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CONTABILIDADE BRASILEIRA
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
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Para melhor entender como ativos e passivos são reconhecidos no
balanço patrimonial, tomaremos como exemplo o Demonstrativo do Balanço
Patrimonial da Empresa Alpargatas, publicado em 31 de dezembro de 2019.
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aplicadas são apresentadas em notas explicativas que complementam as
demonstrações contábeis.
Assim, o usuário da informação contábil poderá observar no material que
complementa os demonstrativos contábeis de que forma os ativos, passivos,
receitas e despesas foram reconhecidos e mensurados para elaboração e
divulgação dos demonstrativos contábeis.
As bases de mensuração contábil são as seguintes: valor corrente, valor
justo, valor de realização, custo histórico, entre outros.
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Quadro 1 – Terminologias contábeis
TERMOS DESCRIÇÃO
Resultado da aplicação de base de mensuração a ativo ou
Mensuração
passivo e às correspondentes receitas e despesas
Base de Característica identificada – por exemplo, custo histórico, valor
mensuração justo ou valor de cumprimento – de item sendo mensurado
É o registro histórico dos ativos e passivos. Nos ativos é
Custo histórico
representado pelo custo de aquisição.
Valor pelo qual o ativo, o passivo ou o patrimônio líquido é
Valor Contábil:
reconhecido no balanço patrimonial.
O Valor Justo é a avaliação do ativo ou passivo, em certas
circunstâncias, pelo seu valor de mercado. Ou seja, é o valor de
Valor Justo
compra ou de venda de um ativo ou um passivo em uma
transação corrente.
É o valor presente dos fluxos de caixa, ou outros benefícios
Valor em uso econômicos, que a entidade espera obter do uso de ativo e de
sua alienação final.
É o valor presente do caixa, ou de outros recursos econômicos,
Valor de
que a entidade espera ser obrigada a transferir para cumprir a
cumprimento
obrigação.
É o custo de ativo equivalente na data de mensuração,
Custo corrente:
compreendendo a contraprestação que seria paga na data de
mensuração mais os custos de transação que seriam incorridos
nessa data.
Fonte: CPC, 2019; Gelbcke et.al., 2018.
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dinheiro no caixa da entidade. Nos termos normativos (CPC, 2019), o
reconhecimento de um ativo deve satisfazer os seguintes critérios:
• ser mensurável monetariamente, quer dizer, ter um valor que possa ser
expresso em moeda (dinheiro);
• trazer benefícios presentes ou futuros, isto é, ter potencialidade de
geração de caixa (dinheiro);
• ser decorrente de transações já realizadas. Por exemplo, os estoques são
decorrentes das transações de compras, o direito de receber dos clientes
tem origem na transação de vendas etc.
• ser um recurso controlado pela entidade, o que significa que a entidade
controla plenamente os benefícios gerados por esse recurso. É importante
observar que:
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Figura 1 – Exemplos de ativos
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Na estrutura do Balanço Patrimonial, os ativos são classificados em dois
grandes grupos: Ativo circulante e Ativo não circulante. Essa classificação se dá
em função do tempo que ativos geram benefícios econômicos (fluxo de caixa)
para a entidade. Podem ser classificados em benefícios de curto prazo ou de
longo prazo.
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Investimentos • São classificadas nesse agrupamento conta que não se relacionam com a
atividades operacional da empresa. Por exemplo, a compra de ações de
outras empresas, obras de arte, terrenos para futura expansão, prédio para
renda (aluguel).
Ativo Imobilizado • São os ativos de estrutura propriamente dito, necessários para manter a
entidade em operação, como prédios, edificações, móveis e utensílios,
máquinas e equipamentos no processo produtivo;
• São mantidos para que a entidade possa, produzir, comercializar e
administrar seu negócio. São essenciais na geração de fluxos de caixa, por
períodos de tempos determinados e excedem um exercício social.
Ativos Intangíveis • Esses são os ativos incorpóreos, que não possuem natureza física, como
marcas, patentes, licença de softwares, entre outros;
• Possuem a capacidade de gerar benefícios econômicos futuros, e algumas
organizações como a Coca Cola ® por exemplo, o valor econômico da
marca é maior do que o valor da empresa como um todo
gerar benefícios
Custo determinado com Reconhecimento de um
econômicos (presentes e
confiança ativo
futuros)
Fonte: Adriano, 2018.
