode inclusive levar ao suicídio. (FORNASIER,
de morte no mundo entre jovens de 15 a 29 anos. (SILVA;
2020)
NETO, 2020)
↠ Cabe destacar que o impacto do cyberbullying na vida
↠ Cabe destacar que a complexidade que envolve o
dos jovens é ainda maior quando se trata de intolerância
suicídio e, para tanto, os esforços de prevenção ao
e preconceito relacionados a gênero e opção sexual. O
suicídio exigem coordenação e colaboração entre
cyberbullying é motivado muitas vezes por uma fobia
diversos setores da sociedade, dentre eles o setor da
contra a população LGBT, que sofre com níveis e
saúde, a educação, trabalho, agricultura, negócios, justiça,
frequência de cyberbullying muito maiores do que jovens
lei, defesa, política e até mesmo a mídia. Esses esforços
heterossexuais. (FORNASIER, 2020)
devem ser abrangentes e integrados entre si, já que em
↠ Consequências do Cyberbullying: (SCHREIBER; uma questão tão complexa como é o suicídio, nenhuma
ANTUNES, 2015) abordagem isolada por si só pode causar impacto.
(SILVA; NETO, 2020)
➢ Diminuir a confiança da vítima em outras
pessoas; Como prevenir:
➢ Baixa autoestima (maior incidência, tanto para as
↠ Quando o tema é a prevenção ao suicídio, os olhares
vítimas quanto para os agressores);
devem voltar-se para o que provoca a dor, acolhendo o
➢ Desenvolver níveis de angústia e ansiedade;
que a provoca. (SILVA; NETO, 2020)
➢ Acarretar no desempenho acadêmico;
➢ Fobia social; ↠ Para tanto, existem várias medidas que podem ser
➢ Frustração; tomadas em vários níveis, como no populacional,
➢ Insônia; subpopular e individual com a finalidade de evitar suicídio
➢ Enurese; e tentativas de suicídio. Entre essas medidas, tem-se:
➢ Medo; (SILVA; NETO, 2020)
➢ Suicídio;
➢ Depressão; ➢ a redução do acesso aos meios de suicídio (por
exemplo, pesticidas, armas de fogo, certos
↠ Cabe destacar, que os impactos emocionais medicamentos);
observados diferem entre as pessoas e dependem de ➢ mídia responsável;
como a vítima se coloca diante da situação. (SCHREIBER; ➢ intervenções escolares;
ANTUNES, 2015) ➢ políticas públicas de controle do uso de álcool;
➢ identificação precoce, tratamento e
Importância das medidas preventivas ao suicídio
atendimento de pessoas com transtornos
↠ Suicídio: é o ato deliberado de tirar a própria vida, com mentais e de uso de substâncias, dor crônica e
desfecho fatal. (SILVA; NETO, 2020) sofrimento emocional agudo;
➢ treinamento de profissionais de saúde não
↠ Sob uma perspectiva ampla do sentido do termo, a especializados na avaliação e gestão do
Organização Mundial da Saúde - OMS o caracteriza como comportamento suicida;
sendo um ato de violência voltado à própria pessoa,

@jumorbeck
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➢ cuidados de acompanhamento para pessoas que enfretamento da problemática envolvendo o suicídio e


tentaram suicídio e prestação de apoio com relação a automutilação. (SILVA; NETO, 2020)
comunitário.
↠ Salientam que grande parte dos adolescentes que são
↠ Dar especial atenção a uma pessoa que tentou se vítimas de suicídio enfrentam no seio de suas famílias
suicidar é uma das principais estratégias para se evitar um algum problema ou sofreram por necessitar de proteção,
futuro suicídio. (SILVA; NETO, 2020) ou até mesmo, de algum tipo de apoio psicossocial.
(SILVA; NETO, 2020)
↠ A Unicef (2020) lançou um memorando para tratar
especificamente sobre o cyberbullying. Uma boa parte do ↠ A família integra uma rede psicossocial que dá suporte
texto trata especialmente de redes como o Facebook e ao indivíduo e pode ser um recurso na prevenção ao
o Instagram, típicos locais utilizados para a prática. Relata suicídio. É a experiência na família que demarca/restringe
o documento então que essas empresas possuem o sentido da vida ao sujeito. (SILVA; NETO, 2020)
equipes que trabalham 24 horas por dia on-line buscando
↠ O papel dos pais, nesses casos, é muito importante,
denúncias (totalmente anônimas) e outras violações a
especialmente na parte de proteção aos filhos,
direitos nas redes, além de terem um programa de
presencialmente e on-line, como forma de
assessoria para pais que não sabem ao certo o que
conscientização, conversando e conectando-se com o
podem fazer para coibir essa prática. (FORNASIER, 2020)
mundo em que o jovem está inserido, pois muitas vezes
PAPEL DA ESCOLA os adolescentes e jovens não relatam os problemas
enfrentados pela dificuldade que encontram em
↠ É essencial que nesse processo de conscientização as conversar com seus pais, que parecem não
escolas estejam envolvidas e preparadas para enfrentar compreender sua realidade. (FORNASIER, 2020)
o tema Assim, a prevenção também pode ser feita no
ambiente escolar, através de um projeto político- ↠ Dessa forma, a atitude dos pais tem grande relação
pedagógico de prevenção; por meio de criação de com a conduta dos filhos, sendo que as características de
parcerias com outros setores e entidades como cada um dos genitores em relação aos filhos se reflete
universidades e serviços de saúde da região, para que nas atitudes destes, e observando as variedades
sejam construídos projetos voltados à realidade do comportamentais pode-se criar métodos para que os pais
território de maneira conjunta; desenvolvimento de ações saibam como lidar com os filhos que sofrem com a
voltadas a cultura da paz, respeito à diversidade e não agressão, e também como agir com os filhos agressores.
discriminação, bem como ações de educação em saúde (FORNASIER, 2020)
para toda a comunidade escolar ou acadêmica; criação de
espaços de diálogos seguros com os estudantes e DISPONIBILIDADE DE LINHAS DIRETAS E CENTROS DE AUXÍLIO
profissionais, dando especial destaque à expressão dos ↠ A efetividade dos centros de auxílio às crises, também
sentimentos e a escuta compreensiva; organização de chamadas de linhas diretas ou hotlines, está em uma
programas psicoeducativos e lúdicos sobre saúde mental polêmica entre pesquisadores do mundo todo. Embora
e suicídio, pois é importante falar sobre o assunto; uns acreditem em sua eficácia e ainda uma economia
atuação de maneira direta e imediata em situações de para os cofres públicos em sua ação preventiva, outros
risco, como preconceito, discriminação e violência1.. acreditam que sua ação se limita ao auxílio das pessoas
(SILVA; NETO, 2020) em crise, sem atingir os suicidas com eficiência na
↠ Ressalva-se o papel da escola como espaço de prevenção que os casos se concretizem. (KOCH;
fomento pelo desejo à vida e interesse pelo mundo OLIVEIRA, 2015)
externo, acolhendo os indivíduos que estão no processo ↠ Apesar de sua popularidade e atratividade, até agora
de construção de seu projeto de vida. (SILVA; NETO, não há evidencias conclusivas da eficácia das hot lines e
2020) centros de crise para prevenção de suicídio. (KOCH;
OLIVEIRA, 2015)
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
↠ Estudiosos de diferentes correntes compartilham a
opinião de que a família é de suma importância no

@jumorbeck
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CATEGORIAS DOS FATORES DE PROTEÇÃO AO SUICÍDIO Referências


ADOLESCENTE
Habilidades sociais; TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
CARACTERÍSTICAS
Autoestima; em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
INDIVIDUAIS
Espiritualidade;
APOIO FAMILIAR Vínculos seguros; GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Práticas parentais Editora Elsevier Ltda., 2017
adequadas (limites,
comunicação, proteção); SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Escola; Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
APOIO SOCIAL
Amigos; FORNASIER, Mateus O.; SPINATO, Tiago P.; RIBEIRO,
CARDOSO; CECCONELLO, 2019 Fernanda L. Cyberbullying: Intimidação Sistemática,
↠ Além disso, ainda existe a questão do tabu presente Constrangimento Virtual e Consequências Jurídicas.
em muitas sociedades, que ainda não discutem o tema Revista Humanos e Democracia, v.8, nº 16, 2020.
abertamente. Até o momento, apenas alguns países
LONGHINI, Carolina M. CyberbullyingAs múltiplas faces de
incluíram a prevenção do suicídio dentre as suas
um problema real. Monografia, Universidade de Brasília,
prioridades de saúde, sendo que apenas 38 países
2013
relataram ter uma estratégia nacional de prevenção do
suicídio. Desse modo, é de suma importância que se SCHREIBER, Fernando C. C.; ANTUNES, Maria C.
aumente a conscientização da comunidade e que os Cyberbullying: do virtual ao psicológico. Boletim Academia
tabus sejam derrubados para que os países façam Paulista de Psicologia, v. 35, nº 88, p. 109-125, 2015.
progressos em relação à prevenção. (SILVA; NETO,
KOCH, Daniel B.; OLIVEIRA, Paulo R. M. As políticas públicas
2020)
para prevenção de suicídios. Revista Brasileira de
↠ Por fim, é de suma importância reconhecer que sem Tecnologias Sociais, v. 2, n. 2, p. 161-172, 2015.
prevenção e sem combate ao cyberbullying o número
CARDOSO, Alessandra S. CECCONELLO, Alessandra M.
de vítimas será cada vez maior, e famílias vão continuar
Fatores de risco e proteção para o suicídio na
perdendo seus filhos por meio de um ataque cruel, muitas
adolescência: uma revisão de literatura. Perspectiva:
vezes motivado pela imaturidade e critérios ainda não
Ciência e Saúde, Osório, v.4, n. 2, p. 101-117, 2019.
conhecidos, mas que causam danos irreparáveis, que
podem perdurar por toda a vida, ou até mesmo acabar
precocemente com os sonhos e os planos para o futuro
de muitos estudantes, levando-os a cometer suicídio.
(FORNASIER, 2020)

@jumorbeck
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Sistema respiratório superior Histologia do sistema respiratório

↠ O sistema respiratório consiste em nariz externo, ↠ A maior parte da porção condutora é revestida
cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios e internamente por um epitélio pseudoestratificado colunar
pulmões. (SEELY) ciliado com muitas células caliciformes, denominado
epitélio respiratório. (JUNQUEIRA, 13ª ed.)

↠ O epitélio respiratório típico consiste em cinco tipos


↠ O diafragma e os músculos das paredes torácica e celulares, identificáveis ao microscópio eletrônico. Como
abdominal são responsáveis pelo movimento respiratório. se trata de um epitélio pseudoestratificado, as células têm
(Embora o ar frequentemente passe por ela, a cavidade alturas diferentes, mas todas se apoiam na lâmina basal
oral é considerada parte do sistema digestório.) (SEELY, do epitélio. (JUNQUEIRA, 13ª ed.)
10ª ed.)
↠ O tipo mais abundante é a célula colunar ciliada. Cada
↠ Há duas formas de classificar as partes do sistema uma tem cerca de 300 cílios na sua superfície apical, e
respiratório: estruturalmente e funcionalmente. (SEELY, junto aos corpúsculos basais dos cílios há numerosas
10ª ed.) mitocôndrias, que fornecem trifosfato de adenosina (ATP)
↠ Estruturalmente, o sistema respiratório é dividido em para os batimentos ciliares. (JUNQUEIRA, 13ª ed.)
trato respiratório superior e trato respiratório inferior. ↠ Em termos quantitativos, seguem-se, em segundo
(SEELY, 10ª ed.) lugar, as células caliciformes, secretoras de muco. A
↠ O trato respiratório superior inclui o nariz externo, a região apical dessas células contém numerosas gotículas
cavidade nasal, a faringe com suas estruturas associadas, de muco composto de glicoproteínas. (JUNQUEIRA, 13ª
e a laringe; o trato respiratório inferior inclui a traqueia, os ed.)
brônquios e suas ramificações (bronquíolos), e os pulmões. ↠ As demais células colunares deste epitélio são
(SEELY, 10ª ed.) conhecidas como células em escova (brush cells), em
Obs.: Algumas literaturas, como por exemplo Tortora, virtude dos numerosos microvilos existentes em suas
traz a laringe como parte do trato respiratório inferior. superfícies apicais. Na base dessas células, consideradas
receptores sensoriais, há terminações nervosas aferentes.
↠ Funcionalmente, o sistema respiratório é dividido em (JUNQUEIRA, 13ª ed.)
duas regiões. A zona condutora é exclusivamente para a
passagem de ar e estende-se do nariz aos bronquíolos. A ↠ Existem ainda as células basais, que são pequenas e
zona respiratória localiza-se dentro dos pulmões e é o arredondadas, também apoiadas na lâmina basal, mas que
local onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar e o não se estendem até a superfície livre do epitélio. Elas
sangue. (SEELY, 10ª ed.) são células-tronco que se multiplicam continuamente por
mitose e originam os demais tipos celulares do epitélio
↠ A função da zona condutora é filtrar, aquecer e respiratório. (JUNQUEIRA, 13ª ed.)
umedecer o ar e conduzil-o para os pulmões. (TORTORA,
14ª ed.)

@jumorbeck
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Funções do sistema Respiratório: (TORTORA, 14ª ed.)

➢ Possibilitar as trocas gasosas: ingestão de O2 para entregá-


lo às células corporais e remoção do CO 2 produzido pelas
células do corpo.
➢ Ajudar a regular o pH do sangue.
➢ Conter receptores para o sentido do olfato, filtrar o ar
inspirado, produzir sons vocais (fonação) e eliminar água e
calor.

Anatomofisiologia do sistema respiratório superior

ÓRGÃOS PRINCIPAIS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO


ESTRUTURA DESCRIÇÃO E FUNÇÃO
CARACTERÍSTICAS GERAIS
NARIZ Parte externa Produz muco;
sustentada por osso e filtra, aquece e
cartilagem; cavidade umidifica o ar
nasal interna dividida na inspirado;
metade pelo septo nasal câmara de
e revestida com ressonância da ↠ O esqueleto do nariz externo consiste nos ossos
mucosa respiratória. fala. frontal e nasal superior mente (formando a raiz e o dorso,
O teto da cavidade nasal Receptores
contém mucosa olfatória olfatórios. respectivamente), nas maxilas lateralmente e nas placas
SEIOS Cavidades ocas A mesma da flexíveis de cartilagem hialina inferiormente (as cartilagens
PARANASAIS revestidas com mucosa cavidade nasal; lateral, do septo nasal e alar) (MARIEB, 7ª ed.)
dentro dos ossos também
esfenoide, etmoide, diminuem o
maxilar e frontal. peso do crânio.
FARINGE Via de passagem Via de
conectando a cavidade passagem para
nasal à laringe e a o ar e o
cavidade oral ao alimento.
esôfago; três partes: As tonsilas
nasal, oral e laríngea. respondem aos
Abriga as tonsilas. antígenos
inalados ou
ingeridos.
LARINGE Conecta a faringe à Via de
traqueia; estrutura de passagem do
cartilagem e tecido ar; evita que o
conjuntivo denso; a alimento entre
abertura de entrada nas vias
(ádito) pode ser fechada respiratórias
pela epiglote. inferiores.
Abriga as pregas vocais. Produção da ↠ A cartilagem do septo forma a margem anterior do
voz.
nariz, chamada dorso do nariz. O ápice (ponta) do nariz é
formado pelas cartilagens alares maiores, e a margem
NARIZ lateral da narina, a asa, é formada por tecido conjuntivo
denso fibroso. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ O nariz consiste em nariz externo e cavidade nasal. O
nariz externo é a estrutura visível que forma a parte ↠ A grande variação no tamanho e na forma do nariz
proeminente da face. A maior parte do nariz externo é se deve em grande parte às diferenças nas cartilagens
composta por placas de cartilagem hialina. A ponte do nasais. A pele que cobre as superfícies anterior e lateral
nariz consiste no osso nasal mais as extensões dos ossos do nariz é fina e contém muitas glândulas sebáceas que
frontal e maxilar. (SEELY, 10ª ed.) se abrem em alguns dos maiores poros na pele da face.
(MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
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Cavidade Nasal ↠ Anteriormente, onde o palato contém os processos


horizontais dos ossos palatinos e os processos palatinos
↠ A cavidade nasal situa-se imediatamente posterior ao das maxilas, ele se chama palato duro; a parte posterior,
nariz externo. Durante a respiração, o ar entra nessa é o palato mole muscular. (MARIEB, 7ª ed.)
cavidade, passando pelas narinas, na base do nariz
externo. (MARIEB, 7ª ed.) ↠ O palato duro é formado pelo processo palatino da
maxila e o osso palatino. Ele é coberto por uma
↠ A cavidade nasal estende-se desde as narinas até as membrana mucosa altamente vascularizada. (SEELY, 10ª
coanas. As narinas são as aberturas externas da cavidade ed.)
nasal, e as coanas são as aberturas para a faringe. (SEELY,
10ª ed.)

↠ A cavidade nasal é dividida nas metades direita e


esquerda pelo septo nasal na linha mediana; essa parede
é formada pela lâmina perpendicular do osso etmoide,
pelo vômer e pela cartilagem do septo nasal, todos
cobertos por uma membrana mucosa. (MARIEB, 7ª ed.)
O desvio de septo ocorre quando há um inchaço em um dos lados.
(SEELY, 10ª ed.)

↠ A parte anterior da cavidade nasal, dentro de cada


narina, é o vestíbulo. (SEELY) Ele é revestido com pele
contendo glândulas sebáceas e sudoríferas, além de
muitos folículos pilosos. Os pelos nasais, ou vibrissas, filtram
Conchas Nasais
grandes partículas (até mesmo insetos), do ar inspirado.
(MARIEB, 7ª ed.) ↠ Três cristas ósseas, chamadas conchas, modificam as
paredes laterais da cavidade nasal. Abaixo de cada concha
está uma passagem denominada meato. Dentro dos
meatos superior e medial, estão as aberturas dos vários
seios paranasais, e a abertura do canal nasolacrimal está
dentro de cada meato inferior. (SEELY)

↠ Posteriormente, a cavidade nasal é revestida com dois


tipos de membrana mucosa: (MARIEB, 7ª ed.)
➢ a pequena lâmina de mucosa olfatória perto do
teto da cavidade nasal, que abriga os receptores
olfatórios;
➢ a mucosa respiratória, uma membrana mucosa ↠ Projetando-se medianamente a partir de cada parede
que reveste a ampla maioria das vias da parte lateral da cavidade nasal existem três estruturas
de condução. espiraladas cobertas por mucosa: as conchas nasais
superior e média do osso etmoide e a concha nasal
↠ O teto da cavidade nasal é formado pelos ossos inferior, que é um dos ossos da face. O sulco inferior a
etmoide e esfenoide; seu assoalho é composto pelo cada concha é um meato nasal. (MARIEB, 7º ed.)
palato, que separa as cavidades nasal e bucal e mantém
As conchas e a mucosa nasal funcionam durante a inspiração filtrando,
o alimento fora das vias aéreas. (MARIEB, 7ª ed.)
aquecendo e umidificando o ar. Durante a expiração, elas recuperam
esse calor e umidade. O ar inspirado resfria as conchas e depois,

@jumorbeck
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durante a expiração, essas conchas resfriadas precipitam a umidade e mucosa movimentam o muco até a faringe,
extraem calor do ar úmido que flui ao longo delas. Esse mecanismo onde é deglutido e eliminado pelo sistema
de recuperação minimiza a quantidade de umidade e calor perdidos
pelo corpo por meio da respiração, ajudando as pessoas a sobreviver
digestório.
nos climas secos e frios. (MARIEB, 7º ed.) ➢ Umidifica e aquece o ar. A umidade do epitélio
mucoso e o fluido em excesso drenado para
dentro da cavidade nasal pelo canal nasolacrimal
é adicionado ao ar que passa pela cavidade nasal.
O sangue aquecido que flui através da mucosa
aquece o ar dentro da cavidade nasal antes ele
passe pela faringe, evitando danos ao resto das
vias respiratórias, devido ao ar frio.
➢ Contém o epitélio olfatório. O epitélio olfatório, o
órgão sensorial do olfato, está localizado na parte
mais superior da cavidade nasal.
➢ Ajuda a determinar o som da voz. A cavidade
nasal e os seios paranasais são câmaras de
Seios Paranasais ressonância para a fala.
↠ A cavidade nasal é circundada por um anel de
FARINGE
cavidades cheias de ar chamadas seios paranasais, situado
nos ossos frontal, esfenoide, etmoide e maxilas. Esses ↠ A faringe, ou garganta, é um tubo em forma de funil
seios se abrem na cavidade nasal, são revestidos pela com aproximadamente 13 cm de comprimento que
mucosa respiratória e desempenham as mesmas funções começa nos cóanos e se estende para o nível da
de processamento do ar realizadas pela cavidade nasal. cartilagem cricóidea, a cartilagem mais inferior da laringe.
Seu muco drena para as cavidades nasais, e o efeito de (TORTORA, 14ª ed.)
sucção provocado pelo ato de assoar o nariz também
ajuda a drená-los. (MARIEB, 7º ed.) ↠ A faringe encontra-se discretamente posterior às
cavidades nasal e oral, superior à laringe, e imediatamente
A inflamação dos seios paranasais, chamada sinusite, é provocada por anterior às vértebras cervicais. (TORTORA, 14ª ed.)
infecções virais, bacterianas ou fúngicas. Quando as passagens que
conectam os seios paranasais à cavidade nasal ficam bloqueadas pelo ↠ A faringe é a abertura comum dos sistemas digestório
intumescimento da mucosa nasal inflamada, o ar nas cavidades dos e respiratório. (SEELY, 10ª ed.)
seios é absorvido nos vasos sanguíneos do revestimento mucoso,
resultando em vácuo parcial e em cefaleia sinusal localizada sobre as ↠ Ela recebe o ar da cavidade nasal e recebe ar, alimento
áreas inflamadas. (MARIEB, 7º ed.)
e líquido da cavidade oral. Mais abaixo, a faringe está
↠ A cavidade nasal tem cinco funções: (SEELY, 10ª ed.) conectada ao sistema respiratório pela laringe e ao
sistema digestório pelo esôfago. (SEELY, 10ª ed.)
➢ Serve como passagem para o ar. A cavidade
nasal permanece aberta mesmo quando a boca ↠ A parede muscular da faringe consiste em músculo
está cheia de comida. esquelético em toda a sua extensão, mas a natureza do
➢ Filtra o ar. O vestíbulo é revestido com pelos, revestimento mucoso varia entre as suas três partes.
que capturam grandes partículas de poeira no (MARIEB, 7º ed.)
ar. O septo nasal e a concha nasal aumentam a
↠ Fornece uma câmara de ressonância para os sons da
área de superfície da cavidade nasal e tornam o
fala e abriga as tonsilas, que participam das reações
fluxo de ar dentro da cavidade mais turbulento,
imunológicas contra invasores estranhos. (TORTORA, 14ª
aumentando a probabilidade de o ar entrar em
ed.)
contato com a membrana mucosa que reveste
a cavidade nasal. A membrana mucosa consiste ↠ A faringe é dividida em três regiões: nasofaringe,
em epitélio colunar pseudoestratificado ciliado orofaringe e laringofaringe. (SEELY, 10ª ed.)
com células caliciformes, que secretam uma
camada de muco. O muco captura os resíduos
no ar, e os cílios na superfície da membrana

@jumorbeck
5

posterior à língua). (MARIEB, 7º ed.)

↠ Tanto o alimento deglutido quanto o ar inspirado


passam por ela. À medida que a parte nasal se continua
com a parte oral da faringe, o epitélio que a reveste muda
para estratificado pavimentoso (não queratinizado)
protetor espesso. Essa adaptação estrutural reflete um
maior atrito e trauma químico que acompanham a
passagem do alimento deglutido pela parte oral da faringe.
(MARIEB, 7º ed.)

↠ Dois tipos de tonsilas estão relacionados com a sua


mucosa: o par de tonsilas palatinas situa do nas paredes
laterais das fauces, e a tonsila lingual ímpar, que cobre a
PARTE NASAL DA FARINGE superfície posterior da língua. (MARIEB, 7º ed.)
↠ É diretamente posterior à cavidade nasal, inferior ao PARTE LARÍNGEA DA FARINGE
osso esfenoide e superior ao palato mole. Como está
acima do nível de entrada do alimento, ela serve apenas ↠ A parte laríngea da faringe serve como via de
como via de passagem de ar. (MARIEB, 7º ed.) passagem comum para o alimento e o ar, sendo revestida
por um epitélio estratificado pavimentoso. (MARIEB, 7º ed.)
↠ Durante a deglutição, o palato mole e sua úvula se
refletem superiormente, uma ação que fecha essa parte ↠ Localizada posteriormente à laringe, que leva o ar para
da faringe e impede a entrada de alimento na cavidade o trato respiratório, e contínua ao esôfago, que conduz o
nasal. Quando uma pessoa ri enquanto bebe, essa ação alimento e os líquidos para o estômago, a parte laríngea
de vedação falha, e os líquidos podem ser aspergidos pelo da faringe estende-se até a margem inferior da cartilagem
nariz. (MARIEB, 7º ed.) cricóidea. (MARIEB, 7º ed.)

↠ A parte nasal da faringe é contínua à cavidade nasal, ↠ É revestida por epitélio escamoso estratificado não
por meio dos cóanos (aberturas nasais posteriores), e seu queratinizado. (TORTORA, 14ª ed.)
epitélio pseudoestratificado ciliado assume a função de
impelir o muco onde não existe mais a mucosa nasal, de LARINGE
modo que o muco empoeirado é impelido inferiormente ↠ A laringe (ou caixa de voz) estende-se do nível da
através da parte nasal da faringe. Na linha média da sua quarta até a sexta vértebra cervical. Superiormente, ela
parte mais superior e posterior encontra-se a tonsila se conecta ao osso hioide e se abre na parte laríngea da
faríngea, um órgão linfático que destrói os patógenos que faringe; inferiormente, é contínua à traqueia. (MARIEB, 7ª
entram com o ar na nasofaringe. (MARIEB, 7º ed.) ed.)
↠ Duas tubas auditivas da orelha média abrem-se dentro ↠ A laringe tem três funções: (MARIEB, 7ª ed.)
da nasofaringe. O ar passa por elas para equalizar a
pressão entre o ar atmosférico e a orelha média. A ➢ produzir sons;
superfície posterior da nasofaringe contém a tonsila ➢ proporcionar uma via aérea aberta;
faríngea, ou adenoide, que ajuda a defender o corpo ➢ agir como mecanismo de comutação para
contra infecções. Um aumento da tonsila faríngea pode rotear o ar e o alimento para as vias adequadas.
interferir na respiração e na passagem do ar pelas tubas Durante a deglutição, a entrada (abertura
auditivas. (SEELY, 10ª ed.) superior) da laringe fica fechada; durante a
respiração, fica aberta.
PARTE ORAL DA FARINGE
↠ A estrutura da laringe é uma organização intrincada
↠ A parte oral da faringe situa -se posteriormente à de nove cartilagens conectadas por membranas e liga
cavidade oral; sua entrada arqueada, diretamente atrás da mentos. A grande cartilagem tireóidea, em forma de
boca, são as fauces (“garganta”). A parte oral da faringe escudo e composta por duas lâminas cartilagíneas, lembra
estende-se inferiormente a partir do nível do palato mole um livro aberto em pé, com a “lombada” na linha média
até o nível da epiglote (uma aba

@jumorbeck
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anterior do pescoço. Superiormente nessa “lombada” o alimento fora das vias respiratórias inferiores. (MARIEB,
destaca-se a proeminência laríngea, em forma de crista e 7ª ed.)
visível sob a pele do pescoço como o “pomo de Adão”.
↠ A entrada na laringe de qualquer coisa que não seja
A cartilagem tireóidea é maior nos homens do que nas
ar inicia o reflexo da tosse, que expele a substância e
mulheres porque os hormônios sexuais masculinos
impede que ela avance para os pulmões. (MARIEB, 7ª ed.)
estimulam seu crescimento durante a puberdade.
(MARIEB, 7ª ed.) Como a laringe está abaixo do pescoço e precisa subir bastante
durante a deglutição, às vezes ela não consegue alcançar a cobertura
↠ Inferior à cartilagem tireóidea encontra--se a protetora da epiglote antes de o alimento passar pela entrada da
cartilagem cricóidea (“círculo”), a única cartilagem laríngea faringe. Embora a posição baixa da laringe nos torne mais suscetíveis
a formar um anel completo. Ela é larga na face posterior aos engasgos, ela é essencial para a fala humana. Sua localização
inferior nos permite um maior movimento da língua na formação dos
e estreita anteriormente. A cartilagem cricóidea está sons e uma faringe excepcionalmente longa, que age como uma
situada no topo da traqueia. (MARIEB, 7ª ed.) câmara de ressonância dos sons das vogais que produzimos. (MARIEB,
7ª ed.)

↠ Dentro da laringe, pares de ligamentos vocais seguem


anteriormente desde as cartilagens aritenóideas até a
↠ Três pares de pequenas cartilagens situam-se
cartilagem tireóidea. Esses ligamentos, compostos em
imediatamente acima da cartilagem cricóidea na parte
grande parte de fibras elásticas, formam o núcleo de um
posterior da laringe: (MARIEB, 7ª ed.)
par de pregas mucosas chamadas pregas vocais (cordas
➢ as cartilagens aritenóideas (parecidas com vocais verdadeiras). O ar expirado dos pulmões faz com
conchas); que elas vibrem em um movimento de onda, produzindo
➢ as cartilagens corniculadas (“pequenos cornos”); os sons básicos da fala. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ as cartilagens cuneiformes (“em forma de
↠ A abertura mediana entre as pregas vocais através da
cunha”).
qual o ar passa se chama rima da glote (rima = fissura), e
↠ As mais importantes entre elas são as cartilagens as pregas vocais junto a essa rima compõem a glote.
aritenóideas, que ancoram as pregas vocais. (MARIEB, 7ª Outro par de pregas mucosas horizontais situadas
ed.) diretamente acima das pregas vocais, as pregas
vestibulares (cordas vocais falsas) não participam da
↠ A nona cartilagem da laringe, a epiglote, em forma de produção do som. (MARIEB, 7ª ed.)
folha, é composta de cartilagem elástica (cartilagem epi
glótica), sendo quase inteiramente coberta por mucosa. PRODUÇÃO DE VOZ
(MARIEB, 7ª ed.) A fala ocorre por meio da liberação intermitente do ar expirado e da
abertura e fechamento da glote. Nesse processo, o comprimento das
↠ Seu pecíolo se conecta anteriormente na face interna
pregas vocais e o tamanho da rima da glote variam de acordo com
do ângulo da cartilagem tireóidea, de onde se projeta os músculos intrínsecos da laringe, a maioria deles movimentando as
superoposteriormente e se conecta na face posterior da cartilagens aritenóideas. À medida que o comprimento e a tensão das
língua. Durante a deglutição, a laringe inteira é empurrada pregas vocais se modificam, a altura do som produzido também se
para cima, e a epiglote inclina-se para baixo, cobrindo e altera. Geralmente, quanto mais tensas as pregas vocais, mais rápido o
ar expirado as faz vibrar e maior é a altura do som. (MARIEB, 7ª ed.)
vedando a entrada (ádito) da laringe. Essa ação mantém

@jumorbeck
7

RESUMO DAS ESTRUTURAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO bradicinina também fazem parte da composição do muco
ESTRUTUR EPITÉLIO CÍLIOS CÉLULAS CARACTERÍSTIC nasal. (TRINDADE et. al., 2007)
A CALCIFORM AS ESPECIAIS
ES ↠ Em indivíduos saudáveis, este muco que recobre as
NARIZ
Vestíbulo Escamoso Não Não Contém vias aéreas contém 97% de água e 3% de sólidos, dos
estratificado não inúmeros quais as mucinas constituem cerca de 30% (o restante
queratinizado pelos.
Região Colunar Sim Sim Contém
são proteínas não mucinas; lípidos; sais e detritos
respiratór pseudoestratifica conchas e celulares). (FIGUEIREDO, 2019)
ia do ciliado meatos.
Região Epitélio olfatório Sim Não Atua na ↠ Em condições patológicas existe uma intensa
olfatória (receptores olfação.
olfatórios) modificação na composição do muco, afetando de forma
FARINGE direta e indireta a função mucociliar, principalmente
Parte Colunar Sim Sim Passagem
Nasal da pseudoestratifica para o ar; devido a alterações nas propriedades viscoelásticas do
faringe do ciliado contém muco respiratório. (TRINDADE et. al., 2007)
cóanos, óstios
para as tubas
auditivas e FORMAÇÃO E FUNÇÃO DO MUCO:
tonsila
faríngea. ↠ A mucosa respiratória consiste em epitélio
Parte Escamoso Não Não Passagem
Oral da estratificado não para o ar e
pseudoestratificado colunar (prismático) ciliado, contendo
Faringe queratinizado alimentos e células caliciformes espalhadas, e uma lâmina própria de
bebidas; tecido conjuntivo subjacente. (MARIEB, 7ª ed.)
contém
abertura que
vem da boca ↠ Essa lâmina própria é rica em glândulas
(fauces) tubuloalveolares compostas que contêm células mucosas
Parte da Escamoso Não Não Passagem
Laríngea estratificado não para o ar, e células serosas. (MARIEB, 7ª ed.)
da queratinizado alimentos e
Faringe bebidas. Elas são células epiteliais originalmente colunares, mas que possuem formato
LARINGE Escamoso Não Não acima Passagem de cálice quando preenchidas por grânulos de muco, por isso, a denominação
estratificado não acima das para o ar; “caliciformes” – em forma de cálice. Esse formato varia de acordo com a
queratinizado das pregas; contém quantidade de seu conteúdo interno. Essas células são também denominadas
acima das prega sim abaixo pregas vocais células goblet, termo em francês que também significa “cálice”.
pregas vocais; s; sim das pregas. para a
colunar abaixo produção de
pseudoestratifica das voz
do ciliado abaixo prega
das pregas s
vocais.

Muco

DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DO MUCO:


↠ O muco nasal é uma complexa mistura de secreções
provenientes das células caliciformes, glândulas
submucosas, lacrimais e água. É ainda composto por
células inflamatórias como macrófagos, basófilos,
mastócitos e eosinófilos, cujas concentrações variam nos
diferentes estados patológicos. (TRINDADE et. al., 2007) Essa célula contém numerosos grânulos de grande dimensão, que se coram
fracamente e que contêm muco, o qual, por sua vez, é constituído por
↠ Também fazem parte da composição do muco nasal glicoproteínas intensamente hidrofílicas. Os grânulos de secreção preenchem
proteínas como a albumina, lactoferrina, glicoproteínas a região apical da célula, e o núcleo fica normalmente situado na região basal,
a qual é rica em retículo endoplasmático granuloso. O complexo de Golgi,
(mucinas de alto peso molecular), lisozimas e todas as localizado logo acima do núcleo, é muito desenvolvido, indicativo de seu
principais imunoglobulinas. A IgA secretora e IgG importante papel nessa célula. (JUNQUEIRA, 13ª ed.)
correspondem a 50% do total das proteínas do muco
nasal. Outras substâncias como eletrólitos, citocinas,
interferons, leucotrienos, histamina, substância P e

@jumorbeck
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partículas filtradas do ar acabam sendo destruídas pelos


sucos digestivos no estômago. Além disso, a lâmina de
muco é uma película molhada que umidifica o ar inalado.
(MARIEB, 7ªed.)

↠ As propriedades reológicas do muco, isto é, a


capacidade de fluir e deformar em resposta a forças
aplicadas para tal, e, portanto, a transportabilidade da
camada de muco, são determinadas pela composição do
muco e pelo seu estado de hidratação. (FIGUEIREDO,
2019)

↠ O estado de hidratação é regulado principalmente pela


exportação de Cloreto, através do regulador de
↠ As células mucosas secretam muco, enquanto as condutância transmembranar da fibrose quística (CFTR)
células serosas nas glândulas secretam um fluido aquoso e de canais de cloro ativados por Cálcio (CaCC); e pelo
contendo enzimas digestórias. Todos os dias, as glândulas influxo de Sódio através do canal de sódio epitelial (ENaC).
nasais e as células caliciformes epiteliais secretam (FIGUEIREDO, 2019)
aproximadamente um quarto de muco contendo lisozima,
uma enzima que digere e destrói bactérias. O muco ↠ A filtração do ar ocorre na traqueia e nos brônquios.
pegajoso forma uma lâmina que cobre a superfície da Tanto a traqueia quanto os brônquios são revestidos com
mucosa e aprisiona a poeira inalada, bactérias, pólen, vírus um epitélio ciliado, cujos cílios são banhados por uma
e outros detritos do ar. (MARIEB, 7ª ed.) camada de solução salina. A solução salina é produzida
pelas células epiteliais quando o Cl- é secretado para o
↠ Esse muco deposita-se sobre a superfície do epitélio lúmen por canais de ânions apicais que atraem Na+ para
em forma de uma lâmina, que é continuamente deslocada o lúmen através da via paracelular. (SILVERTHON, 7ª ed.)
por batimento ciliar ao longo do lúmen em direção à
faringe. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) ↠ O movimento de soluto do LEC para o lúmen cria um
gradiente osmótico, e, assim, a água segue os íons em
↠ Grande parte das partículas de poeira e direção à via aérea. O canal CFTR, cujo mau
microrganismos presentes no ar adere a essa lâmina de funcionamento provoca a fibrose cística, é um dos canais
muco e não alcança os alvéolos, que são uma região frágil iônicos encontrados na superfície apical desse epitélio.
do sistema respiratório. (JUNQUEIRA, 13ª ed.) (SILVERTHON, 7ª ed.)

↠ O muco contém imunoglobulinas que podem atuar


sobre muitos patógenos. Uma vez que o muco chega até
↠ Desse modo, uma função importante da mucosa
a faringe, ele pode ser expelido (expectorado) ou
respiratória é filtrar o ar inalado. As células ciliadas no
deglutido. No muco deglutido, o ácido do estômago e as
revestimento epitelial criam uma corrente suave que
enzimas destroem os microrganismos restantes.
move a lâmina de muco contaminado em direção
(TORTORA, 14ªed.)
posterior para a faringe, onde é deglutida. Assim, as

@jumorbeck
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Mecanismos de defesa nas vias aéreas superiores ↠ Além dos diversos meios que dificultam a progressão
do agente infeccioso no trato respiratório, existem
↠ Os pulmões são dotados de grande interface que aqueles que são responsáveis pela sua expulsão, incluindo
interage com o meio externo e, por isso, estão sob os atos voluntários de fungar e assoar e o reflexo de
constante agressão. (LOPES et. al., 2010) espirrar. (LOPES et. al., 2010)
↠ Nos indivíduos normais, a árvore brônquica abaixo da ↠ Também a tosse, um complexo mecanismo reflexo
carina é isenta de germes, o mesmo não acontecendo de instalação explosiva, atua na limpeza das vias aéreas
nas vias aéreas superiores, onde, habitualmente, vivem inferiores, de onde propulsionam-se secreções e outros
micro-organismos saprófitas e patogênicos. Tais materiais estranhos acumulados, levando-os até a
condições exigem que os mecanismos de defesa do orofaringe. (LOPES et. al., 2010)
aparelho respiratório estejam vigilantes. Estes atuam mais
ou menos em conjunto, na maioria das vezes, em ESTRUTURA DAS VIAS AÉREAS E SUA SEGMENTAÇÃO
sequência, e podem ser divididos em dois: o mecanismo PROGRESSIVA
mecânico e o mecanismo imunológico. (LOPES et. al.,
↠ Ao longo do seu trajeto, a árvore brônquica sofre um
2010)
processo de segmentação, dicotomizando-se
↠ A estrutura das vias aéreas e segmentação progressivamente, de forma a constituir um sistema inicial
progressiva, a filtração aerodinâmica e o transporte de defesa ao reter o material particulado inalado. (LOPES
mucociliar compõem os principais mecanismos de defesa et. al., 2010)
mecânicos. (LOPES et. al., 2010)
↠ As variações do comprimento brônquico durante a
↠ Já a interação entre o sistema macrofágico e as inspiração e a expiração parecem também auxiliar a
células imunes efetoras compõem, predominantemente, propulsão das secreções na direção do hilo pulmonar.
os mecanismos de defesa pulmonar imunológicos. (LOPES et. al., 2010)
(LOPES et. al., 2010)
↠ Para manter hígidas as condições de troca em tão
grande superfície alveolar, cabe às vias aéreas promover
Barreira Mecânica Defesa Imunológica filtração e condicionamento (aquecimento e umidificação)
do ar inspirado, evitando o máximo possível a entrada de
material particulado nocivo na intimidade alveolar. Com
Estrutura das vias aéreas Sistema Imune Inato isso, as grandes vias aéreas pagam o maior tributo quando
da inalação de material particulado. (LOPES et. al., 2010)
Filtração aerodinâmica Sistema Imune Adquirido ↠ Nos bronquíolos, aparece um tipo especial de célula
secretora, a célula de Clara. Atribui-se a essa célula duas
funções principais: a produção de surfactante dos
Transporte Muciciliar Extresse Oxidativo do Pulmão
bronquíolos, bem como a inativação de xenobióticos, por
meio de reações de oxidação destes (dependentes do
citocromo P450). (LOPES et. al., 2010)
Barreira mecânica do aparelho respiratório
↠ Os alvéolos são revestidos por dois tipos de células: os
↠ O primeiro mecanismo de defesa do aparelho pneumócitos dos tipos I e II. Em condições de agregação
respiratório, o mecânico, inicia-se nas narinas que ao epitélio alveolar, ocorre uma transdiferenciação celular
impedem, através dos cílios e do turbilhonamento aéreo, de pneumócitos I para I, com prejuízo da produção do
a passagem de micro-organismos, seguidos do surfactante e, consequentemente, risco de instabilidade
fechamento da glote. (LOPES et. al., 2010) mecânica dos alvéolos. (LOPES et. al., 2010)
↠ Quando essa atitude defensiva mais imediata do
A FILTRAÇÃO AERODINÂMICA
aparelho respiratório não é capaz de deter o agente
infeccioso, tornam-se importantes outros meios, incluindo ↠ A filtração aerodinâmica envolve a deposição de
a filtração aerodinâmica e o transporte mucociliar. (LOPES partículas na camada mucosa das vias aéreas e está
et. al., 2010)

@jumorbeck
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relacionada com as dimensões dos materiais partícula dos de imunidade inata (ou natural) e um sistema de imunidade
inalados. (LOPES et. al., 2010) adquirida (ou adaptativa). (LOPES et. al., 2010)

↠ Aproximadamente 90% das partículas de 5m a 10m SISTEMA IMUNE INATO


de diâmetro fica retidas em algum ponto, ao longo da
traqueia ou brônquios de grosso calibre, enquanto aquelas ↠ A imunidade inata é um sistema filogeneticamente
de 0,5m a 5m de diâmetro podem escapar à filtração e bem preservado entre diferentes espécies, que
ser deposita das nos espaços aéreos ou deixar as vias consegue discriminar o self do non-self. (LOPES, 2010)
aéreas pela expiração. (LOPES et. al., 2010) ↠ Esse sistema reage apenas contra micro-organismos
e responde, essencialmente, da mesma maneira a
↠ Para as partículas menores, os mecanismos mais
importantes que podem concorrer para sua deposição sucessivas infecções. (LOPES, 2010)
são a sedimentação gravitacional e os movimentos ↠ Os principais componentes da imunidade natural são
brownianos. Como as bactérias têm, em sua maioria, as células fagocíticas (neutrófilos e macrófagos), as células
dimensões entre 0,5m e 5m, assim se explica que elas NK (natural killer) e as células dentríticas (LOPES, 2010)
atinjam os alvéolos. (LOPES et. al., 2010)
↠ Um dos componentes mais importantes desse sistema
O TRANSPORTE MUCOCILIAR são os receptores Toll-like (TLRs), uma família de
receptores de proteínas de superfície celular presentes
↠ O aparelho mucociliar constitui-se em um
em diferentes tipos de células. As estruturas que se ligam
revestimento mucoso que recobre as vias aéreas em
aos TLRs são moléculas altamente conservadas e
acoplamento mecânico com as células ciliadas, de cuja
presentes em muitos patógenos, denominadas padrões
função mútua ocorre a propulsão do muco em direção
moleculares associados a patógenos (PAMPs). (LOPES,
à orofaringe. (LOPES et. al., 2010)
2010)
↠ O mecanismo de transporte mucociliar constitui-se em
Os distintos PAMPs são, com frequência, constituídos por lipídios e
exemplo notável de eficiência contra as infecções carboidratos, presumivelmente porque são os maiores componentes
pulmonares. Existem cerca de 200 cílios em cada célula, das membranas celulares dos micro-organismos, e os receptores que
ou aproximadamente dois milhões de cílios por cm2 de se ligam a essas estruturas preservadas são chamados de receptores
superfície mucosa, com maior concentração na traqueia de reconhecimento de padrões. Esses receptores são ligados às vias
de transdução de sinal intracelulares que ativam várias respostas
e brônquios pré-segmentares. (LOPES et. al., 2010) celulares, incluindo a produção de moléculas que promovem
inflamação e defesa contra micróbios. (LOPES, 2010)
↠ Cada cílio apresenta cerca de 1.300 batimentos por
minuto, promovendo o deslocamento ascendente de ↠ Diferentes classes de patógenos (p.ex., vírus, bactérias
partículas a uma velocidade de 10 a 20mm por minuto. gram-negativas, bactérias gram-positivas, fungos)
Aproximadamente 90% do material depo sitado sobre a expressam diferentes PAMPs. Essas estruturas incluem:
mucosa do trato respiratório inferior pode ser eliminada (LOPES, 2010)
dentro de uma hora. (LOPES et. al., 2010)
➢ ácidos nucleicos, os quais são únicos de micro-
↠ Como consequência dos processos irritativos da organismos, tais como o RNA de dupla hélice
árvore respiratória causados por infecções repetidas, o encontrado nos vírus em replicação ou
perfil celular do epitélio e glândulas altera-se, mudando a sequências CpG de DNA não metiladas
composição do muco. Essa composição alterada traduz- encontradas em bactérias;
se em aumento da viscosidade. O resultado final é a ➢ características de proteínas que são observadas
retenção de muco no trato respiratório, difícil de ser em micro-organismos, tais como a iniciação por
eliminado e com ele os micro-organismos inalados, N-formilmetionina, a qual é típica de proteínas
aumentando a susceptibilidade às infecções. (LOPES et. al., bacterianas;
2010) ➢ complexos de lipídios e carboidratos que são
sintetizados por germes, mas não por células de
Defesa imunológica do aparelho respiratório
mamíferos, tais como lipopolissacarídios em
↠ A defesa imunológica do aparelho respiratório, assim bactérias gram-negativas, ácidos teicoicos em
como a de outros órgãos, é composta por um sistema bactérias gram-positivas e oligossacarídios ricos

@jumorbeck
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em manose encontrados em glicoproteínas clearance alveolar. O material que é retirado do ambiente


microbianas. intra-alveolar por estas células (50% dele dentro de 24
horas) é levado até o bronquíolo terminal, seguindo daí
SISTEMA IMUNE ADQUIRIDO para frente sobre o tapete mucociliar. (LOPES, 2010)
↠ Muitos micro-organismos evoluíram para resistir aos ↠ Estima-se que a ação da fagocitose alveolar decresce
mecanismos de defesa natural, e a proteção contra tais a partir da presença de dez partículas por célula. Excedida
patógenos é, criticamente, dependente das respostas a capacidade de funcionamento dessa via, outras mais
imunológicas adquiridas. Tais respostas são, em geral, mais lentas se estabelecem com a passagem do material para
fortes do que a imunidade natural por várias razões, o interior do tecido pulmonar, onde macrófagos
incluindo a expansão da amostragem de linfócitos localizados no interstício, no tecido linfático ou nos vasos
antígeno-específicos e a diferenciação. (LOPES, 2010) sanguíneos atuam como células fagocíticas ou
↠ O sistema imunológico adquirido induz as células processadoras de antígeno. As células fagocíticas do
efetoras para a eliminação dos micro-organismos e as pulmão, de um modo geral, têm suas atividades facilitadas
células de memória para a proteção do indivíduo de pelas opsoninas, mas também por fibronectina e pela
infecções subsequentes. Além disso, tem uma incrível substância tensoativa alveolar. (LOPES, 2010)
capacidade para distinguir os diferentes patógenos e
IMUNIDADE HUMORAL
moléculas, incluindo até mesmo aqueles que apresentam
grande semelhança sendo, por isso, também chamado de ↠ A defesa imunológica do aparelho respiratório inicia-se
imunidade específica. (LOPES, 2010) nas vias aéreas superiores, no muco de revestimento que
contém grande concentração de IgA, conferindo
↠ Existem dois tipos de respostas imunológicas
proteção a infecções virais e, provavelmente, dificultando
adquiridas, a imunidade celular e a imunidade humoral, que
a aderência bacteriana à mucosa. (LOPES, 2010)
são mediadas por diferentes componentes do sistema
imunológico e cuja função é eliminar os diversos tipos de IgG e IgA estão presentes em menor quantidade nas vias
micro-organismos. (LOPES, 2010) aéreas inferiores, sendo auxiliadas pela opsonização não
imunológica dos pneumócitos tipo I , preparando a
IMUNIDADE CELULAR fagocitose por macrófagos alveolares e neutrófilos. Estes
↠ A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T. Micro- últimos não são células residentes dos alvéolos, mas
organismos intracelulares, como os vírus e algumas podem ser rapidamente recrutados a partir da circulação,
bactérias, sobrevivem e se proliferam no interior de em caso de agressão. (LOPES, 2010)
fagócitos e outras células do hospedeiro, onde estão ↠ A imunidade humoral é a principal resposta imunológica
protegidos dos anticorpos. A defesa contra tais infecções protetora contra bactérias extracelulares, e atua no
cabe à imunidade celular, que promove a destruição dos bloqueio da infecção, na eliminação dos micro-organismos
micro-organismos localizados em fagócitos ou a e na neutralização de suas toxinas. (LOPES, 2010)
destruição das células infectadas para eliminar os
reservatórios da infecção. (LOPES, 2010) ↠ Os mecanismos efetores utilizados pelos anticorpos
para combater essas infecções incluem a neutralização, a
↠ Os linfócitos T auxiliares CD4+ ajudam os macrófagos opsonização e fagocitose e a ativação da via clássica do
a eliminar micróbios fagocitados e ajudam as células B a complemento. (LOPES, 2010)
produzir anticorpos. Já os linfócitos T citotóxicos CD8+
destroem as células que contêm patógenos intracelulares, ↠ Enquanto a neutralização é mediada pelos isótopos IgG
assim eliminando os reservatórios de infecção. (LOPES, e IgA de alta afinidade, a opsonização é feita por algumas
2010) subclasses de IgG. Já a ativação do complemento é
mediada pela IgM e sub classes de IgG. (LOPES, 2010)
↠ Os macrófagos alveolares residem permanentemente
nos alvéolos normais, constituindo as mais importantes EXTRESSE OXIDATIVO DO PULMÃO
células, do ponto de vista numérico, presentes no
compartimento alveolar. Através de uma plêiade de ↠ O pulmão representa um tecido único para o estresse
substâncias e funções, o macrófago alveolar é capaz de oxidativo, entre a maioria dos órgãos, porque ele está
cumprir seu papel de mais importante agente do diretamente exposto às mais altas tensões de oxigênio.
Portanto, a pressão parcial de oxigênio local ao nível

@jumorbeck
12

alveolar é muito mais alta que em outros órgãos vitais, ↠ Nos estágios finais da evolução do granuloma,
tais como coração, fígado e cérebro. (LOPES, 2010) geralmente instala-se um processo fibrótico indesejável.
Este, muitas vezes, é extenso, como pode ser visto em
↠ Um componente típico na maioria das alterações e
sequelas de tuberculose pulmonar. (LOPES, 2010)
infecções pulmonares é a ativação de células inflamatórias
com a consequente geração de radicais livres. (LOPES,
2010)
Referências
↠ Um componente importante do sistema
antimicrobiano fagocítico é sua habilidade em gerar JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
radicais oxidantes, que são produtos altamente tóxicos atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
derivados do metabolismo do oxigênio. Estes agentes são MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
compostos que transferem átomos de oxigênio ou humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
ganham elétrons em uma reação química – a exposição
prolongada aos radicais oxidantes pode levar à alteração TORTORA, G. J; DERRICKSON, D. Princípios de anatomia
das defesas antimicrobianas, assim como afetar a função e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
do macrófago alveolar nos pulmões. (LOPES, 2010)
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
↠ Dentre os principais oxidantes, incluem-se O2-
(ânion Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
-
superóxido), H2O2 (peróxido de hidrogênio), OH (radical
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
hidroxila) e oxigênio eletricamente excitado (O2-), cuja
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
formação é catalizada por enzimas (oxirredutases) que se
encontram em grânulos lisossômicos dos vacúolos TRINDADE, S. H. K. et al. Métodos de estudo do transporte
fagocíticos. (LOPES, 2010) mucociliar. Rev Bras Otorrinolaringol, v. 73, n. 5, p. 704-12,
2007
↠ O poder microbicida, em termos de produtos do
oxigênio, é maior no neutrófilo, possuidor de atividade de LOPES, A. J.; NORONHA, A. J.; MAFORT, T. T.
peroxidases (mieloperoxidase), o que lhe possibilita a Mecanismos de defesa do aparelho respiratório. Revista
utilização ampliada de mecanismos oxirredutores Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, p.10–
destrutivos, excedendo a capacidade dos macrófagos que 16, 2010.
têm como mais importante a enzima NADPH-
oxirredutase. (LOPES, 2010) FIGUEIREDO, M. M. A. dos S. Anatomofisiopatologia do
sistema mucociliar das vias aéreas. 2019. Dissertação
↠ Em resposta ao estímulo fagocítico, neutrófitos, (Mestrado Integrado em Medicina) – Faculdade de
monócitos e macrófagos realizam a “explosão Medicina, Lisboa, 2019.
respiratória”, que resulta no aumento do consumo de O2,
com geração de NADPH e produção de metabólicos
reduzidos do O2. (LOPES, 2010)
↠ Da ação conjunta da mieloperoxidade, H2O2 e cloro,
resultam produtos com atividade antimicrobiana. (LOPES,
2010)

O RECURSO DEFENSIVO FINAL: A FORMAÇÃO DO GRANULOMA


↠ Quando estes mecanismos de defesa se mostram
insuficientes para eliminar ou destruir o agente agressor
- como ocorre, por exemplo, com o bacilo tuberculoso -
permanecendo o material insolúvel depositado nos
tecidos, o recurso defensivo final se dá, via de regra, pela
formação de granuloma, no sentido de cercar o processo
inflamatório em andamento. (LOPES, 2010)

@jumorbeck
1

Faringe superiormente, uma ação que fecha essa parte da faringe


e impede a entrada de alimento na cavidade nasal.
↠ A faringe, ou garganta, é um tubo em forma de funil (MARIEB, 7ª ed.)
com aproximadamente 13 cm de comprimento que
começa nos cóanos e se estende para o nível da ↠Na linha média da sua parte mais superior e posterior
cartilagem cricóidea, a cartilagem mais inferior da laringe. encontra-se a tonsila faríngea, um órgão linfático que
(TORTORA, 14ª ed.) destrói os patógenos que entram com o ar na
nasofaringe. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A faringe encontra-se discretamente posterior às
cavidades nasal e oral, superior à laringe, e imediatamente ↠O óstio faríngeo da tuba auditiva, que drena a orelha
anterior às vértebras cervicais. (TORTORA, 14ª ed.) média, abre -se em cada parede lateral da parte nasal da
faringe.
↠ A faringe é uma passagem em forma de funil que une
as cavidades nasal e oral respectivamente com a laringe ↠ Uma crista de mucosa faríngea posterior a cada
e o esôfago, inferiormente. Ou seja, via de passagem abertura constitui o toro tubário, cuja mucosa da sua
comum para o alimento e o ar. (MARIEB, 7ª ed.) parte posterior contém a tonsila tubária, que proporciona
à orelha média alguma proteção contra infecções que
↠ Fornece uma câmara de ressonância para os sons da possam se espalhar a partir da faringe. (MARIEB, 7ª ed.)
fala e abriga as tonsilas, que participam das reações
imunológicas contra invasores estranhos. (TORTORA, 14ª PARTE ORAL DA FARINGE (OROFARINGE)
ed.)
↠ Situa-se posteriormente à cavidade oral; sua entrada
↠A parede muscular da faringe consiste em músculo arqueada, diretamente atrás da boca, são as fauces
esquelético em toda a sua extensão, mas a natureza do (“garganta”). (MARIEB, 7ª ed.)
revestimento mucoso varia entre as suas três partes.
↠ A parte oral da faringe estende-se inferiormente a
(MARIEB, 7ª ed.)
partir do nível do palato mole até o nível da epiglote (uma
↠ Com base na localização e na função, de superior para aba posterior à língua). (MARIEB, 7ª ed.)
inferior a faringe é dividida em nasal, oral e laríngea.
↠ Tanto o alimento deglutido quanto o ar inspirado
(MARIEB, 7ª ed.)
passam por ela. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ À medida que a parte nasal se continua com a parte


oral da faringe, o epitélio que a reveste muda para
estratificado pavimentoso (não queratinizado) protetor
espesso. Essa adaptação estrutural reflete um maior atrito
e trauma químico que acompanham a passagem do
alimento deglutido pela parte oral da faringe. (MARIEB, 7ª
ed.)

PARTE NASAL DA FARINGE (NASOFARINGE)


↠ Encontra-se posterior à cavidade nasal e se estende
até o palato mole. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Dois tipos de tonsilas estão relacionados com a sua
↠ Como está acima do nível de entrada do alimento, ela mucosa: o par de tonsilas palatinas situa do nas paredes
serve apenas como via de passagem de ar. Durante a laterais das fauces, e a tonsila lingual ímpar, que cobre a
deglutição, o palato mole e sua úvula se refletem superfície posterior da língua. (MARIEB, 7ª ed.)

