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AUDITORIA DAS DEMONSTRÇÕES FINANCEIRAS

Metodologia de análise:
 Conteúdo de cada conta
 Objectivos específicos de auditoria
 Medidas de Controlo Interno aplicaveis
 Procedimentos (específicos) de auditoria

1. MEIOS FINANCEIROS
1.1. Caixa
1.2. Bancos
1.3. Outros Instrumentos Financeiros

2. INVENTARIOS E ACTIVOS BIOLÓGICOS


2.1. Compras
2.2. Mercadorias
2.3. Produtos Acabados e Intermédios
2.4. Produtos, Disperdícios, Resíduos e Refugos
2.5. Produtos ou Serviços em Curso
2.6. Matérias Primas, Auxiliares e Materiais
2.7. Activos Biológicos
2.8. Regularização de Inventários
2.9. Ajustamentos para o valor realizável Líquido

3. INVESTIMENTOS DE CAPITAL
3.1. Investimentos Financeiros
3.2. Activos Tangíveis
3.3. Activos Intangíveis
3.4. Investimentos em Curso
3.5. Activos não Correntes detidos para a venda
3.6. Activos Tangíveis de Investimento
3.7.
3.8. Amortizações Acumuladas
3.9. Imparidade Acumulada de Investimentos de Capital

4. CONTAS A RECEBER, CONTAS A PAGAR, ACRÉSCIMOS E


DIFERIMENTOS
4.1. Clientes
4.2. Fornecedores
4.3. Empréstimos Obtidos
4.4. Estado
4.5. Outros Devedores
4.6. Outros Credores
4.7. Perdas por Imparidade Acumuladas de Contas a Receber
4.8. Provisões
4.9. Acréscimos e Deferimentos

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5. CAPITAL PRÓPRIO
5.1. Capital
5.2. Acções ou Quotas próprias
5.3. Prestações Suplememtares
5.4. Prémios de Emisssão de Acções ou Quotas
5.5. Reservas
5.6. Excedentes de revalorização de activos Tangíveis e Intangíveis
5.7. Outras variações no Capital Próprio
5.8. Resultados Transitados

6. GASTOS E PERDAS
6.1. Custo dos Inventários
6.2. Gastos com o Pessoal
6.3. Fornecimentos e Serviços de Terceiros
6.4. Perdas por Imparidade do Período
6.5. Amortizações do Período
6.6. Provisões do Período
6.7. Perdas por Redução do Justo Valor
6.8. Outros Gastos e Perdas Operacionais
6.9. Gastos e Perdas Financeiros

7. RENDIMENTOS E GANHOS
7.1. Vendas
7.2. Prestação de serviços
7.3. Investimentos Realizados na prórpria Empresa
7.4. Reversões do Período
7.5. Rendimentos Suplementares
7.6. Outros rendimentos e Ganhos Operacionais
7.7.
7.8. Rendimentos e Ganhos Financeiros
7.9. Ganhos por Aumento do Justo Valor

8. RESULTADOS
8.1. Resultados operacionais
8.2. Resultados funanceiros
8.3. Resultados Correntes
8.4. Imposto sobre o Rendimento
8.5. Resultado Líquido do Exercício
8.6. Dividendos Antecipados

(ver Quadro de Contas do PGC - NIRF)

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1. AUDITORIA DE MEIOS FINANCEIROS

CAIXA

Conteúdo:

Deve incluir-se os meios líquidos de pagamento de propriedade da empresa tais como:


notas de banco e moedas metálicas de curso legal, cheques nacionais e estrangeiros,

Assim sendo, não devem fazer parte de caixa, entre outros:


 vales de empregados, de membro de órgãos sociais ou de sócios, relacionados com
adiantamentos ou com outras situações;
 cheques pré-datados e cheques sacados por terceiros e que tenham sido devolvidos pelos
bancos por qualquer motivo;
 senhas de almoço ou de combustível;
 selos;
 documentos justificativos de despesas efectuadas.
Relativamente aos meios líquidos de pagamento estrangeiros (notas, moedas e vales
postais) a sua valorizaçãodeve ser feita à cotação oficial (câmbio de compra) do dia que as
demonstrações financeiras se reportam.
As diferenças de câmbio são contabilizadas na subconta apropriada de Resultados
Financeiros.

