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GÊNEROS TEXTUAIS

E
COESÃO REFERENCIAL
Professora: Maisa Avelino
Matéria: Língua Portuguesa
POLO COPS
O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?

- Trata-se de classificações que tem por objetivo compreender e explicar a materialização


dos infinitos textos que utilizamos em nossa vida.

- Possuem uma função sociocomunicativa própria.

- São infinitos. Surgem surgem a partir da necessidade da sociedade.


Quais são as diferenças entre os textos apresentados?
Diferenciam-se em relação à função, à forma e à situação de produção.

FUNÇÃO: propósito sociocomunicativo do gênero textual.

FORMA: refere-se à organização (tipos textuais) e à linguagem utilizada


(linguagem formal ou informal)

SITUAÇÃO DE PRODUÇÃO: são produzidos em espaços e por interlocutores


distintos.
DIFERENÇAS ENTRE TIPOS TEXTUAIS E GÊNEROS

TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS

Definidos por propriedades linguísticas Definidos por propriedades sociocomunicativas


intrínsecas (aspectos lexicais, sintáticos, relações (canal, estilo, conteúdo, composição e função).
lógicas, tempo verbal).

Constituem sequências linguísticas e de Constituem estruturas textuais propriamente ditas.


enunciados no interior dos gêneros.

São restritos. Abrangem um conjunto aberto.

Narração, descrição, argumentação, injunção e Telefonema, carta comercial, sermão, romance, aula
exposição. expositiva, receita culinária, cardápio, piada, edital
de concurso, resenha etc.

Adaptado de MARCUSCHI (2007)


Intertextualidade Intergêneros ou hibridização: é a incorporação de
características de um determinado gênero em outro. Há uma hibridização em
relação gêneros distintos.
1. (ENEM – 2021)

Mulher tem coração clinicamente partido após morte de cachorro

Como explica o The New England Journal of Medicine, a paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de infarto,
como dores no peito e pressão alta, e apresentava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um
ecocardiograma, os médicos encontraram o problema: cardiomiopatia de Takotsubo, conhecida como síndrome do
coração-partido.
Essa condição médica tipicamente acontece com mulheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por um
evento muito estressante ou emotivo. Nesses casos, o coração apresenta um movimento discinético transitório da
parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular, de acordo com um artigo
médico brasileiro que relata um caso semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após dois dias e passou a
tomar medicamentos regulares.
Ao Washington Post, ela contou que estava quase inconsolável após a perda de seu animal de estimação, um cão da
raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal de estimação
porque aprecia a companhia e o amor que os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em Houston, nos
Estados Unidos.

Disponível em: https//exame.abril.com.br. Acesso em 1 dez 2017.
Pelas características do texto lido, que trata das consequências da perda de um
animal de estimação, considera-se que ele se enquadra no gênero
a) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simpson.
b) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do animal.
c) reportagem, pois discute cientificamente a cardiomiopatia.
d) relato, pois narra um fato estressante vivido pela paciente.
e) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do coração partido.
O objetivo do texto é informar o seu leitor das consequências de um animal de estimação,
como, por exemplo, o surgimento da síndrome do coração-partido. O texto possui todas as
características de um texto do gênero textual notícia, por isso se caracteriza como o gabarito
da questão.
2. (ENEM – 2019)

O texto tem o formato de uma carta de jogo e


apresenta dados a respeito de Marcelo Gleiser,
premiado pesquisador brasileiro da atualidade. Essa
apresentação subverte um gênero textual ao
a) vincular áreas distintas do conhecimento.
b) evidenciar a formação acadêmica do pesquisador.
c) relacionar o universo lúdico a informações
biográficas.
d) especificar as contribuições mais conhecidas do
pesquisador.
e) destacar o nome do pesquisador e sua imagem no
início do texto.
Vemos o gênero carta de jogo sendo utilizado para apresentar informações sobre
o pesquisador brasileiro Marcelo Gleiser. Há uma hibridização entre dois gêneros
textuais distintos. O que, a princípio, deveria ser uma biografia do pesquisador,
tem a sua estrutura transformada através dessa mescla, levando a ser
considerado como o gênero textual carta de jogo.
3. (ENEM – 2016)

Receita
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.

SARAMAO. J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.


Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-
se em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois
a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.
b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.
c) explora elementos temáticos presentes em uma receita.
d) apresenta organização estrutural típica de um poema.
e) utiliza linguagem figurada na construção do poema.
O enunciado quer que indiquemos a alternativa que apresente uma característica da
mescla entre os gêneros presentes no texto. Apesar de possuir uma estrutura muito
semelhante ao gênero receita, percebam que há, na realidade, um poema à nossa frente.
Uma vez que o poema possui a forma de uma receita, vemos que ocorre uma hibridização.
O resultado dessa mescla pode ser visto no uso dos verbos no modo imperativo (uma
característica muito comum do gênero receita).
4. (ENEM – 2018)

Olhando o gavião no telhado, Hélio fala: — Tinha ovo?