@jumorbeck
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PARTE LARÍNGEA DA FARINGE (LARINGOFARINGE) RESUMO

A inervação sensitiva da parte nasal da faringe e de uma porção da


↠ Serve como via de passagem comum para o alimento
parte oral da faringe deriva de ramos da divisão maxilar do nervo
e o ar, sendo revestida por um epitélio estratificado trigêmeo e do nervo glossofaríngeo. (HIATT)
pavimentoso. (MARIEB, 7ª ed.)
O restante da faringe é suprido pelos ramos dos nervos glossofaríngeo
↠ Localizada posteriormente à laringe, que leva o ar para e vago. Além disso, como já referido, há uma área de superposição
de inervação na região do istmo das fauces, provida pelo nervo facial,
o trato respiratório, e contínua ao esôfago, que conduz o
por intermédio do ramo petroso maior. (HIATT)
alimento e os líquidos para o estômago, a parte laríngea
da faringe estende -se até a margem inferior da
cartilagem cricóidea. (MARIEB, 7ª ed.)

Inervação da faringe

↠ A inervação da faringe (motora e a maior parte da


sensitiva) deriva do plexo nervoso faríngeo. (MOORE, 7ª
ed.)
Plexo faríngeo: esse plexo de fibras nervosas, localizado na parede
posterior da faringe, na altura do músculo constritor médio da faringe,
é composto de ramos faríngeos dos nervos glossofaríngeo e vago,
bem como de ramos do gânglio simpático cervical superior. O nervo
glossofaríngeo contribui com fibras sensitivas para o plexo faríngeo;
os ramos vagais são motores e as fibras simpáticas são vasomotoras.

↠ As fibras motoras no plexo são derivadas do nervo


vago (NC X) através de seu ramo ou ramos faríngeos.
Laringe
(MOORE, 7ª ed.)
Nervo Vago (X): misto, possui fibras motoras para a musculatura da ↠ A laringe é uma pequena conexão entre a parte
faringe e laringe. (APOSTILA ANATOMIA CABEÇA E PESCOÇO) laríngea da faringe e a traqueia. Encontra-se na linha média
do pescoço anteriormente ao esôfago e às vértebras
↠ Elas suprem todos os músculos da faringe e do palato
cervicais IV a VI. (TORTORA, 14ª ed.)
mole, com exceção dos músculos estilofaríngeo e tensor
do véu palatino (MOORE, 7ª ed.) A laringe tem três funções: (MARIEB, 7ª ed.)

↠ O músculo constritor inferior da faringe também ➢ produzir sons;


➢ proporcionar uma via aérea aberta;
recebe algumas fibras motoras dos ramos laríngeos
➢ agir como mecanismo de comutação para rotear o ar e o
externo e recorrente do nervo vago. As fibras sensitivas alimento para as vias adequadas. Durante a deglutição, a
no plexo são derivadas do nervo glossofaríngeo. (MOORE, entrada (abertura superior) da laringe fica fechada; durante
7ª ed.) a respiração, fica aberta.

Nervo glossofaríngeo (IX): misto, possui fibras motoras para o músculo ↠ A estrutura da laringe é uma organização intrincada
estilofaríngeo. Parte sensitiva – leva impulsos de sensibilidade geral e de nove cartilagens conectadas por membranas e
gustativa do 1/3 posterior da língua, e de sensibilidade geral da faringe, ligamentos. (MARIEB, 7ª ed.) Três ocorrem isoladamente
úvula, tonsilas e tubas auditivas. (APOSTILA ANATOMIA CABEÇA E
PESCOÇO)
(cartilagem tireóidea, epiglote e cartilagem cricóidea) e
três ocorrem em pares (cartilagens aritenóidea,
↠ Elas são distribuídas para as três partes da faringe. cuneiforme e corniculada). (TORTORA, 14ª ed.)
Além disso, a túnica mucosa das regiões anterior e
superior da parte nasal da faringe é suprida principalmente ↠ A grande cartilagem tireóidea, em forma de escudo e
pelo nervo maxilar. (MOORE, 7ª ed.) composta por duas lâminas cartilagíneas, lembra um livro
aberto em pé, com a “lombada” na linha média anterior
do pescoço. Superiormente nessa “lombada” destaca-se
a proeminência laríngea, em forma de crista e visível sob
a pele do pescoço como o “pomo de Adão”. A cartilagem
tireóidea é maior nos homens do que nas mulheres

@jumorbeck
3

porque os hormônios sexuais masculinos estimulam seu


crescimento durante a puberdade. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ O ligamento que liga a cartilagem tireóidea ao hioide é


chamado membrana tíreo-hióidea. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ A nona cartilagem da laringe, a epiglote, em forma de


folha, é composta de cartilagem elástica (cartilagem
epiglótica), sendo quase inteiramente coberta por mucosa.
Seu pecíolo se conecta anteriormente na face interna do
↠ Inferior à cartilagem tireóidea encontra-se a cartilagem ângulo da cartilagem tireóidea, de onde se projeta
cricóidea (“círculo”), a única cartilagem laríngea a formar superoposteriormente e se conecta na face posterior da
um anel completo. Ela é larga na face posterior e estreita língua. (MARIEB, 7ª ed.)
anteriormente. A cartilagem cricóidea está situada no topo
↠ Durante a deglutição, a laringe inteira é empurrada
da traqueia. (MARIEB, 7ª ed.)
para cima, e a epiglote inclina -se para baixo, cobrindo e
↠ A cartilagem tireóidea está ligada à cartilagem cricóidea vedando a entrada (ádito) da laringe. Essa ação mantém
pelo ligamento cricotireóideo. Ela se insere ao primeiro o alimento fora das vias respiratórias inferiores. (MARIEB,
anel de cartilagem da traqueia pelo ligamento 7ª ed.)
cricotraqueal. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Embora a posição baixa da laringe nos torne mais
↠ Três pares de pequenas cartilagens situam-se suscetíveis aos engasgos, ela é essencial para a fala
imediatamente acima da cartilagem cricóidea na parte humana. Sua localização inferior nos permite um maior
posterior da laringe: (MARIEB, 7ª ed.) movimento da língua na formação dos sons e uma
faringe excepcionalmente longa, que age como uma
➢ as cartilagens aritenóideas (parecidas com câmara de ressonância dos sons das vogais que
conchas); produzimos. (MARIEB, 7ª ed.)
➢ as cartilagens corniculadas (“pequenos cornos”);
➢ as cartilagens cuneiformes (“em forma de ↠ Dentro da laringe, pares de ligamentos vocais seguem
cunha”). anteriormente desde as cartilagens aritenóideas até a
cartilagem tireóidea. Esses ligamentos, compostos em
↠ As mais importantes entre elas são as cartilagens grande parte de fibras elásticas, formam o núcleo de um
aritenóideas, que ancoram as pregas vocais. (MARIEB, 7ª par de pregas mucosas chamadas pregas vocais (cordas
ed.) vocais verdadeiras). (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Como a mucosa que as cobre é avascular, as pregas


vocais têm um aspecto branco perolado. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ A abertura mediana entre as pregas vocais através da


qual o ar passa se chama rima da glote (rima = fissura), e
as pregas vocais junto a essa rima compõem a glote.
Outro par de pregas mucosas horizontais situadas
diretamente acima das pregas vocais, as pregas

@jumorbeck
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vestibulares (cordas vocais falsas) não participa da ↠ A inervação sensitiva abaixo das pregas vocais deriva
produção do som. (MARIEB, 7ª ed.) de ramos do nervo laríngeo recorrente, do nervo vago.
(HAITT)
↠ O epitélio que reveste a parte superior da laringe, uma
área sujeita ao contato dos alimentos, é estratificado ↠ A inervação motora da laringe, resumidamente, todos
pavimentoso não queratinizado. Abaixo das pregas vocais, os músculos intrínsecos da laringe, exceto o
o epitélio é pseudoestratificado colunar ciliado e aprisiona cricotireóideo, são inervados pelo nervo laríngeo
a poeira. Nesse epitélio, a força motriz dos cílios segue na recorrente, ramo do nervo vago. O músculo
direção da faringe, de modo que o muco que aprisiona o cricotireóideo é inervado pelo ramo externo do nervo
pó é movido continuamente para cima a partir dos laríngeo superior, do nervo vago. (HAITT)
pulmões. (MARIEB, 7ª ed.)
↠ A musculatura intrínseca da laringe é suprida por dois
Inervação da laringe nervos, o ramo laríngeo inferior do nervo laríngeo recorrente
e o ramo externo do nervo laríngeo superior. Ambos são
↠ A laringe recebe sua inervação sensitiva e motora de ramos do nervo vago. Como esses dois nervos são suscetíveis
um ramo laríngeo superior do nervo vago e do nervo a lesão, eles devem ser protegidos durante os procedimentos
laríngeo recorrente, ramo do vago na região superior do cirúrgicos. O ramo externo do nervo laríngeo superior passa
tórax que, em curva ascendente, dirige-se para o profundamente à artéria tireóidea superior, suprindo um único
músculo, o cricotireóideo. Sua lesão não causa danos
pescoço. (MARIEB, 7ª ed.)
expressivos à fonação. Contudo, ele afetará a capacidade de
↠ Como esses nervos fornecem inervação para a tensionar as pregas vocais, comprometendo, assim, a emissão
maioria dos músculos da laringe, o dano a esses nervos, de sons agudos. Além disso, a lesão pode causar um quadro de
como pode ocorrer durante uma cirurgia nessa região, rouquidão e de cansaço ao falar. (HAITT)
promove perturbações da fala. A transecção de um ↠ Uma lesão no nervo laríngeo recorrente levará a sérias
nervo laríngeo recorrente imobiliza uma prega vocal, complicações, cuja gravidade dependerá da intensidade da
produzindo um grau de rouquidão. Em tais casos, a outra lesão e se o acometimento foi uni ou bilateral. O envolvimento
prega vocal consegue compensar e a fala continua quase pode variar desde uma leve rouquidão até a total incapacidade
normal. No entanto, se ambos os nervos laríngeos de falar ou de respirar, necessitando, assim, de uma
recorrentes forem cortados, perde-se completamente a traqueostomia. (HAITT)
fala (exceto o sussurro). (MARIEB, 7ª ed.) O controle da produção vocal tem início na área motora primária do
córtex cerebral e segue por fibras corticobulbares. O corpo celular do
nervo vago origina-se no núcleo ambíguo do tronco encefálico, que
também é o núcleo motor para os nervos glossofaríngeo e acessório.
Esse núcleo da origem às fibras que, por meio dos nervos
glossofaríngeo e vago, inervam os músculos da faringe e da laringe.
(PINHO et. al. 2019)

O nervo vago possui três ramos de interesse para o estudo,


denominados nervos: faríngeo, laríngeo superior (NLS) e laríngeo
inferior ou recorrente (NLI). (PINHO et. al. 2019)

O nervo faríngeo é responsável pela inervação dos músculos


constritores da faringe, do músculo palatoglosso e dos músculos do
palato mole. (PINHO et. al. 2019)

O nervo laríngeo superior, ramo interno: responsável pela sensibilidade


↠ A inervação sensitiva da laringe, acima da prega vocal, da laringe e pela motricidade parcial dos músculos aritenoides;
ocorre por intermédio do ramo interno do nervo laríngeo motricidade do músculo cricotireóideo. (PINHO et. al. 2019)
superior, do nervo vago. O ramo interno do nervo O nervo laríngeo inferior: inervação sensitiva e secretora da infraglote
laríngeo superior acompanha o ramo laríngeo superior da e motricidade dos demais músculos intrínsecos da laringe. (PINHO et. al.
artéria tireóidea superior, perfura a membrana tíreo- 2019)
hióidea e distribui suas terminações profundamente na Os nervos laríngeos superior e inferior também são responsáveis
mucosa da epiglote, pregas ariepiglóticas e laringe. pelas atividades motoras da laringe envolvidas na fala e na deglutição.
(HAITT) (PINHO et. al. 2019)

@jumorbeck
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uma corda de violão. O ar que passa pela laringe vibra as


pregas e produz som (fonação) pela criação de ondas de
som na coluna de ar na faringe, no nariz e na boca. A
variação do tom do som está relacionada com a tensão
nas pregas vocais. Quanto maior a pressão do ar, mais
alto o som produzido pela vibração das pregas vocais.
(TORTORA, 14ª ed.)

↠ Quando os músculos intrínsecos da laringe se


contraem, eles puxam as cartilagens aritenóideas, o que
faz com que as cartilagens girem e deslizem. A contração
dos músculos cricoaritenóideos posteriores, por exemplo,
afasta as pregas vocais (abdução), abrindo assim a rima
Produção da voz da glote. Por outro lado, a contração dos músculos
cricoaritenóideos laterais aproximas as pregas vocais uma
↠ A fala ocorre por meio da liberação intermitente do da outra (adução), fechando assim a rima da glote.
ar expirado e da abertura e fechamento da glote. Nesse (TORTORA, 14ª ed.)
processo, o comprimento das pregas vocais e o tamanho
da rima da glote variam de acordo com os músculos
intrínsecos da laringe, a maioria deles movimentando as
cartilagens aritenóideas. (MARIEB, 7ª ed.)
Para que ocorra a fonação (produção de som/voz), o ar expirado
atinge a região da laringe. A produção vocal pode ser explicada pela
teoria mioelástica e aerodinâmica, descrita por van den Berg em 1958.2
Essa teoria aborda a fonação como resultado do equilíbrio entre forças
aerodinâmicas da respiração e mioelásticas da laringe. Esse é o modelo
de produção vocal mais aceito até hoje.

Segundo a teoria mioelástica e aerodinâmica, as forças musculares


levam as pregas vocais para a posição fonatória (as pregas vocais
ficam aproximadas na linha média da região glótica), de tal modo que
a fonação é iniciada após o fechamento completo dessas pregas. O
fluxo de ar expiratório encontra, então, uma barreira no nível glótico
– a chamada resistência glótica – que acaba gerando uma pressão
subglótica medial (na linha média) que cresce até vencer a resistência
glótica e deslocar as pregas vocais lateralmente provocando sua
abertura e criando um fluxo de ar que passa pelas pregas vocais (força
aerodinâmica).

↠ As pregas vocais são as principais estruturas


envolvidas na produção da voz. Profundamente à túnica
mucosa das pregas vocais, que é de epitélio escamoso
estratificado não queratinizado, estão faixas de ligamentos
elásticos entre as rígidas cartilagens da laringe como as
cordas de uma guitarra. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Músculos intrínsecos da laringe se inserem tanto às


cartilagens rígidas quanto às pregas vocais. Quando os
músculos se contraem, eles movem as cartilagens, que
tensionam os ligamentos elásticos, e isso distende as
pregas vocais para fora para as vias respiratórias, de modo
que a rima da glote é estreitada. (MARIEB, 7ª ed.)

↠ Contrair e relaxar os músculos varia a tensão nas


pregas vocais, de modo semelhante a soltar ou apertar

@jumorbeck
6

↠ À medida que a laringe dos meninos aumenta durante


a puberdade, a proeminência laríngea cresce na direção
anterior e se transforma em um grande pomo de Adão,
tornando as pregas vocais mais longas. Como as pregas
vocais longas vibram mais lentamente do que as pregas
curtas, a voz fica mais profunda. Por essa razão, a maioria
dos homens tem a voz mais baixa do que as mulheres
ou os meninos. (MARIEB, 7ª ed.)

Órgãos linfoides da via aérea superior

↠ Todos os dias respiramos, em condições basais, mais


de 10 000 litros de ar, incluindo uma variedade de
partículas, pólenes e vírus, que rapidamente atingem a
cavidade nasal. Através da alimentação, muitos outros
antigénios entram pela boca, verificando-se um número
muito aumentado particularmente em crianças pequenas.
↠ Embora as pregas vocais produzam os sons básicos
Assim, a cada respiração ou deglutição, o nosso
da fala, toda a extensão da faringe age na amplificação da
organismo entra em contacto com material antigénico
qualidade do som. (MARIEB, 7ª ed.) O som se origina da
inalado ou ingerido, através dos órgãos respiratórios e
vibração das pregas vocais, mas outras estruturas são
digestivos (GOMES, 2019).
necessárias para a conversão do som em fala
reconhecível. A faringe, a boca, a cavidade nasal e os seios ↠ Embora grande parte dos antigénios seja inofensiva,
paranasais atuam como câmaras de ressonância que dão uma significativa porção constitui um potencial perigo,
à voz a sua qualidade humana e individual. Produzimos os sendo essencial a geração de respostas imunes
sons das vogais pela constrição e relaxamento dos protetoras rápidas e eficazes. Deste modo, as membranas
músculos da parede da faringe. Os músculos da face, da mucosas desenvolveram um sistema imunológico
língua e dos lábios nos ajudam a pronunciar palavras. especializado, conhecido como tecido linfoide associado à
(TORTORA, 14ª ed.) mucosa (MALT, mucosa associated lymphoid tissue). Este
tecido povoa as superfícies internas do corpo e
↠ À medida que o comprimento e a tensão das pregas
desempenha um importante papel de primeira linha de
vocais se modificam, a altura do som produzido também
defesa física e imunológica, que inclui a iniciação de
se altera. Geralmente, quanto mais tensas as pregas
respostas imunes específicas de antigénio (GOMES, 2019).
vocais, mais rápido o ar expirado as faz vibrar e maior é
a altura do som. (MARIEB, 7ª ed.) ↠ O MALT pertence ao sistema linfoide secundário, tal
como o baço e os gânglios linfáticos, e partilha diversas
↠ A intensidade da voz depende da força com que o ar
características imunológicas com estes órgãos, como a
passa pelas pregas vocais. Quanto maior a força, mais
estrutura linforreticular e a presença de células
fortes as vibrações e mais intenso o som. As pregas
imunocompetentes necessárias para a geração de uma
vocais não se movem quando sussurramos, mas vibram
resposta imune. No entanto, possui também
vigorosamente quando gritamos. (MARIEB, 7ª ed.)
particularidades únicas que o distingue dos outros órgãos
VOZ DE HOMEM X VOZ DE MULHER linfoides secundários: os órgãos do MALT não contêm
linfáticos aferentes (apenas eferentes), pelo que não
↠ Existem diferenças anatômicas e fisiológicas entre o dependem da distribuição antigénica por vasos linfáticos,
organismo dos homens e das mulheres que resultam em como o baço e os gânglios; contudo, são cobertos por
características capazes de diferenciar os dois sexos. No um epitélio especializado, o linfoepitélio, que permite a
caso das estruturas laríngeas, as pregas vocais dos captura de material estranho diretamente da superfície
homens são maiores e mais largas do que as das epitelial (GOMES, 2019).
mulheres. Existem diferenças quanto à posição vertical da
laringe, que é mais baixa nos homens. (BEBER; CIELO, ↠ O MALT é constituído por aglomerados de tecido
2011) linfoide presentes na mucosa de diversos locais no

@jumorbeck
7

organismo, como os tratos gastrointestinal, respiratório e ↠ Contrastando com a maioria das estruturas
genitourinário (GOMES, 2019). pertencentes ao MALT, estas estruturas encontram-se
numa posição fixa da faringe, ao invés de dispersas pela
↠ A presença de tecido linfoide na faringe foi primeiro
mucosa (GOMES, 2019).
relatada por Waldeyer, que descreveu as adenoides (ou
amígdalas nasofaríngeas), as amígdalas tubárias, as ↠ As adenoides encontram-se aderentes ao teto e
amígdalas palatinas (comummente referenciadas parede posterior da nasofaringe, posteriormente à
simplesmente como amígdalas) e a amígdala lingual. Este cavidade nasal, e têm formato aproximadamente
aglomerado de estruturas linfoides, em conjunto com o triangular, apontando o seu ápex para o septo nasal
tecido difuso disperso da mucosa faríngea, completa uma (GOMES, 2019).
banda circular na entrada do trato aerodigestivo superior,
que é conhecida como anel de Waldeyer (GOMES, 2019). ↠ Na vizinhança das aberturas faríngeas das trompas de
Eustáquio, entre estas e as adenoides, fica a fossa de
Rosenmüller, onde estão localizadas as duas amígdalas
tubárias (GOMES, 2019).

↠ Devido à sua localização estratégica, com exposição


contínua a antigénios aéreos e alimentares, o anel de ↠ As amígdalas palatinas situam-se na orofaringe, na
Waldeyer constitui o guardião imunológico do trato transição da cavidade oral para a faringe, nas chamadas
aerodigestivo superior (GOMES, 2019). fossas amigdalinas; estas situam-se entre os dois arcos
ANATOMIA E FISIOLOGIA musculares divergentes palatoglosso ventral e
palatofaríngeo dorsal, constituindo o músculo constritor
↠ O anel de Waldeyer é constituído, tal como descrito, superior da faringe a sua parede lateral. Já a amígdala
pelo conjunto das adenoides, das amígdalas tubárias, das lingual localiza-se no terço posterior da língua,
amígdalas palatinas e da amígdala lingual, além das estendendo-se até à porção ventral da epiglote (GOMES,
pequenas coleções de tecido linfoide subepitelial, nas 2019).
bandas laterais da faringe (GOMES, 2019).

↠ A inervação é feita pelos ramos amigdalinos dos


nervos maxilar e glossofaríngeo, nomeadamente os
nervos palatinos menores. Embora não possuam vasos

@jumorbeck
8

linfáticos aferentes, as amígdalas drenam eferentemente FUNÇÃO IMUNE


para os gânglios linfáticos cervicais retrofaríngeos,
submandibulares e cervicais profundos superiores, ↠ O anel de Waldeyer, localizado na faringe, encontra-se
principalmente os jugulodigástricos (GOMES, 2019). num local de elevada exposição a microrganismos, pelo
que desempenha um papel imunológico importante
↠ As amígdalas estão divididas em distintos (GOMES, 2019).
compartimentos morfológicos especializados (GOMES,
2019): ↠ As respostas imunes geradas são quer inatas quer
adaptativas e incluem sistemas específicos de
reconhecimento de antigénios: receptores toll-like, na
imunidade inata, e receptores de células T e de células B,
na imunidade adquirida.

↠ A atividade imunológica é muito intensa durante a


infância e início da adolescência, verificando-se um
crescimento rápido das estruturas do anel nos primeiros
anos de vida, que é proporcional à carga bacteriana e
linfocítica presente (GOMES, 2019).

↠ As adenoides e as amígdalas tubárias aumentam de


tamanho logo durante os primeiros anos de vida, atingindo
➢ o epitélio da superfície amigdalina: as camadas
um volume máximo por volta dos 5 anos de idade
epiteliais superficiais são avasculares; no entanto,
(GOMES, 2019).
subjacente ao epitélio da superfície da amígdala,
encontra-se uma faixa de tecido conjuntivo rica ↠ Já as amígdalas crescem mais aceleradamente aos 5-
em vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. 6 anos e atingem um volume máximo na adolescência
➢ o epitélio da cripta: as criptas são divertículos (GOMES, 2019)..
epiteliais tubulares estreitos, que têm dimensões
variáveis (entre 5 µm e 25 µm), e cujo ↠ Mais tarde, é observada a involução amigdalina, uma
conteúdo é composto principalmente por células redução da dimensão dependente da idade. A involução
degeneradas e detritos celulares. Elas aumentam dá-se segundo um padrão craniocaudal: as adenoides
a área de superfície. As células não epiteliais atrofiam por volta dos 8-10 anos, as amígdalas a partir dos
circulantes são na sua maioria linfócitos B, mas 14 anos e a amígdala lingual muito mais tarde, podendo
incluem também linfócitos T, macrófagos e permanecer ativa até à quarta década de vida (GOMES,
células dendríticas interdigitantes, existindo um 2019).
importante equilíbrio numérico entre células ↠ Os diferentes compartimentos morfológicos do tecido
epiteliais e não epiteliais. linfoide da amígdala são especializados em funções
➢ os folículos linfoides (áreas de células B): imunes características: (GOMES, 2019)
tipicamente redondos ou elípticos embebidos
num estroma do tecido conectivo, do qual ➢ o epitélio da superfície amigdalina na função de
emergem os vasos linfáticos eferentes. Os barreira física e imunológica;
folículos são geralmente encontrados ➢ o epitélio da cripta na captação de antigénios
imediatamente subjacentes ao epitélio, embora exógenos e ativação de células T;
alguns possam ser encontrados em ➢ o tecido linfoide interfolicular na estimulação de
profundidade. Os centros germinativos foliculares células B e migração linfocítica;
contêm células dendríticas foliculares, linfócitos T ➢ os folículos linfoides na produção de anticorpos
auxiliares e células B em proliferação. por células B.
➢ tecido linfoide interfolicular (áreas de células T,
que circundam os folículos). CAPTAÇÃO EPITELIAL DE ANTÍGENOS E ATIVAÇÃO DE
LINFÓCITOS T
↠ O linfoepitélio presente nas criptas amigdalinas é
fundamental para o início da resposta imune. Após a

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entrada de antigénios na cavidade orofaríngea, estes são Os vasos linfáticos da laringe superiores às pregas vocais
aprisionados nas criptas e captados por células epiteliais acompanham a artéria laríngea superior através da
especializadas, conhecidas como células M (microfold) – membrana tíreo-hióidea e drenam para os linfonodos
que levam os antígenos através de vesículas para o tecido cervicais profundos superiores. Os vasos linfáticos
linfoide (GOMES, 2019). inferiores às pregas vocais drenam para os linfonodos
pré-traqueais ou paratraqueais, que drenam para os
↠ Logo após, as células apresentadoras de antígenos
linfonodos cervicais profundos inferiores (MOORE,7ª ed.)
irão apresentar as células T induzindo a ativação primária
das células T naive, que irá proliferar e se diferenciar em Referências:
subtipos distintos. Grande parte da população T gerada
são linfócitos T auxiliares (TH, T helper), com fenótipo PINHO et. al. Músculos intrínsecos da laringe e dinâmica
CD4+, CD8+) mas inclui também células citotóxicas e de vocal. Thieme Revinter Publicações, Rio de Janeiro, 3ª ed.,
memória, que podem abandonar o tecido interfolicular 2019.
(GOMES, 2019). MOORE. Anatomia Orientada para a Clínica, 7ª ed.
↠ Após ativação, as células T auxiliares irão agrupar-se Guanabara Koogan, SP, 2017
junto a linfócitos B naive, estimulando-os e induzindo a sua TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
diferenciação em células efetoras (GOMES, 2019). em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
Conhecendo os mecanismos de ativação primária de células T e de
estimulação de células B, torna-se evidente que a competência HIATT. Anatomia Cabeça & Pescoço. [Digite o Local da
imunológica das amígdalas só é conseguida com um marcado Editora]: Grupo GEN, 2011. 978-85-277-2535-4. Disponível
extravasamento de linfócitos naive do sangue para estes órgãos
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-
(GOMES, 2019)
85-277-2535-4/. Acesso em: 28 out. 2021.
↠ A maturação e diferenciação dos linfócitos B ocorre
nos centros germinativos (GC, germinal center) dos MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
folículos linfoides, que surgem como resultado da resposta humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
de células B dependente de células T (GOMES, 2019).

↠ No final, a chamada reação do centro germinativo, TAMBELI, Cláudia. H. Fisiologia Oral. [Digite o Local da
resulta na produção de células plasmáticas e células B de Editora]: Grupo A, 2014. 9788536702162. Disponível em:
memória. (GOMES, 2019) https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978853
6702162/. Acesso em: 28 out. 2021.
↠ Deste modo, os eventos do centro germinativo
resultam na produção de plasmócitos produtores de GOMES, M. L. M. Anel de Waldeyer: sua função e impacto
diferentes classes de anticorpos, que exibem alta afinidade. na adenoamigdalectomia. Apresentação de Mestrado,
(GOMES, 2019) Faculdade de Medicina de Coimbra, 2019
↠ Os plasmócitos das amígdalas têm a capacidade de BEBER B. C.; CIELO C. A. Características vocais acústicas
produzir todas as classes de imunoglobulinas (IgG, IgA, IgM, de homens com voz e laringe normal. Revista CEFAC, v.
IgD e IgE), sendo as mais abundantes a IgG 12, n. 2, p 340-351, 2011.
(aproximadamente 65%) e IgA (cerca de 20%) (GOMES,
2019)

REGIÕES SECRETORAS ASSOCIADAS


↠ A mucosa nasal e as glândulas salivares e lacrimais
possuem uma distribuição de linfócitos semelhante à
observada nas amígdalas e adenoides, o que sugere que
estes locais efetores secretores são sedeados
principalmente por blastos plasmáticos gerados no anel
de Waldeyer. (GOMES, 2019)

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Traqueia ↠ Como a parede posterior da traqueia não é rígida, o


esôfago consegue se expandir na direção anterior à
↠ A traqueia é um tubo flexível (membranoso) ligado à medida que o alimento deglutido passa por ele (MARIEB,
laringe e entra no mediastino; ela termina na parte média 7ª ed.)
do tórax, dividindo-se em dois brônquios principais
(brônquios primários ou de 1ª ordem) (MARIEB, 7ªed.). ↠ Contrações na musculatura lisa podem diminuir o
diâmetro da traqueia. Durante a tosse, essa ação faz o ar
↠ Os primeiros anatomistas confundiam a traqueia com se mover mais rapidamente pela traqueia, ajudando a
uma artéria de parede áspera (traqueia = áspera) expelir muco e corpos estranhos (SEELY, 10ª ed.). Essa
(MARIEB, 7ªed.). ação acelera o ar expirado a uma velocidade de 165km/h
↠ A traqueia possui diâmetro de 12 mm e comprimento (MARIEB, 7ª ed.).
de 10 a 12cm, descendo da laringe até o nível da quinta HISTOLOGIA
vértebra torácica (SEELY, 10ª ed.).
↠ A estrutura microscópica da parede da traqueia
↠ A parede da traqueia contém de 16 a 20 anéis de consiste em várias camadas comuns a muitos órgãos
cartilagem hialina (as cartilagens traqueiais), em forma de tubulares do corpo: mucosa, submucosa e adventícia
C, unidos uns aos outros por membranas intervenientes (MARIEB, 7ª ed.).
de tecido conjuntivo fibroelástico (MARIEB, 7ªed.).

↠ Uma crista no interior da última cartilagem traqueal,


chamada carina, marca o ponto onde a traqueia se
ramifica nos dois brônquios principais. A mucosa que
reveste a carina é altamente sensível a substâncias
irritantes, sendo o local onde costuma desencadear-se o
reflexo da tosse (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As cartilagens sustentam os lados anterior e lateral da


traqueia, protegendo e mantendo uma passagem aberta
para a circulação do ar (SEELY, 10ª ed.). ↠ A mucosa consiste em um epitélio interno e uma
Consequentemente, a traqueia é suficientemente flexível lâmina própria. O epitélio é o mesmo epitélio
para permitir o encurvamento e o estiramento, mas os pseudoestratificado filtrador de ar que ocorre na maior
anéis cartilagíneos a impedem de colapsar e mantêm a parte do trato respiratório; seus cílios impelem
via aérea aberta, apesar das mudanças de pressão que continuamente as camadas de muco carregado de poeira
ocorrem durante a respiração (MARIEB, 7ª ed.) na direção da faringe. A lâmina própria contém muitas
fibras elásticas e é separada da submucosa por uma
↠ A parede posterior é desprovida de cartilagem, lâmina de elastina. Essa proteína, que também ocorre em
contendo uma membrana ligamentosa elástica e feixes todos os tubos de ar menores, permite que a traqueia se
de fibra muscular lisa chamada de músculo traqueal. O alongue durante a inspiração e recue durante a expiração
esôfago encontra-se logo atrás da parede posterior da (MARIEB, 7ª ed.).
traqueia, onde não há cartilagem (SEELY, 10ª ed.).
A mucosa que reveste a traqueia é constituída de epitélio colunar
pseudoestratificado ciliado com numerosas células caliciformes. As células
caliciformes produzem muco, que captura partículas estranhas que são inaladas.
Os cílios movem o muco e as partículas até a laringe, onde entram na faringe
e são deglutidos (SEELY, 10ª ed..).

@jumorbeck
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↠ Os brônquios principais direito e esquerdo, também


chamados brônquios de primeira ordem, são os maiores
tubos da árvore bronquial, um sistema tubular que se
ramifica amplamente no interior dos pulmões. Os dois
brônquios principais são ramos da traqueia no mediastino
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ Cada brônquio principal segue de modo oblíquo


através do mediastino antes de mergulhar na fenda medial
(hilo) do pulmão. Os brônquios principais são
imediatamente posteriores aos grandes vasos pulmonares
que suprem os pulmões (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A submucosa (“abaixo da mucosa”), outra camada de
tecido conjuntivo, contém glândulas com células serosas ↠ O brônquio principal direito é maior em diâmetro e
e mucosas, chamadas glândulas seromucosas, que ajudam mais alinhado com a traqueia do que o brônquio principal
a produzir as camadas de muco dentro da traqueia esquerdo. Como resultado, substâncias ingeridas que
(MARIEB, 7ª ed.). acidentalmente entram no trato respiratório inferior são
mais suscetíveis a se alojarem no brônquio principal direito
↠ As cartilagens traqueais, o tecido conjuntivo (SEELY, 10ª ed.).
fibroelástico que as conecta, e a parede membranácea
com o músculo traqueal situam-se no lado externo da
submucosa e formam a camada fibromusculocartilaginosa
da traqueia. A camada externa de tecido conjuntivo é a
adventícia (MARIEB, 7ª ed.).
Frequentemente, irritações crônicas na traqueia, como ocorrem em
fumantes, podem fazer o epitélio traqueal se transformar em epitélio
escamoso estratificado úmido desprovido de cílios e células
caliciformes. Consequentemente, a função normal do epitélio traqueal
é perdida (SEELY, 10ª ed..).

Árvore Bronquial

Algumas literaturas denominam árvore traqueobronquial toda via


respiratória, começando com a traqueia (SEELY, 10ª ed.).

↠ A traqueia divide-se para formar os brônquios ↠ À medida que se aproximam e entram nos pulmões,
principais, os quais, por sua vez, dividem-se para formar os brônquios principais se dividem nos brônquios
brônquios cada vez menores, levando a muitos túbulos e secundários, ou brônquios lobares (de segunda ordem) –
sacos microscópicos (SEELY, 10ª ed.). três à direita e dois à esquerda -, com cada um deles
ventilando um lobo pulmonar (MARIEB, 7ª ed.).
BRÔNQUIOS NA PARTE DE CONDUÇÃO
↠ Os brônquios lobares se ramificam nos brônquios
Traqueia segmentares (de terceira ordem), que por sua vez se
dividem repetidamente em brônquios menores: quarta
Brônquios principais ordem, quinta ordem etc. Em geral, existem cerca de 23
ordens de tubos de ar nos pulmões, sendo a menor delas
Brônquios lobares quase pequena demais para ser vista sem um
microscópio (MARIEB, 7ª ed.).
Brônquios segmentares
↠ Os tubos menores de 1 mm de diâmetro também são
Bronquíolos
chamados bronquíolos (“pequenos brônquios”), e os
menores que estes, os bronquíolos terminais, têm menos
Bronquíolos terminais
de 0,5 mm de diâmetro (MARIEB, 7ª ed.).

@jumorbeck
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↠ Os tecidos que compõem a parede de cada brônquio PARTE DE RESPIRAÇÃO


principal são os mesmos observados na traqueia, mas à
medida que os tubos de condução ficam menores Bronquíolos respiratórios
ocorrem as seguintes mudanças: (MARIEB, 7ª ed.)
➢ Os tecidos conjuntivos de sustentação mudam: Ductos alveolares
as cartilagens traqueais são substituídas por
peças cartilagíneas irregulares à medida que os
brônquios principais entram nos pulmões. No Sacos alveolares
nível dos bronquíolos, a cartilagem de
sustentação não está mais presente nas suas Alvéolos
paredes. Por outro lado, a elastina, que ocorre
nas paredes de toda a árvore bronquial, não
↠ Essa parte é o final da árvore respiratória nos pulmões
diminui.
e consiste em estruturas que contêm câmaras de troca
➢ O epitélio: torna-se delgado à medida que muda
de ar chamadas alvéolos (MARIEB, 7ª ed.).
de pseudoestratificado para simples prismático
(colunar) e depois para simples cúbico nos ↠ As primeiras estruturas da parte de respiração, que se
bronquíolos terminais e respiratórios. Nem os ramificam dos bronquíolos terminais (da parte de
cílios nem as células produtoras de muco estão condução) são os bronquíolos respiratórios. Eles podem
presentes nesses bronquíolos, onde terminam ser reconhecidos pelos alvéolos dispersos que se
as camadas de muco para a filtragem do ar. As projetam de suas paredes (MARIEB, 7ª ed.).
partículas de poeira que ultrapassem os
bronquíolos não ficam aprisionadas no muco, ↠ Os bronquíolos respiratórios levam aos ductos
mas são removidas por macrófagos nos alvéolos. alveolares, cujas paredes são formadas quase
➢ O músculo liso passa a ser importante: uma inteiramente por alvéolos. Os ductos alveolares conduzem
camada de músculo liso aparece pela primeira aos agrupamentos terminais de alvéolos chamados sacos
vez na parede posterior da traqueia, o músculo alveolares (MARIEB, 7ª ed.).
traqueal, e continua nos grandes brônquios. Essa ATENÇÃO: Repare que os alvéolos e os sacos alveolares não são a
camada forma faixas helicoidais que envolvem os mesma coisa: o saco alveolar é análogo a um cacho de uvas; cada uva
brônquios menores e os bronquíolos, e regulam é um alvéolo (MARIEB, 7ª ed.).
a quantidade de ar que entra nos alvéolos. A Cerca de 400 milhões de alvéolos cheios de ar se acumulam nos
musculatura relaxa para alargar os tubos de ar pulmões, contribuindo para a maior parte do volume pulmonar e
durante a estimulação simpática, aumentando o proporcionando uma enorme superfície para a troca gasosa. A área
total de todos os alvéolos em um par de pulmões médios é de 140
fluxo de ar quando as necessidades respiratórias metros quadrados, o que corresponde a 40 vezes mais do que a área
são grandes, e constringe esses tubos sob de superfície da pele (MARIEB, 7ª ed.).
controle parassimpático quando as necessidades
respiratórias são baixas. Fortes contrações dos
músculos lisos nos brônquios estreitam os tubos
de ar durante as crises de asma. A musculatura
lisa é delgada quando chega à extremidade da
árvore de bronquíolos e está ausente em volta
dos alvéolos.

@jumorbeck
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➢ O endotélio capilar, composto por epitélio escamoso simples.

Os alvéolos (cavidade oca) são pequenas câmaras preenchidas com


ar, onde ocorrem as trocas gasosas entre o ar e o sangue. À medida
que os bronquíolos respiratórios se dividem para formar bronquíolos
ainda menores, a quantidade de alvéolos ligados a eles aumenta. Os
bronquíolos respiratórios dão origem aos ductos alveolares, que são
como longos corredores ramificados, com muitas portas abertas. As
“portas” abrem-se nos alvéolos, que se tornam tão numerosos que a
parede do ducto alveolar é pouco mais do que uma continuação dos
alvéolos. Os ductos alveolares terminam como dois ou três sacos
alveolares, que são câmaras conectadas a dois ou mais alvéolos
(SEELY, 10ª ed.).

↠ Dois tipos celulares compõem a parede alveolar. Os


pneumócitos tipo I (camada de células epiteliais
↠ É importante destacar ainda as seguintes
pavimentosas) são células finas e escamosas que
características: (MARIEB, 7ª ed.)
constituem 90% da superfície alveolar. A maior parte das
trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue ocorre por ➢ Os alvéolos são circundados por finas fibras
meio dessas células. Os pneumócitos tipo I (células elásticas do mesmo tipo das que circundam as
epiteliais cúbicas) são células cuboides e arredondadas estruturas ao longo de toda a árvore respiratória.
secretoras de surfactante, o que facilita a expansão dos ➢ Os alvéolos adjacentes são interconectados por
alvéolos durante a inspiração (SEELY, 10ª ed.). poros alveolares, que permitem que a pressão
do ar seja equalizada no pulmão inteiro e
↠ As superfícies externas dos alvéolos são densamente
proporcionam rotas alternativas para o ar
cobertas com uma “teia de aranha” de capilares
alcançar os alvéolos cujos brônquios entraram
pulmonares, cada um deles circundado por uma luva
em colapso devido a uma doença.
delgada de tecido conjuntivo frouxo. Juntas, as paredes
➢ As superfícies alveolares internas proporcionam
dos alvéolos e dos capilares e suas lâminas basais fundidas
um local para o movimento livre dos macrófagos
formam a membrana respiratória, onde o oxigênio e o
alveolares, que vivem realmente no espaço de
dióxido de carbono são trocados entre os alvéolos e o
ar e removem as partículas inaladas mais finas
sangue. O ar está presente no lado alveolar da membrana
que não foram aprisionadas pelo muco. Os
e o sangue flui no lado capilar. Os gases passam facilmente
macrófagos cheios de partículas migram
através dessa fina membrana: o oxigênio se difunde dos alvéolos
superiormente, dos alvéolos “sem saída” para os
para o sangue, e o dióxido de carbono, do sangue para os alvéolos
cheios de ar (MARIEB, 7ª ed.).
brônquios, onde a ação ciliar os transporta para
a faringe para serem deglutidos. Esse
A membrana respiratória é constituída de várias camadas: (SEELY, 10ª ed.) mecanismo remove mais de 2 milhões de
➢ Uma camada delgada de fluido que reveste os alvéolos. macrófagos carregados de detritos por hora.
➢ O epitélio alveolar composto por epitélio escamoso simples.
➢ A membrana basal do epitélio alveolar.
➢ Um estreito espaço intersticial.
➢ A membrana basal do endotélio capilar.

@jumorbeck
5

↠ Várias fissuras profundas dividem os dois pulmões em


padrões de lobos diferentes. O pulmão esquerdo é
dividido em lobo superior e lobo inferior, pela fissura
oblíqua. O pulmão direito possui três lobos - superior,
Pulmões médio e inferior - separados pelas fissuras oblíqua e
horizontal. Como mencionado anteriormente, cada lobo
ANATOMIA pulmonar é atendido por um brônquio lobar (secundário)
↠ Os pulmões são os principais órgãos da respiração, e, e seus ramos (MARIEB, 7ª ed.).
em um volume basal, estão entre os maiores órgãos do
corpo humano. Cada pulmão possui formato cônico, com
a base repousando sobre o diafragma e o ápice se
estendendo até cerca de 2,5 cm acima da clavícula
(SEELY, 10ª ed.).

↠ Suas faces anterior, lateral e posterior entram em


contato com as costelas e formam uma face costal
continuamente curva (MARIEB, 7ª ed.).

↠ A face inferior côncava (base) que repousa sobre o


diafragma é a face diafragmática (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Na face mediastinal (medial) de cada pulmão há uma


depressão, o hilo, através da qual vasos sanguíneos,
brônquios, vasos linfáticos e nervos entram e saem do
pulmão. Coletivamente, essas estruturas prendem o
pulmão ao mediastino e constituem a raiz do pulmão. Os
maiores componentes dessa raiz são a artéria e as veias
pulmonares e o brônquio principal (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Como o coração é ligeiramente voltado para a


esquerda do plano mediano do tórax, os pulmões
esquerdo e direito têm forma e tamanho ligeiramente
diferentes. O pulmão esquerdo é um pouco menor do
que o direito e possui uma incisura cardíaca, um desvio
em sua margem anterior que acomoda o coração
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ Cada um dos lobos, por sua vez, contém uma série
↠ O pulmão direito é maior que o esquerdo e pesa em de segmentos broncopulmonares separados uns dos
média 620 g, enquanto o pulmão esquerdo pesa cerca outros por partições finas de tecido conjuntivo denso.
de 560 g (SEELY, 10ª ed.). Cada segmento recebe ar de um brônquio segmentar

@jumorbeck
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individual. Existem cerca de dez segmentos ↠ A pleura parietal cobre a superfície interna da parede
broncopulmonares dispostos em padrões similares, torácica, a superfície superior do diafragma e as
porém não idênticos, em cada um dos dois pulmões. superfícies laterais do mediastino. A partir do mediastino,
(MARIEB, 7ª ed.). ela se reflete lateralmente envolvendo os grandes vasos
que seguem para o pulmão (raiz pulmonar). Na área onde
Os segmentos broncopulmonares têm importância clínica pelo fato de
limitarem a disseminação de algumas doenças dentro do pulmão, já esses vasos entram no pulmão, a pleura parietal é
que as infecções não atravessam facilmente as partições de tecido contínua à pleura visceral, que cobre a superfície externa
conjuntivo entre esses segmentos (MARIEB, 7ª ed.). do pulmão (MARIEB, 7ª ed.).
A menor subdivisão do pulmão que pode ser vista a olho nu é o lóbulo. ↠ O espaço entre as pleuras parietal e visceral é a
Com a aparência de hexágonos na superfície pulmonar e um tamanho
que varia de uma borracha de apagar lápis até uma moeda, cada lóbulo
cavidade pleural, preenchida com uma película fina de
é ventilado por um bronquíolo e seus ramos. Nos fumantes e na fluido pleural. Produzido pelas pleuras, esse fluido
maioria dos moradores da cidade, o tecido conjuntivo que separa cada lubrificante permite que os pulmões deslizem sem atrito
lóbulo está enegrecido pelo carbono (MARIEB, 7ª ed.). sobre a parede torácica durante os movimentos
respiratórios (MARIEB, 7ª ed.).
SUPRIMENTO SANGUÍNEO E INERVAÇÃO DOS PULMÕES
↠ O fluido também mantém as pleuras parietal e visceral
↠ As artérias pulmonares levam sangue desoxigenado
unidas. As pleuras podem deslizar com facilidade de lado
para os pulmões visando a sua oxigenação. No pulmão,
a lado uma sobre a outra, mas sua separação sofre uma
essas artérias se ramificam junto com a árvore bronquial,
forte resistência. Consequentemente, os pulmões se
situando-se em geral posteriormente aos brônquios
agarram com firmeza à parede torácica e são obrigados
correspondentes (MARIEB, 7ª ed.).
a se expandir e recuar à medida que o volume da
↠ As menores artérias alimentam as redes capilares cavidade torácica aumenta e diminui durante a respiração
pulmonares em torno dos alvéolos. O sangue oxigenado (MARIEB, 7ª ed.).
é levado dos alvéolos pulmonares para o coração pelas
↠ As pleuras também dividem a cavidade torácica em
veias pulmonares, cujos tributários são geralmente
três compartimentos separados - o mediastino central e
anteriores aos brônquios correspondentes dentro dos
dois compartimentos pleurais laterais, cada um contendo
pulmões. Além disso, alguns tributários venosos passam
um pulmão. Essa compartimentalização ajuda a evitar que
pelas partições de tecido conjuntivo entre os lóbulos
os pulmões em movimento ou o coração interfiram um
pulmonares e entre os segmentos broncopulmonares
no outro, além de limitar a disseminação de infecções
(MARIEB, 7ª ed.).
localizadas e o grau de lesão traumática (MARIEB, 7ª ed.).
Para lembrá-lo da posição dos vasos pulmonares em volta do brônquio,
memorize a sequência V B A: Veia Brônquio Artéria (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Os pulmões são inervados por fibras simpáticas,


parassimpáticas e por fibras sensitivas viscerais que
entram em cada pulmão através do plexo pulmonar na
raiz do pulmão. A partir desse ponto, essas fibras
nervosas se situam ao longo dos brônquios e dos vasos
sanguíneos dentro dos pulmões. As fibras parassimpáticas
constringem os brônquios, ao passo que as fibras
simpáticas os dilatam (MARIEB, 7ª ed.).

Pleuras

↠ Em volta de cada pulmão há um saco achatado cujas


paredes são formadas por uma membrana serosa
chamada pleura (“ao lado”). A camada externa desse saco
é a pleura parietal, enquanto a camada interna,
diretamente sobre o pulmão, é a pleura visceral (MARIEB,
7ª ed.).

@jumorbeck
7

Embriologia do Sistema Respiratório

↠ Os órgãos respiratórios inferiores (laringe, traqueia,


brônquios e pulmões) começam a se formar durante a
quarta semana do desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.).

↠ O sistema respiratório começa como um crescimento


mediano, o sulco laringotraqueal, que aparece no assoalho
da extremidade caudal do intestino anterior primitivo
(faringe primitiva) (MOORE, 10ª ed.).
↠ O divertículo laringotraqueal logo se separa da faringe
O aparecimento e a localização do broto pulmonar dependem do primitiva; entretanto, ele se mantém em comunicação
aumento do ácido retinoico (AR) produzido pelo mesoderma
com esta através do canal laríngeo primitivo (MOORE, 10ª
adjacente, que eleva a expressão do fator de transcrição TBX4 no
endoderma do tubo intestinal no local do divertículo respiratório. TBX4 ed.).
induz a formação do broto, a continuidade de seu crescimento e a
diferenciação dos pulmões (LANGMAN, 13ª ed.). ↠ As pregas traqueoesofágicas longitudinais se
desenvolvem no divertículo, se aproximam uma da outra,
↠ O epitélio do revestimento interno da laringe, da e se fundem para formar uma divisão, o septo
traqueia e dos brônquios, bem como o do pulmão, é traqueoesofágico, até o final da quinta semana (MOORE,
integralmente de origem endodérmica. Os tecidos 10ª ed.).
cartilaginosos muscular e conjuntivo, que compõem a
traqueia e os pulmões, são derivados do mesoderma
esplâncnico que cerca o intestino anterior (LANGMAN,
13ª ed.).

↠ Até o final da quarta semana, o sulco laringotraqueal


se evaginou (projetou) para formar um divertículo ↠ Esse septo divide a porção cranial do intestino anterior
laringotraqueal (broto pulmonar) saculiforme, que está em uma parte ventral, o tubo laringotraqueal (o primórdio
localizado ventral à parte caudal do intestino anterior da laringe, da traqueia, dos brônquios e dos pulmões) e
(MOORE, 10ª ed.). uma parte dorsal (primórdio da orofaringe e do esôfago)
(MOORE, 10ª ed.).

↠ A abertura do tubo laringotraqueal na faringe torna-se


o canal laríngeo primitivo (MOORE, 10ª ed.).

↠ A separação do intestino anterior tubular único em


↠ Conforme o divertículo se alonga, este é envolvido traqueia e esôfago resulta de um processo complexo e
pelo mesênquima esplâncnico. Sua extremidade distal se coordenado de múltiplas vias de sinalização e dos fatores
dilata para formar um broto respiratório globular, que de transcrição (MOORE, 10ª ed.).
representa o broto único do qual a árvore respiratória se
origina (MOORE, 10ª ed.). DESENVOLVIMENTO DA LARINGE
↠ O epitélio de revestimento da laringe se desenvolve a
partir do endoderma da extremidade cranial do tubo
laringotraqueal. As cartilagens da laringe se desenvolvem

@jumorbeck
8

do quarto e sexto pares de arcos faríngeos (MOORE, 10ª


ed.).

↠ A epiglote se desenvolve da parte caudal da eminência


hipofaríngea, uma proeminência produzida pela
↠ As cartilagens da laringe se desenvolvem do proliferação do mesênquima na extremidade ventral do
mesênquima que é derivado das células da crista neural. terceiro e quarto arcos faríngeos. A parte rostral dessa
O mesênquima da extremidade cranial do tubo eminência forma o terço posterior ou parte faríngea da
laringotraqueal rapidamente se prolifera, produzindo um língua (MOORE, 10ª ed.).
par de brotos aritenoides. Os brotos crescem em direção
↠ Devido aos músculos da laringe se desenvolverem dos
à língua, convertendo a abertura em forma de fenda, a
mioblastos do quarto e sexto pares de arcos faríngeos,
glote primitiva, em um canal laríngeo em formato de T,
esses são inervados pelos ramos laríngeos do nervo vago
reduzindo a luz da laringe em desenvolvimento a uma
(nervo craniano X) que suprem esses arcos (MOORE, 10ª
estreita fenda (MOORE, 10ª ed.).
ed.). O nervo laríngeo superior inerva os derivados do
quarto arco faríngeo, e o nervo laríngeo recorrente, os
derivados do sexto arco faríngeo (LANGMAN, 13ª ed.).
A laringe é encontrada em uma posição alta no pescoço de neonatos;
esse posicionamento permite a epiglote entrar em contato com o
palato mole. Isso proporciona uma separação quase completa dos
tratos respiratório e digestório, facilitando a amamentação, entretanto,
significa também que neonatos respirem pelo nariz quase
obrigatoriamente. A descida estrutural da laringe ocorre em torno dos
primeiros 2 anos de vida (MOORE, 10ª ed.).

DESENVOLVIMENTO DA TRAQUEIA
↠ Durante a separação do intestino anterior, o divertículo
laringotraqueal forma a traqueia e duas evaginações
laterais, os brotos brônquicos primários (MOORE, 10ª ed.).

↠ O revestimento endodérmico do tubo laringotraqueal


distal à laringe se diferencia no epitélio e glândulas da
traqueia e no epitélio pulmonar. A cartilagem, o tecido
conjuntivo e os músculos da traqueia são derivados do
mesênquima esplâncnico que envolve o tubo
↠ O epitélio da laringe se prolifera rapidamente,
laringotraqueal (MOORE, 10ª ed.).
resultando em uma oclusão temporária da luz da laringe.
A recanalização normalmente ocorre por volta da 10ª
semana; os ventrículos da laringe são formados durante
o processo de recanalização. Esses recessos são
delimitados por pregas da membrana mucosa que se
tornam as pregas vocais (cordas) e pregas vestibulares
(MOORE, 10ª ed.).

@jumorbeck
9

O brônquio principal direito embrionário é ligeiramente maior do que


o esquerdo e está orientado mais verticalmente. Essa relação persiste
no adulto; consequentemente, um corpo estranho entra com mais
facilidade no brônquio principal direito do que no esquerdo (MOORE,
10ª ed.)

↠ O brônquio principal subdivide-se em brônquio


secundário que forma os ramos lobares, este se divide
em segmentares, que originam os intrassegmentares
(MOORE, 10ª ed.).
No lado direito, o brônquio lobar superior suprirá o lobo superior do
pulmão, entretanto, o brônquio lobar inferior se subdivide em dois
brônquios, o brônquio lobar médio e o brônquio lobar inferior. No lado
esquerdo, dois brônquios secundários suprem o lobo superior e o lobo
inferior dos pulmões. Cada brônquio lobar sofrerá progressivas
ramificações (MOORE, 10ª ed.)

↠ Os brônquios segmentares, 10 no pulmão direito e 8


ou 9 no pulmão esquerdo, começam a se formar na
sétima semana. Enquanto isso ocorre, o mesênquima ao
redor também se divide. Os brônquios segmentares, com
DESENVOLVIMENTO DOS BRÔNQUIOS E DOS PULMÕES
a massa de mesênquima circundante, formam o primórdio
↠ O broto respiratório (broto pulmonar) se desenvolve dos segmentos broncopulmonares. Por volta da 24ª
na extremidade caudal do divertículo laringotraqueal semana, aproximadamente 17 ordens de segmentos
durante a quarta semana (MOORE, 10ª ed.). estão formados e os bronquíolos respiratórios se
desenvolveram (MOORE, 10ª ed.).
↠ O broto logo se divide em duas evaginações, os brotos
brônquicos primários. Esses brotos crescem lateralmente Os sinais para a ramificação, que são emitidos do mesoderma,
envolvem os membros da família do fator de crescimento de
para dentro dos canais pericardioperitoneais, o primórdio
fibroblasto. Enquanto todas essas novas subdivisões estão ocorrendo
das cavidades pleurais. Brotos brônquicos secundários e e a árvore brônquica está se desenvolvendo, os pulmões adotam uma
terciários logo se desenvolvem (MOORE, 10ª ed.). posição mais caudal, de modo que, no nascimento, a bifurcação da
traqueia é oposta à quarta vértebra torácica (LANGMAN, 13ª ed.).

↠ Junto com o mesênquima esplâncnico ao redor, os


brotos brônquicos se diferenciam em brônquio e suas ↠ Conforme os brônquios se desenvolvem, as placas de
ramificações nos pulmões. No início da quinta semana, a cartilagem se desenvolvem do mesênquima esplâncnico
conexão de cada broto brônquico com a traqueia ao redor. O músculo liso e o tecido conjuntivo dos
aumenta para formar o primórdio do brônquio principal brônquios, o tecido conjuntivo pulmonar e os capilares
também são derivados desse mesênquima. Quando os
pulmões se desenvolvem, estes adquirem uma camada

@jumorbeck
10

de pleura visceral derivada do mesênquima esplâncnico. ↠ Durante o estágio canalicular, a luz dos brônquios e
Com a expansão, os pulmões e a cavidade pleural dos bronquíolos terminais tornam-se maiores e o tecido
crescem caudalmente para o mesênquima da parede pulmonar torna-se altamente vascularizado. Por volta da
corporal e logo se aproximam do coração (MOORE, 10ª 24ª semana, cada bronquíolo terminal forma dois ou mais
ed.). bronquíolos respiratórios, que irão se dividir em três a seis
passagens: os ductos alveolares primitivos (MOORE, 10ª
↠ A parede torácica corporal torna-se revestida por uma
ed.).
camada de pleura parietal derivada do mesoderma
somático. O espaço entre a pleura parietal e a visceral é ↠ A respiração é possível ao final do período canalicular
a cavidade pleural (MOORE, 10ª ed.). (26 semanas), pois alguns sacos terminais de parede
delgada (alvéolos primitivos) se desenvolvem no final dos
Maturação dos Pulmões bronquíolos respiratórios e o tecido pulmonar está bem
↠ A maturação dos pulmões é dividida em quatro vascularizado (MOORE, 10ª ed.).
estágios histologicamente distintos: o pseudoglandular, o ↠ Embora fetos nascidos ao final desse período possam
canalicular, saco terminal e o estágio alveolar (MOORE, 10ª sobreviver se tiverem cuidados intensivos, neonatos
ed.). prematuros muitas vezes não sobrevivem, pois o sistema
respiratório e os outros sistemas ainda estão
ESTÁGIO PSEUDOGLANDULAR (5ª À 17ª SEMANA)
relativamente imaturos (MOORE, 10ª ed.).
↠ Do ponto de vista histológico, o pulmão durante o
estágio pseudoglandular possui aparência de glândulas
exócrinas. Com 16 semanas, todos os principais
componentes dos pulmões estão formados, exceto
aqueles envolvidos com as trocas gasosas (MOORE, 10ª
ed.).

