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Sistemas automotivos híbridos e elétricos

ET06L/EL41U
Aula 3

Planta de potência do veículo e


características de transmissão
Profª Fernanda Cristina Corrêa
fernandacorrea@utfpr.edu.br
• Tópicos abordados:

– A configuração do drive train (acionamento)

– Vários tipos de plantas de potência de veículos

– A necessidade de uma caixa de velocidades em um veículo

– O modelo matemático do desempenho veicular


Configuração do drive train
• Um drive train automotivo é mostrado na figura abaixo:

– uma planta de potência


– uma embreagem em uma transmissão manual ou um conversor de
torque na transmissão automática
– uma caixa de velocidades
– eixo diferencial
– rodas motorizadas
• O torque e a velocidade de rotação do eixo de saída da planta de
potência do veículo são transmitidos para as rodas motorizadas
através:
1. da embreagem ou do conversor de torque
2. caixa de velocidades
3. diferencial
4. eixo de transmissão.
– A embreagem é usada na transmissão manual para acoplar ou
desacoplar a caixa de velocidades da planta de potência do veículo.

– O conversor de torque funciona como a embreagem na transmissão


manual com uma relação de transmissão continuamente variável.

– A caixa de velocidades fornece algumas relações de transmissão do


seu eixo de entrada ao eixo de saída para o perfil de torque-
velocidade da planta de potência para corresponder aos requisitos da
carga.

– A unidade final é geralmente um par de engrenagens que fornecem


uma redução de velocidade adicional e distribuem o torque para cada
roda através do diferencial.
Câmbio Manual

https://www.youtube.com/watch?v=FJ_U7nc9i5M
Câmbio Manual
Câmbio CVT

Ela não utiliza engrenagens em um eixo como a anterior, mas


uma correia de aço e duas polias, que alteram seu diâmetro.

https://www.youtube.com/watch?v=zB8p33qRKJM
Sistemas Planetários

https://www.youtube.com/watch?v=iuDU_1pSBJE
Câmbio automático
Planta de potência do veículo

• Existem dois fatores limitantes para o torque máximo do veículo:

– Torque máximo que o contato pneu-solo pode suportar


– Torque máximo que a planta de potência pode produzir com
proporções de engrenagens de determinados sistemas de transmissão.

• O menor desses fatores determinará o potencial desempenho do


veículo.
• Classificação da planta de potência do veículo:
• Ao selecionar uma planta de potência, são considerados os
seguintes fatores:
– Desempenho operacional
– Economia
– Meio ambiente

• Para aplicações veiculares, a característica de desempenho ideal de


uma planta de potência é:
– de potência constante na saída em toda a faixa de velocidade.

– O torque varia de forma hiperbólica em relação à velocidade.

– Esta característica de desempenho ideal da planta de potência


assegurará que a potência máxima esteja disponível a qualquer
velocidade do veículo, resultando em desempenho ótimo do veículo.
• Na prática o torque é limitado, constante em baixas velocidades.
– Isso é feito de modo a não exceder os máximos limites pela aderência
do contato do pneu-solo.
Motor à combustão interna
• Os motores de combustão interna utilizados nos veículos são
baseados em dois princípios:
– Ignição (motores a gasolina)
– Motor à diesel

• As principais características do princípio de ignição de faísca são:


– alta relação potência / peso
– bom desempenho
– baixo ruído de combustão

• Desvantagens:
– Qualidade do combustível necessária
– Maior consumo de combustível
• As vantagens dos motores a diesel são:
– baixo consumo de combustível
– requisito de baixa manutenção devido à ausência do sistema de
ignição
– baixa qualidade de combustível exigida

• As desvantagens do motor a diesel são


– alto nível de emissão de partículas
– maior peso e maior preço
– níveis mais altos de ruído
• Curvas características do MCI:
– Torque vs. velocidade em carga total (posição do pedal de aceleração de
100%)
– Potência vs. velocidade em carga total (posição do pedal de aceleração
de 100%)
• Vários índices são utilizados para comparar diversos tipos de MCI, os
dois principais são:
– Aumento do torque (elasticidade do torque)
• Taxa de velocidade do motor:

• Maior valor do produto melhor potência do motor em baixas e


médias velocidades
Motor elétrico
• São ideais para aplicação em veículos devido às características de
velocidade e torque.

• São capazes de fornecer um alto torque de partida.


• Os motores de uso comum em EVs são:
– Motores de corrente alternada
– Motores de ímã permanente (PM)
– Motores CC de série
– Motores CC de derivação
• Os motores CC em série foram utilizados em vários veículos
elétricos (VEs) principalmente devido à facilidade de controle.
• O tamanho e os requisitos de manutenção dos motores CC
tornaram sua utilização obsoleta.
• Os atuais VEs e os veículos elétricos híbridos (VEHs) usam motores
AC, PM e relutância comutada.
• A tecnologia do motor de indução AC (IM) é muito madura e
atividades significativas de pesquisa e desenvolvimento ocorreram
na área.

• O controle da IM é mais complexo do que os motores CC, mas com a


disponibilidade de processadores digitais rápidos, a complexidade
computacional pode ser facilmente gerenciada.
• Os motores PM podem ser tipo montados na superfície ou os ímãs
podem ser inseridos dentro do rotor.

