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DOI: 10.1590/1413-81232015202.

00512014 537

Educação em saúde ou projeto terapêutico compartilhado?

TEMAS LIVRES FREE THEMES


O cuidado extravasa a dimensão pedagógica

Health education or a shared therapeutic project?


Health care goes beyond the pedagogical dimension

Helvo Slomp Junior 1


Laura Camargo Macruz Feuerwerker 2
Marcelo Gerardin Poirot Land 3

Abstract The general objective of this research Resumo Pesquisa que teve como objetivo geral
was to assess the possible contribution of homeop- compreender as possibilidades de contribuição da
athy to the development of caregiving therapeutic homeopatia na construção de projetos terapêu-
projects in multidisciplinary workshops of perma- ticos cuidadores, em oficinas multiprofissionais
nent education in health, in the context of prima- de educação permanente em saúde, no contex-
ry health care. The chosen points of analysis were to da atenção básica. Como analisadores foram
the series of inconveniences expressed by health escolhidos os incômodos que os trabalhadores
workers with respect to their work processes and it da saúde manifestaram com relação ao seu pro-
was the emergence of the theme of health educa- cesso de trabalho e a emergência, nos primeiros
tion in the first meetings with the teams that led to encontros com as equipes, do tema da educação
the production of this article. This study discusses em saúde, que motivou a produção deste artigo.
the existential territory of “being a health profes- Discute-se o território existencial “ser profissional
sional” as understood from a concept of education de saúde” como sendo instituído a partir de uma
as a significant benchmark, and of a certain in- concepção de educação como referente significan-
terventionist mission as a transcendent value. A te, e de certa missão intervencionista como valor
progressive waning of the importance of health transcendente. Observou-se ao longo das oficinas
education was observed during the workshops, um esvaecimento da importância do tema da
sometimes even disappearing from the discus- educação em saúde, por vezes até desaparecendo
sions, as the caregiving therapeutic projects took das discussões, na medida em que os projetos te-
shape. The conclusion reached is that this waning rapêuticos cuidadores se constituíam. Conclui-se
1
Departamento de Saúde involved a process of moving towards a pact with que tal esvaecimento consistiu em um processo de
Comunitária, Universidade the health system user, eventually considered to desterritorialização no sentido de uma pactuação
Federal do Paraná. Rua be a valid interlocutor; and that health care tran- com o usuário, tido ao final como um interlocutor
Padre Camargo 280/7º,
Centro. 80060-240 scends any strictly pedagogical dimension. válido; e que o cuidado ultrapassa a dimensão es-
Curitiba PR Brasil. Key words Permanent health education, Health tritamente pedagógica.
helvosj@gmail.com education, Therapeutic project Palavras-chave Educação permanente em saúde,
2
Prática de Saúde Pública,
Faculdade de Saúde Pública, Educação em saúde, Projeto terapêutico
Universidade de São Paulo.
3
Departamento de Clínica
Médica, Faculdade de
Medicina, Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
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Slomp Junior H et al.

