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PROTEÇÃO DIFERENCIAL DE BARRAS: REQUISITOS E TESTES DE VALIDAÇÃO

P. Coutinho (*) A. Brito A. Fernández R. Cimadevilla I. Ferrero S. Oliveira


CHESF CHESF ZIV ZIV ZIV ZIV

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de discorrer sobre as etapas vivenciadas pela Chesf para testes de sistema de
proteção diferencial de barras adaptativa a ser aplicado em importantes subestações do SIN – Sistema Interligado
Nacional – na região Nordeste.
O artigo descreve as etapas ocorridas no processo desde o estudo dos algoritmos e dos IEDs adquiridos,
passando pela elaboração dos modelos para testes em simulação em tempo real, descrevendo brevemente os
algoritmos implementados na proteção diferencial de barras ZIV DBN, selecionada pela CHESF para instalação
em 12 (doze) subestações de 230 kV, até chegar à validação da proteção diferencial de barras em testes de
aceitação em fábrica – TAF.

PALAVRAS-CHAVE

Diferencial de barras, Saturação de TCs, Disparo subciclo, Testes RTDS, Testes TAF

1.0 - INTRODUÇÃO
A proteção diferencial de barras apresenta requisitos de confiabilidade muito exigentes. A sua não atuação perante
uma falha, pode incorrer em uma perda de estabilidade do sistema e, por outro lado, provocar danos importantes
nos equipamentos da própria subestação ou em subestações adjacentes, como consequência das elevadas
intensidades de corrente produzidas durante uma falta interna as barras. Por este motivo, os tempos de disparo
geralmente necessários são inferiores a um ciclo. Por outro lado, uma atuação errada pode gerar a desconexão de
todos os elementos (linhas, transformadores, geradores) conectados à barra em questão. Este requisito de
segurança exige a estabilidade da proteção frente a faltas externas com saturação muito severas de TCs.

Com base em estudo do Operador Nacional do Sistema – ONS, a CHESF está conduzindo um processo de
instalação de proteções diferenciais de barras digitais em 12 subestações de 230 kV. As topologias destas
subestações são variadas: barra dupla com um enlace (vão de transferência), quatro barras (duplas barra dupla)
com dois enlaces (um deles longitudinal-transversal) e barra dupla seccionada por seccionadoras em quatro barras
(com um enlace).

Este artigo descreve suscintamente os algoritmos da proteção diferencial selecionada pela CHESF, bem como os
métodos e etapas de validação da proteção diferencial de barras baseados em testes com RTDS e testes de tipo e
testes de aceitação em fábrica TAF.

2.0 - DESCRIÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL DE BARRAS SELECIONADA

Como uma das etapas iniciais para validação de um sistema qualquer de proteção, se faz necessário compreender
como ela funciona, quais suas caraterísticas e detalhes que podem interferir no projeto padrão da empresa onde a
mesma será instalada.

2.1 Descrição geral


A proteção diferencial de barras selecionada, modelo DBN da ZIV, permite proteger até quatro barras, com 32
posições no total e quatro enlaces de diferentes tipos (com um ou dois TCs, longitudinal-transversal, etc). Trata-se
de uma proteção distribuída baseada em unidades de posição (IRV) comunicando a 48 amostras/ciclo com uma
unidade central (DBC).

A unidade central inclui uma unidade diferencial principal e uma unidade diferencial de alarme para cada barra
protegida. A unidade diferencial principal permite disparar as posições da barra em falta, identificadas através da
posição das seccionadoras de barras. A unidade de alarme diferencial permite detectar a perda de medição do TC

Endereço Autor: Rua Agenor Lacet, 247. Brisamar - Apto 1202 - João Pessoa, PB - CEP: 58034-134
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(por abertura ou curto-circuito do TC) da posição conectada a uma barra, bloqueando, se assim se desejar, a
unidade diferencial principal associada a mesma barra.