DEPÓSITOS BANCÁRIOS

Conteúdo:

De acordo com o PGC, esta inclui entre outras, as subcontas de Depósitos à Ordem e
Depósitos à Prazo (facilmente mobilizáveis).
A conta de Depósitos à Ordem inclui os meios líquidos de pagamento de propriedade da
empresa, existentes em contas à vista nas instituições de crédito.

Objectivos específicos de auditoria às contas de Caixa e Depósitos


De uma maneira geral, o trabalho de auditoria visa determinar se:
 o saldo de Caixa apresentado no Balanço representa realmente numerário ou meios
líquidos de pagamento equivalentes e de propriedade da empresa;
 os saldos das contas de depósitos apresentados no Balanço representam realmente meios
de pagamento em poder das instituições de crédito, mas de propriedade da empresa;
 o saldo de Caixa e de Depósitos estão devidamente descritos e classificados no Balanço;
 os valores a crédito de caixa e de Depósitos estão de acordo com as dívidas contraídas
pela empresa nas suas relações com e exterior;
 foram utilizados os pcga e em bases uniformes;
 os procedimentos administrativos e as medidas de controlo interno definidos pela
administração estão a ser aplicados correctamente nestas rubricas e se são os mais
adequados para assegurar um bom controlo sobre os saldos destas contas.

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Procedimentos de auditoria
Os procedimentos de auditoria a utilizar visam atingir os objectivos anteriormente
enunciados. Embora estes procedimentos variem com as circunstâncias e as características
do controlo interno, podemos mencionar os seguintes:
Exame físico - inspecção física (caixa)
Consirmação- (depósitos)
Investigação - exame de documentaçãode suporte de pagamentos e recebimentos
Observação - dos princípios contabilísticos e dos registos nas contas
Correlação - pagamentos com as dídidas a pagar; recebimentos com os valores das contas
a receber.

Caixa
 O procedimento mais importante a realizar nesta área consiste na contagem física de
surpresa dos meios líquidos de pagamento existentes em caixa à data da auditoria. Essa
contagem deve ser feita na presença do responsável por estes valores em caixa
(tesoureiro).
 Depois de contar e listar discriminadamente numa folha e a tinta todos os valores
encontrados na caixa, o auditor deve obter do tesoureiro, a confirmação por escrito a fim
de salvaguardar a sua responsabilidade no caso de se verificarem diferenças posteriores
nesta classe de valores.
 No caso de existirem várias caixas ou caixas pequenas na empresa, o auditor deve
decidir se todas serão contadas ao mesmo tempo ou se serão realizadas contagens
rotativas. Normalmente esta contagem realiza-se simultaneamente em todas as caixas a
fim de evitar a sua manipulação e a transferência de dundos entre elas.

Depósitos Bancários
 A fim de se poder certificar os saldos das contas bancárias, torna-se necessário enviar
uma carta a cada um dos Bancos onde essas contas existem, solicitando diversas
informações.
 De posse de extractos bancários directamente recebidos pelo auditor, este solicitará ao
Chefe de Contabilidade que lhe sejam preparadas ou facultadas cópias das respectivas
reconciliações devidamente formalizadas, pois como é evidente raras são as vezes em
que o saldo apresentado pelos registos contabilísticos da empresa é igual àquele que é
evidenciado pelo banco, referidos a uma mesma data.
 Reconciliação bancária - consiste em comparar os valores escriturados na contabilidade
da empresa auditada com o movimento que figura no extracto bancário.
 No ponto de vista de auditoria, não é suficiente a realização de uma reconciliação de
carácter aritmético. Para além de obter a exactidão aritmética, há que analisar as
diferenças detectadas, nomeadamente quanto à natureza, antiguidade e importância.