Introdução entre si e com o mundo, produções do viver e


do pensar que se constituem socialmente. Por
O presente artigo problematiza as produções de vezes tais relações naturalizam discursos e certos
campo de uma pesquisa que, embora estudasse equilíbrios: o chamado instituído8. Já para Michel
as possibilidades de contribuição da racionalida- Foucault10 instituição é tudo que em uma socieda-
de homeopática na construção de projetos tera- de funciona como sistema de coerção, sem ser um
pêuticos cuidadores, produziu também resulta- enunciado, ou seja, todo o social não discursivo. De
dos que prescindiram de noções ou perspectivas outro lado há os movimentos instituintes, que dão
advindas dessa racionalidade, e que aqui foram lugar à invenção engendrada com a finalidade de
relatados e discutidos. A seguir serão apresenta- vazar a realidade instituída. A AI poderia então
dos os conceitos centrais do referencial adotado, ser definida como uma intervenção claramente
e, na seção “métodos”, os conceitos operativos política (em suas dimensões macro e micro) no
utilizados. sentido de fazer ver as instituições que de fato
A noção de projeto terapêutico tem uma ori- permeiam cada realidade, colocá-las em análise,
gem bem conhecida no campo da saúde: o movi- a fim de produzir novas subjetividades: “intervir
mento de desinstitucionalização manicomial na para investigar” e “transformar para conhecer”
Itália dos anos 1960 e 1970; naquele momento, são conhecidos motes institucionalistas8.
diante do desafio de se obter novas propostas de Outro conceito dessa matriz, aqui utilizado,
cuidado para o sofrimento mental, havia que se é o de analisadores, visto como tudo aquilo que,
inventar outros dispositivos1. Observa-se a ne- ao gerar novas questões, coloca a realidade ins-
cessidade de se produzir um olhar implicado não titucional em análise. Dentre eles há os que sur-
somente em reconhecer os problemas de saúde, gem internamente ao próprio grupo em análise8:
mas também em produzir relações e construir uma fragmentação ou incomunicabilidade inter-
uma cadeia de cuidados2. Essa proposta emitirá na na equipe, a dificuldade para lidar com certa
ressonâncias, inclusive no Brasil, a começar pela incompatibilidade pessoal para com o usuário,
experiência santista de saúde mental, na primeira ou a crença em uma solução definitiva originada
metade dos anos 19901, ganhando novas formu- externamente ao grupo em questão, só para dar
lações no contexto brasileiro das reformas sani- exemplos coerentes com a produção aqui relatada.
tária e psiquiátrica, a exemplo da corrente Em Pode-se também lançar mão dos chamados
Defesa da Vida do movimento sanitário, desde o dispositivos, ou seja, quaisquer analisadores cons-
final dos anos 1980 e durante os anos 1990. Na truídos por um mediador (no caso o pesquisa-
ocasião Merhy3, por exemplo, aponta o projeto dor-facilitador) junto a um coletivo em análise8.
terapêutico como um dos dispositivos estratégi- Para Foucault10, dispositivo é uma rede que se
cos no processo de trabalho em saúde; nos anos estabelece entre elementos heterogêneos (discur-
2000 o mesmo autor, dentre outros, volta ao tema sos, decisões regulamentares, medidas adminis-
quando se ocupa da mudança da escola médica4. trativas, enunciados científicos, proposições filo-
Paralelamente desenvolve-se também a produ- sóficas e morais), é a natureza mesma da relação
ção de outra vertente de pesquisas, empenhada que pode existir entre estes elementos (mudanças
em desenvolver e operacionalizar um modelo de de posição e de funções), sendo de ordem tanto
projeto terapêutico, chamado “singular”, na con- discursiva como não discursiva. Considerando
dição de método, dentre outros, a ser empregado que nesta pesquisa operamos este conceito como
no contexto da chamada clínica ampliada5,6, e ferramenta em ato, acrescentamos que para Fou-
proposto particularmente para o âmbito da aten- cault um dispositivo é uma intervenção racional
ção básica7. e organizada nas relações de força em jogo em
Outro importante referencial para esta pes- determinado cenário social, tendo, portanto,
quisa é o da análise institucional (AI), cujos tra- uma função estratégica quando se pretende ope-
balhos iniciais remetem aos autores René Lourau rar tais forças, estabilizando-as ou desenvolvendo
e Georges Lapassade. Este estudo orientou-se a -as em determinada direção10.
partir de uma produção brasileira posterior8, Um último conceito da AI utilizado na pesqui-
bem como sua articulação com o campo da cha- sa é o de implicação, tratando-se do conjunto de
mada micropolítica, em especial a produção de vínculos afetivos, históricos e profissionais entre
Felix Guattari9. Desse campo utilizaremos inicial- indivíduos e grupos, da organização ou mesmo
mente o sentido de instituições, tomadas aqui não de todo o sistema institucional, enfim8. Merhy11
no sentido de organizações ou estabelecimentos, entende que o sujeito epistêmico, almejado pela
mas no de relações que os homens estabelecem ciência hegemônica por ser idealmente impar-