↠ A respiração não é possível; portanto, fetos nascidos


durante esse período são incapazes de sobreviver
(MOORE, 10ª ed.).

ESTÁGIO DE SACO TERMINAL (24ª SEMANA AO FINAL DO


PERÍODO FETAL)
↠ Durante o estágio de saco terminal, muitos mais sacos
terminais (alvéolos primitivos) se desenvolvem e seus
epitélios tornam-se muito finos. Os capilares tornam-se
protuberantes nesses sacos (MOORE, 10ª ed.).

↠ O íntimo contato entre o epitélio e as células


endoteliais estabelece a barreira hematoaérea, que
ESTÁGIO CANALICULAR (16ª À 26ª SEMANA) permite uma troca adequada de gases, necessária para a
sobrevivência do feto caso este nasça prematuramente
↠ O estágio canalicular sobrepõe-se ao estágio (MOORE, 10ª ed.).
pseudoglandular, pois o desenvolvimento do segmento
cranial dos pulmões amadurece mais rápido do que o ↠ Na 26ª semana, os sacos terminais são revestidos
segmento caudal (MOORE, 10ª ed.). principalmente por células epiteliais pavimentosas de

@jumorbeck
11

origem endodérmica, os pneumócitos tipo I, através dos termo alvéolos. Os sacos terminais análogos aos alvéolos
quais a troca gasosa ocorre. A rede de capilares se estão presentes na 32ª semana. O epitélio de
prolifera rapidamente no mesênquima ao redor dos revestimento desses sacos atenua-se para uma fina
alvéolos em desenvolvimento, contudo, não é camada epitelial pavimentosa. Os pneumócitos tipo I
concomitante ao desenvolvimento ativo dos capilares tornam-se tão delgados que os capilares adjacentes se
linfáticos. Dispersas entre as células epiteliais pavimentosas, projetam para os sacos alveolares (MOORE, 10ª ed.).
estão células epiteliais secretoras arredondadas, os
↠ Ao final do período fetal (38 semanas), os pulmões
pneumócitos tipo II, que secretam o surfactante pulmonar,
são capazes de realizar a respiração, pois a membrana
uma mistura complexa de fosfolipídios e proteínas
alveolocapilar (barreira de difusão pulmonar ou membrana
(MOORE, 10ª ed.).
respiratória) é delgada o suficiente para realizar as trocas
gasosas. Embora os pulmões não comecem a realizar
essa função vital até o nascimento, estes são bem
desenvolvidos e, portanto, capazes de funcionar
prontamente quando o bebê nasce (MOORE, 10ª ed.).

↠ No início do estágio alveolar (32 semanas), cada


bronquíolo respiratório termina em um aglomerado de
sacos alveolares de paredes delgadas, separados um dos
outros por tecido conjuntivo frouxo. Esses sacos
representam os futuros ductos alveolares. A transição da
dependência da placenta na troca gasosa para a troca
gasosa autônoma requer as seguintes mudanças
adaptativas dos pulmões: (MOORE, 10ª ed.)
➢ Produção de surfactante nos sacos alveolares.
➢ Transformação dos pulmões de órgãos
secretores para órgãos capazes de realizar as
A maturação dos pneumócitos tipo I e a produção do surfactante trocas gasosas.
variam amplamente entre os fetos de diferentes idades gestacionais. ➢ Estabelecimento das circulações sistêmicas e
A produção do surfactante aumenta durante os estágios terminais da pulmonar em paralelo.
gestação, particularmente durante as últimas 2 semanas (MOORE, 10ª
ed.).

A produção de surfactante começa entre a 20ª e a 22ª semana, mas


o surfactante está presente apenas em pequenas quantidades em
bebês prematuros, não estando presente em níveis adequados até o
final do período fetal. Por volta da 26ª à 28ª semana, o feto
frequentemente pesa cerca de 1.000 g e estão presentes sacos
alveolares e surfactante suficientes para permitir a sobrevivência de
bebês nascidos prematuramente. Antes disso, os pulmões são,
geralmente, incapazes de prover trocas gasosas adequadas, em parte,
porque a área de superfície alveolar é insuficiente e a vascularização
é pouco desenvolvida (MOORE, 10ª ed.).

Fetos nascidos entre a 24ª e a 26ª semana após a fecundação podem


sobreviver se tiverem cuidados intensivos; entretanto, eles podem
sofrer de desconforto respiratório pela deficiência de surfactante. A
sobrevivência desses bebês tem aumentado pelo uso de
corticosteroides (esteroides produzidos pelo córtex da adrenal) pré-
natal, que induzem a produção de surfactante e também com a
terapia pós-natal de reposição de surfactante (MOORE, 10ª ed.).

ESTÁGIO ALVEOLAR (FINAL DO PERÍODO FETAL AOS 8 ANOS)


↠ Exatamente quando o estágio de saco terminal acaba
e se inicia o estágio alveolar depende da definição do

@jumorbeck
12

ESTÁGIO PÓS-NATAL Ao nascimento, os pulmões estão aproximadamente com a metade


de seu volume preenchido com líquido derivado da cavidade amniótica,
↠ Aproximadamente 95% dos alvéolos maduros pulmões e das glândulas traqueais. A aeração dos pulmões ao
nascimento não é tanto devido à dilatação dos órgãos colapsados
desenvolvem-se no período pós-natal. Antes do
vazios, mas, sim, da rápida substituição do líquido intra-alveolar pelo ar.
nascimento, os alvéolos primordiais aparecem como O líquido dos pulmões é retirado ao nascimento por três rotas:
pequenas projeções nas paredes dos bronquíolos (MOORE, 10ª ed.)
respiratórios e dos sacos alveolares, dilatações terminais
➢ Através da boca e do nariz por pressão no tórax fetal
dos ductos alveolares. Após o nascimento, os alvéolos durante o parto vaginal.
primitivos se ampliam conforme a expansão dos pulmões, ➢ Pelos capilares, artérias e veias pulmonares.
mas o maior aumento no tamanho dos pulmões resulta ➢ Pelos vasos linfáticos.
do aumento no número de bronquíolos respiratórios e No feto próximo ao termo, os vasos linfáticos pulmonares são
alvéolos primitivos, mais do que um aumento no tamanho relativamente maiores e mais numerosos do que em adultos. O fluxo
dos alvéolos (MOORE, 10ª ed.). linfático é rápido durante as primeiras horas após o nascimento e em
seguida diminui. Três fatores são importantes para o desenvolvimento
↠ O desenvolvimento alveolar está, em grande parte, normal do pulmão: (MOORE, 10ª ed.)
completo aos 3 anos de idade, mas novos alvéolos são ➢ espaço torácico adequado para o crescimento pulmonar;
acrescentados até aproximadamente 8 anos de idade. Ao ➢ MRFs;
contrário dos alvéolos maduros, os alvéolos imaturos ➢ volume de líquido amniótico adequado.
possuem o potencial para formar alvéolos primitivos
MATURAÇÃO DOS PULMÕES (LANGMAN, 13ª ed.)
adicionais. Conforme esses alvéolos aumentam em
PERÍODO 5 A 16 semanas A ramificação
tamanho, eles se tornam alvéolos maduros (MOORE, 10ª PSEUDOGLANDULAR continua a formar
ed.). bronquíolos
terminais. Não há
↠ O principal mecanismo para o aumento do número de bronquíolos
respiratórios nem
alvéolos é a formação de septos secundários de tecido alvéolos.
conjuntivo que subdividem os alvéolos primitivos PERÍODO CANALICULAR 16 a 26 semanas Cada bronquíolo
existentes. Inicialmente, os septos são relativamente terminal se divide
em dois ou mais
espessos, mas estes logo são transformados em septos bronquíolos
delgados maduros que são capazes de realizar as trocas respiratórios, que,
gasosas (MOORE, 10ª ed.). por sua vez,
dividem-se em três
O desenvolvimento dos pulmões durante os primeiros meses após o a seis ductos
nascimento é caracterizado pelo aumento exponencial na superfície alveolares.
da barreira hematoaérea através da multiplicação dos alvéolos e PERÍODO DO SACO 26 semanas até o Os sacos terminais
capilares. Aproximadamente, 150 milhões de alvéolos primitivos, metade TERMINAL nascimento (alvéolos primitivos)
do número em adultos, estão presentes nos pulmões de um recém- se formam e
nascido a termo (MOORE, 10ª ed.). estabelecem
contato próximo
Estudos moleculares indicam que o desenvolvimento dos pulmões é com capilares
controlado por uma cascata de vias de sinalização que são reguladas sanguíneos.
por uma expressão temporal e sequencial de genes altamente PERÍODO ALVEOLAR 8 meses até a Os alvéolos
infância maduros
conservados (MOORE, 10ª ed.).
apresentam
Os movimentos respiratórios fetais (MRFs), que podem ser detectados contatos
pela ultrassonografia em tempo real, ocorrem antes do nascimento, epitelioendoteliais
(capilares) bem
exercendo força suficiente para causar a aspiração de algum líquido
desenvolvidos.
amniótico pelos pulmões. O padrão do MRF é amplamente utilizado
para o acompanhamento do trabalho de parto e na previsão da
sobrevida de fetos nascidos prematuros. No nascimento, o feto já Surfactante
possui a vantagem de vários meses de exercícios respiratórios. Os
MRFs, que aumentam à medida que o parto se aproxima,
provavelmente condicionam os músculos respiratórios. Além disso, DEFINIÇÃO
esses movimentos estimulam o pulmão a se desenvolver,
possivelmente pela criação de um gradiente de pressão entre os ↠ O surfactante pulmonar é uma substância complexa
pulmões e o líquido amniótico (MOORE, 10ª ed.). que permite a redução da tensão superficial na interface
ar-líquido evitando a tendência natural do alvéolo colapsar
no final da expiração. É produzida no alvéolo por tipo de

@jumorbeck
13

pneumócitos I e é depositado e armazenado em corpos ➢ SP-B: aumenta a ação superficial dos


lamelares. Por um mecanismo complexo, o surfactante é fosfolipídios, facilitando sua reciclagem por
liberado no alvéolo, formando uma camada conhecida pneumócitos do tipo II. Sua ausência é letal.
como mielina tubular, que forma uma monocamada de ➢ SP-C: estimula a inserção de fosfolipídios e
lipídios e proteínas entre o ar e a água (DIEGO, 2018) aumenta sua reciclagem. Sua ausência está
associada a doenças intersticiais na infância.
↠ O surfactante pulmonar é uma substância fundamental
na mecânica pulmonar. Ele está presente em todas as ↠ A proteína majoritária é SP-A (5-6%), que junto com
espécies que respiram através de pulmões, pois, na sua SP-D está essencialmente envolvido nas funções
ausência, o líquido presente entre o alvéolo e o ar imunológicas e de defesa do surfactante (PICARDI, 2014).
apresenta uma tensão superficial alta, que exerce uma
A ausência de qualquer uma das proteínas do surfactante produz
força de colabamento sobre estas estruturas pulmonares. distúrbios respiratórios de maior ou menor gravidade, mas apenas a
O surfactante se interpõe às moléculas de água na falta de SP-B é letal logo após o nascimento (PICARDI, 2014).
superfície alveolar, reduz a tensão superficial de maneira
dinâmica, de forma que essa tensão aproxima-se de zero METABOLISMO DO SURFACTANTE
no final da expiração quando a superfície do alvéolo está ↠ O surfactante é produzido no pneumócito II. Os
reduzida, evitando assim a atelectasia (FREDDI et. al., 2003). fosfolípides e as proteínas SP-B e SP-C são sintetizados
no retículo endoplasmático rugoso, onde são
COMPOSIÇÃO
armazenados; inicialmente, no complexo de Golgi, e,
↠ A composição lipídica e proteica do surfactante é posteriormente, nos corpos lamelares. Periodicamente,
altamente conservada entre as espécies, em que estes últimos são expulsos do pneumócito I , quando o
aproximadamente 90% da massa total é composta de surfactante é liberado para a luz alveolar, organizando a
lipídios e cerca de 8-10% proteínas (PICARDI, 2014). mielina tubular (REBELLO et. al., 2002).

↠ Os principais componentes do surfactante pulmonar


são os fosfolipídios (80-90%), destacando-se entre eles o
dipalmitoil fosfatidilcolina -DPPC -, que responde por 70-
80% e é responsável por diminuir a tensão superficial por
si mesmo; o resto dos componentes são lípidos e
glicolípidos neutros (8-12%), proteínas e carboidratos (2%)
(DIEGO, 2018)

↠ Quatro proteínas associadas ao surfactante foram


descritas: SP-A, SP-B, SP-C e SP-D, elas podem ser
classificadas da seguinte forma: (DIEGO, 2018)
Hidrofílicas:
➢ SP-A: intervém na secreção e reciclagem do
surfactante, tem um papel defensivo contra
microorganismos inalados e estabiliza a mielina ↠ A cinética da síntese e secreção para o interior do
tubular, aumentando sua atividade. alvéolo é muito lenta, atingindo de 30 a 48 horas em
➢ SP-D: sua função não é bem compreendida, animais recém-nascidos (REBELLO et. al., 2002).
mas sua presença é conhecida por facilitar ↠ Após a secreção para o interior do alvéolo, o
distribuição rápida de surfactante na interface ar- surfactante passa por um complexo ciclo. Inicialmente, as
líquido. moléculas de gordura se organizam (particularmente com
Hidrofóbicas: proteínas que têm um papel importante na ajuda das proteínas), para formar a monocamada que
organização estrutural e a durabilidade da função do reveste a superfície alveolar, a mielina tubular. Com
surfactante. Elas são essenciais para a extensão de sucessivos movimentos de contração e estiramento, que
fosfolipídios em espaços aéreos. ocorrem a cada ciclo respiratório, parte da mielina tubular
se desorganiza e se desprende do filme principal, na
forma de pequenas vesículas, que são reabsorvidas para

@jumorbeck
14

o interior do pneumócito II. Dentro da célula, uma pequena TENSÃO SUPERFICIAL


parte é catabolizada, enquanto que a maior parte do Para entender o papel mais relevante do surfactante pulmonar
surfactante que é reabsorvido é misturada aos corpos (redução da tensão superficial) é essencial introduzir o conceito de
lamelares, nos quais é reorganizado, num processo de tensão superficial, a força na qual submetido às moléculas de água na
reciclagem (REBELLO et. al., 2002). superfície do filme líquido que cobre o epitélio pulmonar (PICARDI,
2014).
↠ Assim, nos prematuros, cerca de 50% do pool alveolar
A tensão superficial é a força que tende a minimizar a área ocupada
é composto de surfactante com boa capacidade de por uma superfície líquida, tornando as gotículas de líquido de forma
reduzir a tensão superficial, e 50% é composto por esférica. No interior do líquido, as moléculas de água exercem e
vesículas inativas a serem recicladas. Este processo de suportam interações de magnitude semelhante em todas as direções,
reciclagem minimiza a necessidade de síntese de enquanto na interface as moléculas de água interagem mais
fortemente entre eles do que com moléculas de ar (PICARDI, 2014).
surfactante, enquanto mantém um pool alveolar
adequado, ao mesmo tempo em que ativa os
componentes do surfactante, reabsorvidos para o
pneumócito II através da adição de novos elementos
(particularmente proteínas) e da reorganização estrutural
dos lípides e proteínas. Este último processo é de
particular importância no tratamento com surfactante
exógeno, que passa a ser adicionado de SP-A e SP-D
(ausentes nos preparados comerciais) através da
reciclagem (REBELLO et. al., 2002).
O tratamento com surfactante exógeno não interfere com as vias
metabólicas do surfactante endógeno, não havendo inibição por feed-
back da sua produção (REBELLO et. al., 2002).

As proteínas hidrossolúveis SP-A e SP-D são sintetizadas e liberadas


de maneira independente dos fosfolípides e das proteínas lipossolúveis
SP-B e SP-C (REBELLO et. al., 2002).
Para entender a importância da tensão superficial no contexto do
INATIVAÇÃO DO SURFACTANTE
pulmão, geralmente é importante recorrer à Lei de Laplace, segundo
O surfactante pode ter sua função de redução da tensão superficial a qual a pressão (P) dentro de uma bolha é proporcional à tensão
alveolar inibida pelas proteínas plasmáticas que invadem o espaço superficial (.) e inversamente proporcional ao raio (r) da mesma. Quanto
alveolar na lesão pulmonar aguda. Esta inativação é um fenômeno menor a bolha, maior a pressão em suas paredes (PICARDI, 2014).
reversível e ocorre, primariamente, devido a uma interferência na
A consequência é que, se duas bolhas de tamanhos diferentes forem
formação da monocamada de surfactante, causada pela presença de
conectadas, a bolha pequena desmoronaria esvaziando-se no grande,
proteínas, através de um mecanismo de competição pela interface ar
Se os alvéolos são considerados como pequenas bolhas rodeadas por
líquido.
uma fina película aquosa e a lei de Laplace se aplica, pode-se deduzir
que, na ausência de um material surfactante, os alvéolos estariam
FUNÇÕES sujeitos a grandes diferenças de pressão devido à tensão superficial e
entrariam em colapso (PICARDI, 2014).
↠ As funções mais importantes do surfactante são:
(DIEGO, 2018) Tendo em vista que o tamanho dos alvéolos não é homogêneo e que
seu volume varia continuamente. Devido ao ciclo respiratório, as
➢ Diminui a tensão superficial do alvéolo. diferenças de pressão entre o menor e o maior os causariam o
➢ Aumenta a complacência pulmonar. colapso dos pequenos durante a expiração (atelectasia pulmonar).
➢ Previne o colapso alveolar e a atelectasia. Normalmente, isso não ocorre em pulmões saudáveis e maduros
devido à presença de surfactante na interface ar-líquido que reduz a
➢ Mantêm um volume residual efetivo. tensão superficial para proporcionar à redução na área dos alvéolos
➢ Facilita a expansão na inspiração. durante a expiração (PICARDI, 2014).
➢ Favorece ventilação / perfusão (V / Q).
Durante a compressão dos alvéolos na expiração, a concentração de
➢ Mantêm a superfície alveolar livre de líquidos, surfactante na interface aumenta, reduzindo progressivamente a
pois reduz a filtração de água e proteínas. tensão superficial até atingir valores próximos a 0 mN / m. É baixo a
➢ Melhora a atividade antimicrobiana – contribui a tensão superficial permite um fácil inchaço dos alvéolos durante a
defesa do organismo frente a patógenos. inspiração, facilitando significativamente o trabalho respiratório (PICARDI,
2014).

@jumorbeck
15

A droga é administrada em uma dose, em geral, de 100 mg/kg de


peso, apesar de alguns estudos terem proposto doses diferentes
(FREDDI et. al., 2003).

SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO

A ausência ou quantidade inadequada de surfactante pode provocar a


Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), ou Doença da
Membrana Hialina, que é um distúrbio associado à imaturidade
pulmonar. Trata-se da doença respiratória mais comum no ciclo
neonatal, sendo uma das principais razões de morbidade e mortalidade
em recém-nascidos menores de 28 semanas de idade gestacional,
normalmente com peso inferior ou igual a 1500g, sendo mais comum
naqueles nascidos de parto cesáreo, raça branca e sexo masculino
(DUARTE et al., 2021)

DEFESA FRENTE AOS PATÓGENOS Na Síndrome do Desconforto Respiratório, a ausência do Surfactante


Pulmonar (SP) é causada por uma soma de razões. O aparecimento
O pulmão é um órgão muito vulnerável, expondo uma área de de substâncias no espaço aéreo, tais como citocinas, proteases e
superfície média de 80 m2 (no homem adulto) em contato com o radicais livres liberados pelas células inflamatórias, pode inativar a
ambiente externo, que é uma potencial via de entrada para patógenos, película tensoativa da superfície alveolar. As alterações no sistema de
alérgenos e poluentes transportados pelo ar que são inalados todos SP endógeno desencadeados pela síndrome da membrana hialina
os dias (PICARDI, 2014). incluem: alterações dos lipídios; concentrações alteradas das proteínas;
No trato respiratório existem mecanismos de defesa inatos que atuam aumento do conteúdo de pequenos agregados dentro do espaço
aéreo; PNM I danificados por mediadores inflamatórios,
localmente facilitando a eliminação de microrganismos e permitindo a
manutenção da esterilidade do superfície respiratória (PICARDI, 2014). comprometendo a síntese, a secreção e o turnover do SP (DUARTE
et al., 2021)
O surfactante pulmonar é a primeira barreira física para a entrada de
qualquer microorganismo. As proteínas surfactantes hidrofílicas SP-A e USO DE CORTICOIDE
SP-D se ligam a superfície de patógenos (incluindo vírus e bactérias) A Organização Mundial de Saúde, considera partos prematuros, todos
e opsoniza-os facilitando sua fagocitose por macrófagos e monócitos aqueles que ocorrem num período acima da vigésima semana e abaixo
(PICARDI, 2014). da trigésima sétima semana de gravidez, e representam as causas
É paradoxal que o surfactante possa atuar como um agente mais frequentes de morbimortalidades neonatais (PAULINO; VIEIRA,
quimiotático para macrófagos e outras células fagocíticas, ao mesmo 2020).
tempo que recebem um papel parcialmente imunossupressor que O tratamento com o glicocorticoide é recomendado pelo obstetra em
parece residir em seus componentes fosfolipídicos, essencialmente PC período antenatal e deve ser prescrito para pacientes que apresentam
e PG. Na verdade, o equilíbrio entre imunossupressores e surfactante risco de parto prematuro, que se encontram entre 24ª e 34ª semana
imunoativador parece estar intimamente ligado ao equilíbrio adequado de gestação, segundo a literatura (PAULINO; VIEIRA, 2020).
composicional entre seus elementos lipoproteicos (PICARDI, 2014).
Os glicocorticoides utilizados no amadurecimento pulmonar são
CLASSIFICAÇÃO Betametasona e Dexametasona (PAULINO; VIEIRA, 2020).

↠ Os surfactantes podem ser classificados em dois


tipos: (DIEGO, 2018)
Referências
➢ Sintéticos (produzidos em laboratório): eles
possuem uma mistura de fosfolipídios PAULINO, J.; VIEIRA, L. L. C. Uso indiscriminado de
tensoativos. O componente principal é DPPC. glicorticoides e sua consequência fetal durante a gestação.
Podem ser: livre de proteínas ou com peptídeos Trabalho de Conclusão de Curso, UNIVAG, 2020.
sintéticos ou proteínas recombinantes. DIEGO, A. P. El surfactante pulmonar en neonatos. Revisión
➢ Naturais: são obtidos dos pulmões de bovinos ou bibliográfica. Trabajo Fin de Grado, Facultad de
suínos. Enfermaria de Soria, 2018.
Na presença do diagnóstico de doença da membrana hialina ou SDR,
não há nenhuma dúvida sobre a indicação do uso da terapia com
REBELLO et.al. Terapia com surfactante pulmonar
surfactante. Nesse caso, a dificuldade é como identificar os pacientes exógeno – o que é estabelecido e o que necessitamos
que vão necessitar da terapia, de modo que se permita o seu uso determinar. Jornal de Pediatria, v. 78, n.2, p. 215-226, 2002.
com a maior brevidade possível (FREDDI et. al., 2003).
PICARDI, M. V. Relaciones estrutura-función em el
surfactante pulmonar: efecto de la temperatura y

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16

mecanismos de compensación fisiológica.. Tesis Doctoral,


Universidad Complutense de Madrid, 2014.
FREDDI et. al. Terapia com surfactante pulmonar exógeno
em pediatria. Jornal de Pediatria, v.79, n. 2, 2003
DUARTE et. al. O uso do surfactante pulmonar na
síndrome do desconforto respiratório agudo no recém-
nascido: uma revisão narrativa. Trabalho de Conclusão de
Curso, Universidade Uma de Contagem – MG, 2021.
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
LANGMAN. Embriologia Médica, 13ª ed. Guanabara
Koogan, SP

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Mecânica Respiratória 1

Inervação gânglios, então, completam a rede inervando as células


do músculo liso, os vasos sanguíneos e as células epiteliais
↠ A respiração é automática e está sob controle do brônquicas (inclusive as células caliciformes e as glândulas
sistema nervoso central (SNC) (BERNE & LEVY, 7ª ed.). submucosas). Nos pulmões, tanto as fibras pré-
↠ Os pulmões são inervados pelo sistema nervoso ganglionares quanto as pós-ganglionares contêm
autônomo do sistema nervoso periférico (SNP), que está motoneurônios excitatórios (colinérgicos) e inibitórios (não
sob controle do SNC. O sistema nervoso autônomo possui adrenérgicos) (BERNE & LEVY, 7ª ed.).
quatro componentes distintos: parassimpático, simpático, A estimulação parassimpática através do nervo vago é responsável
inibitório não adrenérgico e não colinérgico, e pelo tônus de contração leve do músculo liso no pulmão normal em
estimulatório não adrenérgico e não colinérgico (BERNE repouso. As fibras parassimpáticas inervam também as glândulas
brônquicas, e essas fibras, quando estimuladas, aumentam a síntese da
& LEVY, 7ª ed.). glicoproteína presente no muco, o que aumenta sua viscosidade
(BERNE & LEVY, 7ª ed.).

↠ Enquanto a resposta do sistema nervoso


parassimpático é muito específica e local, a resposta do
sistema nervoso simpático tende a ser mais geral (BERNE
& LEVY, 7ª ed.).

↠ As glândulas mucosas e os vasos sanguíneos são


altamente inervados pelo sistema nervoso simpático, mas
os músculos lisos das vias aéreas, não. Os
neurotransmissores dos nervos adrenérgicos incluem a
norepinefrina e a dopamina, embora a dopamina não
exerça nenhuma influência sobre o pulmão. A
estimulação dos nervos simpáticos das glândulas mucosas
aumenta a secreção de água, o que altera a resposta
balanceada da elevação do conteúdo de água e do grau
de viscosidade entre as vias simpáticas e parassimpáticas
(BERNE & LEVY, 7ª ed.).

Centro Respiratório

↠ O centro respiratório se compõe por diversos grupos


de neurônios localizados bilateralmente no bulbo e na
A estimulação do sistema parassimpático leva à constrição dos
músculos lisos das vias aéreas, dilatação dos vasos sanguíneos e ponte do tronco cerebral. Esse centro respiratório se
aumento da secreção das células glandulares, enquanto a estimulação divide em três agrupamentos principais de neurônios:
do sistema simpático provoca o relaxamento dos músculos lisos das (GUYTON, 13ª ed.)
vias aéreas, a constrição dos vasos sanguíneos e a inibição da
secreção glandular (BERNE & LEVY, 7ª ed.). ➢ o grupo respiratório dorsal, situado na porção
A unidade funcional do sistema nervoso autônomo é formada por
dorsal do bulbo, responsável principalmente pela
neurônios pré-ganglionares e pós ganglionares do SNC e por inspiração;
neurônios pós-ganglionares dos gânglios do órgão específico. Como ➢ o grupo respiratório ventral, localizado na parte
acontece na maioria dos sistemas orgânicos, o SNC e o SNP operam ventrolateral do bulbo, encarregado basicamente
de forma combinada para manter a homeostase. Os pulmões não
da expiração;
possuem inervação motora voluntária nem fibras de dor. As fibras de
dor são encontradas somente na pleura (BERNE & LEVY, 7ª ed.). ➢ o centro pneumotáxico, encontrado na porção
dorsal superior da ponte, incumbido,
↠ A inervação parassimpática dos pulmões é originária essencialmente, do controle da frequência e da
da medula, no tronco encefálico (nervo craniano X, o amplitude respiratória.
nervo vago). As fibras pré-ganglionares dos núcleos vagais
descem pelo nervo vago para os gânglios adjacentes e
chegam às vias aéreas e aos vasos sanguíneos
pulmonares. As fibras pós-ganglionares oriundas dos

@jumorbeck
2

O mecanismo exato dessas células marcapasso é desconhecido e é


tema de muitas pesquisas em andamento. No entanto, acredita-se que
as células marcapasso contribuam para o GRD ao controlar a taxa na
qual os neurônios do GRD disparam potenciais de ação (TORTORA,
14ª ed.).

↠ Outras áreas controlam músculos usados na expiração


ativa ou na inspiração maior do que o normal, como a
que ocorre durante o exercício vigoroso (SILVERTHON,
7ª ed.).

↠ Durante a expiração forçada, o GRD está inativo


juntamente com os neurônios do GRV que resultam em
inspiração forçada, mas os neurônios do GRV envolvidos
na expiração forçada enviam impulsos nervosos aos
Centro respiratório bulbar músculos acessórios da expiração (intercostais internos,
oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdome
↠ Os neurônios respiratórios estão concentrados e reto do abdome). A contração destes músculos resulta
bilateralmente em duas áreas do bulbo (SILVERTHON, 7ª na expiração forçada (TORTORA, 14ª ed.).
ed.).
As fibras nervosas originadas no GRV inervam músculos da laringe, da
↠ Uma área chamada de núcleo do trato solitário (NTS) faringe e da língua para manter as vias aéreas superiores abertas
durante a respiração. O relaxamento inapropriado desses músculos
contém o grupo respiratório dorsal (GRD) de neurônios durante o sono contribui para a apneia obstrutiva do sono, uma
que controlam principalmente os músculos da inspiração. disfunção do sono associada a ronco e à sonolência diurna excessiva
Os sinais provenientes do GRD vão via nervos frênicos (SILVERTHON, 7ª ed.).
para o diafragma e via nervos intercostais para os
músculos intercostais (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Esses impulsos são liberados em pulsos, que começam


fracos, aumentam em força por aproximadamente 2 s e
então cessam completamente. Quando os impulsos
nervosos alcançam o diafragma e os músculos
intercostais externos, eles se contraem e ocorre a
inspiração. Quando o GRD se torna inativo após 2 s, o
diafragma e os músculos intercostais externos relaxam
por aproximadamente 3 s, possibilitando a retração
passiva dos pulmões e da parede torácica. Em seguida, o
ciclo se repete (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Além disso, o NTS recebe informação sensorial dos


quimiorreceptores e dos mecanorreceptores periféricos
através dos nervos vago e glossofaríngeo (nervos
cranianos X e IX) (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Os neurônios respiratórios da ponte recebem


informação sensorial do GRD e, por sua vez, influenciam
o início e o término da inspiração (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ O grupo respiratório ventral (GRV) do bulbo tem


múltiplas regiões com diferentes funções. Uma área
conhecida como complexo pré-Bötzinger contém
neurônios que disparam espontaneamente e que podem
atuar como o marca-passo básico do ritmo respiratório
(SILVERTHON, 7ª ed.).

@jumorbeck
3

SINAL INSPIRATÓRIO EM “RAMPA” Grupo respiratório pontino


Durante a respiração espontânea em repouso, um marca-passo inicia
↠ O grupo respiratório pontino (GRP), antigamente
cada ciclo, e os neurônios inspiratórios aumentam gradualmente a
estimulação dos músculos inspiratórios. Este aumento é, por vezes, chamado de área pneumotáxica, é uma coleção de
chamado de rampa devido ao formato do gráfico da atividade neuronal neurônios na ponte (TORTORA, 14ª ed.).
inspiratória (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ O GRP transmite impulsos nervosos para o GRD no
➢ Alguns neurônios inspiratórios disparam para iniciar a rampa.
bulbo. O GRP participa tanto na inspiração quanto na
O disparo desses neurônios recruta outros neurônios
inspiratórios em uma nítida alça de retroalimentação expiração, modificando o ritmo básico da respiração
positiva (SILVERTHON, 7ª ed.). produzido pelo GRV, como ao exercitar-se, falar ou
➢ À medida que mais neurônios disparam, mais fibras dormir (TORTORA, 14ª ed.).
musculares esqueléticas são recrutadas (SILVERTHON, 7ª
ed.). O efeito primário desse centro é o de controlar o ponto de
➢ A caixa torácica expande-se suavemente quando o “desligamento” da rampa inspiratória, controlando, assim, a duração da
diafragma contrai (SILVERTHON, 7ª ed.). fase de expansão do ciclo pulmonar. Quando o sinal pneumotáxico é
➢ Ao final da inspiração, os neurônios inspiratórios param de intenso, a inspiração pode durar até 0,5 segundo, promovendo apenas
disparar abruptamente, e os músculos inspiratórios relaxam leve expansão dos pulmões; por sua vez, quando esse sinal é fraco, a
(SILVERTHON, 7ª ed.). inspiração pode prosseguir por 5 segundos ou mais, enchendo os
➢ Durante os próximos poucos segundos, ocorre a expiração pulmões com excesso de ar (GUYTON, 13ª ed.).
passiva devido à retração elástica dos músculos
Enviam sinais tônicos para as redes bulbares para ajudar a coordenar
inspiratórios e do tecido elástico dos pulmões. Contudo,
um ritmo respiratório uniforme (SILVERTHON, 7ª ed.).
alguma atividade dos neurônios motores pode ser
observada durante a expiração passiva, sugerindo que
Regulação do Centro Respiratório
talvez os músculos das vias aéreas superiores contraiam
para reduzir a velocidade do fluxo de ar no sistema
respiratório (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ A atividade do centro respiratório pode ser modificada
em resposta às informações provenientes de outras
regiões do encéfalo, receptores na parte periférica do
sistema nervoso e outros fatores, a fim de manter a
homeostasia da respiração (TORTORA, 14ª ed.).

Influências corticais na respiração

↠ Como o córtex cerebral tem conexões com o centro


respiratório, podemos alterar voluntariamente nosso
padrão respiratório. Podemos até mesmo parar de
respirar completamente por um curto período de tempo
(TORTORA, 14ª ed.).

↠ O controle voluntário é protetor, pois nos possibilita


evitar que água ou gases irritantes entrem nos pulmões.
RESPIRAÇÃO FORÇADA No entanto, a capacidade de não respirar é limitada pelo
Muitos neurônios expiratórios do grupo respiratório ventral acúmulo de CO2 e H+ no corpo. Quando a PCO2 e a
permanecem inativos durante a respiração em repouso (espontânea). concentração de H+ aumentam a um certo nível, os
Eles funcionam principalmente durante a respiração forçada, quando neurônios do GRD do centro respiratório bulbar são
os movimentos inspiratórios são ampliados, e durante a expiração ativa.
fortemente estimulados, impulsos nervosos são enviados
Na respiração forçada, a atividade aumentada dos neurônios
inspiratórios estimula os músculos acessórios, como os pelos nervos frênico e intercostal à musculatura
esternocleidomastóideos. A contração desses músculos acessórios inspiratória, e a respiração é retomada, quer a pessoa
aumenta a expansão do tórax, elevando o esterno e as costelas queira ou não (TORTORA, 14ª ed.).
superiores (SILVERTHON, 7ª ed.).
Se a respiração for suspensa por tempo suficiente para causar
Na expiração ativa, os neurônios expiratórios do grupo respiratório desmaio, a respiração é retomada quando a consciência é perdida.
ventral ativam os músculos intercostais internos e os abdominais. Impulsos nervosos do hipotálamo e do sistema límbico também
Parece haver alguma comunicação entre os neurônios inspiratórios e estimulam o centro respiratório, possibilitando que estímulos
os expiratórios, uma vez que os neurônios inspiratórios são inibidos emocionais alterem a respiração, como por exemplo ao rir e chorar
durante a expiração ativa (SILVERTHON, 7ª ed.). (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
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Regulação da respiração por quimiorreceptores Os quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e ao dióxido de carbono


estão estrategicamente associados à circulação arterial. Se muito
↠ Determinados estímulos químicos modulam quão pouco oxigênio estiver presente no sangue arterial destinado ao
encéfalo e a outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração
rapidamente e quão profundamente respiramos. O aumentam. Se a produção de CO2 pelas células exceder a sua taxa
sistema respiratório atua para manter níveis adequados de remoção de CO2 pelos pulmões, a PCO2 arterial aumenta, e a
de CO2 e O2 e é muito sensível a mudanças nos níveis ventilação é intensificada com o objetivo de eliminar o CO 2. Esses
desses gases nos líquidos corporais (TORTORA, 14ª ed.). reflexos homeostáticos operam constantemente, mantendo a PO2 e a
Pco2 arterial dentro de uma faixa estreita de normalidade
Quimiorreceptores: são neurônios sensitivos que são sensíveis a (SILVERTHON, 7ª ed.).
produtos químico (TORTORA, 14ª ed.).
Quimiorreceptores centrais
↠ Os quimiorreceptores em dois locais do sistema
respiratório monitoram os níveis de CO2, H+ e O2 e ↠ Os quimiorreceptores centrais estão localizados no
fornecem informações ao centro respiratório (TORTORA, bulbo ou próximo a ele na parte central do sistema
14ª ed.). nervoso (TORTORA, 14ª ed.).

O dióxido de carbono é o estímulo primário para as mudanças na ↠ Eles respondem a mudanças na concentração de H+
ventilação. O oxigênio e o pH do plasma desempenham um papel ou PCO2, ou ambos, no líquido cerebrospinal (TORTORA,
menos importante (SILVERTHON, 7ª ed.). 14ª ed.).

↠ Esses receptores ajustam o ritmo respiratório,


fornecendo um sinal de entrada contínuo para a rede de
controle. Quando a PCO2 arterial aumenta, o CO2 atravessa
a barreira hematencefálica e ativa os quimiorreceptores
centrais (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Esses receptores sinalizam para a rede neural de


controle da respiração, provocando um aumento na
frequência e na profundidade da ventilação, melhorando,
assim, a ventilação alveolar e a remoção de CO2 do
sangue (SILVERTHON, 7ª ed.).
Apesar de dizermos que os quimiorreceptores centrais monitoram o
CO2, eles respondem diretamente às mudanças de pH no líquido
cerebrospinal (LCS). O dióxido de carbono que se difunde através da
barreira hematencefálica é convertido em ácido carbônico, que se
dissocia em bicarbonato e em H+. Estudos indicam que o H+ produzido
por essa reação inicia o reflexo quimiorreceptor (SILVERTHON, 7ª ed.).

Observe, no entanto, que as mudanças plasmáticas do pH não


costumam influenciar os quimiorreceptores centrais diretamente.
Embora a PCO2 plasmática influencie diretamente o LCS, o H+
plasmático atravessa a barreira hematencefálica muito lentamente e,
portanto, tem pouco efeito direto sobre os quimiorreceptores centrais
(SILVERTHON, 7ª ed.).

Quando a PCO2 plasmática aumenta, os quimiorreceptores inicialmente


respondem fortemente, aumentando a ventilação. No entanto, se a
PCO2 permanece elevada durante vários dias, a ventilação cai devido à
resposta adaptativa dos quimiorreceptores (SILVERTHON, 7ª ed.).

QUIMIORRECEPTORES PERIFÉRICOS
↠ Os quimiorreceptores periféricos estão localizados nos
glomos para-aórticos (que são aglomerados de
quimiorreceptores localizados na parede do arco da aorta)
e nos glomos caróticos, que são nódulos ovais na parede
das artérias carótidas comuns direita e esquerda no ponto

@jumorbeck
5

em que elas se dividem em artérias carótidas interna e A carência significativa de O 2 deprime a atividade dos
externa. (Os quimiorreceptores dos glomos para-aórticos quimiorreceptores centrais e do GRD, que então não responde
algumas aferências e envia menos impulsos para os músculos
estão localizados próximo dos barorreceptores aórticos, inspiratórios. Conforme a frequência respiratória diminui ou a
e os glomos caróticos estão localizados próximo dos respiração cessa por completo, a PO2 cai cada vez mais, estabelecendo
barorreceptores do seio carótico) (TORTORA, 14ª ed.). um ciclo de feedback positivo com um desfecho possivelmente fatal
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Estes quimiorreceptores fazem parte do sistema
Como o CO2 é lipossolúvel, ele se difunde facilmente para as células
nervoso periférico e são sensíveis a alterações na PO2,
onde, na presença de anidrase carbônica, se combina à água (H2O)
H+ e PCO2 no sangue. Os axônios dos neurônios sensitivos para formar o ácido carbônico (H 2CO3). O ácido carbônico se quebra
dos glomos para-aórticos fazem parte do nervo vago (NC rapidamente em H+ e HCO3–. Assim, um aumento no CO2 no sangue
X), e aqueles dos glomos caróticos são parte dos nervos provoca aumento do H+ intracelular e uma diminuição do CO2 provoca
glossofaríngeo (NC IX) direito e esquerdo (TORTORA, 14ª diminuição do H+ (TORTORA, 14ª ed.).

ed.). Normalmente, a PCO2 no sangue arterial é de 40 mmHg. Se ocorrer


aumento, mesmo que discreto, da PCO 2 – uma condição chamada
↠ Quando as células especializadas tipo 1 ou células hipercapnia ou hipercarbia – os quimiorreceptores centrais são
glomais nos corpos carotídeos são ativadas por uma estimulados e respondem vigorosamente ao aumento resultante no
diminuição na PO2 ou no pH ou por um aumento da PCO2, nível de H+. Os quimiorreceptores periféricos também são estimulados
tanto pela PCO2 elevada quanto pelo aumento em H + (TORTORA, 14ª
elas desencadeiam um aumento reflexo da ventilação
ed.).
(SILVERTHON, 7ª ed.).
A respiração rápida e profunda, a chamada hiperventilação, possibilita
↠ Na maioria das circunstâncias normais, o oxigênio não a inspiração de mais O2 e a expiração de mais CO2 até que a PCO2 e
é um fator importante na modulação da ventilação. Para o H+ sejam reduzidos ao normal (TORTORA, 14ª ed.).
que seja visualizada alguma modificação no padrão Se a PCO2 arterial for inferior a 40 mmHg – uma condição chamada
ventilatório normal, a PO2 arterial deve cair para menos de de hipocapnia ou hipocarbia – os quimiorreceptores centrais e
60 mmHg antes de a ventilação ser estimulada. No periféricos não são estimulados, e os impulsos estimulantes não são
entanto, qualquer condição que reduza o pH plasmático enviados para o GRD. Como resultado, os neurônios do GRD definem
seu próprio ritmo moderado até que o CO2 se acumule e a PCO2 suba
ou aumente a PCO2 ativará as células glomais das carótidas para 40 mmHg. Os neurônios do GRD são mais intensamente
e da aorta, aumentando a ventilação (SILVERTHON, 7ª estimulados quando a PCO2 está subindo acima do normal do que
ed.). quando a PO2 está caindo abaixo do normal. Como resultado, as
pessoas que hiperventilam voluntariamente e causam hipocapnia
podem prender a respiração por um período excepcionalmente longo
(TORTORA, 14ª ed.).

A hipoxia é uma deficiência de O2 nos tecidos (TORTORA, 14ª ed.).

Estimulação da respiração por proprioceptores

↠ Assim que você começa a se exercitar, a sua


frequência e profundidade respiratória aumentam,
mesmo antes que haja alterações nos níveis de PO2, PCO2
ou H+ (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O principal estímulo para essas mudanças rápidas no


esforço respiratório são as aferências dos
proprioceptores, que monitoram o movimento das
articulações e músculos. Os impulsos nervosos dos
proprioceptores estimulam o GRD do bulbo (TORTORA,
14ª ed.).

REFLEXO DE INSUFLAÇÃO
↠ Similares aos dos vasos sanguíneos, receptores
sensíveis ao estiramento chamados barorreceptores ou
receptores de estiramento estão localizados nas paredes

@jumorbeck
6

dos brônquios e bronquíolos. Quando estes receptores Mecânica Respiratória


são distendidos durante a hiperinsuflação dos pulmões,
impulsos nervosos são enviados pelo nervo vago (X) para ↠ O processo de troca gasosa no corpo, chamado de
o grupo respiratório dorsal (GRD) no centro respiratório respiração, tem três passos básicos: (TORTORA, 14ª ed.).
bulbar (TORTORA, 14ª ed.). ➢ A ventilação pulmonar, ou respiração, é a
↠ Em resposta, o GRD é inibido e os músculos diafragma inspiração (inalação) e expiração (exalação) do
e intercostais externos relaxam. Assim, a inspiração ar e envolve a troca de ar entre a atmosfera e
adicional é interrompida e a expiração começa. Conforme os alvéolos dos pulmões (TORTORA, 14ª ed.).
o ar sai dos pulmões durante a expiração, os pulmões se ➢ A respiração externa (pulmonar) é a troca de
esvaziam e os receptores de estiramento não são mais gases entre os alvéolos dos pulmões e o sangue
estimulados. Assim, o GRD não é mais inibido, e começa nos capilares pulmonares através da membrana
uma nova inspiração (TORTORA, 14ª ed.). respiratória. Neste processo, o sangue capilar
pulmonar ganha O2 e perde CO2 (TORTORA,
↠ Esse reflexo é chamado de reflexo de insuflação ou 14ª ed.).
reflexo de Hering-Breuer (TORTORA, 14ª ed.). ➢ A respiração interna (tecidual) é a troca de gases
Em recém-nascidos o reflexo parece funcionar em condições normais. entre o sangue nos capilares sistêmicos e as
Em adultos, no entanto, o reflexo não é ativado até que o volume células teciduais. Nesta etapa, o sangue perde O2
corrente (normalmente 500 ml) alcance mais do que 1.500 ml. Portanto, e ganha CO2. Dentro das células, as reações
o reflexo em adultos é um mecanismo de proteção que evita a metabólicas que consomem O2 e liberam CO2
insuflação excessiva dos pulmões, como por exemplo durante o
exercício intenso, em vez de um componente essencial no controle
durante a produção de ATP são denominadas
normal da respiração (TORTORA, 14ª ed.). respiração celular (TORTORA, 14ª ed.).

RESUMO DOS ESTÍMULOS QUE AFETAM A FREQUÊNCIA E Ventilação pulmonar


PROFUNDIDADE DA RESPIRAÇÃO (TORTORA, 14ª ed.)
ESTÍMULOS QUE AUMENTAM A ESTÍMULOS QUE DIMINUEM A Na ventilação pulmonar, o ar flui entre a atmosfera e os alvéolos dos
FREQUÊNCIA E A PROFUNDIDADE FREQUÊNCIA E A PROFUNDIDADE pulmões em decorrência das diferenças de pressão alternadas
DA RESPIRAÇÃO DA RESPIRAÇÃO produzidas pela contração e pelo relaxamento dos músculos
Hiperventilação voluntária Hipoventilação voluntária respiratórios. A taxa de fluxo de ar e o esforço necessário para a
controlada pelo córtex cerebral controlada pelo córtex cerebral respiração também são influenciados pela tensão superficial alveolar,
e antecipação de complacência dos pulmões e resistência das vias respiratórias
atividade pela estimulação do (TORTORA, 14ª ed.).
sistema límbico
Aumento da Diminuição da ↠ O ar se move para dentro dos pulmões quando a
PCO2 PCO2 pressão de ar intrapulmonar é menor do que na
arterial acima de 40 mmHg arterial abaixo de 40 mmHg
(provoca aumento em (provoca diminuição no
atmosfera. O ar se move para fora dos pulmões quando
H+) H+) a pressão de ar intrapulmonar é maior do que a pressão
detectado por detectada por do ar na atmosfera (TORTORA, 14ª ed.).
quimiorreceptores periféricos quimiorreceptores periféricos
e centrais e centrais INSPIRAÇÃO
Diminuição da Diminuição da
PO2 PO2 ↠ A respiração envolve a inspiração (inalação). Pouco
do sangue arterial de 105 para do sangue arterial abaixo de
50 mmHg 50 mmHg antes de cada inspiração, a pressão do ar dentro dos
Aumento da temperatura Diminuição da temperatura pulmões é igual à pressão do ar na atmosfera
corporal corporal (diminui a frequência (TORTORA, 14ª ed.).
respiratória),
estímulo frio repentino Pressão atmosférica (Patm), que é a pressão do ar atmosférico fora
(provoca apneia) do corpo, à qual é atribuído um valor igual a zero. Dessa maneira, ao
Dor prolongada Dor intensa (causa apneia) nível do mar com uma pressão de 760 mmHg ou no topo de uma
Estiramento do esfíncter anal Irritação da faringe ou laringe montanha, a 3.000 m acima do nível do mar, com uma pressão de
pelo toque ou produtos
523 mmHg, a Patm é sempre igual a zero (SEELY, 10ª ed.).
químicos (provoca breve
apneia seguida de tosse ou As pressões respiratórias são medidas em referência à pressão
espirro) atmosférica. Por exemplo, a pressão intra-alveolar (Palv) é a pressão
dentro dos alvéolos. Em razão de a pressão dentro dos alvéolos
diminuir até cerca de 759 mmHg durante a inalação, a Palv é

@jumorbeck
7

normalmente expressa como - 1 mmHg. Quando o ar é exalado, a Palv pressão alveolar (intrapulmonar), cai de 760 para 758
aumenta até cerca de 761 mmHg e, por isso, é expressa como + 1 mmHg. Uma diferença de pressão é então estabelecida
mmHg (SEELY, 10ª ed.).
entre a atmosfera e os alvéolos. Como o ar flui sempre
Assim, para simplificar, a Palv é sempre dada como sua diferença da da região de pressão mais alta para a região de pressão
Patm 1 mmHg acima da Patm ou 1 mmHg abaixo da Patm (SEELY, 10ª mais baixa, ocorre a inspiração (TORTORA, 14ª ed.).
ed.).

↠ Para o ar fluir para os pulmões, a pressão intra-alveolar


tem de se tornar mais baixa do que a pressão
atmosférica. Esta condição é alcançada aumentando o
tamanho dos pulmões (TORTORA, 14ª ed.).
Lei de Boyler: a pressão de um gás é inversamente proporcional ao
seu volume em uma dada temperatura (SEELY, 10ª ed.).

↠ Durante a inspiração tranquila, os músculos diafragma


e intercostais agem para aumentar o volume do tórax:
(MARIEB, 7ª ed.)

➢ Ação do diafragma. Quando o diafragma em


forma de cúpula contrai, ele se move
inferiormente e achata. Consequentemente, a
dimensão superoinferior da cavidade torácica
aumenta. A contração do diafragma é estimulada
pelo nervo frênico.
➢ Ação dos músculos intercostais. Os músculos
intercostais externos contraem para elevar as
costelas, o que aumenta as dimensões laterais
da cavidade torácica e as dimensões
anteroposteriores. Os músculos intercostais são ↠ O ar continua fluindo para os pulmões enquanto existir
inervados pelos nervos intercostais. Os músculos diferença de pressão. Durante inspirações profundas e
intercostais externos e internos agem juntos forçadas, os músculos acessórios da inspiração também
durante a inspiração tranquila para enrijecer a atuam no aumento do tamanho da cavidade torácica.
parede torácica. Sem isso, a contração do
diafragma resultaria em uma mudança na forma
do tórax, mas não no volume.

↠ Durante inspirações tranquilas, a pressão entre as duas


camadas pleurais na cavidade pleural, a chamada pressão
intrapleural (intratorácica), é sempre subatmosférica
(inferior à pressão atmosférica) (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Durante a expansão do tórax, as pleuras parietal e
visceral normalmente estão firmemente aderidas uma à
outra, em decorrência da pressão subatmosférica entre
elas e da tensão superficial criada pelas suas superfícies
úmidas adjacentes. Conforme a cavidade torácica se
expande, a pleura parietal que reveste a cavidade é
“puxada” para fora em todas as direções, e a pleura
visceral e os pulmões são puxados com ela (TORTORA,
14ª ed.).

↠ Conforme o volume dos pulmões aumenta desta


maneira, a pressão no interior dos pulmões, a chamada

@jumorbeck
8

Os músculos acessórios da inspiração incluem os músculos os músculos intercostais externos relaxam, as costelas
esternocleidomastóideos, que elevam o esterno; os músculos são deprimidas (TORTORA, 14ª ed.).
escalenos, que elevam as duas primeiras costelas; e o músculo peitoral
menor, que eleva as costelas I I a V. Como tanto a inspiração tranquila ↠ Estes movimentos reduzem os diâmetros vertical,
normal quanto a inspiração durante o exercício ou ventilação forçada
envolvem a contração muscular, o processo de inspiração é dito ativo
lateral e anteroposterior da cavidade torácica, o que
(TORTORA, 14ª ed.). diminui o volume do pulmão. Por sua vez, a pressão
alveolar aumenta para aproximadamente 762 mmHg. O
ar então flui da área de pressão mais elevada nos alvéolos
para a área de pressão mais baixa na atmosfera
(TORTORA, 14ª ed.).

EXPIRAÇÃO
↠ O ato de soprar o ar, na chamada expiração
(exalação), é também decorrente de um gradiente de
pressão, mas neste caso o gradiente é no sentido oposto:
a pressão nos pulmões é maior do que a pressão
atmosférica (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A expiração normal durante a respiração tranquila, ao


contrário da inspiração, é um processo passivo, pois não
há contrações musculares envolvidas (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A expiração resulta da retração elástica da parede


torácica e dos pulmões, sendo que ambos têm uma
tendência natural de retornar à posição inicial depois de
terem sido distendidos. Duas forças dirigidas para dentro
contribuem para a retração elástica: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ a retração das fibras elásticas que foram
distendidas durante a inspiração;
➢ a força para dentro da tensão superficial
decorrente da película de líquido alveolar.

↠ A expiração começa quando a musculatura inspiratória


relaxa. À medida que o diafragma relaxa, sua cúpula se
move superiormente, graças a sua elasticidade. Conforme

@jumorbeck
9

↠ Todos os músculos que elevam a caixa torácica são


classificados como músculos da inspiração, e os que
deprimem a caixa torácica são classificados como
músculos da expiração (GUYTON, 13ª ed.).

MÚSCULOS QUE ELEVAM A CAIXA MÚSCULOS QUE PUXAM A CAIXA


TORÁCICA TORÁCICA PARA BAIXO
Intercostais externos – mais Reto abdominal – puxa para
impoirtantes baixo as costelas inferiores
Músculos Intercostais internos
esternocleidomastóideos –
elevam o esterno
Serráteis anteriores – que
elevam muitas costelas
Escalenos – que elevam as (GUYTON, 13ª ed.)
duas primeiras costelas

Por outro lado, a expiração forçada é um processo ativo produzido


PRESSÕES QUE CAUSAM O MOVIMENTO DO AR PARA DENTRO
pela contração dos músculos na parede do abdome, principalmente
os oblíquos interno e externo e o transvero do abdome. Essas E PARA FORA DOS PULMÕES
contrações: (MARIEB, 7ª ed.)
↠ Os pulmões são presos à parede torácica, como se
➢ aumentam a pressão intra-abdominal, forçando o diafragma estivessem colados; no entanto, eles estão bem
para cima;
➢ comprimem acentuadamente a caixa torácica, diminuindo
lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax
o volume torácico. Os músculos intercostais internos e o se expande e contrai (GUYTON, 13ª ed.).
latíssimo do dorso também ajudam a comprimir a caixa
Pressão Pleural e suas Variações durante a Respiração.
torácica.
Pressão pleural é a pressão do líquido no estreito espaço entre a
Para que ocorra a ventilação, a cavidade pleural precisa estar intacta.
pleura visceral e a pleura parietal. Essa pressão é normalmente uma
Se sua integridade for abalada em consequência de um trauma ou de
sucção ligeira, o que significa discreta pressão negativa (GUYTON, 13ª
um processo pato lógico e o diferencial de pressão entre o pulmão e
ed.).
a cavidade pleural for perdido, o pulmão vai entrar em colapso e a
ventilação normal não poderá ocorrer (MARIEB, 7ª ed.). A pressão pleural normal no início da inspiração é cerca de -5
centímetros de água, que é a quantidade de sucção necessária para
Fatores que influenciam a ventilação pulmonar manter os pulmões abertos no seu nível de repouso. Durante a
inspiração normal, a expansão da caixa torácica traciona os pulmões
MÚSCULOS QUE PRODUZEM A EXPANSÃO E A CONTRAÇÃO para diante com força maior e cria mais pressão negativa, que chega
PULMONARES a cerca de - 7,5 centímetros de água (GUYTON, 13ª ed.).

Pressão Alveolar: Pressão do Ar no Interior dos Alvéolos Pulmonares.


↠ Os pulmões podem ser expandidos e contraídos por
duas maneiras: (GUYTON, 13ª ed.) Quando a glote está aberta e não existe fluxo de ar para dentro ou
para fora dos pulmões, as pressões em todas as partes da árvore
➢ por movimentos de subida e descida do respiratória, até os alvéolos, são iguais à pressão atmosférica, que é
diafragma para aumentar ou diminuir a cavidade considerada a pressão de referência zero nas vias aéreas — isto é, 0
torácica; cm de pressão de água (GUYTON, 13ª ed.).
➢ por elevação e depressão das costelas para Para causar o influxo de ar para os alvéolos, durante a inspiração a
elevar e reduzir o diâmetro anteroposterior da pressão nos alvéolos deve cair para valor ligeiramente abaixo da
cavidade torácica. pressão atmosférica (abaixo de 0) (GUYTON, 13ª ed.).

Pressão Transpulmonar: Diferença entre as Pressões Alveolar e


↠ A respiração tranquila e normal é realizada quase
Pleural.
inteiramente pelo primeiro método, isto é, pelos
movimentos do diafragma. Durante a inspiração, a A pressão transpulmonar é a diferença de pressão entre os alvéolos
e as superfícies externas dos pulmões (pressão pleural), sendo medida
contração diafragmática puxa as superfícies inferiores dos
das forças elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada
pulmões para baixo. Depois, na expiração, o diafragma instante da respiração, a chamada pressão de retração (GUYTON, 13ª
simplesmente relaxa, e a retração elástica dos pulmões, ed.).
da parede torácica e das estruturas abdominais comprime
os pulmões e expele o ar (GUYTON, 13ª ed.).