Por outro lado, inclui uma unidade diferencial de supervisão que engloba todas as barras. Esta última unidade
considera todas as posições que não sejam enlaces para o cálculo de corrente diferencial e de restrição. Ao levar
em consideração todas as posições, não necessita considerar os estados das seccionadoras de barras de modo
que não se vê afetada por um falso estado das mesmas. A unidade diferencial de supervisão permite subordinar o
disparo de barra de qualquer unidade diferencial principal aportando uma maior segurança.

2.2 Tempos de disparo subciclo


As unidades diferenciais do sistema DBN calculam a intensidade de corrente diferencial e de restrição com valores
instantâneos, que significa, amostra por amostra.
Tendo em conta a característica de restrição percentual da Figura 1, o disparo se
Idif
produz quando [idif>S] AND {idif>tan(P)*ifre+S*[1-tan(P)]}, onde:
CTR i
idif = ∑i i
ifre = ∑ ii i=
i isi ⋅ Onde isi é a corrente secundaria
CTR max
medida pelo TC, CTRi a relação de transformação da posição atual e CTRmaxi a
P
máxima relação de transformação. Esta condição deve se produzir durante um
S número consecutivo de amostras. Este método permite gerar decisões de disparo
em tempos da ordem de 3 ms, sendo o tempo de disparo total, desde que ocorre a
S Ifre falta até que se fecham os contatos de disparo das unidades de posição, da ordem
de um ciclo.
FIGURA 1: CARACTERÍSTICA
DE RESTRIÇÃO PERCENTUAL DO SISTEMA DBN

2.3 Estabilidade diante de saturação de TCs


A unidade diferencial principal inclui uma característica de restrição percentual que permite aumentar a
estabilidade diante de faltas externas com erros percentuais que derivem dos próprios TCs. No entanto, com o
objetivo de aumentar a estabilidade em condições de saturação severa de TCs o equipamento inclui as seguintes
unidades complementares (operará corretamente com tempos livres de saturação do TC de aproximadamente 2.5
ms em sistemas de 60 Hz):

- Detector de falta externa: esta unidade se baseia na relação entre a intensidade diferencial e de restrição,
idif/ifre. Quando a falta é externa, durante o tempo em que não há saturação de nenhum TC, a referida relação
será muito pequena. Enquanto que se a falta é interna o valor de idif/ifre será elevado. Uma vez ativado um
detector de inicio de falta, baseado no aumento das correntes diferencial e de restrição, se durante um número de
amostras consecutivas idif/ifre<k, onde k é um parâmetro interno, sendo ifre superior a um nível mínimo, se ativará
o detector de falta externa.
Na figura 2 são mostradas as correntes de uma mesma fase, em três
posições conectadas a una mesma barra, para uma falta externa na qual se
satura o TC da terceira posição. Abaixo são mostradas a corrente diferencial
e de restrição. Como se pode observar, nos períodos de não saturação do TC
da posição 3 a corrente diferencial é muito pequena e, portanto, a relação
idif/ifre também será. Dado que nos períodos de saturação de algum TC a
relação idif/ifre cresce, para manter sua ativação, o detector de falta externa
inclui um tempo de reposição.
A ativação do detector de falta externa modifica a corrente de restrição, a
qual se converte em corrente de restrição amortecida, que se obtém da
seguinte forma:

FIGURA 2:
CORRENTES DE FASE DE
TRÊS POSIÇÕES, CORRENTES FIGURA 3:
DIFERENCIAL E DE RESTRIÇÃO CORRENTE DE
PARA UMA FALTA EXTERNA RESTRIÇÃO
COM SATURAÇÃO DO TC DA AMORTECIDA
POSIÇÃO 3.
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- Detector de bloqueio direcional


A unidade de comparação direcional do sistema DBN compara o sinal das amostras de corrente de uma mesma
fase de todas as posições conectadas a uma mesma barra. Considera que a falta é externa quando as amostras
de alguma das posições têm o sinal contrário ao resto (a corrente que circula por alguma das posições está saindo
da barra). Se a referida condição ocorre durante um número de amostras consecutivas a unidade de comparação
direcional bloqueará a ativação da unidade diferencial correspondente.