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cial no campo da produção do conhecimento, é meio delas o usuário tem maiores possibilidades
aquele que, de posse de certos métodos e teorias, para negociar, interagir, e até disputar sentidos e
se debruça sobre os objetos da ciência; porém, significações do encontro pelo cuidado que está
o autor alerta que o mesmo não precede os de- (ou não) sendo construído. As tecnologias leves,
mais sujeitos (técnico, político, pedagógico e dos matriz essencial para a construção de projetos
afetos) possivelmente envolvidos nesse processo, terapêuticos, e mesmo de modelos assistenciais
especialmente aquele que o autor denomina su- que defendem que toda a vida vale a pena, confi-
jeito implicado: o que busca a construção de um guram uma potente caixa de ferramentas para se
conhecer militante dispondo-se à autoanálise, à construir uma dimensão efetivamente cuidadora,
ressignificação de suas próprias intencionalidades. seja no âmbito da gestão como no da atenção à
O referencial da educação permanente em saúde3,14. No presente estudo foi utilizada essa
saúde (EPS) pode ser resumido a partir das revi- formulação brasileira da EPS como matriz para
sões de Merhy et al.12 e de Merhy e Feuerwerker13. viabilizar a operação metodológica.
Construída a partir de vários referenciais teóri- Esta pesquisa teve como objetivo geral com-
cos – incluindo o do brasileiro Paulo Freire – e preender as possibilidades de contribuição de
visando inicialmente uma reforma da aprendiza- conceitos advindos da homeopatia na construção
gem de adultos, a EPS parte dos incômodos vi- coletiva de projetos terapêuticos cuidadores, em
venciados com a realidade vivida em ato, e conta oficinas multiprofissionais de educação perma-
com os saberes prévios de cada sujeito, tornando nente em saúde, no contexto da atenção básica
possível e necessária uma aprendizagem chama- à saúde.
da significativa. O acréscimo de ferramentas do
chamado Planejamento Estratégico Participativo
transmuta os problemas de saúde de causadores Métodos
de sofrimento e incômodos a também substratos
do processo pedagógico no cotidiano do trabalho Tratou-se de um estudo exploratório do tipo
em saúde, possibilitando assim que se obtenha pesquisa-intervenção em saúde. Segundo Rocha
dos mesmos toda a potência transformadora que e Aguiar15, neste tipo de pesquisa a intervenção
a realidade em saúde oferece12,13. se articula à pesquisa para produzir outra relação
Uma formulação brasileira da EPS se consoli- entre instituição da formação-aplicação de conhe-
dará como política pública em meados dos anos cimentos, teoria-prática, sujeito-objeto, o que faz
2000, no Ministério da Saúde, ao incorporar a com que, ao mesmo tempo, o pesquisador abdi-
perspectiva da AI e, principalmente, radicalizar o que de suas neutralidade e objetividade quando
diálogo da educação permanente, advinda origi- da apreensão da realidade e produção de conhe-
nalmente da Organização Pan-Americana da Saú- cimento. Considerando o sujeito implicado, que
de, com a produção teórico-prática referenciada a segundo Mehry11 é aquele que não desvincula a
partir do campo da micropolítica do trabalho e do produção de conhecimento de um sentido para
cuidado em saúde4,12,13. Essa nova vertente de EPS sua própria ação, empreendemos neste estudo
parte da perspectiva de que, se saúde se produz um esforço no sentido de mapear em ato os sujei-
em ato, tais atos de saúde são concretizados pelos tos envolvidos em suas várias manifestações exis-
trabalhadores quando de posse das três formas tenciais, considerando as implicações e as tensões
de tecnologias em saúde: as duras (instrumentos, que as disputas territoriais engendram.
medicamentos, equipamentos, tudo que resulta O pesquisador realizou e coordenou, acom-
do trabalho morto); as leve-duras (conhecimen- panhado por três alunas bolsistas do curso de
tos técnicos estruturados) e as leves ou relacionais, medicina da Universidade Federal do Paraná,
aquelas que conferem a “vida” propriamente dita trinta e quatro oficinas de EPS, realizadas sema-
a esse trabalho tão peculiar, que é vivo e acontece nalmente, durante o horário de atendimento das
em ato, produtor (ou interditor) do cuidado4,14. unidades básicas, junto a cinco equipes de saúde
Destas, a EPS irá posicionar as tecnologias leves da família de três unidades do município de Co-
como orientadoras das demais, entendendo-as lombo (PR), com uma a duas horas de duração.
como o conjunto de relações vividas em ato no Cada equipe era formada por oito profissionais:
encontro trabalhador da saúde-usuário (escuta, uma médica (o), uma enfermeira (o), uma téc-
interesse, vínculos, confiança, ética), possibilitan- nica (o) de enfermagem e cinco agentes comu-
do a apreensão das singularidades: o contexto, o nitários de saúde, e em uma delas conseguiu-se
universo cultural, os modos específicos de sen- que uma profissional da recepção da unidade
tir e de viver, as relações afetivas e de poder. Por participasse. O pesquisador principal, também
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Slomp Junior H et al.

