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CAMILA GAIDO GRIZZO

(NOTURNO)

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA APLICADA: SOCIOLOGIA

PROF. AUGUSTO CACCIA BAVA JUNIOR

ARARAQUARA
2022
A produção teórica desenvolvida neste livro é orientada pela concepção de mundo do
materialismo histórico-dialético, está vinculada à pedagogia histórico-crítica e se encontra
dentro do campo, do que Dermeval Saviani denominou, das teorias pedagógicas contra
hegemônicas. Sua perspectiva compreende que a sociedade capitalista está estruturada sobre
relações de dominação e exploração, e por isso, preconiza a necessidade de superação desta
sociedade.
Pertencente ao conjunto das teorias críticas em pedagogia, têm em comum com elas o
objetivo de desfetichização das formas pelas quais a educação reproduz as relações de
dominação da sociedade, pois entende isso como fundamental para a própria luta contra essas
relações (DUARTE, 2013). De acordo com Saviani, a contribuição específica da educação
escolar para a luta pelo socialismo, é através da socialização do conhecimento científico,
artístico e filosófico em suas formas mais desenvolvidas, superando os limites do cotidiano
(DUARTE, 2001).
O trabalho elaborado por Newton Duarte nesta obra, tem como objetivo contribuir
para uma teoria histórico-crítica da formação do indivíduo e demarcar um posicionamento
político e ético sobre as máximas possibilidades de desenvolvimento dos indivíduos, da vida
universal e livre. O autor elabora a exposição e desenvolvimento de sua argumentação teórica
em um modelo espiral, isto é, inicia a discussão apresentando amplamente os itens e
categorias que são utilizados em sua reflexão, em sua “primeira volta”, e, ao longo do livro
realiza uma retomada das categorias de maneira aprofundada elaborando as conexões entre os
itens e os qualificando com amplo suporte teórico. Para citar alguns nomes, apoia-se em
autores como Antonio Gramsci, Alexei Leontiev, Alexander Luria, Lev Vygotsky, Karl Marx,
Friedrich Engels, György Lukács, Agnes Heller e György Márkus para construir sua
contribuição à pedagogia histórico-crítica na elaboração de uma teoria da formação do
indivíduo.
Para Duarte (2013), a pedagogia histórico-crítica não pode se furtar de elaborar sua
concepção, de forma coerente e sistemática, sobre a formação da individualidade humana
como parte constitutiva de seu corpo teórico, pois, do contrário, não logrará êxito na
superação de dicotomias que estão enraizadas no senso comum pedagógico e que confundem
a recepção dos fundamentos e teses defendidas por esta corrente; dicotomias que se
estabelecem entre o social e o individual, histórico e psicológico, objetivo e subjetivo,
singular e universal. Duarte aponta que é necessário conhecer o indivíduo-aluno em sua
concretude, isto é, não apenas identificar o que o indivíduo é, mas, o que ele poder vir a ser.
Dessa forma, o desenvolvimento do indivíduo como síntese de inúmeras relações sociais,
precisa ser concebido no interior de outro processo, o do desenvolvimento histórico do ser
humano como um ser social.
O autor constrói, ao longo dos quatro capítulos de seu livro, a compreensão deste
processo de desenvolvimento histórico do ser humano como um ser social através de
categorias básicas para a reflexão sobre o processo de formação do indivíduo, sendo elas: 1)
objetivação e apropriação, ou o processo de autoprodução do ser humano ao longo da
história; 2) humanização e alienação, a expressão do caráter contraditório em que a dinâmica
de objetivação e apropriação têm se apresentado no processo histórico marcado pela luta de
classes; 3) gênero humano, categoria que sintetiza o resultado da história social humana e da
atividade objetivante dos seres humanos; e, 4) individualidade para si, categoria que
expressa, dentro do processo de formação do indivíduo, a dinâmica de desenvolvimento que
tem início na síntese espontânea das relações sociais (individualidade em si) sentido à síntese
consciente das relações sociais (a individualidade para si).
No primeiro capítulo, intitulado A dialética entre objetivação e apropriação, o autor
demonstra como a dinâmica da autoprodução do ser humano se realiza através da atividade
vital humana, isto é, o trabalho.
A atividade vital é antes de tudo aquela que reproduz a vida, é aquela que toda
espécie animal (e também o gênero humano) precisa realizar para existir e para
reproduzir a si própria como espécie. A atividade vital é base a partir da qual cada
membro de uma espécie reproduz a si próprio como ser singular e, em consequência,
reproduz a própria espécie. No caso do ser humano, a mera sobrevivência física dos
indivíduos e sua reprodução biológica por meio do nascimento de seres humanos
asseguram a continuidade da espécie biológica, mas não asseguram a reprodução do
gênero humano, com suas características historicamente constituídas. O trabalho,
como atividade vital humana, não é apenas uma atividade que assegura a
sobrevivência do indivíduo que a realiza e de outros imediatamente próximos a ele,
mas uma atividade que assegura a existência da sociedade. (DUARTE, 2013, p. 23)

O trabalho é atividade dirigida e controlada conscientemente pelo objetivo


previamente estabelecido na consciência e se trata do processo pelo qual o ser humano
transforma a natureza com as forças pertencentes à sua corporalidade; o ser humano se
apropria da matéria natural em uma forma útil para sua própria vida. Ao modificar a natureza,
modifica a si mesmo. O trabalho, ou a atividade vital humana, assegura não só as condições
materiais do indivíduo, mas as condições materiais do gênero humano.
Para o materialismo histórico-dialético, esta atividade é central para o
desenvolvimento dos seres humanos, de tal forma, que sua inversão, produzida pela alienação
do trabalho na sociedade capitalista, é problemática. Com a divisão social do trabalho, as duas
funções da atividade vital humana – a de assegurar a existência individual e a existência da
sociedade – tornam-se alienadas. No capitalismo, o trabalho se torna mercadoria, fazendo com
que o indivíduo trabalhador seja obrigado a vender sua atividade vital para receber salário,
sendo esta a única forma de sobreviver. A venda de sua atividade vital aliena o trabalhador
dos produtos de sua objetivação e faz daquilo que é sua essência, enquanto ser humano,
apenas um meio para sua existência.
O trabalho alienado não deixa de ser uma atividade objetivante, no entanto, na
condição de atividade transformada em mercadoria, sua realização tem para o
trabalhador não o sentido de sua objetivação como ser humano, mas sim, o sentido
de um meio (o único) que ele tem para assegurar sua existência. (DUARTE, 2013, p.
23)
O ser humano transforma a natureza e produz os meios para satisfazer suas
necessidades através da atividade vital humana. Uma vez satisfeitas suas necessidades,
surgem-se novas e a este processo de satisfação e produção de novas necessidades Marx
chamou de primeiro ato histórico. A natureza transformada inaugura a natureza humana que
já não é mais apenas natural, mas, social, cultural e fruto de experiências humanas
historicamente acumuladas e condensadas. Não há história social se não houver
transformação da realidade natural e desenvolvimento humano; não há desenvolvimento
humano se não houver transformação das necessidades humanas já existentes por novos tipos
de necessidades.
Atividade humana é atividade histórica, geradora da história, do desenvolvimento
humano, da humanização da natureza e do próprio gênero humano. (DUARTE,
2013, p. 35)