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2. AUDITORIA DE INVENTÁRIOS E ACTIVOS BIOLÓGICOS

Os principais tipos de existências incluídos nesta classe são:


( ver Classe 2 da lista de Contas do PGC-NIRF e NCRF 9 e 11 )

Do ponto de vista de auditoria os Inventários e Activos Biológicos constituem a rubrica


mais importante no contexto dos trabalhos do auditor externo, em consequencia:
do seu peso no Activo da empresa
da sua repercussão financeira
das adulterações praticadas

São geralmente fraudes resultantes da colaboração entre gerentes e os técnicos de


contabilidade e os responsáveis pelos armazéns:
 realização de contagens por defeito ou utilizando critérios valorimétricos
pessimistas - os lucros apurados são inferiores aos reais, pelo que se reduzem os
impostos sobre os lucros e a parte a receber por cada sócio
 inversamente, valorização de existências acima do seu valor real ou
inventariando bens existentes, tem em vista fornecer uma imagem patrimonial e
resultados superiores aos reais, o que facilita a obtenção de crédito e valorização
da posição dos sócios.

Assim sendo, não só se justifica o trabalho de auditoria nesta área como se exige que seja
cuidadoso e prudente.

Objectivos:
Os objectivos de auditoria neste domínio são os seguintes:
 comprovar a exactidão e a credibilidade das quantidades em armazém segundo
o inventário permanente ou intermitente;
 verificar se as referidas quantidades em stock representam existências de
propriedade da empresa e determinar:
as existências em poder da empresa
as existências de terceiros em poder da empresa
as existências em trânsito
as existências à consignação
 verificar se as listas de existências finais estão compiladas, somadas e resumidas
com exactidão e se os seus totais estão bem expressos nas contas;
 determinar as existências excessivas, com baixa rotação, obsoletas, defeituosas
e deterioradas e se estão cobertas por provisões;
 comprovar se a valorização das existências foi feita de acordo com os pcga, em
bases uniformes. É um objectivo importante, uma vez que uma modificação de
critérios de custeio das saídas e de valorimetria das existências influencia o
resultado;
 verificar se as existências estão cobertas pelo seguro e por montante suficiente;
 verificar se as medidas de controlo interno e os procedimentos contabilísticos e
administrativos estabelecidos pela administração funcionam e se são adequados.

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Procedimentos de auditoria

exame físico - inventariação física das existências


confirmação - das existências em poder de terceiros; de terceiros em poder da
empresa e das existências à consignação
inquérito - variação dos saldos de existências e apuramento das existências com
baixa rotação e obsoletas
correlação - vendas com existências, compras com produção
observação - dos princípios contabilísticos; existências com baixas totações e
obsoletas

Normalmente o trabalho de auditoria de existências compreende os seguintes aspectos:

1. Medidas preventivas
cortes de recepção e expedição de existências
análise do movimento do ano imediato
2. Teste às contagens físicas das existências
3. teste às mercadorias em trânsito e em poder de terceiros
4. Conferências de operações de apuramento
5. Provisão para depreciação de existências
6. Avaliação das existências
7. Verificação da consistência

1. Medidas Preventivas

Existem vários procedimentos a utilizar pelo auditor para combater as fraudes. Entre eles
mencionamos:
1.1. “corte” de recepção e de compras/ “corte” de vendas e expedição
1.2. análise do movimento do ano imediato.

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1.1. CORTE DE RECEPÇÃO E DE COMPRAS

Na realização da auditoria às existências é costume efectuar “cortes” de recepção e de


compras e de expedição e de vendas de existências.

O “corte” (cut-off) visa identificar a correcta contabilização das transacções nos períodos
a que dizem respeito. Deste modo, o auditor deve constatar que as existências em armazém
foram incluídas no inventário físico e aquelas que deixaram de pertencer foram excluídas
do mesmo inventário.

Se todas as mercadorias existentes forem consideradas no inventário físico, algumas podem


ser contadas sem que a empresa tenha ainda recebido a factura correspondente, ou debitado
a conta de Compras. Outras mercadorias, cuja factura já tenha sido recebida e lançada,
podem não ter sido ainda entregues, não podendo, portanto, ser consideradas como
mercadorias existentes. O mesmo tipo de problema é encontrado com relação às vendas,
pois mercadorias já vendidas e registadas podem estar inda no “stock” e serem
indevidamente incluídas na contagem; mercadorias já expedidas para o cliente, mas cuja
quitação ainda não se tenha efectivado, até que elas cheguem ao destino, também podem
ser omitidas do inventário, embora não registadas como vendas.