coordenador das oficinas, já havia atuado como Decorre desta noção de agenciamento cole-
médico neste município, em outras unidades, tivo de enunciação o conceito de território exis-
porém durante o período do estudo trabalhava tencial ou identitário, tal como definido por Félix
na equipe de gestão central da saúde. Guattari9: a concepção tradicional de sujeito, ra-
Como estratégia metodológica, as oficinas de cionalista-estruturalista, pressupõe a individua-
cada equipe foram disparadas com a problema- ção como unificadora de estados de consciência
tização das seguintes questões: o que é um caso (na ordem do Eu) e o foco da expressividade.
difícil para esta equipe?; por que este caso, e não Para tanto, lança-se mão de conjuntos discur-
outro qualquer?. A seguir iniciava-se a elaboração sivos, dentre eles: os referentes significantes, que
coletiva de um projeto terapêutico para o caso. O compõem as chamadas expressões semiológicas
som de tais encontros foi gravado, e concomitan- (família, educação, meio ambiente, religião, arte,
temente o pesquisador anotou suas observações esporte, indústria da mídia); e os valores trans-
em um diário de campo. Também foi solicitado cendentes, incluindo, por exemplo, o verdadeiro,
que, ao final do período do trabalho de campo, o bem, e o belo. Por repetição intensiva desses
os sujeitos redigissem uma narrativa relatando conjuntos discursivos e valores transcenden-
como foi, para cada um, vivenciar a experiência tes afirma-se certa normatização dos processos
da pesquisa. De todos, nove sujeitos atenderam a existenciais, ou um território existencial autor-
esta solicitação, e as impressões e considerações referenciado. Os analisadores que emergiram no
contidas nessas narrativas foram incorporadas decorrer do estudo foram escolhidos com base
como material empírico a ser processado. Em- nessa perspectiva.
pregou-se o projeto terapêutico pressupondo-se Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
que a potência transformadora desse recurso de- Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Cle-
pende mais da condição em que o mesmo é uti- mentino Fraga Filho (UFRJ). Após a aprovação
lizado: não somente como método, instrumento ética do projeto, a participação de cada sujeito se
ou recurso, antes como dispositivo para a produ- fez após leitura e assinatura do Termo de Con-
ção do encontro e do cuidado. sentimento Livre e Esclarecido.
Além do referencial já citado na seção ante-
rior, a análise do material obtido se valeu de ou-
tros conceitos operativos do campo da micropo- Resultados
lítica. Entende-se enunciado como “atos de fala”,
considerando que o que se transmite pela lingua- Consideramos que o analisador principal ou
gem são de fato “palavras de ordem”, formadas a central, que esteve presente em todos os grupos
partir de um agenciamento coletivo de enunciação, foi o conjunto de incômodos que os trabalhado-
este compreendido como conjugação de expres- res manifestaram com relação ao seu processo de
são e de conteúdo a emergir tanto a partir da trabalho. Este foi desdobrado em dois analisado-
significância da comunicação (pressupondo a in- res operacionais, cada um composto por diversos
terpretação) como dos processos de subjetivação enunciados. Tal divisão teve tão somente cunho
(pressupondo a ação)16. Nas palavras de Deleuze e pragmático, e foi desenvolvida apenas para fins
Guattari16: Chamamos palavras de ordem não uma de análise, não se constituindo em um processo
categoria particular de enunciados explícitos (por de categorização. A seguir o “primeiro” e o “se-
exemplo, no imperativo), mas a relação de qualquer gundo” analisadores.
palavra ou de qualquer enunciado com pressupostos O primeiro analisador é o conjunto de falas
implícitos, ou seja, com atos de fala que se realizam frequentes sempre que são proporcionados espa-
no enunciado, e que podem se realizar apenas nele. ços coletivos de discussão nas equipes de saúde,
As palavras de ordem não remetem, então, somente ou ainda se aciona dispositivos de apoio ou su-
aos comandos, mas a todos os atos que estão liga- pervisão junto às mesmas. Neste bloco também
dos aos enunciados por uma ‘obrigação social’. No foram agrupados os enunciados organizados en-
mesmo texto os autores delimitam a perspectiva quanto demarcação de certo território identitá-
utilizada nesta pesquisa16: Não basta considerar o rio que chamaríamos ser profissional de saúde, ou
significado, ou mesmo o referente, visto que as pró- seja, o referente significante ou conjunto de pres-
prias noções de significação e de referência relacio- supostos e convicções que demarca tudo aquilo
nam-se ainda a uma estrutura de expressão que se que identificaria esse trabalhador enquanto ator
supõe autônoma e constante. [...] O conteúdo não é em si no campo da saúde. O primeiro deles é o
um significado nem a expressão de um significante, conjunto de sentimentos de impotência, fragili-
mas ambos são as variáveis do agenciamento. dade, angústia ou tristeza que se manifestam na
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equipe frente ao sofrimento em geral. Também cer um território identitário que aqui denomi-
