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ESTRUTURA DA

CONTABILIDADE BRASILEIRA
AULA 5

Prof.ª Edenise Aparecida dos Anjos


CONVERSA INICIAL

Esta aula tem como objetivos apresentar as bases de reconhecimento e


mensuração dos elementos que compõem as demonstrações contábeis. Para
isso, vamos estudar os seguintes temas:

• Reconhecimento e mensuração de ativos;


• Reconhecimento e mensuração de passivos;
• Reconhecimento e mensuração de receitas;
• Reconhecimento e mensuração de despesas;
• Desreconhecimento.

CONTEXTUALIZANDO

A contabilização é o processo de registros de todos os elementos


patrimoniais e resultados. No entanto, para que isso ocorra, é importante que
sejam satisfeitos alguns critérios como poderem ser valorados em termos
monetários (moeda corrente) e em quantidades para serem apresentados nas
demonstrações contábeis.
Nesta aula, vamos explorar as definições e conceitos normativos de
ativos, passivos, receitas e despesas, os critérios que devem ser observados no
reconhecimento e as bases de mensuração. Tem-se ainda como objetivo
destacar a importância de evidenciar esses critérios nos demonstrativos
contábeis e notas explicativas.

TEMA 1 – RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE ATIVOS

Antes de começarmos a discorrer sobre os critérios de mensuração e


reconhecimento dos elementos patrimoniais e de resultados, trataremos, sem
esgotar o assunto que será abordado, dos aspectos conceituais e definições das
terminologias básicas que usaremos no decorrer da aula.
O reconhecimento contábil é um processo de identificação dos elementos
que irão compor os demonstrativos contábeis. De modo complementar, a
mensuração representa os valores em termos monetários pelos quais os ativos,
passivos, receitas e despesas estarão representados nos demonstrativos
contábeis.

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Para melhor entender como ativos e passivos são reconhecidos no
balanço patrimonial, tomaremos como exemplo o Demonstrativo do Balanço
Patrimonial da Empresa Alpargatas, publicado em 31 de dezembro de 2019.

Tabela 1 – Balanço Patrimonial – Alpargatas S.A. 2019 (em milhares de reais)

BALANÇO PATRIMONIAL – ALPARGATAS S.A 2019 (EM MILHARES DE REAIS)


ATIVO 2019 PASSIVO E PATRIMONIO LIQUDO 2019
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa e equivalentes de caixa 566.263 Fornecedores 350.505
Aplicações financeiras - Risco sacado 78.394
Contas a receber de clientes 883.208 Empréstimos e financiamentos 176.925
Estoques 674.780 Passivo de arrendamento 57.761
Impostos a recuperar 59.762 Obrigações fiscais 50.952
Despesas antecipadas 14.839 Plano de incentivo de longo prazo 22.839
Instr. financeiras derivativos - Provisões e outras obrigações 123.965
Outros créditos 43.383 Obrigações trabalhistas e previdenciárias 149.656
Total do ativo circulante 2.610.134 Provisão para riscos tributareis, cíveis e 19.483
trabalhistas
JSCP e dividendos a pagar 10.665
Instrumentos financeiros derivativos 1.349
NAO CRCULANTE Outros passivos 213.991
Aplicações financeiras 11.689 Total do passivo circulante 1.256.495
Contas a receber de clientes 2.845 NÃO CIRCULANTE
Impostos a recuperar 300.837 Empréstimos e financiamentos 101.825
Imposto de renda e contribuição social 56.371 Passivo de arrendamento 316.618
diferidos
Depósitos judiciais 29.467 Imposto de renda e contribuição social diferidos 48.917
Partes relacionadas - Provisão para riscos tributários, cíveis e 12.233
trabalhistas
Outros créditos 26.440 Plano de incentivo de longo prazo 35.668
Ativo Realizável e longo prazo Outras obrigações 15.692
Investimentos: Total do passivo não circulante 530.953
Empresas controladas - PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Outros 2.294 Capital social 1.500.000
Imobilizado 736.102 Reservas de capital 188.794
Ativo de direito de uso 431.493 Reserva de lucros 1.114.731
Intangível 314.368 Ajuste de avaliação patrimonial -96.346
Total do ativo não circulante 1.911.906 Ações em tesouraria -64.248
Patrimônio Líquido atribuído aos acionistas 2.642.931
controladores
patrimônio líquido das controladas 91.661
Total do patrimônio Líquido 2.734.592
TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 4.522.040
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.

Os valores de cada elemento patrimonial (Ativos, Passivos) evidenciados


no Balanço Patrimonial da entidade Alpargatas foram reconhecidos com base na
norma contábil e suas bases de mensuração de valor.
Mas o Balanço Patrimonial demonstra quais as bases utilizadas para
apurar esses valores?
O Balanço Patrimonial apresenta os valores monetários apurados na data
do fechamento do trimestre ou do exercício social. As bases mensuração

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aplicadas são apresentadas em notas explicativas que complementam as
demonstrações contábeis.
Assim, o usuário da informação contábil poderá observar no material que
complementa os demonstrativos contábeis de que forma os ativos, passivos,
receitas e despesas foram reconhecidos e mensurados para elaboração e
divulgação dos demonstrativos contábeis.
As bases de mensuração contábil são as seguintes: valor corrente, valor
justo, valor de realização, custo histórico, entre outros.

Saiba mais

Observe os excertos retirados das notas explicativas da entidade.


Item 2.3
Base para elaboração das demonstrações financeiras individuais e
consolidadas
As demonstrações financeiras foram elaboradas com base no custo
histórico, exceto, quando aplicável, o contrário estiver disposto em nota
explicativa. A preparação de demonstrações financeiras requer o uso de certas
estimativas contábeis e o exercício de julgamento por parte da administração
(Alpargatas, 2018, p. 41).
Item 2.3
Transações e saldos em moeda estrangeira
Ativos e passivos monetários denominados e apurados em moedas
estrangeiras na data do balanço são reconvertidos para a moeda funcional à taxa
de câmbio naquela data. Ativos e passivos não monetários que são mensurados
pelo valor justo em moeda estrangeira, são reconvertidos para a moeda funcional
à taxa de câmbio na data em que o valor justo foi determinado. Itens não
monetários que são mensurados com base no custo histórico em moeda
estrangeira são convertidos pela taxa de câmbio na data da transação
(Alpargatas, 2018, p. 42).
Os excertos das notas explicativas foram apresentados para que na
sequência se apresentem as terminologias que serão apresentadas nesta aula
e que são usuais na prática contábil.
O Quadro 1 apresenta as definições das terminologias de base de
mensuração:

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Quadro 1 – Terminologias contábeis

TERMOS DESCRIÇÃO
Resultado da aplicação de base de mensuração a ativo ou
Mensuração
passivo e às correspondentes receitas e despesas
Base de Característica identificada – por exemplo, custo histórico, valor
mensuração justo ou valor de cumprimento – de item sendo mensurado
É o registro histórico dos ativos e passivos. Nos ativos é
Custo histórico
representado pelo custo de aquisição.
Valor pelo qual o ativo, o passivo ou o patrimônio líquido é
Valor Contábil:
reconhecido no balanço patrimonial.
O Valor Justo é a avaliação do ativo ou passivo, em certas
circunstâncias, pelo seu valor de mercado. Ou seja, é o valor de
Valor Justo
compra ou de venda de um ativo ou um passivo em uma
transação corrente.
É o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios
Valor em uso econômicos, que a entidade espera obter do uso de ativo e de
sua alienação final.
É o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos,
Valor de
que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a
cumprimento
obrigação.
É o custo de ativo equivalente na data de mensuração,
Custo corrente:
compreendendo a contraprestação que seria paga na data de
mensuração mais os custos de transação que seriam incorridos
nessa data.
Fonte: CPC, 2019; Gelbcke et.al., 2018.