Atenção especial deve,por isso, ser dada às operações de compra e venda próximas ao final
do exercício. Aspectos a levar em conta:
a) a época em que a propriedade das mercadorias passa de um para outro;
b) a época do lançamento nos registos da empresa, bem como;
c) a inclusão ou exclusão do material na contagem do inventário físico.

Duas medidas distintas são geralmente necessárias da parte do auditor, para assegurar a
exactidão do “corte”:
Em primeiro lugar, atenção especial deve ser dada á contagem de mercadorias na secção
de expedição e na secção de recepção, no momento em que o inventário é feito. Isto é
importante, a fim de que as remessas de mercadorias possam ser descobertas, de forma que
não haja dúvida se elas foram ou não incluídas no inventário total.
A segunda medida exige que as operações de compras e vendas, próximas à data do
inventário, sejam separadas para verificação quanto a seus lançamentos nos registos e para
verificação de que o lançamento, ou a falta dele, concorda com as contagems do “stock” e
a situação quanto à sua propriedade.

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TESTE NO “CORTE” DE COMPRAS

Quanto a Compras, talvez devam ser relacionadas as realizadas nos cinco dias que
antecedem o inventário ou nos cinco dias posteriores ao mesmo. Deve-se então recorrer às
facturas de Compras em referência, para apurar as condições de embarque, etc. Os
relatórios de recebimentos devem ser examinados, a fim de se apurar quando as
mercadorias chegaram, pois isso pode ser uma característica importante na determinação
de quando a propriedade foi transferida, o que é também importante para indicar se as
mercadorias foram contadas no inventário físico. Para qualquer expedição duvidosa de
mercadoria, o acompanhamento posterior nas contagens físicas do “stock”, ou até a
listagem, é exigida.

Esse procedimento deve resultar em uma folha de trabalho com o seguinte tipo de
informação:
TESTE NO “CORTE” DE COMPRAS
31.12.2020
Data do Condições: Data do Data da Propriedade Incluído no Importância
lançamento no armazém do: recebimento factura da empresa Inventário da Factura
29.12.20 Comprador 27.12.20 26.12 Sim Sim 40.000
30.12.20 Comprador 03.01.21 27.12 Não Não 35.000
03.01.21 Vendedor 30.12.20 27.12 Sim Sim 43.000
05.01.21 Vendedor 03.01.21 29.12 Sim Não 28.000

Para os itens do exemplo acima deve ser observado que o promeiro não exige ajuste. As
mercadorias eram de propriedade da empresa na data do inventário, porque as condições
eram de entrega no armazém do comprador e as mercadorias tinham sido recebidas. A
factura tinha sido lançada no livro de compras e a contagem física do stock inclui a
mercadoria representadapela factura.

O segundo caso é um tanto diferente. Aqui as condições de venda foram de entrega no


armazém do comprador, mas as mercadorias não foram recebidas até depois da data do
inventário; portanto não eram de propriedade da empresa. Elas não foram incluídas no
inventário físico, o que é correcto, mas tinham sido lançadas no livro de compras antes da
data do inventário. Este lançamento está errado e exige ajuste pelo auditor.

No terceiro exemplo a propriedade da mercadoria já tinha passado para a empresa na data


do inventário. Nenhum lançamento tinha sido feito pela mercadoria, até 31 de Dezembro,
sendo exigido um lançamento de ajuste para registar a compra dentro do exercício de 2011.
As mrcadorias tinham sido incluídas na contagem do stock, não sendo exigido qualquer
ajuste no total do inventário.

O último caso exige ajuste, tanto no total do inventário como no registo de compras. A
propriedade da mercadoria foi transferida antes da data do inventário, embora ela não
tivesse sido recebida nem lançada. Como ela não tinha sido recebida, foi omitida do
inventário.

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AJUSTE DO INVENTÁRIO

Ao ajustar os algarismos do inventário em tais situações, duas possiblidades se apresentam.


A importância do inventário pode já ter sido lançada pela empresa, sendo nesse caso
exigido lançamento de ajuste no Diário, pelo auditor, seja para aumentar ou reduzir o
inventário e a outra conta, ou contas, relacionada(s). Em outros exemplos, o total do
inventário terá sido calculado, mas nenhum lançamento feito até depois que o auditor tenha
completado sua verificação. Neste caso o lançamento de ajuste no Diário não é exigido;
tudo o que é necessário é modificar o total do inventário, antes de seu registo pelo
lançamento de encerramento.

