(USL -AGENTE UNIVERSITARIO- 2015)

Segundo Canguilhem (1978), há vários critérios de normalidade e anormalidade em medicina e

psicopatologia. A adoção de um ou de outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas e
pragmáticas do profissional. Em psicopatologia, existem vários critérios de normalidade que são utilizados
(CANGUILHEM, 1978 apud DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.
2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. P. 31-34).

Acerca desse tema, relacione o critério de normalidade, na coluna da esquerda, com a sua definição, na coluna
da direita.

(I) Normalidade operacional.

(II) Normalidade estatística.
(III) Normalidade como processo.
(IV) Normalidade como liberdade.
(V) Normalidade como ausência de doença.

(A) O normal é aquilo que se observa com mais frequência.

(B) Considera os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e das
reestruturações ao longo do tempo.
(C) A ausência de sintomas, sinais, ou de doenças é sinônimo de saúde.
(D) Define-se o que é normal e patológico e opera-se de acordo com essas definições.
(E) Alguns autores existencialistas tratam que saúde esta vinculada à possibilidade de transitar com graus
de liberdade sobre o mundo; a doença é a fossilização dessas possibilidades existenciais.

Assinale a alternativa que contem a associação correta.

a. I-B, II-A, III-E, IV-C, V-D.

b. I-B, II-C, III-A, IV-E, V-D.

c. I-D, II-A, III-B, IV-E, V-C.

d. I-D, II-C, III-E, IV-A, V-B.

e. I-E, II-D, III-B, IV-A, V-C.

RESPOSTA C:

Associação I: (D). Normalidade operacional define o que é normal e o que é patológico.

Associação II: (A). Normalidade estatística é o que se observa com maior frequência.

Associação III: (B). Normalidade como processo refere-se aos aspectos dinâmicos do desenvolvimento
psicossocial.
Associação IV: (E). Normalidade como liberdade refere-se à possibilidade de transitar com grau de liberdade
sobre o mundo.

Associação V: (C). Normalidade como ausência de doença torna-se sinônimo de saúde.

(PREFEITURA MUNICIPAL BH-2015)

FRAMINAS (Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Educação, Ciência e Tecnologia de minas

Gerais)

Segundo o autor de “Cidadania e Loucura”, a premência e a preeminência da função saneadora dos primeiros
hospícios dão às origens da assistência psiquiátrica brasileira um aspecto bastante peculiar:

a. A nosologia psiquiátrica estava presente nas instituições de doentes mentais.

b. O saber médico era a referência para a classificação dos doentes dispostos nos diversos setores e
enfermarias.
c. Nas instituições de Rio de Janeiro e São Paulo, a presença do médico era garantida aos doentes, que
eram sistematicamente acompanhados conforme sua necessidade.
d. O hospital psiquiátrico de fato não existia enquanto lugar de cura, e a caridade e os princípios
humanísticos jamais tinham penetrado suas portas.

RESOLUÇÃO:
Alternativa A: INCORRETA. A nosologia psiquiátrica só ocorre no século XX e os primeiros hospícios
surgem no século XIII, apenas, com critérios se exclusão e segregação.

Alternativa B: INCORRETA. O saber médico só passa a classificar as doenças mentais no século XIX.

Alternativa C: INCORRETA. No contexto do livro “Cidadania e Loucura” o autor evidencia o descompasso

da assistência psiquiátrica no atendimento aos doentes mentais, ou seja, existia uma ausência de terapêutica
que considerasse as necessidades de cada doente.

Alternativa D: CORRETA. O hospital psiquiátrico tinha a tarefa de vigiar e de justificar racionalmente a

exclusão e reclusão do doente mental disciplinando seu corpo.

(UFU- RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL- 2014)

Sander (2010) critica e comenta o trabalho de Michel Foucault e sua contribuição na pesquisa da loucura e
das relações de poder. Em relação à perspectiva crítica da história da loucura, assinale a alternativa
INCORRETA.
 a. Tal perspectiva apresenta o papel do médico e sua relação de poder, ao produzir uma verdade sobre a
doença.
b. Segundo essa perspectiva, a institucionalização da loucura sustenta o aspecto humanitário do cuidado
e tratamento.
c. Essa perspectiva questiona o manicômio ou mesmo o hospital psiquiátrico pela perpetuação da
alienação.
d. Dessa perspectiva, a razão é vista como normativa, uma vez que atribui à loucura seus contornos e seu
exílio.