Por exemplo, uma máquina de costura em uma indústria têxtil que produz
camisetas. Ao ser adquirida e classificada como ativo imobilizado, ela não vai
gerar dinheiro no caixa de forma imediata, mas possui capacidade de contribuir
na produção de muitas unidades de camisetas, que, ao serem acabadas, serão
transferidas para os estoques da entidade e serão comercializadas.
Uma máquina, por exemplo, pode ter capacidade de produção por um
período longo (10 anos ou enquanto gerar benefícios econômicos)
Observe que cada ativo ou grupo de ativos possui capacidade de geração
de benefícios econômicos de forma diferente ao longo do tempo, aspectos que
devem ser levados em consideração no momento do reconhecimento de um
ativo na contabilidade.
Em síntese, o reconhecimento de um ativo na contabilidade está
diretamente associado à capacidade de gerar benefícios econômicos presentes
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e futuros para a entidade em forma de fluxo de caixa e a mensuração em valores
monetários.
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Valor presente. • Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado, dos fluxos
futuros de entradas líquidas de caixa que se espera seja gerado pelo
item no curso normal das operações.
Fonte: Viceconti, 2018.
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• Mensuração inicial é quando os ativos são reconhecidos no contabilmente
no balanço patrimonial. Valor de aquisição ou custo histórico;
• Mensuração final corresponde aos períodos subsequentes após o
reconhecimento contábil, pois, como os ativos possuem valores
monetários, esse ajuste pode ocorrer durante dias, sememas, meses,
trimestres etc., dependendo do tipo de ativo e da necessidade da
informação contábil.
Valores de saída
Valores de entrada
Bases de mensuração •Valor realizado
•Custo histórico de Ativos •valor corrente de venda
•Custo Corrente
•valor presente
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Na aquisição de estoques, a entidade avalia esse ativo pelo seu custo
histórico ou o seu valor realizável, dos dois o menor valor. Na divulgação no
Balanço Patrimonial, as informações referentes aos estoques são observadas
de acordo com o princípio da prudência, ou seja, pelo menor valor entre o custo
histórico ou seu valor realizável (Adriano, 2018).
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NÃO CIRCULANTE
Empréstimos e financiamentos 101.825
Passivo de arrendamento 316.618
Imposto de renda e contribuição social diferidos 48.917
Provisão para riscos tributários, cíveis e 12.233
trabalhistas
Plano de incentivo de longo prazo 35.668
Outras obrigações 15.692
Total do passivo não circulante 530.953
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Total do ativo não circulante 1.911.906 Total do patrimônio Líquido 2.734.592
TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMDNIO Líquido 4.522.040
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.
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Neste sentido, convém ressaltar que os passivos são gerados pelas
atividades usuais de uma entidade, e o reconhecimento de um passivo deve
atender aos critérios de saída de recursos econômicos da entidade, no momento
de se pagar a dívida. O CPC 00 R2 (CPC, 2019), item 4.26, evidencia que os
critérios para a existência de um passivo são:
CRITÉRIOS
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o valor monetário a ser liquidado com recursos da entidade. Espera-se ainda que
possua uma provável data de liquidação (pagamento).
A mensuração do passivo em termos monetários e o período provável da
saída de recursos econômicos são fundamentais para o reconhecimento de um
passivo. Quando da incerteza da mensuração do valor monetário ou da provável
data de pagamento da obrigação, procede com a mensuração de valor por meio
de estimativas confiáveis e o reconhecimento como provisões passivas.
Por exemplo, em caso de uma ação trabalhista, se a empresa tem por
certo que terá que desembolsar determinado valor em função de perda de causa,
o valor estimado nos autos do processo deverá ser reconhecido provisão passiva
de ação trabalhista, ou seja, como uma dívida já considerada como provável e
certa, no passivo da entidade pelo valor estimado nos autos do processo.
