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LEITURAS
PRIMEIRO OLHAR. A Palavra propõe três exemplos de vocações, nas experiências existenciais de
Oséias, Abraão e Mateus. Chama atenção a experiência vocacional de Mateus, chamado por Jesus em seu
local de trabalho, uma banca de impostos.
ILUMINADOS PELA PALAVRA
A volta dos Domingos do Tempo Comum, pós Tempo Pascal, sugere valorizar o Ano Vocacional de
2023. O chamado vocacional de Oséias, Abraão e Mateus são três experiências vocacionais que favorecem
uma reflexão do ponto de vista da pedagogia mistagógica.
Em cada uma das experiências vocacionais propostas na Palavra deste Domingo, o destaque é a
vocação de Mateus, pecador público, e a explicação de Jesus: não vem para chamar santos e justos; pecadores
e pecadoras são vocacionados ao seguimento do discipulado. A explicação de Jesus faz compreender que a
vocação é um caminho santificador que acontece caminhando na estrada do Evangelho.
“Não vim chamar os justos”. Vocação é chamado. Ouvimos tantas vezes essa definição. No
Evangelho deste Domingo nos deparamos com Jesus dizendo que não veio “chamar” os justos, mas os
pecadores. No inconsciente coletivo religioso, Jesus só chama pessoas de bem, justas e santas. Conceito
desmentido pelo próprio Jesus. O vocacionado não precisa ter a condição de justo, de bom ou de santo; basta
a disponibilidade, como Mateus, de deixar tudo e acolher Jesus na casa da sua própria vida. Outra condição
de disponibilidade para ser vocacionado consiste em aceitar a condição de pecador, a condição da indignidade
diante do chamado divino. Jesus, sentado à mesa com os cobradores de impostos, não é contaminado pelo
pecado porque seu relacionamento é misericordioso.
A proposta que Jesus faz ao vocacionado, na pessoa de Mateus, é da santificação (tornar-se justo)
caminhando na sua “estrada”, no caminho do discipulado. A vocação, em tal contexto, é uma proposta de
santificar a vida caminhando na “estrada de Jesus” que, a exemplo de Abraão, exige o cultivo da fé e da
esperança (Rm 4, 18 - 25). A vocação, do ponto de vista Bíblico, não é profissão, é caminho existencial que
nunca termina porque todos os dias o vocacionado é convidado a deixar sua “banca” (seu banco), onde calcula
ganhos e perdas da sua existência, para caminhar na “estrada de Jesus”.
10º. Domingo do Tempo Comum – Ano A: “Quero Misericórdia”: A Vocação de São Mateus 2
São Paulo apresenta aos Romanos as bases da espiritualidade cristã, presentes nas virtudes teologais:
fé, esperança e caridade. A espiritualidade cristã nasce da fé, é continuamente alimentada pela esperança e
se concretiza em obras de caridade (Mt 25,35-45). Simplesmente, não existe espiritualidade alimentando-se
somente em uma das virtudes. O exemplo de Abraão demonstra que a espiritualidade é capaz de suportar
adversidades porque se fundamenta na fé e na esperança.
O tema da caridade, neste Domingo, encontra-se no Evangelho. O fruto da espiritualidade não é a
reclusão em sentimentos de conforto ou de consolo — também isso acontece — mas em traduzir a fé e a
esperança em misericórdia para com os pecadores, ensina Jesus. De modo mais agudo, consiste em se fazer
caridoso com todos, até mesmo com os inimigos (Mt 5, 44).
CONTEXTO MISTAGÓGICO
As propostas celebrativas do mês de junho se caracterizam pela mistagogia que conduz os celebrantes
ao encontro de Deus no caminho vocacional. O encontro e a experiência de Deus estão sendo propostos nas
três solenidades celebradas no Tempo Comum durante o mês de junho 2023: Santíssima Trindade, Corpus
Christi e Sagrado Coração de Jesus. É do encontro com Deus que nasce a vocação para viver e testemunhar
o projeto divino presente no Reino de Deus. É o que vemos nos três Domingos do Tempo Comum, inspirando-
se no Ano Vocacional proposto pela CNBB para o presente ano de 2023.
No contexto do Ano Vocacional de 2023, a Palavra de Deus dos próximos Domingos ajudam os fiéis a
prestar atenção ao chamado divino na vida de cada homem e mulher. Deus, na pessoa de Jesus, encontra-se
com a vida pessoal de cada ser humano, como aconteceu com Mateus, provocando uma ruptura com sua vida
anterior, cobrando impostos e convidando-o a percorrer um novo caminho seguindo Jesus e fazendo-se
discípulo d’Ele. A condição e a sustentação para acolher a vocação divina encontra-se na fé e na conversão.