Vamos estudar agora os critérios de reconhecimento e mensuração dos


ativos, passivos, receitas e despesas.

1.1 Reconhecimento de ativos

Os ativos são os recursos econômicos de uma entidade aplicados para o


desenvolvimento do seu negócio. Representam a parte positiva do patrimônio no
Balanço Patrimonial.

Saiba mais

O CPC 00 R2 (CPC, 2019) define formalmente os ativos como “um


recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual
se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”.
Nesse sentido, espera-se que os ativos gerem benefícios econômicos, ou
seja, que os bens e direitos de uma entidade se transformem em entrada de

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dinheiro no caixa da entidade. Nos termos normativos (CPC, 2019), o
reconhecimento de um ativo deve satisfazer os seguintes critérios:

• ser mensurável monetariamente, quer dizer, ter um valor que possa ser
expresso em moeda (dinheiro);
• trazer benefícios presentes ou futuros, isto é, ter potencialidade de
geração de caixa (dinheiro);
• ser decorrente de transações já realizadas. Por exemplo, os estoques são
decorrentes das transações de compras, o direito de receber dos clientes
tem origem na transação de vendas etc.
• ser um recurso controlado pela entidade, o que significa que a entidade
controla plenamente os benefícios gerados por esse recurso. É importante
observar que:

o O controle vincula o benefício econômico à entidade;


o Ter o controle não significa que a entidade precisa ser proprietária do
ativo, mas tão somente usufruir dos benefícios econômicos gerados.

Podemos usar como exemplo o arrendamento mercantil financeiro de um


veículo, que, na sua forma jurídica, se refere a um contrato de locação, mas, na
sua essência, é um bem. Portanto, mesmo que não esteja registrado no nome
da empresa que adquiriu o arrendamento mercantil, deve ser reconhecido como
um ativo, pois esta será a detentora (passa a ter o controle) dos benefícios
econômicos pelo período acordado.
Dessa forma, a norma declara que um ativo deve ser reconhecido quando
for provável a geração de benefícios econômicos futuros para a entidade e o seu
custo ou valor possa ser mensurado de forma confiável.
Os ativos representam os bens e direitos de uma entidade.

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Figura 1 – Exemplos de ativos

Ativo Ativo Imobilizado Direito


• Estoques • Máquinas para o sertor • Duplicatas a receber
produtivo

Créditos: Dim Tik/Shutterstock; Orest lyzhechka/Shutterstock; Rido/Shutterstock

Os ativos são entendidos como os recursos econômicos disponibilizados


pelas entidades para desenvolver suas atividades. Assim, primeiramente é
importante entender a natureza de cada item do ativo, para avaliar a expectativa
e o período de geração dos benefícios econômicos (fluxo de caixa) para a
entidade.
Acompanhe na Tabela 2 a representação dos ativos no Balanço
Patrimonial:

Tabela 2 – Evidenciação dos ativos

BALANÇO PATRIMONIAL – Alpargatas AS 2019 (em milhares de reais)


ATIVO 2019 PASSIVO E PATRIMONIO LIQUDO 2019
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa e equivalentes de caixa 566263
Aplicações financeiras -
Contas a receber de clientes 883208
Estoques 674.780
Impostos a recuperar 59.762
Despesas antecipadas 14.839
Instr. financeiras derivativos -
Outros créditos 43.383 Total do passivo circulante 1.256.495
Total do ativo circulante 2.610.134
NÃO CIRCULANTE
Impostos a recuperar 300.837
Imposto de renda e contribuição social 56.371
diferidos
Depósitos judiciais 29.467 Total do passivo não circulante 530.953
Partes relacionadas -
Outros créditos 26.440 Patrimônio líquido
Outros 2.294 Total do patrimônio líquido 2.734.592
Imobilizado 736.102
Ativo de direito de uso 431.493
Intangível 314.368
Total do ativo não circulante 1.911.906
TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E 4.522.040
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.

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Na estrutura do Balanço Patrimonial, os ativos são classificados em dois
grandes grupos: Ativo circulante e Ativo não circulante. Essa classificação se dá
em função do tempo que ativos geram benefícios econômicos (fluxo de caixa)
para a entidade. Podem ser classificados em benefícios de curto prazo ou de
longo prazo.

1.1.1 Ativos classificados no grupo de circulante

No ativo circulante, são classificados os ativos que têm potencial de gerar


fluxo de caixa de modo imediato ou presente, por isso o conceito de circulante,
pois são convertidos em dinheiro de forma mais rápida, e isso permite sua
reposição de forma contínua (no caso dos estoques, quando da venda, a
entidade precisa repor). Representam ainda o capital circulante ou capital de giro
da entidade.
Assim, são classificadas nesse grupo as contas que são facilmente
conversíveis em dinheiro, como a conta estoques de mercadorias, duplicatas de
clientes a receber, aplicações financeiras etc. A conta caixa e a conta bancos
são consideradas ativos líquidos, ou seja, as disponibilidades em caixa.

1.1.2 Ativos classificados no grupo de não circulante

Os ativos classificados como não circulantes são ativos adquiridos com a


finalidade de benefícios no longo prazo, por exemplo, máquinas para produção
de mercadorias para venda. Assim, entendem-se os ativos imobilizados como
investimentos necessários para manter uma entidade em operação, como prédio
ou edifício onde se desenvolvem as atividades, os móveis, máquinas no setor
produtivo, veículos etc.
Diferente dos ativos circulantes que são conversíveis em dinheiro de
modo mais rápido, os ativos não circulantes possuem permanência duradoura e
geram fluxo de caixa de forma contínua ou intermitente por mais de um período
ou exercício social. As subclassificações são:

Quadro 2 – Ativos não circulantes

ATIVOS NÃO DESCRIÇÃO


CIRCULANTES
Ativo Realizável longo • As contas classificadas correspondem aos bens ou direitos de longo prazo
prazo do entidades, como duplicatas a receber, rendimentos de aplicações de
longo prazo, ou de recebimentos de participações em outras entidades.

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Investimentos • São classificadas nesse agrupamento conta que não se relacionam com a
atividades operacional da empresa. Por exemplo, a compra de ações de
outras empresas, obras de arte, terrenos para futura expansão, prédio para
renda (aluguel).
Ativo Imobilizado • São os ativos de estrutura propriamente dito, necessários para manter a
entidade em operação, como prédios, edificações, móveis e utensílios,
máquinas e equipamentos no processo produtivo;
• São mantidos para que a entidade possa, produzir, comercializar e
administrar seu negócio. São essenciais na geração de fluxos de caixa, por
períodos de tempos determinados e excedem um exercício social.

