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AUDITORIA CONTÁBIL

Unidade 6 - Execução da Auditoria


Contábil

GINEAD
Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva
SST Unidade 6 - Execução da Auditoria Contábil /
Fernanda Gualda Moreno;
Beatriz da Silva Pereira
Ano: 2020
nº de p.: 17

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Unidade 6 - Execução da
Auditoria Contábil

Objetivo específico
• Viabilizar e aprofundar os conhecimentos sobre a execução da auditoria con-
tábil por meio da análise das demonstrações contábeis.

Apresentando a unidade
Nesta unidade, você compreenderá o funcionamento do programa de auditoria.
Esse processo é executado quando as decisões referentes ao que fazer, como e
por que fazer são transformadas em procedimentos de auditoria. Esse programa
envolve: o objetivo do trabalho, os aspectos fundamentais de controles internos, os
procedimentos de auditoria e o momento em que serão efetuados e a extensão dos
trabalhos para que se obtenha segurança e confiabilidade nas evidências.

Ainda nesta unidade, descreveremos os procedimentos de auditoria de acordo com


a classificação das contas em análise, além dos demais procedimentos pertinentes
à execução da auditoria contábil. Está preparado?

Auditoria das contas patrimoniais


O programa de auditoria busca examinar o conjunto de demonstrações contábeis
com a finalidade de verificar a fidedignidade das informações apresentadas
(SANTOS; GOMES, 2006). Nesta unidade, dividiremos as informações analisadas
nos procedimentos de auditoria em quatro grupos:

• auditoria das contas patrimoniais;


• auditoria das contas de resultado;
• auditoria das demais demonstrações contábeis;
• auditoria dos eventos subsequentes.

Iniciaremos nosso estudo com a auditoria das contas patrimoniais. Sua análise
pode ser dividida em dois grandes grupos: auditoria das contas de ativo e auditoria
de contas do passivo. O propósito do programa de auditoria nas contas do ativo é:

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a. observar se foram respeitados os princípios fundamentais de contabilidade;
b. confirmar a existência física dos estoques;
c. assegurar que os objetos contabilizados realmente existem;
d. certificar que as contas a receber são autênticas e têm origens legais;
e. determinar se as contas foram devidamente classificadas.

De acordo com a NBC T 11, para melhorar os procedimentos de auditoria, o auditor


deve seguir as seguintes técnicas:

Quadro 6.1: Técnicas para procedimentos de auditoria

Inspeção Exame de registros, documentos e de ativos tangíveis.

Acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua


Observação execução.

Investigação e Obtenção de informações junto a pessoas ou entidades


confirmação conhecedoras da transação, dentro ou fora da entidade.

Conferência da exatidão aritmética de documentos


Cálculo comprobatórios, registros e demonstrações contábeis e outras
circunstâncias.

Revisão Verificação do comportamento de valores significativos, mediante


índices, quocientes, quantidades absolutas ou outros meios, com
analítica vistas à identificação de situação ou tendências atípicas.

Fonte: Elaborado pelos autores (2018).

Agora, vamos nos aprofundar nos procedimentos de auditoria nas contas do ativo,
como: caixa e bancos, contas a receber, estoques, e imobilizado.

• começaremos com as contas caixa e bancos. Com esses elementos, o tra-


balho do auditor consiste em analisar e verificar a veracidade dos registros e,
para tanto, devem ser observados os seguintes objetivos:
• verificar a autenticidade dos saldos;
• analisar os fundos apresentados, se realmente abrangem a totalidade exis-
tente;
• examinar os valores efetivamente disponíveis;
• verificar se os valores que dependem de avaliação foram convertidos e con-
siderados corretamente.

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Para a constatação sobre a posição das contas caixa e bancos, o auditor deverá
obedecer aos procedimentos mínimos obrigatórios. Ou seja, verificar se:

• a escrituração das contas em determinada data apresenta saldos disponí-


veis, incluindo todas as operações do período examinado e tão somente des-
se período;
• a escrituração obedeceu aos princípios fundamentais de contabilidade, apli-
cados de maneira uniforme em relação ao exercício anterior;
• a escrituração foi feita com base na legislação em vigor, inclusive atendendo
aos requisitos de ordem fiscal;.
• os saldos indicados em determinada data estão representados por confirma-
ções idôneas ou se foram examinadas fisicamente pelo auditor.