Em posições com alimentação fraca ou nula o bloqueio por comparação direcional poderia se ativar erroneamente
em uma falta interna, ao ver as correntes que circulam por estas posições saindo da barra. Para evitar esta
ativação errônea, a unidade de comparação direcional somente leva em conta no critério direcional, correntes que
superem um nível mínimo, superior a máxima carga que circule pela posição. Para isto, a unidade compara a
intensidade de pré-falta com a intensidade de falta, sempre que a intensidade de pré-falta supere um nível mínimo
(do contrário se toma o ajuste correspondente a máxima carga da posição). Dado que a saturação de um TC reduz
drasticamente o nível de corrente medido, a discriminação do valor de intensidade a considerar para a unidade de
comparação direcional se efetua em nível de derivada.

O bloqueio por comparação direcional considera também um algoritmo de desbloqueio baseado na diferença
angular entre as posições de mesma fase e barra. O desbloqueio acontece quando a máxima defasagem entre as
correntes é menor que 90º. Para obter a diferença angular se utiliza a transformada de Fourier na frequência
fundamental. O algoritmo descrito permite incrementar a obediência em situações de faltas internas resistivas com
grande fluxo de carga e em faltas evolutivas externa-interna.
Lógica de zona dinâmica: esta lógica desabilita uma posição quando esta não influencia na zona protegida, por
exemplo, se o seu disjuntor estiver aberto. Quando a posição está desabilitada por esta causa, não se leva em
consideração para o disparo da barra (nem por
proteção diferencial, nem por proteção de falha de
disjuntor) e suas correntes não são consideradas
para efeito de proteção diferencial de barras. A
habilitação da posição deve ser realizada antes que
a posição volte a ter influência na zona de proteção.
Portanto, uma vez que a posição está desabilitada
por ativação da zona dinâmica a causa de abertura
do disjuntor, antes que a corrente circule de novo
através deste disjuntor (bem por um fechamento
manual de disjuntor ou bem por um fechamento
automático por religador), é necessário ativar a
entrada digital de fechamento do disjuntor para zona
dinâmica para desativar a zona dinâmica e, portanto,
habilitar a posição para que suas correntes sejam
levadas em conta novamente nas medidas e
proteção da barra correspondente.

A ativação da zona dinâmica não somente depende


da posição do disjuntor, como também da posição da
seccionadora de linha e da seccionadora de
transferência e da localização do TC com relação
aos elementos anteriores. A figura 4 mostra a
dependência entre a ativação da lógica dinâmica e
os condicionantes antes comentados.

FIGURA 4: LÓGICA DE ZONA DINÂMICA

A lógica de Transfer Trip, mostrada na Figura 5, foi


adaptada para contemplar situações de faltas em
pontos cegos, tendo também sido testada durante os
testes de modelo. O seu funcionamento está descrito
nos parágrafos que seguem.
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A figura 5 mostra a lógica programada nas posições para envío do sinal “Transfer Trip” (com objetivo de
acelerar o disparo do extremo remoto) levando em consideração que o sinal de “Teledisparo” (End Fault) se
ativa quando a zona dinâmica está ativada e se detecta corrente superior ao ajustado na unidade de supervisão 50
correspondente (ativação do sinal “OR das 3 fases de sup. 50 e disp 87 e teledisp”.)

FIGURA 5: LÓGICA DE “TRANSFER TRIP” (PROGRAMADA EM CADA UNIDADE DE VAO).

- Quando o TC está no lado da linha (TC instalado na saída de linha após o disjuntor)
A zona dinâmica é ativada se antes da falta o disjuntor estiver aberto e a posição não se encontrar transferida.
Neste caso, no momento da falta, há a atuação do “Teledisparo” (zona dinâmica + supervisão 50) e consequente
Transmissão de Transferência de Disparo Direto (TDD/ Transfer Trip) sem que ocorra o disparo nos disjuntores da
barra pela proteção diferencial (o uso da unidade de zona dinâmica implica em segurança ante uma falta externa e
aceleração de disparo remoto para eliminar a falta).

No caso em que o disjuntor esteja fechado ou posição transferida, a zona dinâmica não se ativa e, portanto o sinal
de “Transfer Trip” atua por lógica programada (com a temporização correspondente). O disparo 87 da barra e o
disparo remoto eliminam a falta.

