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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL) – CAMPUS A.C.

SIMÕES
CURSO: HISTÓRIA (LICENCIATURA)
DISCIPLINA: PROFISSÃO DOCENTE
ACADÊMICO: MARIA EDUARDA ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA.

HUMANISMO E SENSIBILIDADE CRÍTICA NO CONTEXTO DA OPRESSÃO

O ser humano como ponto de partida, o centro de todo seu trabalho reflexivo. A busca de Paulo
Freire ao compromisso com a afirmação dos valores universais da vida humana, tendo como
movimento principal tudo que é elementar no seu contexto cultural, para ele essa questão foi
prioridade em toda sua trajetória, onde se evidencia na sua produção intelectual.

Em seu contexto de educador humanista, Freire apresenta sensibilidade perante a realidade de


opressão. Ao perceber os costumes, hábitos e visões culturais, constituem-se determinadas
maneiras de ser e existir, e é nesse viés que Freire afirma que para haver uma eficaz e coerente
prática educativa é preciso desvelar a ¨semântica e a sintaxe¨ da cultura das classes populares
com as quais se encontra. Para ele a educação trava uma relação dialética com a cultura.

A proposta político-pedagógica de Paulo Freire leva como tema central a cultura, ele reconhece
a cultura como abertura para iniciar um diálogo conectado com a realidade. A realidade cultural
concretizada não deve ser sobreposta por qualquer prática educativa, para que a prática
educativa seja democrática ela não poderá nunca ser invasiva.
O método freiriano estimula o alfabetizado a descobrir-se como produtor de cultura. Esse
exercício fazia com que eles, como os letrados, têm o poder da criação e recriação. Freire
provocava o iletrado a fazer uma leitura de mundo para que por meio disso ele seja guiado para
a leitura das palavras.
Paulo Freire utilizou-se da expressão artística para ¨desafiar¨ os animadores culturais,
formadores nos círculos de cultura.

CIRCULO DA CULTURA

Freire queria dizer para o sertanejo que sua atividade produtiva é tão importante quanto a de um
professor, médico, advogado, ele queria trazer essa autovalorização para essas pessoas simples e
analfabetas. O ¨Círculo de Cultura¨ foi o recurso apropriado para superar a rigidez do
formalismo escolar. A validade desse método atua sempre respeitado a Circunstancialidade da
situação, respeitando a conscientização numa realidade de diversidade cultural. As produções de
conhecimento a partir dos elementos culturais tornaram-se resistência contra o que Freire
nomeava de ¨invasão cultural¨.

Nesse momento o educador debatia bastante sobre as questões socioeconômica, a diversidade


cultural era um ponto em sua produção, mas é só após seu exilio que Freire constrói uma
problemática acerca do tema.

PAULO FREIRE E A EXPERIÊNCIA COM A DIVERSIDADE CULTURAL NO


EXÍLIO

Quando Paulo Freire foi vítima da opressão militar e exilado, ele refletiu bastante sobre sua
situação. Freire utilizou-se desse cenário para refletir sobre a necessidade e cuidados essenciais
para que mesmo estando inserido em outra realidade e aprendendo sobre ela, seus valores
culturais fossem mantidos.
O pedagogo frisa sobre sua experiência com a percepção da forte marca cultural que ele carrega,
as faltas de valorização dessas marcas tornam-nas fracas.
E é nesse momento, aos poucos, que Freire vai incorporando a temática de multiculturalidade ao
seu pensamento crítico, como elemento pensável para a problematização de uma legitima
prática educativa libertadora. O pedagogo não enxerga a Diversidade cultural como um conceito
abstrato, para ele as experiências de sua própria história precisam ser cuidadas com
sensibilidade.