A atividade vital humana carrega de maneira intrínseca a dialética da apropriação e


objetivação, esta dinâmica é defendida pelo autor como sendo a responsável pela formação do
indivíduo assim como pela formação do gênero humano. O ser humano, ao se apropriar da
natureza, objetiva-se nessa transformação. Esta atividade objetivada passa a ser objeto de
apropriação e se torna atividade social acumulada. Segundo Duarte (2013), este processo se
torna permanente, as apropriações gerarão novas necessidades humanas de objetivações e
apropriações, configurando o que Marx (1978, p. 41. apud. DUARTE, 2013, p. 26) chamou
de um ato de nascimento que se supera.
Para realizar suas objetivações, o ser humano necessita conhecer a natureza em si
mesma, apropriando-se dela. Com isso, a produção da atividade vital humana inaugura uma
diferença importante em relação a atividade vital animal: a relação sujeito e objeto. O ser
humano para produzir os meios de satisfação de suas necessidades deverá conhecer o que é o
objeto para ele e o que é o objeto independente dele. Uma vez conhecidas as características do
objeto em si, atribuirá a ele uma finalidade na prática social. Entretanto, isto não faz com que
o objeto perca suas características naturais, mas, atribui-se novas características a ele, agora
sociais. Ao ser transformado em instrumento com finalidade social, o objeto passa a ser
objetivação, pois, o ser humano se apropriou dele, objetivou-se nele e o transformou em
objeto humanizado. Ao sofrer a ação humana o objeto passa a ter funções sociais.
A relação objetivação e apropriação se dá não só na produção de novos instrumentos.
Para o autor, nas repetições das produções já existentes há também objetivações e
apropriações. Além disso, Duarte (2013) destaca que não só os instrumentos utilizados na
prática social são frutos de objetivações, mas, a linguagem e as relações sociais também são
frutos da dialética objetivação e apropriação.
No subitem A relação entre objetivação e apropriação como mediação entre a
formação do indivíduo e a história do gênero humano, Duarte ressalta que, ao se apropriar da
significação social de uma objetivação, os seres humanos estão dando continuidade e se
inserindo na história de gerações. Em cada fase histórica os indivíduos se apropriam das
objetivações acumuladas, das sínteses de atividade humana presentes no desenvolvimento dos
produtos históricos. Se apropriam sempre em condições determinadas pela atividade passada
de outros seres humanos. Para Duarte
Os seres humanos fazem as circunstâncias, isto é, objetivam-se, mas as fazem a
partir de suas possibilidades objetivas e subjetivas resultantes do processo de
apropriação das circunstâncias existentes. (DUARTE, 2013, p. 37)

Aspecto importante a ser destacado é de que as características do gênero humano não


são transmitidas pela herança genética, isto é, não se acumulam no organismo. Elas são
criadas e desenvolvidas ao longo do processo histórico pela atividade social, sobretudo, pela
atividade vital humana. Através do processo de apropriação e de objetivação que o indivíduo
se apropria das características do gênero humano, não das características da espécie. Segundo
o autor, a dialética objetivação e apropriação trata-se de um processo educativo no sentido
lato do termo.
Duarte (2013) destaca que a concepção marxista do processo de formação do
indivíduo não aceita explicações que concebem o ser humano como uma justaposição de
fatores de diferentes ordens. Afastando assim, a concepção do materialismo histórico-
dialético das concepções interacionistas da psicologia e da educação.
Essas considerações já permitem que se perceba a impossibilidade, por parte de uma
concepção marxista do processo de formação do indivíduo, de aceitação de
categorias e esquemas explicativos empregados por teorias psicológicas e
pedagógicas que concebem o ser humano como uma justaposição (frequentemente
denominada “interação”) dos fatores sociais aos fatores biológicos, ou dos fatores
ambientais aos fatores inatos (hereditários), ou ainda do processo de socialidade ao
desenvolvimento da individualidade. A concepção do processo de formação do
indivíduo na perspectiva da dialética histórica entre objetivação e apropriação não
procura “conciliar” as influências das dicotomias mencionadas, pois tais dicotomias
(não importa se concebidas de forma excludente ou conciliatória) impedem a
compreensão da peculiaridade do processo de formação dos indivíduos humanos,
diante do processo de ontogênese animal (biológica). O ser humano não se reduz a
um animal que vive num meio social, ou seja, a formação do indivíduo não se reduz
a um processo de adaptação ao meio, ou de interação entre o organismo e o meio
ambiente, ainda que este seja entendido como um meio social. (DUARTE, 2013, p.
38)

Apoiando-se na citação da obra do psicólogo russo Alexei Leontiev, denominada O


desenvolvimento do psiquismo de 1978, Duarte esclarece a diferença entre a formação do
indivíduo como um processo de apropriação da cultura da ontogênese animal como um
processo de adaptação ao meio:
A diferença fundamental entre os processos de adaptação em sentido próprio e o de
apropriação reside no fato de o processo de adaptação biológica transformar as
propriedades e faculdades específicas do organismo bem como o seu
comportamento de espécie. O processo de assimilação ou de apropriação é diferente:
o seu resultado é a reprodução, pelo indivíduo, das aptidões e funções humanas,
historicamente formadas. Pode dizer-se que é o processo pelo qual o homem o
atinge no seu desenvolvimento ontogênico o que é atingido, no animal, pela
hereditariedade, isto é, a encarnação nas propriedades do indivíduo das aquisições
do desenvolvimento da espécie. (LEONTIEV, 1978b, p. 169, apud. DUARTE, 2013,
p. 38).