- Quando o TC está no lado da barra (TC entre disjuntor e a barra):


A zona dinâmica é somente ativada se antes da falta o disjuntor estiver aberto e a posição não se encontrar
transferida. Neste caso, no momento da falta, o disparo da barra ocorre instantaneamente por disparo 87 de barra
(graças ao uso da zona dinâmica se obtém obediência para a eliminação da falta, já que do contrário se
consideraria como uma falta externa).

No caso em que o disjuntor esteja fechado ou posição transferida, a zona dinâmica não se ativa e portanto não
ocorre disparo 87 da barra. O disparo da barra se produz pela atuação de BF da posição com falta externa
(iniciado pelo disparo da proteção da linha correspondente). O sinal de “Transfer Trip” é enviado ao terminal
remoto, mas somente seria necessário para eliminar a falta em caso de falha real do disjuntor ou em caso de
posição transferida.

3.0 - TESTES COM RTDS

Para os ensaios com RTDS foram selecionadas 3 subestações de arranjos diferentes da CHESF e que
englobavam todas as variações possíveis dentre as doze subestações do fornecimento da ZIV: Delmiro Gouveia,
Recife II e Fortaleza, todas em tensão 230 kV.

3.1 Elaboração de Modelo


Uma das etapas primordiais para um bom teste de modelo de proteção de barras é a elaboração do modelo a ser
testado. A complexidade de modelos para testes de proteção de barras é um
dos principais complicadores para sua realização.

Neste sentido, as equipes Chesf e ZIV discutiram a redução do modelo a ser


testado, dada a limitação de nós, switches, processadores e DDACs
(conversores digital-analógicos) do RTDS do laboratório ZIV, Figura 6, sendo
necessária a elaboração de equivalentes de rede das referidas subestações. O
intuito do modelo era que fosse possível simular a barra onde seria instalada a
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proteção de barras e suas conexões. Para obtenção dos dados e cálculo dos modelos equivalentes, foi utilizado o
software SAGE do CEPEL, o qual foi carregado a base de dados de curto Circuito do ONS, disponível em sua
homepage. Transformadores de potência com mesma impedância e linhas de transmissão com mesma origem e
destino foram agrupados, mantendo-se os níveis de curto circuito e fluxo de carga do sistema modelado.

FIGURA 6: LABORATÓRIO ZIV, Bilbao, Espanha

No modelo de rede representando a SE Delmiro Gouveia, Figura 7, foram consideradas 5 posições e foram
realizados ensaios com injeção de trifásica. Para o equivalente da SE Delmiro Gouveia foram considerados 4
modelos diferentes(mostrados na figura 7), para que fosse possível levar em consideração diferentes posições de
TC com relação ao disjuntor, e presença de seccionadora de transferência (modelo 1: sem seccionador de
transferência (89-TR), TC na saída de linha, após o disjuntor e faltas F3, F4, F5, F6, modelo 2: com seccionadora
de transferência (89-TR), TC após o disjuntor e faltas F1, F2, F7; modelo 3: com seccionadora de transferência e
TC entre o disjuntor e a barra e faltas F7), e também para uma configuração de enlace sem TC (modelo 4:, o TC
da posição 1 não existe e falta F8). Nos testes da SE Delmiro Gouveia foi dada uma atenção maior à capacidade
dos algoritmos de proteção da proteção diferencial em selecionar a fase defeituosa, aos tempos de disparo,
saturação de TCs, Energização de transformadores e faltas em pontos cegos.

Nos modelos de rede representando as subestações Recife II e Fortaleza, Figura 8, foram incluídas 10 (dez) e 11
(onze) posições respectivamente e se realizaram testes com injeção monofásica. Nestas subestações, houve a
preocupação em testar, além dos algoritmos de proteção do relé, a seletividade e adaptabilidade da proteção
diferencial de barras às diversas condições impostas pela flexibilidade operacional permitida pelo arranjo.