Como sabemos, é impraticável o exame de todas as operações do exercício. Sendo


assim, para chegar a uma conclusão satisfatória, os exames que o auditor deve
seguir para auditar as contas do caixa e bancos, atendendo aos procedimentos
obrigatórios, são:

• realizar testes, ficando a extensão destes ligadas diretamente à eficiência


dos controles internos. Para isso, o auditor deve estudar o sistema de con-
trole interno da auditada, utilizando um método de avaliação adequado. Com
base na avaliação, o auditor estabelecerá a natureza, a extensão e a profun-
didade dos exames e testes;
• estar de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade, além dos
procedimentos adotados pela empresa;
• atentar que somente podem constar no caixa comprovantes de despesas
idôneos;
• obter confirmação direta e independente dos saldos bancários (Carta de Cir-
cularização);
• solicitar a conciliação bancária quando os saldos bancários dos extratos for-
necidos pela empresa não coincidem com os saldos apresentados no Balan-
ço Patrimonial;
• inspecionar os fundos de caixa por meio de contagens físicas.

Além dos procedimentos citados, a empresa deve adotar alguns processos básicos,
como a conferência da entrada de numerário com os documentos que a geraram e a
guarda em custódia dos cheques em branco, evitando extravios ou uso indesejado.
No caso do adiantamento a terceiros, quando não prestada conta no dia, devem ser
contabilizados.

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As conciliações devem ser diárias e os saldos entre os boletins de caixa e a
conta razão devem ser conferidos, assim como o saldo bancário contabilizado
deverá estar de acordo com os saldos dos extratos. Também deve haver rodízio
entre o pessoal de caixa para dificultar as manipulações de bens e numerários e
segregação de função. Quem realiza os pagamentos e controla os recebimentos
não pode, também, realizar a contabilização e conciliações. Quando essas regras
não forem adotadas pela empresa auditada, deve ser objeto de recomendação do
auditor para melhorar o desempenho dos controles internos.

Agora, vamos conhecer os procedimentos referentes às contas a receber. Elas


representam um dos ativos mais importantes para a empresa, refletindo o
compromisso de pagamento dos clientes. Os procedimentos adotados pelo auditor
são:

• exame do razão contábil da conta de clientes, selecionando amostragem de


lançamentos mais relevantes;
• confrontar o relatório das contas a receber na data do saldo analisado com
o saldo do Balanço na conta clientes e solicitar as conciliações de saldos
divergentes;
• investigar pelo exame detalhado da documentação suporte;
• analisar a variação do saldo de contas a receber, obtendo explicação para
as duplicatas incobráveis ou em atraso, observando a existência de atrasos
superiores a 180 dias para constituição de provisão de devedores duvidosos;
• determinar a existência e representatividade dos devedores duvidosos;
• verificar se foram utilizados os princípios de contabilidade geralmente acei-
tos.

O controle interno sobre as contas a receber é ajustado de acordo com a empresa,


dependendo da materialidade, mas, normalmente, ele envolve a segregação de
tarefas, ou seja, as pessoas que contabilizam e conciliam as contas a receber
não podem ter relação com caixa, bancos, estoque, faturamento ou baixa de
contas incobráveis. Além disso, a baixa dos incobráveis só pode ser realizada com
autorização da administração e deve ser documentada.

A próxima conta são os estoques. Nela, os principais objetivos do trabalho de


auditoria são:

• Existência: certifica que as quantidades e valores apresentados nos relató-


rios existem fisicamente;
• Cut-Off: certifica que o item está registrado de acordo com sua competência;

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• Abrangência: certifica que todas as quantidades e saldos de estoques estão,
adequada e integralmente, contabilizados;
• Avaliação: verifica se estão em consonância com os princípios fundamentais
de contabilidade e com os métodos de avaliação de estoque permitidos pelo
Fisco, como PEPS ou custo médio.
Figura 6.1: Existência, cut-off, abrangência e avaliação são os principais
objetivos da auditoria na conta estoques

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Os procedimentos e itens a serem observados na auditoria, para constatar as


evidências suficientes para a emissão do relatório, referem-se aos locais onde
existem estoques e à disposição física, além dos tipos e quantidades existentes
nesses locais. Também devem ser constatados o sistema de custo e o de
recebimentos de mercadorias, matérias-primas etc.