Cabe ressaltar que o desenvolvimento biológico da criança e sua formação como ser
social são processos que se influenciam reciprocamente. Para o autor, pode-se compreender a
dialética da apropriação e objetivação como um processo educativo e formativo do indivíduo
rumo à sua construção como membro do gênero humano. As apropriações se realizam sempre
de forma mediada com outros indivíduos, e, no caso da educação escolar, como âmbito de
apropriação das objetivações mais desenvolvidas, o papel dos professores é de possibilitar a
apropriação destas objetivações através da mediação.
No capítulo dois, Humanização e alienação, pautando-se nas categorias trabalho,
consciência, socialidade, universalidade e liberdade, utilizadas por György Márkus (1978),
o autor desenvolve a ideia de que a formação do gênero humano vem se efetivando ao longo
da história com possibilidades de que a atividade objetivante se torne cada vez mais livre e
universal, ainda que, estas possibilidades tenham sido criadas tendo como contrapartida a
alienação no contexto da luta de classes. Este capítulo subdivide-se em: O que é o ser
humano?; O trabalho humanizador e alienador; O desenvolvimento histórico contraditório
da socialidade humana; A atividade consciente e sua alienação e Universalidade e liberdade.
De acordo com Marx (1978), a luta de classes corresponde a “pré-história da
sociedade humana”. O autor explica que as possibilidades de universalização das objetivações
realizadas neste contexto são limitadas pela divisão social do trabalho e da propriedade
privada. Assim, ainda que se tenha iniciado o processo histórico da humanidade e tenha se
elevado o nível das objetivações mais desenvolvidas isto se dá às custas da alienação, uma
vez que é uma parcela restrita da população que tem as condições de se apropriar destas
objetivações. A alienação é o afastamento entre as possibilidades geradas pelo progresso
histórico da humanidade e o processo de desenvolvimento em igual grau de cada indivíduo.
De tal forma, segundo Markus (1974, p. 41-42) que os aspectos formativos e criativos da
atividade humana só se manifestam no contexto mais amplo, da sociedade como um todo e
não estão presentes nos efeitos da atividade individual sobre o indivíduo que o realiza. A
alienação é a separação e oposição entre a essência humana e a existência humana, é um
fenômeno social objetivo e é o processo em que as relações sociais impedem ou limitam a
concretização das máximas possibilidades da vida humana em cada indivíduo.
No capitalismo os seres humanos estão alienados em relação as forças socialmente
existentes pois as relações sociais são colocadas como naturais e não como produtos da
atividade social, não como algo que pode ser transformado por seus criadores, os próprios
seres humanos; esta forma de compreensão sobre as relações sociais, de acordo com Marx e
Engels (2007, p. 77) tem origem na divisão social do trabalho e na propriedade privada. Desta
forma, a alienação na vida dos indivíduos se encontra no fato de que os seres humanos não
dominam coletivamente as relações sociais e são subordinados a elas como se fossem poderes
estranhos e superiores e não fruto de suas práticas sociais.
No item O que é o ser humano?, Duarte inicia o aprofundamento sobre a reflexão
acerca da especificidade humana. Segundo o autor, a atividade vital é o ponto dinâmico de
distinção entre os seres humanos em relação aos demais animais; dinâmico porque surge para
suprir as necessidades humanas e ao supri-las desencadeia novas necessidades, dando então o
processo de início da história social. Para a perspectiva marxista, não é suficiente assinalar o
que constitui a essência humana apenas comparando os traços comuns entre todos os seres
humanos em contraposição aos traços comuns a todos os membros de uma ou mais espécie
animal; tampouco é possível elencar um conjunto de características encontradas na maioria
dos seres humanos em determinado momento histórico como aqueles que sejam referentes a
essência humana, pois, a alienação impede as máximas possibilidades de vida universal e livre
de se efetivarem para toda a humanidade. Baseado em Markus (1978, p. 49), Duarte aponto
para uma observação importante de que a alienação dos indivíduos, em relação as máximas
possibilidades de vida humana, tem sido, na pré-história da sociedade humana uma das
condições do desenvolvimento do gênero humano.
Alienação, nesse contexto, não é meramente uma precondição negativa para o
desenvolvimento da essência humana (tal como o “vale de lágrimas” terreno é para a
salvação), mas – numa forma contraditória – também seu período formativo
positivo. Apenas por meio da era da alienação e seus mecanismos, são dissolvidas as
comunidades locais e restritas, “naturalmente dadas”, e só assim se desenvolve uma
esfera cada vez mais ampla de relações humanas, a qual finalmente abraça toda a
humanidade (o mercado mundial). Esse processo, simultaneamente, apresenta-se
como a transformação de todas as determinações dos indivíduos (características
pertencentes à sua posição social etc.) – as quais, apesar de sociais em si mesmas,
em estágios iniciais do desenvolvimento apareceram a eles como traços naturais
imutáveis, inseparáveis de sua personalidade concreta – em algo separado deles e
externo a eles, portanto, determinações sociais que eles podem por si mesmos alterar
por meio de sua própria atividade. Esse é indubitavelmente um processo de
despersonalização e esvaziamento, mas somente ele cria as precondições subjetivas
para o ser humano dominar suas próprias relações sociais e determinações.
(MARKUS, 1978, p. 49, apud. DUARTE, 2013, p. 78, grifo do autor).

Na sociedade de classes, tanto a objetivação quanto a apropriação são marcados pela


