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Trabalho de Criminologia

Integrantes: Eduardo Augusto - 0058528, Daniel das Neves - 0074209,


Maycon dos Anjos - 0071228, Ismael Azevedo - 0058134, Gustavo Marins-
0065923 e Samuel Pimenta – 0057251e Juliana Balthazar – 0047150.
Docente: Patricy Justino.
Audiência Criminal de Custódia 05
Processo: 0006478-78.2019.8.12.0800
Tema: Auto de Prisão em Flagrante - Tráfico de drogas e condutas
afins
Tipo de Audiência: Custódia
Presidente do ato: José de Andrade Neto

Anexo referente ao processo:


https://cdn.audienciasonline.com.br/attachements/5d66e05f768a27f
2b61a23d4/autos-0006478-78-2019-8-12-0800-2.pdf

Durante a audiência exposta acima pode-se constatar de maneira


evidente que a acusada Bruna Viana de Oliveira, gestante, por
sinal, relata que sofreu agressões verbais advindas de um policial
militar, o que é de fato grave, entretanto nota-se clara intenção da
acusada de se valer da sua gravidez para tentar abster-se de seu
delito por infração, em tese -- já que pelo princípio da inocência, que
é um importante pilar do sistema jurídico e dos direitos humanos,
em razão do fato que desde a Revolução Francesa e consagrado
em diversas declarações internacionais, incluindo a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, esse princípio estabelece que todo
acusado deve ser considerado inocente até que sua culpa seja
comprovada por meio de um processo legal justo e está previsto no
inciso LVII do art. 5º da Constituição da República Federativa de
1988 – de tráfico de drogas, ao evidenciar constantemente o fato de
que estava grávida e não se atentar ao delito que cometeu. Dito
isso vale ressaltar que apesar de a acusada se evidenciar grávida e
tentar se esquivar de seu delito, a mesma, coloca-se em situação
de risco e de crime sem se valer, nesse momento, de que estava
grávida, constatando assim, a contradição da mesma ao tentar se
valer de sua situação apenas na circunstância que a prejudicava.
Conjuntamente ao já exposto, é possível discorrer acerca da
insistência na tentativa de vitimização frente a audiência, por parte
da acusada, ao transferir a culpa para seu marido, dizendo que o
mesmo era quem deveria ter sido levado à delegacia e não ela.
Frente a isso, nota-se em que em ambos os casos abordados na
audiência, é possível discorrer acerca da teoria sub cultural do
delinquente, tal teoria é uma perspectiva dentro da criminologia que
enfatiza a influência do meio social na delinquência. Essa teoria,
Desenvolvida por Wolfgang e Ferracuti (1967), sugere que certos
grupos sociais desenvolvem subculturas que possuem normas e
valores diferentes da sociedade dominante, o que pode levar ao
envolvimento em comportamentos criminosos.

De acordo com essa teoria, as subculturas delinquentes surgem


em ambientes onde existem altos níveis de desorganização social,
pobreza, falta de oportunidades e desigualdades estruturais. Esses
contextos sociais podem criar condições propícias para a formação
de grupos que adotam normas desviantes e comportamentos
criminosos como mecanismos de adaptação e busca por status e
identidade. Vide a isso, é possível constatar a influência do meio em
que vivem as acusadas, tendo como base a reincidência no caso de
Bruna a um crime e em ambos os casos o baixo poder aquisitivo
das acusadas e também o grau de escolaridade descrito como
´´fundamental incompleto´´ que está referente nos autos,
evidenciando o fato de que suas condições de vida influenciam
diretamente naquilo que executam. No entanto, é importante
ressaltar que a teoria sub cultural do delinquente não nega a
responsabilidade individual. Embora o meio exerça uma influência
significativa, as escolhas individuais e a agência pessoal também
desempenham um papel no comportamento criminoso. Portanto, a
teoria subcultural do delinquente busca entender a interação
complexa entre fatores sociais e individuais na explicação da
delinquência.

Adicionado a isso, é possível fazer uma relação da teoria sub


cultural do delinquente com a teoria da associação diferencial
referente a esses casos. Essa interação envolve a transmissão de
valores, normas, atitudes e técnicas criminais. Conforme exposto no
artigo de Mônica Santos Magalhães, disponível no site do âmbito
jurídico, pode-se afirmar que o aprendizado criminal ocorre
principalmente em contextos informais, como família, amigos,
colegas de trabalho e outros grupos sociais. De maneira
concomitante a isso, é ressaltado no artigo que o aprendizado
criminal é influenciado pela frequência, duração, intensidade e
prioridade das interações com pessoas envolvidas em
comportamentos criminais. Quanto mais tempo uma pessoa passa
em contato com criminosos e quanto mais frequente e intensa é
essa interação, maior a probabilidade de ela adquirir
comportamentos criminais. O artigo reconhece ainda que as
práticas criminais são influenciadas pelas normas sociais que
regem o comportamento. Quando as normas sociais apoiam o
crime ou falham em desencorajá-lo, isso pode facilitar a adoção de
comportamentos criminais.

Dessa forma, evidencia-se que, além da teoria sub cultural se


manifestar presente durante o desenrolar da audiência a teoria da
associação diferencial detém o papel de co-participante em razão
do fator condicional referente ao meio que incentiva práticas tais
quais elucidadas ao longo do texto, já que uma das acusadas reside
em ambiente hostil (a favela do mandela), e que assim sendo
perpetua-se a transmissão do comportamento criminoso de acordo
com as teorias.
RESUMO:

No caso em questão, é possível observar a influência do meio em


que as acusadas vivem, levando em consideração a reincidência no
caso de Bruna, bem como o baixo poder aquisitivo e o baixo grau
de escolaridade das acusadas mencionados nos autos. Essas
condições de vida têm uma influência direta nas ações que elas
executam, destacando a importância do contexto social na
compreensão da delinquência.

Nesse sentido, a audiência em questão evidencia a presença da


teoria sub cultural do delinquente, mas também destaca o papel da
teoria da associação diferencial devido ao meio em que as
acusadas vivem, como a referência à favela do Mandela. O
ambiente hostil e a interação contínua com pessoas envolvidas em
comportamentos criminais contribuem para a transmissão do
comportamento delinquente.

Sendo assim, a análise revela a importância de considerar as


teorias sub cultural do delinquente e da associação diferencial para
compreender como o meio social e as interações sociais
influenciam na prática de crimes.
Essas teorias destacam a necessidade de abordar não apenas as
responsabilidades individuais, mas também as condições sociais e
as normas que podem facilitar ou desencorajar comportamentos
criminosos. A compreensão desses aspectos é fundamental para o
desenvolvimento de políticas e meios de se garantir maior
segurança.
REFERÊNCIAS:

Criminologia como ciência transdisciplinar no estudo de subculturas.


Ibccrim, 2014. Disponível em
https://ibccrim.org.br/noticias/exibir/6111/. Acesso em: 15 jun, 2023.

VINICIUS, Marcos. Alcance e significado do princípio constitucional


da presunção de inocência. ConJur, 2019. Disponível em
https://www.conjur.com.br/2019-dez-22/constituicao-alcance-
significado-principio-presuncao-inocencia. Acesso em 15 jun, 2023.

MAGALHÃES, Mônica. Teoria da associação diferencial criminal.


Ambito Jurídico, 2017. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/teoria-da-
associacao-diferencial-criminal/. Acesso em 16 jun, 2023.

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