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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CONTABILIZAÇÃO E ESCRITURAÇÃO DE OPERAÇÕES TÍPICAS


Enizete Barbosa Nazário - en2000@academico.ufs.br
Universidade Federal de Sergipe - UFS
José Rodrigo dos Santos - rjosrodrigo@academico.ufs.br
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Maryana de Jesus Santos – marysantos@academico.ufs.br
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Luciana de Goes Correa - @ufs.com.br
Universidade Federal de Sergipe - UFS
Contabilidade das Instituições Financeiras
Resumo: As operações típicas da contabilidade são atividades as quais evidenciam os
registros dos fatos de uma entidade. As operações de crédito são a principal aplicação de
recursos captados, sendo a fonte de receita mais significativa. Esta foi regulamentada pela Lei
da Reforma Bancária, de Mercado de Capitais e do Sistema Financeiro de Habitação e demais
regulamentações. Para a concessão de crédito há algumas vedações que tendem a evitar o
desvio do crédito para outra finalidade. Ademais, devem ser separadas por beneficiário para
permitir a identificação do direcionamento do crédito. A escrituração e contabilização
realizada através dos lançamentos em livros contábeis facilitam a compreensão e análise das
ocorrências dentro das organizações, possibilitando o registro e melhor direcionamento
financeiro impactando na tomada de decisão e possível concessão do recurso financeiro.
Palavras-chave: Contabilidade, Operações Típicas, Instituições Financeiras.
1 Introdução
Operações da contabilidade são atividades de registros dos fatos dentro de uma
organização (empresa), como por exemplo: venda de mercadoria, compra de mercadoria para
revenda, recebimento de um título, compra para industrialização, fechamento da ordem de
produção e entre outros. Dentre tantas, as típicas das instituições financeiras as quais
destacam-se e serão abordadas neste artigo são as operações de crédito que representam,
usualmente, a principal aplicação de recursos captados por essas entidades.
Banco é uma instituição de crédito que atua no mercado financeiro intermediando o
poupador e o tomador de recursos para satisfação de suas necessidades financeiras
(NIYAMA, 2012). A Contabilidade quando aplicada ao controle patrimonial das instituições
financeiras é conhecida como Contabilidade das Instituições Financeiras ou Contabilidade
Bancária (PURIFICAÇÃO, 1995).
A escrituração é o registro dos fatos que influenciam o patrimônio de uma entidade.
Segundo Oliveira (2019) quando fala em registro dos fatos contábeis, a lei refere-se àqueles
documentos que fazem parte das atividades operacionais da empresa no seu dia-a-dia, nas
operações comerciais por exemplo compras, vendas, pagamentos, recebimentos, empréstimos
etc. De acordo com Purificação e Niyama (2005), as instituições financeiras desenvolvem as
seguintes operações:
o Empréstimos
o Financiamento
o Desconto de títulos
o Operações especiais como crédito rural, câmbio e comércio internacional.
o Captação de depósitos à vista e a prazo
o Obtenção de recursos no exterior para repasse
o Prestação de Serviços
Diante de tal contexto, através de uma revisão bibliográfica, este artigo teve como o
objetivo evidenciar o que são essas operações típicas, sobretudo as de crédito, bem como seu
processo de contabilização e escrituração. Para isso, fez-se necessário abordar algumas dessas
atividades comuns da área explanando essas duas técnicas contábeis.