1.2. ANÁLISE DO MOVIMENTO DO ANO ANTERIOR


Há normalmente dois erros ou fraudes que alteram a situação patrimonial reflectida no
Balanço:
 bens ou mercadorias entregues ao cliente no ano anterior e facturadas no ano seguinte;
 registo no ano imediato de compras efectuadas e entradas no exercício anterior
Torna-se então necessário que o auditor analise convenientemente os primeiros
movimentos do exercício seguinte, visando a detecção de fraudes.

2. Teste às Contagens Físicas das Existências

A contagem física é o meio pelo qual o auditor assegura que o registo contabilístico esteja
de acordo com as quantidades existentes em armazém.

A responsabilidade pela contagem física é da empresa, cabendo ao auditor a


responsabilidade de observar os procedimentos seguidos pela empresa na contagem e
registo das quantidades e de fazer os testes apropriados para determinar se os
procedimentos estão a ser devidademnte seguidos e se as contagens físicas são eficientes.

Para que o trabalho do auditor seja eficiente é recomendável que ele disponha de
conhecimento prévio dos itens componentes do inventário, critérios de avaliação das
existências, sistemas de armazenamento, etc.

As razões do acompanhamento e observação do auditor ao inventário físico resumem-se


nos seguintes:
 apuramento efectivo das existências em armazém;
 observação dos métodos seguidos na realização do inventário;
 teste de contagens para verificação de que as existências estão sendo correctamente
inventariadas.

Quando devem ser realizadas as contagens físicas?


Se a empresa tem um adequado controlo interno para as existências, as suas contagens
físicas podem ser realizadas antes do encerramento das contas. Isto possibilita que os
auditores possam analisar e rever operações desde a data da contagem física até á data do
Balanço.

Se o controlo interno apresenta algumas deficiências, isto é, a empresa não possui registos
adequados de custos ou de existências em quantidades e, por outro lado, recorre ao
inventário físico anual, o auditor deverá proceder à realização dos testes de contagens
físicas no final do exercício.

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Se porventura, a empresa utiliza o sistema de inventário permanente e efectua contagens


cíclicas na verificação dos registos de existências, o auditor deve fazer testes selectivos às
contagens. Esta observação periódica deve ser fundamentada com a realizada no final do
exercício.

Por outro lado, a extensão das observações e testes de contagens depende da:
 eficiência do próprio sistema de controlo interno das existências;
 adequação das instruções de contagem;
 experiência e da independência do pessoal que procede à contagem.

O auditor concentrará os seus esforços nos locais ou itens de inventário mais significativas
e, por outro lado, procede a testes limitativos noutros.
Durante a contagem, o auditor e a sua equipa observam o trabalho que está a ser realizado
e certificam-se se está a ser executado de acordo com as instruções previamente
estabelecidas. Procedem à realização dos respectivos testes e à comparação das contagens
efectuadas com as quantidades indicadas nas folhas de contagens. No caso de se verificar
alguma diferença, deve-se proceder imediatamente ao seu esclarecimento.

É também no decorrer destes testes que o auditor obtém informações seguras sobre as
existências obsoletas, defeituosas e de difícil rotação. Informações que irá utilizar quando
proceder à análise da provisão para depreciação de existências.

3. Testes às Mercadorias em Trânsito e em poder de terceiros

Na realização destes testes aplicam-se os seguintes procedimentos:

Mercadorias em trânsito
 dever-se-á obter, em primeiro lugar, uma lista discriminada das guias de remessa e das
facturas dos fornecedores para efeitos de análise;
 as quantidades nelas mencionadas serão posteriormente comparadas com as inscritas nas
guias de recepção emitidas pela empresa com data posterior à data da auditoria ou com
as referidas em documentos externos;

Mercadorias em poder de terceiros


 dever-se-á obter uma lista onde se discrimine as várias entidades que têm mercadorias
em seu poder e quais são;
 apurar o valor das mercadorias em poder de terceiros. Se não for significativo pede--se
às referidas entidades uma confirmação por escrito daquelas que apresentam valores
mais elevados. Se, pelo contrário, o valor das mercadorias em poder de terceiros atinge
um montante significativo proceder-se a uma contagem física.