Ativos Intangíveis • Esses são os ativos incorpóreos, que não possuem natureza física, como
marcas, patentes, licença de softwares, entre outros;
• Possuem a capacidade de gerar benefícios econômicos futuros, e algumas
organizações como a Coca Cola ® por exemplo, o valor econômico da
marca é maior do que o valor da empresa como um todo

É importante observar que cada ativo tem um potencial diferente de gerar


benefício econômico face à natureza e à finalidade de sua aquisição. Os
circulantes fazem parte da atividade operacional (Exemplo, capital de giro) e os
não circulantes são mantidos com propósitos diferentes, dos quais se esperam
benefícios econômicos por mais de um exercício social.
Logo, para se reconhecer um ativo, é importante determinar o custo com
confiança e ser observada a capacidade de gerar benefícios econômicos futuros:

Figura 2 – Reconhecimento de ativos

gerar benefícios
Custo determinado com Reconhecimento de um
econômicos (presentes e
confiança ativo
futuros)
Fonte: Adriano, 2018.

Por exemplo, uma máquina de costura em uma indústria têxtil que produz
camisetas. Ao ser adquirida e classificada como ativo imobilizado, ela não vai
gerar dinheiro no caixa de forma imediata, mas possui capacidade de contribuir
na produção de muitas unidades de camisetas, que, ao serem acabadas, serão
transferidas para os estoques da entidade e serão comercializadas.
Uma máquina, por exemplo, pode ter capacidade de produção por um
período longo (10 anos ou enquanto gerar benefícios econômicos)
Observe que cada ativo ou grupo de ativos possui capacidade de geração
de benefícios econômicos de forma diferente ao longo do tempo, aspectos que
devem ser levados em consideração no momento do reconhecimento de um
ativo na contabilidade.
Em síntese, o reconhecimento de um ativo na contabilidade está
diretamente associado à capacidade de gerar benefícios econômicos presentes

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e futuros para a entidade em forma de fluxo de caixa e a mensuração em valores
monetários.

Saiba mais

O termo mensuração pode ser definido como: o processo que consiste


em determinar os montantes monetários por meio dos quais os elementos das
demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço
patrimonial e na demonstração do resultado (Adriano, 2018, p. 71).

1.2 Bases de mensuração de ativos

A adoção de uma base de mensuração de ativos está relacionada com a


determinação dos valores monetários e o tipo de ativo de acordo com sua
natureza e classificação.
Revisando, para ser reconhecido como um ativo no Balanço Patrimonial,
um item, além da capacidade de gerar caixa para a empresa (benefícios
econômicos, presentes e futuros), deve ser passível de ser mensurado ou
valorado, expresso em moeda (dinheiro).
As bases de mensuração incluem os seguintes valores ou custos:

Quadro 3 – Mensuração de ativos

Custo histórico. • Os ativos são registrados pelos montantes pagos em caixa ou


equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues para
adquiri-los na data da aquisição.
Custo corrente. • Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes
de caixa que teriam de ser pagos se esses mesmos ativos ou ativos
equivalentes fossem adquiridos na data do balanço.
Valor realizável • Os ativos são mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes
(valor de realização de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda em forma
ou de liquidação). ordenada. A forma ordenada está relacionada com as operações de
vendas normais que a entidade espera realizar no desenvolvimento
de suas atividades.

Valor presente. • Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos
futuros de entradas líquidas de caixa que se espera seja gerado pelo
item no curso normal das operações.
Fonte: Viceconti, 2018.

Com base no Quadro 3, podemos observar que os ativos possuem várias


bases de mensuração. Para entender como essas bases são aplicadas, é
preciso ter em mente pelo menos dois momentos:

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• Mensuração inicial é quando os ativos são reconhecidos no contabilmente
no balanço patrimonial. Valor de aquisição ou custo histórico;
• Mensuração final corresponde aos períodos subsequentes após o
reconhecimento contábil, pois, como os ativos possuem valores
monetários, esse ajuste pode ocorrer durante dias, sememas, meses,
trimestres etc., dependendo do tipo de ativo e da necessidade da
informação contábil.

Adicionalmente, os ativos são mensurados por valores de entradas


quando da aquisição de ativos e valores de saída, quando da venda ou
transferência de ativos.

Figura 3 – Bases da mensuração de ativos

Valores de saída
Valores de entrada
Bases de mensuração •Valor realizado
•Custo histórico de Ativos •valor corrente de venda
•Custo Corrente
•valor presente

Os valores de entrada representam a aquisição dos ativos e os valores de


saída, os valores de venda ou transferência de uma ativo a terceiros.
Por exemplo, a empresa Só Comércio Ltda adquiriu 50 camisetas para
revenda pelo de custo de R$ 10,00 cada unidade. O total da nota fiscal de
compra foi de R$ 500,00. Para contabilizar o item (camisetas), além da
quantidade, é preciso conhecer o valor de compra de cada uma delas.

Saiba mais

Um ativo não deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando os


gastos incorridos não proporcionarem a expectativa provável de geração de
benefícios econômicos para a entidade além do período contábil corrente.

Assim, para mensuração de um ativo, é importante estimar ou determinar


o custo com confiança. No caso de compra de mercadorias para compor os
estoques, o custo de aquisição é o custo que vem expresso na nota fiscal de
compra. Esse valor deve ser reconhecido contabilmente como custo histórico da
mercadoria.
Por exemplo, o custo histórico das camisetas por unidade será de R$
10,00, o mesmo valor expresso na nota fiscal e representa o custo de aquisição.

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Na aquisição de estoques, a entidade avalia esse ativo pelo seu custo
histórico ou o seu valor realizável, dos dois o menor valor. Na divulgação no
Balanço Patrimonial, as informações referentes aos estoques são observadas
de acordo com o princípio da prudência, ou seja, pelo menor valor entre o custo
histórico ou seu valor realizável (Adriano, 2018).

Saiba mais

O valor realizável é definido pelo CPC 16 (2009) como: “o preço de venda


estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua
conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda”.

O custo histórico do ativo é o valor pago na data de sua aquisição. Já o


valor realizável é o valor que a entidade espera receber pela venda de seus
estoques. De acordo com esse entendimento, atendendo ao princípio da
prudência, os ativos não devem ser mensurados por valores superiores do que
se espera que sejam realizados com o uso ou venda.
Assim, no encerramento do exercício, se o valor realizável dos estoques
for inferior ao custo histórico, os estoques serão registrados no Balanço
Patrimonial pelo valor realizável.

Quadro 4 – Balanço Patrimonial pelo valor realizável.

Bases de mensuração Divulgação


Ativo Circulante Custo histórico Valor realizável Balanço Patrimonial
Estoques R$ 10.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00

O contrário também é verdadeiro, ou seja, se no encerramento do


exercício, o custo histórico dos estoques for inferior ao valor realizável, os
estoques serão registrados no Balanço Patrimonial pelo custo histórico.