contradição entre humanização e alienação. No item O trabalho humanizador e alienador, o
autor desenvolve a ideia de que a atividade do trabalhador no capitalismo é apenas um meio
para sua sobrevivência e não uma forma de o indivíduo se realizar e se desenvolver como ser
humano, e, salienta que objetivação não se trata, por isso, de alienação, tampouco a
apropriação se trata de propriedade privada; estas são as formas em que estão as produções
humanas na condição da divisão do trabalho social. Na sociedade de classes, o gênero
humano tem se objetivado de maneira cada vez mais universal, separando as comunidades
locais, “naturalmente dadas”, porém, isso se dá em detrimento da vida dos indivíduos, que
permanece sempre muito abaixo dos níveis de universalidade e liberdade já alcançados pelo
gênero humano.
Em O desenvolvimento histórico contraditório da sociedade humana, compreende-se
que a sociedade capitalista significou historicamente uma mudança qualitativa; essa mudança
consistiu no fato de que, diferentemente das sociedades anteriores, no capitalismo, o indivíduo
não vive uma ligação natural e indissolúvel com sua comunidade local. Na sociedade
capitalista, o laço mais importante que liga a todos é um laço impessoal e indiferentemente às
singularidades culturais locais, sendo constituído pelas relações econômicas capitalistas. A
mudança histórica estabelecida por esta sociedade, foi o rompimento com a identificação
natural entre a individualidade e a comunidade, as relações sociais são colocadas como
externas aos indivíduos; entretanto, a contradição está em que essas relações sociais são
colocadas como fenômenos que possuem independência e autorregulação, com poder próprio
sobre a vida das pessoas e os rumos da sociedade. Diferente das relações sociais nas
sociedades pré-capitalistas, em que era possível a identificação das relações entre pessoas, na
sociedade capitalista as relações aparecem como relações entre coisas. Marx usou o termo
fetichismo para descrever este fenômeno.
A relação fetichista faz com que os seres humanos sobreponham a mercadoria, ou seja,
o capital, acima das relações humanas, perdendo o controle destas em detrimento do controle
capitalista. Segundo o autor, a superação destas relações fetichizadas, assim como, a
superação da alienação humana em relação aos produtos criados só pode se dar com a
superação da sociedade capitalista.
Duarte destaca ainda neste item que a individualidade livre e universal não é um
produto da natureza, mas do processo histórico de superação das limitadas relações das
comunidades naturais. O desenvolvimento livre e universal da individualidade se dá conforme
os seres humanos fazem das forças essenciais humanas objetivadas as suas forças, sua
objetivação. O indivíduo desenvolve sua individualidade ao se objetivar, nesse sentido, sua
individualidade se transforma em objeto. Este objeto, porém, não possui caráter alienante e se
transforma no oposto a alienação, ou seja, a plena humanização do indivíduo e da sociedade.
No item A atividade consciente e sua alienação, é desenvolvida a reflexão sobre
prática consciente do indivíduo e a sua condição alienada na sociedade de classes. Nela,
compreende-se que a atividade humana é objetivante, social e consciente, porém, no
capitalismo ela pode ser consciente e alienada, isso porque a sociedade é dividida entre a
classe dos proprietários dos meios de produção, isto é, das objetivações humanas, e a classe
daqueles que estão alheios a elas.
Com o desenvolvimento histórico da sociedade, a atividade humana foi se
complexificando, sobretudo na sociedade capitalista. Com essa ampliação dos níveis de
desenvolvimento, a atividade humana foi dividida em unidades menores, denominadas por
Leontiev (1978) de ações. O autor explica que uma necessidade leva o ser humano a realizar
determinada atividade para satisfazê-la; com o desenvolvimento das objetivações, surgem os
momentos das unidades menores, dentro da execução da atividade, que é mediado pela ação.
Duarte dá o exemplo da necessidade de se alimentar. Para sanar esta necessidade,
realiza-se a atividade da alimentação, porém, para realizá-la, é necessária a ação de acender o
fogo para o cozimento do alimento. Esta unidade menor de acender o fogo, não apresenta uma
relação direta com o motivo da necessidade, nela, o sentido da ação é de obter o fogo aceso. A
decomposição da atividade em ações, torna-se cada vez mais complexa com a produção de
instrumentos e este processo é produto das relações entre os seres humanos.
Dentro desta discussão, o autor destaca que o desenvolvimento da consciência como
mediação no interior da atividade humana se realizou por meio da linguagem. Segundo
Leontiev (1978) nas sociedades anteriores à divisão social do trabalho, a estruturada
consciência humana era caracterizada por uma unidade entre o sentido e o significado das
ações e a isso chamou de formação primitiva integrada. Com o desenvolvimento da divisão
social do trabalho e da propriedade privada, a estrutura da consciência sofre o processo de
“desintegração” entre a unidade primitiva entre significado e sentido da ação.
Para Marx, a atividade de trabalho é uma atividade dirigida por fins conscientes,
mesmo nas condições do trabalho alienado. Para Duarte, a atividade humana, por ser
consciente, pode decompor-se em ações cujo sentido não é dado por elas mesmas, mas pela
relação com o sujeito da atividade; isso permite que haja um desenvolvimento da atividade e
da consciência que em determinadas situações o significado e o sentido das ações possam se
dissociar quase totalmente, transformando as ações em alienantes e alienadas.
Nesse sentido, A Universalidade e liberdade, são tendências do processo histórico que
ao se realizarem no interior de relações sociais alienadas, não podem se efetivar na vida dos
indivíduos, não podem fazer dela uma vida à altura da individualidade e da liberdade
alcançadas pelo gênero humano.
O capítulo três, intitulado O gênero humano, concentra o aprofundamento da
discussão acerca da diferenciação entre gênero humano e espécie humana, isto é, a
humanização (processo histórico-social de desenvolvimento do gênero humano) e a
hominização (processo biológico de surgimento da espécie humana). Para o autor, a formação
do indivíduo como um ser humano é a sua formação como um ser pertencente ao gênero
humano; este, por sua vez, é exterior ao indivíduo e não se encontra no seu código genético.
Em Por que utilizar o conceito de gênero humano?, item que compõe o capítulo, o
autor demonstra a necessidade desta categoria para a compreensão da construção teórica sobre
a formação do indivíduo. O ser humano é primeiramente uma espécie animal; sem a gênese
biológica das características da espécie, não haveria o processo histórico do desenvolvimento
do gênero humano. Para isso, Leontiev (1978) dividiu em três estágios o desenvolvimento do
ser humano. O primeiro foi a evolução biológica. O segundo foi limitado à evolução das
espécies e à sua capacidade de adaptação, neste período do desenvolvimento biológico,
alcançou-se um nível em que começaram a aparecer os primeiros pressupostos da vida social,
como a produção de instrumentos rudimentares e formas primitivas de organização coletiva.
O terceiro teve início com o surgimento da espécie Homo sapiens. É a partir deste momento
que o desenvolvimento humano já não foi mais determinado pela evolução da espécie, e sim,
pelo desenvolvimento da prática social. Para Duarte, uma vez colocado o pressuposto da
formação do indivíduo como uma parte do processo histórico de objetivação do gênero
humana, a relação fundamental é singularidade social do indivíduo e o gênero humano e não o
organismo singular e a espécie; a singularidade de cada ser humano não é dado biológico, mas
produto de um processos social, concreto e histórico.
O desenvolvimento do gênero traz consequências para a espécie, como a possibilidade
da existência humana deixar de depender da capacidade adaptativa do organismo; entretanto,
no atual nível de desenvolvimento produtivo e tecnológico, o ser humano se vê perante a
possibilidade de destruição do meio ambiente e de si mesmo.
Duarte ressalta que os pressupostos biológicos de relação entre indivíduo e meio
ambiente não explicam a formação do indivíduo. Para algumas correntes da psicologia
educacional é comum a utilização do termo “socialização” para fazer referência a um
processo de interação, adaptação, busca de equilíbrio entre o indivíduo e o meio. Entretanto,
na concepção histórico-cultural, a individualidade é intrinsicamente social. Vigotsky, por
exemplo, teve por objetivo superar o modelo biológico de desenvolvimento e construir uma
psicologia fundada na concepção marxista; para ele a ontogênese humana não pode ser
explicada por meio da relação organismo-meio, pois esta relação não explica ou possibilita a
compreensão da dialética objetivação-apropriação.
No item Gênero humano e sociedade é demonstrada de que forma a generecidade está
presente nas relações sociais e como os indivíduos se apropriam dela. Duarte explicita que a
relação do indivíduo e gênero humano se realiza no interior das relações sociais concretas e
históricas em que cada ser humano está inserido, desta forma, a generecidade não é substância
exterior à sua socialidade.
Deve-se ter considerar, porém, que mesmo que a forma concreta de existência da
generecidade seja a socialidade, a apropriação de uma socialidade concreta pelo indivíduo não
possibilita necessariamente sua plena objetivação como ser genérico, pois, a objetivação do
gênero humano se realiza ao longo do contexto da história da luta de classes, de tal forma que
a vida da maior parte da humanidade se efetiva dentro de limites muito inferiores do nível
possível de desenvolvimento atingido pelo gênero humano dentro do contexto histórico
específico.
Duarte cita que, para Gramsci (1995, p. 48, apud. DUARTE, 2013, p. 112), a
formação da individualidade como síntese é resultante da atividade “transformadora das
relações externas, desde as com a natureza e com outros homens – em vários níveis, nos
diversos círculos em que se vive – até a relação máxima, que abraça todo o gênero humano.”
Além disso, ressalta aspecto importante sobre a relação do indivíduo com a totalidade do
gênero humano a respeito da mediação. A relação indivíduo e gênero humano é sempre
mediatizada pelas circunstâncias sócio-históricas concretas nas quais ele vive.
Duarte também cita Lukács, no item Do indivíduo particular à autoconsciência do
gênero humano do livro Estética: a peculiaridade do estético a respeito de uma análise
realizada e que caminha na mesma perspectiva de Marx. Lukács inicia sua análise ressaltando
que a relação entre indivíduo e o gênero humano é, antes de tudo, uma relação objetiva cujo
fundamento se encontra na atividade de trabalho e em suas objetivações. Nesta relação, o
papel do sujeito no processo de trabalho é o papel objetivador, se afastando da particularidade
do próprio sujeito. De acordo com Lukács, as propriedades e habilidades particulares do
sujeito são imprescindíveis para o processo de trabalho, sendo até mesmo, às vezes, de maior
importância do que os veículos imediatos do progresso histórico das objetivações humanas.
Entretanto, na medida em que se convertem na objetividade de cada época, deixam de lado os
traços de sua particularidade. Para o autor, a ciência desenvolvida a partir do trabalho, mostra
esse caráter de maneira mais perceptível.
Lukács aponta que a relação entre objetividade e subjetividade pode ocorrer de forma
diferente nas diversas esferas de objetivação do gênero humano, sendo elas a vida cotidiana, a
ciência, a arte e a filosofia. Na atividade de trabalho, meio pelo qual se constrói a
materialidade necessária à reprodução da vida cotidiana, a relação entre subjetividade e
objetividade se coloca no caráter teleológico, isto é, trata-se de uma atividade guiada por um
objetivo estabelecido pela consciência que irá dirigir a ação transformadora. Disto resulta,
porém, uma realidade que possuía dinâmica objetiva que passa a ser comandada pelo conjunto
da prática social e não pela consciência do indivíduo.
Uma mesa e uma cadeira desempenham sua função determinada objetivamente pela
prática social, independentemente das características particulares do(s) indivíduo(s)
que a constituiu (constituíram). O mesmo vale para uma teoria científica que reflete
a realidade objetiva. Mas, nesse reflexo, não estão presentes as particularidades de
quem a criou ou desenvolveu. Lukács (idem, p. 251) entende que “a subjetividade,
em troca, desempenha um papel qualitativamente distinto na ética e na estética.”
(DUARTE, 2013, p. 115)