Os métodos de avaliação de mercadorias e das matérias-primas também devem


ser observados, além da existência de estoque oferecido como garantia e/ou em
poder de terceiros. O relatório de controle de inventário de estoques, as notas
fiscais de compra de mercadorias para o estoque também devem ser analisados,
além da verificar a existência de itens obsoletos ou vencidos no estoque; por fim, o
acompanhamento de contagem física.

Quanto à contagem física, o auditor deve levar em consideração fatores como:


a natureza dos controles internos, o risco de desvios materiais, as condições do
estoque, as instruções de inventário, o período de contagem e o tipo de teste a ser
realizado. Com base nessas informações, o auditor terá condições de estabelecer

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um plano detalhado dos trabalhos a serem executados, se certificando da
veracidade para embasar o conteúdo de seu relatório.

As contas do ativo imobilizado também são muito importantes para a avaliação


da auditoria, já que a depreciação reflete sobre o lucro do exercício. As verificações
devem abranger amortizações, exaustões, obsolescência, ociosidade, reavaliações
corretas, contabilização, venda e existência física dos bens.

Em conformidade com o objetivo da auditoria, o sistema de controle interno em uso


deve ser analisado, para determinar qual seu grau de confiabilidade, bem como a
existência de um sistema de controle patrimonial de bem, da identificação dos bens
por etiquetas, que devem estar no relatório de controle patrimonial fornecido.

O trabalho do auditor deve focar em:

• avaliar os testes de impairment realizados pela empresa;


• avaliar a existência, propriedade e posse dos bens;
• avaliar os critérios e a extensão das depreciações ou amortizações e conferir
os cálculos de amortização no período;
• verificar a consistência em relação ao período anterior e reconciliar o valor
amortizado como respectiva conta de despesa na demonstração do resulta-
do do exercício;
• certificar-se de que os ativos intangíveis foram testados para sua recupe-
rabilidade, ou seja, o ativo não deve estar registrado por valor superior a seu
valor de recuperação. Quando for esse o caso, o valor do ativo deve ser redu-
zido (impairment) a seu valor de recuperação;
• no mínimo, a cada exercício, a empresa deve analisar a existência ou não de
indicadores de impairment em seus ativos;
• ágio deve ser testado, no mínimo, uma vez ao ano, mesmo que não existam
indicadores de impairment.

Agora, partiremos para a identificação das práticas adotadas para auditar as


contas de passivo. Essas contas representam as obrigações da organização que se
enquadram no passivo circulante e no passivo não circulante. O auditor, pelo estudo
prévio no balanço patrimonial, deve eleger as contas mais relevantes a serem
auditadas.

Os objetivos da auditoria nas contas do passivo são:

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• verificar se os controles internos da empresa transmitem a confiabilidade e
constatar que todas as obrigações estão contabilizadas e, principalmente, se
existem documentos para respaldar os registros;
• verificar o grau de endividamento da empresa e se há risco de falência ou
concordata;
• verificar os saldos pendentes de pagamento, sua origem e motivo de inadim-
plência.

Devido à relevância e influência na empresa, as contas que, geralmente, são


auditadas são: fornecedores, empréstimos e financiamentos, encargos sociais a
pagar, tributos a pagar, provisão de contencioso e patrimônio líquido.

Primeiramente, analisaremos a conta de fornecedores. Os objetivos da auditoria


nessas contas são:

• verificar se as compras são efetuadas a partir de um planejamento;


• verificar se as compras foram realizadas pelos preços de licitação, quando
for o caso;
• determinar a segurança dos controles internos observados para o pagamen-
to das obrigações com os fornecedores;
• verificar a idoneidade das notas fiscais de compras e se foram autorizadas
pela alçada competente;
• se existir um volume de contas em atraso relevante, verificar se há uma pro-
visão;
• verificar a adequada contabilização das operações de compras, de acordo
com os princípios fundamentais de contabilidade, analisando algumas notas
fiscais de entrada para observar se foram contabilizadas dentro da compe-
tência correta;
• verificar se os saldos a pagar a fornecedores foram confirmados, via carta
de circularização ou verificação de existência de nota fiscal de entrada de
suporte.

