Você está na página 1de 10

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: FARMACOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
PROFESSORA: MARIA ZENAIDE DE LIMA CHAGAS MORENO FERNANDES
FERNANDA REGINA DE CASTRO ALMEIDA

MARIA EDUARDA DA SILVA GOMES

RELATÓRIO DA PRÁTICA SOBRE OS EFEITOS DOS BLOQUEADORES


NEUROMUSCULARES

TERESINA
2023
MARIA EDUARDA DA SILVA GOMES

RELATÓRIO DA PRÁTICA SOBRE OS EFEITOS DOS BLOQUEADORES


NEUROMUSCULARES

Relatório apresentado à disciplina de


Farmacologia como requisito parcial para
obtenção de nota no componente prático da
disciplina.

Professoras:
Maria Zenaide de Lima das Chagas Moreno
Fernandes e Fernanda Regina de Castro
Almeida

Monitoras:
Iara Maria Guimarães Rodrigues

TERESINA
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 3
2. METODOLOGIA....................................................................................................5
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 6
4. CONCLUSÃO........................................................................................................ 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO

A introdução dos agentes bloqueadores neuromusculares em 1942 marcou , sem dúvida,


uma nova era na história da anestesia. Foi possível acessar cavidades sem interferência de
contrações musculares voluntárias e da mesma forma manter por longos períodos um suporte
ventilatório adequado. Os bloqueadores neuromusculares são fármacos que promovem o
relaxamento da musculatura esquelética. São considerados essenciais na prática anestésica,
atuando como agentes adjuvantes em anestesia. Além de facilitar a intubação endotraqueal
devido o relaxamento das cordas vocais, são capazes de produzir relevantes condições cirúrgicas
em grande variedade de procedimentos, ao promover o relaxamento de músculos do abdome e
diafragma. Como resultado desses efeitos, concentrações menores de anestésicos podem ser
utilizadas. (DUARTE, 2000)
Devido à propriedade de exibirem semelhanças estruturais com a acetilcolina (ACh), os
bloqueadores neuromusculares conseguem interagir com os receptores colinérgicos,
promovendo alterações eletrofisiológicas. Em consequência dessas alterações, os bloqueadores
neuromusculares são caracterizados em duas classes: despolarizantes e não despolarizantes. Essa
interrupção do potencial de ação garante o relaxamento da musculatura esquelética, sem a
necessidade da administração de altas doses de agentes anestésicos inalatórios ou venoso,
(PINHEIRO, 2019)
De acordo com Almeida (2004) a utilização clínica do curare foi dificultada por vários
fatores, entre os quais sobressaiam as dificuldades na obtenção do produto e de sua preparação e
purificação; daí decorria o desconhecimento de sua exata posologia, de suas qualidades
farmacodinâmicas e, conseqüentemente, de sua ação terapêutica. Com os melhoramentos que
foram, aos poucos, introduzidos na sua obtenção, purificação, padronização e dosagem,
tornou-se mais segura e acessível sua utilização, dando mais possibilidades a seu emprego na
clínica. Até há cerca de dez anos, o curare utilizado era de procedência, qualidade e pureza
desconhecidas.
A succinilcolina é o único bloqueador neuromuscular despolarizante disponível para uso
clínico atualmente. Estruturalmente, trata-se de duas moléculas de ACh ligadas entre si, que
agem como um agonista do receptor nicotínico. A succinilcolina se liga às duas subunidades alfa
do receptor, mimetizando a ACh, e resulta em despolarização da membrana. A despolarização
resulta rapidamente em contração muscular, observada clinicamente na forma de fasciculações.
Após a despolarização, o potencial de membrana deve ser restabelecido antes que uma próxima
despolarização possa ocorrer e, até que isso ocorra, o músculo permanece em um estado de
relaxamento flácido.
O objetivo foi observar o efeito da Galamina, da Succinilcolina e Neostigmina bem como
suas respectivas ações anestésicas locais em animais.
2. METODOLOGIA
A prática foi realizada em sala de aula, com o auxílio de vídeos interativos, onde os
discentes assistiram e analisaram as práticas dos efeitos farmacológicos das diferentes vias de
administração e a relação do pH na absorção dos fármacos, durante a aula prática ministrada
pela profa. Maria Zenaide de Lima Chagas Moreno Fernandes da disciplina de Farmacologia
para Nutrição, sobre bloqueadores neuromusculares e a ação do curare, da Academia Brasileira
de Ciências. No video, os experimentos realizados utilizaram uma rā descerebrada, para
reprodução da experiência de Claude Bernard, e aves pintinhos, para demonstração da ação de
curares naturais e sintéticos.
No primeiro experimento utilizando uma rã descerebrada, na parte posterior da coxa
direita, onde está localizado o nervo ciático mais a artéria que oferece a vascularização da pata.
separou-se o nervo da artéria, afim de colocar um eletródio de estimulação no nervo de modo a
excitar eletricamente o mesmo, sendo esse procedimento também realizado na coxa esquerda.
Ademais, na coxa direita foi realizado uma ligadura em massa de modo a impedir a circulação
sanguínea para a parte distal da pata. Em seguida, separou-se o tendão do músculo
gastrocnemico, onde o tendão fol seccionado distalmente a ligadura, e adicionado um fio ligado
ao tendão para registrar as contrações do músculo gastrocnemico. Em seguida, aplicou-se o
curare no saco linfático dorsal do animal, passados alguns minutos foi feito a estimulação
indireta no nervo motor e a estimulação direta no músculo gastrocnemio. No segundo
experimento, utilizando aves, injetou-se uma dose de curare natural em um pintinho e uma dose
de curare artificial no outro pintinho, deixando passar alguns segundos para avaliar o resultado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos da aula prática estão dispostos nas tabelas, no qual é possível a
compreensão dos procedimentos de cada via, assim como, seus distintos resultados finais,
explanados durante a aula prática.