FIGURA 7: RESUMO DE MODELOS RTDS PARA A SE DELMIRO GOUVEIA


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3.2 Lista de casos


Foi elaborada uma lista de casos para cada modelo, onde variou-se: Posição da falta, Configuração do arranjo,
Fase sob falta, Ângulo de incidência, Carga previa, Impedância de falta, Tempo de falta, Impedância de circuito de
TC, Fluxo de carga máximo e mínimo para cada modelo.
Além da variação acima, os testes também incluíram:
• Faltas externas com e sem saturação de TCs
• Faltas internas com e sem saturação de TCs
• Faltas internas e externas com perda de comunicação entre unidade de posição e unidade central
• Faltas externas e internas durante variação de frequência
• Faltas internas com alta resistência de falta e elevada carga
• Faltas internas com condição de falha de disjuntor
• Inrush de um transformador de potencia
• Faltas evolutivas
• Faltas simultâneas
• Faltas entre TC e disjuntor, com disjuntor ao lado de barras e do lado da linha

Com os modelos da subestação de Recife II e Fortaleza II foram realizados os seguintes ensaios em cada uma
das possíveis situações de barra única da subestação e sem barra única:
• Falta interna em cada uma das quatro barras
• Falta entre o disjuntor e TC do enlace longitudinal- transversal
• Falta externa na posição 3 (vide Figura 8).

FIGURA 8: RESUMO DO MODELO RTDS PARA SE RECIFE II E FORTALEZA II

3.3 Resultados
Os ensaios obtiveram resultados com atuações corretas. Se obteve comprovação da correta atuação para faltas
internas com tempos de disparo em torno a um ciclo e segurança para faltas externas muito saturadas (com
saturação de TC de até 2 ms de tempo livre de saturação) e frente a situações de inrush de transformador.
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Se comprovou a correto envio do sinal de “Transfer Trip” através das diferentes opções que implicam sua ativação
(tanto em casos de posições transferidas como sem transferir com disjuntor aberto e fechado). Em casos de faltas
entre o disjuntor e o TC, quando a zona dinâmica está ativada (por disjuntor aberto previamente à falta), se
manteve a segurança (não disparando por diferencial de barras quando o TC está no lado da linha) e obediência
(disparando antes que a falha de disjuntor, por diferencial de barras, quando o TC está no lado da barra) graças a
zona dinâmica.

Cerca de 900 casos foram simulados no RTDS para os três modelos, tendo que se alterar toda a configuração de
conexão de RTDS ao sistema de proteção de barra a cada novo modelo em simulação.
Scripts de simulação automática foram executados no RTDS, agilizando as simulações e possibilitando exportar
todas as informações de tempos de disparo para arquivos contrade, que logo em seguida aos testes eram
analisados e conferidos. Alguns dos resultados podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 - Tempos de Atuação para Faltas Internas.


SE Atuação média Abaixo de 1 ciclo
DMG 14,76ms 94,90%
RCD 15,15ms 85.41%
FZD 14,48ms 100%

Observou-se também o correto funcionamento do sistema de proteção com a energização de transformadores


com forte presença de fenômeno de Inrush sobre sinais de corrente.

As faltas aplicadas nos modelos das subestações de Recife II e Fortaleza II tiveram como objetivo principal o de
testar o perfeito funcionamento da atuação do sistema de proteção de barras sob alteração do arranjo. Também
para estes casos o sistema ZIV selecionou corretamente a barra sob defeito, isolando-a das demais barras, com
tempos de atuação similares àqueles observados na
Tabela 1.

4.0 - TESTES DE ACEITAÇÃO EM FÁBRICA – TAF

Para o TAF, foi seguido caderno previamente elaborado pela ZIV e aprovado pela Chesf: o Plano de Inspeção e
Testes – PIT. Este caderno contêm todos os testes funcionais necessários para assegurar o bom funcionamento
Sistema de Proteção Diferencial de Barras conforme projeto executivo aprovado pela Chesf. Suas etapas, com
alguns detalhes de execução, são descritos a seguir.