2. Referencial teórico
2.1 Operações Típicas da Contabilidade das Instituições Financeiras
A concessão de crédito é a principal operação de aplicação de recursos captados pelas
instituições financeiras, sendo a fonte de receita mais significativa destas. Na Resolução nº
2.682 do Banco Central determina os critérios de classificação e as modalidades de operação
que as instituições devem utilizar. O Banco Central também estabelece a norma contábil a ser
utilizada, seguindo a destinação dos recursos e a atividade do tomador de crédito.
Em 1988, com autorização do Conselho Monetário Nacional, foram constituídos os
bancos com múltiplas modalidades de crédito, com carteiras comerciais, de investimento, de
crédito, financiamento e crédito imobiliário e arrendamento mercantil (NIYAMA, 2012).
As operações de crédito estimulam e intensificam a produção, circulação e consumo
econômico e por meio delas as pessoas conseguem antecipar a aquisição de bens e consumo.
Esse crédito concedido faz a ligação entre quem empresta o dinheiro (agente superavitário) e
quem toma (agente deficitário), sendo a instituição financeira o intermediário dessa transação
(FILGUEIRAS, 2007).
Existem vedações para concessão de crédito, onde as instituições financeiras não
podem realizar as operações de crédito, a lei 4.595/1964 proibiu a concessão de crédito a
pessoas associadas as instituições, são elas: os diretores, membros de conselhos, seus
conjugues e parentes de até 3º grau; sócios ou acionistas com mais de 10% do capital social;
pessoas jurídicas que participem com mais de 10% do capital social e empresas cuja diretoria
seja da mesma instituição financeira. Segundo Niyama (2012), “tais medidas têm como
principal objetivo evitar o desvirtuamento na concessão do crédito ou que não seja
direcionado para a finalidade prevista".
Partindo do ponto de vista de uma instituição financeira, o crédito figura como ativo,
sendo assim direito e bem da instituição, podendo ser vendido com ou sem retenção de riscos,
tendo como controle dessas garantias, as contas de compensação.
As operações de crédito são classificadas em: empréstimo, operações sem destinação
específica; títulos descontados, que consistem em descontos de títulos, conhecidas também
como antecipação de recebíveis; e financiamentos, que contem destinação específica para o
crédito e precisa de comprovação da aplicação de recursos. Essas operações também devem
ser separadas por beneficiários, para garantir a identificação do direcionamento do crédito
(NIYAMA, 2012).

2.2 Contabilizações de Operações Típicas

Exemplo 1 – Empréstimo a PJ
- Valor: R$ 5.000
- Juros: R$ 500

*Pela concessão do Empréstimo*


D – Empréstimo - 5.500
C – Depósito à vista PJ – 5.000
C – Rendas a apropriar – 500
* Pela apropriação dos juros a receber*
D – Rendas a apropriar
C – Receita c/ juros de empréstimo – 500
*Pela liquidação do empréstimo*
D – Depósito à vista PJ
C – Empréstimo a PJ – 5.500
Exemplo 2 – Financiamento para compra de um veículo
- Valor: R$ 80.000

*Pela Concessão do Financiamento*


D – Financiamento
C – Depósito à vista PJ – 80.000

Exemplo 3 – Títulos Descontados


Valor – 5 cheques de R$ 2.000

*Pela Liberação dos recursos*


D – Títulos Descontados - 10.000
C – Depósito à vista PJ – 8.000
C – Renda a apropriar – 2.000

2.3 Escriturações de Operações Típicas


A escrituração é a técnica utilizada para o registro dos fatos contábeis é realizada por
meio de lançamentos em livros contábeis. Deve ser mantida em registros permanentes,
obedecendo a legislação comercial, societária ou empresarial (MANTHAY, 2007). De acordo
com o artigo 1.179 do código civil é de obrigatoriedade que o empresário e sociedade
empresária levantem anualmente o balanço patrimonial e de resultado econômico. Além
disso, são dispensados da escrituração o pequeno empresário.
Exemplos de livros de escrituração de acordo com a resolução CFC n. º 1.330/2011:
Livro diário: é obrigatório, com exceção do Microempreendedor Individual. O livro diário é
o principal nos registros dos fatos contábeis, comum a todas empresas e seus fatos contábeis
são registrados em ordem cronológica. Permitindo compreender a sequência de
acontecimentos ocorridos na empresa. Este livro não pode ser substituído pela escrituração
obrigatória do livro razão. De acordo com o artigo 1.180 do código civil, ele pode ser
substituído por fichas.
Os elementos essenciais para os lançamentos contábeis são: local e data, contas debitadas e
creditadas, histórico e valor.
Livro razão: Possibilita controlar o movimento de todas as contas de forma separada. O livro
razão deve conter termo de abertura e encerramento, com assinatura do contador e do
responsável pela empresa. Este livro demonstra toda a movimentação das contas de forma
analítica, escrituradas no livro diário e constantes no balanço.
Livro caixa: São registrados cronologicamente todos os pagamentos e recebimentos.