RESOLUÇÃO:

Alternativa A: CORRETA. Foucault registra, na crítica da História da Loucura, que este não é um fato da
natureza, mas da civilização onde o médico (de influência positivista) é o detentor do discurso que garante o
diagnóstico da doença, assim como sua “terapêutica” o internamento.

Alternativa B: INCORRETA. Não há nenhuma prática humanitária na reclusão institucional da loucura, a

institucionalização é uma forma de silenciar a loucura e disciplinar/ docilizar o corpo do louco- doente.

Alternativa C: CORRETA. Foucault questiona a perpetuação da alienação pelo encarceramento manicomial

que não tinha nenhuma proposta de tratamento para o louco, e afirma, na sua arqueologia, que toda forma de
asilamento tinha caráter segregador, seja da pessoa louca (doente mental) ou do louco “social”, os alienados
e improdutivos desnecessários a sociedade.

Alternativa D: CORRETA. Foucault monta a tese da perspectiva do advento e domínio da razão sobre a
desrazão, ou seja, a loucura é vista através da perspectiva que situa a razão como normativa. E a razão é o
discurso- poder médico que legitima o silêncio do sem-razão pelo enclausuramento/ asilamento/ internamento.

(UFJF- RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL- 2013)

De acordo com Dalgalarrondo (2008), a definição da semiologia psiquiátrica:

a. É o estudo dos sinais e sintomas das doenças, que permite somente ao psiquiatra identificar alterações
físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas.
b. É a ciência dos signos, é o estudo dos sinais e sintomas das doenças, que permite ao profissional da
saúde identificar somente alterações físicas e prescrever medicações.
c. É a ciência dos signos, é o estudo dos sinais e sintomas das doenças, que permite ao profissional de
saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos
e empreender terapêuticas.
d. É a ciência dos signos, é o estudo dos sinais e sintomas das doenças, que permite ao profissional de
saúde identificar somente alterações psíquicas, reconhecer os fenômenos observados e formular
diagnósticos.
RESOLUÇÃO:

Alternativa A: INCORRETA. Não se restringe somente ao psiquiatra, mas abrange todos os profissionais
da saúde.

Alternativa B: INCORRETA. Não se restringe somente a identificar as alterações físicas, pois inclui
avaliações das alterações mentais.

Alternativa C: CORRETA. Entende-se por semiologia médica (psiquiátrica) o estudo dos sintomas e dos
sinais das doenças que auxiliam na formulação diagnóstica.

Alternativa D: INCORRETA. Não se restringe somente a identificar as alterações psíquicas, pois inclui
avaliação das alterações físicas.

(PREFEITURA DE SOLONÓPOLE/CE- INSTITUTO PRÓ- MUNICÍPIO-2018)

Conceituar normalidade implica definir o que é saúde e doença mental. A partir destes, seus desdobramentos
podem ser vistos de maneira diferente nas várias áreas da saúde mental. Assinale a definição de normalidade
que corresponde à área de Planejamento em Saúde Mental e Políticas de Saúde.

a. Nesta área, é preciso estabelecer critérios de normalidade, no sentido de verificar as demandas

assistenciais de determinado grupo populacional;
b. Esta área é importante no sentido de definir a capacidade e adequação de um indivíduo no exercício de
uma determinada ocupação;
c. Nesta área, o conceito de normalidade é tema fundamental de pesquisas e debates, analisando o
fenômeno patológico e seu contexto;
d. Nesta área, sua definição seria tanto um objeto de trabalho como um objeto de estudo.

RESOLUÇÃO:

Alternativa A: CORRETA: Sejam demandas assistenciais de determinado grupo populacional, as

necessidades de serviços, quais e quantos serviços devem ser colocados à disposição desse grupo, se referem
ao conceito de normalidade no Planejamento em Saúde Mental e Politicas de Saúde.

Alternativa B: INCORRETA. Essa sentença se refere ao conceito de normalidade em Orientação e

Capacitação profissional.