De acordo com Lukács, a ética tem como centralidade a consciência do sujeito. No


comportamento moral, o reflexo da realidade objetiva é necessário, porém, como um meio da
prática ética, a qual tem como ponto de partida e chegada o sujeito ético. No caso da arte,
Lukács aponta que o sujeito estético só pode existir na relação com o objeto artístico (em sua
criação ou recepção). O autor indica que a mimese é o protofenômeno da subjetividade
estética, de tal forma que, a arte reflete através dela a realidade humana e tal reflexo não
produz imediatamente nenhuma intervenção na realidade, o que é produzido é o
desenvolvimento da autoconsciência humana.
A obra de arte, para Lukács, é a autoconsciência e memória da humanidade. É a forma
de objetivação do gênero humano em que a subjetividade individual assume maior
importância; entretanto, para desempenhar seu papel deve superar a particularidade da
subjetividade cotidiana e constituir uma síntese superior com o gênero humano. A
singularidade e a particularidade fundem-se para constituir a obra de arte como uma unidade
de subjetividade de objetividade. Duarte explica que não há identidade entre sujeito e objeto
na obra de arte, porque a subjetividade objetivada na obra é e não é a subjetividade do
indivíduo que a criou.
De acordo com as contribuições de Lukács, a arte reflete as contradições e os conflitos
como resultados das ações humanas desfetichizando-as, tirando a aparência de que tem vida
própria. Duarte aponta que a educação escolar atua nesse terreno das relações entre
consciência do indivíduo no contexto social imediato e a totalidade da evolução histórica do
gênero humano. Porém, diferente da arte, a educação visa direcionar o processo de
humanização do indivíduo e tem como objetivo principal fazer com que os conhecimentos
transmitidos na escola desempenhem a função de mediações entre a generecidade em si e a
generecidade para si. O trabalho educativo trata de explorar intencionalmente as contradições
sociais que se refletem nos conhecimentos e que contenham, potencialmente, o impulso para a
superação das relações sociais alienadas próprias à cotidianidade capitalista.
Preocupado em posicionar claramente a concepção marxista sobre o gênero humano,
Duarte elabora o item Diferenças entre a concepção marxista de gênero humano e as
antropologias filosóficas de Feuerbach e Kant. Nele, o autor demonstra que Feuerbach
considera o ser humano como essencialmente relacional, porém, orientando sua afirmação em
um viés idealista, não situando as relações interindividuais no contexto de uma totalidade
social.
Feuerbach faz da relação entre dois seres humanos (a relação entre um homem e
uma mulher), a unidade básica do ser genérico. Na filosofia feuerbachiana, o
indivíduo relaciona-se com sua própria essência como ser genérico tão somente por
meio da relação com o objeto, isto é, com o que é externo a ele: “O homem nada é
sem objeto. [...] Mas o objeto com o qual um sujeito se relaciona essencial e
necessariamente nada mais é do que a essência própria, objetiva deste sujeito” (ide,
p. 46). Nesse sentido, a relação essencial e necessária com o outro ser humano é uma
relação com a própria essência do indivíduo. Segundo Feuerbach, o que diferencia
os seres humanos dos animais é a consciência genérica, ou seja, o fato de a
consciência tomar o gênero humano como objeto (idem,p. 43). Se o ser humano se
exterioriza em Deus para depois se reapropriar da sua essência, isso não significa,
porém, para Feuerbach, que o indivíduo possa se relacionar com o eu, sem a relação
com o não eu, sendo para Feuerbach, a relação entre um homem e uma mulher a
principal relação entre o eu e o não eu. (DUARTE, 2013, p. 134)

Duarte destaca que a posição de Marx é discordante da de Feuerbach e, para isso, afirma
que a essência humana é “o conjunto das relações sociais”; essa essência real do ser humano
deve ser submetida a uma análise crítica, isto é, uma análise materialista, histórica e dialética.
Apoiando-se na discussão levantada por Heller (1984, pp. 26-33 apud. DUARTE, 2013, p.
138), Duarte aponta que na concepção kantiana, por sua vez, a relação entre individuo e a
humanidade não há lugar para a individualidade. A singularidade é anulada pela
universalidade.
Kant opera com dois conceitos de espécie humana: o homo noumenon (a ideia de
humanidade, a humanidade como ela deveria ser) e o homo fenomenon (o conceito
de humanidade existente, com as possibilidades inerentes à existência da
humanidade). Esses dois conceitos de espécie são os elementos constitutivos
fundamentais tanto de sua teoria do conhecimento como de sua ética, sua filosofia
da história e sua antropologia. (HELLER, 1984, p. 26. apud. DUARTE, 2013, p.
139)

Para Kant, o ideal de humanidade, traduzido na categoria de homo noumenon, só


pode ser alcançado, no pensamento, pela razão pura e nunca pela experiência
sensível ou pela subjetividade que corresponde a essa experiência sensível, isto é, os
sentimentos, as necessidades e os objetivos individuais, os desejos, as inclinações
etc. Diga-se de passagem, que Kant e Feuerbach se opõem inteiramente nesse
aspecto, pois, para este, o sentimento é o principal caminho para a realização da
essência humana. O indivíduo, para Kant, será tão mais livre, mais humano e mais
moral quanto mais se aproximar do homo noumenon, ou seja, quando dirigir suas
ações pela razão pura. (DUARTE, 2013, p. 139)
Por sua vez, no objetivo de seu livro, Duarte coloca a formação do indivíduo como parte
do processo histórico de objetivação do gênero humano, mas, com isso, não está afirmando
que o movimento em direção à universalidade do gênero humano implique a diminuição ou a
anulação da singularidade.
A individualidade para si, como singularidade que se desenvolve em relação
consciente com a universalidade do gênero humano, é uma concepção totalmente
distinta da concepção kantiana. O indivíduo, para Kant, ou é mera manifestação da
intenção da natureza humana, ou é busca da total absorção da individualidade pela
ação dirigida pela universalidade da razão pura. Ao contrário de Kant, a teoria que
aqui defendo é a de que o desenvolvimento da individualidade para si é um processo
de ascensão da singularidade de cada pessoa em direção aos níveis mais elevados já
alcançados pelo gênero humano. (DUARTE, 2013, p. 142).