4. Conferência das Operações de Apuramento

A fim de poder concluir sobre a razoabilidade dos valores apresentados pelas listas dos
vários tipos de existências, o auditor necessita de efectuar diferentes trabalhos, dos quais
se salienta:
 somar tais listas numa base de amostragem,
 verificar, também em teste, se estão correctas as multiplicações das quantidades pelos
próprios custos unitários,

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 comparar as quantidades incluidas nas listas com aquelas que testou aquando das
contagens físicas. Obviamente não poderão haver divergências neste ponto;
 verificar que todas as fichas de contagem utilizadas pelas empresas (e só essas) foram
incluídas nas listas;
 investigar cuidadosamente todos os itens com valor significativo e que não tenham sido
objecto de teste, por parte de si próprio, aquando das contagens físicas, o que em
princípio não deve acontecer;
 tratar de investigar quaisquer outros elementos que, pela sua natureza, lhe pareçam
pouco usuais.

5. Avaliação de Existências

O princípio da prudência aponta para que as existências devam ser mensuradas ao mais
baixo custo ou mercado. Antes de se descreverem os procedimentos a seguir para que se
atinja este objectivo, vamos sucintamente fazer referência aos termos custo e mercado.

Por custo de um bem entende-se o somatório de todos os gastos directa ou indirectamente


incorridos para o colocar em condições de utilização e localização.

Particularizando, temos que o custo de aquisição é o somatório do valor da factura do


fornecedor com os gastos inventariáveis (transporte, seguro, alfândega).

O custo de produção compreende não só os consumos de matérias-primas e materiais como


também a mão-de-obra e outros gastos, directos ou indirectos, que tenham sido
incorporados.

Na prática, existem vários métodos de custear as saídas das existências. O PGC aponta os
seguintes:
a) Custo unitário médio ponderado
b) FIFO-First In First Out
c) LIFO-Last In First Out
d) Custo padrão
e) Custo de identificação específica

Usando na frase ao mais baixo custo ou mercado, o termo mercado significa o custo de
reposição corrente (por compra ou por reposição conforme o caso) com as seguintes
ressalvas:
a) o mercado não deve exceder o valor realizável líquido, isto é, o preço de venda
estimado no curso normal da actividade deduzido do custo para vender (comissões,
fretes, embalagens).
b) o mercado não deve ser inferiror ao valor realizável líquido deduzido da margem
normal de lucro.

Para melhor compreensão vejamos um caso prático. Consideremos quatro artigos, várias
situações de valor de mercado e determinemos para cada um deles qual deverá ser o valor
a considerar para a respectiva mensuração de existência.
A B C D
CUSTO (C) 100 100 100 100
MERCADO
- Custo de Reposição (CR) 120 80 60 120
- Valor Realizável Líquido (VRL) 90 90 80 110
- Valor Realizável Líquido deduzido da Margem Normalde Lucro (VRL-MNL) 70 70 70 90

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Em promeiro lugar deverá determinar-se qual o preço de mercado. Para comparar-se o


custo de reposição com o velor realizável líquido. Se este for menor que aquele, será o valor
realizável líquido o preço de mercado. Se ao invés, o valor realizável líquido for maior que
o custo de reposição compara-se este valor com o valor realizávewl líquido deduzido da
margem normal de lucro sendo o preço de mercado o maior dos dois valores.
Compara-se então o preço de mercado determinado com o custo, acolhendo-se para base
de mensuração o mais baixo dos dois.

No exemplo apresentado cada um dos itens deverá ser portanto mensurado da seguinte
forma:
A - Valor Realizável Líquido (90);
B - Custo de Reposição (80);
C - Valor Realizável Líquido deduzido da Margem Normal de Lucro (70)
D - Custo (100)

TESTE À MENSURAÇÃO DE MERCADORIAS(2.2) E MATÉRIAS-PRIMAS (2.6)

O primeiro passo será seleccionar os elementos das existências sobre os quais incidirá o
teste. É normalmente um trabalho que requere abundante experiência e o exercício de uma
capacidade de julgamento que permita testar o que se deve efectivamente testar, sem
efectuar trabalho excessivo ou limitado. Há que encontrar o equilíbrio que satisfaça o
auditor quanto aos objectivos traçados e que não traga riscos significativos, no sentido de
que os dados acumulados não sejam suficientes para chegar a uma conclusão.