@jumorbeck
10

provavelmente apresenta perda do seu tecido elástico e, assim, não


voltará ao seu volume de repouso quando a força que o mantém
estirado cessa (baixa elastância) (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ As características do diagrama de complacência são


determinadas pelas forças elásticas dos pulmões, que
podem ser divididas em duas partes: (GUYTON, 13ª ed.).
➢ força elástica do tecido pulmonar propriamente
dito;
➢ forças elásticas causadas pela tensão superficial
do líquido que reveste as paredes internas dos
alvéolos e outros espaços aéreos pulmonares
As forças elásticas teciduais, que tendem a provocar o colapso do
pulmão cheio de ar representam, apenas cerca de um terço da
elasticidade total pulmonar, enquanto as forças de tensão superficial
líquido-ar nos alvéolos representam cerca de dois terços (GUYTON,
13ª ed.).

SURFACTANTE, TENSÃO SUPERFICIAL E COLAPSO ALVEOLAR


↠ O surfactante é um agente ativo da superfície da água,
significando que ele reduz bastante a tensão superficial da
COMPLACÊNCIA PULMONAR água (GUYTON, 13ª ed.).

↠ O grau de extensão dos pulmões por cada unidade de EFEITO DA CAIXA TORÁCICA NA EXPANSIBILIDADE
aumento da pressão transpulmonar (se tempo suficiente PULMONAR
for permitido para atingir o equilíbrio) é chamado
↠ A caixa torácica tem suas próprias características
complacência pulmonar (GUYTON, 13ª ed.).
elásticas e viscosas, semelhantes às dos pulmões; até
↠ A complacência total de ambos os pulmões no adulto mesmo se os pulmões não estivessem presentes no
normal é, em média, de 200 mililitros de ar por centímetro tórax, esforço muscular seria necessário para expandir a
de pressão de água transpulmonar. Isto é, sempre que a caixa torácica (GUYTON, 13ª ed.).
pressão transpulmonar aumentar 1 centímetro de água, o
RESISTÊNCIA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS
volume pulmonar, após 10 a 20 segundos, se expandirá
200 mililitros (GUYTON, 13ª ed.). ↠ As paredes das vias respiratórias, especialmente os
bronquíolos, oferecem alguma resistência ao fluxo normal
↠ A complacência refere-se à quantidade de força que
de ar para dentro e para fora dos pulmões (TORTORA,
deve ser exercida sobre um corpo para o deformar. No
14ª ed.).
pulmão, podemos expressar a complacência como uma
alteração do volume (V), que é resultado de uma força ↠ À medida que os pulmões se expandem durante a
ou pressão (P) exercida sobre o pulmão: (SILVERTHON, inspiração, os bronquíolos se ampliam porque suas
7ª ed.) paredes são “puxadas” para fora em todas as direções.
Vias respiratórias mais calibrosas têm menor resistência.
variação do volume/variação da pressão
A resistência das vias respiratórias então aumenta durante
↠ Um pulmão de alta complacência pode ser estirado a expiração conforme o diâmetro dos bronquíolos diminui.
facilmente, já um pulmão com baixa complacência requer O diâmetro das vias respiratórias também é regulado pelo
mais força dos músculos inspiratórios para ser estirado grau de contração e relaxamento do músculo liso das
(SILVERTHON, 7ª ed.) paredes das vias respiratórias (TORTORA, 14ª ed.).
A complacência é o inverso da elastância (recuo elástico), que é a Qualquer condição que estreite ou obstrua as vias respiratórias
capacidade de resistir à deformação mecânica. A elastância também aumenta a resistência, de modo que é necessário mais pressão para
se refere à capacidade que um corpo tem de voltar à sua forma manter o mesmo fluxo de ar. A característica da asma brônquica ou
original quando a força que promove a sua deformação é removida. da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – enfisema pulmonar
Um pulmão que é estirado facilmente (alta complacência)

@jumorbeck
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ou bronquite crônica – é o aumento da resistência das vias respiratórias corpo. Cada tipo de gás se difunde através da membrana
decorrente de sua obstrução ou colapso (TORTORA, 14ª ed.). permeável da área em que sua pressão parcial é maior
Troca gasosa para a área em que sua pressão parcial é menor. Quanto
maior a diferença na pressão parcial, mais rápida será a
TROCA DE OXIGÊNIO E DIÓXIDO DE CARBONO velocidade de difusão. (TORTORA, 14ª ed.)

↠ A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o ar Lei de Henry:


alveolar e o sangue pulmonar ocorre por meio da difusão ↠ A lei de Henry afirma que o volume de um gás que
passiva, que é regida pelo comportamento dos gases, se dissolve em um líquido é proporcional à pressão parcial
como descrito por duas leis dos gases, a lei de Dalton e do gás e à sua solubilidade. TORTORA, 14ª ed.)
a lei de Henry. (TORTORA, 14ª ed.)
↠ Nos líquidos corporais, a capacidade de um gás de ficar
LEI DOS GASES | LEI DE DALTON E LEI DE HENRY em solução é maior quando a sua pressão parcial é maior
Lei de Dalton: e quando ele tem elevada solubilidade em água. Quanto
maior a pressão parcial de um gás em um líquido e mais
↠ De acordo com a lei de Dalton, cada gás em uma elevada a sua solubilidade, mais gás vai ficar em solução.
mistura de gases exerce a sua própria pressão como se Em comparação ao oxigênio, muito mais CO2 está
não houvesse outros gases. A pressão de um gás dissolvido no plasma sanguíneo, porque a solubilidade do
específico em uma mistura é chamada de pressão parcial CO2 é 24 vezes maior do que a do O2.. TORTORA, 14ª
(Px); o subscrito é a fórmula química do gás. (TORTORA, ed.)
14ª ed.)
↠ Mesmo que o ar que respiramos contenha
↠ A pressão total da mistura é calculada simplesmente principalmente N2, este gás não tem qualquer efeito
adicionando-se todas as pressões parciais. O ar sobre as funções corporais; ao nível do mar, sua pressão
atmosférico é uma mistura de gases – nitrogênio (N2), muito pequena se dissolve no plasma sanguíneo, porque
oxigênio (O2), argônio (Ar), dióxido de carbono (CO2), a sua solubilidade é muito baixa. (TORTORA, 14ª ed.)
volumes variáveis de vapor de água (H2O), além de
outros gases presentes em pequenas quantidades. A Quando um mergulhador respira ar sob alta pressão, o nitrogênio na
mistura pode ter sérios efeitos negativos. Visto que a pressão parcial
pressão atmosférica é a soma das pressões de todos de nitrogênio é superior em uma mistura de ar comprimido do que
estes gases: (TORTORA, 14ª ed.) no ar à pressão ao nível do mar, um volume considerável de
nitrogênio se dissolve no plasma e no líquido intersticial. Muito
nitrogênio dissolvido pode provocar tontura e outros sintomas
semelhantes aos da intoxicação por álcool. A condição é chamada de
narcose por nitrogênio ou “embriaguez das profundezas”. (TORTORA,
14ª ed.)

↠ É possível determinar a pressão parcial exercida por Se um mergulhador sobe à superfície lentamente, o nitrogênio
dissolvido pode ser eliminado em sua expiração. No entanto, se a
cada um dos componentes na mistura multiplicando a
subida é demasiadamente rápida, o nitrogênio sai da solução rápido
porcentagem do gás na mistura pela pressão total da demais e forma bolhas de gás nos tecidos, resultando em doença por
mistura. Assim, as pressões parciais dos gases no ar descompressão (barotrauma). (TORTORA, 14ª ed.)
inspirado são: (TORTORA, 14ª ed.)
Respiração externa

↠ A respiração externa ou troca gasosa pulmonar é a


difusão do O2 do ar nos alvéolos pulmonares para o
sangue dos capilares pulmonares e a difusão do CO2 na
direção oposta (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A respiração externa nos pulmões converte o sangue


venoso (discretamente depletado de O2) que vem do lado
↠ Estas pressões parciais determinam o movimento de direito do coração em sangue oxigenado (saturado com
O2 e CO2 entre a atmosfera e os pulmões, entre os O2) que retorna para o lado esquerdo do coração
pulmões e o sangue, e entre as células do sangue e o (TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
12

↠ Conforme o sangue flui pelos capilares pulmonares, interconectados. Na verdade, devido à extensão do plexo
capta O2 do ar alveolar e descarrega CO2 no ar alveolar. capilar, o fluxo de sangue na parede alveolar é descrito
Embora este processo geralmente seja chamado de como “lâmina” de fluxo sanguíneo. Assim, é óbvio que os
“troca” gasosa, cada gás se difunde independentemente gases alveolares estão bastante próximos do sangue dos
da área em que sua pressão parcial é maior para a área capilares pulmonares (GUYTON, 13ª ed.).
em que sua pressão parcial é menor (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Além disso, a troca gasosa entre o ar alveolar e o
↠ A Po2 do O2 gasoso no alvéolo é em média, de 104 sangue pulmonar se dá através das membranas de todas
mmHg, enquanto a Po2 do sangue venoso que entra nos as porções terminais dos pulmões, e não apenas nos
capilares pulmonares, em sua porção arterial, está em alvéolos. Todas essas membranas são conhecidas
torno de apenas 40 mmHg porque grande quantidade de coletivamente como membrana respiratória, também
O2 foi removida desse sangue enquanto ele passava denominada membrana pulmonar (GUYTON, 13ª ed.).
através dos tecidos periféricos. Portanto, a diferença de
pressão inicial que faz com que o O2 se difunda para os
capilares pulmonares é 104 - 40, ou 64 mmHg. (GUYTON,
13ª ed.)

↠ Enquanto o O2 está se difundindo do ar alveolar para


o sangue desoxigenado, o CO2 está se difundindo no
sentido oposto. A PCO2 do sangue venoso é de 45
mmHg em uma pessoa em repouso, e a PCO2 do ar
↠ Observe as diferentes camadas da membrana
alveolar é de 40 mmHg. Em decorrência dessa diferença
respiratória: (GUYTON, 13ª ed.).
na PCO2, o dióxido de carbono se difunde do sangue
oxigenado para os alvéolos até que a PCO2 do sangue ➢ Camada de líquido contendo surfactante que
diminua para 40 mmHg. A expiração mantém a PCO2 reveste o alvéolo e reduz a tensão superficial do
alveolar em 40 mmHg. O sangue oxigenado retorna para líquido alveolar.
o lado esquerdo do coração pelas veias pulmonares; ➢ Epitélio alveolar, composto por células epiteliais
portanto, tem uma PCO2 de 40 mmHg (TORTORA, 14ª finas.
ed.). ➢ Membrana basal epitelial.
➢ Espaço intersticial delgado entre o epitélio
DIFUSÃO DOS GASES ATRAVÉS DA MEMBRANA alveolar e a membrana capilar.
RESPIRATÓRIA ➢ Membrana basal capilar que, em muitos locais,
↠ As paredes alveolares são extremamente finas e, se funde com a membrana basal do epitélio
entre os alvéolos, existe malha quase sólida de capilares alveolar.

@jumorbeck
13

➢ Membrana endotelial capilar. a troca de gases é significativamente restringida, mesmo


durante o repouso (SEELY, 10ª ed.).
A despeito do grande número de camadas, a espessura total da
membrana respiratória em algumas áreas é tão pequena quanto 0,2
micrômetro e, em média, tem 0,6 micrômetro, exceto onde ocorrem
COEFICIENTE DE DIFUSÃO DO GÁS NA SUBSTÂNCIA DA
núcleos celulares (GUYTON, 13ª ed.). MEMBRANA
O diâmetro médio dos capilares pulmonares é de apenas 5 ↠ O coeficiente de difusão é uma medida que
micrômetros, o que significa que as hemácias precisam se espremer representa a facilidade com que um gás se difunde para
ao passar por eles. A membrana das hemácias em geral, toca a parede
dentro ou para fora de um líquido ou tecido, levando em
capilar, de maneira que não é preciso que o O 2 e o CO2 atravessem
quantidades significativas de plasma enquanto se difundem entre o consideração o tamanho dessa molécula de gás (peso
alvéolo e a hemácia, o que também aumenta a rapidez da difusão molecular) e sua solubilidade no líquido (SEELY, 10ª ed.).
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ A difusão pela membrana respiratória é quase
FATORES QUE AFETAM A INTENSIDADE DA DIFUSÃO GASOSA exatamente a mesma da água. Portanto, em determinada
ATRAVÉS DA MEMBRANA RESPIRATÓRIA diferença de pressão, o CO2 se difunde por cerca de 20
vezes mais rápido que o O2. O oxigênio se difunde cerca
↠ Os fatores que determinam a rapidez com que um de duas vezes mais rápido que o nitrogênio (GUYTON,
gás atravessará a membrana são: (GUYTON, 13ª ed.). 13ª ed.).
➢ a espessura da membrana; ↠ Quando a membrana respiratória se torna
➢ a área superficial da membrana; gradualmente danificada em consequência de doenças
➢ o coeficiente de difusão do gás na substância da pulmonares, sua capacidade para permitir que o oxigênio
membrana; se mova para o sangue é muitas vezes tão prejudicada
➢ a diferença de pressão parcial do gás entre os que a morte por privação de oxigênio ocorre antes que
dois lados da membrana. a difusão do dióxido de carbono seja reduzida (SEELY, 10ª
ESPESSURA DA MEMBRANA ed.).

↠ O aumento da espessura da membrana respiratória GRADIENTE DE PRESSÃO PARCIAL DO GÁS


diminui a taxa de difusão. Normalmente, a espessura da
↠ O gradiente de pressão parcial de um gás através da
membrana é de cerca de 0,6 µm, mas, em algumas
membrana respiratória é a diferença entre a pressão
doenças pulmonares, pode haver um aumento na
parcial do gás nos alvéolos e de sua pressão parcial no
espessura em cerca de duas a três vezes, reduzindo
sangue dos capilares pulmonares (SEELY, 10ª ed.).
drasticamente a taxa de troca gasosa (SEELY, 10ª ed.).
↠ Quando a pressão parcial é maior em um dos lados
↠ A difusão através da membrana é inversamente
da membrana, a difusão ocorre a partir da pressão parcial
proporcional à espessura da membrana (GUYTON, 13ª ed.).
mais elevada para a menor. Normalmente, a pressão
↠ A causa mais comum desse aumento é um acúmulo parcial do oxigênio (Po2) é maior nos alvéolos do que no
de fluido no alvéolo, conhecido como edema pulmonar sangue, e a pressão parcial do dióxido de carbono (Pco2)
(SEELY, 10ª ed.). é maior no sangue do que no ar alveolar (SEELY, 10ª ed.).

ÁREA SUPERFICIAL DA MEMBRANA Respiração interna

↠ Em um adulto saudável, a área de superfície total da ↠ A troca de O2 e CO2 entre os capilares sistêmicos e
membrana respiratória é cerca de 70 m2 (SEELY, 10ª ed.). as células teciduais é chamada de respiração interna ou
trocas gasosas sistêmicas. Conforme o O2 deixa a
↠ Muitas doenças respiratórias, incluindo o enfisema e o corrente sanguínea, o sangue oxigenado é convertido em
câncer de pulmão, provocam redução na área de sangue venoso (TORTORA, 14ª ed.).
superfície da membrana respiratória (SEELY, 10ª ed.).
↠ Ao contrário da respiração externa, que ocorre
↠ Mesmo uma pequena diminuição na área superficial somente nos pulmões, a respiração interna ocorre nos
afeta as trocas gasosas durante o exercício extenuante. tecidos de todo o corpo (TORTORA, 14ª ed.).
Quando a superfície total da membrana respiratória é
diminuída em um terço ou um quarto do tamanho normal,

@jumorbeck
14

↠ Quando o sangue arterial chega aos tecidos base nesses parâmetros para calcular os volumes pulmonares
periféricos, sua Po2 nos capilares ainda é 95 mmHg. (SILVERTHON, 7ª ed.).

Contudo, como mostrado na figura, a Po2 no líquido


intersticial, que banha as células teciduais, é, em média, de
apenas 40 mmHg. Assim, existe enorme diferença da
pressão inicial que faz com que o O2 se difunda, com
rapidez, do sangue capilar para os tecidos — tão
rapidamente que a Po2 capilar diminui, quase se igualando
à pressão de 40 mmHg, no interstício. Portanto, a Po2 do
sangue que deixa os capilares dos tecidos e entra nas
veias sistêmicas é também de aproximadamente, 40
mmHg. (GUYTON, 13ª ed.)

↠ O O2 está sempre sendo utilizado pelas células.


Portanto, a Po2 intracelular nos tecidos periféricos,
permanece menor do que a Po2 nos capilares periféricos.
(GUYTON, 13ª ed.)

↠ Enquanto o O2 se difunde dos capilares sistêmicos para


as células teciduais, o CO2 se difunde no sentido contrário.
Dado que as células teciduais estão constantemente
produzindo CO2, a PCO2 das células (45 mmHg em
repouso) é maior do que a do sangue capilar sistêmico ↠ O ar movido durante a respiração pode ser dividido
(40 mmHg). Como resultado, o CO2 se difunde das células em quatro volumes pulmonares (valores representativos
teciduais pelo líquido intersticial para os capilares para um jovem adulto do sexo masculino):
sistêmicos até que a PCO2 no sangue aumenta para 45 ➢ Volume corrente: é o volume de ar inspirado e
mmHg. O sangue desoxigenado então retorna para o expirado em cada respiração. Em repouso, o
coração e é bombeado para os pulmões para outro ciclo volume corrente é de aproximadamente 500
de respiração externa (TORTORA, 14ª ed.). mL (SEELY, 10ª ed.).
Volumes e capacidades pulmonares O volume corrente varia consideravelmente de uma pessoa para outra
e na mesma pessoa em momentos diferentes. Em um adulto típico,
↠ Os fisiologistas e médicos avaliam a função pulmonar aproximadamente 70% do volume corrente (350 ml) alcança
de uma pessoa medindo quanto ar ela move durante a efetivamente a zona respiratória do sistema respiratório – bronquíolos
respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos – e participa
respiração em repouso, e depois em esforço máximo. na respiração externa. Os outros 30% (150 m l) permanecem nas vias
Estes testes de função pulmonar usam um espirômetro, respiratórias de condução do nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios,
um instrumento que mede o volume de ar movido a cada bronquíolos e bronquíolos terminais (TORTORA, 14ª ed.).
respiração (SILVERTHON, 7ª ed.).
O local onde não ocorrem trocas gasosas no sistema respiratório é
denominado espaço morto. Uma distinção pode ser feita entre espaço
↠ A espirometria é um procedimento realizado para
morto anatômico e espaço morto fisiológico. O espaço morto
medir o volume de ar movido para dentro e para fora do anatômico, que mede 150 mL, é formado pela cavidade nasal, faringe,
sistema respiratório (SEELY, 10ª ed.). laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. O
espaço morto fisiológico é o espaço morto anatômico mais o volume
VOLUMES PULMONARES dos alvéolos nos quais a troca gasosa é menor do que o normal. Em
uma pessoa saudável, os espaços mortos anatômico e fisiológico são
Os volumes pulmonares variam consideravelmente com a idade, o equivalentes; isto é, há poucos alvéolos não funcionais (SEELY, 10ª ed.).
sexo, a altura e o peso, e, assim, os médicos usam algoritmos com

@jumorbeck
15

➢ Volume inspiratório de reserva: é a quantidade trato respiratório após uma inspiração máxima
de ar que pode ser inspirada forçadamente além (cerca de 4.600 mL) (SEELY, 10ª ed.).
do volume corrente (cerca de 3.000 mL em ➢ Capacidade pulmonar total: é a soma de todos
repouso) (SEELY, 10ª ed.). os volumes pulmonares (aproximadamente
➢ Volume expiratório de reserva: é a quantidade 5.800 mL) (SEELY, 10ª ed.).
de ar que pode ser expirada forçadamente além
do volume corrente (cerca de 1.100 mL em
repouso) (SEELY, 10ª ed.).
➢ Volume residual: é o volume de ar que
permanece nas vias respiratórias e nos pulmões
após uma expiração forçada (aproximadamente
1.200 mL) (SEELY, 10ª ed.).
O volume corrente aumenta quando uma pessoa está mais ativa. Uma
vez que o volume máximo do sistema respiratório não se altera de
um momento ao outro, um aumento no volume corrente provoca a
diminuição dos volumes de reserva inspiratório e expiratório (SEELY,
10ª ed.).

CAPACIDADES PULMONARES
↠ Capacidade pulmonar é a soma de dois ou mais
volumes pulmonares. Seguem algumas capacidades
pulmonares: (SEELY, 10ª ed.).
➢ Capacidade inspiratória: é o volume corrente
mais o volume inspiratório de reserva,
representando a quantidade máxima que uma
pessoa pode inspirar após uma expiração Fatores como gênero, idade, tamanho do corpo e condicionamento
normal (cerca de 3.500 mL em repouso) físico causam variações nos volumes e capacidades respiratórios de
um indivíduo para o outro. Por exemplo, a capacidade vital de uma
(SEELY, 10ª ed.). mulher é normalmente 20 a 25% menor do que a de um homem
➢ Capacidade residual funcional: é o volume (SEELY, 10ª ed.).
expiratório de reserva mais o volume residual,
A capacidade vital alcança uma quantidade máxima em jovens adultos
representando a quantidade de ar que
e diminui gradualmente com o passar dos anos (SEELY, 10ª ed.).
permanece nos pulmões após uma expiração
normal (aproximadamente 2.300 mL em Pessoas altas ou magras normalmente apresentam maior capacidade
vital que pessoas baixas ou obesas, respectivamente (SEELY, 10ª ed.).
repouso) (SEELY, 10ª ed.).
➢ Capacidade vital: é a soma do volume inspiratório Atletas treinados podem apresentar uma capacidade vital 30 a 40%
de reserva, do volume corrente e do volume maior do que a de pessoas não treinadas (SEELY, 10ª ed.).
expiratório de reserva, representando o volume
máximo de ar que uma pessoa pode expelir do

@jumorbeck
16

VENTILAÇÃO-MINUTO Referências:
A ventilação-minuto é a quantidade total de ar movido para dentro e
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
para fora do sistema respiratório a cada minuto; é igual ao volume
corrente multiplicado pela frequência respiratória. A frequência Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
respiratória, ou ritmo respiratório, é a quantidade de respirações por
minuto. Uma vez que o volume corrente em repouso é de MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
aproximadamente 500 mL e a frequência respiratória é de cerca de humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
12 respirações por minuto, a ventilação-minuto é, em média, de
aproximadamente 6 L/min. (SEELY, 10ª ed.). TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
EFEITOS DA OBESIDADE SOBRE OS VOLUMES E AS CAPACIDADES
PULMONARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
(WINCK et. al., 2016)
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
O excesso de peso acarreta alterações diretas na mecânica ventilatória.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Estudos prévios sugerem que a obesidade causa uma importante
mudança no sistema respiratório, resulta em prejuízos no sincronismo
Editora Elsevier Ltda., 2017
tóraco-abdominal. O aumento do peso corporal acarreta limitação da
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy Fisiologia,
mobilidade diafragmática e redução do movimento costal, com
comprometimento nas trocas gasosas pulmonares e no controle do 7ª ed. Editora Elsevier Ltda, 2018
padrão respiratório.
WINCK et. al. Efeitos da obesidade sobre os volumes e as
Em resumo, os achados desta revisão demonstram efeitos deletérios capacidades pulmonares em crianças e adolescentes:
da obesidade sobre os volumes e as capacidades pulmonares em uma revisão sistemática. Revista Paulista de Pediatria, v. 34,
crianças e adolescentes, com redução, principalmente da capacidade
residual funcional, volume de reserva expiratório e volume residual. Os
n. 4, p. 510-517, 2016.
resultados ressaltam a necessidade da elaboração de medidas efetivas
SALICIO et. al. Função respiratória em idosos praticantes
estratégicas no combate da obesidade infantil por meio de programas
de intervenção, para evitar ou amenizar o impacto negativo da e não praticantes de hidroterapia. Revista científica Ciência
obesidade sobre a função pulmonar dessa população. Biologia Saúde, v. 17, n. 2, p. 107-112, 2015.
FUNÇÃO RESPIRATÓRIA EM IDOSOS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE
HIDROTERAPIA (SALICIO et. al., 2015)

No pulmão senil as mudanças estruturais no tecido conectivo


acarretam perda do recolhimento elástico pulmonar, levando a uma
progressiva retenção de ar e, consequentemente, ao aumento da
complacência do parênquima pulmonar.

Desta forma, a atividade física realizada no decorrer da vida melhora o


condicionamento aeróbico e aprimora as funções cardiorrespiratórias.
O objetivo deste trabalho foi verificar diferenças dos volumes,
capacidades pulmonares e força muscular respiratória entre idosos
praticantes e não praticantes de hidroterapia. Foi realizado um estudo
transversal, avaliando 30 idosos praticantes de hidroterapia e 30
sedentários.

Os resultados mostraram melhores desempenhos em todas as


avaliações de volume corrente, volume minuto, capacidade inspiratória
e capacidade vital para os idosos ativos quando comparados aos
sedentários. Os idosos praticantes de hidroterapia apresentaram maior
força dos músculos respiratórios, volumes e capacidades pulmonares,
reforçando assim os efeitos benéficos da atividade física no processo
de envelhecimento

@jumorbeck
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MICROBIOTA ORAL E SALIVA

Microbiota Oral BACTÉRIAS


O termo Microbioma foi criado por Joshua Lederberg, geneticista e ↠ A boca contém muitas superfícies e cada superfície
Nobel da medicina em 1958, refere-se à comunidade de contém uma enorme quantidade de bactérias, muitas
microrganismos que coloniza o organismo (SILVA, 2016).
delas agregadas num biofilme. Algumas destas bactérias
Os cientistas acreditam que a nossa saúde, além das condicionantes são as responsáveis pelas doenças orais bacterianas mais
genéticas, depende dos microrganismos que vivem conosco (SILVA, comuns no ser humano, como a cárie e periodontite
2016).
(SILVA, 2016).
↠ A microbiota da cavidade bucal começa a ser
Para além destas doenças da boca as bactérias podem
estabelecida logo após o nascimento e sofre alterações
ainda ser responsáveis por doenças sistémicas como
na quantidade e diversidade de microrganismos ao longo
endocardite bacteriana e pneumonia (SILVA, 2016).
da vida, quando se nota a influência epigenética sobre
esse ambiente (JÚNIOR; IZABEL, 2019). BIOFILME
↠ A cavidade oral é a principal porta de entrada de ↠ Na boca, os microrganismos existem maioritariamente
microrganismos no organismo humano. Estes entram pela em biofilmes sobre as superfícies dos dentes, das
boca através dos alimentos e do ar que ingerimos, os gengivas, da língua e até em próteses quando estas
alimentos são mastigados e misturam-se com a saliva existem (SILVA, 2016).
dirigindo-se para o trato gastrointestinal (SILVA, 2016).
↠ Os biofilmes são matrizes onde os microrganismos se
↠ O número de seres procarióticos que habitam o corpo depositam e ficam aderidos às superfícies por meio de
humano chega a ser quase 10 vezes maior do que o proteínas ou polissacáridos produzidos por eles próprios.
número de células do próprio indivíduo, e a boca é o Estas proteínas ligam-se à membrana externa das
segundo local de maior concentração desses organismos, bactérias Gram negativo e ao peptidoglicano das bactérias
ficando atrás somente do intestino (GERMANO et. al., 2018) Gram positivo (SILVA, 2016).
↠ A cavidade oral em indivíduos saudáveis tem uma ↠ Estes biofilmes mantêm-se sempre hidratados com
microbiota bem equilibrada que consiste em mais de 700 cerca de 98% de água e protegem os microrganismos
espécies, conforme determinadopelo Human Oral da desidratação (SILVA, 2016).
Microbiome Database (HOMD, 2018). Tal confirmação de
Tanto os microrganismos patogênicos, quanto os comensais, formam
tamanha pluralidade desta microbiota foi permitida por biofilme complexos nas superfícies dos dentes, gengiva e língua
uma análise clonal do gene RNAr 16S, quando se revelou (GERMANO et. al., 2018)
que, além de algumas espécies de fungos e vírus, diversas
A placa dentária é a mais prevalente e a mais densa dos biofilmes
bactérias, estão presentes neste microhabitat (JÚNIOR; humanos (BROOKS, 26ª ed.).
IZABEL, 2019).
FUNGOS
↠ A cavidade oral é o local anatômico humano com maior
diversidade de microrganismos, compreendendo fungos, ↠ São capazes de colonizar vários locais anatômicos
vírus, protozoários, e principalmente bactérias, sendo o humanos como a boca. Os fungos que estão no ambiente
gênero Streptococcus o mais comum. Estes (em partículas de poeira, por exemplo) podem penetrar
microrganismos vivem num ecossistema que, quando na cavidade oral por inalação de partículas ou por
está em equilíbrio, mantém a saúde oral (SILVA, 2016). ingestão de água ou alimentos contaminados (SILVA,
2016).
COMPOSIÇÃO DA MICROBIOMA ORAL
↠ Existem alguns fungos, principalmente do gênero
↠ Estudos revelam que os microrganismos mais Candida, que têm um papel importante no microbioma
abundantes no microbioma oral saudável pertencem aos oral. Esta levedura pode estar presente sem causar
filos Firmicutes, Proteobacteria, Fusobactérias e nenhum sintoma, no entanto pode causar várias
Actinobacteria. O gênero Streptococcus é o mais infecções agudas ou crônicas. Estes são influenciados pelo
predominante, seguido por Prevotella, Veillonella, Neisseria estado do sistema imunitário e por medicação (SILVA,
e Haemophilus (SILVA, 2016). 2016).

@jumorbeck
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↠ Muitos dos fungos presentes na cavidade oral são as glândulas salivares, entre outros, estando todos estes
fungos saprófitas, mas existem alguns patogénicos e locais em contato com a saliva e todos colonizados por
oportunistas sendo responsáveis por grande parte das bactérias. Vários estudos demostram que nos diferentes
doenças orais (SILVA, 2016). tecidos existem comunidades distintas de bactérias
(SILVA, 2016).
Foi feito um estudo com o intuito de caracterizar os fungos existentes
no microbioma oral de 20 indivíduos saudáveis. As amostras foram Nem todos os microrganismos que entram na boca conseguem
recolhidas uma hora depois de os indivíduos terem comido, colonizar este ambiente e se manter nele. Mesmo dentro dessa
bochechado e gargarejado com uma solução de lavagem, sendo esta cavidade existem diferentes locais que favorecem a colonização por
a solução amostra. Neste estudo foram identificadas 101 espécies de distintos microrganismos. Ou seja, nem todos os microrganismos ao
fungos, sendo que 11 não foram cultiváveis e 74 foram cultiváveis. O qual esta superfície é exposta diariamente são capazes de compor a
gênero presente em 75% dos participantes foi Candida, seguido de microbiota residente (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
Cladosporium em 65%. Aureobasidium foi encontrado em 50% dos
indivíduos. Aspergillus em 35%, Fusarium em 30% e Cryptococcus
em 20% (SILVA, 2016).

↠ Nesta imagem estão referidos os 5 filos mais


PROTOZOÁRIOS predominantes de bactérias (Actinobacteria,
↠ Os protozoários não são comumente encontrados na Bacteroidetes, Firmicutes, Fusobacteria e Proteobacteria)
microbiota oral. As espécies mais frequentes são e alguns gêneros representantes de cada filo (SILVA,
comensais e incluem a Entamoeba gingivalis e a 2016).
Trichomonas tenax (GERMANO et. al., 2018) ↠A explicação para a existência de comunidades distintas
nos diferentes tecidos é o fato de que cada superfície ou
DIFERENTES HABITATS DA BOCA
estrutura oferece condições diferentes aos
↠ A cavidade oral dos indivíduos saudáveis contém então microrganismos que têm, eles próprios, exigências
centenas de espécies bacterianas e também algumas diferentes para a sua multiplicação. No entanto, a cavidade
fúngicas. Muitos destes microrganismos podem associar- oral tem várias funções que afetam a multiplicação e a
se para formar biofilmes, que são resistentes à tensão atividade dos microrganismos, tal como comer, falar ou a
mecânica ou tratamento antibiótico. A maioria são ativação do sistema imunitário do hospedeiro através da
também espécies comensais, mas podem tornar-se libertação de mediadores inflamatórios (SILVA, 2016).
patogénicas em respostas às alterações do ambiente,
como por exemplo a qualidade de higiene pessoal (SILVA, ↠ Na boca existem dois tipos de superfícies passíveis de
2016). colonização: (JÚNIOR; IZABEL, 2019).

↠ A nossa boca contém diferentes habitats que ➢ superfícies descamativas: nas superfícies
albergam vários microrganismos, como os dentes, a descamativas como as mucosas, ocorre o
língua, as bochechas, o palato duro e mole, as amígdalas, processo fisiológico de descamação celular

@jumorbeck
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contínua, o que impede o acúmulo e a aptos para acidogênicos (favorece


colonização. cárie dentária). Na
organização de microrganismos em biofilme.
inflamação gengival
➢ tecidos duros: isto é, os dentes e as superfícies ocorre proliferação de
retentivas, como próteses, aparelhos, cálculos periodontopatógenos.
dentários e restaurações, há o favorecimento da GRAU DE Influenciam na Maior presença de
OXIDAÇÃO- microbiota anaeróbios restritor
colonização microbiana por não ocorrer residente pela (espécies disbiontes).
REDUÇÃO
descamação. diferença de
concentração de
↠ Nesse aspecto biológico vale ressaltar ainda a oxigênio e ação
importância da saliva e do fluido do sulco gengival (FSG), dos radicais livres.
NUTRIENTES Podem ser Síntese de ácidos e
pois ambos influenciam a colonização de diferentes nichos endógenos outros subprodutos
na cavidade bucal, servindo de nutrientes endógenos para (saliva e FSG) ou que modificam o pH
os microrganismos e modulando seu crescimento exógenos (dieta). local e lesam a mucosa
bucal.
(JÚNIOR; IZABEL, 2019).
DEFESA DO Efeito bactericida Maior presença de
ORGANISMO e bacteriostático. quadro de doenças
FATORES QUE MODULAM A MICROBIOTA ORAL infecciosas.
(JÚNIOR; IZABEL, 2019).
↠ Todas as espécies presentes no microbioma oral
desempenham um papel importante na manutenção do
A temperatura adequada, por volta de 35-36°C, proporciona
bem-estar oral, no entanto, caso as condições não sejam
condições para o crescimento e metabolismo de espécies que
adequadas, estes microrganismos podem-se tornar compõem a microbiota normal (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
prejudiciais e causar doença (SILVA, 2016).
O pH do meio propicia a seleção dos microrganismos aptos para
↠ As condições ambientais, tais como temperatura, colonizar a boca e se desenvolver. Muitas espécies requerem um pH
quantidade de oxigênio e nutrientes (endógenos e próximo do neutro para crescerem (o pH normal da cavidade bucal
em sua maioria), sendo sensíveis a meios extremamente ácidos ou
exógenos), condições de pH e o potencial redox, têm alcalinos. Biofilme dental: microorganismos acidogênicos (capazes de
impacto sobre o ecossistema e contribuem para a produzir ácidos) e acidúricos, capazes de sobreviver em meio ácido.
composição das espécies presentes no biofilme em cada Já em sítios de inflamação gengival é favorecida a proliferação de
local. A dieta do indivíduo, a variabilidade do fluxo de saliva microrganismos álcali-tolerantes, como é o caso dos
periodontopatógenos (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
ou até mesmo a toma de antibióticos causam alterações
no ecossistema (SILVA, 2016). O crescimento microbiano depende da disponibilidade de nutrientes,
os quais podem ser endógenos, presentes na saliva e no FSG, ou
↠ A microbiota oral sofre influência tanto de fatores exógenos, provenientes da dieta do hospedeiro. Entre as fontes de
externos (tabagismo, alcoolismo, antibioticoterapia, nutrientes presentes na dieta, os carboidratos fermentáveis são os
permanência em ambientes hospitalares, estado nutrientes exógenos que mais interferem na modulação de população
da microbiota oral. As bactérias, principalmente, utilizam esses
nutricional e higiene bucal) quanto intrínsecos ao paciente, carboidratos para obtenção de energia, produzindo ácidos como
como a idade e o estado imunológico (JÚNIOR; IZABEL, produto final do metabolismo, modificando o pH local (JÚNIOR; IZABEL,
2019). 2019).

↠ A quebra desta harmonia, por alguma alteração no Outro fator que afeta este crescimento é a diferença na concentração
de oxigênio nos diferentes locais que constituem a cavidade bucal. A
ambiente bucal, favorece a proliferação de espécies
maioria dos microrganismos presentes são anaeróbios facultativos ou
patogênicas e, assim, o desenvolvimento de doenças, anaeróbios restritos. Dessa forma, alguns locais em que a concentração
uma relação de disbiose, em que, a depender do grau de de oxigênio é reduzida, como a parte interna dos biofilmes e a região
comprometimento, pode afetar outros sistemas além do de fundo de sulco, ocorre maior presença de anaeróbios restritos.
sistema estomatognático (JÚNIOR; IZABEL, 2019). Além disso, os radicais livres formados a partir do oxigênio são
extremamente deletérios aos microrganismos, em especial à célula
FATORES AÇÃO DURANTE A AÇÃO DURANTE A bacteriana. Ou seja, nota-se que é o grau de oxidação-redução em
MODULADORES SIMBIOSE DISBIOSE um local que governa a sobrevivência e crescimento relativo desses
TEMPERATURA Condições para Proliferação de microrganismos (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
crescimento e o periodontopatógenos.
Ainda no quesito modulação da microbiota oral, pode-se elencar os
metabolismo de
espécies mecanismos de defesa do hospedeiro. Esta é estabelecida, além do
simbiontes. sistema imunológico, pela barreira física das mucosas e por fatores de
FATOR PH (SALIVA) Seleção dos Proliferação de defesa específica e não específica. No componente de defesa do tipo
microrganismos microrganismos não específica entra a ação de glicoproteínas (mucinas), de enzimas

@jumorbeck
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(lactoferrina e lisozima) e de peptídeos antimicrobianos presentes na CARDIOPATIAS


saliva. Essas biomoléculas auxiliam na aglutinação de microrganismos,
facilitando sua deglutição juntamente com a saliva e na degradação de ↠ A teoria de que a aterosclerose passa por um
componentes vitais da célula bacteriana – efeito bactericida. Os processo inflamatório acentuou o interesse no papel de
componentes de defesa específica do organismo é composta pelos
linfócitos, células de Langherans e imunoglobulinas, em especial as IgG
que alguns agentes infecciosos possam desempenhar no
e IgA (JÚNIOR; IZABEL, 2019). início ou mesmo na modelação da aterogênese. Nesta
perspectiva inseriu-se na literatura a hipótese de as
PATOLOGIAS ASSOCIADAS À MICROBIOTA ORAL doenças periodontais terem um papel na formação de
ateromas (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
CÁRIE DENTÁRIA
↠ Efetivamente, vários agentes patógenos periodontais
↠ Esta é uma patologia infecciosa polimicrobiana
foram detectados em placas de ateroma, como é o caso
caracterizada pela desmineralização dos tecidos dentais e
da Porphyromonas gengivalis e o Actinobacillus
disbiose da microbiota, devido a alterações em seus
actinomycetemcomitan (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
fatores moduladores (JÚNIOR; IZABEL, 2019).

↠ As lesões de cárie estão bastante associadas com o INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS


Streptococcus mutans (GERMANO et. al., 2018) ↠ A higiene bucal deficiente é comum em pacientes
↠ É salutar ressaltar que, por mais que a cárie tenha internados em UTI, o que propicia a colonização do
como etiologia a presença de alguns microrganismos, ela biofilme bucal por microrganismos patogênicos,
é uma doença multifatorial e somente a presença das especialmente por patógenos respiratórios, alterando a
microbiota oral para uma relação que penderá para a
diferentes espécies de microrganismos não serão capaz
origem de doenças bucais e, provavelmente, na
de desencadear o processo de desmineralização que irá
sequência, sistêmicas (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
culminar na cárie (GERMANO et. al., 2018)
ATENÇÃO: apesar de os estudos indicarem a associação entre a
DOENÇA PERIODONTAL microbiota oral e patologias sistêmicas (principalmente as cardiopatia e
infeções respiratórias), ainda não há a certeza dessa conexão (JÚNIOR;
↠ Um dos fatores etiológicos mais importantes da IZABEL, 2019).
doença periodontal é a presença dos
ATENÇÃO: Diante disso, a microbiota oral tem influência no binômio
periodontopatógenos (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
saúde-doença, especialmente sobre a saúde bucal ao atuar tanto na
manutenção do equilíbrio quanto na origem de diversas doenças
↠ Em condições de saúde, o sulco gengival é colonizado
bucais (JÚNIOR; IZABEL, 2019).
principalmente por microrganismos Gram-positivos, que
incluem Streptococcus spp. e espécies de Actinomyces, Problemas gestacionais, como partoprematuro, pré-eclâmpsia, aborto
mas com a alteração na microbiota ocorre a colonização espontâneo, baixo peso neonatal e sepse neonatal são condições que
também podem ser relacionadas com microrganismos orais e as
por bactérias Gram-negativa (JÚNIOR; IZABEL, 2019). toxinas produzidas por eles. Estudos mostram uma associação entre a
ocorrência de complicações gestacionais e a presença de espécies
CORRELAÇÕES COM PATOLOGIAS SISTÊMICAS específicas da microbiota oral no líquido amniótico, como
Streptococcus spp. e Fusobacterium (GERMANO et. al., 2018)
↠ Microrganismos podem adentrar na corrente
sanguínea, quando a mucosa oral é danificada por Saliva
traumas, ou procedimentos cirúrgicos, ou devido a
doenças periodontais. (GERMANO et. al., 2018) COMPOSIÇÃO

↠ Estudos vêm demonstrando a relação das doenças ↠ Quimicamente, a saliva é composta por 99,5% de
bucais e sistêmicas (cardiopatias e infecções respiratórias, água e 0,5% de solutos. Entre os solutos estão íons,
principalmente), ressaltando-se que inúmeras pesquisas se incluindo o sódio, o potássio, o cloreto, o bicarbonato e o
desenvolveram com resultados que evidenciam cada vez fosfato. Também estão presentes alguns gases
mais esta possível relação (JÚNIOR; IZABEL, 2019). dissolvidos e substâncias orgânicas, incluindo a ureia e
ácido úrico, o muco, a imunoglobulina A, a enzima
↠ Como as bactérias orais sempre invadem os vasos bacteriolítica lisozima e a amilase salivar, uma enzima
sanguíneos por meio da mucosa bucal, elas são causas digestória que atua sobre o amido (TORTORA, 14ª ed.).
potenciais de bacteremia e outras infecções sistêmicas
(JÚNIOR; IZABEL, 2019).

@jumorbeck
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↠ As glândulas salivares produzem saliva, uma mistura caminho até os músculos da face, a cirurgia nessa glândula
complexa de água, íons, muco e enzimas (MARIEB, 7ª pode levar à paralisia facial (MARIEB, 7ª ed.).
ed.).
GLÂNDULA SUBMANDIBULAR
↠ A saliva tem pH entre 6,0 e 7,0, uma faixa favorável
à ação digestiva da ptialina (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Tem aproximadamente o tamanho de uma noz, situa-
se ao longo da face medial do corpo da mandíbula,
GLÂNDULAS SALIVARES imediatamente anterior ao ângulo da mandíbula (MARIEB,
7ª ed.).

↠ Seu ducto se abre no assoalho da boca, imediatamente


lateral ao frênulo da língua (MARIEB, 7ª ed.).

GLÂNDULA SUBLINGUAL
↠ Situa-se no assoalho da cavidade oral, inferior à língua.
Seus 10 a 12 ductos se abrem na boca, diretamente
superiores à glândula (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As glândulas sublingual e submandibular são inervadas


pelo nervo facial (nervo craniano VII) (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Todas as glândulas salivares são glândulas As células secretórias das glândulas salivares são células serosas que
tubuloalveolares compostas (MARIEB, 7ª ed.). produzem uma secreção aquosa contendo enzimas e íons de saliva e
células mucosas que produzem muco (MARIEB, 7ª ed.).
↠ As glândulas salivares menores (intrínsecas) estão
espalhadas na mucosa da língua, palato, lábios e ↠ A saliva contém dois tipos principais de secreção de
bochechas. A saliva dessas glândulas mantém a boca proteína: (GUYTON, 13ª ed.).
úmida o tempo inteiro. Por outro lado, as glândulas ➢ a secreção serosa contendo ptialina (uma alfa-
salivares maiores (extrínsecas), situadas fora da boca e amilase), que é uma enzima para a digestão de
conectadas a ela através de seus ductos, secretam saliva amido;
apenas durante, ou antes, da refeição, tornando a boca ➢ a secreção mucosa, contendo mucina, para
molhada. (MARIEB, 7ª ed.). lubrificar e proteger as superfícies.
↠ As principais glândulas salivares são as glândulas
parótidas, submandibulares e sublinguais; além delas, há
diversas minúsculas glândulas orais. A secreção diária de
saliva, normalmente, é de 800 a 1.500 mililitros, com valor
médio de 1.000 mililitros (GUYTON, 13ª ed.). Obs.: Porém, como hoje se
sabe que as células serosas nas
glândulas salivares humanas
GLÂNDULA PARÓTIDA
também secretam uma
pequena quantidade de muco,
↠ É a maior glândula. Fiel ao seu nome (par = perto;
alguns cientistas se referem a
ótida = a orelha), ela se situa anterior à orelha, entre o essas células como células
músculo masseter e a pele (MARIEB, 7ª ed.). seromucosas.) (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Seu ducto parotídeo segue em paralelo com o arco


zigomático, perfura o músculo bucinador (da bochecha) e
se abre no vestíbulo da boca, lateral ao segundo molar
superior (MARIEB, 7ª ed.).
As glândulas parótidas produzem quase toda a secreção de tipo
↠ A secreção do ducto parotídeo é estimulada pelo seroso, enquanto as glândulas submandibulares e sublinguais produzem
nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX). Como os ramos secreção serosa e mucosa. As glândulas bucais só secretam muco
do nervo facial passam pela glândula parótida em seu (GUYTON, 13ª ed.).

@jumorbeck
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SECREÇÃO DE SALIVA O resultado efetivo desses processos de transporte é que, em


condições de repouso, as concentrações de íons sódio e cloreto na
↠ A secreção de saliva é uma operação de dois estágios: saliva são de apenas 15 mEq/L, cerca de um sétimo a um décimo de
suas concentrações no plasma. Por outro lado, a concentração de íons
o primeiro envolve os ácinos e o segundo envolve os
potássio é aproximadamente 30 mEq/L, sete vezes maior do que a
ductos salivares (GUYTON, 13ª ed.). concentração no plasma; e a concentração de íons bicarbonato é de
50 a 70 mEq/L, cerca de duas a três vezes a do plasma (GUYTON,
↠ Os ácinos produzem secreção primária contendo 13ª ed.).
ptialina e/ou mucina em solução de íons em
concentrações não muito diferentes das típicas dos Quando a secreção salivar atinge sua intensidade máxima, as
concentrações iônicas salivares se alteram consideravelmente, porque
líquidos extracelulares (GUYTON, 13ª ed.). a velocidade de formação de saliva primária pelos ácinos pode
aumentar em até 20 vezes. Essa secreção acinar, então, flui tão
↠ À medida que a secreção primária flui pelos ductos, rapidamente pelos ductos que a modificação no ducto da saliva é muito
ocorrem dois importantes processos de transporte: reduzida (GUYTON, 13ª ed.).

➢ O ativo que modificam bastante a composição REGULAÇÃO NERVOSA DA SECREÇÃO SALIVAR


iônica da saliva. Primeiro, íons sódio são
reabsorvidos ativamente nos ductos salivares, e
íons potássio são ativamente secretados por
troca do sódio. Portanto, a concentração de íons
sódio da saliva diminui, enquanto a concentração
de íons potássio fica maior. Entretanto, a
reabsorção de sódio excede a secreção de
potássio, o que cria negatividade elétrica de
cerca de -70 milivolts nos ductos salivares; por
sua vez, essa negatividade faz com que íons
cloreto sejam reabsorvidos passivamente. Por
conseguinte, a concentração de íons cloreto no
líquido salivar cai a nível muito baixo, comparado
à concentração de íons sódio (GUYTON, 13ª ed.).
➢ Segundo, íons bicarbonato são secretados pelo
epitélio dos ductos para o lúmen do ducto. Essa
secreção é, em parte, causada pela troca de
bicarbonato por íons cloreto e, em parte, resulta ↠ As glândulas salivares são controladas principalmente
de processo secretório ativo (GUYTON, 13ª ed.). por sinais nervosos parassimpáticos que se originam nos
núcleos salivatórios superior e inferior, no tronco cerebral
(GUYTON, 13ª ed.).

↠ Os núcleos salivatórios estão localizados


aproximadamente na junção entre o bulbo e a ponte e
são excitados por estímulos gustativos e táteis, da língua
e de outras áreas da boca e da faringe (GUYTON, 13ª ed.).

↠ Muitos estímulos gustativos, especialmente o sabor


azedo (causado por ácidos), provocam copiosa secreção
de saliva — com frequência, 8 a 20 vezes a secreção
basal. Além disso, estímulos táteis, como a presença de
objetos de superfície lisa na boca (p. ex., um seixo),
causam salivação acentuada, enquanto objetos ásperos
causam menor salivação e, às vezes, até mesmo a inibem
(GUYTON, 13ª ed.).

↠ A salivação pode também ser estimulada, ou inibida,


por sinais nervosos que chegam aos núcleos salivatórios

@jumorbeck
7

provenientes dos centros superiores do sistema nervoso ➢ A saliva frequentemente contém quantidades
central. Por exemplo, quando a pessoa sente o cheiro ou significativas de anticorpos proteicos, que podem
come os alimentos preferidos, a salivação é maior do que destruir as bactérias orais, incluindo algumas das
quando ela come ou cheira alimento de que não gosta que causam cáries dentárias. Na ausência de
(GUYTON, 13ª ed.). salivação, os tecidos orais, com frequência, ficam
ulcerados e até infectados, e as cáries dentárias
↠ Um fator secundário que afeta a secreção salivar é o
podem ser comuns.
suprimento de sangue para as glândulas, porque essa
secreção sempre requer nutrientes adequados do
sangue. Os sinais nervosos parassimpáticos que induzem Embriologia da Cavidade Oral
salivação abundante também dilatam moderadamente os
vasos sanguíneos. Além disso, a própria salivação dilata, de ↠ Ao final da segunda semana, o endoderma da parte
modo direto, os vasos sanguíneos, proporcionando, assim, média do terço cefálico do disco apresenta um
maior nutrição das glândulas salivares, necessária às espessamento arredondado, denominado placa precordal,
células secretoras. Parte desse efeito vasodilatador que adere firmemente ao ectoderma. Essa região de
adicional é causado pela calicreína, secretada pelas células firme adesão entre ectoderma e endoderma constitui o
salivares ativadas que, por sua vez, agem como enzima a que será a membrana bucofaríngea (KATCHBURIAN, 4ª
qual cliva uma das proteínas do sangue, alfa2-globulina, ed.).
para formar a bradicinina, potente vasodilatador (GUYTON, ↠ Fusão similar ocorre na região caudal, entre as
13ª ed.). pequenas regiões arredondadas dos dois folhetos,
FUNÇÕES DA SALIVA formando a membrana cloacal. Nesse período,
determinam-se as duas extremidades do tubo digestivo
➢ Umedece a boca (MARIEB, 7ª ed.). que irá se formar: a boca e o ânus (KATCHBURIAN, 4ª
➢ Dissolve substâncias químicas alimentares para ed.).
que possam ser degustadas (MARIEB, 7ª ed.).
➢ Molha o alimento e compacta o alimento como
um bolo. Suas enzimas, a amilase e a lipase
salivares, começam a digestão dos carboidratos
e gorduras (MARIEB, 7ª ed.).
A saliva contém um tampão de bicarbonato que neutraliza os ácidos produzidos
pelas bactérias orais e que iniciam a cárie dentária. Além disso, ela contém
enzimas bactericidas, substâncias antivirais, anticorpos e um composto de
cianeto — todos eles são capazes de eliminar microrganismos orais nocivos. A
saliva também contém proteínas que estimulam o crescimento de bactérias
benéficas que superam competitivamente as bactérias nocivas na boca.
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ A saliva ajuda a evitar os processos de deterioração


de diversas maneiras: (GUYTON, 13ª ed.).
➢ O fluxo de saliva ajuda a lavar a boca das
bactérias patogênicas, bem como das partículas DESENVOLVIMENTO DA CAVIDADE ORAL PRIMITIVA
de alimentos que provêm suporte metabólico a
essas bactérias. ↠ Na extremidade cefálica, a cavidade oral primitiva, ou
➢ A saliva contém vários fatores que destroem as estomódeo, originada por uma invaginação do ectoderma,
bactérias. São eles os íons tiocianato e diversas é separada do intestino anterior ou cefálico por uma fina
enzimas proteolíticas — a mais importante é a membrana ectodérmica/endodérmica - a membrana
lisozima — que: atacam as bactérias; ajudam os bucofaríngea -, que se forma no 22º dia do
íons tiocianato a entrar nas bactérias, onde se desenvolvimento (KATCHBURIAN, 4ª ed.).
tornam bactericidas; e digerem partículas de ↠ Logo em seguida, no 27º dia, ocorre a perfuração da
alimentos, ajudando, assim, a remover, ainda membrana, estabelecendo-se a comunicação entre a
mais o suporte metabólico das bactérias.

@jumorbeck
8

cavidade oral primitiva e o intestino anterior ↠ Na quarta semana de gestação, duas saliências do
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). ectomesênquima aparecem no aspecto interno do
primeiro arco branquial, formando, assim, as saliências
ARCOS, BOLSAS, SULCOS E MEMBRANAS BRANQUIAIS linguais. Atrás e entre essas saliências, aparece uma
↠ O aparelho branquial é composto de arcos, bolsas e eminência medial, denominada tubérculo ímpar; sua
sulcos branquiais. Essas estruturas contribuem para a margem caudal forma o forame cego (KATCHBURIAN,
maior parte da formação da face e do pescoço 4ª ed.).
(KATCHBURIAN, 4ª ed.).

↠ Os arcos branquiais iniciam seu desenvolvimento nos


primeiros dias da quarta semana de gestação, quando
também ocorre a migração das células da crista neural.
Os arcos são separados externamente pelos sulcos
branquiais, que também são numerados em sequência
craniocaudal (KATCHBURIAN, 4ª ed.).

↠ O primeiro arco branquial é subdividido em dois


processos: mandibular – o maior, que formará a
mandíbula –, e maxilar – que formará a maxila, o arco
zigomático e a porção escamosa do osso temporal. Esses
processos delimitam a cavidade oral (KATCHBURIAN, 4ª ↠ As saliências linguais crescem e fundem-se, cobrindo
ed.). o tubérculo ímpar, de modo a formar a mucosa dos dois
terços anteriores da língua, cujo epitélio é de origem
ectodérmica. As porções centrais do segundo, terceiro e
quarto arcos branquiais elevam-se juntamente para
formar uma proeminência denominada cópula. O
endoderma desses arcos branquiais e a cópula formam a
superfície do terço posterior da língua (KATCHBURIAN,
4ª ed.).

↠ A combinação das diferentes origens embriológicas da


língua é demonstrada pela sua complexa inervação. O
primeiro arco branquial, cujo nervo é o trigêmeo, dá
origem ao ramo lingual, responsável pela sensação tátil
geral da língua. O segundo arco branquial, cujo nervo é o
facial, pelo ramo corda do tímpano, é responsável pela
sensação gustativa. Os terceiro e quarto arcos
↠ Nas etapas iniciais, cada arco contém escasso
contribuem para as sensações tátil e gustativa da região
mesênquima, recoberto externamente por ectoderma e
da base da língua, por meio dos nervos glossofaríngeo e
internamente por endoderma. Em seguida, o mesênquima
vago (KATCHBURIAN, 4ª ed.).
é invadido por células provenientes da crista neural. Essas
células, apesar de serem de origem ectodérmica, formam SEGMENTO INTERMAXILAR
o tecido denominado ectomesênquima, responsável pelas
estruturas ósseas, dentárias (com exceção do esmalte), ↠ Como resultado do crescimento das proeminências
conjuntivas e musculares da região craniofacial maxilares, as duas proeminências nasais mediais se
(KATCHBURIAN, 4ª ed.). fusionam não apenas superficialmente, mas também em
nível mais profundo (LANGMAN, 13ª ed.).
DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA
↠ A estrutura formada pela fusão das duas
↠ A língua tem origem na parede ventral da orofaringe, proeminências é o segmento intermaxilar. Ela é formada
na região dos quatro primeiros arcos branquiais por: (LANGMAN, 13ª ed.).
(KATCHBURIAN, 4ª ed.).

@jumorbeck
9

➢ um componente labial, que forma o filtro do lábio


superior
➢ o componente da mandíbula superior, que
carrega os quatro dentes incisivos;
➢ um componente palatal, que forma o palato
primário triangular.

↠ As cristas palatinas (prateleiras palatinas), a princípio,


estão voltadas para baixo, a cada lado da língua. Com o
contínuo crescimento, após a sétima semana, ocorre um
rebaixamento aparente da língua, possibilitando que as
cristas palatinas sejam elevadas, fundindo-se entre si e
com o palato primário, formando o palato secundário
(KATCHBURIAN, 4ª ed.).

↠ O segmento intermaxilar da origem ao filtro do lábio


superior (LANGMAN, 13ª ed.).

DESENVOLVIMENTO DO PALATO
↠ No início do desenvolvimento do palato, as cavidades
oral e nasal comunicam-se, e o espaço entre elas é
ocupado pela língua em desenvolvimento e delimitado
anteriormente pelo palato primário (KATCHBURIAN, 4ª
ed.).