Quadro 5 – Balanço Patrimonial pelo custo histórico

Bases de mensuração Divulgação


Ativo Circulante Custo histórico Valor realizável Balanço Patrimonial
Estoques R$ 10.000,00 R$ 12.000,00 R$ 10.000,00

O custo corrente representa o preço de reposição de um mesmo ativo ou


ativo equivalente (Hendriksen; Van Breda, 2014). O valor presente de um ativo
é o valor futuro de entrada de caixa descontado o valor presente.
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Acompanhe no exemplo a seguir a aplicação das bases de mensuração.
A loja Eletrônica Ltda vende Smart TV pelo valor de R$ 2.500,00 à vista
ou parcelado em até 10 vezes sem juros. As mercadorias foram adquiridas há
quatro meses antes da data da venda por R$ 1.700,00, mas hoje o valor é de R$
1.850,00. Um cliente verificou que a mesma Smart TV está sendo comercializada
pela concorrência por R$ 2.200,00 à vista ou em até 10 vezes sem juros. Para
não perder a venda, a loja Eletrônica Ltda concordou em conceder um desconto
no valor de R$ 300,00.
De acordo com as bases de mensuração, como a contabilidade pode
registrar esses valores de entrada e saída nessa situação hipotética de compra
e venda?

a. Custo histórico: o mesmo custo de aquisição. A Smart TV foi adquirida


pelo valor de R$ 1.700,00 há quatro meses antes da data da venda;
b. Custo corrente: valor de reposição da Smart TV, ou seja, o valor atual que
a loja Eletrônica Ltda. terá que desembolsar para repor o estoque: R$
1.850,00;
c. Valor realizável: valor de venda (saída) da Smart TV, obtido no curso
normal das operações da loja Eletrônica Ltda., e esse valor pode ser à
vista ou a prazo, neste caso o valor de R$ 2.500,00;
d. Valor presente: obtido por meio da diferença entre o valor de venda da
Smart TV em estoque de 2.500,00, que é parcelado em dez vezes sem
juros, menos o valor do desconto de R$ 300,00 dado para não perder a
venda. Sendo assim, o valor presente da mercadoria será reconhecido e
mensurado contabilmente pelo valor de R$ 2.200,00 (R$ 2.500,00 – R$
300,00). Assim, o valor da conta de clientes a receber será ajustado pelo
valor presente dos fluxos de caixa futuros.

Em síntese, o reconhecimento de um elemento como ativo deve


considerar 3 critérios: ser decorrente de eventos passados, ser um recurso
controlado e gerar benefícios econômicos.
Já as bases de mensuração devem considerar os custos de entrada, que
correspondem à mensuração inicial por ocasião da aquisição ou do
reconhecimento do ativo e valores de saída – mensuração final, na data da
elaboração dos demonstrativos contábeis.
Outro critério observado se refere aos atributos da prudência, de modo
que os ativos não sejam mensurados por valores superiores do que se espera
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que sejam realizados com sua venda ou uso, na data do fechamento do balanço
patrimonial.
A mensuração a valor justo e de mercado não foram abordados nesta
aula, mas serão abordados em outra ocasião.

TEMA 2 – RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE PASSIVOS

Os passivos são evidenciados no lado direito do balanço patrimonial e


representam as obrigações ou as exigibilidades da empresa para com
fornecedores, governo, funcionários, instituições financeiras fornecedores de
crédito, entre outros. Ao considerar a equação do Patrimônio, representa a parte
negativa:
Ativos – Passivos = Patrimônio líquido

Saiba mais

Conceitualmente o CPC 00 R2 (2019) define passivo como: “uma


obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como
resultado de eventos passados”.

A obrigação presente está relacionada aos recursos econômicos da


entidade (Ativos). Por exemplo, a compra de mercadorias a prazo para compor
os estoques, gerando a obrigação de pagamento das compras aos
Fornecedores. Isso implica dizer que essa obrigação precisa ser paga ou
liquidada com recursos provenientes da conta caixa ou bancos da entidade.
Resultam de eventos passados, pois os passivos são gerados por meio
de transações de negócios de uma entidade, que já ocorreram e que ocasionam
a obrigatoriedade de pagamentos futuros, por exemplo:

• A aquisição ou compra de mercadorias para revenda a prazo, gera um


uma obrigação para com o fornecedor a ser liquidada no futuro;
• Impostos a pagar sobre vendas ou obrigações fiscais são gerados com
base nas vendas de mercadorias e normalmente a empresa realiza o
pagamento do imposto no mês seguinte do fato gerador;
• Empréstimos a pagar: quando a empresa fizer este empréstimo, assina
um contrato, recebe o montante na conta caixa ou bancos. Em
contrapartida, compromete-se a pagar o valor nominal mais as taxas de
juros acordadas nas datas estabelecidas.
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Esses são apenas alguns exemplos de transações passadas que
resultam obrigatoriamente na saída de recursos econômicos da entidade (saída
de dinheiro da conta caixa ou bancos).
Observe os passivos no Balanço Patrimonial da Cia Alpargatas S.A.:

Tabela 3 – Balanço Patrimonial – Alpargatas S. A. 2019

BALANÇO PATRIMONIAL – ALPARGATAS SA 2019 (EM MILHARES DE REAIS)


ATIVO 2019 PASSIVO E PATRIMONIO LIQUDO 2019
CIRCULANTE CIRCULANTE
Fornecedores 350.505
Risco sacado 78.394
Empréstimos e financiamentos 176.925
Passivo de arrendamento 57.761
Obrigações fiscais 50.952
Plano de incentivo de longo prazo 22.839
Provisões e outras obrigações 123.965
Obrigações trabalhistas e previdenciárias 149.656
Total do ativo circulante 2.610.134 Provisão para riscos tributareis, cíveis e 19.483
trabalhistas
JSCP e dividendos a pagar 10.665
Instrumentos financeiros derivativos 1.349
NAO CIRCULANTE Outras contas a pagar 213.991
Total do passivo circulante 1.256.495

NÃO CIRCULANTE
Empréstimos e financiamentos 101.825
Passivo de arrendamento 316.618
Imposto de renda e contribuição social diferidos 48.917
Provisão para riscos tributários, cíveis e 12.233
trabalhistas
Plano de incentivo de longo prazo 35.668
Outras obrigações 15.692
Total do passivo não circulante 530.953
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Total do ativo não circulante 1.911.906 Total do patrimônio Líquido 2.734.592
TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMDNIO Líquido 4.522.040
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.

No Balanço Patrimonial da Alpargatas, pode-se observar que, tal como os


ativos, os passivos são divididos em dois grandes grupos:

• Passivo circulante: contém os registros das obrigações exigíveis no


curto prazo (entenda-se neste material os valores vincendos, ou seja, que
possuem vencimento em até 12 meses a partir da data do fechamento do
balanço) como contas de: fornecedores a pagar, salários e ordenados a
pagar, impostos a recolher, empréstimos e financiamentos a pagar, entre
outras;
• Passivo não circulante: empréstimos e financiamentos a pagar com
prazos vincendos superiores a 12 meses, superiores à data do
fechamento do balanço.

15
Neste sentido, convém ressaltar que os passivos são gerados pelas
atividades usuais de uma entidade, e o reconhecimento de um passivo deve
atender aos critérios de saída de recursos econômicos da entidade, no momento
de se pagar a dívida. O CPC 00 R2 (CPC, 2019), item 4.26, evidencia que os
critérios para a existência de um passivo são:

Figura 4 – Critérios para reconhecer um passivo

CRITÉRIOS

promover a ser uma obrigação


Ser uma obrigação da
transferência de um presente resultante de
entidade
recurso econômico eventos passados

Fonte: CPC, 2019.