TABELA 1: Resultados do vídeo 1. Teresina-PI, 2023

EXPERIMENTO COM AVES: PINTOS

Classificação Dose administrada e tipo de Efeitos


BNMs

Pinto 1 Curarina (Curare Natural) em Animal cambaleia e perde


doses não relatadas. os movimentos espontâneos;
Apresenta total relaxamento
muscular;
Morte por asfixia.

Pinto 2 Succinilcolina em Sem equilíbrio;


doses não relatadas Extensão das patas;
Contratura
muscular; Paralisia;
Morte por asfixia.
FONTE: Dados do autor, 2023.

TABELA 1: Resultados do vídeo 2. Teresina-PI, 2023

EXPERIMENTO COM AVES: PINTOS

Classificação Dose administrada e Via de administração Efeitos


tipo de BNMs

Pinto 1 1000 ug de Galamina Via subcutânea- face Sem força muscular.


interna da asa

Pinto 2 300 ug de Succinilcolina Via subcutânea- face Estiramento das patas;


interna da asa Contração completa dos
músculos;
Estaticidade

EXPERIMENTO COM MAMÍFEROS: CAMUNDONGOS

Classificação Dose administrada e Via de administração Efeitos


tipo de BNMs

Camundongo 1 0,5 de Galamina Via intraperitoneal Sem força muscular;


Não realiza a
contração muscular;
Não se agarra a plataforma
de teste.

Camundongo 2 0,5 de Galamina + 10 ug Via intraperitoneal Tem a força muscular


de Neostigmina reduzida;
Apresenta maior tensão.
Camundongo 3 150 ug de Succinilcolina Via intraperitoneal Sem força muscular;
Não realiza a
contração muscular;
Não se agarra a plataforma
de teste.

Camundongo 4 150 ug de Succinilcolina Via intraperitoneal Não há movimentos:


+ 10 ug de Neostigmina camundongo paralisado;
Parada cardíaca.

Camundongo 5 Soro Fisiológico Via intraperitoneal Apresenta força muscular;


Realiza a contração
muscular;
Agarra-se a plataforma de
teste.
FONTE: Dados do autor, 2023.