Alternativa C: INCORRETA. Essa sentença se refere ao conceito de normalidade na Psiquiatria cultural e

Etnopsiquiatria.

Alternativa D: INCORRETA. Essa sentença se refere ao conceito de normalidade na Epidemiologia

psiquiátrica.
(PREFEITURA DE LUÍS CORREIA/PI- INSTITUTO MACHADO DE ASSIS- 2018)

A psicopatologia trata da natureza essencial da doença mental, suas causas, as mudanças estruturais e
funcionais associadas a ela e suas formas de manifestações. Sobre Psicopatologia é correto afirmar:

a. A psicopatologia é um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante.

b. Em geral, quando se estudam os sintomas psicopatológicos, dois aspectos básicos costumam ser
enfocados: o fenômeno e o conteúdo.
c. De modo geral, existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado
transtorno mental.
d. A entrevista, em psicopatologia, não é um instrumento importante na avaliação do paciente. O principal
aspecto de avaliação psicopatológica é o exame psíquico, também chamado exame do estado mental
atual.

RESOLUÇÃO

Alternativa A: CORRETA. A psicopatologia é um conhecimento que visa ser científico, não inclui critérios
de valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori. O conhecimento que busca está permanentemente sujeito a
revisões, críticas e reformulações (DALGALARRONDO, 2008, p. 27).

Alternativa B: INCORRETA. Dois aspectos básicos costumam ser enfocados: A forma dos sintomas e o
conteúdo (DALGALARRONDO, 2008, p. 28).

Alternativa C: INCORRETA. De modo geral, os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temas
centrais da existência humana (DALGALARRONDO, 2008, p. 29).

Alternativa D: INCORRETA. A avaliação, em psicopatologia, é feita principalmente por meio da entrevista,

que de forma alguma pode ser vista como algo banal (DALGALARRONDO, 2008, p. 61).

(PM/MA- CESPE-2017)

Com relação à psicopatologia, julgue os itens a seguir.

a. Em um diagnóstico diferencial com base na fenomenologia, o sofrimento psíquico grave (psicose e
seus correlatos) ultrapassa a ordem do orgânico, sendo também da ordem do afeto e do espiritual.
b. A psicopatologia fenomenológica foi criada visando-se à análise das patologias que vão além da
sintomatologia e semiologia médica.
c. A psicopatologia fenomenológica diferencia a psiquiatria da psicopatologia ao apresentar uma
semiologia que busca as causas e a natureza das doenças e o fenômeno consciente.

RESOLUÇÃO
Alternativa A: CORRETA. Em um diagnóstico diferencial com base na fenomenologia o sofrimento
psíquico é o “estar-no-mundo”, vivenciando tudo aquilo que foi, o que é, e a angústia do devir. Costa (2013)
nos apresenta uma ampla concepção sobre o sofrimento psíquico grave, definindo como toda manifestação
aguda da angústia humana, seja pela linguagem, seja pelo comportamento. O autor afirma “Assim,
entendemos o sofrimento psíquico como sendo essencial e inerente a todo ser humano; que se constrói e é
expresso nas relações afetivas, sociais e culturais”; é simbolizando de forma diferente em cada sujeito, e no
caso do sujeito “tido como psicótico”, existe uma particularidade a ser entendido, estudado e respeitado, além
de demandar o desenvolvimento de formas de dar continência, apoio e cuidado (p.40).

Alternativa B: CORRETA. A psicopatologia fenomenológica se propõe a transmitir os conceitos necessários

para a adequada avaliação das vivências e manifestações psíquicas do ser humano que vão além da
sintomatologia e semiologia médica.

Alternativa C: CORRETA. O estudo da psicopatologia numa perspectiva fenomenológica propõe reflexões

basilares sobre aspectos ontológicos do humano que permitam elaborações sobre o adoecimento afinado com
a cotidianidade do ser homem. Já a psicopatologia como semiologia psiquiátrica se restringe ao estudo dos
sintomas e dos sinais das doenças psiquiátricas, sem se ater a questões mais gerais e profundas com a etiologia,
o psicodinamismo, o curso, a evolução e os diversos sentidos da doença (DALGALARRONDO, 2008, 52-
53).