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Relatório Prática 4: Calorimetria

Anthony Luan de Souza Nascimento


Daniel Diniz da Silva
Macyel Rodrigues Galvão da Silva
Victor Vieira Sampaio

Discentes de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Piauí- UFPI

Departamento de Física – Centro de Ciências da Natureza – UFPI


victorsampaio44@ufpi.edu.br

Somente a partir do século XVIII que o homem chegou na distinção entre os conceitos de calor e temperatura, até
antes disso eles tinham o mesmo significado e era somente adotado as diferenças entre “quente” e “frio”. No
princípio, era observado as mudanças a partir das sensações térmicas obtidas quando o homem entrava em contato
com o gelo ou aproximava-se do fogo. Com o avanço do tempo, da tecnologia e dos estudos relacionados a esses
ramos, o homem passou a desenvolver instrumentos capazes de medir a temperatura e o calor propriamente dito.
Apesar de serem coisas distintas, calor e temperatura mantém uma ligação fundamental para o entendimento de
diversos fenômenos da natureza, como por exemplo, a troca de calor entre corpos e seu respectivo equilíbrio
térmico. Neste experimento investigou-se as caracterisiticas térmicas e o funcionamento de um calorímetro, a
partir do Xplorer GLX, assim como foi calculado a capacidade térmica do mesmo. Com esse dado, foi obtido
também o calor específico de um corpo de prova e calor latente de fusão do gelo, onde os resultados obtidos serão
apresentados.

Palavras chave: Calorímetro; Calor latente; Calor específico.

Quando retiramos ou adicionamos calor em algum


1 Introdução corpo, dependendo da quantidade, podemos obter
uma mudança de estado físico, como acontece
Somente a partir do século XVIII que o homem quando aquecemos ou congelamos a água por
chegou na distinção entre os conceitos de calor e exemplo. Essa propriedade foi estudada pelo
temperatura, até antes disso eles tinham o mesmo cientista Joseph Black (1728-1799), o mesmo
significado e era somente adotado as diferenças entre definiu que, quando há calor suficiente para a
“quente” e “frio”. No princípio, era observado as mudança de estado físico de um corpo, estamos
mudanças a partir das sensações térmicas obtidas falando de calor latente, mas quando há variação de
quando o homem entrava em contato com o gelo ou temperatura e fornecimento de calor e o corpo não
aproximava-se do fogo. Com o avanço do tempo, da altera seu estado físico, estamos tratando de calor
tecnologia e dos estudos relacionados a esses ramos, sensível. Em termos de relações em uma troca de
o homem passou a desenvolver instrumentos capazes calor entre dois corpos (não havendo perda de calor
de medir a temperatura e o calor propriamente dito. para o ambiente), temos a seguinte relação [1]:
Apesar de serem coisas distintas, calor e temperatura
|Qrecebido| = |Qcedido| ou Qrecebido = -Qcedido (1)
mantém uma ligação fundamental para o
entendimento de diversos fenômenos da natureza, Se a temperatura de um corpo A for menor que de
como por exemplo, a troca de calor entre corpos e um corpo B, o corpo A receberá calor do corpo B até
seu respectivo equilíbrio térmico. Com a realização acontecer um equilíbrio térmico do sistema,
de experimentos feitos por diversos cientistas ao portanto, por convenção é adotado que Qcedido < 0.
longo do tempo, notou-se que o calor é uma Quando falamos da capacidade térmica de um corpo,
manifestação de energia, como acontece em uma temos a quantidade de calor cedido ou recebido,
máquina a vapor, o calor produzido pode ser dividida pela variação de temperatura do sistema,
transformado em energia mecânica utilizada para logo temos que [2]:
mover algum eixo ou engrenagem de um ∆𝑄
𝐶 = (2)
determinado maquinário. Já quando nós tratamos de ∆𝑇
temperatura, falamos da intensidade de calor
observada no ambiente ou em um corpo, podendo ser Como temos uma relação de calor e temperatura, sua
entendida também como grau de agitação térmica unidade é cal/°C. Já quando falamos de calor
[1]. específico, relacionamos capacidade térmica com
uma determinada massa de um corpo, sendo assim,

1
definimos calor especifico como quantidade de calor 2.2 Primeira Parte: Capacidade térmica do
suficiente para variar 1°C de 1g de uma determinada calorímetro
substância, logo, temos que sua unidade é cal/g°C.
De início mediu-se a massa do calorímetro vazio,
Portanto, temos que [2]:
logo após ligou-se o Xplorer GLX e conectou-se o
𝐶 termômetro para colocá-lo dentro do calorímetro,
𝑐= (3) como mostrando na figura (1). Em seguida mediu-se
𝑚
a temperatura no interior do calorímetro, em um
Tendo em mente as definições de capacidade térmica intervalo de 1 minuto. Depois da medição, colocou-
e calor específico, podemos definir que a quantidade se no interior do calorímetro água à uma temperatura
de calor trocada em um sistema é dada por [2]: inicial de 10°C abaixo da temperatura ambiente.
Com isso, mediu-se a temperatura no interior do
∆𝑄 = 𝑐 𝑚 ∆𝑇 (4) calorímetro depois de inserir a água, até que o
sistema atingisse o equilíbrio. Logo após mediu-se a
Como ∆𝑄 depende de como ocorreu a mudança de massa do calorímetro com a água para tirar a
temperatura, distingue-se os calores à volume e diferença e obter a massa da água. Repetiu-se o
pressão constante. Em uma troca de calor em um experimento 3 vezes e assim, os dados foram
sistema, devemos observar um ponto importante, a coletados e anotados em uma tabela.
mudança de estado físico de um respectivo corpo
dentro do sistema muda a maneira que devemos
equacionar as relações. Logo, quando acontece a
troca de calor em um sistema com os corpos A e B
sem mudança de estado físico, temos a seguinte
relação de temperatura antes e depois do equilíbrio
térmico [1]:

𝑚𝐴 ∗ 𝑐𝐴 ∗ ∆𝑇𝐴 + 𝑚𝐵 ∗ 𝑐𝐵 ∗ ∆𝑇𝐵 = 0 (5)

Porém, quando acontece mudança de estado físico,


devemos reescrever como:

𝑚𝐴 ∗ 𝑐𝐴 ∗ ∆𝑇𝐴 + 𝑚𝐵 ∗ 𝑐𝐵 ∗ ∆𝑇𝐵 + 𝑚𝐶 ∗ 𝐿 = 0 (6)

Onde mC é a massa do sistema que mudou de estado


físico e L é o calor latente de mudança de estado,
como o de fusão ou vaporização [1].

2 Procedimento Experimental
2.1 Materiais Figura 1: Xplorer GLX e calorímetro.
Fonte: Autor próprio
Neste trabalho os seguintes materiais foram
utilizados:
2.3 Segunda Parte: Calor específico de um metal
• Água;
Com o Xplorer GLX, conectou-se um termômetro no
• Amostra metálica; calorímetro e um no sistema de aquecimento como
• Balança; mostra na figura (2). Preencheu-se o sistema pela
metade com água e ligou. Após isso mediu-se a
• Béquer; massa da amostra metálica e em seguida colocou-se
• Calorímetro; dentro do sistema. Ao atingir a temperatura de
100°C, colocou-se água gelada no calorímetro e após
• Sistema de aquecimento; entrar em equilíbrio retirou-se a peça rapidamente do
sistema de aquecimento e inseriu no calorímetro, até
• Termômetro;
atingir o equilíbrio térmico. Após isso retirou-se a
• Xplorer GLX; peça e mediu-se a quantidade de água contida no
calorímetro. Repetiu-se o experimento 3 vezes e os
dados foram anotados em uma tabela.

2
(calorímetro + água), assim também como a massa
de água. Após feito três testes, calculamos a média e
desvio padrão para conseguir encontrar a capacidade
térmica do calorímetro, chegando ao resultado de -
0,0261713 kJ/kg.°C.

3.2 Segunda Parte: Calor específico de um metal

Nesta segunda parte, trata-se de determinar o calor


Figura 2: Sistema de aquecimento. específico de um corpo de prova aquecido em um
Fonte: Autor próprio volume de água no interior do calorímetro afim de
calcular o calor específico dele, onde para isso foi
usada a seguinte fórmula:

De acordo com a tabela (2), no teste 1, foi encontrado


um calor específico de 0,7412 kJ/kg.°C, onde
começamos a procurar os valores teóricos tabelados
e chegamos a expectativa de ser o alumínio que
possui valor de 0,921 kJ/kg.°C. Este valor ficou
abaixo que possamos afirmar que seja por conta de
nesse teste ter sido utilizado água à temperatura
ambiente. No teste 2, encontramos um valor já muito
Figura 3: Amostra metálica. mais perto, de 0,8705 kJ/kg.°C, este portanto já
Fonte: Autor próprio usando água gelada. E no teste 3 foi encontrado um
valor de 1,14726 kJ/kg.°C, um valor acima do
2.4 Terceira Parte: Calor latente de fusão teórico, onde acreditamos que o erro tenha sido
ocasionado pela espera do sistema de água +
Novamente com o Xplorer GLX conectado ao calorímetro entrar em equilíbrio, como pode notar a
calorímetro, inseriu-se uma quantidade de água à diferença entre os testes 2 e 3 na temperatura final.
temperatura ambiente e depois mediu-se para Todavia, ao calcular a média dos três testes,
determinar a massa. Após isso, pegou uma chegamos a um resultado de 0,91965 kJ/kg.°C, onde
quantidade de gelo e começou a medir a temperatura o erro percentual de Calor específico teórico e
do gelo e do calorímetro com água. Após cerca de 20 experimental é de aproximadamente 0.15%.
segundos, inseriu-se o gelo dentro do calorímetro e
esperou o sistema entrar em equilíbrio térmico. Após
isso mediu-se novamente a massa do calorímetro 3.3 Terceira Parte: Calor latente de fusão
com água, para determinar com precisão a massa de
gelo inserida. Repetiu-se o experimento 3 vezes e os Nesta terceira parte, trata-se de determinar o calor
dados foram anotados em uma tabela. latente de fusão do gelo, com imersão de uma massa
de gelo em um volume de água á temperatura
ambiente, onde para encontrar o calor foi usado a
3 Resultados e discussões seguinte fórmula:

3.1 Primeira parte: Capacidade térmica do


calorímetro

A primeira parte trata-se de medir a capacidade De acordo com a tabela (3), no teste 1 foi encontrado
térmica do calorímetro após o sistema atingir o um calor latente de fusão do gelo de -383,5363
equilíbrio, através da equação (5), resultando nessa kJ/kg.°C, enquanto o valor tabelado teórico é de 333
equação final: kJ/kg.°C. Essa diferença no sinal apenas indica que
está perdendo calor. No teste 2 já foi encontrado um
valor muito acima do tabelado, de -2307,312
kJ/kg.°C. Esse valor pode ter sido ocasionado pela
Na tabela (1) tem-se os valores da temperatura inicial temperatura inicial do gelo, onde pode ter ocorrido
da água, calorímetro e temperatura final do sistema um erro no manuseio dos materiais. Já no teste 3, foi
encontrado um valor de -1900,507 kJ/kg.°C, onde

3
esse já foi um valor menor do que o teste 2, porém
ainda longe do teórico. Acreditamos que o erro tenha
acontecido na temperatura final do sistema de
equilíbrio, onde houve uma diferença de cerca de 5
°C em relação aos testes anteriores. A média diante
dos 3 testes foi de -1530,452 kJ/kg.°C e o desvio
padrão de 827,8221, ou seja, uma dispersão de
valores muito alta.

T (H2O) Tcal Tf m (H2O) Ccal


(°C) (°C) (°C) (kg) (kJ/kg.°C)
Teste 1 8 25,7 10,2 0,05706 -0,0339341
Teste 2 7,3 22,7 8,8 0,05633 -0,0254701
Teste 3 8,7 25,6 9,9 0,05967 -0,0191096
Média - - - - -0,026171267
Desvio Padrão - - - - 0,006072351

Tabela 1: Cálculo da capacidade térmica do calorímetro

T (H2O) Tcal Tcp Tf m (H2O) m (cp) Ccp


(°C) (°C) (°C) (°C) (kg) (kg) (kJ/kg.°C)
Teste 1 25,6 25,6 99,9 26,4 0,05159 0,00279 0,7412
Teste 2 9,6 9,6 99,8 10,6 0,05795 0,00279 0,8705
Teste 3 11,5 11,5 99,6 13 0,05035 0,00279 1,14726
Média - - - - - - 0,919653333
Desvio Padrão - - - - - - 0,169377721

Tabela 2: Cálculo do calor específico de uma amostra metálica

Ti (gelo) Ti Tf m (H2O) m (gelo) Lf


(°C) (°C) (°C) (kg) (kg) (kJ/kg.°C)
Teste 1 7 25,6 8,8 0,03858 0,01373 -383,5363
Teste 2 3,6 24,3 8,7 0,03383 0,00848 -2307,312
Teste 3 7 24,7 13,5 0,04919 0,01327 -1900,507
Média - - - - - -1530,452
Desvio Padrão - - - - - 827,82207

Tabela 3: Cálculo do calor latente de fusão do gelo

Temperatura (°C) x Tempo (s)


25
Temperatura (°C)

20
15
10
5
0
0 50 100 150 200 250 300
Tempo (s)

Gráfico 1: Temperatura em função do tempo da parte 1,


determinando a temperatura inicial e final do calorímetro.

4
Temperatura(°C) x Tempo (s)
12
Temperatura (°C)

10
8
6
4
2
0
0 100 200 300 400 500
Tempo (s)

Gráfico 2: Temperatura em função do tempo da parte 2,


determinando a temperatura inicial e final do calorímetro
com o corpo de prova aquecido.

Temperatura (°C) x Tempo (s)


30
Temperatura (°C)

25
20
15
10
5
0
0 100 200 300 400
Tempo (s)

Gráfico 3: Temperatura em função do tempo da parte 3,


determinando a temperatura inicial e final do calorímetro
com o gelo.

4 Conclusões

Nesta prática conseguimos entender bastante sobre


como calcular a capacidade térmica de um
calorímetro e suas principais propriedades térmicas.
Na parte 2, conseguimos localizar o material
metálico através do calor específico do corpo de
prova, onde conclui que se trata do alumínio, onde o
calor específico teórico e experimental teve um erro
percentual de apenas 0.15%. E por fim, entendemos
como consegue calcular o calor latente de fusão do
gelo, porém devido à falha nos manuseios dos
equipamentos, não conseguimos chegar perto do
valor tabelado teórico tendo um erro percentual de
360%. Com isso conseguimos concluir o objetivo da
prática parte 1 e 2, porém da 3 não houve sucesso.

Referências

[1] BASSALO, José. A Crônica do Calor:


Calorimetria. Revista Brasileira do Ensino de Física.
Pará, vol.14. p. (29-38), abril, 1990.
[2] Apostila de Física experimental II - elaborada
pela Profa. Maria Leticia Vega - 2022

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