impasses nas relações trabalhador-usuário, como namos ser profissional-educador em saúde, uma
pre­conceitos, sentimento de “aversão”, impulsos dimensão que certamente integra o território
de “desistir” do caso. Significativo foi o dilema da identitário anteriormente citado, porém artifi-
intervenção terapêutica: se a medicamentosa di- cialmente destacada neste estudo em função da
z-se ser principalmente médica, então quem faz relevância que as equipes lhe deram nos momen-
e como se faz a não medicamentosa? Por vezes tos iniciais do trabalho de campo da pesquisa.
questionava-se de quem é o caso? se acionamos, Tal relevância se manifestou em enunciados tais
p. ex., o Serviço Social, “passamos” o caso para como: sensação de frustração da equipe frente ao
eles? depois disso, ele não é mais “nosso”? Em malogro das ações “educativas” junto aos usuá-
alguns casos haveria usuários ditos “invisíveis” rios, a multiplicidade de usuários e as diferentes
para as equipes, por não estarem à frente dos in- possibilidades de reação-oposição às ofertas edu-
teresses imediatos da equipe. Em algumas ofici- cacionais convencionais em saúde, as implicações
nas debateu-se o profissional de saúde e o mito dos pressupostos ou convicções a priori de parte
de um necessário intervencionismo imediato e dos trabalhadores; e as dificuldades em lidar com
radical sobre os problemas de saúde. Frequente as múltiplas disputas pelo cuidado.
também a noção de que uma solução externa à Entretanto, a demanda pela EES foi perdendo
equipe sempre deve ser aportada como auxílio centralidade a cada debate com as equipes: em al-
para a resolução dos desafios cotidianos. Não foi guns casos porque a adesão pelo usuário a outro
esquecida a múltipla dimensão da abordagem modo de vida aconteceu, em outros porque isso
familiar e sua difícil apreensão-operação. A ope- aconteceu antes mesmo que algumas das supos-
ração do projeto terapêutico em matriz de EPS tas necessidades que a tivessem trazido às discus-
por vezes apareceu como intensificação do caso, sões houvessem sido inteiramente resolvidas, e
gerando mais desconforto ao invés de solucionar em outros porque outras ou novas necessidades
a expectativa inicial de aportes. Por fim,os vazios teriam se tornado agora mais importantes para
programáticos e assistenciais fragmentando a todos os envolvidos.
atenção à saúde não deixaram de marcar presen-
ça como desafios concretos à efetivação do cuida-
do na atenção básica. Discussão
Em alguns casos não se obteve, durante o pe-
ríodo do estudo, nenhuma mudança que não a Considerando que o trabalho em saúde aconte-
de provocar esses incômodos, no entanto ainda ce sempre em ato, e a partir de um importante
assim pareceu haver autoanálise. No entanto a grau de autonomia do trabalhador que o executa4
maioria das equipes também relatou vivências como um poderoso encontro, passível de produ-
importantes no sentido do fortalecimento do zir (ou não) o cuidado, e configurador mesmo
vínculo com o usuário, bem como do trabalho dos reais cenários das disputas de projetos de
em equipe e da construção de redes de cuidado. saúde e de cuidado, entendemos que é justamen-
No contexto empírico que se organizou no te a partir de mudanças nesse processo de traba-
estudo, em geral no início dos trabalhos com lho em saúde que se poderão ancorar as transfor-
cada equipe, o tema da educação em saúde (EES) mações significativas no sentido da potencializa-
emergiu por diversas vezes e em várias equipes, ção do cuidado2,14. Mas para tanto se deve contar
especialmente quando do enfrentamento das com apoiadores ou facilitadores a operarem em
doenças crônicas. Por outro lado, ao longo dos espaços coletivos especialmente criados e po-
debates e no desenvolver de novas ações, as mu- liticamente garantidos para tal, além de ferra-
danças de perspectiva obtidas com as discussões mentas ou dispositivos operativos que tragam,
de casos coincidiram com um escasseamento em seu bojo, a capacidade de afetar e se deixar
progressivo de tais preocupações nas falas, e a de- afetar, em cada situação do cotidiano do trabalho
manda pela EES gradativamente perdeu centra- em saúde2. Afetar, em tempo, com base em um
lidade enquanto intencionalidade técnica, para projeto ético-político muito claro, uma implicação
que a seguir ganhassem destaque outras ações inegociável: a produção do cuidado visando a
cuidadoras na esfera das tecnologias leves, indu- defesa de toda e qualquer vida, tendo no usuá-
zindo à delimitação de um analisador específico, rio um interlocutor válido com quem há que se
a ser desenvolvido a seguir. estabelecer pactuações2,11. Nesses espaços, e com
O segundo analisador reuniu então enuncia- a mediação de facilitadores ou apoiadores, a EPS
dos que expressam tensões ao se tentar estabele- expõe os desconfortos presentes no cotidiano do
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trabalho colocando-os em análise, gerando assim ros de nosso sistema de saúde. Admitamos tam-
autoanálise e autogestão17. Portanto, nessa ma- bém que aportes externos à equipe são por vezes