↠ O palato primário é derivado do segmento intermaxilar


(LANGMAN, 13ª ed.).

@jumorbeck
10

A movimentação e o fechamento das cristas palatinas envolvem uma


força intrínseca, tendo talvez relação com a grande quantidade de
proteoglicanos e de fibroblastos contráteis da região. Durante a fusão
dos epitélios do palato secundário, ocorre adesão (KATCHBURIAN, 4ª
ed.).

DESENVOLVIMENTO DAS GLÂNDULAS


↠ Durante a sexta e sétima semanas, as glândulas
salivares, sob a influência da via de sinalização Notch,
desenvolvem-se como uma estrutura altamente
ramificada pela morfogênese de ramificação a partir de
brotos epiteliais maciços a partir da cavidade oral primitiva
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Somente quando o palato secundário se desenvolve
↠ O tecido conjuntivo das glândulas é derivado de células
é que as cavidades oral e nasal se separam. A formação
da crista neural. Todo tecido do parênquima (secretor)
do palato secundário ocorre entre a sétima e a oitava
surge pela proliferação do epitélio oral (MOORE, 10ª ed.).
semana de gestação, decorrente de uma fusão medial
das cristas palatinas, formadas a partir dos processos GLÂNDULAS PARÓTIDAS
maxilares (KATCHBURIAN, 4ª ed.).
↠ As glândulas parótidas são as primeiras a se
desenvolverem e aparecem no início da sexta semana
(MOORE, 10ª ed.).

↠ Elas se desenvolvem a partir de brotos que surgem


do revestimento ectodérmico oral próximo aos ângulos
do estomodeu (MOORE, 10ª ed.).

↠ O alongamento das mandíbulas causa estiramento do


ducto da parótida, com a glândula remanescente próxima
ao seu local de origem (MOORE, 10ª ed.).

↠ Posteriormente os brotos se canalizam (desenvolvem


um lúmen) e se tornam ductos por volta da 10ª semana.
As extremidades arredondadas dos cordões diferenciam-
se em ácinos (estruturas em forma de uva). A atividade
secretora começa com 18 semanas. A cápsula e o tecido
conjuntivo desenvolvem-se a partir do mesênquima
circundante (MOORE, 10ª ed.).

GLÂNDULAS SUBMANDIBULARES
↠ As glândulas submandibulares aparecem no final da
sexta semana (MOORE, 10ª ed.).

↠ Elas se desenvolvem de brotos endodérmicos no


assoalho do estomodeu. Processos celulares sólidos
crescem lateral e posteriormente à língua em
desenvolvimento. Mais tarde, elas se ramificam e se
diferenciam (MOORE, 10ª ed.).
↠ Anteriormente, as prateleiras se fusionam com o
palato primário triangular, e o forame incisivo torna-se a ↠ Os ácinos começam a se formar com 12 semanas e a
referência na linha média entre os palatos primário e atividade secretora inicia-se com 16 semanas. O
secundário (LANGMAN, 13ª ed.). crescimento das glândulas continua após o nascimento
com a formação de ácinos mucosos. Lateralmente, à

@jumorbeck
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língua em desenvolvimento, forma-se um sulco linear que e sãos responsáveis por casos de morte perinatal no
logo se fecha para formar o ducto submandibular Brasil (SANTOS, 2016).
(MOORE, 10ª ed.).
↠ O forame incisivo é considerado o marco divisor entre
GLÂNDULAS SUBLINGUAIS fendas anterior e posterior (LANGMAN, 13ª ed.).

↠ As glândulas sublinguais aparecem durante a oitava ↠ As deformidades anteriores ao forame incisivo incluem
semana, aproximadamente 2 semanas mais tarde do que a fenda labial lateral, a fenda mandibular superior e a fenda
outras glândulas (MOORE, 10ª ed.). entre os palatos primário e secundário (LANGMAN, 13ª
ed.).
↠ Elas se desenvolvem a partir de múltiplos brotos
epiteliais endodérmicos que se ramificam e se canalizam ↠ Essas fendas são especialmente conspícuas, pois elas
para formar entre 10 e 12 ductos, que se abrem resultam em uma aparência facial anormal e fala com
independentemente no assoalho da boca (MOORE, 10ª ed.). defeito. (MOORE, 10ª ed.).

Fendas Labiopalatais

↠ A fissura labial e/ou fenda palatina são malformações


congênitas faciais mais comuns, e vêm apresentando Fendas labial e palatina unilateral
tendência de aumento no Brasil e no mundo
(SHIBUKAWA, 2019). FENDAS LABIAIS
↠ A fissura labial e/ou fenda palatina é decorrente de ↠ As fendas labiais podem ser unilaterais ou bilaterais
problemas no processo de desenvolvimento durante o (MOORE, 10ª ed.).
período embrionário ou fetal, provocando a deficiência ou
falta de fusão entre os tecidos que compõem estas ↠ Uma fenda labial unilateral resulta de uma falha da
estruturas (SHIBUKAWA, 2019). proeminência maxilar no lado afetado de unir-se com as
proeminências nasais mediais. A falha das massas
A etiologia da anomalia de lábio e/ou palato ainda não se encontra
bem definida; porém, estudos apontam que entre 25 e 30% dos casos
mesenquimais em fundir-se e do mesênquima em
são resultantes de fatores hereditários e, de 70 a 80% possuem proliferar e suavizar o epitélio sobrejacente resulta em
etiologia multifatorial, envolvendo entre outros aspectos, hábitos de um sulco labial persistente (MOORE, 10ª ed.).
vida maternos durante a gestação (dieta, álcool, fumo e drogas)
(SHIBUKAWA, 2019). ↠ Uma fenda labial bilateral resulta de uma falha das
massas mesenquimais de ambas proeminências maxilares
Uma fenda labial com ou sem uma fenda palatina ocorre em
aproximadamente um a cada 1.000 nascimentos, mas a frequência varia em se encontrar e se fundirem com as proeminências
amplamente entre os grupos étnicos. Entre 60% a 80% dos recém- nasais mediais (MOORE, 10ª ed.).
nascidos afetados são do sexo masculino (MOORE, 10ª ed.).
↠ Uma fenda labial mediana é um defeito raro que resulta
↠ Estas são malformações que se inicia ainda no primeiro de uma deficiência mesenquimal. Esse defeito causa falha
trimestre, mais exatamente na quarta semana de vida parcial ou completa das proeminências nasais mediais em
intrauterina devido à falta de fusão do maxilar e do nariz se fundir e formar os processos palatinos medianos. Uma

@jumorbeck
12

fenda labial mediana é um aspecto característico da completa do palato posterior é um defeito no qual a fenda
síndrome de Mohr, que é transmitida como um traço estende-se através do palato mole e anteriormente à
recessivo autossômico (MOORE, 10ª ed.). fossa incisiva. O marco para distinguir defeitos de fenda
anterior da posterior é a fossa incisiva. Fendas unilaterais
e bilaterais do palato são classificadas em três grupos:
(MOORE, 10ª ed.).

➢ Fendas do palato anterior (fendas anteriores à


fossa incisiva) resultam da falha de massas
mesenquimais dos processos palatinos laterais
de se encontrarem e se fundirem com o
mesênquima no palato primário
➢ Fendas do palato posterior (fendas posteriores
à fossa incisiva) resultam da falha das massas
mesenquimais dos processos palatinos laterais
de se encontrarem e se fundirem entre si e
com o septo nasal
➢ Fendas das partes secundárias do palato (fendas
dos palatos anterior e posterior) resultam da
falha das massas mesenquimais dos processos
palatinos laterais de se encontrarem e se
fundirem com o mesênquima no palato primário
entre si e com o septo nasal

POSSÍVEIS CAUSAS
↠ A maioria das fendas do lábio superior e do palato
resulta de múltiplos fatores genéticos e não genéticos
(herança multifatorial) com cada um causando um
pequeno distúrbio do desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.).

↠ As causas das malformações orais constituem, até


hoje, um desafio para a ciência. Sua etiologia é bastante
complexa e multifatorial, ou seja, pode envolver fatores
A fenda labial unilateral esquerda e fenda palatina. B
tanto genéticos quanto ambientais, isolados ou em
fenda labial bilateral e fenda palatina
associação (SANTOS, 2016).
FENDAS PALATINAS
↠ Dentre os fatores etiológicos que parecem estar mais
↠ Uma fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre frequentes relacionados a essa anomalia estão: (SANTOS,
aproximadamente em 1 a cada 2.500 nascimentos, e ela 2016).
é mais comum em meninas do que em meninos
(MOORE, 10ª ed.). ➢ Hipervitaminose A;
➢ estresse emocional;
↠ A fenda pode envolver apenas a úvula (uma úvula ➢ corticoides;
fendida apresenta a aparência de uma cauda de peixe; ou ➢ consanguinidade;
a fenda pode se estender através das regiões do palato ➢ viroses;
mole e do duro. Em casos graves, quando associados à ➢ radiações ionizantes;
fenda labial, a fenda no palato estende-se através da parte ➢ alcoolismo;
alveolar da maxila e dos lábios em ambos os lados ➢ trauma mecânico;
(MOORE, 10ª ed.). ➢ hereditariedade e idade avançada dos pais
(principalmente do pai)
↠ Uma fenda palatina completa indica o grau máximo de
fenda de qualquer tipo particular. Por exemplo, uma fenda

@jumorbeck
13

IMPACTOS CAUSADOS NA VIDA DO PORTADOR E DOS ↠ Estes sentimentos podem comprometer suas
FAMILIARES relações interpessoais, bem como sua adaptação social,
com implicações na formação e estruturação de sua
↠ A fissura labiopalatal é uma anomalia que causa grande identidade (SANTOS, 2016).
impacto na vida do indivíduo portador, provocando
problemas funcionais, estéticos e psíquicos (SANTOS, Realizaram um estudo para compreender a experiência emocional e
social das mães de crianças com fissura labiopalatal, a partir de uma
2016).
avaliação de respostas de enfrentamento empregadas por elas, para
↠ Diversos problemas decorrentes da presença de lidar com a condição de ter um filho com fissura. O estudo contou
com a participação de 14 mães, donas de casa, com filhos com fissura
fissura labial e/ou fenda palatina podem acometer seu de 0 a 5 anos, residente em Deli e nos seus subúrbios (SANTOS,
portador desde o nascimento, tais como dificuldades no 2016).
aleitamento materno devido a sucção, deglutição e
Os resultados mostram que a maioria das mães passaram por um
respiração prejudicadas, distúrbios na audição e fonação, processo de negação e tiveram uma aceitação gradual da criança
com prejuízos na comunicação, além da baixa aceitação fissurada, devido às tensões das alterações físicas e questões
social. A soma desses fatores pode implicar ainda em financeiras voltadas para o cuidado (SANTOS, 2016).
complicadores psicológicos, afetando tanto a criança A presença de apoio social melhorou a qualidade de vida das crianças
quanto sua família (SHIBUKAWA, 2019). e da mãe. As intervenções precisam ser desenvolvidas para ajudar os
pais a lidarem com o impacto social da estigmatização e com as
↠ A mesma provoca danos físicos que se refletem no preocupações referentes ao lábio e palato (SANTOS, 2016).
sistema respiratório, auditivo, digestivo, dentição e na
articulação da fala, além de um forte impacto psicológico TRATAMENTO
trazido pelo preconceito. Esse quadro se agrava quando ↠ O tratamento consiste na realização de procedimento
a deformidade não é tratada no primeiro ano de vida do cirúrgico, garantindo um resulta estético funcional e a
paciente - problema que ocorre mais comumente nas redução das sequelas que possam aparecer com o
camadas carentes da população (SANTOS, 2016). tempo (SANTOS, 2016).
↠ Estas disfunções nem sempre corrigíveis e mesmo ↠ A época do procedimento cirúrgico realizado, técnica
com cirurgia corretiva, nem sempre é possível evitar utilizada, gravidade da lesão, ambiente socioeconômico,
sequelas anátomo-fisiológicas na face, sequelas sequência de tratamento, com os profissionais adequados
psicossociais e/ou distúrbios na comunicação oral. Estas e, ainda, fatores intrínsecos individuais e fatores sociais
podem se tornar barreiras para inserção social das podem comprometer a reabilitação do fissurado
pessoas com fissura labiopalatal e para o desenvolvimento (SANTOS, 2016).
de suas habilidades individuais, seja na escola, no trabalho
ou na comunidade (SANTOS, 2016). ↠ A atuação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo:
Medicina, Odontologia, Fonoaudiologia, Psicologia,
↠ O portador de fissura labiopalatal depara-se com uma Enfermagem, Serviço Social e Nutrição é de fundamental
sociedade de fetiches, que valoriza o que é bonito e importância para o sucesso da reabilitação (SANTOS,
perfeito, e o julga como incapaz e inabilitado para uma 2016).
aceitação social plena. O fissurado pode vir a sentir-se
desajustado socialmente, já que pode ser visto como
diferente, sendo passível de discriminação e
estigmatização (SANTOS, 2016).

↠ Os comprometimentos psicossocias que o indivíduo


com fissura pode apresentar são sentimentos como:
(SANTOS, 2016).
➢ Isolamento;
➢ Retraimento;
➢ Timidez;
➢ Vergonha;
➢ Indiferença ao meio social, que favorecem o
desenvolvimento de uma autoimagem negativa.

@jumorbeck
14

Referências:

JUNIOR, J. C. C. S.; IZABEL, T. S. S. Microbiota Oral e sua


implicação no binômio saúde-doença. Revista Contexto &
Saúde, v. 19, n. 36, p. 91-99, 2019.
GERMANO et. al. Microrganismos habitantes da cavidade
oral e sua relação com patologias orais e sistêmicas:
revisão de literatura. Revista de ciências da saúde, v. 16, n.
2, p. 91-99, 2018.
SILVA, A. S. M. Microbioma Oral: O seu papel na saúde e
na doença. Dissertação apresentada na Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2016.

SHIBUKAWA et. al. Fatores associados à presença de


fissura labial e/ou fenda palatina em recém nascidos
brasileiros Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, v.19, n.4,
p.957-966, 2019.
SANTOS, L. B. As experiências com a fissura labiopalatal
e os processos de estigmatização. Dissertação de
Mestrado, 2016.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível


em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

@jumorbeck
1

↠ O sistema digestório consiste no trato digestório, um ↠ As principais funções do sistema digestório são:
tubo que se estende da boca até o ânus, e está associado
1- A ingestão é a entrada de alimento sólido ou
a órgãos acessórios – principalmente glândulas localizadas
líquido no estômago. A rota normal da ingestão é
fora do trato digestório que secretam fluidos em seu
pela cavidade oral (SEELY, 10ª ed.).
interior (SEELY, 10ª ed.).
2- A mastigação é o processo pelo qual os dentes
O trato digestório também é chamado de trato alimentar, ou canal mastigam os alimentos na boca. As enzimas
alimentar. Tecnicamente, o termo trato gastrintestinal refere-se digestivas não conseguem penetrar facilmente
somente ao estômago e aos intestinos, mas muitas vezes é utilizado
como sinônimo de trato digestório (SEELY, 10ª ed.).
nas partículas sólidas de comida e conseguem
atuar somente na superfície das partículas. A
↠ As regiões do trato digestório incluem: (SEELY, 10ª quebra mecânica dos alimentos sólidos em
ed.). partículas menores, de modo a aumentar a área
total da superfície dos alimentos para a digestão,
➢ Cavidade oral, ou boca, com as glândulas
é um processo vital (SEELY, 10ª ed.).
salivares e tonsilas como glândulas acessórias.
3- A propulsão é o movimento do alimento de uma
➢ Faringe, ou garganta.
extremidade do trato digestório para outra. O
➢ Esôfago.
tempo total que o alimento leva para atravessar
➢ Estômago.
todo o comprimento do trato digestório é
➢ Intestino delgado, que consiste em duodeno,
normalmente 24 a 36 horas. Cada segmento do
jejuno e íleo, com o fígado, a vesícula biliar e o
trato digestório é especializado em auxiliar no
pâncreas como os principais órgãos acessórios.
movimento do seu conteúdo a partir da
➢ Intestino grosso, incluindo ceco, cólon, reto e
extremidade oral para a extremidade anal
canal anal.
(SEELY, 10ª ed.).
➢ Ânus.
A deglutição move líquido ou massas moles de alimento, chamadas bolo
Funções do Sistema Digestório alimentar, a partir da cavidade oral para o esôfago (SEELY, 10ª ed.).

A peristalse propele o material ao longo de grande parte do trato digestório.


Ondas peristálticas são contrações musculares que consistem em ondas de
relaxamento dos músculos circulares situados em frente ao bolo alimentar,
seguidas por uma onda de contração intensa dos músculos circulares situados
atrás do bolo alimentar, o que força o bolo alimentar ao longo do tubo digestório.
Cada onda peristáltica percorre o comprimento do esôfago em cerca de 10
segundos. As ondas peristálticas do intestino delgado geralmente percorrem
somente distâncias curtas (SEELY, 10ª ed.).

O movimento de massa consiste em contrações que movem os materiais em


algumas partes do intestino grosso. O movimento de massa estende-se por
partes muito mais longas do trato digestório do que os movimentos peristálticos
(SEELY, 10ª ed.).

4- Mistura. Algumas contrações não propelem o


alimento de uma extremidade do trato digestório
para outra, porém, movem-no para trás e para a
frente do trato digestório, misturando-o com as
secreções digestivas e auxiliando na sua
fragmentação em pedaços menores. As

@jumorbeck
2

contrações segmentares são contrações de fezes, são então eliminados do trato digestório
mistura que ocorrem no intestino delgado pelo processo de defecação (SEELY, 10ª ed.).
(SEELY, 10ª ed.).
Histologia do Sistema Digestório

↠ As paredes do tubo digestório, do esôfago até o canal


anal, têm as mesmas quatro camadas de tecido. A partir
da luz da víscera, essas camadas são a mucosa,
submucosa, muscular e serosa (MARIEB, 7ª ed.).

5- Secreção. Conforme o alimento se move ao


longo do trato digestório, secreções são
adicionadas para lubrificar, liquefazer, tamponar e
digerir o alimento. O muco, secretado ao longo
de todo o trato digestório, lubrifica o alimento e
o revestimento do trato. O muco reveste e
protege as células epiteliais do trato digestório
contra a abrasão mecânica, o ácido estomacal e
as enzimas digestivas. As secreções também
contêm grandes quantidades de água, que MUCOSA
liquefaz o alimento, tornando sua digestão e ↠ A mucosa, ou membrana mucosa, é a camada mais
absorção mais fácil (SEELY, 10ª ed.). interna do tubo digestório. É a mais complexa das
6- A digestão é a quebra de grandes moléculas membranas mucosas no corpo e contém três
orgânicas nas partes que as compõem: subcamadas: um epitélio de revestimento, uma lâmina
carboidratos em monossacarídeos, proteínas em própria e uma muscular da mucosa (MARIEB, 7ª ed.).
aminoácidos, e triglicerídeos em ácidos graxos e
glicerol. A digestão consiste na digestão EPITÉLIO
mecânica, que envolve a mastigação e a mistura
↠ O epitélio reveste a luz do tubo digestório e
do alimento, e na digestão química, que é
desempenha muitas funções relacionadas à digestão,
realizada pelas enzimas digestivas secretadas ao
como a absorção dos nutrientes e a secreção de muco.
longo do trato digestório (SEELY, 10ª ed.).
Esse epitélio é contínuo com os ductos e células
7- A absorção é o movimento de moléculas do trato
secretórias das várias glândulas digestórias, a maioria das
intestinal para a circulação ou para o sistema
quais situada inteiramente dentro da parede e chamadas
linfático. O mecanismo pelo qual a absorção
glândulas intrínsecas (MARIEB, 7ª ed.).
ocorre depende do tipo de molécula envolvida.
As moléculas atravessam o trato digestório por ↠ O epitélio na boca, faringe, esôfago e canal anal é feito
difusão, difusão facilitada, transporte ativo, principalmente de epitélio escamoso estratificado não
simporte ou endocitose (SEELY, 10ª ed.). queratinizado, que tem uma função protetora. O epitélio
8- A eliminação é o processo pelo qual os produtos colunar simples, que atua na secreção e absorção,
de excreção da digestão são removidos do reveste o estômago e os intestinos. As zônulas de oclusão
corpo. Durante esse processo, que ocorre que vedam firmemente as células epiteliais colunares
principalmente no intestino grosso, água e sais simples vizinhas uma à outra restringem os
são absorvidos, alterando o material do trato extravasamentos intercelulares. A taxa de renovação das
digestório de líquido para semissólido. Esses células epiteliais do canal alimentar é rápida: a cada 5 a 7
produtos de excreção semissólidos, chamados

@jumorbeck
3

dias, descamam e são substituídas por células novas MUSCULAR


(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Externa à submucosa encontra -se a camada
LÂMINA PRÓPRIA muscular, também chamada camada muscular externa. Na
maior parte do tubo digestório, essa túnica consiste em
↠ A lâmina própria é um tecido conjuntivo reticular cujos duas camadas de músculo liso: a camada circular interna,
capilares nutrem o epitélio de revestimento e absorvem cujas fibras são orientadas em torno da circunferência do
os nutrientes digeridos (MARIEB, 7ª ed.). tubo, e a camada longitudinal, cujas fibras são orientadas
↠ A lâmina própria contém a maior parte do tecido ao longo do comprimento do canal (MARIEB, 7ª ed.).
linfático associado à mucosa (MALT), que defende contra ↠ Em termos funcionais, a camada circular comprime o
a invasão de bactérias e outros microrganismos pelo tubo tubo intestinal e a camada longitudinal o encurta. Juntas,
digestório (MARIEB, 7ª ed.). O MALT é encontrado em essas camadas são responsáveis pelo peristaltismo e pela
todo o canal alimentar, especialmente nas tonsilas, no segmentação (MARIEB, 7ª ed.).
intestino delgado, no apêndice vermiforme e no intestino
grosso (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Em alguns lugares, a camada circular torna-se espessa
e forma esfíncteres que agem como válvulas para evitar
↠ Esta camada apoia o epitélio e liga-o à lâmina muscular o refluxo do alimento de um órgão para o outro (MARIEB,
da mucosa (TORTORA, 14ª ed.). 7ª ed.).
MUSCULAR DA MUCOSA ↠ Outro plexo nervoso, o plexo mioentérico, ou plexo
↠ Externa à lâmina própria encontra-se a muscular da de Auerbach, também é composto por axônios, muitos
mucosa, uma fina camada de músculo liso que produz corpos celulares espalhados e células neurogliais e estão
movimentos locais da mucosa (MARIEB, 7ª ed.). entre essas duas camadas musculares. O plexo
mioentérico, que é muito mais extenso do que o plexo
↠ Produz múltiplas pequenas pregas na túnica mucosa submucoso, controla a motilidade do trato intestinal
do estômago e intestino delgado, que aumentam a área (SEELY, 10ª ed.).
de superfície para a digestão e absorção (TORTORA, 14ª
ed.). ATIVIDADE ELÉTRICA DO MÚSCULO LISO

No interior de cada feixe, as fibras musculares se conectam


↠ Os movimentos da lâmina muscular da mucosa eletricamente por meio de grande quantidade de junções
asseguram que todas as células absortivas sejam comunicantes, com baixa resistência à movimentação dos íons da
totalmente expostas ao conteúdo do canal alimentar célula muscular para a seguinte (GUYTON, 13ª ed.).
(TORTORA, 14ª ed.). Assim, cada camada muscular funciona como um sincício; isto é,
quando um potencial de ação é disparado em qualquer ponto na massa
SUBMUCOSA muscular, ele, em geral, se propaga em todas as direções no músculo
(GUYTON, 13ª ed.).
↠ A tela submucosa consiste em tecido conjuntivo
areolar que liga a túnica mucosa à túnica muscular O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade elétrica
(TORTORA, 14ª ed.). intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares. Essa
atividade consiste em dois tipos básicos de ondas elétricas: (GUYTON,
↠ Contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos que 13ª ed.).
recebem moléculas dos alimentos absorvidos. Uma ➢ Ondas lentas: o ritmo das contrações é determinado, em
extensa rede de neurônios conhecida como plexo grande parte, pela frequência das chamadas “ondas lentas”
submucoso (que será descrito adiante) também está do potencial da membrana do músculo liso. Essas ondas
localizada na tela submucosa. A tela submucosa também não são potenciais de ação. Em vez disso, são variações
lentas e ondulantes do potencial de repouso da membrana.
pode conter glândulas e tecidos linfáticos (TORTORA, 14ª
ed.). Não se conhece, exatamente, a causa das ondas lentas, mas elas
parecem ser ocasionadas por interações complexas entre as células
↠ As muitas fibras elásticas na submucosa permitem que do músculo liso e células especializadas, denominadas células intersticiais
o tubo digestório retome a sua forma original após a de Cajal, que supostamente atuam como marca-passos elétricos das
células do músculo liso (GUYTON, 13ª ed.).
passagem do alimento através dele (MARIEB, 7ª ed.).
➢ Potenciais em espícula: são verdadeiros potenciais de ação.
Ocorrem, automaticamente, quando o potencial de

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repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal fica camadas de membranas. As membranas e o fluido reduzem a fricção
mais positivo do que cerca de -40 milivolts. conforme os órgãos se movem no interior do abdome (SEELY, 10ª
ed.).

A membrana serosa que reveste os órgãos é o peritônio visceral (para


esticar mais), e a que reveste a superfície interior da parede da
cavidade abdominal é o peritônio parietal (SEELY, 10ª ed.).

Cavidade Oral

↠ O alimento entra no tubo digestório pela boca, onde é


mastigado, preparado pela língua e umedecido pela saliva
(MARIEB, 7ª ed.).

↠ A boca, ou cavidade oral, é revestida por mucosa cujos


limites são os lábios anteriormente, as bochechas
lateralmente, o palato superiormente e a língua
Quando o potencial fica menos negativo, o que é denominado inferiormente. Sua abertura anterior é a rima da boca.
despolarização da membrana, as fibras musculares ficam mais Posteriormente, a boca margeia as fauces da parte oral
excitáveis. Quando o potencial fica mais negativo, o que se chama de da faringe (MARIEB, 7ª ed.).
hiperpolarização, as fibras ficam menos excitáveis (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A cavidade oral ou boca, é dividida em duas regiões:
ENTRADA DE ÍONS CÁLCIO
(SEELY, 10ª ed.).
A contração do músculo liso ocorre em resposta à entrada de íons
cálcio na fibra muscular (GUYTON, 13ª ed.). ➢ o vestíbulo (entrada) é o espaço entre as
bochechas ou os lábios e os dentes;
As ondas lentas não estão associadas à entrada de íons cálcio na fibra
do músculo liso (somente provocam entrada de íons sódio). Portanto, ➢ a cavidade oral própria encontra-se atrás dos
as ondas lentas, por si sós, em geral não causam contração muscular. dentes.
É durante os potenciais em espícula, gerados nos picos das ondas
lentas, que quantidades significativas de íons cálcio entram nas fibras e ↠ A cavidade oral é revestida principalmente por epitélio
provocam grande parte da contração (GUYTON, 13ª ed.). estratificado pavimentoso, que a protege contra abrasões
(SEELY, 10ª ed.).
SEROSA OU ADVENTÍCIA
↠ A serosa, que é o peritônio visceral, é a camada mais
externa dos órgãos peritoneais do tubo digestório. Como
todas as membranas serosas, ela é formada por epitélio
simples pavimentoso (mesotélio) sustentado por uma fina
camada de tecido conjuntivo frouxo (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As partes do tubo digestório que não estão associadas


com a cavidade peritoneal não possuem serosa, mas têm
como sua camada externa uma adventícia, que é um
tecido conjuntivo fibroso comum. Por exemplo, o esôfago
no tórax tem uma adventícia que o liga às estruturas
circundantes (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Os órgãos retroperitoneais possuem serosa e


adventícia – uma serosa na face anterior voltada para a
cavidade peritoneal e uma adventícia na face posterior
aderida na parede posterior do abdome (MARIEB, 7ª ed.).
PERITÔNEO

As paredes e os órgãos das cavidades abdominais são revestidos com


membranas serosas. Essas membranas são bastante finas e secretam
um fluido seroso, que proporciona um filme lubrificante entre as

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LÁBIOS, BOCHECHAS E PALATO ↠ A úvula é uma projeção posterior do palato mole.


(SEELY, 10ª ed.). Lateralmente, o palato mole fixa-se à
↠ Os lábios são estruturas musculares formadas pelo língua pelos arcos palatoglossos e à parede da parte oral
músculo orbicular e por tecido conectivo. As superfícies da faringe pelos arcos palatofaríngeos. Essas duas pregas
externas dos lábios são cobertas por pele. O epitélio formam os limites das fauces, a área arqueada da parte
estratificado queratinizado é fino na margem dos lábios e oral da faringe que contém as tonsilas palatinas (MARIEB,
não é tão queratinizado como o epitélio da pele 7ª ed.).
circundante (SEELY, 10ª ed.).
LÍNGUA
↠ Os lábios se estendem do limite inferior do nariz até o
limite superior do mento (queixo). A zona vermelha do
lábio (zona de transição) é a região onde a pele,
altamente queratinizada, encontra a mucosa oral. Essa
região é pouco queratinizada e transparente, portanto ela
tem a cor avermelhada devido ao sangue nos capilares
subjacentes (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Como essa zona de transição carece de glândulas


sudoríferas e sebáceas, ela precisa ser umidificada com
saliva periodicamente para evitar ressecamento e
rachaduras (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Na margem interna dos lábios, o epitélio é contínuo


com o epitélio pavimentoso estratificado úmido da
mucosa da cavidade oral (SEELY, 10ª ed.). ↠ A língua, que ocupa o assoalho da boca, é
↠ O frênulo do lábio (“pequeno freio do lábio”) é uma predominantemente um músculo construído por
prega mediana que conecta a face interna de cada lábio fascículos entrelaçados de fibras musculares esqueléticas
com a gengiva (MARIEB, 7ª ed.). (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As bochechas formam as paredes da cavidade oral. ↠ A língua é um grande músculo que ocupa boa parte
Elas são compostas por um revestimento interior de da cavidade oral quando a boca está fechada. Sua principal
epitélio pavimentoso estratificado úmido e por um ligação à cavidade oral é por meio de sua parte posterior.
revestimento externo de pele. As bochechas também A parte anterior da língua é relativamente livre, exceto
são compostas pelo músculo bucinador, que aproxima as pela ligação ao chão da boca por pequenas dobras de
bochechas dos dentes, e pelo tecido adiposo bucal, que tecido chamadas frênulas linguais (SEELY, 10ª ed.).
completa o perfil dessa parte do rosto (SEELY, 10ª ed.). Os indivíduos em que o frênulo da língua é anormalmente curto ou
se estende excepcionalmente na direção anterior são considerados
Os lábios e as bochechas são muito importantes para a mastigação e
de “língua presa,” e sua fala é distorcida devido à restrição de
para a fala (SEELY, 10ª ed.). Durante a mastigação, a contração dos
movimentos da língua. Essa condição congênita, chamada
músculos bucinadores nas bochechas e do músculo orbicular da boca
anquiloglossia (“língua fundida”), é corrigida cirurgicamente cortando o
nos lábios ajuda a manter os alimentos entre os dentes superiores e
frênulo (MARIEB, 7ª ed.).
inferiores. Estes músculos também ajudam na fala (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os músculos associados com a língua são divididos em
↠ O palato, que forma o teto da boca, possui duas partes
duas categorias: (SEELY, 10ª ed.).
distintas: o palato duro anteriormente e o palato mole
posteriormente (MARIEB, 7ª ed.). ➢ músculos intrínsecos, que estão no interior da
língua propriamente dita;
↠ O palato duro, ósseo, forma uma superfície rígida
➢ músculos extrínsecos, que estão no exterior da
contra a qual a língua força o alimento durante a
língua, mas ligados a ela.
mastigação (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Os músculos intrínsecos, que estão confinados na
↠ O palato mole muscular é um retalho móvel que se
língua e não se conectam aos ossos, possuem fibras que
ergue para fechar a parte oral da faringe durante a
seguem em vários planos diferentes. Esses músculos
deglutição (MARIEB, 7ª ed.).

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mudam a forma da língua, por exemplo, enrolando a triglicerídios (óleos e gorduras) dietéticos e os converte
língua, mas não mudam a sua posição (MARIEB, 7ª ed.). em ácidos graxos mais simples e diglicerídios (TORTORA,
Incluem os músculos longitudinal superior, longitudinal 14ª ed.).
inferior, transverso da língua e vertical da língua
A língua move o alimento na boca e, em cooperação com os lábios
(TORTORA, 14ª ed.). e gengivas, mantém o alimento no lugar durante a mastigação. Ela
também exerce um papel importante na deglutição. Além disso, a
↠ Os músculos extrínsecos se estendem até a língua a língua é o principal órgão sensorial para a gustação e um dos principais
partir dos ossos do crânio e do osso hioide. Esses órgãos da fala (SEELY, 10ª ed.).
músculos extrínsecos alteram a posição da língua: eles a
projetam, retraem e movem lateralmente (MARIEB, 7ª Dentes
ed.). Incluem os músculos: hioglosso, genioglosso e ↠ São órgãos digestórios acessórios (TORTORA, 14ª ed.).
estiloglosso (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os adultos possuem normalmente 32 dentes, que são
↠ A língua é dividida por um septo mediano de tecido distribuídos em duas arcadas dentárias: o arco maxilar e
conjuntivo e as duas metades contêm grupos de o arco mandibular (SEELY, 10ª ed.).
músculos idênticos (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Os dentes do adulto são chamados de dentes
↠ O dorso da língua é coberto por três tipos principais permanentes, ou dentes secundários (em torno dos 5
de projeções cilíndricas: as papilas filiformes, fungiformes anos de idade e é completado com aproximadamente 11
e valadas (MARIEB, 7ª ed.). anos). Muitos destes são substituições aos dentes
Os termos papilas e calículos gustatórios não são sinônimos. As papilas decíduos, ou dentes primários, também chamados de
fungiformes e valadas contêm os calículos (MARIEB, 7ª ed.). dentes de leite (nascem dos 6 aos 24 meses), que são
perdidos durante a infância (SEELY, 10ª ed.).
↠ As papilas filiformes cônicas, pontiagudas e
queratinizadas tornam a língua áspera, permitindo a ↠ Os dentes nas metades direita e esquerda de cada
preensão e o preparo do alimento durante a mastigação. arcada dentária são imagens espelhadas uns dos outros.
Essas papilas menores e mais numerosas se alinham em Como resultado, eles são divididos em quatro partes:
fileiras paralelas. Elas conferem à superfície da língua a sua superior direita, superior esquerda, inferior direita e
aparência esbranquiçada e aveludada (MARIEB, 7ª ed.). inferior esquerda (SEELY, 10ª ed.).
↠ As papilas fungiformes, que se assemelham a ↠ Os dentes em cada quadrante incluem um incisivo
minúsculos cogumelos, possuem um cerne vascular que central e um lateral (cortar pedaços de alimentos), um
lhes confere a cor vermelha. Embora menos abundantes canino (perfuram e dilaceram), o primeiro e o segundo
do que as papilas filiformes, elas estão bem espalhadas pré-molares, e o primeiro, o segundo e o terceiro
sobre a superfície da língua. Os calículos gustatórios molares (trituradores) (SEELY, 10ª ed.).
ocorrem no epitélio nos ápices dessas papilas (MARIEB,
Os terceiros molares são muitas vezes chamados de dentes do juízo,
7ª ed.). pois eles geralmente aparecem no fim da adolescência ou no começo
da idade adulta (SEELY, 10ª ed.).
↠ De 10 a 12 grandes papilas valadas alinham-se em uma
fileira em forma de V, delimitando o terço posterior da
língua, imediatamente anterior a um sulco chamado sulco
terminal (MARIEB, 7ª ed.). Cada papila valada é circundada
por uma crista circular, da qual é separada por um sulco
profundo. Os calículos gustatórios ocupam o epitélio lateral
dessas papilas (MARIEB, 7ª ed.).

↠ O terço posterior da língua, situado na parte oral da


faringe e não na boca, não é coberto por papilas, mas
pelas tonsilas linguais (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As glândulas linguais na lâmina própria da língua


secretam muco e um líquido seroso aquoso que contém
a enzima lipase lingual, que atua em até 30% dos

@jumorbeck
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↠ Cada dente é composto por: (SEELY, 10ª ed.). DIGESTÃO MECÂNICA E QUÍMICA NA BOCA
➢ uma coroa com uma ou mais cúspides (pontos); ↠ A digestão mecânica na boca resulta da mastigação,
➢ um colo; em que o alimento é manipulado pela língua, triturado
➢ uma raiz. pelos dentes e misturado com saliva. Como resultado, a
comida é reduzida a uma massa macia flexível, facilmente
↠ A coroa clínica é a parte do dente exposta à cavidade
engolida, chamada bolo alimentar (TORTORA, 14ª ed.).
oral. A coroa anatômica corresponde a toda a parte do
dente coberta por esmalte (SEELY, 10ª ed.). ↠ As moléculas de alimento começam a se dissolver na
água da saliva, uma atividade importante porque as
↠ No centro do dente, está a cavidade da polpa, que é
enzimas podem reagir com as moléculas do alimento
preenchida por vasos sanguíneos, nervos e tecido
apenas em um meio líquido (TORTORA, 14ª ed.).
conectivo, que é chamado polpa (SEELY, 10ª ed.).
↠ Duas enzimas, a amilase salivar e a lipase lingual,
↠ A cavidade da polpa que fica na raiz do dente é
contribuem para a digestão química na boca. A amilase
chamada de canal da raiz. Os nervos e vasos sanguíneos
salivar, que é secretada pelas glândulas salivares, inicia a
do dente entram e saem por um orifício na raiz chamado
degradação do amido (TORTORA, 14ª ed.).
forame apical (SEELY, 10ª ed.).
A maior parte dos carboidratos que ingerimos são amidos, mas apenas
↠ A cavidade da polpa é cercada por um tecido celular os monossacarídios podem ser absorvidos para a corrente sanguínea.
vivo calcificado chamado dentina. A dentina da coroa do Assim, os dissacarídios e amidos ingeridos precisam ser clivados em
dente é coberta por uma substância extremamente dura monossacarídios (TORTORA, 14ª ed.).
e acelular chamada esmalte, que protege o dente contra ↠ A função da amilase salivar é começar a digestão do
a abrasão e ácidos produzidos por bactérias da boca amido pela fragmentação do amido em moléculas
(SEELY, 10ª ed.). menores (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A superfície da dentina na raiz é coberta por uma ↠ Mesmo que o alimento normalmente seja deglutido
substância semelhante ao osso chamada cemento, que muito rapidamente para que todos os amidos sejam
ajuda a ancorar o dente na gengiva (SEELY, 10ª ed.). fragmentados na cavidade oral, a amilase salivar no
↠ Os dentes estão dispostos em alvéolos ao longo do alimento ingerido continua agindo sobre os amidos por
processo alveolar da mandíbula e do maxilar. Tecido aproximadamente 1 h, tempo em que os ácidos do
conectivo fibroso denso e epitélio pavimentoso estômago inativam-na (TORTORA, 14ª ed.).
estratificado, referidos como gengiva, revestem os A parte serosa da saliva, que é produzida principalmente pelas
processos alveolares (SEELY, 10ª ed.). glândulas parótidas e submandibulares, contém uma enzima digestiva
chamada amilase salivar (enzima da quebra do amido) (SEELY, 10ª ed.).
↠ Os ligamentos periodontais (ao redor do dente)
seguram os dentes nos alvéolos (SEELY, 10ª ed.). ↠ A saliva contém também lipase lingual, que é secretada
pelas glândulas linguais na língua. Esta enzima torna-se
↠ Os dentes exercem um importante papel na ativa no ambiente ácido do estômago e, assim, começa a
mastigação e auxiliam na fala (SEELY, 10ª ed.). funcionar após o alimento ser deglutido. Ela cliva os
triglicerídios (óleos e gorduras) em ácidos graxos e
diglicerídios (TORTORA, 14ª ed.).

RESUMO DAS ATIVIDADES DIGESTÓRIAS NA BOCA (TORTORA, 14ª ed.)


ESTRUTURA ATIVIDADE RESuLTADO
BOCHECHAS E LÁBIOS Mantêm os Alimentos
alimentos entre os uniformemente
dentes. mastigados durante
a mastigação.
GLÂNDULAS Secretam saliva Revestimento da
SALIVARES boca e faringe
umedecido e
lubrificado. A
saliva amacia,
hidrata e dissolve a

@jumorbeck
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comida e limpa a FUNÇÕES DAS PRINCIPAIS ENZIMAS DIGESTIVAS (SEELY, 10ª ed.)
boca e os FLUIDO OU ENZIMA FUNÇÃO
dentes. A amilase
SECREÇÕES DA CAVIDADE ORAL
salivar fragmenta o
Saliva serosa Umedece a comida e a membrana mucosa;
amido em maltose,
(principalmente neutraliza os ácidos bacterianos; “lava” as
maltotriose e alfa-
água, íons bactérias da cavidade oral; possui fraca
dextrinas
bicarconato) atividade antibacteriana
LÍNGUA Amilase salivar Digere os carboidratos
Músculos Movem a língua de O alimento é Muco Lubrifica o alimento; protege o trato
extrínsecos da um lado para o manobrado para a digestório da digestão pelas enzimas.
língua outro e para mastigação,
Lipase lingual Digere uma pequena quantidade de lipídeos.
dentro e para fora moldado em um
bolo alimentar e
manobrado para
ser deglutido. Faringe
Músculos Alteram a forma da Deglutição e fala.
intrínsecos da língua ↠ A partir da boca, o alimento deglutido passa
língua posteriormente para a parte oral da faringe e depois para
Papilas gustativas Servem como Secreção de saliva
receptores para a estimulada pelos a parte laríngea da faringe, com ambas sendo vias de
gustação (paladar) impulsos nervosos passagem para alimento, líquidos e ar (MARIEB, 7ª ed.).
e presença de provenientes das
alimento na boca papilas gustativas ↠ Os músculos do pescoço e da faringe contraem na
para os núcleos sequência para completar o processo de deglutição:
salivatórios no
tronco encefálico (MARIEB, 7ª ed.).
para as glândulas
salivares. ➢ Os músculos supra-hióideos erguem a laringe
Glândulas linguais Secretam lipase Triglicerídios superiormente e anteriormente para posicioná-
lingual clivados em ácidos la embaixo da epiglote, fechando assim a via
graxos e
diglicerídios. aérea para que o alimento não seja inalado para
DENTES Cortam, laceram e Alimentos sólidos os pulmões.
trituram os são reduzidos a ➢ Os três músculos constritores da faringe -
alimentos partículas menores
para serem superior, médio e inferior - circundam a faringe
deglutidos. e sobrepõem parcialmente um ao outro. Como
três punhos cerrados e empilhados, eles
FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO (SEELY, 10ª ed.)
contraem no sentido crânio-caudal para impelir
ÓRGÃOS FUNÇÕES o bolo para o interior do esôfago. Os músculos
CAVIDADE ORAL Ingestão: Os alimentos sólidos e os líquidos da faringe são músculos esqueléticos inervados
entram no trato digestório pela cavidade oral. por neurônios motores somáticos trans
Paladar: Substâncias dissolvidas na saliva
estimulam as papilas gustatórias da língua.
portados pelo nervo vago (nervo craniano X).
Mastigação: O movimento da mandíbula ➢ Os músculos infra-hióideos tracionam o osso
pelos músculos da mastigação faz os dentes hioide e a laringe inferiormente, devolvendo-os
quebrarem o alimento em pedaços menores.
A língua e as bochechas ajudam a colocar o
às suas posições originais.
alimento entre os dentes.
Digestão: A amilase salivar inicia a digestão ↠ A histologia da parede faríngea lembra a da boca: a
dos carboidratos (amido). mucosa da parte oral da faringe e da parte laríngea da
Deglutição: A língua forma o alimento em faringe é revestida por um epitélio estratificado
um bolo alimentar e o empurra para a
faringe.
pavimentoso que protege contra a abrasão. A camada
Comunicação: Os lábios, bochechas, dentes muscular externa consiste nos constritores da faringe
e língua estão envolvidos na fala. Os lábios (MARIEB, 7ª ed.).
mudam o seu formato como parte das
expressões faciais. Esôfago
Proteção: A mucina e a água presentes na
saliva promovem lubrificação, e a lisozima
mata os microrganismos. O epitélio ↠ O esôfago é um tubo muscular que impele o alimento
estratificado pavimentoso previne a abrasão. deglutido para o estômago. Sua luz é colapsada quando
está vazio (MARIEB, 7ª ed.).

@jumorbeck
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↠ O esôfago começa como uma continuação da faringe estendem até a luz. À medida que o alimento
na metade do pescoço, desce pelo tórax na superfície passa, ele comprime essas glândulas, fazendo-as
anterior da coluna vertebral e passa pelo hiato esofágico secretarem um muco lubrificante, que auxilia na
no diafragma, entrando no abdome (MARIEB, 7ª ed.). passagem do alimento pelo esôfago.
➢ A muscular consiste em músculo esquelético no
↠ Sua parte abdominal, que tem apenas 2 cm de terço superior do esôfago, uma mistura de
comprimento, une-se ao estômago no óstio cárdico que
músculo liso esquelético e liso no terço médio e
se fecha a fim de evitar a regurgitação dos sucos
músculo liso no terço inferior. Essa organização
estomacais ácidos para o esôfago (MARIEB, 7ª ed.).
é fácil de lembrar se o esôfago for interpretado
A única evidência anatômica da presença de um esfíncter nessa região como a zona onde o músculo esquelético da
é um espessamento mínimo do músculo liso na parede. As margens boca e da faringe dá lugar ao músculo liso do
do hiato esofágico no diafragma também ajudam a evitar a estômago e dos intestinos.
regurgitação (MARIEB, 7ª ed.).
➢ A camada mais externa é uma adventícia, não
↠ Diferentemente da boca e da faringe, a parede do uma serosa, pois o segmento torácico do
esôfago contém todas as quatro camadas do tubo esôfago não está suspenso na cavidade
digestório: mucosa, submucosa, muscular externa e peritoneal.
adventícia. As seguintes características histológicas são
interessantes: (MARIEB, 7ª ed.).
➢ O epitélio mucoso é um epitélio estratificado
pavimentoso não queratinizado. Na junção do
esôfago e do estômago (junção
esofagogástrica), essa camada espessa e
resistente à abrasão muda abruptamente para o
epitélio simples prismático e delgado do
estômago, especializado para secreção.

↠ Em cada extremidade do esôfago, a túnica muscular


se torna ligeiramente mais proeminente e forma dois
esfíncteres – o esfíncter esofágico superior (EES), que
consiste em músculo esquelético, e o esfíncter esofágico
inferior (EEI), que consiste em músculo liso e está próximo
do coração. O esfíncter esofágico superior controla a
circulação de alimentos da faringe para o esôfago; o
esfíncter esofágico inferior regula o movimento dos
alimentos do esôfago para o estômago (TORTORA, 14ª
ed.).

DEGLUTIÇÃO
↠ O movimento do alimento da boca para o estômago
é alcançado pelo ato de engolir, ou deglutição. A
➢ Quando o esôfago está vazio, sua mucosa e deglutição é facilitada pela secreção de saliva e muco e
submucosa formam pregas longitudinais, mas envolve a boca, a faringe e o esôfago. A deglutição
durante a passagem do bolo alimentar, essas ocorre em três fases: (TORTORA, 14ª ed.)
pregas se achatam.
➢ A submucosa contém glândulas mucosas, ➢ a fase voluntária, em que o bolo alimentar é
principalmente glândulas alveolares, que se passado para a parte oral da faringe;

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➢ a fase faríngea, a passagem involuntária do bolo ↠ Essa fase da deglutição inicia com a elevação do palato
alimentar pela faringe até o esôfago; mole, o que fecha a passagem entre a nasofaringe e a
➢ a fase esofágica, a passagem involuntária do bolo orofaringe. A faringe eleva-se para receber da boca o
alimentar através do esôfago até o estômago. bolo de alimento e o conduz até o esôfago. Os músculos
constritores faríngeos superior, médio e inferior se
↠ Fase voluntária: um bolo de alimento é formado na
contraem em sequência, forçando o alimento ao longo da
boca e empurrado pela língua contra o palato duro, até
faringe. Ao mesmo tempo, o esfincter esofágico superior
que seja forçado para a parte posterior da boca e para a
relaxa, a faringe elevada abre-se ao esôfago, e o alimento
orofaringe (SEELY, 10ª ed.).
é empurrado ao esôfago. Essa fase da deglutição é
inconsciente e controlada automaticamente, mesmo que
os músculos envolvidos sejam esqueléticos (SEELY, 10ª
ed.).

↠ A fase faríngea da deglutição demora em torno de 1


a 2 segundos. Durante a fase faríngea, as pregas
vestibulares e as pregas vocais fecham e a epiglote é
deslocada posteriormente, de forma que a cartilagem
epiglótica cubra a entrada da laringe, e a laringe é elevada.
Esses movimentos evitam que o alimento entre na laringe
(SEELY, 10ª ed.).
↠ A fase faríngea da deglutição é um reflexo iniciado
pela estimulação dos receptores táteis na área da
orofaringe. Potenciais de ação aferentes são conduzidos
ao longo dos nervos trigêmeo (V) e glossofaríngeo (IX)
até o centro da deglutição no bulbo. Então, são iniciados
potenciais de ação nos neurônios motores, que são
conduzidos pelos nervos glossofaríngeo (IX), vago (X) e
acessório (XI) até o palato mole e a faringe (SEELY, 10ª
ed.).

↠ A fase esofágica da deglutição, que leva em torno de


5 a 8 segundos, é responsável pelo movimento do
alimento da faringe ao estômago. As contrações
musculares na parede do esôfago ocorrem em ondas
peristálticas. A gravidade ajuda no movimento do alimento,

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especialmente líquidos, ao longo do esôfago (SEELY, 10ª comprimindo o bolo alimentar em direção ao
ed.). estômago (TORTORA, 14ª ed.).
2- As fibras longitudinais inferiores ao bolo alimentar
↠ Entretanto, as contrações peristálticas no esôfago são
também se contraem, o que encurta esta seção
fortes o suficiente para permitir a deglutição mesmo
inferior e empurra suas paredes para fora para
quando a pessoa está de cabeça para baixo ou flutuando
que possam receber o bolo alimentar. As
em algum local no espaço com gravidade zero (SEELY,
contrações são repetidas em ondas que
10ª ed.).
empurram o alimento em direção ao estômago.
↠ Conforme as ondas peristálticas e o bolo alimentar se Os passos 1 e 2 se repetem até que o bolo
aproximam do estômago, o esfíncter esofágico inferior alimentar alcança os músculos do esfíncter
relaxa. Esse esfíncter não é anatomicamente distinto do esofágico inferior (TORTORA, 14ª ed.).
resto do esôfago, mas pode ser identificado 3- O esfíncter esofágico inferior relaxa e o bolo
fisiologicamente, pois permanece tonicamente contraído alimentar se move para o estômago
para evitar que ocorra refluxo do conteúdo estomacal (TORTORA, 14ª ed.).
para a parte inferior do esôfago (SEELY, 10ª ed.).

↠ A presença do alimento no esôfago estimula o plexo


mioentérico, que controla as ondas peristálticas. O
alimento no esôfago também estimula receptores táteis,
que enviam impulsos aferentes para o bulbo pelo nervo
vago. Os impulsos motores, por sua vez, passam pelas
fibras eferentes do nervo vago aos músculos estriados e
lisos do esôfago, estimulando a sua contração e
reforçando as ondas peristálticas (SEELY, 10ª ed.).

RESUMO DAS ATIVIDADES DIGESTÓRIAS NA FARINGE E NO ESÔFAGO


(TORTORA, 14ª ed.)
ESTRUTURA ATIVIDADE RESULTADO
faringe Fase faríngea da Move o bolo
deglutição. alimentar da parte
oral da faringe à
parte laríngea da
faringe e ao
esôfago; fecha as
passagens de ar.
ESÔFAGO Relaxamento do Possibilita a entrada
esfíncter esofágico do bolo alimentar
superior. da parte laríngea
da faringe no
esôfago.

↠ Durante esta fase, o peristaltismo, uma progressão de Fase esofágica da Empurra o bolo
deglutição alimentar esôfago
contrações e relaxamentos coordenados das camadas
(peristaltismo). abaixo.
circular e longitudinal da túnica muscular, empurra o bolo
alimentar para a frente (TORTORA, 14ª ed.). Relaxamento do Possibilita a entrada
esfíncter esofágico do bolo alimentar
1- Na seção do esôfago imediatamente superior ao inferior. no estômago.
bolo alimentar, as fibras musculares circulares se Secreção de muco. Lubrifica o esôfago
contraem comprimindo a parede esofágica e para a passagem

@jumorbeck
12

suave do bolo Embora a maioria dos nutrientes seja absorvida no intestino delgado,
alimentar. algumas substâncias são absorvidas pelo estômago, incluindo a água,
os eletrólitos e alguns fármacos (aspirina e álcool). O alimento
permanece no estômago por aproximadamente 4 horas (MARIEB, 7ª
FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO (SEELY, 10ª ed.) ed.).
ÓRGÃOS FUNÇÕES
FARINGE Deglutição: A fase involuntária da deglutição ANATOMIA DO ESTÔMAGO
move o bolo alimentar da cavidade oral para
o esôfago. Os materiais são impedidos de
entrar na cavidade nasal pelo palato mole e
mantidos fora do trato respiratório inferior
pela epiglote e pregas vestibulares.
Respiração: O ar passa pelas cavidades oral
ou nasal e pela faringe para o trato
respiratório inferior.
Proteção: O muco fornece lubrificação. O
epitélio estratificado pavimentoso previne a
abrasão..
ESÔFAGO Propulsão: Contrações peristálticas movem o
bolo alimentar da faringe para o estômago. O
esfincter esofágico inferior impede o refluxo
do conteúdo estomacal para o esôfago.
Proteção: As glândulas produzem muco, que
lubrifica e protege o esôfago inferior do
ácido estomacal.

FUNÇÕES DAS PRINCIPAIS ENZIMAS DIGESTIVAS (SEELY, 10ª ed.) ↠ O estômago tem quatro regiões principais: a cárdia, o
FLUIDO OU ENZIMA FUNÇÃO fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica
SECREÇÕES ESOFÂGICAS (TORTORA, 14ª ed.).
Muco Lubrifica o esôfago; protege o
revestimento do esôfago contra a abrasão ↠ A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago.
e permite que o alimento se mova sem A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia é
problemas ao longo do esôfago
o fundo gástrico (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Inferior ao fundo gástrico está a grande parte central


Estômago
do estômago, o corpo gástrico (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O estômago se estende do esôfago até o intestino ↠ A parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A
delgado. O estômago situa-se na parte superior esquerda primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao estômago.
da cavidade peritoneal, nas regiões do hipocôndrio A segunda região, o canal pilórico, leva à terceira região,
esquerdo, epigástrico e umbilical do abdome. Ele se situa o piloro, que por sua vez se conecta ao duodeno
imediatamente inferior ao diafragma e anterior ao baço e (TORTORA, 14ª ed.).
ao pâncreas. Sua parte superior é encoberta pelo lado
esquerdo do fígado (MARIEB, 7ª ed.). ↠ Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma
grandes rugas, as pregas gástricas, que podem ser vistas
↠ O estômago, que tem o formato da letra J, a parte a olho nu (TORTORA, 14ª ed.).
mais larga do trato digestório, é um local de
armazenamento temporário no qual o alimento é agitado ↠ O piloro se comunica com o duodeno do intestino
e transformado em uma pasta chamada quimo (“suco”) delgado por meio de um esfíncter de músculo liso
(MARIEB, 7ª ed.). chamado músculo esfíncter do piloro (TORTORA, 14ª ed.).

↠ O estômago também inicia a decomposição das ↠ A margem medial côncava do estômago é chamada
proteínas alimentares secretando pepsina - uma enzima curvatura menor; a margem lateral convexa é chamada
digestora de proteínas que só consegue atuar em curvatura maior (TORTORA, 14ª ed.).
condições ácidas - e ácido clorídrico, um ácido forte que A estrutura do estômago contribui para a sua grande capacidade de
destrói muitas bactérias nocivas no alimento (MARIEB, 7ª distensão — ele abriga facilmente 1,5 litro de alimento e possui uma
ed.). capacidade máxima de 4 litros, aproximadamente (MARIEB, 7ª ed.).

@jumorbeck
13

HISTOLOGIA DO ESTÔMAGO o lúmen do estômago: as células mucosas do colo, as


células principais gástricas e as células parietais. Tanto as
↠ A parede do estômago é composta pelas mesmas células mucosas superficiais quanto as células mucosas do
camadas básicas que o restante do canal alimentar, com colo secretam muco (TORTORA, 14ª ed.).
certas modificações (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Tanto as células mucosas superficiais quanto as células
↠ A superfície da túnica mucosa é uma camada de mucosas do colo secretam muco (TORTORA, 14ª ed.).
células epiteliais colunares simples, chamada células
mucosas da superfície (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As secreções das células mucosa, parietal e principal
gástrica formam o suco gástrico, que totaliza 2.000 a
↠ A túnica mucosa contém a lâmina própria (tecido 3.000 m l /dia (TORTORA, 14ª ed.).
conjuntivo areolar) e a lâmina muscular da mucosa
(músculo liso). As células epiteliais se estendem até a
lâmina própria, onde formam colunas de células
secretoras chamadas glândulas gástricas (TORTORA, 14ª
ed.).

↠ Várias glândulas gástricas se abrem na base de canais


estreitos chamadas criptas gástricas. Secreções de várias
glândulas gástricas fluem para cada cripta gástrica e, em
seguida, para dentro do lúmen do estômago (TORTORA,
14ª ed.).

