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INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA

XII COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias.

ALTERAÇÃO DE FACHADA, SOB A ÓTICA DO IMPACTO VISUAL

Maia Neto, Francisco


Engenheiro Civil e Advogado, CREA-MG 34.192/D, IBAPE-MG nº 226
Rua Benvinda de Carvalho, nº 239, 5º andar.
30.330180, Belo Horizonte, MG.
Fone: (31) 3281-4030 – FAX: (31)3281-4838
e-mail: geral@precisaoconsultoria.com.br

RESUMO: A perícia desenvolvida, que resultou no presente trabalho, teve como abordagem uma questão
muitas vezes submetida ao crivo do perito, referente à alteração de fachada em condomínio fechado, que traz
uma dificuldade inerente à parte interpretativa da questão, por envolver análise subjetiva, ligada à decisão de
mérito. Dessa forma, objetivo foi de tratar a questão de forma estritamente técnica, com riqueza de detalhes
ilustrativos, levando ao julgador uma variedade de informações que permita um julgamento seguro do assunto.

Palavras-chave: Perícia, Alteração de fachada

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I) CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1.1) Objetivo:
Constitui objetivo do presente trabalho a realização de perícia técnica no bem abaixo
especificado, dentro da finalidade indicada:
▀ Tipo: imóvel residencial e comercial;
▀ Local: Rua Bora Bora, nº1111;
▀ Bairro: Oceano;
▀ Município: Belo Horizonte - MG;
▀ Finalidade: vistoria no apartamento 099 do Condomínio Ilha de Chipe, objetivando
verificar as modificações promovidas no imóvel, especialmente no que se refere à parede
divisória entre a sala e a varanda.
1.2) Atividades básicas:
Compreendem as etapas desenvolvidas durante a realização do presente trabalho pericial:
▀ Vistoria
Efetuada no dia 29 de fevereiro de 2009 às 14:00 horas, com acompanhamento dos assistentes
técnicos.
▀ Diagnóstico da situação encontrada.
▀ Detalhamento fotográfico dos itens relevantes à perfeita caracterização da vistoria.
▀ Coleta de informações locais.
▀ Levantamento de dados cadastrais.
▀ Tratamento e análise dos elementos obtidos para formação da convicção.
▀ Considerações finais e conclusão.
1.3) Condições e limitações:
Este laudo técnico segue as condições abaixo relacionadas, além de estar sujeito às seguintes
limitações:
▀ Neste trabalho computamos como corretos os elementos documentais consultados e as
informações prestadas por terceiros, de boa fé e confiáveis.
▀ O trabalho apresentado e os resultados finais são válidos apenas para a seqüência
metodológica apresentada, sendo vedada a utilização deste laudo técnico em conexão com
qualquer outro.
▀ O responsável técnico não assume responsabilidade sobre matéria alheia ao exercício
profissional, estabelecido em leis, códigos e regulamentos próprios.
▀ Por fugir à finalidade precípua deste trabalho, dispensamos considerações legais de mérito,
concernentes a títulos, invasões, hipotecas, superposição de divisas, etc., providências estas
que consideramos de caráter jurídico.
II)METODOLOGIA E CRITÉRIO PERICIAL
A metodologia básica para execução do presente trabalho foi pautada nos requisitos
constantes do item 4.3 da NBR-13.752 da ABNT (Norma Brasileira para Perícia de
Engenharia na Construção Civil), como segue:
“4.3 Requisitos
4.3.1 Geral
4.3.1.1 Os requisitos exigidos em uma perícia estão diretamente relacionados com as
informações que possam ser extraídas. Estes requisitos, que medem a exatidão do trabalho,
são tanto maiores quanto menor for a subjetividade contida na perícia.
4.3.1.2 A especificação dos requisitos “a priori” somente é estabelecida para determinação do
empenho no trabalho pericial, e não na garantia de um grau mínimo na sua precisão final,
independendo, portanto, da vontade do perito e/ou do contratante.