triz não se opera um apoio na externalidade de necessários, especialmente no que toca à falta de
quem traz para as equipes de saúde soluções ou pessoas e recursos, como também no que toca às
métodos a serem aplicados, como alguns traba- tecnologias leve-duras e duras; porém até mesmo
lhadores chegaram a demandar em um primeiro as evidentes fragilidades da cadeia de cuidados
momento, durante as primeiras oficinas, mas sim disponível podem ser enfrentadas, ao menos em
um apoio das afecções, uma mediação-facilitação parte, a partir de uma construção coletiva de no-
em que se celebra a multiplicidade de existências, vos fluxos e, principalmente, da constituição de
mais do que se as discrimina ou se tenta somente uma equipe efetiva.
corrigi-las ao substituir representações de risco Um enunciado que possibilitou discussões
por representações mais adequadas a uma ordem bastante produtivas foi a noção de intervencionis-
preventivista. mo imediato e radical sobre os problemas de saúde,
Com efeito, os analisadores deste estudo ad- que quase todos os sujeitos verbalizaram, em al-
vieram desse incômodo que os dispositivos e tec- gum momento. É interessante o que se enuncia
nologias empregados engendraram: uma inten- quando se questiona, como por exemplo: O que
sificação das relações no próprio cotidiano das é “resolver” efetivamente um problema? O que é
equipes. As reuniões deste estudo eram realizadas “agir” para resolver um problema? Tal ação efeti-
em meio à rotina das equipes na unidade básica va e “objetiva” contemplaria somente tecnologias
de saúde, em meio aos mais variados atravessa- duras e leve-duras? O tema da institucionalização,
mentos a que essa mesma rotina era submetida por exemplo, que surgiu em casos relacionados à
com a instauração da pesquisa, e que ao mesmo saúde mental e a cuidados domiciliares, incitou
tempo impingia à mesma, o que afetava intensa- um reposicionamento do agir em saúde, especial-
mente as discussões e a própria produção obtida: mente no que toca ao cuidado, já que provocou
quem analisa também se põe em análise. a reflexão quanto a um projeto ético-político que
Vale destacar o seguinte enunciado relaciona- ultrapassa o ato de tentar, simplesmente, “erradi-
do ao primeiro analisador: a operação do projeto car” rapidamente um problema. Obviamente que
terapêutico em matriz de EPS como intensificação aqui não se está relativizando o valor de inter-
do caso, gerando desconforto ao invés de solucionar venções necessárias em casos de urgência-emer-
a expectativa inicial. Observe-se que não se trata gência, por exemplo, no entanto cabe a pergun-
aqui exatamente do mesmo desconforto presente ta: cuidar ou obedecer a uma palavra de ordem?
no analisador central do estudo, ou o é, porém Somente outro agenciamento coletivo possibilita
levado ao limite, pois o processo exigiu bastante autoanálise e reposicionamento das implicações,
de cada participante, fazendo-o parte da cons- o que se confirma possível na matriz de EPS13,17.
trução dos caminhos produtivos no sentido da Porém o principal objeto deste artigo foi jus-
transformação de seu cotidiano. Com esse ana- tamente o fato de que certa temática emergiu
lisador emergiram também enunciados que per- com intensidade no processo inicial da pesquisa,
passam vários aspectos do trabalho em equipe a da EES, fato que levou à escolha de se delimitar
na atenção básica, e que foram problematizados um segundo bloco de enunciados (ou segundo
nos coletivos: desde a delimitação do espaço de analisador) e uma nova questão: o que teria leva-
trabalho do profissional na equipe (as diversas do as equipes a valorizar de tal maneira a suposta
atribuições no contexto da intervenção terapêu- necessidade de técnicas eficazes de EES, quando
tica, e os limites interprofissionais de responsabi- da construção de um projeto terapêutico?
lização pelo caso), passando pelas relações com Vejamos. A EES, também conhecida como
o usuário, que por vezes é de difícil vinculação, e “educação sanitária”, tendo sido considerada um
até mesmo ausência delas quando sequer certos ramo ou método da medicina preventiva18, pode
usuários são percebidos como tal, pela equipe. ser entendida como o processo educativo de cons-
Também enunciados que apontam as delicade- trução de co­nhecimentos em saúde que visa à apro-
zas em torno da necessária abordagem familiar, priação temática pela popu­lação19; ou um modo
que, entretanto, traz consigo indiscutível potên- de fazer as pessoas do povo mudarem seus hábitos
cia de construção do cuidado. Os desconfortos para assimilarem práticas higiênicas e recomenda-
abordados aqui culminam com a intensidade dos ções médicas que evitariam o desenvolvimento de
sentimentos de impotência, fragilidade, angústia um conjunto de doenças20, a exemplo das pales-
ou tristeza frente ao sofrimento em geral. Sem es- tras para a comunidade, tidas como repasse de
quecer, é claro, dos vazios estruturais corriquei- normas e orientações de higiene e boas condutas20.
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A respeito do tema muito se discutiu e experi- comportamental? Ou ela teria acontecido de ou-