CÉLULAS MUCOSAS DO COLO


↠ Ocorrem nas extremidades superiores, ou colos, das
glândulas gástricas e secretam um tipo diferente de muco
em relação ao que é secretado pelas células de superfície.
A função específica dessas células é desconhecida
(MARIEB, 7ª ed.).

CÉLULAS OXÍNTICAS (PARIETAIS)


↠ Ocorrem principalmente nas regiões intermediárias
↠ A superfície da mucosa estomacal é pontilhada por
das glândulas, produzem o ácido clorídrico (HCl)
milhões de fossetas gástricas em forma de taça, que se
estomacal bombeando íons de hidrogênio e cloro na luz
abrem nas glândulas tubulares gástricas. As células
da glândula (MARIEB, 7ª ed.).
mucosas superficiais revestem invariavelmente as
fossetas, mas as células que revestem as glândulas Embora as células parietais pareçam esféricas quando visualizadas ao
gástricas variam entre as diferentes regiões do estômago microscópio de luz, na realidade elas têm três pontas grossas como
as que existem em um forcado (MARIEB, 7ª ed.).
(MARIEB, 7ª ed.).
Nas partes pilórica e cárdica, as células das glândulas são principalmente
↠ Muitas microvilosidades longas cobrem cada ponta,
células mucosas. No fundo e no corpo, por outro lado, as glândulas proporcionando uma grande área de superfície que
gástricas contêm três tipos de células secretórias: células mucosas do permite o movimento rápido do H+ e do Cl- para fora das
colo, células parietais (oxínticas) e células principais (zimogênicas) células. O citoplasma contém muitas mitocôndrias que
(MARIEB, 7ª ed.).
fornecem a grande quantidade de energia gasta no
↠ As glândulas gástricas contêm três tipos de células bombeamento desses íons (MARIEB, 7ª ed.).
glandulares exócrinas que secretam seus produtos para

@jumorbeck
14

↠ As células oxínticas também secretam fator intrínseco, longitudinal externa, uma camada circular média
uma proteína necessária para a absorção da vitamina B12 e fibras oblíquas internas. As fibras oblíquas estão
pelo intestino delgado. O corpo utiliza essa vitamina na limitadas principalmente ao corpo gástrico.
produção dos eritrócitos (MARIEB, 7ª ed.). ➢ A túnica serosa é composta por epitélio
escamoso simples (mesotélio) e tecido
CÉLULAS ZIMOGÊNICAS (PRINCIPAIS) conjuntivo areolar; a porção da túnica serosa
↠ Ocorrem principalmente nas partes basais das que recobre o estômago é parte do peritônio
glândulas. As células zimogênicas produzem e secretam visceral. Na curvatura menor do estômago, o
a proteína enzimática pepsinogênio, que é ativada em peritônio visceral se estende para cima até o
pepsina quando encontra ácido na região apical da fígado como o omento menor. Na curvatura
glândula (MARIEB, 7ª ed.). maior do estômago, o peritônio visceral continua
para baixo como o omento maior e reveste os
↠ Essas células têm características típicas das células intestinos.
secretoras de proteína: um retículo endoplasmático
rugoso bem desenvolvido (RER) e um aparelho de Golgi, RESUMO DAS ATIVIDADES DIGESTÓRIAS NO ESTÔMAGO (TORTORA, 14ª
ed.)
além de grânulos secretórios no citoplasma apical. As ESTRUTURA ATIVIDADE RESLTADO
células zigomogênicas também secretam lipase gástrica, TÚNICA MUCOSA
que funciona na digestão de gordura (MARIEB, 7ª ed.). CÉLULAS MUCOSAS Secretam muco. Formam uma
DA SUPERFÍCIE E barreira protetora
Pelo menos dois outros tipos de célula epitelial ocorrem nas glândulas CÉLULAS MUCOSAS que impede a
gástricas, mas também se estendem para além dessas glândulas: digestão da parede
DO COLO
do estômago.
➢ Células enteroendócrinas (“endócrinas do intestino”): são
células secretoras de hormônio dispersas por todo o Absorção Uma pequena
epitélio de revestimento e pelas glândulas do tubo quantidade de
digestório. Essas células liberam seus hormônios nos água, íons, ácidos
capilares da lâmina própria subjacente. Um desses graxos de cadeia
hormônios, a gastrina, sinaliza as células oxínticas para curta e alguns
secretarem HCl quando o alimento entra no estômago. A fármacos entram
na corrente
maioria das células enteroendócrinas que produzem
sanguínea
gastrina estão na região pilórica do estômago (MARIEB, 7ª
ed.). CÉLULAS PERIETAIS Secretam fator Necessárias para
intrínseco. absorção de
Existem diversos tipos de células enteroendócrinas. As células ECL vitamina B12 (usada
na formação de
(semelhantes à enterocromafina) produzem histamina, que estimula a
eritrócitos, ou
secreção de ácido pelas células parietais. As células contendo gastrina
eritropoese).
(células G) secretam gastrina, e as células contendo somatostatina
(células D) secretam somatostatina, que inibe a secreção de gastrina Secretam ácido Matam
e insulina (SEELY, 10ª ed.). clorídrico microrganismos
nos alimentos;
➢ Células -tronco não diferenciadas: elas se situam por todo desnaturam
o estômago, na junção das glândulas gástricas e das proteínas;
fossetas gástricas. Essas células se dividem convertem o
permanentemente, substituindo o epitélio de revestimento pepsinogênio em
inteiro de células secretoras de muco a cada 3 -7 dias. Essa pepsina.
substituição rápida é vital, pois essas células conseguem CÉLULAS Secretam A pepsina (forma
sobreviver por apenas alguns dias no ambiente hostil do PRINICIPAIS pepsinogênio. ativada) cliva as
estômago estômago (MARIEB, 7ª ed.). GÁTRICAS proteínas em
peptídios.
↠ Três camadas adicionais encontram-se
Secretam lipase Quebra os
profundamente à túnica mucosa: (TORTORA, 14ª ed.).
gástrica. triglicerídios em
ácidos graxos e
➢ A tela submucosa do estômago é composta por monoglicerídios.
tecido conjuntivo areolar. CÉLULAS Secretam gastrina. Estimulam as
➢ A túnica muscular tem três camadas de músculo SECRETORAS DE células parietais a
GASTRINA secretar HCl e as
liso (em vez das duas encontradas no esôfago e
células principais
nos intestinos delgado e grosso): uma camada gástricas a secretar

@jumorbeck
15

pepsinogênio; Função Motora e Secretora do Estômago


contrai o esfíncter
esofágico inferior,
aumenta a FUNÇÕES MOTORAS
motilidade do
estômago e relaxa ↠ As funções motoras no estômago estão associadas a:
o músculo (SEELY, 10ª ed.)
esfíncter do piloro.
TÚNICA MUSCULAR Ondas de mistura Agitam e quebram ENCHIMENTO GÁSTRICO
(movimentos fisicamente os
peristálticos leves). alimentos e ↠ Conforme o alimento entra no estômago, as rugas
misturam-nos com
o suco gástrico, achatam-se e o volume do estômago aumenta até 20
formando o quimo. vezes. Essa expansão permite que estômago acomode
Força o quimo grandes quantidades de alimento com pequeno aumento
através do óstio
pilórico. da sua pressão interna, até que o estômago atinja sua
ÓSTIO PILÓRICO Abre-se para Regula a passagem capacidade máxima (SEELY, 10ª ed.).
possibilitar a do quimo do
passagem do estômago para o ↠ O relaxamento das rugas é mediado por um reflexo
quimo para o duodeno; impede o mediado no bulbo que inibe o tônus muscular, e, então, a
duodeno. refluxo do quimo
do duodeno para o pressão é minimizada pela capacidade de o músculo liso
estômago. estirar-se sem aumentar a tensão (SEELY, 10ª ed.).

MISTURA DO CONTEÚDO GÁSTRICO


FUNÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO (SEELY, 10ª ed.)
ÓRGÃOS FUNÇÕES ↠ O alimento ingerido é minuciosamente misturado com
ESTÔMAGO Estoque: Rugosidades permitem que o as secreções das glândulas gástricas para formar o quimo.
estômago se expanda e armazene os Essa mistura é realizada pelas delicadas ondas de mistura,
alimentos até que possam ser digeridos.
Digestão.: A digestão de proteínas inicia que são contrações semelhantes às peristálticas que
como resultado da ação do ácido clorídrico ocorrem aproximadamente a cada 20 segundos, a partir
e da pepsina. do corpo do estômago em direção ao esfíncter pilórico
Absorção: A absorção de algumas
substâncias (p. ex., água, álcool, ácido (SEELY, 10ª ed.).
acetilsalicílico) ocorre no estômago.
Mistura e propulsão: Ondas de mistura
agitam vigorosamente os materiais ingeridos
e as secreções estomacais e formam o
quimo. As ondas peristálticas movem o
quimo para o intestino delgado.
Proteção: O muco lubrifica e evita a digestão
da parede do estômago. Os ácidos
estomacais matam a maioria dos
microrganismos.

FUNÇÕES DAS PRINCIPAIS ENZIMAS DIGESTIVAS (SEELY, 10ª ed.)


FLUIDO OU ENZIMA FUNÇÃO
SECREÇÕES GÁSTRICAS
Ácido clorídrico Antibacteriano; diminui o pH estomacal a fim
de ativar o pepsinogênio em pepsina
Pepsina Digere proteínas em cadeias peptídicas
menores; ativa o pepsinogênio
Muco Protege o revestimento estomacal da
digestão ↠ As ondas peristálticas ocorrem com menos
Fator intrínseco Liga-se à vitamina B12 e auxilia na sua
absorção frequência, são significativamente mais potentes que as
Lipase gástrica Digere uma pequena quantidade de lipídeos ondas de mistura, e forçam o quimo da periferia do
estômago em direção ao esfincter pilórico (SEELY, 10ª ed.).
Cerca de 80% das contrações são ondas de mistura e 20% são ondas
peristálticas (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
16

↠ Alguns minutos depois de o alimento entrar no passar através do óstio pilórico, em um fenômeno
estômago, ondas de peristaltismo passam pelo estômago conhecido como esvaziamento gástrico (TORTORA, 14ª
a cada 15 a 25 s. Poucas ondas peristálticas são ed.).
observadas na região do fundo gástrico, que tem
principalmente uma função de armazenamento ESVAZIAMENTO GÁSTRICO
(TORTORA, 14ª ed.). ↠ O tempo que o alimento permanece no estômago
↠ Em vez disso, a maior parte das ondas começa no depende de diversos fatores, incluindo o tipo e o volume
corpo gástrico e se intensifica à medida que alcança o de alimento. Líquidos deixam o estômago em 1,5 a 2,5
antro pilórico (TORTORA, 14ª ed.). horas após a ingestão. Após uma refeição normal, o
estômago esvazia em 3 a 4 horas (SEELY, 10ª ed.).

↠ O esfíncter pilórico normalmente permanece


parcialmente fechado devido à sua contração tônica. Cada
contração peristáltica é forte o suficiente para forçar uma
pequena quantidade de quimo através da abertura do
esfíncter pilórico para o duodeno (SEELY, 10ª ed.).

↠ As contrações responsáveis por mover o quimo em


direção à parcialmente fechada abertura do piloro são
chamadas de bomba pilórica. Em geral, a motilidade
aumentada leva a esvaziamento aumentado. Em um
estômago vazio, as contrações peristálticas que se
aproximam de contrações tetânicas podem acontecer
por cerca de 2 a 3 minutos (SEELY, 10ª ed.).

↠ As contrações são estimuladas por níveis baixos de


glicose sanguínea e são fortes o suficiente para gerar as
↠ Cada onda peristáltica move o conteúdo gástrico do sensações desconfortáveis conhecidas como dores de
corpo gástrico para baixo para dentro do antro pilórico, fome. Em geral, essas dores de fome começam em torno
em um processo conhecido como propulsão. O óstio de 12 a 24 horas após a última refeição, ou em menos
pilórico normalmente permanece quase, mas não tempo para algumas pessoas. Se nada for ingerido, as
completamente, fechado. Como a maior parte das dores de fome atingem a sua intensidade máxima em 3
partículas de alimento no estômago inicialmente são a 4 dias e, então, ficam progressivamente mais fracas
demasiadamente grandes para passar através do estreito (SEELY, 10ª ed.).
óstio pilórico, elas são forçadas para trás para o corpo ↠ O esvaziamento gástrico é um processo lento: apenas
gástrico, em um processo conhecido como retropulsão aproximadamente 3 ml de quimo se movem através do
(TORTORA, 14ª ed.). óstio pilórico de cada vez (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Ocorre então outra rodada de propulsão, movendo as Se o estômago esvaziar muito rapidamente, a eficiência da digestão e
partículas de alimentos de volta para o antro pilórico. Se da absorção fica reduzida, e o conteúdo ácido gástrico que entra no
as partículas de alimento continuam sendo duodeno pode danificar o seu revestimento. Entretanto, se a taxa de
demasiadamente grandes para passar através do óstio esvaziamento é muito baixa, o conteúdo altamente ácido pode
danificar a parede do estômago e reduzir a taxa em que os nutrientes
pilórico, a retropulsão ocorre novamente e as partículas são ingeridos e absorvidos (SEELY, 10ª ed.).
são comprimidas de volta para o corpo gástrico. Em
seguida, ocorre ainda outra rodada adicional de propulsão, Para prevenir esses dois extremos, o esvaziamento gástrico é
regulado. Os mecanismos neurais que estimulam as secreções
e o ciclo continua se repetindo (TORTORA, 14ª ed.). gástricas também estão envolvidos no aumento da motilidade gástrica.
O principal estímulo, tanto para a motilidade quanto para a secreção,
↠ O resultado líquido destes movimentos é que o
é a distensão da parede gástrica. A motilidade gástrica aumentada leva
conteúdo gástrico é misturado ao suco gástrico, por fim a aumento do esvaziamento gástrico (SEELY, 10ª ed.).
sendo reduzido a um líquido com consistência de sopa
Por outro lado, os mecanismos neurais e hormonais associados ao
chamado quimo. Uma vez que as partículas de alimento
duodeno diminuem as secreções gástricas e também reduzem a
no quimo são suficientemente pequenas, elas podem

@jumorbeck
17

motilidade gástrica e aumentam a constrição do esfincter pilórico ↠ O fator intrínseco é uma glicoproteína que se liga à
(SEELY, 10ª ed.). vitamina B12, fazendo essa vitamina ser mais facilmente
O reflexo gastroesofágico e o hormônio colecistocinina são os maiores absorvida no íleo (SEELY, 10ª ed.).
inibidores da motilidade gástrica. O resultado é uma redução na taxa
de esvaziamento gástrico (SEELY, 10ª ed.). A vitamina B12 é necessária para a síntese do ácido desoxirribonucleico
(DNA), que é especialmente importante para a produção contínua
Uma refeição rica em carboidratos polissacarídeos (amido e glicogênio) normal de hemácias. Uma deficiência de absorção de vitamina B12 leva
possui a maior taxa de depuração do estômago, geralmente 1 hora. à anemia perniciosa (SEELY, 10ª ed.).
Para comparação, uma refeição rica em gorduras e proteínas leva em
torno de 6 horas para deixar o estômago. A principal razão para a alta A digestão enzimática das proteínas também começa no estômago.
depuração dos carboidratos é que eles não aumentam a liberação de A única enzima proteolítica (que digere proteína) no estômago é a
colecistocinina, que é o principal inibidor do esvaziamento gástrico pepsina, que é secretada pelas células principais gástricas. A pepsina
(SEELY, 10ª ed.). rompe certas ligações peptídicas entre os aminoácidos, fragmentando
uma cadeia proteica de muitos aminoácidos em fragmentos peptídicos
SECREÇÕES GÁSTRICAS menores. A pepsina é mais efetiva no ambiente ácido do estômago
(pH 2); torna-se inativa em um pH mais alto (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células mucosas da superfície e as células mucosas Apenas uma pequena quantidade de nutrientes é absorvida no
do colo secretam um muco alcalino e viscoso que cobre estômago, porque suas células epiteliais são impermeáveis à maior
a superfície das células epiteliais, formando uma camada parte dos materiais. No entanto, as células mucosas do estômago
de 1 a 1,5 mm de espessura. Essa espessa camada de absorvem um pouco de água, íons e ácidos graxos de cadeia curta,
bem como determinados fármacos (especialmente o ácido
muco lubrifica e protege as células epiteliais da parede do
acetilsalicílico) e álcool (TORTORA, 14ª ed.).
estômago contra o efeito danoso do quimo ácido e da
pepsina. A irritação da mucosa do estômago estimula a Dentro de 2 a 4 h após a ingestão de uma refeição, o estômago já
esvaziou seu conteúdo para o duodeno. Os alimentos ricos em
secreção de um grande volume de muco (SEELY, 10ª ed.).
carboidratos permanecem menos tempo no estômago; alimentos
↠ O bicarbonato é secretado pelas células superficiais do ricos em proteína permanecem um pouco mais, e o esvaziamento é
mais lento após uma refeição rica em gordura contendo grandes
esômago e pelo duodeno, em resposta a vários quantidades de triglicerídios (TORTORA, 14ª ed.).
estímulos, como as prostaglandinas, peptídeos
gastrointestinais e contato com o ácido gástrico, SECREÇÃO DE HCL
permanecendo principalmente abaixo ou na camada
↠ O ácido clorídrico resulta no baixo pH no conteúdo
mucosa (BIGHETTI et. al., 2002).
estomacal, que normalmente está entre 1 e 3. Embora o
↠ A secreção de bicarbonato pode ser inibida por ácidos ácido clorídrico secretado no interior do estômago tenha
biliares, antiiflamatórios e provavelmente pelo processo menor efeito digestório sobre o alimento ingerido, uma
infeccioso desencadeado pela bactéria Helicobacter pylori de suas principais funções é matar as bactérias que são
(BIGHETTI et. al., 2002). ingeridas com quase tudo que colocamos em nossas
bocas (SEELY, 10ª ed.).

↠ Entretanto, algumas bactérias patogênicas podem


evitar essa digestão pelo ácido estomacal, pois possuem
um revestimento que permite que resistam aos ácidos
estomacais (SEELY, 10ª ed.).

↠ Os íons hidrogênio são derivados do dióxido de


carbono e da água, que entram na célula parietal pela sua
superfície serosa, o lado oposto ao lúmen da fovéola
gástrica. Uma vez no interior da célula, a anidrase
carbônica catalisa a reação entre o dióxido de carbono e
a água para formar ácido carbônico (SEELY, 10ª ed.).

↠ Algumas moléculas de ácido carbônico dissociam-se


para formar H+ e HCO3- (íon bicarbonato). Os íons
↠ As células parietais nas glândulas gástricas da região hidrogênio são, então, ativamente transportados pela
pilórica secretam fator intrínseco e uma solução superfície mucosa da célula parietal para o lúmen do
concentrada de ácido clorídrico (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
18

estômago por uma bomba de troca H+-K+, muitas vezes


chamada de bomba de prótons (SEELY, 10ª ed.).
Fármacos que bloqueiam a bomba de prótons são utilizados para
diminui ros níveis de ácido gástrico (SEELY, 10ª ed.).

↠ A bomba move o H+ por transporte ativo contra um


abrupto gradiente de concentração, e o Cl- difunde-se
das células por meio de canais iônicos na membrana
plasmática. A difusão do Cl- para a glândula gástrica
equilibra o H+ positivamente carregado, reduzindo a
quantidade de energia necessária para transportar o H+
tanto contra o gradiente de concentração quanto contra
o gradiente elétrico (SEELY, 10ª ed.). O resultado líquido é
a secreção de HCl pela célula (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ A acetilcolina e a gastrina estimulam as células parietais


a secretar mais HCl na presença de histamina. Em outras
palavras, a histamina atua sinergicamente, melhorando os
efeitos da acetilcolina e da gastrina. Os receptores das três
substâncias estão presentes na membrana plasmática das
células parietais (TORTORA, 14ª ed.).

HELICOBACTER PYLORI
↠ As úlceras pépticas são causadas quando os sucos
gástricos (ácido e pepsina) digerem a mucosa que
reveste o trato digestório. Aproximadamente 80% das
úlceras pépticas ocorrem na parte duodenal do esfincter
↠ Os íons bicarbonato movem-se no sentido absortivo,
pilórico, mas as úlceras pépticas também podem ocorrer
das células parietais para o líquido extracelular. Durante
no estômago (úlceras gástricas) ou no esôfago (úlceras
esse processo, o HCO3- é trocado por Cl- por um
esofágicas) (SEELY, 10ª ed.).
antiporte, que está localizado na membrana plasmática, e
o Cl- subsequentemente se move para o interior da célula. ↠ Quase todas as úlceras pépticas são devidas à infecção
Isso resulta em pH sanguíneo elevado nas veias que por uma bactéria específica, Helicobacter pylori, que
transportam o sangue do estômago, a chamada maré também está ligada à gastrite e ao câncer gástrico. Pelo
alcalina (SEELY, 10ª ed.). fato de estresse, dieta, cigarro e álcool causarem um
excesso de secreção ácida no estômago, esses padrões
↠ A secreção de HCl pelas células parietais pode ser
de estilo de vida foram considerados responsáveis pelas
estimulada por várias fontes: a acetilcolina (ACh) liberada
úlceras por vários anos. Embora esses fatores possam
pelos neurônios parassimpáticos, a gastrina secretada
contribuir para as úlceras, está claro que a causa
pelas células secretoras de gastrina e a histamina, que é
fundamental é a H. pylori (SEELY, 10ª ed.).
uma substância parácrina liberada pelos mastócitos na
lâmina própria das proximidades (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A maioria das bactérias não consegue sobreviver no
estômago. Consequentemente, a H. pylori é um dos
patógenos humanos mais penetrantes, pois habita um
nicho sem com petição (SEELY, 10ª ed.).

↠ O Helicobacter pylori é uma bactéria Gram negativa,


microaerófila e espiralada, em forma de S ou em
bastonete curvo, que mede cerca de 3 a 5 µ de

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comprimento por 0,5 µ de largura, tem parede celular Urease


externa lisa e possui de quatro a seis flagelos unipolares
embainhados e com bulbo terminal (SIQUEIRA, 2007). ↠ A bactéria tem uma potente atividade ureásica que
participa da colonização gástrica, permitindo sua
sobrevivência em um meio ácido. A urease hidrolisa a
uréia, presente no estômago, em amônia e CO2. A
amônia tem atividade citotóxica, aumentando a
permeabilidade da célula epitelial para prótons (SIQUEIRA,
2007).

REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DO ESTÔMAGO


↠ Aproximadamente 2 a 3 L de secreções gástricas são
produzidos diariamente. A quantidade e o tipo de alimento
que entra no estômago e no intestino delgado afetam
drasticamente a quantida de de secreções gástricas, mas
↠ É provavelmente o agente de infecção crônica mais pelo menos 700 mL são secretados em uma refeição
comum em seres humanos, coloniza especificamente a tradicional (SEELY, 10ª ed.).
mucosa gástrica e as microvilosidades gástricas das células ↠ Tanto mecanismos nervosos quanto hormonais
epiteliais e acredita-se que contribua diretamente na regulam as secreções gástricas. Os mecanismos neurais
destruição da célula gástrica por produção de uma envolvem reflexos integrados no bulbo e reflexos locais
citotoxina vacuolizante, bem como enzimas tóxicas, integrados dentro do SNE. Os mensageiros químicos que
especialmente lipase, urease e proteases, desregulando regulam as secreções gástricas incluem os hormônios
os fatores defensivos do epitélio (SIQUEIRA, 2007). gastrina, secretina e colecistocinina, assim como o
mensageiro químico parácrino histamina (SEELY, 10ª ed.).
TRANSMISSÃO: Várias pesquisas sobre o modo de
transmissão de H. pylori estão sendo desenvolvidas, e ↠ A regulação da secreção gástrica está dividida em três
pode-se dizer que esta é uma das áreas mais estudadas, fases: cefálica, gástrica e intestinal (SEELY, 10ª ed.).
discutidas e controvertidas. As vias de infecção mais
aceitas atualmente incluem a fecal-oral e a oral-oral FASE CEFÁLICA
(SIQUEIRA, 2007).
↠ A fase cefálica pode ser vista como a fase “comece”,
PATOGENIA: Os mecanismos pelos quais a bactéria produz quando as secreções do estômago são elevadas em
diferentes quadros patológicos no estômago e no antecipação ao alimento que chegará (SEELY, 10ª ed.).
duodeno não são totalmente conhecidos (SIQUEIRA,
2007).

FATORES DE VIRULÊNCIA

ADERÊNCIA
↠ O H. pylori tem um tropismo pela mucosa gástrica,
aderindo à célula epitelial e, às vezes, penetrando entre
elas. A adesão parece atuar na patogênese através da
lesão direta da célula, facilitando para que os produtos
tóxicos produzidos pela bactéria sejam liberados nas
proximidades da célula epitelial e atuando na estimulação
da produção de citocinas pela célula epitelial (SIQUEIRA,
2007).
↠ Na fase cefálica da regulação gástrica, diversos tipos
de estímulos atuam sobre os centros no bulbo para
influenciar as secreções gástricas. Esses estímulos incluem
o cheiro e o gosto do alimento, a estimulação de

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receptores táteis durante o processo de mastigação e


deglutição e pensamentos prazerosos sobre o alimento
(SEELY, 10ª ed.).

↠ Potenciais de ação são enviados a partir do bulbo pelos


neurônios parassimpáticos no nervo vago (X) até o
estômago. Na parede do estômago, os neurônios pré-
ganglionares estimulam neurônios pós-ganglionares no
SNE. Os neurônios pós-ganglionares, que são
principalmente colinérgicos, estimulam a atividade
secretora das células da mucosa gástrica (SEELY, 10ª ed.).

↠ A estimulação parassimpática da mucosa gástrica


resulta na liberação do neurotransmissor acetilcolina, que
aumenta a atividade secretora das células principais e
parietais e estimula a secreção de gastrina e histamina ↠ A presença do alimento no estômago inicia a fase
pelas células enteroendócrinas (SEELY, 10ª ed.). gástrica. Os principais estímulos são a distensão do
estômago e a presença de aminoácidos e peptídeos no
↠ A gastrina liberada na circulação desloca-se até as
estômago (SEELY, 10ª ed.).
células parietais, onde estimula a secreção adicional de
ácido clorídrico e pepsinogênio. Em adição, a gastrina ↠ A distensão da parede do estômago, especialmente
estimula as células ECL a liberarem histamina, que do corpo e do fundo, estimula mecanorreceptores.
também estimula as células parietais a secretarem ácido Potenciais de ação gerados por esses receptores iniciam
clorídrico (SEELY, 10ª ed.). reflexos que envolvem o SNC e o SNE (SEELY, 10ª ed.).
↠ A histamina atua tanto como mensageiro químico ↠ Esses reflexos resultam na liberação de acetilcolina e
parácrino quanto como hormônio sanguíneo para na cascata de eventos que aumentam a secreção, como
estimular a atividade secretora das glândulas gástricas na fase cefálica. A presença de proteínas parcialmente
(SEELY, 10ª ed.). digeridas ou quantidades moderadas de álcool e cafeína
Atuando juntas, acetilcolina, histamina e gastrina causam maior no estômago também estimulam a secreção de gastrina
estimulação da secreção de ácido clorídrico do que uma delas atuando (SEELY, 10ª ed.).
isoladamente. Das três, a histamina possui o maior efeito estimulatório
(SEELY, 10ª ed.). ↠ Quando o pH do conteúdo estomacal cai abaixo de 2,
o aumento da secreção gástrica estimulado pela
FASE GÁSTRICA distensão do estômago é bloqueado. Esse mecanismo de
retroalimentação negativa limita a secreção do suco
↠ O maior volume das secreções gástricas é produzido
durante a fase gástrica da regulação gástrica (SEELY, 10ª gástrico (SEELY, 10ª ed.).
ed.). FASE INTESTINAL
↠ A fase intestinal da secreção gástrica principalmente
inibe as secreções gástricas. Isso é controlado pela
entrada do quimo ácido no duodeno do intestino delgado,
que ativa tanto mecanismos neurais quanto hormonais
(SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
21

Referências:

BIGHETTI et. al. Regulação e modulação da secreção


gástrica. Revista Ciência Médicas, v.1 1, n. 1, p. 55-60, 2002.
SIQUEIRA et. al. Aspectos gerais nas infecções por
Helicobacter pylori: revisão, v.39, n. 1, p. 9-13, 2007.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

↠ Quando o pH do quimo que entra no duodeno cai para TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
2 ou menos, ou quando o quimo contém produtos da em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
digestão de lipídeos, as secreções gástricas são inibidas
(SEELY, 10ª ed.). SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
↠ As soluções ácidas no duodeno causam a liberação do
REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
hormônio secretina na corrente sanguínea. A secretina
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
inibe a secreção gástrica por inibir tanto as células
parietais quanto as células principais (SEELY, 10ª ed.).

↠ Ácidos graxos, outros lipídeos e, em menor grau, os


produtos de digestão das proteínas no duodeno e no
jejuno proximal iniciam a liberação de colecistocinina, que
inibe a secreção gástrica (SEELY, 10ª ed.).

↠ A inibição da secreção gástrica também está sob


controle nervoso. O reflexo enterogástrico consiste em
um reflexo local e um reflexo integrado no bulbo que
reduzem a secreção gástrica. A distensão da parede
duodenal, a presença de substâncias irritantes no
duodeno, o pH reduzido e as soluções hipertônicas ou
hipotônicas no duodeno ativam o reflexo enterogástrico
(SEELY, 10ª ed.).

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1

Intestino Delgado e a área é aumentada ainda por pregas circulares,


vilosidades e microvilosidades (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O intestino delgado é composto por três partes:
duodeno, jejuno e íleo (SEELY, 10ª ed.). ↠ O intestino delgado começa no músculo esfíncter do
piloro do estômago, serpenteia a parte central e inferior
da cavidade abdominal e, por fim, se abre no intestino
grosso (TORTORA, 14ª ed.).

ANATOMIA E HISTOLOGIA DO INTESTINO DELGADO

DUODENO
↠ O duodeno forma um ângulo de quase 180 graus
conforme se curva no interior da cavidade abdominal, e a
cabeça do pâncreas repousa sobre esse arco (SEELY, 10ª
ed.).

↠ O duodeno começa com uma pequena parte superior


que deixa o piloro e termina em uma curvatura
acentuada, onde se junta ao jejuno. No duodeno, cerca
de dois terços abaixo da parte descendente, são
↠ O intestino delgado inteiro possui cerca de 6 m de encontradas duas pequenas aberturas: a papila duodenal
comprimento (variando de 4,6 a 9 m) (SEELY, 10ª ed.). maior e a papila duodenal menor. Ductos provenientes do
fígado e/ou do pâncreas abrem-se nessas papilas (SEELY,
↠ O duodeno possui cerca de 25 cm de comprimento 10ª ed.).
(duodeno refere-se a doze, sugerindo que ele possui 12
polegadas de comprimento) (SEELY, 10ª ed.).

↠ O jejuno, que compõe dois quintos do comprimento


total do intestino delgado, possui cerca de 2,5 m de
comprimento (SEELY, 10ª ed.).

↠ O íleo, que corresponde a três quintos do


comprimento do intestino delgado, possui cerca de 3,5 m
de comprimento (SEELY, 10ª ed.).
↠ As duas principais glândulas acessórias, o fígado e o
pâncreas, estão associadas ao duodeno (SEELY, 10ª ed.).

↠ A maior parte da digestão e absorção de nutrientes


ocorre em um tubo longo chamado intestino delgado. Por
causa disto, sua estrutura é especialmente adaptada a ↠ A superfície do duodeno possui diversas modificações
estas funções (TORTORA, 14ª ed.). que aumentam a sua área em cerca de 600 vezes para
permitir que a digestão e a absorção dos alimentos sejam
↠ O intestino delgado é o local onde ocorre grande parte mais eficientes (SEELY, 10ª ed.).
da digestão. A cada dia, cerca de 9 L de água entram no
sistema digestório. Isso inclui a água que é ingerida e as ↠ A mucosa e a submucosa formam uma série de
secreções fluidas produzidas pelas glândulas ao longo do pregas chamadas pregas circulares, que se apresentam
trato digestório. Grande parte da água (8 a 8,5 L) move- perpendiculares ao eixo longitudinal do trato digestório
se por osmose, junto com os solutos absorvidos, para (SEELY, 10ª ed.).
fora do intestino delgado. Uma pequena quantidade (0,5 a
Quando observado a olho nu, o revestimento do intestino delgado
1 L) chega ao cólon (SEELY, 10ª ed.). apresenta uma série de pregas permanentes, plicae circularis, em
forma semilunar, circular ou espiral, que consistem em dobras da
↠ O seu comprimento isoladamente já fornece uma mucosa e da submucosa. .Essas pregas são mais desenvolvidas no
grande área de superfície para a digestão e a absorção,

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jejuno e, embora sejam frequentemente observadas no duodeno e diversas modificações aumentam a área do intestino
no íleo, não são características desses órgãos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). delgado, aumentando muito a absorção (SEELY, 10ª ed.).

↠ Estreitas projeções da mucosa, com formato


semelhante a dedos, formam as vilosidades, que possuem ↠ A mucosa do duodeno é um epitélio colunar simples
0,5 a 1,5 mm de comprimento. Cada vilosidade é revestida com quatros principais tipos celulares: (SEELY, 10ª ed.).
por epitélio simples colunar e contém uma rede de 1- células absortivas: que são células com
capilares sanguíneos e um capilar linfático chamado lácteo microvilosidades que produzem enzimas e
(SEELY, 10ª ed.). absorvem o alimento digerido (SEELY, 10ª ed.).
Também conhecidas como enterócitos, essas
células contêm muitas mitocôndrias porque a
absorção dos nutrientes digeridos é um
processo que exige grande quantidade de
energia. Eles também contêm um retículo
endoplasmático abundante que transforma as
moléculas de lipídio recém-absorvidas em
complexos lipídico-proteicos chamados
quilomicrons. Depois de produzidos, os
quilomicrons entram nos capilares linfáticos
(“lácteos”), a forma que a gordura absorvida
entra na circulação. (MARIEB, 7ª ed.).
Células absortivas são células colunares altas, cada uma com um núcleo
oval em sua porção basal. No ápice de cada célula, a membrana
plasmática se projeta para o lúmen (microvilosidade), criando a borda
em escova (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

2- células caliciformes: que produzem o muco


protetor (SEELY, 10ª ed.).
Células caliciformes estão distribuídas entre as células absortivas. Elas
↠ Grande parte das células que revestem a superfície são menos abundantes no duodeno e aumentam em número em
das vilosidades possui numerosas extensões citoplasma direção ao íleo. Essas células produzem glicoproteínas ácidas do tipo
ticas (cerca de 1 m de comprimento) chamadas mucina que são hidratadas e formam ligações cruzadas entre si para
originar o muco, cuja função principal é proteger e lubrificar o
microvilosidades, que aumentam ainda mais a área de
revestimento do intestino (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
superfície. As microvilosidades combinadas sobre toda a
superfície epitelial formam a borda em escova. Essas

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3- células granulares, ou células de Paneth: que Cada placa consiste em 10 a 200 nódulos e é visível a olho nu como
auxiliam na proteção do epitélio intestinal contra uma área oval no lado antimesentérico do intestino. Em vez de células
absortivas, seu epitélio de revestimento consiste em células M
as bactérias (SEELY, 10ª ed.). (JUNQIEORA, 13ª ed.).
Células de Paneth, localizadas na porção basal das criptas intestinais,
são células exócrinas com grandes grânulos de secreção eosinofílicos
em seu citoplasma apical. Esses grânulos contêm lisozima e defensina,
enzimas que podem permeabilizar e digerir a parede de bactérias. Em
virtude de sua atividade antibacteriana, a lisozima também exerce
controle sobre a microbiota intestinal (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

4- células endócrinas: que produzem os hormônios


reguladores.

↠ As células epiteliais são produzidas no interior de


invaginações tubulares da mucosa, chamadas glândulas
intestinais, ou criptas de Lieberkühn, na base das
vilosidades (SEELY, 10ª ed.).
Células epiteliais não diferenciadas revestem as glândulas intestinais e
renovam o epitélio mucoso dividindo-se e movendo-se
permanentemente sobre as vilosidades. Elas estão entre as células que
se dividem mais rapidamente no corpo, renovando completamente o
epitélio interno do intestino delgado a cada 3 -6 dias. Essa substituição
rápida é necessária porque cada célula epitelial não consegue suportar
por muito tempo os efeitos destrutivos das enzimas digestórias na luz
do intestino (MARIEB, 7ª ed.).

↠ As células absortivas e caliciformes migram das


glândulas intestinais até a superfície das vilosidades e
eventualmente se desprendem dessas extremidades
(SEELY, 10ª ed.).

↠ As células endócrinas e granulares permanecem na


base das glândulas (SEELY, 10ª ed.).

↠ A lâmina própria do intestino delgado é composta por


tecido conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos e
linfáticos, fibras nervosas e fibras musculares lisas
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ A muscular da mucosa não apresenta qualquer


peculiaridade nesse órgão (JUNQUEIRA, 13ª ed.).

↠ A submucosa do duodeno contém glândulas mucosas


tubulares alveolares chamadas glândulas duodenais, ou
glândulas de Brunner, que se abrem na base das glândulas
intestinais (SEELY, 10ª ed.). Essas glândulas secretam um ↠ As camadas musculares são bem desenvolvidas nos
muco alcalino rico em bicarbonato que ajuda a neutralizar intestinos, compostas de uma túnica circular interna e
a acidez do quimo do estômago e contribui para a camada outra túnica longitudinal externa (JUNQUEIRA,13ª ed.).
protetora de muco na superfície interna do intestino
delgado (MARIEB, 7ª ed.). JEJUNO E ÍLEO
O intestino delgado contém muitas áreas de tecido linfático. O tecido ↠ O jejuno e o íleo são similares ao duodeno em
linfático associado a mucosa (MALT) é encontrado na camada mucosa
estrutura. Entretanto, a partir do duodeno em direção ao
de todo o intestino e os nódulos linfáticos agregados (placas de Peyer)
estão situados na submucosa do íleo (MARIEB, 7ª ed.). íleo, existe uma diminuição gradual no diâmetro do
intestino delgado, na espessura da parede intestinal, na

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4

quantidade de pregas circulares e na quantidade de geral, são necessárias 3 a 5 horas para o quimo mover-
vilosidades (SEELY, 10ª ed.). se da região pilórica até a junção ileocecal (SEELY, 10ª ed.).

↠ O duodeno e o jejuno são os principais locais de ↠ Estímulos locais químicos e mecânicos são
absorção de nutrientes, embora alguma absorção ocorra especialmente importantes na regulação da motilidade no
no íleo (SEELY, 10ª ed.). intestino delgado. A contração do músculo liso aumenta
em resposta à distensão da parede intestinal. Soluções
↠ Os nódulos linfáticos chamados de placas de Peyer são
hipertônicas ou hipotônicas, soluções com baixo pH, e
muito numerosos na mucosa e na submucosa do íleo. As
certos produtos da digestão, como aminoácidos e
placas de Peyer e outros tecidos associados à mucosa no
peptídeos, também estimulam as contrações do intestino
trato digestório iniciam a resposta imune contra
delgado (SEELY, 10ª ed.).
microrganismos que entram na mucosa a partir dos
alimentos ingeridos (SEELY, 10ª ed.). A estimulação pelas fibras nervosas parassimpáticas também pode
aumentar a motilidade intestinal, mas as influências parassimpáticas no
Células M (microfold) são células epiteliais especializadas que recobrem intestino não são tão importantes como as que atuam no estômago
folículos linfoides das placas de Peyer, localizadas no íleo. Essas células (SEELY, 10ª ed.).
são caracterizadas por numerosas invaginações basais que contêm
muitos linfócitos e células apresentadoras de antígenos, como os CONTRAÇÕES DE MISTURA (CONTRAÇÕES DE
macrófagos. Células M podem captar antígenos por endocitose e
SEGMENTAÇÃO)
transportá-los para os macrófagos e células linfoides subjacentes, as
quais migram então para outros compartimentos do sistema linfoide ↠ Quando a porção do intestino delgado é distendida
(nódulos), onde respostas imunológicas contra esses antígenos são
iniciadas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
pelo quimo, o estiramento da parede intestinal provoca
contrações concêntricas localizadas, espaçadas ao longo
Células M representam, portanto, um elo importante na defesa do intestino e com duração de fração de minuto
imunológica intestinal. A lâmina basal sob as células M é descontínua,
facilitando o trânsito de células entre o tecido conjuntivo e as células
(GUYTON, 13ª ed.).
M (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As contrações causam “segmentação” do intestino
↠ O local onde o íleo se une ao intestino grosso é delgado. Isto é, elas dividem o intestino em segmentos, o
chamado de junção ileocecal. Ela possui um anel de que lhe dá aparência de um grupo de salsichas (GUYTON,
músculo liso, o esfíncter ileocecal, e uma válvula ileocecal 13ª ed.).
de direção única, que permitem que o conteúdo intestinal
↠ Quando uma série de contrações de segmentação se
se mova do íleo para o intestino grosso, mas não na
relaxa, outra se inicia, mas as contrações ocorrem em
direção oposta (SEELY, 10ª ed.).
outros pontos entre os anteriores contraídos. Assim, as
FUNÇÃO MOTORA contrações de segmentação “dividem” o quimo duas a
três vezes por minuto, promovendo por esse meio a
↠ A mistura e a propulsão do quimo são as principais mistura do alimento com as secreções do intestino
funções mecânicas do intestino delgado. Essas funções delgado (GUYTON, 13ª ed.).
são realizadas com a ajuda de contrações segmentares
e peristálticas realizadas pelo músculo liso da parede do
intestino delgado e propagadas por curtas distâncias
(SEELY, 10ª ed.).

↠ As contrações segmentares misturam os conteúdos


intestinais, e as contrações peristálticas propelem-nos ao
longo do trato digestório. Frequentemente, as contrações
peristálticas intestinais são continuações das contrações
peristálticas que iniciam no estômago (SEELY, 10ª ed.).

↠ As contrações deslocam-se em uma taxa de


aproximadamente 1 cm/min. Os movimentos são um
pouco mais rápidos no terminal proximal do intestino
delgado e um pouco mais lentos no terminal distal. Em

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↠ A frequência máxima das contrações de segmentação motilidade intestinal e que são secretados em diversas
no intestino delgado é determinada pela frequência das fases do processamento alimentar. Por outro lado, a
ondas elétricas lentas na parede intestinal, que é o ritmo secretina e o glucagon inibem a motilidade do intestino
elétrico básico. Como a frequência dessas ondas não delgado (GUYTON, 13ª ed.).
ultrapassa 12 por minuto no duodeno e no jejuno proximal,
↠ A resistência ao esvaziamento pela válvula ileocecal
a frequência máxima das contrações de segmentação
prolonga a permanência do quimo no íleo e, assim, facilita
nessas áreas é também de cerca de 12 por minuto;
a absorção. Normalmente, apenas 1.500 a 2.000 mililitros
entretanto, essa frequência máxima ocorre apenas sob
de quimo se esvaziam no ceco por dia. (GUYTON, 13ª ed.).
condições extremas de estimulação (GUYTON, 13ª ed.).

↠ No íleo terminal, a frequência máxima normalmente é SECREÇÃO DO INTESTINO DELGADO


de 8 a 9 contrações por minuto (GUYTON, 13ª ed.). ↠ A mucosa do intestino delgado produz secreções que
↠ As contrações de segmentação ficam extremamente contêm principalmente muco, eletrólitos e água. As
fracas, quando a atividade excitatória do sistema nervoso secreções intestinais lubrificam e protegem a parede
entérico é bloqueada pelo fármaco atropina. Assim, muito intestinal contra o quimo ácido e contra a ação das
embora sejam as ondas lentas, no próprio músculo liso, enzimas digestivas (SEELY, 10ª ed.).
que causam as contrações de segmentação, essas ↠ A mucosa intestinal produz a maioria das secreções
contrações não são efetivas sem a excitação de fundo que entram no intestino delgado, mas secreções
do plexo nervoso mioentérico (GUYTON, 13ª ed.). provenientes do fígado e do pâncreas também entram
no intestino delgado e exercem funções essenciais na
MOVIMENTOS PROPULSIVOS
digestão (SEELY, 10ª ed.).
↠ O quimo é impulsionado pelo intestino delgado por
ondas peristálticas. Elas ocorrem em qualquer parte do ↠ O pâncreas secreta a maioria das enzimas digestivas
intestino delgado e movem-se na direção do ânus com que entram no intestino delgado. A mucosa intestinal
velocidade de 0,5 a 2,0 cm/s, mais rápidas no intestino também produz enzimas, mas elas permanecem
proximal e mais lentas no intestino terminal (GUYTON, 13ª associadas à superfície epitelial intestinal (SEELY, 10ª ed.).
ed.). ↠ As glândulas duodenais, as glândulas intestinais e as
↠ Normalmente, elas são muito fracas e cessam depois células caliciformes secretam grande quantidade de muco.
de percorrer em 3 a 5 centímetros. É muito raro que as Esse muco protege a parede do intestino dos efeitos
ondas atinjam mais de 10 centímetros, de maneira que o irritativos do quimo ácido e das enzimas digestivas
movimento para adiante do quimo venha a ser muito pancreáticas que entram no duodeno (SEELY, 10ª ed.).
lento. De fato, o movimento resultante, ao longo do ↠ A mucosa intestinal libera secretina e colecistocinina,
intestino delgado, é de, em média, apenas 1 cm/min. Essa que estimulam as secreções pancreáticas e hepáticas
velocidade de deslocamento significa que são necessárias (SEELY, 10ª ed.).
3 a 5 horas para a passagem do quimo do piloro até a
válvula ileocecal (GUYTON, 13ª ed.). ↠ O nervo vago, a secretina e a irritação química ou tátil
da mucosa duodenal estimulam a secreção das glândulas
↠ A atividade peristáltica do intestino delgado é bastante duodenais (SEELY, 10ª ed.).
intensa após refeição. Esse aumento da atividade deve-
se, em parte, à entrada do quimo no duodeno, causando ↠ As enzimas da mucosa intestinal estão ligadas à
distensão de sua parede. A atividade peristáltica também membrana das células absortivas das microvilosidades
é aumentada pelo chamado reflexo gastroentérico, (SEELY, 10ª ed.).
provocado pela distensão do estômago e conduzido, pelo
↠ Essas enzimas são: (GUYTON, 13ª ed.).
plexo miontérico da parede do estômago, até o intestino
delgado. (GUYTON, 13ª ed.). ➢ diversas peptidases para a hidrólise de pequenos
peptídeos a aminoácidos;
↠ Além dos sinais nervosos que podem afetar o
➢ quatro enzimas - sucrase, maltase, isomaltase e
peristaltismo do intestino delgado, diversos hormônios
lactase - para hidrólise de dissacarídeos a
afetam o peristaltismo, incluindo a gastrina, a CCK, a
monossacarídeos;
insulina, a motilina e a serotonina, que intensificam a

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➢ pequenas quantidades de lipase intestinal para ↠ A ampola hepatopancreática abre-se no duodeno na


clivagem das gorduras neutras em glicerol e papila duodenal maior. Um esfincter de músculo liso, o
ácidos graxos esfíncter hepatopancreático, ou esfincter de Oddi, regula
a abertura da ampola (SEELY, 10ª ed.).
↠ Embora essas enzimas não sejam secretadas no
interior do intestino, elas influenciam o processo digestório ↠ Na maioria das pessoas, um ducto pancreático
de maneira muito significativa, e a grande área de acessório abre-se na papila duodenal menor. Os ductos
superfície do epitélio intestinal deixa essas enzimas em são revestidos por epitélio cuboidal simples, e as células
contato com o conteúdo intestinal. Pequenas moléculas, epiteliais dos ácinos possuem o formato de pirâmide. Um
que são produtos da digestão, são absorvidas através das esfincter de músculo liso circula o ducto pancreático
microvilosidades e entram no sistema linfático ou quando ele entra na ampola hepatopancreática (SEELY,
circulatório (SEELY, 10ª ed.). 10ª ed.).
Diarreia Causada por Secreção Excessiva de Água e Eletrólitos em
Resposta à Irritação.

Sempre que um segmento do intestino grosso fica intensamente


irritado, como ocorre na presença de infecção bacteriana na enterite,
a mucosa secreta quantidade de água e eletrólitos além do muco
alcalino e viscoso normal. Esta secreção age diluindo os fatores
irritantes, provocando o movimento rápido das fezes na direção do
ânus. O resultado é a diarreia, com perda de grande quantidade de
água e eletrólitos. Contudo, a diarreia também elimina os fatores
irritativos, promovendo a recuperação mais rápida da doença
(GUYTON, 13ª ed.).

Pâncreas SECREÇÕES PANCREÁTICAS


↠ As secreções exócrinas do pâncreas, chamadas de
ANATOMIA E HISTOLOGIA suco pancreático, possuem um componente aquoso e
↠ O pâncreas é um órgão complexo composto por um componente enzimático (SEELY, 10ª ed.).
tecidos endócrino e exócrino que realiza diversas funções.
↠ O suco pancreático é liberado no intestino delgado
O pâncreas é composto por uma cabeça, localizada na
pelos ductos pancreáticos, onde ele atua na digestão
curvatura do duodeno, um corpo e uma cauda, que se
(SEELY, 10ª ed.).
estende até o baço (SEELY, 10ª ed.).
↠ O componente aquoso é produzido principalmente
↠ A parte endócrina do pâncreas consiste em ilhotas
pelas células epiteliais colunares que revestem os
pancreáticas, ou ilhotas de Langerhans. As células das
pequenos ductos do pâncreas. Ele contém Na+ e K+ na
ilhotas produzem insulina e glucagon, que são muito
mesma concentração encontrada no líquido extracelular
importantes no controle dos níveis sanguíneos de
(SEELY, 10ª ed.).
nutrientes, como glicose e aminoácidos, e somatostatina,
que regula a secreção de insulina e glucagon (SEELY, 10ª ↠ Íons bicarbonato HCO3- são a principal parte do
ed.). componente aquoso, e eles neutralizam o quimo ácido
proveniente do estômago que entra no intestino delgado.
↠ A parte exócrina do pâncreas é composta por
A elevação do pH causada pelas secreções pancreáticas
glândulas acinares complexas. Os ácinos produzem as
no duodeno interrompe a digestão pela pepsina mas
enzimas digestivas. Grupos de ácinos formam lóbulos que
fornece o ambiente adequado para a função das enzimas
são separados por septos estreitos (SEELY, 10ª ed.).
pancreáticas. Os íons bicarbonato são ativamente
↠ Os lóbulos são conectados por pequenos ductos secretados pelo epitélio ductal, e a água segue
intercalares em ductos intralobulares, que deixam os passivamente a fim de deixar o suco pancreático isotônico
lóbulos e se juntam aos ductos interlobulares entre os (SEELY, 10ª ed.).
lóbulos. Os ductos interlobulares unem-se no ducto
pancreático, que se une ao ducto biliar comum na ampola
hepatopancreática, ou ampola de Vater (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
7

↠ Também estão presentes no suco pancreático as


enzimas que degradam DNA e RNA em seus
componentes nucleotídeos, as desoxirribonucleases e as
ribonucleases, respectivamente (SEELY, 10ª ed.).

A produção HCO3- no pâncreas é similar à produção de H + na


glândula gástrica.. Ambos os processos requerem a enzima anidrase
carbônica e a troca de HCO3- e Cl-, mas os produtos finais são A pancreatite é uma inflamação do pâncreas que envolve a liberação
diferentes. Uma solução alcalina é produzida no pâncreas, enquanto de enzimas pancreáticas no próprio pâncreas, o que resulta na
uma solução ácida é produzida no estômago (SEELY, 10ª ed.). digestão do próprio tecido pancreático. A pancreatite pode resultar do
alcoolismo, do uso de certos fármacos, do bloqueio do ducto
ENZIMAS DO SUCO PANCREÁTICO pancreático, da fibrose cística, de infecção viral ou do câncer
pancreático. Os sintomas variam de uma dor abdominal leve ao choque
↠ As células acinares do pâncreas produzem um suco sistêmico e coma (SEELY, 10ª ed.).
pancreático rico em enzimas. As enzimas são importantes
REGULAÇÃO DA SECREÇÃO PANCREÁTICA
na digestão das principais classes de alimentos. Sem as
enzimas produzidas pelo pâncreas, lipídeos, proteínas e ↠ Tanto mecanismos neurais quanto hormonais
carboidratos não podem ser adequadamente digeridos controlam as secreções exócrinas do pâncreas.
(SEELY, 10ª ed.).

↠ As enzimas proteolíticas, que digerem proteínas, são O quimo ácido no duodeno


estimula a liberação de secretina.
secretadas em formas inativas, enquanto muitas outras
enzimas são secretadas na forma ativa. As principais
enzimas proteolíticas são a tripsina, a quimiotripsina e a
carboxipeptidase. Elas são secretadas nas suas formas A secretina estimula a liberação de
uma solução rica em íons
inativas como tripsinogênio, quimiotripsinogênio e
bicarbonato.
procarboxipeptidase e são ativadas pela remoção de
certos peptídeos das proteínas precursoras. Se elas
fossem produzidas na sua forma ativa, digeririam os
Os íons bicarbonatos elevam o pH
tecidos que as produzem (SEELY, 10ª ed.). do qumo do duodeno, de forma
que o duodeno não seja danificado.
↠ O suco pancreático também contém amilase
pancreática, que continua a digestão de polissacarídeos
iniciada na cavidade oral. Além disso, o suco pancreático
Em adição as enzimas pancreáticas
contém uma enzima digestora de lipídeos chamada lipase e de borda em escova não
pancreática, que quebra os lipídeos em monoglicerídeos funcionam em pH baixo.
e ácidos graxos livres (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
8

↠ A colecistocinina estimula a liberação de bile da ↠ O fígado é composto por dois lobos principais, o lobo
vesícula biliar e a secreção de suco pancreático rico em direito e o lobo esquerdo, que são separados por um
enzimas. O principal estímulo para a liberação de septo de tecido conectivo, o ligamento falciforme (SEELY,
colecistocinina é a presença de ácidos graxos e outros 10ª ed.).
lipídeos no duodeno (SEELY, 10ª ed.).

↠ A estimulação parassimpática via nervo vago (X)


também estimula a secreção de suco pancreático rico
em enzimas pancreáticas, e os impulsos simpáticos
inibem a sua secreção. O efeito da estimulação vagal
sobre o suco pancreático é maior durante as fases
cefálica e gástrica da secreção gástrica (SEELY, 10ª ed.).

↠ Dois lobos menores, o lobo caudado e o lobo


quadrado, podem ser vistos a partir de uma vista inferior,
junto com a porta. A porta é a superfície inferior do
fígado, por onde vários vasos, ductos e nervos entram e
saem do fígado. A veia portal hepática, a artéria hepática
e um pequeno plexo nervoso hepático entram no fígado
pela porta (SEELY, 10ª ed.).

Fígado ↠ Os vasos linfáticos e os dois ductos hepáticos, um de


cada lobo – esquerdo e direito -, deixam o fígado pela
ANATOMIA DO FÍGADO porta. Os ductos hepáticos transportam a bile para fora
do fígado. Os ductos hepáticos direito e esquerdo unem-
↠ O fígado é o maior órgão interno do corpo, pesando
se para formar um ducto hepático comum (SEELY, 10ª
cerca de 1,36 kg. Ele está localizado no quadrante superior
ed.).
direito do abdome, abaixo da superfície inferior do
diafragma (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
9

↠ O ducto cístico da vesícula biliar une-se ao ducto ↠ Os nervos hepáticos e os vasos linfáticos, muitas vezes
hepático comum para formar o ducto biliar comum, que muito pequenos para serem visualizados por microscopia
se une ao ducto pancreático na ampola hepatopancreá óptica, também estão localizados nessas áreas (SEELY, 10ª
tica, um alargamento onde os ductos hepático e ed.).
pancreático se unem. A ampola hepatopancreática abre-
↠ A veia central está no centro de cada lóbulo. As veias
se no duodeno na papila duodenal maior. Um esfincter de
centrais dos lóbulos unem-se para formar as veias
músculo liso circula o ducto biliar comum onde ele entra
hepáticas, que deixam o fígado em suas superfícies
na ampola hepatopancreática (SEELY, 10ª ed.).
posterior e inferior e liberam seu conteúdo na veia cava
A vesícula biliar tem o formato de um pequeno saco localizado na inferior (SEELY, 10ª ed.).
superfície inferior do fígado que estoca a bile. A bile pode fluir da
vesícula biliar pelo ducto cístico ate o ducto biliar, ou pode fluir pelo ↠ Placas de hepatócitos irradiam a partir da veia central
ducto cístico de volta à vesícula biliar (SEELY, 10ª ed.). de cada lóbulo como os raios de uma roda. As placas de
hepatócitos são compostas pelos hepatócitos, as células
funcionais do fígado (SEELY, 10ª ed.).

↠ Os espaços entre as placas de hepatócitos são canais


sanguíneos chamados sinusoides hepáticos. Os sinusoides
são revestidos por um endotélio escamoso fino e
irregular que é composto por duas populações celulares:
(SEELY, 10ª ed.).
➢ células endoteliais esparsas e extremamente
finas;
➢ células fagocíticas hepáticas, as células de
Kupffer.

HISTOLOGIA DO FÍGADO
↠ Uma cápsula de tecido conectivo e o peritônio visceral
cobrem o fígado, exceto na área nua, uma pequena área
na superfície diafragmática que não possui o peritônio
visceral e é envolvida pelo ligamento coronário.. Na porta,
a cápsula de tecido conectivo envia uma rede ramificada
de septos (paredes) em direção à parte central do fígado
para dar suporte. Vasos, nervos e ductos seguem os
ramos de tecido conectivo que adentram o fígado
(SEELY, 10ª ed.).

↠ O canalículo biliar (pequeno canal) encontra-se entre


as células de cada cordão hepático (SEELY, 10ª ed.).