Assumindo que a selecção foi feita de modo correcto, há que preparar um papel de trabalho
do qual conste, sobretudo, a seguinte informação:
a) Listar um por um os elementos seleccionados;
b) Reconstituir os “stocks” em existência a partir das últimas entradas;
c) Considerar para cada entrada ou entradas o valor respectivo facturado pelo fornecedor;
d) Considerar os respectivos custos inventariáveis tais como, transportes, seguro,
alfândega, etc.;
e) Calcular o custo total de entrada;
f) Calcular o custo unitário dividindo o total dos custos por entrada pela quantidade total.
g) Indicar que foram verificados os documentos (notas de recepção e controlo, facturas do
fornecedor, despachantes, transportador, etc,);
h) Comparar o custo calculado com o da empresa e determinar se a existência está sub ou
sobre-mensurada
i) Concluir sobre os resultados.

TESTE À MENSURAÇÃO DE PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO(2.5) NO SISTEMA DE CUSTOS


POR ENCOMENDA

A auditoria de existências num sistema de custos por encomenda é dirigida sobretudo a:


a) Rever o fluxo de custos através das contas de controlo de existências de produtos e
trabalhos em curso;
b) Testar as matérias-primas, mão de obra e gastos gerais de fabrico imputados aos
produtos e trabalhos em curso na data do inventário.

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Deve obter-se uma análise das contas de controlo de produtos e trabalhos em curso para
um período representativo e rever-se os lançamentos efectuados para operações não usuais
em natureza e valor.

As quantidades de matérias-primas devem ser conferidas examinando as requisições e as


notas de débito à encomenda. Os preços podem ser conferidos através do registo de custos
unitários; a veracidade destes registos deverá ser testada noutras fases da auditoria.

As horas de mão-de-obra e as respectivas importâncias debitadas por período de pagamento


deverão ser revistas para verificar a consistência existente, devendo obter-se explicações
para variações não usuais.

Alguns dos débitos mostrados nas fichas das encomendas devem ser conferidos com o
mapa de distribuição de mão-de-obra e os cartões de ponto examinados para verificar que
o tempo foi devidamente imputado na encomenda apropriada.

A base de aplicação dos gastos gerais de fabrico às encomendas deve ser analisada a fim
de se averiguar que produz uma boa distribuição.

Tal como com as encomendas seleccionadas para testes detalhados de custos, também
deverão ser feitos testes para se determinar que os gastos gerais de fabrico foram aplicados
numa base corrente e em percentagem apropriada. A consistência das bases de imputação
dos gastos gerais de fabrico é de grande importância devido ao efeito que mudanças de
bases podem ter nos resultados da empresa.

TESTE À MENSURAÇÃO DE PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO(2.5) NO SISTEMA DE CUSTOS


POR PROCESSOS

A auditoria de existências num sistema de custos por processos dirige-se principalmente a:


a) Rever o fluxo de custos através dos centros de custo por processos por meio de produtos
seleccionados;
b) Fazer testes dos custos imputados a tais centros de custos.

As contas de controlo de produtos e trabalhos em curso devem ser analisadas durante um


período representativo e preparados resumos com a finalidade de conferir o fluxo de
quantidades físicas e o custo por produtos através dos centros de custos. As quantidades e
os custos transferidos das existências de matérias-primas e de outros processos devem ser
conferidas com as contas de controlo do Razão, assim como as transferências de produtos
e trabalhos em curso para produtos acabados devem ser conferidas com os relatórios de
custo de produção.

As quantidades de matérias-primas postas no processo ou adicionadas durante o mesmo


devem ser conferidas através das requisições ou relatórios e os valores conferidos com os
registos de custos unitários.

A mão-de-obra directa e os gastos gerais de fabrico devem ser analisados de modo idêntico
ao que foi apresentado no caso anterior.