Vamos agora verificar quando reconhecer e mensurar um passivo.

2.1 Reconhecimentos e mensuração dos passivos

Um passivo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for


provável a saída de recursos econômicos do caixa da entidade no momento da
liquidação da obrigação presente e se o valor pelo qual essa liquidação se dará
puder ser mensurado com confiabilidade (Adriano, 2018).

Figura 5 – Reconhecimento e mensuração dos passivos

O valor que ocorrerá Provável saída de


a liquidação pode ser Reconhecimento do recursos de
estimado em bases Passivo benefícios
confiáveis econômicos

O momento do reconhecimento de um passivo é definido na maioria das


vezes por acordos contratuais e notas fiscais, nos quais expressam o valor e a
data do pagamento da obrigação.
Entende-se assim que um passivo somente poderá ser reconhecido
quando houver uma base de mensuração, confiável e relevante para expressar

16
o valor monetário a ser liquidado com recursos da entidade. Espera-se ainda que
possua uma provável data de liquidação (pagamento).
A mensuração do passivo em termos monetários e o período provável da
saída de recursos econômicos são fundamentais para o reconhecimento de um
passivo. Quando da incerteza da mensuração do valor monetário ou da provável
data de pagamento da obrigação, procede com a mensuração de valor por meio
de estimativas confiáveis e o reconhecimento como provisões passivas.
Por exemplo, em caso de uma ação trabalhista, se a empresa tem por
certo que terá que desembolsar determinado valor em função de perda de causa,
o valor estimado nos autos do processo deverá ser reconhecido provisão passiva
de ação trabalhista, ou seja, como uma dívida já considerada como provável e
certa, no passivo da entidade pelo valor estimado nos autos do processo.

2.2 Bases de mensuração dos passivos

Assim como os ativos, as entidades reconhecem inúmeros passivos


decorrentes da realização de suas atividades usuais. Para Viceconti (2018), as
bases de mensuração de passivos são:

2.2.1 Custo histórico

É o valor para liquidar a obrigação de acordo com contrato na data do seu


vencimento.

• Os passivos serão reconhecidos e liquidados pelos valores de registro


inicial, sem alterações ou ajustes de valor até a data do pagamento;
• Por exemplo, a empresa Só Comércio Ltda, adquiriu 50 camisetas para
revenda pelo de custo de R$ 10,00 cada unidade, total da Nota fiscal de
compra, R$ 500,00 com prazo para pagamento de 28 dias. O custo
histórico registrado na conta de fornecedor a pagar corresponde ao valor
de R$ 500,00.

2.2.2 Custo corrente

Corresponde ao valor para liquidar a obrigação na data do encerramento


das demonstrações contábeis.

17
2.2.3 Valor realizável (valor de realização ou de liquidação)

Os passivos são mantidos pelos seus montantes de liquidação, isto é,


pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se
espera serem pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso
normal das operações.

2.2.4 Valor presente

Os passivos devem ser mantidos pelo valor presente, descontado dos


fluxos futuros de saídas líquidas, no qual se espera que sejam necessários para
liquidar o passivo no curso normal das operações. Representam os ajustes
necessários para que os valores expressos nas demonstrações contábeis
estejam expressos pelo valor presente.
A Alpargatas do exemplo elabora suas demonstrações contábeis com
base no custo histórico, salvo as contas especificadas em notas explicativas,
como obrigações fiscais, trabalhistas, provisões, empréstimos, financiamentos e
arrendamento mercantil, que são ajustados de acordo com o valor presente.

Tabela 4 – Balanço Patrimonial – Alpargatas S.A. 2019

BALANÇO PATRIMONIAL – ALPARGATAS S.A 2019 (EM MILHARES DE REAIS)


ATIVO 2019 PASSIVO E PATRIMONIO LÍQUDO 2019
CIRCULANTE CIRCULANTE
Fornecedores 350.505
Risco sacado 78.394
Empréstimos e financiamentos 176.925
Passivo de arrendamento 57.761
Obrigações fiscais 50.952
Plano de incentivo de longo prazo 22.839
Provisões e outras obrigações 123.965
Obrigações trabalhistas e previdenciárias 149.656
Total do ativo circulante 2.610.134 Provisão para riscos tributareis, cíveis e trabalhistas 19.483
JSCP e dividendos a pagar 10.665
Instrumentos financeiros derivativos 1.349
NAO CIRCULANTE Outros passivos 213.991
Total do passivo circulante 1.256.495
NÃO CIRCULANTE
Empréstimos e financiamentos 101.825
Passivo de arrendamento 316.618
Imposto de renda e contribuição social diferidos 48.917
Provisão para riscos tributários, cíveis e trabalhistas 12.233
Plano de incentivo de longo prazo 35.668
Outras obrigações 15.692
Total do passivo não circulante 530.953
Total do ativo não circulante 1.911.9 Total do patrimônio Líquido 2.734.592
06

18
TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 4.522.040
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.

Em síntese, para reconhecimento e mensuração de ativos e passivos,


podem ser aplicadas diferentes bases de mensuração, de acordo com o
tratamento dado a cada elemento para que possam expressar de forma fidedigna
a situação econômica e patrimonial de uma entidade quando do fechamento e
elaboração das demonstrações contábeis.
Cabe ainda lembrar que, de acordo com a característica qualitativa da
prudência, os ativos devem ser reconhecidos sempre pelo menor valor, e os
passivos, pelo maior valor possível.

TEMA 3 – RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE RECEITAS

As receitas representam o valor monetário obtido em determinado período


por meio de vendas de produtos ou serviços de uma entidade. Surgem no
decurso das atividades usuais da entidade e são classificadas em: receitas de
vendas, receitas de honorários, receitas de juros, receitas de dividendos,
receitas de royalties, receitas de aluguéis etc.
Observe, no relatório da companhia Alpargatas, como as receitas são
evidenciadas nos demonstrativos contábeis para a formação do lucro:

Tabela 5 – Demonstração do Resultado Alpargatas S.A


ALPARGATAS S.A.
Demonstração do Resultado – (Reais Mil)
Conta 2019 2018
1. RECEITA DE VENDA DE BENS E/OU SERVIÇOS 3.712.184 3.380.217
CUSTOS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS -1.845.252 -1.726.381
2. LUCRO BRUTO 1.866.932 1.653.836
Despesas/Receitas Operacionais -1.437.882 -1.112.603
Despesas com Vendas -1.088.172 -1.037.729
Despesas Gerais e Administrativas -186.799 -183.003
Outras Receitas Operacionais 143.307 273.424
Outras Despesas Operacionais -306.218 -165.295
3. Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 429.050 541.233
4. Resultado Financeiro -1.557 -7.388
RECEITAS FINANCEIRAS 92.666 105.944
Variação Cambial 24.324 43.629
Ganhos em Operações com Derivativos 16.333 3.551
Outras Receitas Financeiras 52.009 58.764
DESPESAS FINANCEIRAS -94.223 -113.332
5. RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO 427.493 533.845
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -111.510 -60.869

19
Resultado Líquido das Operações Continuadas 315.983 472.976
Resultado Líquido de Operações Descontinuadas -56.648 -148.935
6. LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES
-56.648 -148.935
DESCONTINUADAS
7. LUCRO DO PERÍODO 259.335 324.041
Fonte: BM&F Bovespa, S.d.