— Esta noite eu sonhei um sonho engraçado. — Tinha.
— Como é que foi? — pergunta o pai. — Quantos? — pergunta a mãe.
— Quer dizer, não é bem engraçado não. Hélio fica na dúvida. Não consegue lembrar direito.
É sobre uma casa de joão-de-barro que a gente
descobriu ali no jacarandá. Todos esperam, interessados. Na maior aflição, ele
pergunta ao irmão mais novo:
— A gente, quem?
— Quantos ovos tinha mesmo, Timinho? Ocê
— Eu mais o Timinho. lembra?
— O que tinha dentro?
— Um ninho. ROMANO, O. O ninho. In: Casos de Minas.
— Vazio? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
— Não.
Esse texto pertence ao gênero textual caso ou “causo”, narrativa popular que tem o intuito de
a) contar histórias do universo infantil.
b) relatar fatos do cotidiano de maneira cômica.
c) retratar personagens típicos de uma região.
d) registrar hábitos de uma vida simples.
e) valorizar diálogos em família
Causo ou caso se constitui como um gênero que apresenta histórias reais ou fictícias sendo
contadas de forma cômica. Logo, a alternativa que melhor se encaixa como o gabarito é a
letra B.
5. (ENEM – 2018)

A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente


simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e
rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista,
perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã,
onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por
um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai
surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe
ler.
A vida ao redor é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela
assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. A Morte, perplexa diante
da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a
infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e
público.

Disponível em: www.odevoradordelivros.com. Acesso em: 24jun. 2014.


Os gêneros textuais podem ser caracterizados, dentre outros fatores, por seus objetivos.
Esse fragmento é um(a)
a) reportagem, pois busca convencer o interlocutor da tese defendida ao longo do texto.
b) resumo, pois promove o contato rápido do leitor com uma informação desconhecida.
c) sinopse, pois sintetiza as informações relevantes de uma obra de modo impessoal.
d) instrução, pois ensina algo por meio de explicações sobre uma obra específica.
e) resenha, pois apresenta uma produção intelectual de forma crítica.
A resenha se trata de um gênero objetivo e critico. Devido ao seu caráter técnico, é
muto comum no âmbito acadêmico. Contudo, apesar de ter como marca a
objetividade, é importante compreender que não se estabelece como um texto
impessoal, uma vez que o autor transmite a sua opinião acerca do que está sendo dito.
COESÃO REFERENCIAL

ANÁFORA: faz referencia a algo que foi dito anteriormente.


(Aponta para trás)

Exemplo: Geminianos são muito estilos. Eles sabem se vestir e possuem um jeito
de viver especial.

CATÁFORA: faz referencia ao que será dito depois.


(Aponta para frente)

Exemplo: O que eu gosto nos geminianos é isto: eles não têm medo de ousar.
1.(UERJ – 2016)

O uso de palavras que se referem a termos já enunciados, sem que seja necessário
repeti-los, faz parte dos processos de coesão da linguagem. Na pergunta feita no segundo
quadrinho, uma palavra empregada com esse objetivo é:
a) nós
b) aqui
c) nossa
d) porque
A compreensão acerca do uso da função catafórica e da função anafórica foi cobrada. Nesse
caso, “aqui” se estabelece como um termo anafórico, que se refere ao termo “pátria” já
mencionado anteriormente. Tal mecanismo linguístico se faz muito necessário, uma vez que
evita a repetição de termos num texto e faz com que a leitura ocorra com maior fluidez.
Veja, por exemplo, que se “aqui” não fosse utilizado como um termo de referência, a frase
ficaria repetitiva: “Nós amamos a nossa pátria só porque nascemos na nossa pátria?”
2. (ENEM – 2014)

Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu não fazia isso
há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita,
intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não
está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais,
antiquada demais.
Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar
despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”,
“Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com
minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me
botarem no colo ‒ também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na
janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam
acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece
que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua
sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.
Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à
construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
Em todas as alternativas, é necessário considerar a posição dos elementos e analisar as relações
semânticas assimiladas. Dessa forma, observa-se que a supressão da preposição “em” com o
pronome demonstrativo “isso”, “nisso”, refere-se a um fragmento a ser expresso em seguida, “botar
a cara na janela em crônica de jornal”, funcionando como seu introdutor. Logo, podemos concluir
que estamos diante da função catafórica.
É importante ressaltar que, de acordo com a gramática normativa, pronomes demonstrativos, como
“isso”, devem ser utilizados anaforicamente dentro de um texto. Contudo, no dia a dia, é muito
comum o uso de tais elementos para introduzir outros termos, desviando-se do que a gramática
tradicional caracteriza como correto. Logo, perceba que o comando da questão não se preocupa
com o fato de que o pronome demonstrativo utilizado não é o mais indicado, atentando-se apenas à
relação que os termos possuem na construção do texto, isto é, à relação coesiva entre os dois.
3. (ENEM – 2016)

Alguns elementos linguísticos estabelecem


relações entre as diferentes partes do texto.
Nesse texto, o vocábulo "Assim" (l. 9) tem a
função de

a) contrariar os argumentos anteriores.

b) sintetizar as informações anteriores.

c) acrescentar um novo argumento.

d) introduzir uma explicação.

e) apresentar uma analogia.


O texto faz uma crítica à linguagem publicitária, que, através das suas articulações, faz com
situações simples, pessoas comuns e objetos banais pareçam ser algo que não condiz com a
realidade. Contudo, a questão está interessada em um conectivo em específico, pedindo
que encontremos a função do “Assim” dentro desse texto. Vejam que o texto fala de todas
as alterações no imaginário que a linguagem publicitária faz, apresentando-nos vários
exemplos. Por fim, no último período do texto, inicia com o conectivo “Assim”, que de certa
forma resume tudo o que foi dito anteriormente, isto é, sintetiza tudo o que foi dito e inicia
a sua conclusão.
4. (ENEM – 2020)

Seu nome define seu destino. Será?

“O nome próprio da pessoa marca a sua identidade e a sua experiência social e, por isso, é um dado
essencial na sua vida”, diz Francisco Martins, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de
Brasília e autor do livro Nome próprio (Editora UnB). “Mas não dá para dizer que ele conduz a um
destino específico. É você quem constrói a sua identidade. Existe um processo de elaboração, em
que você toma posse do nome que lhe foi dado. Então, ele pesa, mas não é decisivo”. De acordo
com Martins, essa apropriação do nome se dá em várias fases: na infância, quando se desenvolve a
identidade sexual; na adolescência, quando a pessoa começa a assinar o nome; no casamento,
quando ela adiciona (ou não) o sobrenome do marido ao seu. “O importante é a pessoa tomar
posse do nome, e não ficar brigando com ele”.

CHAMARY, J. V.; GIL, M. A. Knowledge, jul. 2010.


Pronomes funcionam nos textos como elementos de coesão referencial, auxiliando a manutenção
do tema abordado. No trecho da reportagem, o vocábulo “nome” é retomado pelo pronome
destacado em
a) “Seu nome define seu destino”.
b) “É você quem constrói a sua identidade”.
c) “Existe um processo de elaboração, em que você toma posse do nome [...]”.
d) “[...] você toma posse do nome que lhe foi dado”.
e) “[...] não ficar brigando com ele”. (ELE quem? O nome)
O enunciado pede que encontremos, entre os trechos destacados, a presença da
anáfora por meio de um pronome que retome o vocábulo “nome”. A alternativa corre é
a letra E, visto que “ele” claramente retoma “nome”.
5. (ENEM – 2016)

Apesar de

Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa não por causa de, mas apesar de.
Gostar daquilo que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligência, simpatia, tudo isso a
gente tem em estoque na hora em que conhece uma pessoa e resolve conquistá-la. Os defeitos
ficam guardadinhos nos primeiros dias e só então, com a convivência, vão saindo do
esconderijo e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que ele não é apenas gentil e
doce, mas também um tremendo casca-grossa quando trata os próprios funcionários. E ela não
é apenas segura e determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E que
ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é supersticioso por bobagens, e que ela
enjoa na estrada, e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e agora?
Agora, convoquem o amor para resolver essa encrenca.

MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011 (adaptado).


Há elementos de coesão textual que retomam informações no texto e outros que as antecipam. Nos
trechos, o elemento de coesão sublinhado que antecipa uma informação do texto é
a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil [...]”.
b) “[...] tudo isso a gente tem em estoque [...]”.
c) “[...] na hora em que conhece uma pessoa [...]”.
d) “[...] resolve conquistá-la.”
e) “[...] para resolver essa encrenca.”
A questão pede que identifiquemos o processo de catáfora em uma das alternativas.
Vejam que, na alternativa A, o termo “daquilo” antecipa as características do que é
gostável (gentileza, bom humor, inteligência, simpatia). Nesse sentido, estabelece-se
como o gabarito da questão.

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