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INTRODUÇÃO

A intoxicação é uma causa comum na medicina veterinária para procura de atendimento,


porém em questão plantas tóxicas, se destacam as ornamentais, que são cultivadas em casa
para decoração ou paisagismo normalmente.

Algumas das plantas encontradas aqui no Brasil são Azaléia, begônia, comigo-ninguém-pode,
copo de leite, espada de São Jorge, hortência, lantana e lírio da paz.

Os gatos domésticos apresentam mais exposição para os intoxicantes pois seu hábito de caça e
a sua curiosidade os fazem ter contato direto com a planta

RELATO

Clarinha, animal da espécie felina, fêmea, srd, com 6 anos de idade, chegou em emergência
numa clínica veterinária particular, no dia 13/11. Apresentando taquipneia, hipotermia,
desidratação, mucosas hipocoradas, algia a palpação no abdômen. Durante a anamnese tutor
relatou que o animal ingeriu uma parte das folhas e do caule de uma planta cultivada em sua
residência no dia 11/11 e após a ingestão ficou mais quieto e apresentava uma regurgitação.

Foi solicitado hemograma, perfil bioquímico, uss, urinálise, fluido e internação

- Linfopenia (sinal de inflamação)

- Basofilia (inflamação)

- Trombocitose - Plaquetas altas (inflamação, infecção)

- Aumento glicose

- Aumento ureia –função renal – lesão – RINS – fica acumulada e gera alteração – filtração
glomerular

- Aumento ALT (enzima indicadora de comprometimento hepático, mostrando uma


degeneração ou necrose) FÍGADO

- Diminuição da fosfatase alcalina (ALKP) – alteração no funcionamento do fígado e rins

- Aumento creatinina – avaliar a filtração renal

- Ultrassonografia apresentou hepatomegalia (fígado)

- Urinálise apresentou aspecto turvo, com presença de proteínas e glicose

- Hematúria – 3 quadros – levou-se devido a grande eliminação da hemoglobina

DISCUSSÃO

A Muscari Exótica é originária da África do Sul da família Asparagaceae - que segundo a


literatura tem grande semelhança com a Espada de São Jorge, pode atingir de 10 a 30 cm e sua
característica marcante são as pintinhas, porém nem toldas apresentam, devido a sua
exposição ao sol.
Os felinos por apresentarem deficiência na enzima glicuroniltransferase acabam ficando mais
suscetíveis para intoxicações, logo, afeta o desenvolvimento do organismo e a qualidade
hepática

A substância tóxica encontrada nessa família é Oxalato de cálcio que é derivado dos íons de
cálcio gerados pelo próprio ambiente juntamente com o ácido oxálico presente na planta
formando os cristais, que estão em toda extensão. Na literatura é explícito que o oxalato de
cálcio contribui para formação de pedra de oxalato de cálcio nos rins, podendo prejudicar a
absorção de minerais.

O agente intoxicante vai depender de alguns fatores: qual a parte que o animal ingeriu, idade
da planta, taxa de sensibilização do animal, qual a quantidade ingerida e qual a forma de
ingestão, nessa família a parte mais intoxicante são as folhas e rizomas, porém ele está
presente em toda a planta, só muda a quantidade.

As ráfides, são como agulhas que estão presente na planta, e são as principais causadoras das
intoxicações.

As medicações administradas foram mais intensas pelo fato de já estar intoxicada á 2 dias, foi
administrado ondansetrona para controlar futuros vômitos e náuseas e a salivação que ela
chegou apresentando, omeprazol para protetor gástrico, ornitil como protetor hepático,
bionew como suplemento, a base de ferro pois ela não estava comendo, metronidazol para
controlar a diarreia que ela apresentou (antibiótico e antimicrobiano com ação anti-
inflamatória), cegftriaxona agindo também como antibiótico, Enterex para retardar a
intoxicação, cetamina + tramadol foram associados para uma melhor potencialização de
analgesia e Kalium como suplemento mineral a base de citrato de potássio, pois na literatura
descreve que é indicado para nefrolitíase por oxalato de cálcio.

Nos casos de intoxicação é indicado fluidoterapia intensa durante 48 horas para hidratação e
dar suporte na função renal, quando há perda de líquidos, de potássio, cálcio e sódio, foi
utilizado ringer lactato

Logo, é de suma importância que o diagnóstico seja fechado com o histórico do animal feito
durante a anamnese, e seus sinais clínicos apresentados, e bastante detalhado o que o tutor
relata.

CONCLUSÃO

Podemos concluir que é de suma importância saber quais plantas estão sendo cultivadas em
casa e no ambiente que o animal vive, pois a desinformação sobre plantas ornamentais tóxicas
é grande para o meio dos tutores.

O diagnóstico deve ser preciso e rápido, juntamente com a conduta clínica, para o prognóstico
também ser favorável e conseguir estabilizar o animal o mais rápido possível.

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