Freire olhava para educação com a visão de liberdade, ele lutava para que as pessoas oprimidas
tomassem um tom crítico por meio da educação e fossem levadas para uma transformação.
O pedagogo traz o conceito de ¨Ação cultural¨ como atividade da liberdade, para que os
indivíduos se conscientize como parte de uma realidade que pode romper a cultura do silêncio
imposta pelas classes dominantes.

¨Se a mudança faz parte necessária da experiência cultural, fora da qual não somos, o que
se impõe a nós é tentar entendê-la na ou nas razões de ser. Para aceitá-la ou negá-la
devemos compreendê-la, sabendo que, se não somos puros objeto seu, ela não é tampouco
o resultado de decisões voluntaristas de pessoas ou de grupos. ¨ (FREIRE, 2000, p. 17).

A síntese cultural tem o intuito de incorporar a ação do povo como luta da superação da cultura
da alienação. Buscando o humanismo crítico sem anular as diferentes formas de ¨ação
transcultural¨. A educação Inter/transcultural na perspectiva de Freire, acontece como prática da
liberdade que acontece em uma respeitosa associação das igualdades e preservação das
diferencias. Essas reflexões nos permitiram compreender o sentido pedagógico do exílio na vida
de Paulo Freire no que se refere ao tratamento das questões sobre a diversidade cultural. A
convivência em ambientes culturalmente diversos desestabilizou e enriqueceu sua reflexão
sobre a politicidade da cultura.

UM HUMANISMO CRÍTICO PARA A EDUCAÇÃO TRANSCULTURAL

A abordagem multicultural e a intercultural resultam em avanços consideráveis no exercício da


valorização da diversidade cultural no contexto educacional. Ambas apresentam limitações que
precisam ser discutidas para que se possa avançar mais nessa discussão. A crítica feita se refere
à perspectiva da ¨justaposição¨ das culturas que estão em um mesmo espaço.

A educação transcultural coloca em evidência a necessidade de que os indivíduos atravessem


suas próprias fronteiras culturais. A transculturalidade implica num avanço de si mesmo em
relação ao outro, e do outro em relação a si mesmo. É pertinente conectar a contribuição da
pedagogia freiriana à educação transcultural, pois, é necessário passar uma visão da diferença
cultural como ¨realidade não reconhecida¨ ou ¨problema a resolver¨ à diversidade cultural como
uma ¨oportunidade¨ (OCDE, 2010).

O Círculo de cultura, enquanto espaço que vai além do formalismo da sala de aula pode ser um
lugar propício para a prática de ¨transculturalidade¨.
Freire estimulou que as palavras geradoras têm o potencial de desmascarar a estrutura de
opressão em uma determinada situação.
A conscientização na perspectiva da transculturalidade leva o oprimido a tomar consciência de
sua situação de ¨diferente¨ e a (inter) agir, ampliando as esferas possíveis de comunicação pelo
diálogo. A capacidade de analisar os problemas em sua profundidade, a confronta seu ponto de
vista com o dos outros, a ultrapassar os pré-conceitos.
A Síntese Cultural, enquanto resultado do exercício dialético entre todos os atores envolvidos
no processo educativo da transculturalidade é a expressão máxima da tomada de consciência
individual e coletiva do que os diferencia e do que os iguala. O humanismo político-pedagógico
que se caracteriza na atitude de sensibilidade crítica do educador compromissado com uma
prática educativa dialógica capta a ¨sintaxe¨ das palavras geradoras que sejam significativas para
o intercâmbio cultural.
REFERÊNCIA

PEROZA, Juliano; P. DA SILVA, Camila; AKKARI, Abdeljalil. PAULO FREIRE E A


DIVERSIDADE CULTURAL: UM HUMANISMO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA
ATRANSCULTURALIDADE NA EDUCAÇÃO. PAULO FREIRE E A DIVERSIDADE
CULTURAL, Revista Reflexão e Ação, ano 2013, v. 21, n. 2, p. 461-481, 1 jul. 2013.
Disponível em: http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex. Acesso em: 12 fev. 2023.

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