No primeiro experimento, utilizando uma rä descerebrada, observou-se que com a


estimulação no nervo motor, após a aplicação do curare no saco linfático dorsal do animal, a
pata esquerda que foi exposta a ação do curare não obteve contração do músculo gastrocnêmio,
já em contrapartida, a pata direita que foi realizado uma ligadura em massa de modo a impedir a
circulação sanguínea para a parte distal da pata, obteve contração do músculo gastrocnêmio.
Além do mais, ao realizar a estimulação direta com o eletrodo sob o músculo gastrocnêmio,
ambas as patas responderam ao estímulo com contração muscular, até mesmo a exposta ao
curare, observando-se que a resposta ao estímulo direto está preservado na pata curarizada.
Em suma, no primeiro experimento pode-se observar que o curare não atua nem no nervo
nem no músculo e sim em algum ponto da junção entre eles, assim como concluiu Claude
Bernard, que o curare não afetava o Sistema Nervoso Central e tampouco a sensibilidade, tendo
sua atuação restrita à área motora periférica (DUARTE, 2000)
No segundo experimento, utilizando aves, observou-se que após a aplicação do curare
natural no pintinho, passados alguns segundos, o animal cambaleia, perde os movimentos
espontâneos, ficando em situação de paralisia flácida, de total relaxamento muscular, já, com a
aplicação do curare artificial no outro pintinho, passados alguns segundos, o animal também
perde o equilibrio, mas ocorre a extensão das patas, uma contratura muscular, ficando em estado
de paralisia em contratura. Em suma, no segundo experimento permite-se concluir que a ação do
curare natural e sintético em aves ocorre de modo diferente nos mamíferos, onde ambos curares
promovem relaxamento muscular, desse modo, o curare passou efetivamente a ser empregado
clinicamente como relaxante muscular Dessa forma, o curare age interrompendo os impulsos
nervosos ao nivel da sinapse neuromuscular, provavelmente devido à neutralização da
acetilcolina, (SÅ, 2004).
Sá (2004), acrescenta ainda que os bloqueadores neuromusculares são compostos
amônios quaternários estruturalmente semelhantes à acetilcolina (ACh) que atuam
primordialmente no receptor nicotínico pós-juncional da junção neuromuscular Drogas
anticolinesterásicas também conhecidas como inibidores acetilcolinesterase, são usadas para
reverter os efeitos dos bloqueadores.
Além disso, a succinilcolina é o único bloqueador neuromuscular despolarizante
disponível para uso clínico atualmente. Estruturalmente, trata-se de duas moléculas de ACh
ligadas entre si, que agem como um agonista do receptor nicotinico. A succinicolina se liga as
duas subunidades alfa do receptor. mimetizando a ACh, e resulta em despolarização da
membrana. A despolarização resulta rapidamente em contração muscular, observada
clinicamente na forma de fasciculações. Após a despolarização, o potencial de membrana deve
ser restabelecido antes que uma próxima despolarização possa ocorrer e, até que isso ocorra, o
músculo permanece em um estado de relaxamento flácido. (O'CONNOR GWINNUTT, [s.d.]).
Inclusive, a reversão do bloqueio neuromuscular se faz necessária, para que o paciente,
ao deixar o centro cirúrgico, não apresente nenhuma alteração na sua função muscular, sendo
capaz de respirar espontaneamente, tossir, deglutir e manter a via aérea patente. Além do mais, o
grau de bloqueio neuromuscular depende do tipo de bloqueador neuromuscular e do balanço
entre o mesmo e a ACh, presentes na junção neuromuscular.
Por outro lado, o efeito da Succinilcolina, em doses não relatadas, na ave é bastante
contrastante ao caso do curare natural, visto que após a administração o mesmo perde o
equilíbrio e, posteriormente, ocorre um estiramento das patas e uma contratura da
musculatura (Tabela 1). Ou seja, no primeiro caso ocorre uma paralisia em contratura
muscular e no segundo há uma paralisia por relaxamento, mas que ambos podem
proporcionar óbito por asfixia. Semelhantemente, o vídeo 2 (Tabela 2) demonstra que
ocorrem os mesmos efeitos da administração da Succinilcolina no animal e no caso da
administração de Galamina ocorre efeitos semelhantes a da curarina, ou seja, a ausência de
força muscular. (PINHEIRO, 2019)
4. CONCLUSÃO
Portanto, foi possível entender a partir da prática, que os bloqueadores
neuromusculares agem, justamente, garantir a interrupção, de forma temporária, da
transmissão do potencial de ação através da junção neuromuscular esquelética, assim como o
curare que tem como principal local de ação os receptores colinérgicos nicotínicos localizados
na placa motora. Dessa forma, os bloqueadores neuromusculares são utilizados em anestesia
para prejudicar a transmissão neuromuscular e proporcionar relaxamento da musculatura
esquelética
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COOPER R.A, Mirakhur RK, Elliott P et al - Estimation of the potency of ORG 9426 using
two different modes of nerve stimulation. Anaesth, 1992.

ALMEIDA, M. C. S. de. et al. O uso de bloqueadores neuromusculares no Brasil. Revista


Brasileira de Anestesiologia, v. 54, p. 850-864, 2004.

ALMEIDA, M. C. S. de. et al. Avaliação do bloqueio neuromuscular residual e da


recuralização tardia na sala de recuperação pós-anestésica. Revista Brasileira de
Anestesiologia, v. 54, n. 4, p. 518–531, 2004.

SÁ, M. R. Paulo Carneiro e o curare em busca do principio ativo. In: MAIO, M. C.


org. Ciência, política e relações internacionais: ensaios sobre Paulo Carneiro [online]. Rio
de Janeiro: Editora FIOCRUZ, Unesco, 2004.

O'CONNOR, D. D. GWINNUTT, D. C. Tutorial De Anestesia da Semana


Farmacologia dos Bloqueadores Neuromusculares e Anticolinesterásicos. p. 6. [s.d.].

DUARTE, D. F. Curarizastes - Das Suas Origens aos Dias de Hoje. Revista Brasileira
de Anestesiologia, v. 50, p. 7, 2000.

PINHEIRO, C. C. G. Principais Complicações Relacionadas ao Uso de Bloqueadores


Neuromusculares em Pacientes Submetidos a Anestesia Geral. Rio Janeiro, 2019.

Você também pode gostar