• Os motores PM também podem ser classificados como tipo


senoidal ou tipo trapezoidal dependendo da distribuição de
densidade de fluxo no espaço livre.

– Motores síncronos de Ímã Permanente (PMSM)

– Motores Brushless DC (BLDC).


A necessidade da caixa de transmissão
• Os MCIs estão presentes na maioria dos automóveis.
– trabalham no princípio da ignição ou do princípio do diesel.

• Vantagens do motor de combustão interna


– alta relação potência/peso
– armazenamento de energia relativamente compacto

• Possui duas desvantagens fundamentais:


– não pode produzir torque a velocidade zero.
– produz potência máxima com uma certa velocidade do motor.

• A eficiência do motor, ou seja, o seu consumo de combustível, é


muito dependente do ponto de operação no mapa de desempenho
do motor.
• Com uma potência máxima do motor disponível Pmax e uma
velocidade rodoviária v, a tração ideal hiperbólica Fideal e a tração
efetiva hiperbólica Feffec podem ser calculadas da seguinte forma:

• Se a potência PMAx do motor em carga total estivesse disponível


em toda a velocidade, resultariam nas hiperbólicas de tração:
• No entanto, o Pmax não está disponível para toda a faixa de velocidade.

• Perfil de tração real do MCI (Fengine)

• Toda a área sombreada não pode ser usada.


– Para utilizar a área sombreada → um conversor de saída adicional.
– O conversor de saída deve converter as características do MCI de tal
forma que se aproxima o mais próximo possível da tração ideal.
Drive train e velocidade do veículo

• Configuração do drivetrain → esforço de tração.

• O torque transmitido da planta de potência para as rodas


motorizadas (Tw) é dado por:
• O esforço de tração nas rodas motorizadas é expresso como:

• Substituindo Tw (eq. Slide 28) na equação acima, tem-se:


• A eficiência mecânica total da transmissão entre o eixo de saída do
motor e as rodas motrizes é o produto da eficiência de todos os
componentes do power train.

• A velocidade de rotação da roda motriz é dada por


• A velocidade de translação da roda (velocidade do veículo) é
expressa como

• Ao substituir o valor de Nw, a velocidade do veículo pode ser


expressa como
Desempenho do veículo

• O desempenho de um veículo é determinado pelos


seguintes fatores:

– velocidade máxima
– Gradeability “nivelamento”
– aceleração
Velocidade máxima
• É definida como a velocidade de cruzeiro constante que o veículo
pode alcançar com carga total em uma estrada plana.

• É determinada pelo equilíbrio entre o esforço de tração do veículo e a


resistência rodoviária:
• O veículo atinge sua velocidade máxima quando o esforço de
tração é igual à resistência.

• A interseção da curva de esforço de tração e a curva de


resistência é a velocidade máxima do veículo
• A velocidade máxima do veículo é determinada pela velocidade
máxima da planta de potência.

• Essa velocidade máxima é dada por


Gradeability (capacidade de nivelamento)
• É definida como o ângulo de inclinação que o veículo pode
responder com uma velocidade constante.

• Para veículos comerciais pesados


– o ângulo máximo de inclinação que o veículo pode superar em toda a
faixa de velocidade.

• Quando o veículo está em uma estrada com inclinação


relativamente pequena e velocidade constante, o esforço de tração
e o equilíbrio da resistência podem ser expressos como:
• Onde d:

• O fator d é chamado de fator de desempenho. Quando o veículo


está em uma estrada com uma grande inclinação, a gradabilidade
do veículo pode ser calculada como:
Desempenho de aceleração
• A aceleração de um veículo é definida por seu tempo de aceleração
e distância coberta da velocidade zero a uma certa velocidade em
um terreno plano.

– Onde  é o fator de inércia rotacional levando em consideração o


aumento de massa equivalente devido aos momentos angulares dos
componentes rotativos.
• Para determinar o valor de , é necessário determinar os valores dos
momentos de inércia de todas as partes rotativas.

• Caso, os momentos de inércia não estejam disponíveis, então, o fator


de rotação () pode ser aproximado como:
• Taxa de aceleração, juntamente com a velocidade do veículo para um
veículo com motor a gasolina com uma transmissão de quatro
marchas e um veículo a motor elétrico com uma única transmissão:
• A partir da equação de aceleração, o tempo de aceleração ta e a
distância Sa de uma velocidade V1 a uma velocidade V2 podem ser
expressos como:
• O torque da planta de potência Tp nas duas equações acima é uma
função da velocidade da planta de potência.

– A velocidade da planta de potência, por sua vez, uma função da


velocidade do veículo e da relação de transmissão

– Portanto, uma solução analítica das equações acima não é possível.

– Os métodos numéricos são comuns para resolver essas equações.


Referências:
Leitura sugerida:
[1] I. Husain, Electric and Hybrid Electric Vehicles, CRC Press, 2003
[2] G. Lechner and H. Naunheimer, Automotive Transmissions:
Fundamentals, Selection, Design and Application, Springer, 1999

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