No item As objetivações do gênero humano: do em si ao para si, Duarte retoma


contribuições importantes de Lukács e Heller para orientar suas reflexões. O primeiro
compreende que através do trabalho os seres humanos desenvolveram três esferas de
objetivação: a vida cotidiana, a ciência e a arte; para ele o desenvolvimento histórico do
gênero humano caminha do em si ao para si. A segunda, na mesma perspectiva de Lukács,
analisou as relações que se estabelecem entre a vida cotidiana, cujas principais objetivações
seriam os objetos, a linguagem e os costumes (as objetivações genéricas em si) e outras
esferas de objetivação como a religião, a política, o sistema jurídico, a ciência, a arte e a
filosofia, sendo estas três últimas as formas mais desenvolvidas de objetivação do gênero
humano (objetivações genéricas para si).
As categorias de em si e para si, utilizadas por Heller, tem caráter tendencial e relativo;
relativo pois a referência do seu entendimento tanto como ser a relação entre humano e
natureza (o em si) como pode ser utilizada considerando apenas o âmbito da prática social
humana (o para si). Tendencial pois não expressam estados puros e/ou fixos, mas tendências.
Destaca-se que a esfera da generecidade em si, é a esfera da vida cotidiana (objetos,
linguagem e os costumes) e representam objetivamente o desenvolvimento do gênero
humano, mas não traduzem a relação dos seres humanos para com a genericidade. E as
objetivações genéricas para si são fruto de um longo desenvolvimento humano, representando
o grau de desenvolvimento histórico da relação entre a prática social e a generecidade, isto é,
representam o grau de liberdade alcançado pela prática social humana.
De acordo com Duarte, para se objetivar por meio das objetivações genéricas para si,
ultrapassando os limites da vida cotidiana, as pessoas precisam homogeneizar sua relação com
a objetivação genérica para si, isto é, necessitam colocar sua atividade no nível de
desenvolvimento já alcançado pelo gênero humano.
[...] O que significa a homegeneização? Significa, por um lado, que concentramos
toda nossa atenção sobre uma única questão e “suspenderemos” qualquer outra
atividade durante a execução da anterior tarefa: e, por outro, que empregamos nossa
inteira individualidade humana na resolução dessa tarefa. [...] E, significa,
finalmente, que esse processo não se pode realizar arbitrariamente, mas tão somente
de modo tal que nossa particularidade individual se dissipe na ativida humano-
genérica que escolhemos consciente e autonomamente, isto é, enquanto indivíduos.
(HELLER, 2004, p. 27. apud. DUARTE, 2013, p. 155)

Duarte salienta que a homogeneização que ocorre na educação escolar situa-se muitas
vezes em um terreno intermediário entre o imediatismo pragmático da vida cotidiana e as
formas mais ricas e desenvolvidas de objetivação humana.
No capítulo quatro, A formação da individualidade livre e universal, Duarte concatena
o percurso total da discussão realizada ao longo do livro dando ênfase à formação da
individualidade que é tida como horizonte para os seres humanos na perspectiva histórico-
crítica.
O autor retoma as categorias analisadas – objetivação, apropriação, humanização,
alienação e gênero humano – e se propõe a dar ênfase na categoria individualidade humana.
No item A individualidade animal e humana, Duarte estabelece que todo ser humano é único,
singular, irrepetível. Ainda que inserido nas relações de máxima alienação, não deixa de ser
indivíduo, mesmo se sua individualidade esteja extremamente limitada em seu
desenvolvimento.
Utilizando-se da contribuição de Luria, explica como os vertebrados superiores
demonstraram aquilo que chamou de individualidade biológica. Alexander Luria observou e
analisou o “comportamento individualmente variável dos vertebrados”, demonstrando que
esses animais, decorrente do seu sistema nervoso desenvolvido, podem apresentar complexas
variações comportamentais, assegurando-lhes grande capacidade de adaptação a condições
ambientais variáveis. Os vertebrados superiores demonstraram que na interação adaptativa
com o meio ambiente, esses animais formam uma individualidade, um conjunto singular de
comportamentos que lhes garantem a sobrevivência em condições ambientais específicas. O
animal forma essa singularidade comportamental a partir dos mecanismos inatos que lhes são
herdades pela espécie.
Esta individualidade biológica não é necessariamente o que diferencia a individualidade
humana da animal. As características específicas da individualidade humana surgem com a
dialética da objetivação e apropriação das características humanas historicamente
desenvolvidas. A relação do individuo com o gênero humano, como visto anteriormente, não
é transmitido através da espécie, por estar objetivado externamente ao indivíduo (sendo
ininterrupta e interminavelmente construído exteriormente); os seres humanos formarão sua
individualidade pela relação com o ser genérico objetivado no processo dinâmico de
objetivação e apropriação, que por sua vez não são fases, mas dois processos que constituem
uma unidade. Este processo, destaca-se, ocorre sempre de maneira parcial em comparação ao
conjunto das objetivações genéricas e o ritmo das transformações do gênero humano é sempre
socialmente determinado. Na sociedade de classes, as formas alienadas de objetivação e
apropriação devem ser superadas, uma vez que se colocam perante os seres humanos como
forças que os dominam.
No item O desenvolvimento histórico da individualidade humana, o autor aponta que no
início da história, o ser humano já se organizava de maneira gregária, de maneira imediata e
totalmente dependente em relação ao conjunto da comunidade que pertencia, isto fazia com
que não houvesse diferenciação ente os integrantes desse conjunto. Além disso, quanto menos
desenvolvidas eram as relações entre os seres humanos, menos possibilidades existiam de
individualização. Duarte salienta que o ser humano só se individualiza e conquista sua
liberdade por meio do desenvolvimento das relações sociais e da realidade humana objetivada
Com o desenvolvimento histórico da humanidade, é possível perceber formas mais
complexas relações sociais, sobretudo na sociedade burguesa. Exemplo dado pelo autor, é do
produtor isolado de mercadorias. Esta é a forma burguesa de representação de algo que foi um
avanço histórico, porém, de caráter contraditório, da forma como ocorreu o desenvolvimento
histórico social da condição do trabalhador na sociedade capitalista. O produtor isolado, só
pode isolar-se, por conta das objetivações realizadas pelo gênero humano no conjunto das
relações sociais concretas. Ainda que de forma alienada, a sociedade capitalista cria os
pressupostos objetivos e subjetivos do desenvolvimento da livre individualidade.
Elencando o desenvolvimento histórico da individualidade humana, o autor coloca
como primeiro estágio todas as sociedades pré-capitalistas. Nelas os indivíduos faziam parte
da comunidade local em que as relações comunitárias determinavam as possibilidades e
limites para o desenvolvimento das forças produtivas como da individualidade. Este primeiro
estágio, apresenta a individualidade humana se realizando de forma limitada e particular. Os
indivíduos se relacionavam com as condições de reprodução social de maneira similar com a
que se relacionavam com o próprio corpo, como um pressuposto natural. A relação com a
terra não era percebida como relação com algo produzido pelo trabalho, mas como relação
com um elemento da natureza.
É através da socialização que o indivíduo se desenvolve como ser social quanto o
processo pelo qual as formas de organização da sociedade evoluem, atingindo níveis cada vez
mais sociais. Este processo de desenvolvimento histórico das individualidades e da sociedade
é o desenvolvimento da socialidade em si para uma socialidade para si.
Para Duarte, na socialidade em si os sujeitos relacionam-se com as condições sociais de
existência da mesma forma que se relacionam com as condições naturais, não lidam com as
condições sociais como objetivações humanas, não há relação consciente, há apenas uma
identificação espontânea entre o individuo e as condições de sua existência; há nelas a
predominância da tradição, da valorização e da imitação das gerações antigas. Quando
comparadas as sociedades capitalistas podem ser consideradas sociedades estáticas, assim
como seus sujeitos. Os indivíduos desse estágio histórico não se apresentam na forma abstrata
de trabalhador, mas na forma concreta de um indivíduo que é parte inseparável de sua
individualidade. Esta relação estabelece as formas e s limites da objetivação do individuo pelo
trabalho. O indivíduo não se apresenta na forma abstrata de trabalhador, mas na forma
concreta de um individuo que é parte de uma comunidade, trabalha com a terra e produz
determinados valores de uso. Trata-se de uma individualidade presa às circunstâncias
particulares. Duarte nomeia esta individualidade como individualidade concreta particular.
O segundo estágio é o da sociedade burguesa. Esta sociedade destrói a unidade natural
entre individuo, comunidade e condições objetivas de produção, criando os pressupostos do
desenvolvimento livre e universal, embora haja de se considerar que isso ocorreu na forma da
universalidade da alienação, isto é, o seu caráter fetichista. O capitalismo é a primeira
sociedade puramente social da história, porque nela os indivíduos não formam uma unidade
imediata e natural com as condições de existência como na sociedade pré-capitalista. Isso se
dá pelo fato de o trabalhador estar separado dos meios de produção. Historicamente, tal
separação se deu de maneira extremamente violenta através da desapropriação.
O fato desta sociedade capitalista ser qualitativamente distinta das sociedades naturais
não significa que os seres humanos tenham superado a alienação das relações sociais, mas
sim, que elas se tornaram dinâmicas. A vida das pessoas passou a ser determinada pelas
relações sociais das quais elas participam ao longo de suas vidas, e não por condições com as
quais elas estejam naturalmente unidas desde seu nascimento. Nesta sociedade, não importa
as qualidade particularidades dos objetos produzidas, mas sim, a quantidade de valor que
resulta da jornada de trabalho em comparação com o que foi pago por ela. Duarte destaca que
a mediação para essa universalidade abstrata é o dinheiro. Na sociedade capitalista, segundo o
autor, tem-se a individualidade abstrata universal.

