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Aluno: José Kauan da Silva ECONOMIA/NOITE

A Riqueza das Nações, de Adam Smith, da coleção Economistas, Editora Abril Cultural,
foi publicado em dois volumes. Volume I, no capítulo VI, Adam Smith expõe a teoria
do valor. Com base nessa teoria, Smith afirma que o mercado é a instituição, por
excelência, mais eficiente na alocação dos recursos da
economia. Ele demonstra a eficiência do mercado, no Livro Segundo, capítulo IV e no
Livro Quarto, capítulo II. Com base nessas referências, cite as passagens nas quais Smith
justifica por que o mercado é a melhor forma de socialização na distribuição dos recursos
da sociedade. Em seguida, faça uma comparação com a realidade brasileira atual.

Passagem do Livro Segundo, Capítulo III:

Contudo, embora os altos gastos do Governo, sem dúvida, devam ter


retardado o curso natural da Inglaterra em direção à riqueza e ao
desenvolvimento, não foi possível sustá-lo. A produção anual da terra e do
trabalho na Inglaterra é, sem dúvida, muito maior hoje do que na época da
Restauração ou da revolução. Em conseqüência, maior deve ter sido
também o capital empregado anualmente no cultivo da terra e para manter
essa mão-de-obra. Em meio a todas as exceções feitas pelo governo, esse
capital foi sendo silenciosa e gradualmente acumulado pela frugalidade e
pela boa administração de indivíduos particulares, por seu esforço geral,
contínuo e ininterrupto no sentido de melhorar sua própria condição. Foi
esse esforço, protegido pela lei e permitido pela liberdade de agir por si
próprio da maneira mais vantajosa, que deu sustentação ao avanço da
Inglaterra em direção à grande riqueza e ao desenvolvimento em quase
todas as épocas anteriores, e que, como é de esperar, acontecerá em tempos
futuros. (Livro Segundo, Cap III)

Nessa passagem nota-se que Adam Smith explica o desenvolvimento da


Inglaterra, o crescimento da riqueza dos ingleses devido ao esforço que cada indivíduo
empregou em alocar os seus recursos por conta própria. Outrossim, somente o próprio
indivíduo pode dizer como aplicar seu capital, por mais que o Estado tente interferir na
ordem econômica. Portanto o indivíduo procura aplicar seu capital naquilo que é mais
vantajoso para ele mesmo. Com isso vale lembrar que a origem da divisão do trabalho
decorre de uma certa propensão natural do indivíduo para permutar o produto do seu
trabalho com o produto do trabalho de outros indivíduos.

Passagem do Livro Quarto, Capítulo II:

Não há regulamento comercial que possa aumentar a quantidade de mão-


de-obra em qualquer sociedade além daquilo que o capital tem condições de
manter. Poderá apenas desviar parte desse capital para uma direção para a
qual, de outra forma, não teria sido canalizada; outrossim, de maneira
alguma há certeza de que essa direção artificial possa trazer mais vantagens
à sociedade do que aquela que tomaria caso as coisas caminhassem
espontaneamente. (Livro Quarto, Cap II)
Então, de acordo com a passagem acima, é de fácil entendimento que nenhuma
regulamentação comercial poderá aumentar a riqueza das nações, o emprego de capital,
deixe que o próprio mercado se encarregue de fazer isso sozinho dando total liberdade
aos indivíduos para eles fazerem o que der na telha com o seu capital.

É evidente que cada indivíduo, na situação local em que se encontra,


tem muito melhores condições do que qualquer estadista ou
legislador de julgar por si mesmo qual o tipo de atividade nacional no
qual pode empregar seu capital, e cujo produto tenha probabilidade
de alcançar o valor máximo. (Livro Quarto, Cap II)

Retrata mais uma vez o livre-arbítrio do indivíduo com o seu capital, sempre
procurando maximizar seus investimentos. Contudo, evidentemente a contribuição
do Estado em relação a isso é assegurar que nada interfira na liberdade de mercado.

Ideia da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL)


"Se a América Latina continuasse seguindo a vocação natural de produzir produtos
primários em trocas de produtos industrializados nos países centrais, a mesma continuaria
aumentando a distância entre ela e os países desenvolvidos"
Visto isso eles elaboram uma concepção de intervenção do Estado na Economia para
promover o desenvolvimento industrializado, com o propósito de proteger as indústrias
latino-americanas.

Hoje em dia, deve-se levar em consideração que o Estado sempre intervém na


Economia na medida que sua própria existência distorce os processos mercadológicas por
meio da tributação, mas o Estado também garante uma diminuição na incerteza,
cumprimento de contratos, propriedade privada e demais regras que permitem o bom
funcionamento do mercado.

A constituição brasileira não adotou a visão liberal de que o mercado traria naturalmente
o desenvolvimento. É possível observar no artigo abaixo que o constituinte coloca o
Estado como ator central na decisão das políticas desenvolvimentistas.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade


econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante
para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 1o - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento


do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e
compatibilizará os planos nacionais e regionais de
desenvolvimento13.

Referências

Título do Trabalho: A intervenção do Estado na economia regulada pela Constituição de


1988 – Uma análise da retórica liberal e uma crítica a partir e além da escola estruturalista
Autor: Eduardo Matos Oliveira – UFPE

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