10º Domingo do TC - A = Jesus passa na vida pessoal e provoca ruptura com a vida passada
12º Domingo do TC - A = A missão é realizada no perigo da perseguição, mas “não tenhais medo”
10º. Domingo do Tempo Comum – Ano A: “Quero Misericórdia”: A Vocação de São Mateus 3
O QUE VALORIZAR NA CELEBRAÇÃO?
Ritos iniciais
Monição inicial: A Palavra que ouviremos propõe três exemplos de vocações, nas experiências de Oséias,
Abraão e Mateus. Mas, o que chama atenção é a experiência vocacional de Mateus, que será proclamada no
Evangelho. Mateus é chamado por Jesus em sua local de trabalho, uma banca de impostos. Ainda hoje, Jesus
nos chama onde trabalhamos, onde estudamos, onde vivemos. Se estamos desatentos somos incapazes de
ouvir a voz do Senhor, que nos convida: “vem e segue-me” (Mt 9, 9). Iniciemos nossa Celebração, cantando!
Oração do dia: Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar
o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. PCNS.
Liturgia da Palavra
Aclamação ao Evangelho: Lc 4, 18 = Aleluia! Foi o Senhor quem me mandou boa notícias anunciar!
Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt
9,9). Viu-o não tanto com os olhos corporais quanto com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se
compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis dizer, não tanto
pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar
como ele andou (1 Jo 2, 6).
E levantando-se, o seguiu (Mt 9, 9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do Senhor,
tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência, aderisse aos seguidores
daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio Senhor que o chamara exteriormente com a palavra,
interiormente lhe ensinou por instinto invisível a segui-lo, infundindo em seu espírito a luz da graça espiritual.
Com esta compreenderia que quem o afastava dos tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros
incorruptíveis.
E aconteceu que, estando ele em casa, muitos publicanos e pecadores vieram e puseram-se à mesa
com Jesus e seus discípulos (Mt 9,10). A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o
exemplo da penitência e do perdão. Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que seria apóstolo e doutor dos povos,
logo no primeiro encontro arrasta após si para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de
evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício plenamente com o
merecido progresso das virtudes.
Contudo se quisermos indagar pelo sentido mais profundo deste acontecimento nós o entenderemos:
a Mateus foi muito mais grato o banquete na casa do seu coração, preparado pela fé e pelo amor do que o
banquete terreno que ele ofereceu ao Senhor. Atesta-o aquele mesmo que diz: Eis que estou à porta e bato;
se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo (Ap 3, 20).
Ouvindo a sua voz, abrimos a porta para recebê-lo, ao aceitarmos de bom grado suas advertências
secretas ou evidentes e nos pormos a realizar aquilo que compreendemos como o nosso dever. Ele entra para
que ceemos, ele conosco e nós com ele, porque, pela graça de seu amor, habita nos corações dos eleitos para
alimentá-los sempre com a luz de sua presença. Possam assim os eleitos cada vez mais progredir no desejo
do alto, e ele mesmo se alimente com os desejos deles como com pratos deliciosos.
10º. Domingo do Tempo Comum – Ano A: “Quero Misericórdia”: A Vocação de São Mateus 6
tem de se levantar para dar, para entregar, para se dar aos outros. Jesus olhou-o, e Mateus encontrou a alegria
no serviço. Para Mateus e para quantos sentiram sobre si o olhar de Jesus, os compatriotas deixam de ser
aqueles à custa de quem «se vive», usando e abusando deles. O olhar de Jesus gera uma actividade
missionária, de serviço, de entrega. Aqueles a quem Ele serve, são os seus compatriotas. O seu amor cura as
nossas miopias e incita-nos a olhar mais além, a não nos determos nas aparências ou no politicamente correcto.
Jesus vai à frente, precede-nos, abre o caminho e convida-nos a segui-Lo. Convida-nos a ir superando
lentamente os nossos preconceitos, as nossas resistências à mudança dos outros e até de nós mesmos.
Desafia-nos dia a dia com uma pergunta: Crês tu? Crês que é possível que um arrecadador de impostos se
transforme num servidor? Crês que é possível um traidor transformar-se num amigo? Crês que é possível o
filho de um carpinteiro ser o Filho de Deus? O seu olhar transforma os nossos olhares, o seu coração transforma
o nosso coração. Deus é Pai que procura a salvação de todos os seus filhos.