As receitas podem ser definidas por alguns critérios básicos:

• São diretamente correlacionadas à produção de bens e serviços (venda


de mercadorias, produtos, serviços);
• Embora possam ser estimadas pela entidade (preço de venda), seu valor
final deverá ser validado pelo mercado (concorrência e clientes);
• Representam o desempenho de uma entidade em determinado período
(Receitas – despesas = lucro do período);
• Provocam variações no Patrimônio líquido da entidade (aumento nos
ativos, diminuições nos passivos).

Para entender melhor como se dá o reconhecimento e a mensuração de


uma receita, vamos apresentar os aspectos conceituais e normativos na
sequência.

3.1 Reconhecimento e mensuração das receitas

As receitas são definidas pelo CPC 00 R2 (CPC, 2019) como “Aumentos


nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam em aumento no patrimônio
líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre
o patrimônio (sócios ou acionistas)”.
Receita de aumento de ativo: por exemplo, uma venda a prazo de
mercadorias gera um aumento nos benefícios econômicos, pois promove um
aumento nos ativos (duplicatas a receber de clientes) resultando em uma receita
do período, logo gera um aumento no Patrimônio líquido (Adriano, 2018).
Receitas de redução de passivos: o registro contábil de uma transação
em que o cliente paga um adiantamento antes de receber as mercadorias,
deverá ser realizado no passivo em conta de adiantamento de clientes, pois a
empresa tem agora uma obrigação de entregar a mercadoria (Adriano, 2018).
Ao entregar a mercadoria ao cliente, esse adiantamento se converterá em receita
por redução de passivos, considerando-se como uma receita do período.

20
A estrutura conceitual do CPC 00 R2 (CPC, 2019) define como critério de
reconhecimento das receitas a exigência de que tenham sido obtidas. De modo
que o procedimento seja direcionado para restringir o reconhecimento como
receita aqueles itens que possam ser mensurados com confiabilidade e tenham
suficiente grau de certeza (Adriano, 2018).

Figura 6 – Critérios para reconhecimento das receitas

Aumento nos
Reconhecimento Mensurados com
benefícios
da Receita confiabilidade
econômicos

Fonte: CPC, 2019.

Nesses termos, a Receita é a expressão monetária de transações que


geram a transferência de ativos a terceiros, o que implica dizer que, para se
reconhecer uma receita, é preciso trocar ou melhor vender produtos ou serviços
para clientes ou outras empresas, também reconhecida como receita
operacional, evidenciada na primeira linha da Demonstração do Resultado,
observe no DR da cia Alpargatas de 2019.

Tabela 6 – Recorte de uma Demonstração de Resultados Alpargatas S.A.

Fonte: Alpargatas S.A., 2019.

A receita proveniente da atividade principal da organização é denominada


como Receita bruta de vendas de bens e/ou serviços. Entende-se como bens
aqueles produzidos pela entidade com a finalidade de venda e bens comprados
para a revenda. Já a prestação de serviços se refere às tarefas executadas por
uma entidade (o prestador) a outra parte (o tomador) com a finalidade de
obtenção de receitas.
Isso quer dizer que uma entidade só reconhece receitas por meio de
vendas de produtos ou serviços na Demonstração do Resultado?

21
Para responder a essa questão, vamos analisar sob a perspectiva de
Hendriksen e Van Breda (2014, p. 224), que discorrem que, para reconhecer
uma receita, é importante entender a natureza, a terminologia, os métodos de
mensuração e o momento do reconhecimento contábil.
Sendo assim, para reconhecer uma receita, é preciso conhecer sua
natureza, para classificá-la em: receita operacional, financeira ou ganhos.
As receitas de vendas de produtos ou serviços são consideradas como
receitas operacionais, que acontecem naturalmente em função da atividade fim
da entidade, obtidas por meio das vendas de mercadorias.
No entanto uma empresa pode ainda reconhecer uma receita financeira,
originada por meio de juros cobrados por atraso de duplicatas de clientes a
receber, rendimentos de aplicaçãoes financeiras, descontos obtidos, etc.
Outro termo usual que inclui no escopo da terminologia de receitas são os
ganhos, por exemplo, o ganho obtido na venda de imobilizados (terrenos,
máquinas, equipamentos, prédios, veículos, etc) ou ajustes de variações nas
contas patrimoniais, ativos, passivos e patrimonio líquido.
Assim, para reconhecer uma receita, é preciso analisar sua natureza e as
terminologias relacionadas com o tipo de atividade desenvolvida pela entidade.
Mas quando uma receita deve ser reconhecida?
Uma receita deve ser reconhecida contabilmente quando for:

• Obtida: que representa o momento do reconhecimento de um ganho no


decurso normal da entidade, por exemplo, a venda de mercadorias;
• Realizada: entende-se nesse contexto que uma receita não pode ser
reconhecida antes de ser realizada. Por exemplo:

o Recebimento adiantado de clientes, em que o valor recebido antes da


transferência do produto ou da entrega do serviço gera uma obrigação
para com o cliente;
o A comercialização de comodities (soja, trigo etc) antes da colheita em
função das perdas e influência do mercado no preço de venda;
o Venda de contratos de seguros, em função período de vigência da
cobertura do risco e probabilidade de ocorrência de sinistros e
prejuízo, entre outros.

Quanto aos aspectos normativos, o CPC 47 (CPC, 2016) trata acerca das
exigências para divulgação das informações qualitativas e quantitativas das

22
receitas, evidenciadas nos demonstrativos contábeis. Esclarecendo, é preciso
se conhecer a natureza de uma receita, o valor, o momento do reconhecimento,
além da incerteza do recebimento, por exemplo, da inadimplência esperada
(KPMG, S.d.).
Destaca-se, no entanto, que, dependendo do tipo de atividade
desenvolvida por uma entidade, as receitas não podem ser reconhecidas quando
da emissão de uma nota fiscal. Exemplo: Indústrias que fabricam sob
contratos, prestadoras de serviços de construção, telecomunicação,
seguradoras, entre outras.
Para essas entidades, o CPC 47 (2016) estabele 5 critérios para o
reconhecimento dessas receitas.

Figura 7 – Critérios para o reconhecimento de receitas

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5

•Identificar o •Identificar as •Determinar •Alocar o •Reconhecer


contrato obrigações o preço da preço de a receita
de transação transação
desempenho

Fonte: CPC, 2016.

Quadro 6 – Exemplo de reconhecimento de receita em empresas de construção


cívil

• Etapa 1. Identificação do contrato: o cliente adquire um imóvel na


planta, ou seja, a entrega do bem é acordado para data futura
mediante pagamento de adiantamento (Essa transação gera na
construtora um obrigação de construir este imóvel par ao cliente.
• Etapa 2. Identificar as obrigações de desempenho: caso a
construtora acorde no contrato que receberá de acordo com o
andamento da obra (exemplo: recebimentos do cliente à medida que
a obra progride). Reconhece-se uma obrigação de performance, ou
seja, não cabe ainda o reconhecimento de receita de obra em
andamento na Demonstração de Resultados.
• Etapas 3 e 4. como se trata de construção cívil, é possível mensurar
os valores por medição de metros quadrados construídos por
obrigação de desempenho em todas as etapas.
• Etapa 5. Finalização da obra: reconhece-se a Receita da Venda pela
entrega do bem ao cliente.