O processo histórico, que cria as condições para o surgimento e o desenvolvimento


da sociedade capitalista, separa dos meios de produção o trabalhador da propriedade,
rompe a unidade imediata, na qual ele se encontrava com esses meios na vida
comunitária das sociedades pré-capitalistas. Agora, para reproduzir a si próprio e à
sociedade, o trabalhador tem que se defrontar com as condições de produção como
forças externas à sua individualidade, numa relação de mútuo alheamento, de mútua
alienação. A unidade imediata, que existia entre os indivíduos e as condições
objetivas na vida comunitária voltada à produção de valores de uso, é dissolvida,
fazendo com que o indivíduo tenha de se relacionar com as condições objetivas na
vida comunitária voltada à produção de valores de uso, é dissolvida, fazendo com
que o individuo tenha de se relacionas com as condições de produção, mediado pelo
valor de troca de sua força de trabalho. Por isso, essa é uma relação abstrata. A
universalidade das relações humanas é criada, no capitalismo, pela forma abstrata de
universalidade do mercado, de equivalência entre valores de troca, numa palavra,
pela forma da universalidade do dinheiro como mediação social. Ao passo que nas
comunidades produtores de valores de uso o individuo se objetivava por meio de seu
trabalho em um âmbito limitado (particular), no capitalismo, o indivíduo se objetiva
de forma universal, pois o produto do seu trabalho possui intrinsecamente a
universalidade do valor de troca, a universalidade do dinheiro. Ao produzir dinheiro,
o trabalho transforma-se em um processo de objetivação universalizante, mas numa
forma alienada. (DUARTE, 2013, p. 190)

O autor coloca como uma exigência a luta para que se torna cada vez mais intensa em
todos os indivíduos a necessidade de socialização da produção material e espiritual universal.
Acrescenta que uma pedagogia que valorize a liberdade dos indivíduos não será aquela que
tenha por objetivo formar nos alunos a capacidade de adaptação à realidade local da qual eles
fazem parte, mas, sim, aquela que possibilite a formação nos alunos da consciência da
necessidade de apropriação da riqueza que vem sendo criada, mesmo que contraditoriamente,
na própria sociedade burguesa. Assim, o terceiro estágio da sociedade deverá ser a sociedade
livre e universal comunista, concebendo nela a individualidade concreta universal.

[...] Com a coletividade dos proletários revolucionários, que tomam sob seu controle
suas condições de existência e as de todos os membros da sociedade, dá-se
exatamente o inverso: nela os indivíduos participam como indivíduos (atendendo,
naturalmente, ao pressuposto de que existam as atuais forças produtivas
desenvolvidas) que coloca sob controle as condições do livre desenvolvimento e do
movimento dos indivíduos. (DUARTE, 2013, P. 196)
Mas a superação desse estado de coisas não consiste num retorno às relações sociais
do passo pré-capitalista. Essa superação só é possível com a apropriação total, pela
humanidade despossuída, da riqueza material e espiritual. (DUARTE, 2013, p. 197).
[...] Na sociedade comunista, deixa de existir a separação entre atividade material e
espiritrual, deixa de existir a alienação do trabalho e este se torna autoatividade, ou
seja, atividade na qual o individuo desenvolve sua personalidade e por meio da qual
ele deixa a marca de sua individualidade na riqueza humana. (DUARTE, 2013, p.
199).