É relevante que a empresa adote algumas diretrizes com o intuito de prevenir erros e
fraudes. A seguir, vamos citar alguns exemplos:

a. segregação de funções de compra, recepção, registro e pagamento de com-


pras;
b. adoção de formulários padronizados ou sistemas de informatização para or-
dens de compras, requisições, transferências internas etc.;

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c. manutenção do cadastro de fornecedores atualizado e registrado conforme a
política da empresa, verificando sua idoneidade no mercado e se a empresa
permanece em operação;
d. realização de tomada de preço com os fornecedores, tendo um mínimo de
três orçamentos;
e. fixação de estoques mínimos e máximos, como forma de orientar o ponto do
pedido;
f. sistema de aprovação das requisições e conferência;
g. conciliação periódica entre os registros fiscais e registros contábeis.

Quando o auditor julgar necessário, pode enviar cartas de circularização para


as empresas com as quais a empresa auditada tenha mantido maior volume de
operações. No caso da auditoria dos empréstimos e financiamentos, é necessário
obter da entidade as seguintes informações:

• extrato bancário dos empréstimos e financiamentos na data do balanço;


• concordância do saldo contábil do balanço com o saldo informado nos extra-
tos de empréstimos e financiamentos;
• conferência de todos os contratos e aditivos dos empréstimos e financia-
mentos até a data do balanço;
• existência de empréstimos em moeda estrangeira, assim como análise do
cálculo de variação cambial decorrente desses empréstimos; e,
• verificação da segregação contábil de curto e longo prazo e se estão conta-
bilizadas corretamente no passivo circulante e não circulante.

Os empréstimos e financiamentos são contabilizados por ocasião de sua


contratação pelo regime de competência. Ou seja, o valor incorrido e não pago,
referente aos encargos financeiros (juros, comissões, correção monetária, IOF,
variação cambial sobre o valor do principal) deve ser provisionado na data das
demonstrações financeiras. Adicionalmente, os encargos financeiros pagos
antecipadamente devem ser apropriados ao resultado, de acordo com o prazo do
contrato do empréstimo ou financiamento.

Para a realização da auditoria na conta dos encargos sociais a pagar, é necessário


analisar as folhas de pagamento do período, as guias de recolhimento de INSS,
FGTS e os relatórios de provisões de férias e 13º sintético e analítico, assim como
as conciliações do período analisado.

Na conta de encargos sociais a pagar, deve-se ainda verificar se:

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• existe saldo na conta salários a pagar, sua composição e motivo da pendên-
cia;
• existem adiantamentos a funcionários ainda não descontados em folha;
• há provisões de 13º e férias e se o montante está de acordo com o total da
remuneração e número de funcionários;
• os recolhimentos de FGTS e INSS estão sendo efetuados.

Na conta de tributos a pagar, o objetivo é verificar se os tributos estão sendo


apurados, contabilizados e pagos corretamente. Essa conferência é realizada pela
análise das guias de recolhimento e conciliações contábeis. Para isso, o auditor
deve:

• confrontar o valor da análise com o razão contábil;


• verificar se existem itens antigos ou anormais na análise;
• confrontar os saldos com os livros fiscais;
• testar a base de cálculos;
• analisar a flutuação dos saldos ao longo do ano em relação ao faturamento,
especialmente para os impostos cuja base de cálculo seja o faturamento;
• testar o recolhimento subsequente dos impostos.

A próxima conta é a provisão de contencioso trabalhista ou tributário. Caso a


empresa tenha essa conta, a auditoria deverá verificar se essa provisão está
suportada por Carta de Advogados, comprovando sua existência e a estimativa
provável de cada processo judicial.

Por fim, a conta do patrimônio líquido. Para a auditoria nessa conta, é necessário
analisar:

• o saldo do patrimônio líquido no início do exercício;


• os ajustes de exercícios anteriores;
• as subscrições e aumentos de capital social;
• as contribuições para as reservas de capital social;
• as constituições e reversões de ajustes de avaliação patrimonial, lucro ou
prejuízo líquido do exercício;
• o cálculo e contabilização de dividendos propostos.