↠ Os hepatócitos possuem seis funções principais:


(SEELY, 10ª ed.).

↠ Os septos de tecido conectivo dividem o fígado em ➢ Produção de bile;


lóbulos de formato hexagonal com uma tríade portal em ➢ Estoque;
cada ângulo. As tríades são assim nomeadas pois três ➢ Interconversão de nutrientes;
vasos - a veia portal hepática, a artéria hepática e o ducto ➢ Detoxificação;
hepático – estão localizados em cada tríade (SEELY, 10ª ➢ Fagocitose;
ed.). ➢ Síntese de componentes do sangue.

@jumorbeck
10

↠ Os hepatócitos possuem um grande número de mas ela exerce papel na digestão pois neutraliza e dilui o
organelas diferentes que os habilitam a desempenhar ácido estomacal e emulsifica os lipídeos (SEELY, 10ª ed.).
muitas funções: (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A bile ajuda a neutralizar o quimo ácido e eleva o pH
➢ O RE rugoso abundante produz proteínas do a um nível que as enzimas pancreáticas possam funcionar.
sangue. Os sais biliares emulsificam os lipídeos. A bile também
➢ O RE liso bem desenvolvido ajuda a produzir sais contém produtos da excreção, como os pigmentos
biliares e eliminar substâncias tóxicas biliares; um dos pigmentos biliares é a bilirrubina, que
transportadas pelo sangue. resulta da quebra da hemoglobina (SEELY, 10ª ed.).
➢ Os peroxissomos abundantes eliminam outras
↠ A bile também contém colesterol, lipídeos, hormônios
substâncias (incluindo o álcool)
lipossolúveis e lecitina (SEELY, 10ª ed.).
➢ O grande aparelho de Golgi embala os produtos
secretórios abundantes do RE. ↠ Estímulos neurais e hormonais regulam a secreção e
➢ Grandes quantidades de mitocôndrias fornecem a liberação da bile. A secreção da bile pelo fígado é
energia para todos esses processos. aumentada pela estimulação parassimpática via nervo
➢ Os vários glicossomos armazenam carboidratos, vago. A secretina, que é liberada pelo duodeno, também
refletindo o papel dos hepatócitos na regulação estimula a secreção biliar, principalmente por aumentar a
do açúcar sanguíneo. quantidade de água e íon bicarbonato na bile (SEELY, 10ª
ed.).
↠ O sangue desoxigenado e rico em nutrientes vindo
das vísceras entra nos sinusoides hepáticos a partir de ↠ A colecistocinina estimula as contrações da vesícula
ramos da veia portal hepática e mistura-se com o sangue biliar a fim de liberar a bile para dentro do duodeno
oxigenado e pobre em nutrientes das artérias hepáticas (SEELY, 10ª ed.).
(SEELY, 10ª ed.).
↠ Os sais biliares também aumentam a secreção de bile
↠ Do sangue, os hepatócitos absorvem o oxigênio e os por meio de um sistema de retroalimentação positiva.
nutrientes, que são estocados, detoxificados e utilizados Mais de 90% dos sais biliares são reabsorvidos no íleo e
para fornecer energia ou utilizados para sintetizar novas transportados no sangue pela circulação portal hepática.
moléculas. As moléculas produzidas ou modificadas pelos Quando retornam ao fígado, os sais biliares estimulam
hepatócitos são liberadas nos sinusoides hepáticos ou nos uma secreção adicional de bile e são, mais uma vez,
canalículos biliares (SEELY, 10ª ed.). secretados na bile. Esse processo de reciclagem reduz a
perda de sais biliares nas fezes. A secreção biliar para o
↠ O sangue misturado nos sinusoides hepáticos flui para
interior do duodeno continua até que o duodeno esvazie
a veia central, onde deixa o lóbulo e então sai do fígado
(SEELY, 10ª ed.).
pelas veias hepáticas. A bile, que é produzida pelos
hepatócitos e consiste principalmente em subprodutos ESTOQUE
metabólicos, flui pelo canalículo biliar em direção à tríade
hepática e deixa o fígado pelos ductos hepáticos. ↠ Os hepatócitos podem remover açúcar do sangue e
Consequentemente, o sangue flui a partir da tríade em estocá-lo na forma de glicogênio. Eles também podem
direção ao centro de cada lóbulo, enquanto a bile flui do estocar lipídeos, vitaminas, cobre e ferro. Essa função de
centro do lóbulo em direção à tríade (SEELY, 10ª ed.). estoque ocorre geralmente por um curto período, e a
quantidade de material estocado nos hepatócitos -
FUNÇÕES DO FÍGADO portanto, o seu tamanho -varia durante o dia (SEELY, 10ª
ed.).
↠ O fígado realiza importantes funções digestórias e
excretoras, estoca e processa nutrientes, detoxifica INTERCONVERSÃO DE NUTRIENTES
compostos químicos danosos e sintetiza novas moléculas
(SEELY, 10ª ed.). ↠ A interconversão de nutrientes é outra importante
função do fígado. Os nutrientes ingeridos nem sempre
PRODUÇÃO DE BILE estão na proporção necessária aos tecidos. Nesse caso,
o fígado pode converter alguns nutrientes em outros
↠ O fígado produz e secreta cerca de 600 a 1.000 mL
(SEELY, 10ª ed.).
de bile a cada dia. A bile não contém enzimas digestivas,

@jumorbeck
11

↠ Os hepatócitos também transformam substâncias que ↠ Imediatamente após uma refeição, a vesícula biliar
não podem ser utilizadas por muitas das células em contrai em resposta ao estímulo pela colecistocinina e,
substâncias mais utilizáveis (SEELY, 10ª ed.). em menor grau, em resposta à estimulação vagal,
despejando, assim, grandes quantidades de bile
DETOXIFICAÇÃO concentrada no intestino delgado (SEELY, 10ª ed.).
↠ Muitas substâncias ingeridas são danosas às células do ↠ O colesterol, secretado pelo fígado, pode precipitar na
corpo. Além disso, o corpo em si produz diversos vesícula biliar para formar os cálculos biliares. O colesterol
subprodutos do metabolismo que, se acumulados, são não é solúvel em água e é normalmente mantido em
tóxicos (SEELY, 10ª ed.). solução com sais biliares (SEELY, 10ª ed.).
↠ O fígado constitui a principal linha de defesa por alterar Os cálculos biliares podem formar-se quando a bile contém colesterol
a estrutura de muitas dessas substâncias danosas e torná- em excesso devido a uma dieta rica em colesterol ou devido ao
las menos tóxicas ou por tornar a eliminação dessas colesterol na vesícula biliar. Ocasionalmente, o cálculo biliar pode sair
da vesícula biliar e entrar no ducto cístico, bloqueando a passagem de
substâncias mais fácil (SEELY, 10ª ed.).
bile. Essa condição interfere na digestão normal e, muitas vezes, o
cálculo biliar deve ser removido cirurgicamente. Se o cálculo biliar se
FAGOCITOSE mover suficientemente ao longo do ducto, ele pode também bloquear
↠ As células fagocíticas hepáticas (células de Kupffer), o ducto pancreático, resultando em pancreatite (SEELY, 10ª ed.).

que se encontram ao longo das paredes sinusoides do Biomoléculas e lipoproteínas plasmáticas


fígado, fagocitam hemácias e leucócitos velhos e em
processo de morte, algumas bactérias e outros detritos ↠ A maioria das moléculas orgânicas são relativamente
que entram no fígado pela circulação (SEELY, 10ª ed.). grandes e têm características únicas que permitem que
elas realizem funções complexas. Categorias importantes
SÍNTESE dos compostos orgânicos incluem carboidratos, lipídios,
↠ O fígado pode produzir seus próprios novos proteína, ácidos nucleicos e trifosfato de adenosina (ATP)
componentes, incluindo proteínas do sangue como (TORTORA, 14ª ed.).
albumina, fibrinogênio, globulinas, heparina e fatores da
CARBOIDRATOS
coagulação, que são liberados na circulação (SEELY, 10ª
ed.). ↠ Os carboidratos incluem os açúcares, o glicogênio, os
amidos e a celulose. Embora eles sejam um grupo diverso
Vesícula biliar e grande de compostos orgânicos e tenham muitas
funções, representam apenas 2 a 3% da sua massa
↠ A vesícula biliar é uma estrutura com formato
corporal total (TORTORA, 14ª ed.).
semelhante a um saco localizada na superfície inferior do
fígado; ela possui aproximadamente 8 cm de ↠ Nos seres humanos e em outros animais, os
comprimento e 4 cm de largura (SEELY, 10ª ed.). carboidratos atuam, principalmente, como fonte de
energia química para a geração do ATP necessário para
↠ Três túnicas formam a parede da vesícula biliar:
a realização de reações metabólicas. Apenas alguns
(SEELY, 10ª ed.).
carboidratos são utilizados para a formação de unidades
➢ Uma mucosa interna que se dobra em rugas e estruturais. Um exemplo é a desoxirribose, um tipo de
permite que a vesícula biliar expanda; açúcar que é a unidade formadora do ácido
➢ Uma muscular, que é uma camada de músculo desoxirribonucleico (DNA), a molécula que carrega a
liso que permite que a vesícula biliar contraia; informação genética hereditária (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Um revestimento externo de serosa.
↠ O carbono, o hidrogênio e o oxigênio são os
↠ O fígado secreta bile de maneira contínua, que flui para elementos encontrados nos carboidratos (TORTORA, 14ª
a vesícula biliar, onde 40 a 70 mL de bile podem ser ed.).
estocados. Enquanto a bile está na vesícula biliar, água e
↠ Os três principais grupos de carboidratos, com base
eletrólitos podem ser absorvidos, e os sais e pigmentos
em seu tamanho, são os: (TORTORA, 14ª ed.).
biliares podem se tornar 5 a 10 vezes mais concentrados
do que quando secretados pelo fígado (SEELY, 10ª ed.). ➢ Monossacarídios:

@jumorbeck
12

➢ Dissacarídios; ÁCIDOS NUCLEICOS


➢ Polissacarídios;
↠ Os ácidos nucleicos, assim chamados porque foram
LIPÍDIOS descobertos primeiramente nos núcleos das células, são
moléculas orgânicas enormes contendo carbono,
↠ Eles constituem cerca de 18 a 25% da massa corporal
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e fósforo.
de adultos magros. Assim como os carboidratos, os lipídios
contêm carbono, hidrogênio e oxigênio (TORTORA, 14ª ↠ Os ácidos nucleicos possuem duas variedades. A
ed.). primeira, o ácido desoxirribonucleico (DNA), constitui o
material genético hereditário dentro de cada célula
↠ Como eles são hidrofóbicos, apenas os menores
humana. Nos seres humanos, cada gene é um segmento
lipídios (alguns ácidos graxos) conseguem se dissolver no
de uma molécula de DNA. Os nossos genes determinam
plasma sanguíneo aquoso. Para se tornarem mais solúveis
os traços que herdamos e, por controlarem a síntese
no plasma sanguíneo, outras moléculas lipídicas se unem
proteica, eles regulam a maior parte das atividades que
a proteínas hidrofílicas (TORTORA, 14ª ed.).
ocorrem nas células do corpo durante as nossas vidas.
↠ Os complexos lipídio-proteína resultantes são
↠ O ácido ribonucleico (RNA), o segundo tipo de ácido
chamados lipoproteínas. As lipoproteínas são solúveis
nucleico, carrega as instruções dos genes para guiar a
porque as proteínas se encontram voltadas para fora e
síntese de proteínas a partir de aminoácidos nas células.
os lipídios para o lado de dentro (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Um ácido nucleico é uma cadeia de monômeros
↠ As várias famílias de lipídios incluem os ácidos graxos,
repetidos chamados nucleotídios. Cada nucleotídio de
os triglicerídios (gorduras e óleos), os fosfolipídios (lipídios
DNA é composto por três partes: base nitrogenada,
que contêm fósforo), os esteroides (lipídios que contêm
açúcar pentose e grupo fosfato.
anéis de átomos de carbono), os eicosanoides (lipídios
com 20 carbonos) e uma variedade de outras substâncias,
incluindo as vitaminas solúveis em gordura (vitaminas A,
D, E e K) e as lipoproteínas (TORTORA, 14ª ed.). Referências

PROTEÍNAS GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.


Editora Elsevier Ltda., 2017
↠ As proteínas são moléculas grandes que contêm
carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Algumas MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
proteínas também contêm enxofre. O corpo de um humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
adulto normal e magro tem 12 a 18% de proteínas. Com SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
complexidade estrutural muito maior do que os Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
carboidratos ou os lipídios, as proteínas desempenham
muitos papéis no corpo e são amplamente responsáveis REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
pela estrutura dos tecidos corporais (TORTORA, 14ª ed.). Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.

↠ As enzimas são proteínas que aceleram a maior parte TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
das reações bioquímicas (TORTORA, 14ª ed.).

↠ Outras proteínas agem como “motores” para a


realização da contração muscular. Os anticorpos são
proteínas que defendem o corpo contra microrganismos
invasores. Alguns hormônios que regulam a homeostasia
também são proteínas (TORTORA, 14ª ed.).

↠Os monômeros das proteínas são os aminoácidos


(TORTORA, 14ª ed.).

@jumorbeck
1

Estado nutricional a partir do GALT secretam citocinas para atrair células imunes adicionais
que podem atacar os invasores e citocinas que
↠ Há muito tempo o intestino deixou de ser reconhecido desencadeiam uma resposta inflamatória. Uma terceira
apenas como um órgão de digestão e absorção, para resposta às citocinas é o aumento da secreção de Cl-, de
assumir um importante papel imunológico por sua fluido e de muco para retirar os invasores do trato GI
participação na defesa contra as agressões do meio (SILVERTHON, 7ª ed.).
externo (FONSECA; COSTA, 2010).
Células M (microfold) são células epiteliais especializadas que recobrem
↠ A mucosa intestinal fica exposta a uma ampla folículos linfoides das placas de Peyer, localizadas no íleo. Essas células
variedade de antígenos provenientes de alimentos, são caracterizadas por numerosas invaginações basais que contêm
muitos linfócitos e células apresentadoras de antígenos, como os
bactérias residentes e microorganismos invasores, e estes macrófagos. Células M podem captar antígenos por endocitose e
necessitam ser limitados pela barreira mucosa que transportá-los para os macrófagos e células linfoides subjacentes, as
fornece a defesa imune a antígenos prejudicais quais migram então para outros compartimentos do sistema linfoide
(FONSECA; COSTA, 2010). (nódulos), onde respostas imunológicas contra esses antígenos são
iniciadas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A função imune do intestino depende de três
Células M representam, portanto, um elo importante na defesa
componentes: a barreira intestinal, o sistema imune imunológica intestinal. A lâmina basal sob as células M é descontínua,
(tecido linfóide associado ao intestino - GALT, plasmócitos, facilitando o trânsito de células entre o tecido conjuntivo e as células
linfócitos, imunoglobulinas) e a microflora (FONSECA; M (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
COSTA, 2010).

↠ Especificamente na mucosa do trato intestinal


encontra-se o sistema G.A.L.T (gut-associated lymphoid
tissue/tecido linfoide associado ao intestino), constituído de
tecido linfoide denso, representado por folículos linfoides
isolados no intestino grosso ou formando agregados
como nas placas de Peyer no íleo.

↠ O GALT representa a maior massa de tecido linfóide


no corpo humano, constituindo importante papel
imunológico do hospedeiro. Está localizado em três
compartimentos: estrutura organizada (placas de Peyer e
linfonodos mesentéricos), onde as respostas imunes da
mucosa inicial são induzidas, assim como lâmina própria e
superfície epitelial, onde os linfócitos estão espalhados
difusamente (FONSECA; COSTA, 2010).

↠ As células M fornecem informações sobre o conteúdo


do lúmen para as células imunes do GALT (SILVERTHON, ↠ As múltiplas interações entre o epitélio, o GALT e os
7ª ed.). microorganismos intestinais estão constantemente
remodelando o sistema imunológico local e sistêmico, e
↠ A superfície apical das células M contém depressões
tem se estabelecido uma influência direta da nutrição
revestidas por clatrina com receptores de membrana.
neste processo (FONSECA; COSTA, 2010).
Quando os antígenos se ligam a esses receptores, as
células M usam transcitose para transportá-los para sua EFEITO DA NUTRIÇÃO SOBRE O SISTEMA IMUNE INTESTINAL
membrana basolateral, onde eles são liberados para
dentro do líquido intersticial. Macrófagos e linfócitos estão ↠ O intestino é responsável por 17 a 25% do consumo
esperando no compartimento extracelular para que a de oxigênio de todo o corpo, portanto é um órgão
célula M os apresentem aos antígenos (SILVERTHON, 7ª metabolicamente dispendioso e extremamente afetado
ed.). se a ingestão de nutrientes é diminuída ou
completamente interrompida, ou seja, em casos de jejum
↠ Se os antígenos são substâncias que ameaçam o ou nutrição parenteral (FONSECA; COSTA, 2010).
corpo, as células imunes mudam a sua ação. Elas

@jumorbeck
2

↠ Estudos experimentais demonstraram que a via e o Papel da microbiota intestinal


tipo de nutrição afetam significativamente o GALT e o
nível de Ig-A no trato gastrointestinal (FONSECA; ↠ O termo microbiota intestinal refere-se a uma
COSTA, 2010). variedade de micro-organismos vivos principalmente
bactérias anaeróbias, que colonizam o intestino logo após
A nutrição parenteral induz atrofia das vilosidades, apoptose de células o nascimento. É constituído por microbiota nativa e de
epiteliais e alteração da permeabilidade da mucosa, além de propiciar
translocação bacteriana e perda de barreira (FONSECA; COSTA, 2010). transição temporária, sendo considerado como um dos
ecossistemas mais complexos, com cerca de 1.000
↠ Animais recebendo nutrição parenteral (para evitar a bactérias distintas. Seu estabelecimento é influenciado por
desnutrição letal), sem estimulação da nutrição enteral, múltiplos fatores e chega ao ápice por volta dos dois anos
diminuem a expressão de MAdCAM-1 (moléculas de de idade (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
adesão das células da mucosa-1) nas placas de Peyer, que
são receptores expressos nas células endoteliais ↠ Os neonatos são estéreis, totalmente livres de
associadas ao intestino que têm a função de permitir o bactérias. A primeira fonte de microrganismos para a
trânsito de leucócitos no compartimento imune da colonização do trato gastrointestinal (TGI) é o parto,
mucosa (FONSECA; COSTA, 2010). principalmente o normal, por ter contato direto com a
microbiota fecal da mãe. No parto cesáreo, a fonte inicial
↠ Em poucas horas de ausência de nutrição enteral, de contaminação é o meio ambiente, retardando assim o
foram observadas redução no RNAm de MAdCAM-1 e estabelecimento da microbiota, sendo mais comum a
diminuição da expressão de MAdCAM-1 nas placas de colonização por bactérias anaeróbia – Bacteroides e
Peyer em 24 a 48 horas, porém mudanças significativas Clostridium (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
já foram observadas em aproximadamente 8 horas. Após
os três primeiros dias, ocorre diminuição progressiva nas ↠ Em segundo plano, o ambiente e a amamentação
células T e B nas placas de Peyer e lâmina própria, com também influenciam a formação da microbiota intestinal.
diminuição simultânea nos níveis de Ig -A intestinal Esta por sua vez sofre grande influência pelo uso de leite
(FONSECA; COSTA, 2010). humano ou leite industrializado. Os recém nascidos
amamentados enriquecem a microbiota comensal com
↠ Além disso, a ausência de estimulação de alimentação bifidobactérias e induzem a inibição de bactérias
enteral com alimentação parenteral altera o tamanho e a patogênicas por meio de fatores imunológicos
função do GALT, decorrente de baixos níveis de RNA encontrados no leite materno. Entretanto, crianças
mensageiro para IL-4 e IL-10, implicando redução da alimentadas com leites artificiais apresentam uma
estimulação de Ig-A, com consequente microbiota mais diversificada com bacteroides,
comprometimento da imunidade da mucosa intestinal enterobactérias, enterococcus e Clostridium sp. (PAIXÃO;
(FONSECA; COSTA, 2010). CASTRO, 2016).
↠ Alguns estudos demonstraram que mudanças na ↠ A colonização do TGI infantil completa é de extrema
mucosa intestinal não estão visíveis em humanos com importância para a saúde do bebê e posteriormente para
privação de alimento, a não ser que a privação seja muito o adulto, a sua instalação e manutenção pode reduzir a
prolongada ou caracterizada pela desnutrição proteica proliferação e disseminação de bactérias multirresistentes
(FONSECA; COSTA, 2010). (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
RESUMO
↠ O desenvolvimento e estabelecimento da microbiota
O intestino não é apenas um órgão de digestão e absorção, mas intestinal é um mecanismo complexo que recebe
também assume importante função no sistema imunológico. A influência de fatores externos relacionados ao hospedeiro
nutrição é reconhecida por modular e melhorar a resposta imune como o tipo de parto, aleitamento materno ou artificial,
neste local. De acordo com o que foi exposto, pode-se observar que
o jejum provoca mudanças na superfície intestinal e que a nutrição
contaminação ambiental, uso de antimicrobianos, sistema
parenteral promove mudanças negativas na estrutura e função da imune e características genéticas. Esses elementos
mucosa, porém em humanos essas mudanças não foram observadas. podem facilitar ou dificultar a instalação do ecossistema
Em contrapartida, a nutrição enteral promove a manutenção ou o (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
restabelecimento da mucosa intestinal poucas horas após sua
administração (FONSECA; COSTA, 2010). ↠ A microbiota intestinal é um ecossistema
essencialmente bacteriano, que age de forma simultânea

@jumorbeck
3

e mútua com as células do hospedeiro por um processo barreira. Essa barreira mecânica acontece pela ocupação
de simbiose, no qual nenhum dos dois é prejudicado. O dos sítios de adesão celulares da mucosa com microbiota
equilíbrio pode ser mantido por meio de uma alimentação autóctone (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
sistemática rica em probióticos e prebióticos (PAIXÃO;
↠ Deve-se ressaltar que a resistência a colonização não
CASTRO, 2016).
é causada unicamente pela microbiota intestinal, outros
O intestino é considerado um ambiente com amplo número de fatores podem influenciar essas funções, por exemplo, os
espécies de bactérias distintas. São encontradas em toda região fatores anatômicos e fisiológicos (incluindo a integridade
gastrointestinal, entretanto, no estômago e no intestino delgado
encontram-se em menores quantidades devido ao contato e ação
da mucosa), salivação, secreção de imunoglobulina IgA,
bactericida do suco gástrico. No íleo, há uma área de transição e o produção de ácido graxo, descamação da mucosa e
colón apresenta condições favoráveis para o crescimento bacteriano motilidade gastrointestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
devido à escassez de secreções intestinais e abrangente fonte de
nutrição (PAIXÃO; CASTRO, 2016). FUNÇÃO NUTRICIONAL
COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL ↠ A atividade de algumas bactérias intestinais sobre uma
categoria de nutrientes permite um melhor desempenho
↠ As principais bactérias que compõe a microbiota
intestinal. Esse processo acontece normalmente com
entérica são benéficas e/ou probióticas e as nocivas.
substratos que não foram digeridos e chegam ao lúmen
Como exemplo de probióticas, temos as Bifidobactérias e
do cólon, especialmente os carboidratos, que são
Lactobacilos (Bacteroides spp., Bifidobacterium spp.,
fermentados e formam ácidos absorvidos pela mucosa.
Lactobacillus spp., e para as nocivas podem ser citadas a
Esse mecanismo é denominado salvamento energético e
Enterobacteriaceae e Clostridium spp. São encontrados
forma os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) tais como
também na microbita entérica a Eubacterium spp.,
o buritato e propionato, que são a principal fonte nutritiva
Fusonbacterium spp., Peptostreptococcus spp.,
dos colonócitos e apresentam efeito trófico no epitélio do
Ruminococcus (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
intestino (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
↠ As bactérias que integram o trato gastrointestinal são
↠ A microbiota do TGI sintetiza vitamina K e vitamina do
em sua maioria anaeróbicas, destacando-se os gêneros
complexo B que são úteis e importantes para o
bacteroides, Bifi dobacterium, Eubacterium, Clostridium,
metabolismo do indivíduo. Essas vitaminas são produzidas
Peptococcus, Peptostreptococcus, Ruminococcus e
pelas bactérias Propionibacterium, Fusobacterium, Bifi
Fusobacterium (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
dobacterium, Lactobacilos, Clostridium, Enterobacterium,
↠ Em minoria, estão também presentes organismos do Veillonella, Enterococcus e Estreptococcus e são
domínio Archaea, representado pela espécie sintetizadas no cólon intestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
Methanobrevibacter smithii, leveduras e alguns protistas
FUNÇÃO IMUNOMODULADORA
FUNÇÕES DA MICROBIOTA INTESTINAL
↠ No período neonatal, a instalação da microbiota está
↠ A microbiota intestinal tem várias funções que são associada com o tecido linfoide intestinal. O
significantes e bem estabelecidas, sendo importantes as estabelecimento desse sistema imunológico local com
de proteção anti-infecciosa que fornecem resistência à ação conjunta ao estímulo da microbiota ativa o sistema
colonização por micro-organismos exógenos; a imune. O tecido linfoide reconhece as espécies e
imunomodulação, que possibilita uma ativação das defesas antígenos que são benéficas ao hospedeiro, procedendo,
imunológicas e, por fim, a contribuição nutricional assim, uma resposta de tolerância imunológica. Cerca de
resultante das interações locais e dos metabólitos 80% de todas as células imunológicas ativas do corpo
produzidos oferecendo fontes energéticas e de vitaminas humano estão localizadas no TGI (PAIXÃO; CASTRO,
(PAIXÃO; CASTRO, 2016). 2016).

FUNÇÕES ANTIBACTERIANAS, RESISTÊNCIA A ↠ As células epiteliais da mucosa intestinal são as grandes


COLONIZAÇÃO OU DE PROTEÇÃO responsáveis pelo reconhecimento inicial do sistema
imunológico, o contato direto com a luz intestinal é
↠ As bactérias autóctones, denominadas TGI, exercem primordial para que ocorra esse processo. A ativação dos
a função de proteção e impedem a adesão de mecanismos de defesa é dependente da rápida detecção
microrganismo não benéficos, formando, assim, uma de risco por meio dos receptores inatos que identificam

@jumorbeck
4

componentes estruturais com características de fungos, longos períodos a base de antibióticos promovem a
leveduras e bactérias (PAIXÃO; CASTRO, 2016). seleção de bactérias que contêm genes de alta
resistência a antibióticos, o que leva uma maior
↠ A microbiota natural do TGI realiza o papel de barreira
preocupação a respeito da propagação dessas bactérias
fisiológica, que é composta pelo epitélio da mucosa do
que são mais agressivas ao hospedeiro (PAIXÃO;
intestino. As partes integrantes da barreira correspondem
CASTRO, 2016).
ao epitélio mucoso, o sistema imune local, Placa Peyer,
lâmina própria, barreira linfoepitelial e a circulação hemato-
linfática (PAIXÃO; CASTRO, 2016).

↠ O tecido linfoide ligado ao intestino (GALT) é dividido


em duas estruturas funcionais, a Placa de Peyer (PP), local
de contato luminal do antígeno com o sistema imune e
por linfócitos intraepiteliais/lâmina própria que estão
distribuídos aleatoriamente. A PP é revestida por células
M responsáveis pela captura e transporte do lúmen e por
células T que acionam os linfócitos B imaturo IgM a trocar
o isótopo por IgA (PAIXÃO; CASTRO, 2016).

↠ Após reconhecimento e ativação do mecanismo de


defesa, a imunoglobulina IgA secrotora neutraliza as
bactérias impedindo que se aderem à parede da mucosa
intestinal, segue então a ação dos macrófagos e
neutrófilos que as fagocitam. Os anticorpos são
coadjuvantes na destruição das bactérias e em
determinados momentos ligam-se a toxinas por elas
produzidas, para neutralizar os efeitos desses produtos
(PAIXÃO; CASTRO, 2016).
TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL
↠ O Transplante de Microbiota Fecal (TMF) é definido
como o método pelo qual bactérias comensais,
pertencentes ao TGI de pessoas saudáveis, são inseridas
em pacientes com infecções bacterianas no intestino, por
intermédio de tubos nasogástricos ou colonoscopia. Com
o objetivo de restaurar a microbiota natural, essa terapia
é mais indicada em infecções persistentes, em especial as
causadas por Clostridium difficile (PAIXÃO; CASTRO,
2016).
DESEQUILÍBRIO DA MICROBIOTA BACTERIANA ↠ O TMF se baseia na recuperação e/ou fortalecimento
↠ O desequilíbrio da microbiota pode levar a perda de da microbiota intestinal, por meio da ingestão de
efeitos imunes normais reguladores na mucosa do microrganismo vivos, aplicados em quantidades suficientes
intestino, sendo associada a um número de doenças e que oferecem benefícios ao hospedeiro. Esse
inflamatórias e imuno-mediata (PAIXÃO; CASTRO, 2016). tratamento tem como efeito a diminuição quase
totalmente das diarreias e nos sintomas da infecção. A
↠ O efeito de alguns antibióticos permanece por longos seleção do doador é feita preferencialmente pelo cônjuge
períodos, produzindo uma seleção dos micro-organismos, ou parentesco próximo, caso não encontre
proporcionando a perda da microbiota comensal e a compatibilidade, faz a escolha por um doador não-
propagação de bactérias mais adaptadas. Esse efeito do aparentado (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
antibiótico depende do modo de ação do medicamento
e o grau de resistência das bactérias. Tratamentos por

@jumorbeck
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Medicamento: nome comercial x nome genérico

↠ Lei 9.787, conhecida como “Lei dos Genéricos”, a qual


instituiu o medicamento genérico no Brasil. O governo
federal liberou a venda de medicamentos genéricos em
fevereiro de 2000 com o objetivo de reduzir os custos
com a compra de remédios e facilitar o acesso da
população aos tratamentos de saúde (ALONSO et. al.,
2015).

↠ O mercado brasileiro de medicamentos está exposto


a uma nova realidade desde a inserção dos denominados
medicamentos genéricos, os quais possuem o mesmo
princípio ativo, mesma dose e mesma forma
farmacêutica, sendo administrados pelas mesmas vias e
EIXO INTESTINO-CÉREBRO E DOENÇA MENTAL com a mesma indicação terapêutica do medicamento de
↠ A microbiota intestinal é um agente essencial na referência, com o qual deve ser intercambiável (ALONSO
manutenção da homeostase estando a disbiose envolvida et. al., 2015).
no desenvolvimento de doenças gastrointestinais e ↠ Aproximadamente um terço da população mundial
sistémicas (LANDEIRO, 2016). tem dificuldade de acesso a medicamentos, pelos
↠ Uma microbiota intestinal estável é fundamental para a elevados preços, sendo que essa proporção aumenta
manutenção da fisiologia normal do intestino e contribui para 50% em países em desenvolvimento. Assim, os
para a correta transmissão de sinais ao longo do eixo medicamentos genéricos são uma alternativa aos
intestino-cérebro, o que permite a manutenção da saúde medicamentos de referência em vários países do mundo
do indivíduo (LANDEIRO, 2016). (LIRA et. al., 2014).

↠ Por sua vez, como se pode observar do lado direito, ↠ O Ministério da Saúde, através da Lei de
a disbiose intestinal pode influenciar negativamente a Medicamentos Genéricos (ANVISA, 1999), avalia os testes
fisiologia do intestino, provocando uma transmissão de de bioequivalência entre os genéricos e seu medicamento
estímulos inapropriada ao longo do eixo intestino-cérebro de referência apresentados pelos fabricantes para
e consequentemente, fazer surgir alterações nas funções comprovação da sua qualidade. O que diferencia os
do SNC e o desenvolvimento de doenças (LANDEIRO, medicamentos genéricos é que eles são comercializados
2016). pelo nome do princípio ativo e apresentam, impressos
nas embalagens, uma tarja amarela com a letra “G” em
↠ O stress também pode afetar a microbiota destaque e os dizeres: Medicamento Genérico – Lei
modificando a sua composição, uma vez que pode 9.787/99. Assim, os testes de bioequivalência são
influenciar as funções do intestino (LANDEIRO, 2016). realizados com o objetivo de comprovar se dois produtos
de idêntica forma farmacêutica, contendo idêntica
composição, qualitativa e quantitativa, de princípio ativo,

@jumorbeck
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são absorvidos em igual quantidade e na mesma fator importante para a escolha destes pelos
velocidade pelo organismo de quem os toma. Os consumidores (LIRA et. al., 2014).
genéricos podem substituir remédios de marca a critério
↠ Para ter acesso aos genéricos os pacientes devem
médico (ALONSO et. al., 2015).
solicitar ao médico que a receita traga a possibilidade de
↠ O medicamento genérico é definido como aquele que substituição. Caso a troca seja restrita, o profissional deve
é produzido livremente após o prazo de proteção da dar a orientação clara na receita, para que não haja
patente do produto de referência, devendo ser engano no momento da compra do medicamento
semelhante ao de referência em bioequivalência, a fim de (ALONSO et. al., 2015).
obter o mesmo efeito terapêutico (LIRA et. al., 2014).
↠ A introdução dos genéricos se tornou uma alternativa
↠ O medicamento de referência é aquele registrado no para aquisição de medicamentos de qualidade a preços
órgão federal responsável pela vigilância sanitária, cuja acessíveis para grande parte da população (LIRA et. al.,
qualidade deve ser comprovada cientificamente, por 2014).
ocasião do registro, e a eficácia e a segurança devem ser
AVALIAÇÃO DO CONHECIMNETO SOBRE OS GENÉRICOS
testadas por meio de estudos clínicos (LIRA et. al., 2014).
Estudo descritivo e transversal, participaram 278 pessoas.
↠ Além dos medicamentos de referência e genéricos,
existe uma terceira classe denominada “medicamentos Quanto à prescrição de medicamentos por parte dos médicos, 49
(17,6%) participantes afirmaram que seus médicos nunca
similares”, definidos como aqueles que contêm o mesmo
prescreveram medicamentos genéricos e apenas 21 (7,5%) disseram
ou os mesmos princípios ativos, mesma concentração, que seus médicos sempre prescreviam genéricos (LIRA et. al., 2014).
forma farmacêutica, via de administração, posologia e
Entre os entrevistados, 247 (88,8%) informaram que o genérico
indicação terapêutica, e que é equivalente ao
possuía um preço menor que o medicamento de referência e 223
medicamento registrado no órgão federal responsável, (80,2%) afirmaram comprar o genérico por conta do preço (LIRA et.
podendo diferir em características relativas ao tamanho e al., 2014).
forma do produto, prazo de validade, embalagem,
Nesse sentido, estudos demonstram que uma boa medida para
rotulagem, excipientes e veículo (LIRA et. al., 2014). O aumentar a prescrição de genéricos é ampliar o nível de
medicamento similar não pode ser intercambiável e se conhecimento de quem os prescreve. A baixa prescrição dos
trata de uma alternativa terapêutica cujos resultados genéricos pode ser explicada, pois os medicamentos de referência e
podem ser diferentes do medicamento de referência, similares têm seu processo de difusão muito mais dinâmico que os
genéricos, devido aos instrumentos de persuasão da indústria
assim como os processos farmacocinéticos e a farmacêutica, entre os quais figuram os representantes farmacêuticos,
disponibilidade (ALONSO et. al., 2015). que divulgam as informações básicas e fazem propaganda do
medicamento de referência entre os profissionais médicos. Isso não
↠ Já foram descritos fatores de resistência com relação significa que os genéricos não sejam propagandeados, mas sim que
a uso dos medicamentos genéricos como, por exemplo: isso ocorre com menores frequência e intensidade em relação aos
(LIRA et. al., 2014). medicamentos similares e de referência (LIRA et. al., 2014).

➢ a baixa disponibilidade desses produtos nas


farmácias; PESQUISA REALIZADA COM 50 MÉDICOS
➢ o baixo estímulo à prescrição pelos profissionais
Um total de 35 profissionais (70%) revelou que confia na eficácia do
médicos;
medicamento genérico, enquanto que 15 profissionais (30%) não
➢ a falta de conhecimento entre os profissionais da acreditam na sua eficácia (ALONSO et. al., 2015).
saúde;
Ao serem indagados quanto à relação da prescrição de medicamentos
➢ a falta de orientação para o uso;
genéricos e os de referência ou similares, 16 profissionais (32%)
➢ a falta de conhecimento e as crenças negativas afirmaram que a relação é de cerca de 50%, enquanto que 12
dos consumidores quanto à sua utilização. profissionais (24%) afirmaram que a prescrição de genéricos é
superior, 13 profissionais (26%) revelaram maior prescrição de
↠ Um estudo realizado na Espanha, mostraram que medicamentos de referência ou similares em comparação aos
98,8% dos pacientes aceitaram trocar os medicamentos genéricos e nove profissionais (18%) não opinaram, pois não
de referência por genéricos após terem recebido prescrevem nunca os genéricos (ALONSO et. al., 2015).
informações sobre os genéricos. Isso demonstra que o A maioria dos profissionais, ou seja, 27 (54%) afirmou que apresenta
conhecimento acerca dos medicamentos genéricos é um restrições quanto à substituição do medicamento por ele prescrito por
um similar, de referência ou genérico enquanto que 23 profissionais

@jumorbeck
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(46%) afirmaram que não apresentam restrições (ALONSO et. al., ↠ Os prebióticos são, em sua maioria, pertencentes ao
2015). grupo dos carboidratos oligossacarídeos, mas outras
Os profissionais foram questionados se já observaram casos nos quais substâncias como polifenóis e ácidos graxos poli-
o paciente apresentou resposta insatisfatória com o tratamento com insaturados podem exercer ação prebiótica (MARQUES
um medicamento genérico e quando substituído por um medicamento et. al., 2020).
de referência ou similar o paciente respondeu bem. Um total de 32
profissionais afirmou que sim (64%) e 18 profissionais responderam ↠ São encontrados na cebola, chicória, alho, alcachofra,
que não (36%) (ALONSO et. al., 2015).
cereais, aspargos, beterraba, banana, trigo e tomate,
Prebióticos, probióticos e posbiótico podem estar presentes no mel e açúcar mascavo, em
tubérculos (RAIZEL et. al., 2011).
↠ Considerados como alimentos funcionais, os
probióticos e prebióticos são atualmente bem ↠ Para que um ingrediente (ou grupo de substâncias)
reconhecidos no mundo todo como sendo uns dos possa ser definido como tal, deve cumprir os seguintes
principais promotores da vitalidade da microbiota intestinal requisitos: (RAIZEL et. al., 2011).
(SILVA; MARTINS, 2015). ➢ ser de origem vegetal;
➢ formar parte de um conjunto heterogêneo de
PREBIÓTICOS
moléculas complexas;
↠ O termo prebiótico remonta de 1950 com a ➢ não ser digerida por enzimas digestivas, nem
descoberta de fatores promotores de crescimento das absorvido na porção superior do trato
bifidobactérias no leite humano. Posteriormente, em 1995, gastrointestinal;
Gibson e Roberfroid propuseram o conceito de ➢ ser seletivamente fermentado por uma colônia
prebióticos como: ingredientes alimentares não digeríveis de bactérias potencialmente benéficas ao cólon,
que estimulam seletivamente o crescimento e atividade alterando para uma composição da microbiota
de um número limitado de bactérias no cólon, mais saudável e ser ativo osmoticamente
promovendo, assim, efeitos benéficos à saúde do
↠ Os prebióticos são seletivamente fermentados pela
hospedeiro (MARQUES et. al., 2020).
microbiota comensal, produzindo ácidos graxos de cadeia
↠ Em 2010, esse conceito foi ligeiramente modificado curta (AGCC). Estes causam redução no pH e alterações
para “ingredientes seletivamente fermentados que no lúmen intestinal e na morfologia tecidual, levando a
causam mudanças específicas na composição e/ou produção de moléculas sinalizadoras, células imunes e
atividade da microbiota gastrointestinal, conferindo metabólitos que promovem, por exemplo, a formação e
benefícios à saúde do hospedeiro” (MARQUES et. al., manutenção de adequada densidade óssea. Os AGCC
2020). estão envolvidos no processo de saciedade através de
vários mecanismos, entre os quais, na estimulação da
↠ Em 2017, Gibson e colaboradores, passaram a definir leptina, a partir da interação com receptores específicos
os prebióticos como “um substrato que é utilizado nos adipócitos, que reduz a sinalização cerebral de grelina
seletivamente por microrganismos hospedeiros, e a resposta orexígena; na gliconeogênese hepática
conferindo benefícios à saúde” (MARQUES et. al., 2020). ativada pelo propionato; e na produção de hormônios
↠ Os prebióticos são definidos como sendo ingredientes anorexígenos (PYY e GLP1/2) pelas células L, no cólon
alimentares que são os principais substratos de (MARQUES et. al., 2020).
crescimento dos microrganismos dos intestinos, não
PROBIÓTICOS
digeridos no intestino delgado que, ao atingir o intestino
grosso, são metabolizados seletivamente por um número ↠ Os probióticos são microrganismos que quando
limitado de bactérias denominadas benéficas, as quais administrados em quantidades adequadas conferem
alteram a microbiota do cólon gerando uma microbiota benefício à saúde do hospedeiro (MARQUES et. al., 2020).
bacteriana saudável, auxiliando-a em seu crescimento e
metabolismo através da competição pelo alimento ↠ Os probióticos exercem papel importante na saúde
probiótico que favorece a proliferação das bactérias humana, proporcionando um efeito protetor sobre a
benéficas, principalmente os lactobacilos e as microbiota no trato gastrointestinal através da colonização
bifidobactérias, induzindo assim efeitos fisiológicos e da atividade transitória, dependendo da espécie
importantes para a saúde (RAIZEL et. al., 2011). (MARQUES et. al., 2020).

@jumorbeck
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↠ A definição aceita internacionalmente é que SIMBIÓTICOS


probióticos são microrganismos vivos, que quando
administrados em quantidades adequadas, conferem ↠ Simbióticos são alimentos contendo simultaneamente
benefícios à saúde do hospedeiro (RAIZEL et. al., 2011). microrganismos probióticos e ingredientes prebióticos,
resultando em produtos com as características funcionais
↠ Os probióticos funcionam como uma barreira e dos dois grupos, que em sinergia vão beneficiar a saúde
melhoram a função de barreira da mucosa intestinal. O do consumidor. A colonização de probióticos exógenos
efeito de barreira ocorre por mecanismos como: inibição combinados com os prebióticos pode aumentar a ação
competitiva com patógenos por sítios de ligação e adesão dos primeiros no trato intestinal (RAIZEL et. al., 2011).
na mucosa; pela produção de bacteriocinas, redução do
APENDICITE
pH via produção de AGCC e de biosurfactantes com
atividades antimicrobiana (MARQUES et. al., 2020). A apendicite é uma inflamação do apêndice vermiforme que
geralmente ocorre devido a uma obstrução do apêndice (SEELY, 10ª
↠ Em um intestino adulto saudável, a microflora ed.).
predominante se compõe de microorganismos
As secreções do apêndice não conseguem passar por essa obstrução
promotores da saúde, em sua maioria pertencente aos e se acumulam, resultando no seu alargamento e em dor. As bactérias
gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus. Esses gêneros presentes nessa região podem causar infecção do apêndice (SEELY,
estão presentes em iogurtes, produtos lácteos 10ª ed.).
fermentados e suplementos alimentares (RAIZEL et. al., Os sintomas incluem dor abdominal aguda, principalmente na porção
2011). direita inferior do abdome; febre leve; perda de apetite; constipação
ou diarreia; náusea e vômito (SEELY, 10ª ed.).
↠ A seleção de bactérias probióticas tem como base os
seguintes critérios: o gênero, a origem (que deve ser No quadrante inferior direito do abdome, cerca de um terço de
distância seguindo uma linha a partir da crista ilíaca anterossuperior
humana), a estabilidade frente ao ácido estomacal e aos direita em direção ao umbigo, encontra-se uma área chamada ponto
sais biliares, a capacidade de aderir à mucosa intestinal, a de McBurney. Essa área torna-se bastante endurecida em pacientes
capacidade de colonizar, ao menos temporariamente, o com apendicite aguda e apresenta dor referida quando o apêndice
trato gastrintestinal humano, a capacidade de produzir está inflamado (SEELY, 10ª ed.).
compostos antimicrobianos e a atividade metabólica no Se o apêndice romper, a infecção pode se espalhar por toda a
intestino (RAIZEL et. al., 2011). cavidade peritoneal, causando peritonite, com risco de morte (SEELY,
10ª ed.).
↠ Para ser considerado probiótico cada cepa de (108-10
bactéria deve estar em concentração por dia) (RAIZEL Intestino grosso
et. al., 2011).
↠ O intestino grosso é a porção do trato digestório que
↠ Benefícios atribuídos aos probióticos são: preservação se estende da junção ileocecal ao ânus. Ele é composto
da integridade intestinal e atenuação dos efeitos de pelo ceco, cólon, reto e canal anal (SEELY, 10ª ed.).
doenças intestinais, inibição da colonização gástrica com
↠ Normalmente, são necessárias 18 a 24 horas para que
Heliobacter pylori que é associado a gastrite, úlcera
o material passe pelo intestino grosso. Logo, os
péptica e câncer gástrico (RAIZEL et. al., 2011).
movimentos no cólon são mais lentos do que os no
PÓSBIÓTICO intestino delgado. Enquanto permanece no cólon, o quimo
é convertido em fezes (SEELY, 10ª ed.).
↠ Os posbióticos correspondem a fração solúvel
intracelular secretada por bactérias vivas ou liberada após ↠ A formação das fezes envolve a absorção de água e
a lise bacteriana – ou seja, subprodutos metabólicos e/ou sais, secreção de muco e uma extensiva ação de
componentes da parede celular de probióticos microrganismos. O cólon estoca as fezes até que sejam
(Lactobacilos e Bifidobactérias) – e, devido a sua eliminadas por defecação. Cerca de 1.500 mL de quimo
bioatividade, podem mimetizar os efeitos benéficos dos entram no ceco a cada dia, mas mais de 90% do volume
probióticos sem a necessidade de administrar micro- são reabsorvidos, de forma que somente 80 a 150 mL de
organismos vivos, reduzindo assim possíveis efeitos fezes são normalmente eliminadas por defecação
colaterais (BAPTISTELLA, 2018). (SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
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ANATOMIA DO INTESTINO GROSSO ↠ A camada muscular circular do cólon é completa,


porém, a camada muscular longitudinal é incompleta. Em
vez de envolver completamente a parede intestinal, a
camada longitudinal forma três bandas, chamadas tênias
do cólon, que percorrem o comprimento do cólon.
Contrações das tênias do cólon causam a formação de
bolsas chamadas saculações do cólon ao longo deste,
conferindo uma aparência enrugada ao cólon. Pequenas
bolsas de tecido conectivo preenchidas com li pídeos,
chamadas apêndices omentais, estão ligadas à superfície
externa do cólon ao longo de seu comprimento (SEELY,
10ª ed.).

↠ O revestimento mucoso do intestino grosso é


composto por epitélio colunar simples. Esse epitélio não
Ceco se forma nas pregas ou vilosidades como no intestino
delgado, mas em numerosas glândulas tubulares
↠ O ceco é o terminal proximal do intestino grosso, onde chamadas criptas. As criptas, que são um pouco
ele encontra o intestino delgado na junção ileocecal. O semelhantes às glândulas intestinais do intestino delgado,
ceco estende-se inferiormente cerca de 6 cm após a são compostas por três tipos celulares: células absortivas,
junção ileocecal na forma de um saco cego (SEELY, 10ª caliciformes e granulares (SEELY, 10ª ed.).
ed.).
↠ A principal diferença é que, no intestino grosso, as
↠ Unida ao ceco, há uma pequena estrutura com células caliciformes predominam, e os outros dois tipos de
formato de tubo com cerca de 9 cm de comprimento células encontram-se em número reduzido (SEELY, 10ª
chamada apêndice vermiforme (formato de verme). As ed.).
paredes desse apêndice contêm muitos nódulos linfáticos,
os quais contribuem para as funções imunes (SEELY, 10ª RETO
ed.).
↠ O reto é um tubo muscular reto que inicia na
CÓLON terminação do cólon sigmoide e termina no canal anal. O
revestimento mucoso do reto é feito por epitélio colunar
↠ O cólon possui cerca de 1,5 a 1,8 m de comprimento, simples, e a túnica muscular é relativamente espessa, se
e é composto por quatro partes: cólon ascendente, cólon comparada com o resto do trato digestório (SEELY, 10ª
transverso, cólon descendente e cólon sigmoide (SEELY, ed.).
10ª ed.).
CANAL ANAL
↠ O cólon ascendente estende-se superiormente a partir
do ceco e termina na flexura direita do cólon (flexura ↠ Os últimos 2 a 3 cm do trato digestório correspondem
hepática), próximo à margem direita inferior do fígado ao canal anal. Ele inicia no terminal inferior do reto e
(SEELY, 10ª ed.). termina no ânus (abertura externa do trato digestório). A
camada de músculo liso do canal anal é ainda mais espessa
↠ O cólon transverso estende-se a partir da flexura que no reto e forma o esfincter anal interno no terminal
direita do cólon até a flexura esquerda do cólon (flexura superior (SEELY, 10ª ed.).
esplênica) (SEELY, 10ª ed.).
↠ O músculo esquelético forma o esfincter anal externo
↠ O cólon descendente estende-se da flexura esquerda no terminal inferior do canal. O epitélio da parte superior
do cólon até a abertura da pelve menor, onde inicia o do canal anal é colunar simples, e o da parte inferior é
cólon sigmoide (SEELY, 10ª ed.). estratificado pavimentoso. As veias retais que abastecem
o canal anal podem tornar-se mais alargadas ou inflamadas
↠ O cólon sigmoide forma um tubo com formato de S
em uma condição chamada hemorroida (SEELY, 10ª ed.).
que se estende pela pelve e termina no reto (SEELY, 10ª
ed.).

@jumorbeck
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alimentar: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular


e túnica serosa (TORTORA, 14ª ed.).

↠ A parede do intestino grosso assemelha -se à do


intestino delgado em alguns aspectos e difere em outros
aspectos (MARIEB, 7ª ed.).

↠ O epitélio mucoso do colo é um epitélio simples


prismático contendo os mesmos tipos de célula do
intestino delgado. As células caliciformes são mais
abundantes no intestino grosso, por isso elas secretam
grandes quantidades de muco lubrificante que facilita a
passagem das fezes em direção ao fim do tubo digestório.
As células absortivas (também chamadas colonócitos)
absorvem água e eletrólitos (MARIEB, 7ª ed.).

↠ Não existem vilosidades, o que reflete o fato de que


menos nutrientes são absorvidos no intestino grosso
DIVERTICULOSE E DIVERTICULITE (MARIEB, 7ª ed.). No entanto, as células absortivas
Quando a alimentação carece de fibras, o conteúdo do colo diminui
apresentam microvilosidades (TORTORA, 14ª ed.).
de volume e as contrações do músculo circular no colo exercem
↠ As glândulas intestinais estão presentes como
pressões maiores sobre sua parede. Essa pressão promove a
formação de vários sacos chamados divertículos, que são pequenas glândulas tubulares simples contendo muitas células
hérnias da mucosa através da parede do colo. A condição resultante caliciformes. Células -tronco não diferenciadas ocorrem
se chama diverticulose. Essa condição surge na maioria das vezes no nas bases dessas glândulas e as células epiteliais são
colo sigmoide (MARIEB, 7ª ed.). totalmente substituídas semanalmente (MARIEB, 7ª ed.).
A diverticulose leva a nada mais do que uma dor vaga, embora possa
romper uma artéria no colo e produzir sangramento pelo ânus. ↠ As outras camadas da parede são bastante típicas. A
Aumentar a quantidade de fibra na alimentação costuma aliviar os lâmina própria e a submucosa contêm mais tecido linfático
sintomas. Em cerca de 20% dos casos de diverticulose os pacientes do que em qualquer outra parte do tubo digestório, mas
desenvolvem uma condição mais grave chamada diverticulite, na qual isso não é de surpreender, considerando a ampla flora
os divertículos inflamado são infectados e podem perfurar, vazando
bacteriana do intestino grosso. As especializações da
fezes na cavidade peritoneal (MARIEB, 7ª ed.).
muscular e da serosa, que são as tênias do colo e os
apêndices omentais (MARIEB, 7ª ed.).

HISTOLOGIA DO INSTESTINO GROSSO


↠ O canal anal é uma zona de transição epitelial na qual
↠ A parede do intestino grosso contém as quatro
o epitélio simples prismático do intestino muda
camadas típicas encontradas no restante do canal
abruptamente para epitélio estratificado pavimentoso

@jumorbeck
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perto da linha pectinada. Na extremidade mais inferior do passagem do quimo para o ceco geralmente ocorre de
canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira que modo lento (TORTORA, 14ª ed.).
circunda o ânus (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Movimentos segmentais de mistura ocorrem no cólon
SECREÇÕES DO INTESTINO GROSSO com muito menos frequência do que no intestino delgado.
As ondas peristálticas são as principais responsáveis por
↠ A mucosa do cólon possui inúmeras células mover o quimo ao longo do cólon ascendente. Em
caliciformes dispersas ao longo do seu comprimento e intervalos bastante espaçados (normalmente, 3 ou 4
numerosas criptas que contêm essas células caliciformes. vezes por dia), grandes partes do cólon transverso e
Uma pequena atividade enzimática está associada às descendente sofrem fortes contrações, chamadas
secreções do cólon, uma vez que o principal produto de movimentos de massa (SEELY, 10ª ed.).
secreção é o muco (SEELY, 10ª ed.).
↠ Cada movimento de massa estende-se por uma
↠ O muco lubrifica a parede do cólon e ajuda a matéria grande parte do trato digestório (= 20 cm), maior do que
fecal a permanecer unida (SEELY, 10ª ed.). nas ondas peristálticas, e leva o conteúdo do cólon por
↠ Uma bomba molecular troca HCO3 por Cl- nas células uma distância considerável em direção ao ânus (SEELY,
epiteliais do cólon em resposta à produção de ácido pelas 10ª ed.).
bactérias colônicas. Outra bomba troca N+ por H+. A água ↠ Os movimentos de massa são bastante comuns após
deixa o lúmen do cólon via osmose conforme Na+ e Cl- uma refeição e são iniciados pela presença de alimento
se movem em direção às células epiteliais (SEELY, 10ª ed.). no estômago ou no duodeno. Os movimentos de massa
são mais comuns cerca de 15 minutos após o café da
DIGESTÃO E ABSORÇÃO NO INTESTINO GROSSO
manhã. Eles geralmente persistem por 10 a 30 mi nutos
↠ De acordo com a visão tradicional do intestino grosso, e então param por cerca de metade de um dia (SEELY,
nenhuma digestão significativa de moléculas orgânicas 10ª ed.).
acontece ali. No entanto, recentemente, essa visão tem
↠ Reflexos locais no SNE, chamados reflexos
sido revista. Agora sabemos que inúmeras bactérias que
gastrocólicos quando iniciados no estômago ou reflexos
habitam o colo degradam uma quantidade significativa de
duodenocólicos quando iniciados no duodeno, integram os
carboidratos complexos e de proteínas não digeridos por
movimentos de massa (SEELY, 10ª ed.).
meio da fermentação (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ Os reflexos gastrocólico e duodenocólico promovem
↠ O produto final inclui lactato e ácidos graxos de cadeia
a peristalse nos intestinos delgado e grosso, incluindo
curta, como o ácido butírico. Muitos desses produtos são
movimentos de massa. Esses reflexos são mediados por
lipofílicos e podem ser absorvidos por difusão simples. Os
reflexos parassimpáticos, reflexos locais e hormônios,
ácidos graxos, por exemplo, são usados pelos colonócitos
como a colecistocinina e a gastrina. Pensar ou sentir o
como seu substrato preferencial para obtençãode
cheiro de um alimento, a distensão do estômago e o
energia (SILVERTHON, 7ª ed.).
movimento do quimo em direção ao duodeno podem
↠ As bactérias colônicas também produzem quantidades estimular esses reflexos (SEELY, 10ª ed.).
significativas de vitaminas absorvíveis, sobretudo vitamina
↠ Durante a defecação, as contrações que movem as
K (SILVERTHON, 7ª ed.).
fezes em direção ao ânus devem estar coordenadas com
↠ As ações bacterianas no cólon produzem gases o relaxamento dos esfincteres anais interno e externo. O
chamados flatulências (sopros). A quantidade de movimento das fezes do cólon em direção ao reto
flatulências depende, em parte, da população bacteriana distende a parede retal, o que estimula o reflexo da
e, em parte, do tipo de alimento ingerido (SEELY, 10ª ed.). defecação (SEELY, 10ª ed.).

MOVIMENTOS NO INTESTINO GROSSO ↠ O reflexo da defecação consiste em reflexos locais e


parassimpáticos. Os reflexos locais causam contrações
↠ A passagem do quimo do íleo para o ceco é fracas do cólon distal e do reto e o relaxamento do
controlada pela ação do óstio ileal. Normalmente, este esfíncter anal interno. Os reflexos parassimpáticos são
óstio permanece parcialmente fechado, de modo que a responsáveis por grande parte do reflexo de defecação
(SEELY, 10ª ed.).

@jumorbeck
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↠ Potenciais de ação produzidos em resposta à sigmoide. Pode aparecer quando há obstrução do trânsito intestinal,
distensão da parede retal seguem via fibras nervosas ocasionando megacólon ou consequência dilatação intestinal.

aferentes até o centro do reflexo da defecação (S2 a O fecaloma não é uma doença, mas uma condição patológica. O
S4) no cone medular da medula espinal. Então, potenciais fecaloma é causado por hábitos intestinais deficientes, falta de
de ação retornam via nervos eferentes ao cólon e ao atividades físicas, desidratação, dieta inadequada e o uso de fármacos
que induzem a constipação.
reto, reforçando as contrações peristálticas e o
relaxamento do esfincter anal interno (SEELY, 10ª ed.).