No último item, intitulado A individualidade para si como síntese consciente de


múltiplas relações e determinações, Duarte retoma as discussões elaboradas por Agnes Heller
em seu livro Sociologia de la vida cotidiana (1977), elaborando novas sínteses acerca do tema
da individualidade.
Para Heller, a vida cotidiana é o conjunto das atividades que a pessoa precisa realizar
para continuar a existir e é o âmbito das objetivações do em si. O em si, por sua vez, não deve
ser associado a alienação automaticamente, pois, é nele que são elaboradas as objetivações
necessárias para que o ser humano possa se apropriar das objetivações para si, como é o caso
da apropriação da linguagem que leva o indivíduo se apropriar das objetivações mais
desenvolvidas do gênero humano, por exemplo.
Nesse início da vida humana, que é a educação que ocorre na e pela vida cotidiana,
forma-se o quem inspirado em Vigotsky e Heller, chamo de individualidade em si.
A esfera do social na qual todo indivíduo inicia sua formação é a da vida cotidiana.
O indivíduo aprende a reproduzir a si próprio, ou seja, aprende a viver sua
cotidianidade. Aprendendo a viver sua cotidianidade, todo ser humano forma sua
individualidade em si, isto é, consitui-se num “muda unidade vital de particularidade
e generecidade”. (DUARTE, 2013, p. 203)
Duarte chama a atenção para que nenhum ser humano pode manter relação consciente
com todas as suas ações, comportamentos, pensamentos e sentimentos. Há necessidade,
segundo o autor, para a viabilidade da vida cotidiana um certo “automatismo” (certa
espontaneidade) no que se refere a determinados aspectos da dinâmica interna e externa da
individualidade. Este automatismo é a base sobre a qual o individuo pode desenvolver suas
atividades mais complexas e livres. O autor salienta que ainda que a educação escola não se
limita à vida cotidiana, e trabalhe a relação do aluno com as objetivações genéricas para si
(ciência, arte, filosofia), há a mesma necessidade de formação de automatismos que se põe na
vida cotidiana. É o que Saviani (2003, pp. 18-20) chamou de formação de automatismos pela
escola de um processo deformação de uma segunda natureza:
É preciso entender que o automatismo é condição da liberdade e que não é possível
ser criativo sem dominar determinados mecanismos. Isso ocorre com o aprendizado
nos mais diferentes níveis e como exercício de atividades também as mais diversas.
[...] Por isso, é possível afirmar que o aprendiz, no exercício daquela atividade que é
objeto de aprendizagem, nunca é livre. Quando ele for capaz de exercê-la
livremente, nesse exato momento ele deixou de ser aprendiz. As considerações supra
podem ser aplicadas em outros domínios, como, por exemplo, aprender a tocar um
instrumento musical, etc. Ora, esse fenômeno está presente também no processo de
aprendizagem através do qual se dá a assimilação do saber sistematizado, como o
ilustra, de modo eloquente, o exemplo da alfabetização. Também aqui é necessário
dominar os mecanismos próprios da linguagem escrita. Também aqui é preciso fixar
certos automatismos, incorporá-los, isto é, torná-los parte de nosso corpo, de nosso
organismo, integrá-los em nosso próprio ser. Dominadas as formas básicas, a leitura
e a escrita podem fluir com segurança e desenvoltura. À medida que vai se
libertando dos aspectos mecânicos, o alfabetizando pode progressivamente, ir
concentrando cada vez mais sua atenção no conteúdo, isto é, no significado daquilo
que é lido ou escrito. Note-se que se libertar, aqui, não tem o sentido de se livrar,
quer dizer, abandonar, deixar de lado os ditos aspectos mecânicos. A libertação só se
dá porque tais aspectos foram apropriados, dominados e internalizados, passando em
consequência, a operar no interior de nossa própria estrutura orgânica. Poder-se-ia
dizer que o que ocorre, nesse caso, é uma superação no sentido dialética da palavra.
Os aspectos mecânicos foram negados por incorporação e não por exclusão. Foram
superados porque negados enquanto elementos externos e afirmados como
elementos internos. O processo acima descrito indica que só se aprende, de fato
quando se adquire um habitus, isto é, uma disposição permanente, ou, dito de outra
forma, quando o objeto de aprendizagem se converte numa espécie de segunda
natureza. (SAVIANI, 2003, p. 18-20. apud. DUARTE, 2013, p. 205).
O indivíduo em si alienado é aquele que não supera os limites para vir a ser o indivíduo
para si; essa superação pode ser impedida por barreiras sociais geradas pela divisão social do
trabalho e pela propriedade privada. A passagem do em si para o para si se dá através da
dialética da superação do em si por sua incorporação ao para si.
Em outras palavras, a individualidade em si não é necessariamente alienada, mas
quando as condições sociais não permitem que haja o movimento da individualidade
em si à individualidade para si, trata-se um processo de alienação. (DUARTE, 2013,
p. 206)

[...] O individuo [para si] é uma pessoa que sintetiza em si mesma a contingente
singularidade da particularidade e a universalidade da generecidade. As palavras
“sintetiza em si mesma” são muito importantes. Toda pessoa é, ao mesmo tempo,
singular e genérico-universal. (HELLER, 1977, pp. 55-56; 1984, p. 20. apud.
DUARTE, 2013, p. 207)

Duarte sintetiza que a individualidade para si é a ascensão do nível do simples


conhecimento que a pessoa possui sobre si própria e de seu pertencimento do gênero humano
para o nível da autoconsciência.
O processo de formação do indivíduo para si envolve um conjunto complexo de
fatores, sendo um deles a apropriação das objetivações genéricas para si. Cabe ao
trabalho educativo escolar um importante papel na mediação entre a relação
objetivação-apropriação que se realiza no cotidiano e a relação objetivação-
apropriação nos campos da ciência, da arte, da filosofia, ou seja, das objetivações
genéricas para si. Não se trata apenas de que a escola deve colocar os alunos em
contato com os conhecimentos científicos, artísticos e filosóficos, mas também, que
a escola deve produzir nos alunos a necessidade de apropriação permanente desses
conhecimentos em níveis cada vez mais elevados. A escola enriquecerá o aluno à
medida que produza nele necessidades formativas que não surgem espontaneamente
da vida cotidiana. A função da escola não é, portanto a de adaptar o aluno às
necessidades da vida cotidiana, mas de produzir nele necessidades referentes a
esferas mais elevadas de objetivação do gênero humano. Nesse sentido, a escola tem
por tarefa a transformação do aluno em um ser humano rico, no sentido que Marx
(2004, pp. 112-113) de a esse conceito. (DUARTE, 2013, p. 213)

A educação escolar na sociedade capitalista não poderá formar plenamente esse ser
humano rico, pois isso só poderá será alcançado com a superação dessa sociedade.
Mas já é possível, nas condições atuais, fazer com que os conhecimentos científicos,
artísticos e filosofias se tornem necessários para os indivíduos, produzindo o
movimento de superação dos limites da vida cotidiana e da individualidade
centradas na satisfação das necessidades particulares. Para isso, porém, o trabalho
educativo escolar precisa ter como referência, do ponto de vista da formação dos
alunos, o movimento de superação da individualidade em si por sua incorporação à
individualidade para si; e precisa ter como referência, para a definição dos
conteúdos e métodos de ensino, as objetivações mais desenvolvidas do gênero
humano. (DUARTE, 2013, p. 215)

Considerações
O presente trabalho tem por objetivo ser atividade de conclusão da disciplina de
monografia I e destacar a fundamentação teórica para o projeto de monografia intitulado A
escola e a formação da individualidade para si na perspectiva da pedagogia histórico-crítica.
Com base em leituras realizadas individualmente e coletivamente no grupo de pesquisa
Estudos Marxistas em Educação, buscou-se destacar aspectos que são relevantes para a
discussão que se pretende realizar ao longo do projeto de pesquisa.
REFERÊNCIAS

DUARTE, Newton. A individualidade para si: contribuição a uma teoria histórico-crítica da


formação do indivíduo. 3. ed. rev. Campinas: Autores associados, 2013.

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