Além disso, devem ser fornecidas à auditoria todas as atas de reuniões do Conselho
de Administração da empresa (se houver), o contrato social da empresa, juntamente
com as últimas alterações, as demonstrações do resultado abrangente (DRA) e a

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demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL). Além disso, deve-se
observar se existe saldo na conta de lucros acumulados, já que ele deve estar todo
distribuído ou contabilizado em reservas de lucros.

No próximo tópico, vamos conhecer os procedimentos de auditoria nas contas de


resultado.

Figura 6.2: A conta lucros acumulados não deve conter saldo e


é objeto da auditoria fazer essa verificação

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Saiba mais
Os últimos anos têm sido marcados pelos avanços na tecnologia,
que refletem também no método de trabalho das empresas. Com
o programa de auditoria, não foi diferente. Já existem softwares
específicos para auxiliar na realização da auditoria. Para saber
mais detalhes sobre esse assunto, acesse: <https://www.
softexpert.com.br/produto/planejamento-controle-auditorias/>.

Auditoria das contas de resultado


As receitas e despesas contabilizadas no demonstrativo de resultado (DRE) são
testadas, para fins de auditoria, pela seleção de lançamentos mais relevantes
constantes no razão contábil, das contas de despesas e receitas. Depois de

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selecionada a amostragem, a documentação suporte desses lançamentos deverá
ser analisada (notas fiscais de entradas e serviços adquiridos pela empresa e notas
fiscais de saídas emitidas pela empresa).

Na auditoria de despesas e receitas, os itens mais importantes a serem observados


são:

• se foram contabilizadas nas datas corretas de competência;


• se existe um documento idôneo para suportar essas receitas ou despesas.

As contas que, geralmente, são auditadas, devido à relevância e influência na


empresa são receitas, despesas e custos.

Vamos começar pelas receitas. Elas podem ser divididas em dois grupos,
dependendo da sua natureza: as operacionais, derivadas do exercício da atividade
da empresa, e as não operacionais, que não derivam da atividade da organização.

O objetivo do programa de auditoria para as contas de receita são:

• determinar se elas estão contabilizadas de acordo com os princípios funda-


mentais de contabilidade;
• determinar se as receitas estão classificadas corretamente;
• verificar se todas as receitas foram devidamente comprovadas;
• analisar se as receitas não atribuídas ao período, ou que beneficiem exercí-
cios futuros, estão corretamente diferidas.

As despesas representam o consumo ou a utilização de bens e serviços no


processo de produzir a receita da empresa. Nessa conta, deverão ser analisadas as
rubricas de despesas com mais representatividade sobre o total de despesas do
DRE, como despesas de pessoal, despesas administrativas (depreciações, aluguéis,
manutenção e serviços) e despesas de vendas e comerciais.

As despesas são testadas, para fins de auditoria, pela seleção de lançamentos


mais relevantes constantes no razão contábil das contas de despesas. Depois de
selecionada a amostragem, deverá ser verificada a documentação suporte desses
lançamentos (notas fiscais de entrada e serviços), conferindo sua idoneidade, se
estão contabilizadas na competência correta e se essas despesas foram aprovadas
pela alçada competente.

Por fim, os custos. Os valores analisados pela auditoria são aqueles que compõem
o custo da mercadoria vendida (CMV). A análise dessa conta é feita por meio da
conferência do valor total do custo baixado, informado no relatório de inventário

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estoque, com o total de custo das mercadorias vendidas informado no DRE. Além
disso, também é feito um comparativo de proporcionalidade entre a variação da
receita de vendas e a variação dos custos de mercadorias vendidas no período
analisado.

Posteriormente, vamos conhecer os procedimentos de execução de auditoria em


contas que ainda fazem parte dos itens estudados até aqui. Preparados?

Figura 6.3: As receitas e despesas contabilizadas no demonstrativo de resultado são testadas pela
seleção de lançamentos mais relevantes constantes no razão contábil

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Reflita
Você já parou para pensar que a execução da auditoria contábil
não se limita ao cumprimento das normas? O que você considera
importante para a realização de uma auditoria de qualidade?