mentou ao longo das últimas décadas no mundo tro modo? As respostas, em sua maioria positivas,
ocidental, desde que a necessidade de prevenção indicavam uma mudança, recente e ainda mais
e enfrentamento de um certo “risco” aparece para importante para os trabalhadores, agora não so-
os trabalhadores do setor saúde21. mente relativa ao usuário, mas à própria equipe.
Diversas vertentes procuraram formular Entendemos que outro agenciamento foi
abordagens de EES cada vez menos verticais, mobilizado pela pesquisa, deslocando palavras
procurando-se ir além do simples convencimen- de ordem de um território instituído. O dispo-
to eficiente do usuário para se induzir uma mu- sitivo projeto terapêutico construído com base
dança comportamental20,22. Na opinião de Pereira em tecnologias leves era mantido durante todas
et al.23, ao estudarem as representações negativas as discussões, levando invariavelmente os sujeitos
acerca da vacinação H1N1 durante o pré-natal, envolvidos a privilegiarem outras fragilidades em
torna-se essencial o desenvolvimento de estraté- seu processo de trabalho, que não necessariamen-
gias de comunicação entre o profissional de saúde te a carência de técnicas apropriadas para induzir
e as gestantes para o estabelecimento de relação de mudanças comportamentais junto aos usuários.
confiança. Uma leitura micropolítica diria que as Novos dispositivos passaram então a ser utiliza-
relações cuidadoras precedem as representações, dos no processo de facilitação dos trabalhos. O
e que não se adentrou a dimensão cuidadora se que efetivamente mudou? Mudou a abordagem,
não houve nenhuma mudança; por outro lado, deixou de ser necessário “ensinar” alguém que se
se há efeito, é imprescindível acompanhar em deve fazer isso ou aquilo? Ou percebeu-se que há
que direção o movimento aconteceu, apoiando, toda uma vida que requer cuidado, e que é preci-
facilitando o processo na direção da produção do so conhecer melhor antes de qualquer prescrição
cuidado. comportamental?
Ou seja, o agenciamento que nos leva, profis- Esta análise tende pela segunda opção: o
sionais de saúde devidamente conformados em tema da EES, ao emergir e depois desaparecer,
nosso território, a intervir, como vimos, inclui configurou-se como um pressuposto implíci-
ações educativas, e traz à tona um pressupos- to bastante frágil quando colocado em análise
to implícito: não está em questão se se deve ou o território existencial em que vinha ancorado,
não e quando educar o usuário no que se refere configurando-se um processo de desconstituição
à forma mais adequada de viver, já que há um do território autorreferenciado do profissional
risco a enfrentar, mas sim a forma mais eficiente de saúde, que autores como Guattari9 e Deleuze
de expressão de que se deve lançar mão para tal. e Guattari16 denominariam desterritorialização. O
Algum desconforto inicial com relação à propos- pressuposto aqui utilizado é o de que somos (nós
ta de redução de danos, percebido em certas ofici- profissionais de saúde) formados no contexto de
nas nas quais se debateu este conceito, acredita- um território de convicções normatizadoras do
mos que confirma a constituição de tal território comportamento que objetivam a legitimação de
identitário, pois aceitar a redução de danos, em prescrições, eis “nosso” território.
lugar de se induzir a abstinência de algo, ameniza Importante dizer que o processo de desterrito-
qualquer intervencionismo. Na pesquisa tal iden- rialização, sempre passível de acontecer em coleti-
tidade do profissional de saúde parecia ter per- vos em que a lógica dos afetos impere, tem grande
corrido uma desterritorialização de sua missão potência se fizer emergir outro engajamento éti-
pedagógica de ordem intervencionista, processo co-político com base em um projeto de defesa de
esse que ao final produziu algumas mudanças toda e qualquer vida4,11, que consideramos essen-
nas equipes e até mesmo nas vidas dos próprios cial no contexto do trabalho vivo em ato: dar exis-
usuários envolvidos, constatação baseada no fato tência ao cuidado em saúde tendo como pressu-
de que, como já relatado, no presente estudo a posto implícito um projeto usuário-centrado. Só
demanda pela EES foi perdendo centralidade a assim entende-se possível adentrar outro regime
cada debate com as equipes. semiótico que engendre agenciamentos enunciati-
Portanto, outra ordem de questionamento vos capazes de abrir possibilidades para mudanças
se nos surgiu no decorrer dos encontros com efetivas na realidade, mesmo que concomitante-
as equipes: por que a EES é apresentada como mente a novas reterritorializações.
grande fonte de tensões e fragilidades pelas equi- Vale observar, a respeito disso, que qualquer
pes, e em seguida vai se apagando, nos debates, desterritorialização precisa mesmo ser conduzi-
por vezes não mais sendo citada? Questionou-se da com prudência, de maneira meticulosa, posto
também: deixou de ser necessária tal mudança que ela transpõe limiares, e pode conduzir até
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Slomp Junior H et al.