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2.2.3 Valor realizável (valor de realização ou de liquidação)
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TOTAL DO ATIVO 4.522.040 TOTAL DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 4.522.040
Fonte: Alpargatas S.A., 2019.
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Resultado Líquido das Operações Continuadas 315.983 472.976
Resultado Líquido de Operações Descontinuadas -56.648 -148.935
6. LUCRO/PREJUÍZO LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES
-56.648 -148.935
DESCONTINUADAS
7. LUCRO DO PERÍODO 259.335 324.041
Fonte: BM&F Bovespa, S.d.
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A estrutura conceitual do CPC 00 R2 (CPC, 2019) define como critério de
reconhecimento das receitas a exigência de que tenham sido obtidas. De modo
que o procedimento seja direcionado para restringir o reconhecimento como
receita aqueles itens que possam ser mensurados com confiabilidade e tenham
suficiente grau de certeza (Adriano, 2018).
Aumento nos
Reconhecimento Mensurados com
benefícios
da Receita confiabilidade
econômicos
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Para responder a essa questão, vamos analisar sob a perspectiva de
Hendriksen e Van Breda (2014, p. 224), que discorrem que, para reconhecer
uma receita, é importante entender a natureza, a terminologia, os métodos de
mensuração e o momento do reconhecimento contábil.
Sendo assim, para reconhecer uma receita, é preciso conhecer sua
natureza, para classificá-la em: receita operacional, financeira ou ganhos.
As receitas de vendas de produtos ou serviços são consideradas como
receitas operacionais, que acontecem naturalmente em função da atividade fim
da entidade, obtidas por meio das vendas de mercadorias.
No entanto uma empresa pode ainda reconhecer uma receita financeira,
originada por meio de juros cobrados por atraso de duplicatas de clientes a
receber, rendimentos de aplicaçãoes financeiras, descontos obtidos, etc.
Outro termo usual que inclui no escopo da terminologia de receitas são os
ganhos, por exemplo, o ganho obtido na venda de imobilizados (terrenos,
máquinas, equipamentos, prédios, veículos, etc) ou ajustes de variações nas
contas patrimoniais, ativos, passivos e patrimonio líquido.
Assim, para reconhecer uma receita, é preciso analisar sua natureza e as
terminologias relacionadas com o tipo de atividade desenvolvida pela entidade.
Mas quando uma receita deve ser reconhecida?
Uma receita deve ser reconhecida contabilmente quando for:
Quanto aos aspectos normativos, o CPC 47 (CPC, 2016) trata acerca das
exigências para divulgação das informações qualitativas e quantitativas das
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receitas, evidenciadas nos demonstrativos contábeis. Esclarecendo, é preciso
se conhecer a natureza de uma receita, o valor, o momento do reconhecimento,
além da incerteza do recebimento, por exemplo, da inadimplência esperada
(KPMG, S.d.).
Destaca-se, no entanto, que, dependendo do tipo de atividade
desenvolvida por uma entidade, as receitas não podem ser reconhecidas quando
da emissão de uma nota fiscal. Exemplo: Indústrias que fabricam sob
contratos, prestadoras de serviços de construção, telecomunicação,
seguradoras, entre outras.
Para essas entidades, o CPC 47 (2016) estabele 5 critérios para o
reconhecimento dessas receitas.
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Observe, nesse exemplo, que, em casos em que não seja possível o
reconhecimento imediato das Receitas, a norma (CPC, 2016) permite que as
entidades reconheçam no passivo da entidade, as obrigações de desempenho
à medida que os produtos ou serviços vão sendo desenvolvidos ao longo do
tempo. Esse reconhecimento se dá mediante recebimento de clientes e o
reconhecimento da receita na entrega (transferência) de bens ou serviços.
Em síntese, a obtenção da receita, sob o ponto de vista econômico, é o
resultado contínuo das operações da empresa, somente devendo ser
reconhecida quando da sua obtenção e da sua realização.
Vale lembrar que a receita de uma entidade é parte integrante da
composição do resultado ou lucro da entidade, representado pela equação do
lucro: Receitas de vendas – custos e despesas = lucro ou prejuizo.
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Receitas – Despesas = Lucro ou prejuízo.