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4.3.1.3 Os requisitos de uma perícia são condicionados à abrangência das investigações, à
confiabilidade e adequação das informações obtidas, à qualidade das análises técnicas
efetuadas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito, sendo estes aspectos
definidos pelos seguintes pontos quanto:
a) à metodologia empregada;
b) aos dados levantados;
c) ao tratamento dos elementos coletados e trazidos ao laudo;
d) à menor subjetividade inserida no trabalho.
4.3.2 Requisitos essenciais
Um trabalho pericial, cujo desenvolvimento se faz através de metodologia adequada, deve
atender a todos os requisitos essenciais de 4.3.2.1 a 4.3.2.3.
4.3.2.1 O levantamento de dados deve trazer todas as informações disponíveis que permitam
ao perito elaborar seu parecer técnico.
4.3.2.2 A qualidade do trabalho pericial deve estar assegurada quanto à:
a) inclusão de um número adequado de fotografias por cada bem periciado, com exceção dos
casos onde ocorrer impossibilidade técnica;
b) execução de um croqui de situação;
c) descrição sumária dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas, utilidades,
materiais construtivos, etc.;
d) indicação e perfeita caracterização de eventuais danos e/ou eventos encontrados.
4.3.2.3 - Nas perícias judiciais torna-se obrigatória à obediência aos requisitos essenciais,
sendo que, no caso de avaliações, devem ser obedecidos ainda os critérios das normas
aplicadas à espécie, salvo no caso de trabalhos de cunho provisório ou quando a situação
assim o obrigar, desde que perfeitamente fundamentado.
4.3.3 Requisitos complementares
4.3.3.1 Com o objetivo de garantir maior abrangência e profundidade ao trabalho pericial,
cujo desenvolvimento ocorre com grande isenção de superficialidade, devem ser atendidos,
além daqueles descritos em 4.3.2, os requisitos complementares de 4.3.3.2 e 4.3.3.3.
4.3.3.2 O conjunto de dados que contribuem para a elaboração do parecer técnico deve estar
expressamente caracterizados, usando-se toda a evidência disponível.
4.3.3.3 A qualidade do trabalho pericial deve estar assegurada quanto a:
a) inclusão de um número ampliado de fotografias garantindo maior detalhamento por bem
periciado;
b) descrição detalhada dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas, utilidades,
materiais construtivos, etc.;
c) apresentação de plantas individualizadas dos bens, que podem ser obtidas sob forma de
croqui;
d) indicação e perfeita caracterização de eventuais danos e/ou eventos encontrados, com
planta de articulação das fotos perfeitamente numeradas;
e) análise dos danos e/ou eventos encontrados, apontando as prováveis causas e
conseqüências;
f) juntada de orçamento detalhado e comprovante de ensaios laboratoriais, quando se fizerem
necessários.
4.3.4 Casos especiais
4.3.4.1 Podem ocorrer trabalhos periciais onde prepondera a superficialidade, ou que não
utilizem qualquer instrumento de suporte às conclusões desejadas, não se observando os
requisitos contidos nesta Norma.