mesmo a perdas consideráveis24. Com efeito, o ir além da missão de ensinar alguém a viver, e o
trabalho de facilitação de coletivos no âmbito da caminho para tal poderia ser indicado, no caso
EPS é uma operação intensiva de tecnologias le- das equipes de saúde da família, pelo modo como
ves e, como tal, pode tanto produzir ferramentas se tira proveito de dispositivos como o projeto
para a potencialização do cuidado no cotidiano terapêutico. Urge provocar a desterritorialização
das equipes, como também desfazer trabalhos com prudência e com o norte de um projeto éti-
que presentemente garantem algum resultado co-estético-político que não negocia a defesa de
assistencial, sem oferecer outras possibilidades de toda e qualquer vida. Mas sempre que se fizer ne-
fortalecimento do cuidado. Nesse sentido, o já ci- cessário engendrá-la, sim, para ir além do sujei-
tado balizamento ético-político torna-se crucial. to instituído a partir de uma certa concepção de
Obviamente que ninguém defenderia a ocul- educação como referente significante, e de uma
tação de informações sobre saúde-doença, hoje certa missão intervencionista como valor trans-
acessíveis em vários meios de informação inter- cendente, visando mudanças efetivas no sentido
nos ou externos ao setor saúde, entretanto este do fortalecimento do cuidado.
estudo nos leva a propor, ao menos quando se
trata de potencializar o cuidado e, especialmen-
te em coletivos produtores de autoanálise, um Considerações finais
maior incentivo à operação compartilhada do
dispositivo dos projetos terapêuticos cuidadores. Os autores concluem que, ao se garantir espaços
Se tomarmos como pressuposto que toda coletivos para a construção de projetos terapêu-
ação pedagógica parte de uma intencionalida- ticos, a partir de um engajamento ético-político
de, a de ensinar, e que no caso estaria vinculada usuário-centrado, expõe-se os desconfortos pre-
ao território identitário acima delineado, não é sentes no cotidiano do trabalho e se os coloca em
difícil inferir que os movimentos de autoanálise análise. Um dos principais desconfortos deste
engendrados pela EPS passam tanto “por dentro” estudo foi a demanda pela EES, que, no entanto,
como “por fora” dessa dimensão pedagógica: por perdeu centralidade no decorrer das oficinas. Tal
dentro, na condição de uma pedagogia da impli- mudança, que não se limitou a uma dimensão
cação, já que deve colocar no centro do processo estritamente pedagógica, e que teria sido dispa-
pedagógico a implicação ético-estético-política rada mediante a operação do projeto terapêutico
do trabalhador no seu agir em ato11,25; e por fora, compartilhado como dispositivo, foi compreen-
se admitirmos que nem toda mudança resultan- dida como um processo de desterritorialização
te da experimentação em ato coaduna com uma de certa concepção de educação vinculada a uma
intencionalidade prévia, ou mesmo se esgota no missão intervencionista, considerados como que
campo da aprendizagem representacional. As- instituídos para o profissional de saúde em ge-
sim, no que diz respeito ao debate que se trava ral. Como consequência, as equipes passaram a
quanto à chamada EES, este estudo nos indica ter no usuário um interlocutor válido com quem
que a construção de uma dimensão efetivamente há que se estabelecer pactuações, antes mesmo de
cuidadora extravasa – e muito – qualquer dimen- posicioná-lo como objeto de um processo edu-
são estritamente pedagógica. cativo. As conclusões desse estudo limitam-se à
Novos estudos poderão aprofundar essa in- amplitude de realização do mesmo e às condi-
vestigação, entretanto tendemos a concluir que ções em que foi realizado; novos estudos poderão
não se trata de insistirmos somente na ampliação aprofundar a análise aqui desenvolvida.
da dimensão pedagógica da EES, mas transpô-la,
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(2):537-546, 2015


Colaboradores Referências

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Artigo apresentado em 29/05/2014


Aprovado em 25/07/2014
Versão final apresentada em 27/07/2014

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