Verificação das demais


demonstrações contábeis
Além do programa de auditoria normalmente utilizado para a verificação das
contas patrimoniais e de resultado, existe o programa de auditoria para uma
verificação complementar. O objetivo dessa metodologia é verificar as contas,

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independentemente de sua natureza (patrimoniais ou de resultado), que não tenham
sido abrangidas por outros programas, visando a que todos os fatos contábeis
registrados sejam analisados (CREPALDI, 2009).

Esse programa de auditoria é mais abrangente do que o método normal, pois inclui
as contas que já tenham sido encerradas no decorrer do exercício. O primeiro passo
é verificar se as contas que serão analisadas têm certa uniformidade em relação ao
exercício anterior.

Outro teste que pode ser utilizado, nesse caso, é o da razoabilidade do montante da
conta em relação à sua destinação e às finalidades operacionais da entidade. Caso
existam orçamentos prévios, estimativas ou previsões (CREPALDI, 2009, p. 720):

• Deve-se fazer comparação, para verificar a irregularidade.


• Deve-se inspecionar o movimento das contas, em busca de flutuações acen-
tuadas, lançamentos inusitados, contrapartidas incomuns e outros fatores
anormais.
• Pesquisar e analisar para assegurar-se de sua razoabilidade,
• Verificar o crescimento/decréscimo das vendas e sua relação como custo
dos produtos vendidos, o lucro bruto e qualquer outra conta diretamente liga-
da às flutuações operacionais. A comparação é feita com o exercício anterior,
desde que nenhum dos dois seja exercício atípico.

No tópico a seguir, veremos como são tratados os eventos subsequentes na


execução do programa de auditoria. Não perca tempo, vamos lá!

Saiba mais
Você já pensou como funciona a execução de auditoria na prática?
Veja um exemplo de auditoria de contas de condomínio acessando
este link: <http://www.direcionalcondominios.com.br/sindicos/
materias/item/1224-como-funciona-uma-auditoria-de-contas-
no-condominio.html>.

Auditoria dos eventos subsequentes

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Até agora, vimos os programas de contas patrimoniais, de resultados e demais
situações que não estavam incluídas nos itens anteriores, mas não terminamos!
Temos ainda o programa de auditoria para eventos subsequentes.

Os eventos subsequentes devem ser considerados no exame das demonstrações


contábeis, além de serem considerados na elaboração do parecer. O auditor deve
considerar três situações de eventos subsequentes (CREPALDI, 2009, p. 722):

a. os ocorridos entre a data do término do exercício social e data da emissão


do parecer;
b. os ocorridos depois do término do trabalho de campo e da emissão do pare-
cer e antes da divulgação das Demonstrações Contábeis;
c. os conhecidos após a divulgação das Demonstrações Contábeis.

De acordo com a NBC TG 24 (R1), são exemplos de eventos subsequentes (MELO;


SANTOS, 2017):

a. decisão ou pagamento em processo judicial após o término do período con-


tábil das demonstrações contábeis analisadas, confirmando que a entidade
já tinha uma obrigação ao final daquele período;
b. obtenção de informações após o término do período contábil em questão,
indicando que um ativo estava depreciado ao final do período contábil ana-
lisado, ou que o total da perda por depreciação, reconhecido inicialmente,
precisa ser recalculado;
c. busca de informações, após o fim do período contábil, sobre o custo de ativos
comprados, ou do valor de ativos obtidos em troca de ativos vendidos ante-
riormente;
d. busca de informações, após o fim do período contábil, sobre o valor referente
ao pagamento de participação nos lucros ou gratificações, caso a empresa
tenha obrigação legal de fazer esses pagamentos resultantes de eventos an-
teriores.

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Referências
CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2009.

MELO, M. M.; SANTOS, I. R. Auditoria contábil: atualizada pelas Normas


Internacionais de Auditoria emitida pela IFAC com adoção no Brasil. 2 ed. Rio de
Janeiro: Maria Augusta Delgado, 2017.

SANTOS, J. L. dos; GOMES, J. M. M. Fundamentos de auditoria contábil. São Paulo:


Atlas, 2006.

PORTAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade. Disponível em


<http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t11.htm>. Acesso em: 17 jan. 2018.

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