23
Observe, nesse exemplo, que, em casos em que não seja possível o
reconhecimento imediato das Receitas, a norma (CPC, 2016) permite que as
entidades reconheçam no passivo da entidade, as obrigações de desempenho
à medida que os produtos ou serviços vão sendo desenvolvidos ao longo do
tempo. Esse reconhecimento se dá mediante recebimento de clientes e o
reconhecimento da receita na entrega (transferência) de bens ou serviços.
Em síntese, a obtenção da receita, sob o ponto de vista econômico, é o
resultado contínuo das operações da empresa, somente devendo ser
reconhecida quando da sua obtenção e da sua realização.
Vale lembrar que a receita de uma entidade é parte integrante da
composição do resultado ou lucro da entidade, representado pela equação do
lucro: Receitas de vendas – custos e despesas = lucro ou prejuizo.

3.2 Mensuração das receitas

Os critérios para reconhecer uma receita são basicamente os aumentos


nos beneficios econômicos e na confiabilidade da mensuração observados. Na
prática, a mensuração da receita é determinada pelo valor de troca de produtos
ou serviços.
O valor de troca pode ser entendido como preço de venda acordado entre
as partes em uma transação a vista ou valor presente de direitos monetários. Via
de regra, a mensuração da receita segue as premissas e bases de valor
realizável líquido.
Por valor realizável líquido, entende-se o preço de venda estimado no
curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados para sua conclusão
e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda (CPC, 2009).
Em outras palavras, o valor realizável líquido refere-se à obtenção dos
ganhos líquidos esperados pela entidade pela venda de produtos ou serviços.
Em sintese, as diversas bases de mensuração aplicadas aos ativos e
passivos influenciam a mensuração da receitas e despesas.

TEMA 4 – RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DE DESPESAS

Contabilmente, as despesas são classificadas como contas de resultados


e confrontadas contra as receitas para se obter o resultado do período. Em
termos gerais, as despesas são reduções de lucro (ver Tabela 7).

24
Receitas – Despesas = Lucro ou prejuízo.

4.1 Reconhecimento de despesas – Custo das mercadorias vendidas

Tal como as receitas, as contas de despesas são contas de resultados,


no entanto representam variações desfavoráveis dos recursos da empresa, pois
reduzem o lucro da entidade.
No entanto, nem todas as reduções de lucro são despesas. Esse
entendimento é muito importante. Observe atentamente o recorte do
demonstrativo da Alpargatas:

Tabela 7 – Recorte de um Demonstrativo da Alpargatas S.A.

ALPARGATAS S.A.
Demonstração do Resultado - (Reais Mil)
Conta 2019 2018
1. RECEITA DE VENDA DE BENS E/OU SERVIÇOS 3.712.184 3.380.217
CUSTOS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS -1.845.252 -1.726.381
2. LUCRO BRUTO 1.866.932 1.653.836
Fonte: Alpargatas, 2019.

Veja que o custo dos produtos e dos serviços vendidos também reduz o
lucro, no entanto o tratamento é diferenciado, pois entende-se como o uso e o
consumo de bens ou serviços utilizados no processo de obtenção de receita.
O custo representa o investimento de capital da entidade para adquirir
produtos ou insumos de produção (matéria-prima) para o desenvolvimento da
sua atividade fim. Podem ainda ser entendidos sob o enfoque econômico, como
os fatores de produção aplicados diretamente para a obtenção de receitas.
Exemplificando: a empresa Modelo recebeu, no dia 12/03/X1, 10 unidades
da mercadoria A para revenda pelo custo ou valor de aquisição de R$ 500,00.
No dia 13/03/X1, vendeu todas as 10 unidades da mercadoria A por 800,00.
Veja que o valor de R$ 800,00 é o valor da receita de venda obtida, já o
valor R$ 500,00 é o custo de aquisição. Assim teremos:

Figura 8 – Cálculo do lucro

Receitas: Custo da mercadoria Lucro bruto


•R$ 800,00 vendida R$ 500,00 •R$ 300,00

25
Saiba mais

O custo de aquisição é reconhecido como custo da mercadoria vendida


(cmv) somente no momento da venda. Enquanto não houver a transação de
venda, o custo de aquisição representa o custo histórico dos estoques e deve
ser apresentado no Balanço Patrimonial.

Entendido o custo das mercadorias vendidas, vamos agora tratar do


reconhecimento das despesas.

4.1 Reconhecimento e mensuração das despesas

As despesas podem ser entendidas como o esforço necessário para se


obterem receitas. Essa determinação faz sentido quando se observa a estrutura
vertical da Demonstração do resultado.

Figura 9 – Estrutura vertical da Demonstração de resultado

(+) Receitas
(-) Despesas
(=) Lucro ou Prejuízo

Nesse entendimento, as receitas e despesas estão diretamente


relacionadas às atividades operacionais da entidade. Ou seja, o lucro é formado
pela confrontação de receitas menos despesas.
Tecnicamente, as despesas serão reconhecidas na Demonstração do
resultado quando implicarem decréscimo nos benefícios econômicos futuros,
relacionado com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo
simultaneamente e puderem ser mensuradas com confiabilidade.

Figura 10 – Critérios para reconhecimento das despesas

Decréscimo nos
benefícios Reconhecimento Mensurado com
econômicos da despesa Confiabilidade
futuros

Fonte: CPC, 2019.

26
Conceitualmente, o CPC 00 R2 (CPC, 2019) define despesas como:
“reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções no
patrimônio líquido”.
Despesas como redução de ativos – por exemplo: o desgaste gerado pelo
uso uma máquina no setor produtivo de uma entidade fabril – devem ser
reconhecidas como depreciação no imobilizado da empresa, objetivando ajustar
o valor contábil do imobilizado pelo decréscimo ou redução do benefício
econômico futuro. Assim:

Figura 11 – Depreciação do imobilizado

BALANÇO PATRIMONIAL DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

•Ativo •Receitas
•Ativo não Circulante •(-) Despesa de depreciação
•Imobilizado
•(-) Depreciação

• Contabilmente no balanço patrimonial registra: Ativo Imobilizado (-)


depreciação = Valor contábil do bem ajustado;
• Na demonstração do resultado, reconhece-se a despesa de
depreciação, que representa a contrapartida do reconhecimento
contábil do desgaste por uso de um imobilizado, a depreciação. O
registro deve ocorrer de forma simultânea;
• Há um decréscimo nos benefícios econômicos devido a uma redução
de ativos (depreciação acumulada), que resulta em uma despesa do
período (Adriano, 2018, p. 70);
• As contas redutoras de ativos, como depreciação, perdas estimadas
com quebra de estoques, perdas estimadas com clientes de
liquidação duvidosa, por exemplo, possuem como contrapartidas as
respectivas contas de despesas no período de reconhecimento.

Despesas como aumentos nos passivos: podemos usar como exemplo a


contabilização da folha de pagamento de salários e ordenados dos funcionários.
Pelo regime de competência a despesa deve ser contabilizada no período de
incorrência.