Para Silva e Costa (2017) as formalidades da escrituração são:


Externas: Refere-se a forma de apresentação material do livro e tem a finalidade de dificultar
a adulteração. Em livros contábeis obrigatórios:
Não digitais - devem ser encadernados, terem folhas numeradas, conter termo de abertura e
fechamento, conter assinaturas: titular ou responsável pela entidade e do contador
regularmente habilitado.
Digitais - devem ser assinados digitalmente pela entidade e contador regularmente habilitado,
ser autenticados no registro público ou entidade competente, quando exigível por legislação
específica. Na falta dessas formalidades todo o livro é invalidado.
Internas: estão relacionadas com o lançamento contábil e tem a finalidade de resguardar a
qualidade dos fatos ocorridos. A escrituração deve ser executada com idioma e moeda
nacional em forma contábil, ordem cronológica e com ausência de entrelinhas e rasuras.
Exemplos de escrituração de operações de crédito típicas:
Empréstimos e Financiamentos: A diferença entre ambos é devido a ocorrência em que os
empréstimos simbolizam um crédito vinculado à aquisição de determinado bem, podendo ter
a intervenção de instituição financeira ou diretamente com o fornecedor do bem. O registro
contábil deve ser efetuado quando a empresa receber os recursos, caso a liberação dos
recursos ocorra em várias parcelas, o registro deve ser efetuado à medida dos recebimentos
das parcelas (OLIVEIRA, 2019).

3 Conclusão
Em suma, vimos os trâmites necessários para obtenção de um crédito junto a uma
instituição financeira e tudo que engloba este processo. Levando sempre em consideração as
normas e regras impostas pelas instituições. Diante disso, foi possível ver que na harmonia
entre ambas as partes (agente que concede o crédito e o tomador), gera benefícios para os dois
lados, seja qual for a operação em questão.
Além disso, no que se refere as contabilizações das operações estas visam, à princípio,
a classificação do nível de risco sob responsabilidade das instituições financeiras para
provisão de crédito. Assim, com os lançamentos, vale-se da apropriação do valor do
empréstimo liberado.
As escriturações estão conectadas de forma a uma complementar a outra, sendo cada
uma independente e com seus propósitos. Necessária para auxiliar nos eventos contábeis seja
na empresa ou instituição financeira, facilitando a compreensão e análise dos fatos ocorridos.
No ato da realização do livro razão, utiliza-se dos elementos ocorridos no livro diário para
melhor e mais prática distribuição no livro razão. Da mesma forma com o livro caixa
registrando o histórico de entrada, saída e saldo dos débitos e créditos.

REFERÊNCIAS
NIYAMA, Jorge Katsumi; GOMES, Amaro L. Oliveira. Contabilidade de instituições financeiras. 4ª
ed. São Paulo: Atlas, 2012.
OLIVEIRA, Ademir. A escrituração contábil, a legislação pertinente e a participação do contabilista,
2019.
DAVID, Fernanda Calaça; BARBOSA, Edna Alves. A história da contabilidade: origem e evolução,
2014.
SILVA, Sabrina Eterna de Souza Prudente; COSTA, Suelen Thainara Ferreira, SILVA, Clesiomar
Rezende. A evolução da escrituração contábil à era digital, com foco na escrituração contábil digital e
escrituração contábil fiscal, 2017.
MANTHAY, Dheovan. A importância da escrituração contábil e escrituração fiscal, 2007.
PURIFICAÇÃO, Carlos Alberto da. Contabilidade Bancária. São Paulo: Atlas, 1995.
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.330/2011. Disponível em <http://www.normaslegais.com.br>. Acesso em:
25 set. 2022.

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