ALPARGATAS S.A.
Demonstração do Resultado - (Reais Mil)
Conta 2019 2018
1. RECEITA DE VENDA DE BENS E/OU SERVIÇOS 3.712.184 3.380.217
CUSTOS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS VENDIDOS -1.845.252 -1.726.381
2. LUCRO BRUTO 1.866.932 1.653.836
Fonte: Alpargatas, 2019.
Veja que o custo dos produtos e dos serviços vendidos também reduz o
lucro, no entanto o tratamento é diferenciado, pois entende-se como o uso e o
consumo de bens ou serviços utilizados no processo de obtenção de receita.
O custo representa o investimento de capital da entidade para adquirir
produtos ou insumos de produção (matéria-prima) para o desenvolvimento da
sua atividade fim. Podem ainda ser entendidos sob o enfoque econômico, como
os fatores de produção aplicados diretamente para a obtenção de receitas.
Exemplificando: a empresa Modelo recebeu, no dia 12/03/X1, 10 unidades
da mercadoria A para revenda pelo custo ou valor de aquisição de R$ 500,00.
No dia 13/03/X1, vendeu todas as 10 unidades da mercadoria A por 800,00.
Veja que o valor de R$ 800,00 é o valor da receita de venda obtida, já o
valor R$ 500,00 é o custo de aquisição. Assim teremos:
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(+) Receitas
(-) Despesas
(=) Lucro ou Prejuízo
Decréscimo nos
benefícios Reconhecimento Mensurado com
econômicos da despesa Confiabilidade
futuros
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Conceitualmente, o CPC 00 R2 (CPC, 2019) define despesas como:
“reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam em reduções no
patrimônio líquido”.
Despesas como redução de ativos – por exemplo: o desgaste gerado pelo
uso uma máquina no setor produtivo de uma entidade fabril – devem ser
reconhecidas como depreciação no imobilizado da empresa, objetivando ajustar
o valor contábil do imobilizado pelo decréscimo ou redução do benefício
econômico futuro. Assim:
•Ativo •Receitas
•Ativo não Circulante •(-) Despesa de depreciação
•Imobilizado
•(-) Depreciação
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simultaneamente na demonstração do resultado a despesa na conta de
despesas de salários e ordenados;
• Reconhece-se, assim, um decréscimo nos benefícios econômicos devido
a um aumento de passivos (salários a pagar) que resulta em uma despesa
do período (Adriano, 2018).
TEMA 5 – DESRECONHECIMENTO
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De Acordo com o CPC 00 R2, item 5.26, “O desreconhecimento é definido
como a retirada de parte ou da totalidade de ativo ou passivo reconhecido do
balanço patrimonial da entidade” (CPC, 2019)
Assim, o desreconhecimento normalmente ocorre quando esse item não
atende mais à definição de ativo ou passivo:
• para o ativo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a
entidade perde o controle (direito) da totalidade ou de parte do ativo
reconhecido. Exemplo: a finalização do contrato de locação de um bem;
• para o passivo, o desreconhecimento normalmente ocorre quando a
entidade não possui mais uma obrigação presente pela totalidade ou parte
do passivo reconhecido. Exemplo: a provisão de uma ação judicial
trabalhista que se acreditava ser uma obrigação constituída, no entanto
na decisão final da causa trabalhista foi revertida.
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TROCANDO IDEIAS
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a clientes no valor que reflita a contraprestação à qual a entidade espera ter
direito em troca desses bens ou serviços (CPC, 2016). Nesse sentido, propõe-
se que se discuta com seus colegas como a receita pode ser reconhecida em
um determinado momento ou com o passar do tempo.
Para a discussão, sugiro que você pesquise como se dá o reconhecimento
da obrigação por desempenho e das receitas em empresas construtoras ou
incorporadoras, empresas de fabricação por contrato (indústria aeronáutica ou
naval), seguradoras, imobiliárias.
NA PRÁTICA
a. V, V, F, F
b. V, F, F, F
c. V, F, F, V
d. V, V, V, F
e. V, V, V, V
30
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
VICECONTI, P. Contabilidade básica. 18. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2018.
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GABARITO
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