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4.3.4.2 Esta situação é tolerada em determinadas circunstâncias, onde pode haver a
necessidade de procedimento rápido que possibilite a elaboração do laudo pericial ou quando
as condições gerais assim o permitirem.
4.3.4.3 Nestes casos, em que geralmente as condições não permitem a elaboração de um laudo
pericial cujos requisitos sejam atendidos, é admitida a apresentação do trabalho sumário,
objetivando uma informação preliminar sem maiores detalhamentos.
4.3.4.4 Também enquadram-se, nestes casos, todos os trabalhos periciais cujo
desenvolvimento não atingiu os requisitos descritos em 4.3.2 e 4.3.3.
4.3.4.5 Exige-se, inclusive nestes casos, o atendimento às demais disposições desta norma, em
particular ao disposto em 1.2.
4.3.5 Condições a serem observadas.
4.3.5.1 Ao perito é obrigatório a especificação, em qualquer parte do laudo pericial, dos
requisitos obedecidos, sejam eles essenciais ou complementares, devendo apresentar
justificativa fundamentada nas hipóteses em que isto não ocorrer (casos especiais).
4.3.5.2 No caso de perícias que envolvam avaliação ou arbitramento, cujo fundamento seja a
determinação de valor, os requisitos devem obedecer os níveis de rigor previstos nas normas
específicas editadas pela ABNT, mantida a obrigatoriedade determinada em 4.3.2.3”.
III) DESCRIÇÃO DO OBJETO
3.1) Localização:
O posicionamento do imóvel no contexto urbano possui as seguintes características:
▀ Logradouro frontal: Rua Bora Bora;
* Bairro: Oceano;
* Referência principal: Colégio Andorinha;
* Distância aproximada: 500,00 metros.
3.2) Características físicas:
O terreno onde encontra-se o imóvel periciado possui as características físicas abaixo
relacionadas:
▀ Lotes: 20,23, e partes dos lotes 3,4,9,15 e 20 do quarteirão 13;
* Frente principal: Rua Sergipe;
* Outras frentes: não possui;
* Formato: retangular;
* Posição: centro de quadra;
* Topografia: plana;
* Solo superficial: seco.
As características construtivas do imóvel, no que se refere aos seus aspectos quantitativos e
qualitativos, são as seguintes:
* Área privativa: 135,22 m²;
* Frente principal: Rua Sergipe;
* Outras frentes: não possui;
* Pé-direito: 2,80 metros;
* Formato: irregular;
* Posicionamento: 4º pavimento;
* Divisão interna : quartos, sala, varanda, banho social, cozinha e dependência de empregada;
* Portas: madeira e vidro;
* Esquadrias: alumínio;
* Piso: tábua corrida, granito e cerâmica;
* Paredes: rebocadas, emassadas e pintadas;
* Teto: rebaixado em gesso;

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* Iluminação: fluorescente;
Para melhor visualização da situação descrita juntamos a este trabalho um conjunto de
fotografias do imóvel e da região além de plantas e croqui do imóvel.
IV) DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO PERICIAL:
Ao nos dirigirmos ao local objeto da vistoria, procuramos realizar um diagnóstico dos itens
objeto da perícia, fazer a coleta preliminar de informações, analisar as ocorrências e reunir
fotografias, além de anotar os detalhes físicos necessários, quando verificamos o seguinte:
4.1) Reformas executadas no apartamento 602:
Em função da vistoria promovida no apartamento 602, bem como análise dos elementos
documentais juntados aos autos, verifica-se que as alterações executadas no imóvel
compreendem:
; rebaixamento do teto da sala;
; rebaixamento do teto de um quarto (3ºquarto);
; trocar o acesso da sala à varanda de alvenaria para esquadria de alumínio em toda
sua extensão;
;serviço de alvenaria de quebra de uma parede, integrando sala de jantar com 3º quarto;
; sinteco;
; pintura.
Durante a perícia, iniciamos nossa vistoria pelo apartamento 602, pertencente à Ré, onde foi
promovida a alteração objeto do questionamento, passando em seguida ao apartamento 601,
onde a situação da esquadria de acesso à varanda é aquela da construção do imóvel, a seguir
retratada em fotos e croquis.
; Situação primitiva:

Esquadrias fechadas Esquadrias abertas

Corte longitudinal Perspectiva artísticac


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; Situação com a modificação:

Esquadrias fechadas Esquadrias abertas

Corte longitudinal Perspectiva artísticac


c Desenho meramente ilustrativo. Não pode ser utilizado para eventuais análises
técnicas, referentes ao projeto e situação mensurada no local.
4.3) Visualização da via pública e áreas comuns:
Em função da solicitação contida em um dos quesitos, procuramos realizar tomadas
fotográficas da via pública em frente ao edifício e no ponto extremo do pilotis, objetivando
verificar a visualização da situação descrita, a seguir retratada.