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TESTE À MENSURAÇÃO DE PRODUTOS E TRABALHOS EM CURSO(2.5) NO SISTEMA DE CUSTOS


PADRÕES

Quando as operações num sistema de custos padrões são claramente compreendidas pelo
auditor e as principais cacterísticas do sistema de controlo são usadas apropriadamente, a
auditoria de existências neste sistema é menos trabalhosa que nos dois casos anteriores.

Quando se utiliza este sistema de custos, a auditoria dirige-se sobretudo a:


a) Testar o cálculo dos custos padrões para um número representativo de produtos ou partes
de produtos a fim de se verificar que todos os elementos próprios estão incluídos no
custo padrão;
b) Rever as contas de desvios para comprovar se os custos padrões se aproximam ou não
dos custos reais;
c) Determinar se os custos padrões usados para calcular os desvios são os mesmos que os
utilizados na mensuração de existências.

Tal como nos casos anteriores também aqui devem ser conferidas as quantidades e preços
de matérias-primas utilizadas e as bases de imputação de mão-de-obra e de gastos gerais
de fabrico através de apropriados documentos de suporte.

TESTE À MENSURAÇÃO DE PRODUTOS ACABADOS(2.3)

A realização deste teste está intimamente relacionada com os procedimentos que acabamos
de descrever para os produtos e trabalhos em curso.

6. Análise da necessidade de Ajustamento (Saldo das Provisões)

Como se referiu nos objectivos enunciados, as existências excessivas ou com pouca


rotação, defeituosas ou deterioradas e obsoletas devem estar cobertas por provisões
adequadas. O mesmo aliás deve acontecer quando ocorrem quebras de preço ou de cotação.
A razão de ser de tal facto filia-se no cumprimento do princípio contabilístico da prudência
o qual, como já anteriormente se referiu, quando aplicado à valorimetria das existências
determina que estas não devem ser avaliadas por um valor tal que não possa ser recuperado
através da venda ou do consumo.

A análise do saldo das provisões, é pois o corolário do trabalho que os auditores


desenvolvem depois de efectuarem os testes e procedimentos de auditoria acabados de
descrever em 4 e 5. Diga-se desde já que se trata de uma análise bastante complexa, uma
vez que se torna necessário responder a duas perguntas de resposta difícil:
quais são os itens que se encontram em qualquer das situações referidas?
qual o valor de cada um daqueles itens?

A melhor forma de detectar artigos excessivos ou com pouca rotação, defeitousos ou


deteriorados e obsoletos é analisar cada uma das fichas de stock e/ou de inventário
permanente (se existirem) e proceder às respectivas inspecções físicas.

No entanto para obviar à morosidade a que este método conduziria, os auditores devem
tomar atenção a certas indicações notadas durante outras fases da auditoria de existências.
Como exemplo de tais indicações temos:
a) detecção, durante o inventário físico, de artigos em tais situações;

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gchamba 2021

b) baixa rotação de stocks detectada durante os testes ao custo através da ausência de


compras em quantidades normais (por verificação do ficheiro de existências);
Matematicamente obtém-se a rotação das existências em dias, através da fórmula:
Volume médio das existências
 * 365
Custo das existências vendidas

c) prováveis mudanças nos pedidos de vendas atendendo ao desenvolvimento de novos


produtos e processos de fabrico;
d) análise das devoluções dos clientes;
e) análise da antiguidade dos artigos sem saída (fácil obter quando as existências são
tratadas através de meios informáticos)

7. Verificação da Consistência

Este objectivo de auditoria na área de Existências destina-se, como foi referido, a


determinar se as existências finais do período estão determinadas quanto a quantidade,
custos unitários, cálculos, stocks excessivos, etc. em bases consistentes com as utilizadas
em anos anteriores.

Trata-se de um objectivo muito importante, pois sabe-se como, sobretudo uma modificação
dois critérios de custeio das saídas e de valorimetria das existências finais, podem ter
influência na determinação dos resultados. Cabe aos auditores executarem tantas provas
quantas considerarem necessárias para satisfazer este objectivo e poderem determinar a
distorção, quer na determinação do resultado, quer na apresentação da informação
financeira, para a manifestarem no seu parecer, se tal for considerado materialmente
relevante.

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