• Para o reconhecimento contábil, deve-se contabilizar uma obrigação a


pagar no passivo circulante – conta de salários e ordenados a pagar e

27
simultaneamente na demonstração do resultado a despesa na conta de
despesas de salários e ordenados;
• Reconhece-se, assim, um decréscimo nos benefícios econômicos devido
a um aumento de passivos (salários a pagar) que resulta em uma despesa
do período (Adriano, 2018).

Atendidos a esses critérios, uma despesa pode ainda ser reconhecida


diretamente no resultado, quando um gasto não produzir benefícios econômicos
futuros, por exemplo, que sejam de uso e consumo imediato, como despesas
luz, água, internet, material de limpeza, material de consumo do escritório,
combustível etc. Ou que não se qualifiquem como ativos, por exemplo, bens de
pequeno valor usados no processo produtivo como ferramentas e utensílios de
pequeno valor com vida útil limitada.
O processo de reconhecimento de despesas segue o princípio do regime
de competência, ou seja, se dá por meio da confrontação entre receitas e
despesas de modo simultâneo ou combinado.
Outro termo usual que resulta na redução do lucro na demonstração do
resultado são as perdas. Para Viceconti (2018), as perdas representam outros
itens que se enquadram na definição de despesas e podem ou não surgir no
curso das atividades usuais da entidade, representando decréscimos nos
benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das demais
despesas. Exemplos: perdas com quebra de estoque, sinistros de incêndios e
inundações etc.
Em síntese, assim como na mensuração de receitas e despesas, são
ajustados de acordo com o reconhecimento adequado dos ativos e passivos.

TEMA 5 – DESRECONHECIMENTO

Estudamos que os elementos que compõem as demonstrações


contábeis, para serem reconhecidos e mensurados, precisam satisfazer diversos
critérios. Podemos verificar ainda que o reconhecimento inicial de ativos ou
passivos decorrentes de transações ou de outros eventos pode resultar no
reconhecimento simultâneo tanto de receitas quanto das respectivas despesas
(CPC, 2019).
Mas quando um elemento contábil é desreconhecido das demonstrações
contábeis?

28
De Acordo com o CPC 00 R2, item 5.26, “O desreconhecimento é definido
como a retirada de parte ou da totalidade de ativo ou passivo reconhecido do
balanço patrimonial da entidade” (CPC, 2019)
Assim, o desreconhecimento normalmente ocorre quando esse item não
atende mais à definição de ativo ou passivo:
• para o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a
entidade perde o controle (direito) da totalidade ou de parte do ativo
reconhecido. Exemplo: a finalização do contrato de locação de um bem;
• para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a
entidade não possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte
do passivo reconhecido. Exemplo: a provisão de uma ação judicial
trabalhista que se acreditava ser uma obrigação constituída, no entanto
na decisão final da causa trabalhista foi revertida.

Saiba mais

Alterações de cláusulas contratuais de prestação de serviços podem


reduzir ou eliminar direitos e obrigações.

O desreconhecimento dos elementos das demonstrações contábeis é


tratado pela norma CPC 00 R2 (CPC, 2019) como um assunto complexo, pois
não especifica com clareza quando um elemento deve ser desreconhecido e por
qual valor.
Do mesmo modo que para o reconhecimento e mensuração de ativos e
passivos, para o desreconhecimento devem ser observadas as características
qualitativas da informação contábil de relevância e representação fidedigna,
extensivo à confiabilidade como um atributo indispensável.
Em síntese, o desreconhecimento de um ativo é observado quando uma
entidade perde controle dos benefícios econômicos futuros, ou seja, quando não
se identifica a probabilidade de geração de fluxo de caixa presente ou futuro. No
caso dos passivos, quando se extingue a obrigação de pagamentos.

TROCANDO IDEIAS

O Pronunciamento Técnico CPC 47 – Receita de Contrato com Cliente


tem como objetivo orientar as práticas de reconhecimento de receitas de clientes,
definindo, assim, a receita como a transferência de bens ou serviços prometidos

29
a clientes no valor que reflita a contraprestação à qual a entidade espera ter
direito em troca desses bens ou serviços (CPC, 2016). Nesse sentido, propõe-
se que se discuta com seus colegas como a receita pode ser reconhecida em
um determinado momento ou com o passar do tempo.
Para a discussão, sugiro que você pesquise como se dá o reconhecimento
da obrigação por desempenho e das receitas em empresas construtoras ou
incorporadoras, empresas de fabricação por contrato (indústria aeronáutica ou
naval), seguradoras, imobiliárias.

NA PRÁTICA

O pronunciamento técnico CPC 00 R2 (CPC, 2019) apresenta várias


bases de mensuração empregadas para o reconhecimento de ativos e passivos,
receitas e despesas para fins de elaboração dos demonstrativos contábeis.
Levando em consideração as bases de mensuração estudadas nesta aula,
assinale com V para verdadeiro e F para falso para as seguintes alternativas.
( ) Valor contábil é o valor pelo qual o ativo, o passivo ou o patrimônio
líquido é reconhecido no balanço patrimonial.
( ) O custo histórico de um ativo é representado pelos montantes pagos
em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos entregues
para adquiri-los na data da aquisição.
( ) O valor realizável de um ativo pode ser definido pelos montantes em
caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela sua venda em
forma ordenada.
( ) O valor presente de um passivo é valor descontado dos fluxos futuros
de saídas líquidas, no qual se espera que sejam necessários para liquidar o
passivo no curso normal das operações.
Assinale a sequência correta:

a. V, V, F, F
b. V, F, F, F
c. V, F, F, V
d. V, V, V, F
e. V, V, V, V

30
FINALIZANDO

Chegamos ao final da nossa aula, na qual estudamos os aspectos


conceituais e normativos dos elementos que compõem as demonstrações
contábeis e os critérios para reconhecimento e mensuração contábil.
Outro ponto importante implícito nesta aula se refere à escolha por parte
do contador das melhores práticas de reconhecimento e bases de mensuração
dos elementos patrimoniais e de resultados.

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REFERÊNCIAS

ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São


Paulo: Atlas, 2018.

ALPARGATAS S.A. Demonstrações financeiras. São Paulo: Alpargatas S.A.,


31 dez. 2018.

_____. (ALPA3). Investing.com, 2019. Disponível em:


<https://br.investing.com/equities/alpargatas-on-n1-balance-sheet>. Acesso em:
12 jun. 2020.

BM&F Bovespa. Alpargatas S.A., S.d. Disponível em:


<http://bvmf.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-
listadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigoCvm=10456&idioma=
pt-br>. Acesso em: 12 junho 2020.

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2) – Estrutura


Conceitual para Relatório Financeiro, de 1 de novembro de 2019. CPC, 10 dez.
2019.

_____. CPC 16 (R1) – Estoques, de 8 de maio de 2009. CPC, 8 nov. 2009.

_____. CPC 47 – Receita de Contrato com o Cliente, de 4 de novembro de 2016.


CPC, 22 dez. 2016.

GELBKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo:


Atlas, 2018.

HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da contabilidade. São Paulo:


Atlas, 2014.

KPMG. Disponível em: <https://home.kpmg/br/pt/home.html>. Acesso em: 12


jun. 2020.

VICECONTI, P. Contabilidade básica. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2018.

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GABARITO

A alternativa correta é a letra E (V, V, V, V): todas as alternativas


verdadeiras.

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