↠ Potenciais de ação da medula espinal sacral ascendem Referências:


ao encéfalo, onde o tronco encefálico e o hipotálamo
inibem ou facilitam a atividade reflexa na medula espinal. FONSECA, F. C. P.; COSTA, C. L. Influência da nutrição
Além disso, os potenciais de ação ascendem para o sobre o sistema imune intestinal. CERES: Nutrição &
cérebro, onde a consciência de necessidade de defecar Saúde, v. 5, n. 3, p. 163-174, 2010.
é ralizada. O esfincter anal externo é composto por
PAIXÃO, L. A.; CASTRO, F. F. S. A colonização da
músculo esquelético e está sob controle cerebral
microbiota intestinal e sua influência na saúde do
consciente. Se o esfincter é relaxado voluntariamente, as
hospedeiro. Universltas: Ciências da Saúde, Brasília, v.14, n.
fezes são expelidas. Por outro lado, um aumento na
1, p. 85-96, 2016.
contração do esfincter anal externo evita a defecação
(SEELY, 10ª ed.). LANDEIRO, J. A. V. R. Impacto da microbiota intestinal na
saúde mental. Tese de Mestrado, 2016.
↠ O reflexo da defecação permanece por alguns
minutos e decai rapidamente. Em geral, o reflexo é LIRA et. al. Conhecimento, percepções e utilização de
reiniciado após um período e pode durar até horas. Os medicamentos genéricos: um estudo transversal. Einstein,
movimentos de massa no cólon geralmente são a razão v. 12, n. 3, p. 267-273, 2014.
para o reinício do reflexo de defecação (SEELY, 10ª ed.).
ALONSO et. al. Adesão à prescrição de medicamentos
↠ A contração dos esfincteres anais interno e externo genéricos por parte dos profissionais da área médica.
evita a defecação. A pressão do esfincter em repouso é ACTA: Biomedica Brasiliensia, v. 6, n. 1, 2015.
resultado da contração tônica muscular, principalmente no
esfincter anal interno. Em resposta à pressão abdominal RAIZEL et. al. Efeitos do consumo de probióticos,
aumentada, reflexos mediados pela medula espinal prebióticos e simbióticos para o organismo humano.
causam contração do esfincter anal externo. Assim, a Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p. 66-
expulsão inoportuna de fezes durante a tosse ou o 74, 2011.
esforço é evitada (SEELY, 10ª ed.). MARQUES et. al. Prebióticos e probióticos na saúde e no
↠ A defecação pode ser iniciada por ações voluntárias tratamento de doenças intestinais: uma revisão integrativa.
que estimulam o reflexo de defecação. Esse “esforço” Research, Society and Development, v. 9, n. 10, 2020.
inclui uma profunda inspiração de ar, seguida pelo BAPTISTELLA, A. B. Posbióticos: a nova era no
fechamento da laringe e uma contração forte dos tratamento da saúde intestinal do atleta? Revista Brasileira
músculos abdominais. Como consequência, a pressão na de Nutrição Funcional, v. 41, n. 76, 2018.
cavidade abdominal aumenta e força as fezes em direção
ao reto. O estiramento do reto inicia o reflexo da SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
defecação, e o pensamento consciente sobrepõe a Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
contração reflexa do esfincter anal externo estimulada JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
pelo aumento de pressão abdominal. A pressão abdominal atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
aumentada também ajuda a empurrar as fezes em
direção ao reto (SEELY, 10ª ed.). REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e
Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016
FECALOMA OU FECALITO
MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia
Fecaloma ou fecalito é uma grande massa de fezes empedradas e
humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
endurecidas, de tamanhos variáveis, localizada no reto e/ou no

@jumorbeck
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Introdução ao Metabolismo ↠ O que classifica uma via é o seu resultado líquido, não
o que ocorre em qualquer etapa particular da via
↠ O metabolismo é a soma de todas as reações químicas (SILVERTHON, 7ª ed.).
do corpo (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ No corpo humano, dividimos o metabolismo em dois
↠ As reações que compõem estas vias: (SILVERTHON, estados. O período que se segue a uma refeição, quando
7ª ed.). os produtos da digestão estão sendo absorvidos, utilizados
➢ extraem energia dos nutrientes; e armazenados, é denominado estado alimentado, ou
➢ usam a energia para o trabalho; estado absortivo. Esse é um estado anabólico no qual a
➢ armazenam o excesso de energia de modo que energia das biomoléculas dos nutrientes é transferida para
esta possa ser usada posterior mente. compostos de alta energia ou armazenada em ligações
químicas de outras moléculas (SILVERTHON, 7ª ed.).
REAÇÕES METABÓLICAS (ANABOLISMO E CATABOLISMO)
↠ Uma vez que os nutrientes de uma refeição recente
↠ As vias metabólicas que são capazes de sintetizar uma não estão mais na corrente sanguínea e disponíveis para
grande quantidade de moléculas a partir de muitas uso pelos tecidos, o corpo entra no chamado estado de
unidades menores são chamadas de vias anabólicas jejum, ou estado pós-absortivo. À medida que o pool de
(SILVERTHON, 7ª ed.). nutrientes disponíveis no sangue diminui, o corpo os extrai
de suas reservas armazenadas. O estado pós-absortivo é
catabólico porque as células quebram grandes moléculas
em moléculas menores. A energia liberada pela quebra
das ligações químicas das moléculas maiores é utilizada
para realizar trabalho (SILVERTHON, 7ª ed.).

A ENERGIA INGERIDA PODE SER UTILIZADA OU ARMAZENADA


↠ As biomoléculas que ingerimos estão destinadas a
atingir um destes três destinos: (SILVERTHON, 7ª ed.).
➢ Energia: as biomoléculas podem ser
metabolizadas imediatamente, sendo que a
energia liberada a partir da quebra das ligações
químicas é armazenada no ATP, no fosfato de
creatina e em outros compostos ricos em
↠ As vias que são capazes de quebrar grandes energia. Essa energia pode, então, ser utilizada
moléculas em partículas menores são chamadas de vias para realizar trabalho mecânico.
catabólicas (SILVERTHON, 7ª ed.).
Muitas reações químicas das células são voltadas para a obtenção de
energia a partir dos alimentos disponíveis para os diversos sistemas
fisiológicos da célula. Por exemplo, há necessidade de energia para
atividade muscular, secreção glandular, manutenção dos potenciais de
membrana pelas fibras nervosas e musculares síntese de substâncias
nas células, absorção de alimentos do trato gastrointestinal e muitas
outras funções (GUYTON, 13ª ed.).

➢ Síntese: as biomoléculas que entram nas células


podem ser usadas para sintetizar componentes
básicos necessários para o crescimento e a
subsistência de células e tecidos.
➢ Armazenamento: se a quantidade de alimento
ingerido excede as necessidades do corpo de
energia e síntese, o excesso de energia vai para
armazenamento nas ligações do glicogênio e da

@jumorbeck
2

gordura. O armazenamento torna a energia ↠ O pool de aminoácidos do corpo é usado


disponível para os períodos de jejum. primariamente para a síntese proteica. Todavia, se a
ingestão de glicose for baixa, os aminoácidos podem ser
↠ O destino de uma biomolécula absorvida depende se
convertidos em glicose através de vias conhecidas como
ela é um carboidrato, uma proteína ou uma gordura
gliconeogênese. Essa palavra, por definição, quer dizer
(SILVERTHON, 7ª ed.).
“nascimento ou formação (genesis) nova (neo) da glico
Os pools de nutrientes são nutrientes que estão disponíveis para uso se” e se refere à síntese de glicose a partir de fontes
imediato. Eles estão localizados primariamente no plasma não glicídicas (SILVERTHON, 7ª ed.).
(SILVERTHON, 7ª ed.).
Tanto a gliconeogênese quanto a glicogenólise são fontes de reserva
↠ Os ácidos graxos livres formam o pool primário de de glicose importantes durante os períodos de jejum (SILVERTHON,
gorduras no sangue. Eles podem ser utilizados como 7ª ed.).
fonte energética por diversos tecidos, contudo, também
A DIREÇÃO DO METABOLISMO É CONTROLADA POR ENZIMAS
podem ser facilmente estocados na forma de gordura
(triacilgliceróis) no tecido adiposo (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ Uma característica-chave da regulação metabólica é o
uso de diferentes enzimas para catalisar reações nas
↠ Os carboidratos são absorvidos principalmente como
direções direta e inversa (para a frente e para trás). Este
glicose. A concentração de glicose no plasma é a mais
duplo controle, às vezes também denominado controle
estritamente regulada dos três pools de nutrientes, uma
puxa-empurra, permite uma cuidadosa regulação da
vez que a glicose é o único combustível que o encéfalo
direção de reações enzimáticas (SILVERTHON, 7ª ed.).
pode metabolizar, exceto em períodos de jejum
(SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Se o pool de glicose fica abaixo de certos níveis,


somente o cérebro tem acesso para utilização da glicose.
Esta medida de preservação garante que o encéfalo
tenha um suprimento adequado de energia. Da mesma
maneira que o sistema circulatório dá prioridade ao
suprimento de oxigênio para o encéfalo, o metabolismo
também dá prioridade ao encéfalo (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Se o pool de glicose do corpo está dentro de uma


faixa normal, a maioria dos tecidos usa a glicose como sua
fonte de energia (SILVERTHON, 7ª ed.).
O excesso de glicose é armazenado como glicogênio. A síntese de
glicogênio a partir da glicose é um processo conhecido como
glicogênese. A capacidade de armazenamento de glicogênio,
entretanto, é bastante limitada, o que leva o organismo a estocar
quantidades excessivas de glicose na forma de gordura por meio da
lipogênese (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ A fim de alterar a direção de uma reação, a atividade
Se as concentrações plasmáticas de glicose são reduzidas, o enzimática deve modificar-se. As enzimas são proteínas
organismo converte glicogênio em glicose por meio da glicogenólise
que possuem ligações que se conectam a diversos
(SILVERTHON, 7ª ed.).
compostos, portanto a sua atividade pode ser modulada.
O corpo mantém as concentrações plasmáticas de glicose em níveis A maioria das reações enzimáticas são moduladas por
bastante precisos, utilizando-se do balanço entre metabolismo hormônios (SILVERTHON, 7ª ed.).
oxidativo, glicogênese, glicogenólise e lipogênese (SILVERTHON, 7ª
ed.). Papel metabólico do fígado
Se a homeostasia falha e a glicose no plasma excede um nível crítico,
como ocorre no diabetes melito, o excesso de glicose é excretado na ↠ Os hepatócitos contribuem para o metabolismo dos
urina. A excreção de glicose ocorre somente quando o limiar renal principais nutrientes: carboidratos, lipídeos e proteínas.
para a reabsorção de glicose é excedido (SILVERTHON, 7ª ed.). Desse modo, o fígado desempenha um importante papel
no metabolismo da glicose pelo seu envolvimento na
gliconeogênese, uma via metabólica pela qual é produzida

@jumorbeck
3

glicose a partir de compostos aglicanos (não açúcares ou Metabolismo no estado alimentado


não carboidratos), como alguns aminoácidos, glicerol e
lactato, em glicose (BERNE & LEVY, 7ª ed.). ↠ O estado alimentado após a ingestão de alimentos ou
de nutrientes é anabólico: os nutrientes absorvidos são
↠ O fígado também armazena glicose como glicogênio utilizados para síntese de energia e estoque
em períodos de excesso de glicose (p. ex., período pós- (SILVERTHON, 7ª ed.).
prandial), e depois libera a glicose armazenada para a
corrente sanguínea quando necessário. Esse processo é OS CARBOIDRATOS PRODUZEM ATP
designado como função-tampão de glicose do fígado
↠ A glicose é o substrato primário para a síntese de
(BERNE & LEVY, 7ª ed.). ATP (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ Quando a função hepática está comprometida, as ↠ Os produtos finais da digestão dos carboidratos, no
concentrações de glicose no sangue podem aumentar aparelho digestivo são quase só glicose, frutose e
excessivamente após a ingestão de carboidratos; de galactose — com a glicose representando, em média,
modo inverso entre as refeições, pode ser observada a cerca de 80% desses processos. Após absorção a partir
hipoglicemia devido à incapacidade do fígado de participar do trato intestinal, grande parte da frutose e quase toda
do metabolismo de carboidratos e da interconversão de galactose são rapidamente convertidas em glicose no
um açúcar em outro. (BERNE & LEVY, 7ª ed.).
fígado. Consequentemente, existe pouca frutose ou
↠ Os hepatócitos participam também no metabolismo galactose no sangue circulante. A glicose, assim, passa a
dos lipídeos. Essas células são, particularmente, uma fonte ser a via final comum para o transporte de quase todos
rica de enzimas metabólicas envolvidas na oxidação de os carboidratos para as células (GUYTON, 13ª ed.).
ácidos graxos para o suprimento energético de outras
↠ A glicose absorvida a partir do intestino entra pela via
funções corporais (BERNE & LEVY, 7ª ed.).
hepática (veia porta), sendo direcionada para o fígado.
↠ Os hepatócitos convertem também produtos do Aproximadamente 30% de toda a glicose ingerida é
metabolismo de carboidratos em lipídeos, que podem ser metabolizada no fígado (SILVERTHON, 7ª ed.).
armazenados no tecido adiposo e sintetizar grandes ↠ A dinâmica das reações é tal que quando o fígado
quantidades de lipoproteínas, colesterol e fosfolipídeos, os libera os monossacarídeos de volta para o sangue, o
dois últimos sendo importantes na biogênese das produto final é quase inteiramente glicose. A razão para
membranas celulares. Além disso, os hepatócitos tanto é que as células hepáticas contêm grandes
convertem uma parte considerável de colesterol quantidades de glicose fosfatase. Logo, a glicose-6-fosfato
sintetizado em ácidos biliares (BERNE & LEVY, 7ª ed.). pode ser degradada em glicose e fosfato, e a glicose
↠ O fígado desempenha um papel vital no metabolismo pode então ser transportada de volta para o sangue,
de proteínas. O fígado sintetiza todos os aminoácidos não através das membranas das células hepáticas (GUYTON,
essenciais que não necessitam ser supridos na dieta, além 13ª ed.).
de participar na interconversão e desaminação de
aminoácidos, e assim os produtos podem entrar nas vias
biossintéticas para a síntese de carboidratos. Com a
exceção das imunoglobulinas, o fígado sintetiza quase
todas as proteínas presentes no plasma (especialmente a
albumina, que determina a pressão oncótica plasmática),
bem como a maioria dos fatores de coagulação
importantes (BERNE & LEVY, 7ª ed.).

↠ Os pacientes com doenças hepáticas podem


manifestar edema periférico secundário à
hipoalbuminemia, e também são suscetíveis a
sangramentos. Finalmente, o fígado é o local crítico para
a eliminação da amônia gerada pelo catabolismo proteico.
Esse processo é realizado pela conversão de amônia em
ureia, que é excretada pelos rins (BERNE & LEVY, 7ª ed.).

@jumorbeck
4

↠ A maior parte da glicose absorvida de uma refeição


vai imediatamente para a glicólise e para o ciclo do ácido
cítrico para produzir ATP (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ Alguma glicose é utilizada pelo fígado para a síntese
de lipoproteínas (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ A glicose que não é utilizada para a produção de


energia e para a síntese é armazenada como glicogênio
ou gordura. A capacidade do corpo de armazenar
glicogênio é limitada, assim a maior parte do excesso de
glicose é convertida em triacilgliceróis e armazenada no
tecido adiposo (SILVERTHON, 7ª ed.).

FOSFORILAÇÃO DA GLICOSE
↠ Logo após sua entrada nas células, a glicose se liga a
um radical fosfato segundo a reação seguinte: (GUYTON,
13ª ed.).

↠ Essa fosforilação é promovida principalmente pela


enzima glicocinase no fígado e pela hexocinase, na maioria
↠ Os 70% restantes continuam na corrente sanguínea das outras células. A fosforilação da glicose é quase
para serem distribuídos para o encéfalo, para os músculos inteiramente irreversível, exceto nas células hepáticas, nas
e para outros órgãos e tecidos (SILVERTHON, 7ª ed.). células do epitélio tubular renal e do epitélio intestinal;
nessas células existe outra enzima, a glicose fosfatase,
↠ Antes que a glicose possa ser utilizada pelas células
que, quando é ativada, é capaz de reverter a reação. Na
dos tecidos do corpo, ela deve ser transportada através
maioria dos tecidos do corpo, a fosforilação tem como
da membrana para o citoplasma celular. No entanto, a
finalidade manter a glicose no interior das células
glicose não pode se difundir facilmente pelos poros da
(GUYTON, 13ª ed.).
membrana celular, porque o peso molecular máximo das
partículas com difusão imediata se situa em torno de 100, ESTOQUE DE GLICOSE
e a glicose apresenta peso molecular de 180. Ainda assim,
a glicose chega ao interior das células com certo grau de ↠ O glicogênio, um grande polissacarídeo, é o principal
facilidade, devido ao mecanismo de difusão facilitada meio de estoque de glicose no organismo. O glicogênio é
(GUYTON, 13ª ed.). um polímero de glicose, formado pela ligação de diversas
moléculas individuais de glicose ligadas entre si em uma
↠ A glicose, então, move-se do líquido intestinal para cadeia ramificada (SILVERTHON, 7ª ed.).
dentro das células através de transportadores de
membrana GLUT (SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ Uma única partícula de glicogênio no citoplasma pode
conter cerca de 55 mil moléculas de glicose unidas. Os
↠ Consequentemente, se a concentração de glicose for grânulos de glicogênio apresentam-se de forma insolúvel
maior de um lado da membrana do que do outro lado, no citosol de células (SILVERTHON, 7ª ed.).
mais glicose vai ser transportada a partir da área de alta
concentração para a área de baixa concentração do que ↠ O glicogênio é encontrado praticamente em todas as
na direção oposta (GUYTON, 13ª ed.). células do organismo, porém os seus maiores e mais
representativos estoques estão no fígado e nos músculos
A intensidade do transporte da glicose, assim como o transporte de esqueléticos (SILVERTHON, 7ª ed.).
outros monossacarídeos, aumenta muito devido à insulina. Quando o
pâncreas secreta grandes quantidades de insulina, o transporte de ↠ O glicogênio no músculo esquelético fornece uma
glicose na maioria das células aumenta por 10 ou mais vezes,
fonte imediata de energia para a contração muscular. O
relativamente ao valor medido na ausência de secreção da insulina
(GUYTON, 13ª ed.). glicogênio hepático serve de substrato principal para a

@jumorbeck
5

síntese de glicose no organismo, principalmente em OS AMINOÁCIDOS FORMAM AS PROTEÍNAS


períodos entre as refeições (estados de jejum curto).
Estima-se que o fígado contenha estoques equivalentes a ↠ A maioria dos aminoácidos absorvidos a partir de uma
aproximadamente 4 horas de suprimento como refeição são direcionados para a síntese proteica. Como
glicogênio (SILVERTHON, 7ª ed.). a glicose, os aminoácidos são levados primeiro para o
fígado pelo sistema porta-hepático. O fígado, então, utiliza-
TRIFOSFATO DE ADENOSINA (ATP) os para a síntese de lipoproteínas e proteínas plasmáticas,
como albumina, fatores da coagulação e
↠ O trifosfato de adenosina (ATP) é o elo essencial entre
angiotensinogênio (SILVERTHON, 7ª ed.).
as funções, que utilizam energia, e as funções que
produzem energia no organismo. Por esse motivo, o ATP ↠ Os aminoácidos não captados pelo fígado são
foi chamado moeda de energia do organismo e pode ser utilizados pelas células para produzir proteínas estruturais
obtida e consumida repetidamente (GUYTON, 13ª ed.). ou funcionais, como os elementos do citoesqueleto, as
enzimas e os hormônios (SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ A energia derivada da oxidação dos carboidratos,
proteínas e das gorduras é usada para converter o ↠ Os aminoácidos são também incorporados em
difosfato de adenosina (ADP) em ATP, que é então moléculas não proteicas, como os hormônios aminas e os
consumido pelas diversas reações do corpo (GUYTON, 13ª neurotransmissores (SILVERTHON, 7ª ed.).
ed.).
↠ Se a glicose se torna baixa, os aminoácidos são
↠ O ATP é composto químico lábil presente em todas utilizados para a síntese energética. Contudo, se são
as células. O ATP é uma combinação de adenina, ribose ingeridas mais proteínas do que o necessário para a
e três radicais fosfato. Os últimos dois radicais fosfato síntese e o gasto de energia, o excesso de aminoácidos
estão conectados com o restante da molécula por meio é convertido em gordura (SILVERTHON, 7ª ed.).
de ligações de alta energia, indicadas pelo símbolo ~
ATENÇÃO: Alguns fisiculturistas gastam grandes quantidades de dinheiro
(GUYTON, 13ª ed.).
na compra de diversos suplementos à base de aminoácidos
acreditando que isso promoverá maior crescimento da massa
muscular. No entanto, esses aminoácidos não vão automaticamente
para a síntese proteica. Quando a ingestão de aminoácidos excede a
necessidade do corpo para a síntese proteica, o excesso é usado para
gerar energia ou é armazenado como gordura (SILVERTHON, 7ª ed.).

TRANSPORTE ATIVO DE AMINOÁCIDOS PARA O INTERIOR DAS


CÉLULAS
↠ As moléculas de todos os aminoácidos são grandes
demais para se difundirem com facilidade através dos
poros das membranas celulares. Consequentemente,
quantidade significativa de aminoácidos só pode se mover,
para dentro ou para fora da membrana, por meio de
transporte facilitado ou de transporte ativo, utilizando
mecanismos transportadores (GUYTON, 13ª ed.).
↠ O ATP está presente em toda parte no citoplasma e
no nucleoplasma de todas as células e, essencialmente, ENERGIA DO ESTOQUE DE GORDURA
todos os mecanismos fisiológicos que requerem energia
↠ A maior parte da gordura ingerida é organizada dentro
para o seu funcionamento a obtêm diretamente do ATP
do epitélio intestinal na forma de lipoproteínas e
(ou de um outro composto de alta energia similar —
complexos de lipídeos, chamados de quilomícrons. Os
trifosfato de guanosina). Por sua vez, o alimento nas
quilomícrons deixam o intestino e entram na circulação
células é gradativamente oxidado e a energia liberada é
venosa através sistema linfático (SILVERTHON, 7ª ed.).
usada para formar novo ATP, mantendo, assim, reserva
dessa substância sempre (GUYTON, 13ª ed.). ↠ Os quilomícrons são constituídos por colesterol,
triacilgliceróis, fosfolipídeos e lipídeos ligados a proteínas,
chamados de apoproteínas, ou apolipoproteínas. Uma vez

@jumorbeck
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que esses lipídeos começam a circular no sangue, a apoproteína A (apoA), a qual facilita a captação de
enzima lipase lipoproteica (LLP) liga-se ao endotélio capilar colesterol pelo fígado e por outros tecidos (SILVERTHON,
dos músculos, e o tecido adiposo converte os 7ª ed.).
triacilgliceróis em ácidos graxos livres e em glicerol
(SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Essas moléculas podem, então, ser utilizadas para a


geração de energia pela maioria das células ou
reorganizadas em triacilgliceróis para estoque no tecido
adiposo (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ O quilomícron remanescente que permanece na


circulação é captado e metabolizado pelo fígado. O
colesterol dos remanescentes junta-se ao pool de lipídeos
do fígado. Se o colesterol está em excesso, uma parte
pode ser convertida em sais biliares e excretada na bile.
O colesterol dos remanescentes é adicionado ao
colesterol recém-sintetizado e aos ácidos graxos e
empacotado em complexos de lipoproteínas para
secreção no sangue (SILVERTHON, 7ª ed.). SÍNTESE DE LIPÍDEOS

↠ Os complexos de lipoproteínas que entram ↠ A maioria das pessoas ingere quantidades suficientes
novamente no sangue contêm uma quantidade variada de colesterol a partir de produtos animais contidos na
de triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol e apoproteínas. dieta. Contudo, como o colesterol é uma molécula de
Quanto mais proteínas um complexo contém, mais extrema importância para o organismo, se ele não é
pesado ele é, com os complexos de lipoproteínas do ingerido via dieta, ele é sintetizado pelo fígado. Até
plasma variando entre lipoproteína de densidade muito mesmo vegetarianos que não comem nenhum produto
baixa (VLDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL) animal (veganos) possuem quantidades substanciais de
(SILVERTHON, 7ª ed.). colesterol em suas células (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ A combinação de lipídeos com proteínas torna o ↠ O corpo pode produzir colesterol a partir da acetil-
colesterol mais solúvel no plasma, mas os complexos não CoA em uma série de reações em cadeia. Quando o anel
são capazes de se difundir através da membrana celular. da estrutura do colesterol é formado, este é facilmente
Em vez disso, eles são transportados para o interior das utilizado pelas células para a síntese de hormônios e de
células através de endocitose mediada por receptor outras substâncias esteroides (SILVERTHON, 7ª ed.).
(SILVERTHON, 7ª ed.). ↠ Outras gorduras são necessárias para a estrutura e o
↠ As apoproteínas dos complexos possuem receptores funcionamento das células, como os fosfolipídeos, os quais
específicos de membrana em diversos tecidos. A maioria também são sintetizados a partir de outras fontes que
das lipoproteínas que circulam no sistema sanguíneo são não lipídeos, durante o estado alimentado. Os lipídeos são
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) (SILVERTHON, 7ª tão diversos que generalizações sobre a sua síntese são
ed.). difíceis (SILVERTHON, 7ª ed.).

O C-LDL é, às vezes, conhecido como “colesterol ruim”, uma vez que ↠ As enzimas contidas no retículo endoplasmático liso e
concentrações elevadas de LDL no plasma estão associadas ao no citosol de células são responsáveis pela maior parte
desenvolvimento da aterosclerose. Os complexos de LDL contêm da síntese endógena de lipídeos. Por exemplo, é no
apoproteína B (apoB), a qual se combina com os receptores de C-
retículo endoplasmático (RE) liso que ocorrem os estágios
LDL nas células distribuídas pelo organismo. (SILVERTHON, 7ª ed.).
da fosforilação que convertem triacilgliceróis em
↠ A segunda lipoproteína mais comum no sistema fosfolipídeos (SILVERTHON, 7ª ed.).
circulatório é a lipoproteína de alta densidade (HDL). O
HDL é muitas vezes chamado de “bom colesterol”, uma ↠ O excesso na ingestão de glicose e de proteína leva
vez que o HDL está envolvido no transporte de colesterol à síntese de triacilgliceróis, uma importante etapa do
para fora do plasma sanguíneo. O C-HDL contém metabolismo no estado alimentado (SILVERTHON, 7ª ed.).

@jumorbeck
7

↠ Sempre que a quantidade de carboidratos ingerida é qualidade física dos triglicerídeos armazenados no
maior do que a que pode ser usada de imediato como organismo (GUYTON, 13ª ed.).
fonte de energia ou do que pode ser armazenada sob
forma de glicogênio, o excesso é rapidamente
transformado em triglicerídeos e armazenado, desse
modo, no tecido adiposo. Nos seres humanos, a maior
parte da síntese de triglicerídeos ocorre no fígado, mas
quantidades diminutas também são sintetizadas pelo
próprio tecido adiposo. Os triglicerídeos, formados no
fígado, são transportados em sua maior parte pelos
VLDLs para o tecido adiposo, onde são armazenados O COLESTEROL PLASMÁTICO COMO PREDITOR DE DOENÇAS DO CORAÇÃO
(GUYTON, 13ª ed.). Dos nutrientes no plasma, os lipídeos e a glicose recebem maior
atenção dos profissionais da saúde. O metabolismo anormal da glicose
↠ O glicerol pode ser sintetizado a partir da glicose ou
é uma característica do diabetes melito. Os lipídeos plasmáticos
de intermediários da glicólise (SILVERTHON, 7ª ed.). anormais são utilizados como indicadores do risco de se desenvolver
aterosclerose e doença cardíaca coronariana (DCC). Alguns estudos
↠ Os ácidos graxos são sintetizados a partir de indicam que o LDL elevado pode ser com siderado de forma singular
grupamentos acetil-CoA quando a enzima citosólica ácido o mais importante preditor de risco para DCC. Os níveis de C-HDL no
graxo sintase une os grupos acil de 2-carbono em cadeias plasma também têm sido uti lizados como preditores de risco de
de carbono mais longas. Esse processo também requer desenvolvimento de aterosclerose. Assim como o C-LDL alto, o C-
HDL baixo (< 40 mg/dL) está associado com maior risco de
hidrogênios e elétrons de alta energia do NADPH desenvolver DCC (SILVERTHON, 7ª ed.).
(SILVERTHON, 7ª ed.).
Metabolismo no estado de jejum
↠ Como os ácidos graxos são, na verdade, grandes
polímeros do ácido acético, é fácil compreender como a ↠ Uma vez que todos os nutrientes de uma refeição
acetil-CoA pode ser convertida em ácidos graxos. Ela tenham sido digeridos, absorvidos e distribuídos para
ocorre por meio do processo em duas etapas, usando a várias células, a concentração de glicose no plasma
malonil-CoA e a nicotinamida adenina dinucleotídeo começa a cair. Isso é o sinal para o corpo mudar o
fosfato (NADPH) reduzida, como intermediários principais metabolismo do estado alimentado (absortivo) para o
no processo de polimerização (GUYTON, 13ª ed.). estado de jejum (pós-absortivo) (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ O metabolismo está sob o controle predominante de


hormônios, os quais têm o objetivo de manter a
homeostasia da concentração de glicose no sangue e,
por consequência, a oferta da mesma como fonte de
energia para ao encéfalo e os neurônios (SILVERTHON,
7ª ed.).

↠ A homeostasia da glicose é mantida por meio do


catabolismo de conversão de glicogênio, proteínas e
gorduras em intermediários que podem ser utilizados
para a produção de glicose ou de ATP (SILVERTHON, 7ª
ed.).
↠ A combinação de glicerol com ácidos graxos para
formar triacilglicerol ocorre no retículo endoplasmático liso ↠ Utilizar proteínas e gorduras para a síntese de ATP
(SILVERTHON, 7ª ed.). poupa a glicose plasmática para ser utilizada pelo encéfalo
(SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ Depois de sintetizadas, as cadeias de ácidos graxos
cresceram para conter de 14 a 18 átomos de carbono; CONVERSÃO DO GLICOGÊNIO EM GLICOSE
elas se ligam ao glicerol para formar triglicerídeos. As
↠ A fonte mais fácil de obtenção de glicose da
enzimas que provocam essa conversão são muito
homeostasia da glicose plasmática é pelo estoque de
específicas para os ácidos graxos com comprimentos de
cadeia de 14 carbonos ou mais, fator que controla a

@jumorbeck
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glicogênio do organismo, predominantemente localizado hepático em glicose e sua liberação para o sangue, elevando, desse
no fígado (SILVERTHON, 7ª ed.). modo, a concentração sanguínea de glicose (GUYTON, 13ª ed.).

↠ O glicogênio hepático é capaz de suprir a demanda ↠ No estado de jejum, o glicogênio do músculo


por glicose por cerca de 4 a 5 horas (SILVERTHON, 7ª esquelético pode ser metabolizado em glicose, mas não
ed.). diretamente. As células musculares, como a maioria das
outras células, não possuem a enzima que produz glicose
↠ Na glicogenólise, o glicogênio é quebrado em glicose a partir da glicose-6-fosfato. Como resultado, a glicose-6-
ou em glicose-6-fosfato A maior parte do glicogênio é fosfato produzida a partir da glicogenólise no músculo
convertida à glicose-6-fosfato em uma reação que separa esquelético é metabolizada a piruvato (condições
a molécula de glicose do polímero de glicogênio, que aeróbias) ou a lactato (condições anaeróbias). O piruvato
ocorre com o auxílio de fosfatos inorgânicos obtidos no e o lactato são, então, transportados para o fígado, que
citosol. Somente cerca de 10% dos estoques de glicogênio os usa para produzir glicose via gliconeogênese
são hidrolisados a moléculas de glicose pura (SILVERTHON, 7ª ed.).
(SILVERTHON, 7ª ed.).

A glicogenólise não ocorre pela reversão das mesmas reações


químicas que formam o glicogênio; ao contrário, cada molécula de
glicose sucessiva em cada ramo do polímero de glicogênio se divide
por meio de fosforilação catalisada pela enzima fosforilase. Em
condições de repouso, a fosforilase está na forma inativa, de modo
que o glicogênio permanece armazenado. Quando ocorre necessidade
de formar novamente glicose a partir do glicogênio, a fosforilase deve
primeiro ser ativada (GUYTON, 13ª ed.).

Dois hormônios, a epinefrina e o glucagon, são capazes de ativar a


fosforilase e, assim, causar glicogenólise rápida. O efeito inicial de cada
um desses hormônios é o de promover a formação do AMP cíclico
nas células, que então dão início à cascata de reações químicas que
ativa a fosforilase (GUYTON, 13ª ed.).

A epinefrina é liberada pela medula da glândula adrenal, quando o


sistema nervoso simpático é estimulado. Consequentemente, uma das
funções do sistema nervoso simpático é a de aumentar a
disponibilidade da glicose para o metabolismo energético rápido
(GUYTON, 13ª ed.).

O glucagon é o hormônio secretado pelas células alfa do pâncreas,


quando a concentração sérica da glicose está excessivamente baixa.
Ele estimula a formação do AMP cíclico, principalmente pelas células
hepáticas que, por sua vez, promove a conversão do glicogênio

@jumorbeck
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AS PROTEÍNAS PODEM SER SINTETIZADAS PARA PRODUZIR ↠ Ambos, a amônia e o íon amônio, são considerados
ATP tóxicos, porém as células do fígado rapidamente
convertem esses compostos em ureia (CH4N2O). A ureia
↠ Durante o estado de jejum, os aminoácidos livres são é o principal resíduo de nitrogênio do corpo e é
normalmente utilizados como fonte de obtenção de ATP. excretada pelos rins (SILVERTHON, 7ª ed.).
Se o estado de jejum se prolonga por um período
grande, as proteínas musculares são degradadas a ↠ Se os estoques de glicogênio se tornam baixos e a
aminoácidos para suprir a demanda energética concentração de glicose plasmática é ameaçada, as
(SILVERTHON, 7ª ed.). proteínas podem ser utilizadas para produzir glicose. No
fígado, os aminoácidos ou o piruvato produzido a partir
↠ O primeiro passo do catabolismo proteico é a digestão de aminoácidos entram na via da glicólise. Essa via, então,
de proteínas a polipeptídeos menores por enzimas, volta a produzir glicose-6-fosfato e glicose
chamados de proteases (endopeptidases) (SILVERTHON, (gliconeogênese) (SILVERTHON, 7ª ed.).
7ª ed.).

↠ Posteriormente, enzimas conhecidas como


exopeptidases degradam as ligações terminais dos
polipeptídeos menores, permitindo a liberação de
aminoácidos livres (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Os aminoácidos podem ser convertidos em


intermediários que tanto participam da glicólise quanto do
ciclo do ácido cíclico. A primeira etapa deste processo de
conversão é a desaminação, a qual remove o
grupamento amino do aminoácido (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ A desaminação também promove a síntese de


moléculas de amônia e de ácidos orgânicos. Alguns dos
ácidos orgânicos gerados nessa via são o piruvato e a
acetil-CoA e diversos intermediários do ciclo do ácido
cíclico. Os ácidos orgânicos podem, então, entrar na via
do metabolismo aeróbio para produzir ATP
(SILVERTHON, 7ª ed.).

DEGRADAÇÃO OBRIGATÓRIA DAS PROTEÍNAS

Quando a pessoa não ingere proteínas, certa proporção das proteínas


corporais é degradada em aminoácidos e, então, desaminada e
oxidada. Esse processo envolve 20 a 30 gramas de proteína por dia,
o que se denomina perda obrigatória de proteínas. Portanto, a fim de
prevenir a perda efetiva de proteínas corporais, uma pessoa média
deve ingerir o mínimo de 20 a 30 gramas de proteína a cada dia
(GUYTON, 13ª ed.).

OS LIPÍDEOS ESTOCAM MAIS ENERGIA QUE A GLICOSE E AS


PROTEÍNAS
↠ As moléculas de amônia (NH3) produzidas durante o
processo de desaminação rapidamente se associam aos ↠ As moléculas de lipídeos são consideradas a fonte
íons hidrogênio (H+), convertendo-se em íons amônio primária de combustível do organismo, uma vez que
(NH4+) (SILVERTHON, 7ª ed.). possuem elevado conteúdo de energia quando

@jumorbeck
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comparadas às proteínas e aos carboidratos por diversos tecidos e utilizados para a produção de
(SILVERTHON, 7ª ed.). energia (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Quando o corpo no estado de jejum necessita utilizar ↠ No fígado, se os ácidos graxos produzirem mais
os estoques de energia, as lipases degradam os rapidamente grupamentos acetil-CoA do que o ciclo do
triacilgliceróis em glicerol e em ácidos graxos livres por ácido cítrico pode os metabolizar, o excesso de unidades
meio de uma série de reações, denominada lipólise acil será convertido em corpos cetônicos (comumente
(SILVERTHON, 7ª ed.). chamados de cetonas na área da fisiologia e da medicina)
(SILVERTHON, 7ª ed.).
↠ O glicerol sintetizado a partir da lipólise entra na via da
glicólise, posteriormente formando piruvato e ATP, assim ↠ Os corpos cetônicos tornam-se uma significativa fonte
como as moléculas de glicose comuns (SILVERTHON, 7ª de energia para o cérebro em casos de jejum prolongado
ed.). e de glicose baixa. Os corpos cetônicos entram no
sangue, criando um estado chamado de cetose. O hálito
↠ As longas cadeias de ácidos graxos são mais difíceis
de pessoas com cetose tem um odor de fruta causado
de gerarem ATP. A maioria dos ácidos graxos precisa
pela acetona, uma cetona volátil cujo odor você pode
primeiramente ser transportada do citosol para a matriz
reconhecer nos removedores de esmalte de unha
mitocondrial. Uma vez na matriz, os ácidos graxos são
(SILVERTHON, 7ª ed.).
lentamente desacoplados em duas unidades de carbono
por vez, até o fim da cadeia, em um processo chamado Planos dietéticos com baixo teor de carboidratos, como a dieta de
de beta-oxidação (SILVERTHON, 7ª ed.). Atkins e a dieta de South Beach, são extremamente cetogênicos, visto
que a maioria das calorias vem do metabolismo das gorduras. Essas
↠ Na maioria das células, as unidades de dois carbonos dietas possuem muito pouca quantidade de carboidrato e alta
quantidade de gordura e proteína, o que leva a um aumento do
dos ácidos graxos são convertidas em acetil-CoA, cuja metabolismo da beta-oxidação das gorduras e produção de corpos
unidade acil com dois carbonos alimenta diretamente o cetônicos (SILVERTHON, 7ª ed.).
ciclo do ácido cítrico (SILVERTHON, 7ª ed.).
Pessoas que fazem essas dietas têm uma rápida perda de peso inicial,
mas isso ocorre pela degradação do glicogênio e pela perda de água,
não por redução de gordura do corpo (SILVERTHON, 7ª ed.).

As dietas cetogênicas têm sido utilizadas no tratamento de crianças


com epilepsia e que não respondem à terapia com medicamentos.
Por razões ainda desconhecidas, a manutenção de um estado de
cetose nessas crianças diminui a incidência das convulsões. Apesar
disso, as dietas cetogênicas também podem ser perigosas
(SILVERTHON, 7ª ed.).

Entre os riscos associados a dietas cetogênicas estão a desidratação,


a perda de eletrólitos, a ingestão inadequada
de cálcio e vitaminas, a gota e os problemas renais (SILVERTHON, 7ª
ed.).

Metabolismo no estado de jejum prolongado

↠ O armazenamento de energia por um adulto pode


ocorrer de três formas: por meio do glicogênio guardado
no fígado e nos músculos (em pequena quantidade);
triacilgliceróis conservados no tecido adiposo em
significativas concentrações; e proteínas teciduais,
quebradas caso seja necessário (VENÂNCIO, 2018).

↠ Passadas duas horas da alimentação, a taxa de glicose


no sangue se torna um pouco mais baixa, o que faz com
↠ No estado de jejum, o tecido adiposo libera ácidos
que o fígado a exporte para outros tecidos a partir do
graxos livres e glicerol na corrente sanguínea. O glicerol
glicogênio armazenado. Nesse momento, a quebra de
será captado pelo fígado, convertendo-se em glicose na
triacilgliceróis é muito reduzida ou até inexistente.
via da gliconeogênese. Os ácidos graxos serão captados

@jumorbeck
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Passadas mais duas horas (totalizando-se 4 horas depois ↠ O estoque de triacilgliceróis no tecido adiposo de um
da ingestão), taxa de glicose no sangue se torna ainda adulto, em uma faixa de peso considerado regular, pode
mais baixa, fazendo com que a liberação de insulina seja sustentar o corpo, por meio de uma regulação metabólica
restringida e a do glucagon seja aumentada. Essas com dispêndio mínimo de energia, por aproximadamente
indicações hormonais ativam os triacilgliceróis, que passam três meses. Em relação a uma pessoa obesa, o corpo é
a ser, a priori, a fonte de energia utilizada pelo fígado e capaz de se manter sem ingestão de alimento por
pelos músculos (VENÂNCIO, 2018). aproximadamente um ano (VENÂNCIO, 2018).

↠ O metabolismo energético no fígado durante o jejum ↠ No momento em que o armazenamento de gordura


prolongado ocorre da seguinte forma: (VENÂNCIO, 2018). termina, inicia-se a quebra de proteínas essenciais, o que
afeta a atividade do coração e do fígado, e pode causar
➢ Quando não há ingestão de alimento por um
até, na inatividade prolongada, a morte. Esse
período mais longo, com o intuito de abastecer
armazenamento confere o combustível necessário para
o cérebro com glicose, o fígado utiliza as
o corpo (fonte de calorias), enquanto a pessoa estiver em
proteínas menos indispensáveis para o corpo
jejum ou em uma alimentação restritiva. Porém, outros
como um todo.
nutrientes, como vitaminas e mineiras, devem ser
➢ Da mesma forma, os aminoácidos que não são
providos ao corpo com uma refeição rica em
fundamentais sofrem a transaminação ou
aminoácidos glicogênicos para que eles possam repor
desaminação, e os grupos amino extras são
aqueles usados na gliconeogênese (VENÂNCIO, 2018).
transformados em ureia, que é liberada através
do sangue para o sistema renal e é excretada Regulação do metabolismo pela insulina e pelo
na urina. glucagon
➢ Ainda no fígado e um pouco nos rins, a estrutura
interna das moléculas de carbono dos ↠ O sistema endócrino é o principal responsável pela
aminoácidos glicogênicos é transformada em regulação metabólica. Apesar disso, o sistema nervoso
piruvato ou intermediários do ciclo do ácido também participa ativamente desse processo,
cítrico. particularmente nas situações que envolvem a ingestão
➢ Esses intermediários, da mesma forma como o de alimentos (SILVERTHON, 7ª ed.).
glicerol dos triacilgliceróis do tecido adiposo,
↠ Diversos hormônios estão envolvidos na regulação do
provêm os substratos iniciais para a realização
metabolismo a longo prazo, porém de hora em hora essa
da gliconeogênese no fígado, produzindo glicose
regulação depende muito da taxa de relação entre a
para o cérebro.
secreção de insulina e o glucagon, dois hormônios
➢ Os ácidos graxos exportados do tecido adiposo
secretados por células endócrinas do pâncreas. Ambos os
passam pelo processo de oxidação, gerando a
hormônios têm uma meia-vida curta e precisam ser
acetil-CoA no fígado, entretanto, como o
continuamente secretados para que tenham um efeito
oxaloacetato é reduzido pela utilização de
sustentado (SILVERTHON, 7ª ed.).
intermediários do ciclo do ácido cítrico na
gliconeogênese, o ingresso da acetil-CoA no O PÂNCREAS SECRETA INSULINA E GLUCAGON
ciclo é prejudicado e, por consequência, a sua
quantidade começa a se concentrar. Tal ↠ As ilhotas de Langerhans contêm quatro tipos distintos
processo facilita a produção de acetoacetil-CoA de células, cada um associado à secreção de um ou mais
e corpos cetônicos. hormônios peptídicos (SILVERTHON, 7ª ed.).
➢ Depois de dias sem alimentação, as taxas de
↠ Aproximadamente três quartos das ilhotas são células
corpos cetônicos na corrente sanguínea se
beta, as quais produzem insulina e um outro peptídeo,
intensificam, uma vez que esses são liberados
chamado de amilina. Outros 20% são compostos por
pelo fígado para serem levados ao músculo
células alfa, as quais produzem e secretam glucagon. A
esquelético, coração e cérebro, que passam a
maioria das células restantes são células D que secretam
usá-los como fonte de energia em lugar da
somatostatina. Em número bem menor estão as células
glicose.
PP (ou células F), as quais produzem o polipeptídeo
pancreático (SILVERTHON, 7ª ed.).

@jumorbeck
12

A RAZÃO ENTRE INSULINA E GLUCAGON REGULA O


METABOLISMO
↠ A insulina e o glucagon atuam de forma antagonista
para manter a concentração de glicose plasmática dentro
de uma faixa aceitável. Ambos os hormônios estão
presentes no sangue na maior parte do tempo. É a
proporção entre os dois hormônios que determina qual
hormônio predomina (SILVERTHON, 7ª ed.).
A INSULINA É O HORMÔNIO PREDOMINANTE NO ESTADO
↠ No estado alimentado, quando o corpo está
ALIMENTADO
absorvendo os nutrientes, a insulina é o hormônio
dominante, e o organismo entra em estado anabólico ↠ Ela é sintetizada como um pró-hormônio inativo e
(SILVERTHON, 7ª ed.). ativada antes da secreção. A glicose é um importante
estímulo à secreção da insulina, porém outros fatores
têm influência sobre o aumento, a amplificação ou
mesmo a inibição da secreção (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Os fatores são: (SILVERTHON, 7ª ed.).


➢ Aumento da concentração de glicose
plasmática: o estímulo principal para liberação da
insulina é a concentração plasmática de glicose
maior do que 100 mg/dL.
➢ Aumento da concentração de aminoácidos: o
aumento da concentração de aminoácidos no
plasma após uma refeição também desencadeia
a secreção de insulina.
➢ Efeitos antecipatórios dos hormônios GI:
recentemente, tem sido demonstrado que mais
de 50% de toda a secreção de insulina é
estimulada por um hormônio chamado de
↠ No estado de jejum, as reações metabólicas previnem peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1).
a queda da concentração da glicose plasmática ➢ Atividade parassimpática: a atividade
(hipoglicemia) (SILVERTHON, 7ª ed.). parassimpática para o trato GI e para o pâncreas
aumenta durante e após uma refeição. O
↠ Quando o glucagon predomina, o fígado usa glicogênio estímulo parassimpático para as células beta
e intermediários não glicídicos para sintetizar glicose para estimula a secreção de insulina.
liberação no sangue (SILVERTHON, 7ª ed.). ➢ Atividade simpática: a secreção de insulina é
inibida pelos neurônios simpáticos. A adrenalina e
a noradrenalina inibem a secreção de insulina e
desviam o metabolismo para a gliconeogênese,
a fim de fornecer combustível extra para o
sistema nervoso e o músculo esquelético.

@jumorbeck
13

↠ A insulina diminui a glicose plasmática de quatro ↠ Quando a glicose plasmática se torna menor que 100
maneiras: (SILVERTHON, 7ª ed.). mg/dL, a secreção de glucagon aumenta
significativamente. Em uma concentração de glicose
➢ A insulina aumenta o transporte de glicose na
acima de 100 mg/dL, ou seja, quando a insulina é secretada
maioria das, mas não em todas, células sensíveis
em maior quantidade, o glucagon é inibido e permanece
à insulina: o tecido adiposo e o músculo
em níveis baixos, mas constantes (SILVERTHON, 7ª ed.).
esquelético necessitam de insulina para
captarem quantidades suficientes de glicose. ↠ O fígado é o tecido-alvo primário do glucagon. O
➢ A insulina aumenta a utilização e o glucagon estimula a glicogenólise e a gliconeogênese para
armazenamento da glicose: a insulina ativa aumentar a produção de glicose. Estima-se que, durante
enzimas para a utilização de glicose (glicólise) e o jejum noturno, 75% da glicose produzida pelo fígado é
a síntese de glicogênio (glicogênese). proveniente das reservas de glicogênio, e os 25%
Simultaneamente, a insulina inibe as enzimas de restantes, da gliconeogênese (SILVERTHON, 7ª ed.).
degradação do glicogênio (glicogenólise), síntese
de glicose (gliconeogênese) e degradação da ↠ A liberação de glucagon também é estimulada por
gordura (lipólise), no intuito de garantir que o aminoácidos plasmáticos. Esta via evita a hipoglicemia após
metabolismo vá em direção ao anabolismo. a ingestão de uma refeição com proteína pura
➢ A insulina aumenta a utilização de aminoácidos: (SILVERTHON, 7ª ed.).
a insulina ativa enzimas para a síntese proteica e
inibe enzimas que promovem a quebra de
proteínas.
➢ A insulina promove a síntese de lipídeos: a Referências
insulina inibe a beta-oxidação de ácidos graxos e
promove a conversão do excesso de glicose e VENÂNCIO, M. A. Integração Metabólica e suas
aminoácidos em triacilgliceróis. correlações. Trabalho de conclusão de Curso,
Em resumo, a insulina é um hormônio anabólico porque promove a
Universidade Federal de Juiz de Fora, 2018.
síntese de glicogênio, de proteínas e de gorduras. Quando a insulina
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
está ausente ou deficiente, as células vão para o metabolismo
catabólico (SILVERTHON, 7ª ed.). Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
O GLUCAGON É PREDOMINANTE NO ESTADO DE JEJUM
Editora Elsevier Ltda., 2017
↠ O glucagon é secretado pelas células alfa-pancreáticas,
KOEPPEN, B. M.; STANTON, B. A. Berne & Levy Fisiologia,
as quais são geralmente antagonistas à insulina e a seus
7ª ed. Elsevier, RJ, 2018.
efeitos metabólicos (SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Quando a concentração de glicose plasmática se


reduz após algumas horas de uma refeição, a secreção
de insulina torna-se bastante baixa, e os efeitos da
secreção do glucagon sobre o metabolismo celular em
todo o organismo crescem significativamente
(SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ Como observado, é a proporção de insulina em


relação ao glucagon (razão insulina/glucagon) que
determina a direção do metabolismo, em vez da
quantidade absoluta de qualquer dos dois hormônios.
(SILVERTHON, 7ª ed.).

↠ A função do glucagon é prevenir a hipoglicemia, de


modo que a concentração de glicose é considerada o
estímulo primário mais importante para a secreção do
hormônio (SILVERTHON, 7ª ed.).

@jumorbeck
1

APG 01: METODOLOGIA ATIVA X METODOLOGIA TRADICIONAL 2- Explicar a malformação congênita e quais são
elas;
1- Explicar as diferenças entre as metodologias 3- Identificar os fatores que ocasionam a
ativa e tradicional de ensino-aprendizagem; malformação congênita do coração;
2- Compreender as vantagens e desvantagens das
metodologias ativa e tradicional de ensino- APG 08: VALVAS CARDÍACAS E SOPROS CARDÍACOS
aprendizagem;
1- Explicar a anatomofisiologia das valvas cardíacas;
APG 02: TRABALHO EM GRUPO X TRABALHO EM EQUIPE 2- Compreender a fisiologia do sopro cardíaco;
1- Compreender as diferenças entre trabalho em APG 09: ATEROSCLEROSE
grupo e trabalho em equipe;
2- Explicar a importância do feedback no processo 1- Compreender a anatomia e histologia dos vasos
de aprendizado individual e em grupo; sanguíneos;
2- Explicar como ocorre o processo inflamatório de
APG 03: ÉTICA PROFISSIONAL E PRONTUÁRIO formação das placas;
3- Discutir as diferenças nos hábitos de vida entre
1- Explicar a importância da ética no trabalho em populações diferentes e os impactos positivos
equipe multiprofissional; na saúde;
2- Compreender o código de ética do estudante
de medicina; APG 10: ANAMNESE E COMUNICAÇÃO INTERPARES
3- Descrever a dinâmica que envolve o registro no
prontuário médico; 1- Compreender o processo da anamnese e a
importância de aplica-la de maneira direcionada;
APG 04: CÉLULAS 2- Explicar os aspectos éticos da comunicação
médico-paciente, médico-estudante e médico-
1- Compreender as estruturas básicas da célula e família;
suas funções e como se organizam;
2- Explicar a estrutura dos cromossomos e do APG 11: ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA
DNA;
3- Apresentar as proteínas de membrana, seu 1- Explicar a eletrofisiologia cardíaca;
processo de produção e processamento; 2- Compreender o ECG e os significados dos
traçados;
APG 05: CORAÇÃO
APG 12: VASCULARIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
1- Compreender a anatomia, função e importância
do coração; 1- Compreender a anatomia vascular dos
2- Explicar o processo de contração e relaxamento membros inferiores;
do músculo estriado cardíaco; 2- Explicar o retorno venoso (formação das
3- Analisar os fatores que influenciam nos varizes);
batimentos cardíacos (psicológicos, genéticos, APG 13: VASCULARIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
hormonais, químicos);
1- Relembrar a morfofisiologia dos vasos
APG 06: CORAÇÃO DO ATLETA sanguíneos;
1- Explicar o funcionamento do ciclo cardíaco; 2- Compreender a vascularização dos MMSS;
2- Associar o sincronismo das células do miocárdio 3- Identificar os sinais vitais em um indivíduo normal
na produção do fluxo sanguíneo nas câmaras e alterado;
cardíacas; 4- Explicar a volemia, volume sanguíneo e o
3- Diferenciar o metabolismo cardíaco normal e do choque hipovolêmico;
atleta; 5- Entender os mecanismos fisiológicos
correlacionados com o controle da pressão
APG 07: EMBRIOLOGIA CARDÍACA arterial;
6- Abordar a prevenção de acidentes de trabalho;
1- Compreender a embriologia do coração;

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APG 14: SISTEMA LINFÁTICO 3- Compreender os mecanismos de defesa nas


vias aéreas superiores;
1- Compreender a morfologia do sistema linfático;
2- Explicar os mecanismos de combate ao APG 21: VOZ
linfedema e a importância da drenagem linfática;
1- Estudar a anatomia da faringe e da laringe e
3- Discutir aspectos éticos sobre o direito de
como a inervação interfere em sua fisiologia;
imagem e voz;
2- Explicar como ocorre a formação da voz;
APG 15: HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA 3- Estudar os órgãos linfóides presentes na faringe
e na laringe;
1- Conhecer as plaquetas;
2- Compreender como ocorre o processo de APG 22: SISTEMA RESPIRATÓRIO INFERIOR E EMBRIOLOGIA DO
hemostasia; SISTEMA RESPIRATÓRIO
3- Explicar os mecanismos de coagulação
sanguínea; 1- Conhecer a morfologia do sistema respiratório
4- Entender a ativação dos fatores que participam inferior;
da cascata de coagulação; 2- Estudar a embriologia do sistema respiratório;
3- Compreender como ocorre a maturação do
APG 16: HEMOGLOBINA E ANEMIA FALCIFORME pulmão;
4- Explicar a importância do surfactante;
1- Descrever a estrutura das proteínas globulares;
2- Entender a organização estrutural e funcional APG 23: MECÂNICA RESPIRATÓRIA
das hemoglobinas;
3- Explicar a anemia falciforme, destacando sua 1- Explicar como o sistema nervoso atua na
incidência e de outras doenças de alta respiração;
prevalência na população negra; 2- Compreender a mecânica respiratória;
3- Estudar como ocorre a troca gasosa;
APG 17: CÉLULAS SANGUÍNEAS 4- Estudar os volumes e capacidades pulmonares;
1- Estudar as células sanguíneas; APG 24: EMBRIOLOGIA DA CAVIDADE ORAL
APG 18: SISTEMA IMUNE 1- Entender a função da microbiota oral;
2- Estudar a saliva;
1- Descrever o papel da imunoglobulina no
3- Estudar a embriologia da cavidade oral;
processo de defesa do organismo;
4- Discutir sobre a formação de fendas labiopalatais;
2- Estudar os tipos de reações de
hipersensibilidade; APG 25: SISTEMA DIGESTIVO ALTO
3- Explicar as alterações estruturais e as
manifestações clínicas secundárias nas reações 1- Estudar a morfofisiologia do trato digestório alto;
de hipersensibilidade; 2- Explicar a função motora e secretora do
estômago;
APG 19: TRANSPORTE DE GASES
APG 26: INTESTINO DELGADO, PÂNCREAS, FÍGADO E VESÍCULA
1- Explicar o transporte de gases; BILIAR
2- Descrever os impactos psicológicos gerados
pelo cyberbullying; 1- Estudar a morfofisiologia do intestino delgado;
3- Entender a importância das medidas preventivas 2- Compreender a morfofisiologia da vesícula,
ao suicídio; fígado e pâncreas;
3- Conhecer as biomoléculas e lipoproteínas
APG 20: VIA AÉREA SUPERIOR plasmáticas;
1- Explicar a anatomofisiologia do sistema APG 27: INTESTINO GROSSO
respiratório superior;
2- Explicar a formação do muco e sua função nas 1- Interpretar o estado nutricional a partir do
vias aéreas superiores; GALT;

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2- Compreender o papel da microbiota intestinal;


3- Discutir as implicações ao tratar as medicações
pelo nome comercial ao invés de utilizar o nome
genérico dos componentes;
4- Explicar o efeito do uso de prebióticos,
probióticos e pósbióticos;
5- Estudar a morfofisiologia do intestino grosso
(fecaloma e diverticulose);

APG 28: METABOLISMO


1- Compreender a regulação metabólica do estado
alimentado, jejum e jejum prolongado.

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