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; Via pública (em frente ao edifício):

; Via pública (esquina inferior):

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; Via pública (esquina superior):

; Pilotis (ponto extremo):

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; Prédio frontal:

4.4) Situação em relação ao projeto aprovado


A análise do projeto aprovado, cujas cópias encontram-se juntadas aos autos às fls.59, 61 e
63, a seguir reproduzida, mostra que, primitivamente, a concepção do edifício não previa a
construção da mureta na divisa da sala com a varanda, mas uma esquadria sobre toda a
extensão.
Esta situação coincide com a modificação promovida pela Ré, que suprimiu a mureta,
instalando uma esquadria em todo seu vão.

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VI) CONCLUSÃO
Diante do exposto nos itens anteriores, e após analisarmos todos os fatos que interferem ou
possam vir a interferir com o assunto objeto deste laudo, concluímos o seguinte:
; A Ré promoveu modificação na divisa da sala com a varanda, suprimindo a mureta
existente, e substituindo o conjunto alvenaria/esquadria por uma esquadria que ocupa todo o
vão.
; Esta divisa segue o alinhamento da fachada do edifício, situada aos fundos da varanda,
existindo anteriormente um guarda-corpo, em alvenaria e vidro, que possui altura superior à
mureta eliminada.
; A modificação promovida pela Ré não pode ser visualizada da via pública, sendo,
entretanto, percebida por um observador postado em outro edifício, em posição frontal ao
imóvel objeto da perícia.

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VII) CURRICULUM VITAE
Francisco Maia Neto
; Graduado em Engenharia Civil (julho/1983) e Direito (dezembro/1996) pela Universidade
Federal de Minas Gerais.
; Pós-Graduação em Engenharia Econômica - Fundação Dom Cabral (julho/84).
; Extensão universitária em Direito Imobiliário - Faculdades Metropolitanas Unidas
(setembro/1997).
; Sócio da PRECISÃO CONSULTORIA (Avaliações, Perícias e Arbitragens).
; Professor de disciplinas relacionadas à “Engenharia de Avaliações e Perícias” em cursos
universitários, pós-graduação e de treinamento, em diversos estados brasileiros.
; Autor de livros, trabalhos e artigos sobre avaliações, perícias, arbitragem e mercado
imobiliário.
; Participação em entidades:
9 IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Entidade Federativa
Nacional) – Presidente (2003/2004);
9 ABRAP – Associação Brasileira de Entidades de Engenharia de Avaliações e Perícias –
Vice-Presidente (1988/1990);
9 IBAPE-MG – Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia - Presidente
(1989/1990 e 1991/1992);
9 IBAPE-SP – Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo –
Membro do Conselho Presidencial (2006);
9 CREA-MG – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas
Gerais – Vice-Presidente (1992/1993);
9 COBREAP – Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias – Presidente –
XII COBREAP (Belo Horizonte-MG/2003);
9 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Diretor de Engenharia de
Avaliações e Perícias do COBRACON (1991/1996);
9 SME – Sociedade Mineira de Engenheiros – Membro fundador e Presidente da Comissão
Técnica de Perícias, Mediações e Arbitragens (2000/2001)
9 CAMARB – Câmara de Arbitragem de Minas Gerais – Membro do quadro de árbitros;
9 CAMINAS – Câmara Mineira de Conciliação, Mediação e Arbitragem – Coordenador da
Câmara Setorial do Mercado Imobiliário e Construção Civil.
9 IPEAD – Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas de Minas Gerais (UFMG) –
Membro do Conselho Superior (1997/2005).
9 CMI-MG – Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais – Chanceler da Medalha do
Mérito Imobiliário (1996/1997/1999/2001).
9 ASPEJUDI – Associação de Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores e Mediadores de
Minas Gerais – Vice-Presidente de Cultura Profissional (2006/2007).
9 AAAEE – Associação dos Antigos Alunos da Escola de Engenharia da UFMG – Membro
do Conselho Deliberativo (2000/2002).

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