Deixemo-nos olhar pelo Senhor na oração, na Eucaristia, na Confissão, nos nossos irmãos,
especialmente naqueles que se sentem postos de lado, que se sentem mais sozinhos. E aprendamos a olhar
como Ele nos olha. Partilhemos a sua ternura e misericórdia pelos doentes, os presos, os idosos e as famílias
em dificuldade. Uma vez mais somos chamados a aprender de Jesus, que sempre olha o que há de mais
autêntico em cada pessoa, isto é, a imagem de seu Pai.
Sei do grande esforço e sacrifício com que a Igreja em Cuba trabalha para levar a todos, mesmo nos
lugares mais remotos, a palavra e a presença de Cristo. Menção especial merecem aqui as chamadas «casas
de missão» que permitem a muitas pessoas, dada a escassez de templos e sacerdotes, ter um espaço para a
oração, a escuta da Palavra, a catequese e a vida comunitária. São pequenos sinais da presença de Deus na
nossa terra e uma ajuda diária para tornar vivas estas palavras do apóstolo Paulo: «Exorto-vos, pois, a que
procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; com toda a humildade e mansidão, com
paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante
o vínculo da paz» (Ef 4, 1-3).
Quero agora dirigir o olhar para Maria, Virgem da Caridade do Cobre, que Cuba acolheu nos seus
braços abrindo-Lhe as suas portas para sempre, e a Ela peço-Lhe que mantenha, sobre todos e cada um dos
filhos desta nobre nação, o seu olhar materno e que estes seus «olhos misericordiosos» velem sempre por
cada um de vós, vossas casas, vossas famílias, pelas pessoas que possam sentir que não há lugar para elas.
Que Ela nos guarde a todos, como guardou Jesus no seu amor. E que Ela nos ensine a olhar para os outros,
como Jesus olhou para cada um de nós. Amém.
Indicamos, também a catequese do Papa bento XVI, do dia 30 de Agosto de 2006, centrada no
Evangelista São Mateus. Pode ser conferida no seguinte endereço eletrônico:
https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2006/documents/hf_ben-xvi_aud_20060830.html
10º. Domingo do Tempo Comum – Ano A: “Quero Misericórdia”: A Vocação de São Mateus 8
ORAÇÃO DOS FIÉIS
Presidente – Confortados pela misericórdia de Deus, que nos convida a conhecê-lo através do seguimento
vocacional, apresentemos confiantes nossas preces.
1) Vós que sois um Deus compassivo, concedei-nos a força para acompanhar-vos através do seguimento
vocacional, acolhendo o convite feito por vosso Filho Jesus. Oremos!
2) Colocai em nós a mesma misericórdia que habita em vosso coração, para que sejamos instrumentos do
vosso amor aos necessitados de nossa ajuda. Oremos!
3) Vós que não quereis sacrifícios e holocaustos, acolhei nossas vidas marcadas pela misericórdia, como
oferenda viva e agradável. Oremos!
4) Nós cremos e esperamos em vossas promessas, mas pedimos que confirmeis em nós a alegria de tornar
Cristo, em todos os momentos da vida, a nossa esperança. Oremos!
Presidente – Vós, Deus infinitamente bom, sois rico em misericórdia e, por causa de vossa infinita bondade,
vindes até nós para curar nossas enfermidades. Atendei nossas preces e abri nossos corações para que
possamos conhecer-vos e seguir-vos na vocação que nos fizestes, por Cristo nosso Senhor! T – Amém!
LITURGIA SACRAMENTAL
Vocacionados e pessoas que atuam na Pastoral Vocacional da comunidade podem ser convidadas a levar as
oferendas na procissão das ofertas.
Procissão das ofertas: quem se dispõe a acolher o chamado de Jesus para segui-lo no caminho do discipulado
poderá ingressar na procissão das ofertas e depositar, no altar da comunidade, a oferenda da sua vida.
Oração depois da comunhão: Ó Deus, que curais todos os males, agi em nós por esta Eucaristia, libertando-
nos das más inclinações e orientando para o bem a nossa vida. PCNS. T – Amém!
RITOS FINAIS
Compromisso concreto: incentivar os celebrantes a perceber a passagem divina em suas vidas, naquele local
onde cada um vive, como aconteceu com Mateus. Perceber a passagem divina e convidar a caminhar na
estrada do discipulado, presente em momentos existenciais provocados pela prática de olhar a realidade com
o olhar de Jesus.
Avisos e Comunicados
Bênção e despedida: Propomos a bênção final com a Oração sobre o Povo, Missal Romano p. 533, n. 19.