4.1.1 Testes de Certificação Funcional


Referente ao sistema de Proteção Diferencial de Barras - DBN, durante os Testes de Aceitação em Fábrica foram
verificadas todas as entradas e saídas elétricas dos painéis de proteção, Bastidor de Redes e IHM SAGE. Foram
realizadas as injeções de correntes com mala de testes Omicron para comprovar o bom funcionamento dos
circuitos de correntes. Com o auxilio de uma giga de testes montada em plataforma com capacidade de simular os
estados de disjuntores, chaves seccionadoras e alarmes de diversas posições de uma subestação, foram
verificadas todas as lógicas de proteção previstas em projeto, bem como, testes considerando diferentes arranjos
de topologia da subestação, testes para avaliação de desempenho da rede e performance do sistema fornecido
pela ZIV do Brasil.

4.1.2 Testes alarmes, sinalizações e funções de proteção


Para cada posição da subestação e respeitando as configurações apresentadas nos projetos funcionais e listas de
pontos de sistema, foram realizados todos os testes de alarmes e sinalizações de Nível 1 e de Nível 2 previstas no
sistema de Proteção Diferencial de Barras DBN.
Com o auxílio da mala de ensaios Omicron, foram realizadas injeções de correntes para possibilitar a avaliação
das funções de proteção previstas no projeto

4.1.3 Testes de Topologia da subestação


O exemplo de testes escolhido para esta apresentação é referente à SE Mussuré II que possui um arranjo de barra
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principal e barra de transferência a três chaves, e deverá operar no esquema de barra simples. Sob a ótica da
proteção de barras modelo DBN, considera-se que todos os vãos se encontrarão sempre conectados a barra 1.
Nesta condição, o vão de transferência não deve ser parametrizado como um vão de interligação de barras, pois,
para aquela instalação, pelo fato de não possuir TC, esta posição não contribuirá em nenhuma circunstância com
suas correntes para o algoritmo da proteção diferencial de barras, ainda que se mantenha ativo para um
determinado conjunto de lógicas. (No futuro, a Chesf prevê a instalação de um TC no vão de transferência.).

Em função do número de gigas de testes disponíveis no TAF, os testes propostos para esta topologia de barras
foram divididos em 2 (dois) grupos de posições de disjuntores e todos testes para verificação da atuação de todos
os bays foram executados: Proteção diferencial de barras, falha disjuntor e transfer trip.

5.0 - CONCLUSÃO

Como visto, a solicitação de instalação de uma proteção de barras em uma subestação envolve uma série de
etapas que necessitam um grande volume de trabalho, porém são etapas extremamente necessárias para
basicamente garantir:

• O perfeito atendimento às especificações da Empresa que adquiriu o sistema;


• A correta atuação dos algoritmos de proteção apresentados pelo fabricante;
• O funcionamento correto perante o projeto executivo.

O trabalho relatado, descreve detalhes das etapas acima, podendo servir de referência para empresas que
estejam em processo de aquisição de sistema similar de proteção de equipamentos do SIN

6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Manual de Instruções DBN, LDBN0811Av09 – Data de revisão: 29 / 06 / 2016


(2) Requisitos mínimos para os sistemas de proteção e de telecomunicações Submódulo 2.6, ONS – Revisão 2.0
de 01/12/2010.

7.0 - DADOS BIOGRÁFICOS


P. Coutinho é graduado em engenharia elétrica na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina
Grande, Paraíba, Brasil, em 2002. Desde então trabalha na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, Chesf,
na área de engenharia de Medição, Controle, Proteção e Supervisão de usinas e subestações, tendo trabalhado
na elaboração de especificações técnicas, testes de fábrica e comissionamento de diversas subestações de
níveis de tensão 69, 230 e 500kV no SIN. Em 2012, concluiu estudos para obtenção do título de M.Sc na UFCG,
na área de Sistemas Elétricos de Potência. Em 2015, Paulo assumiu a gerência da divisão responsável pela
emissão de projetos básicos de MPCCS e pela manutenção dos padrões de MPCCS da Chesf, sendo ainda
responsável pela validação dos testes de modelo e pela homologação de novas tecnologias a serem
implementadas no sistema elétrico da Chesf.
A. Brito formou-se em Engenharia Elétrica na Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, Pernambuco, Brasil,
em 2001. Em 2012, obteve Especialização em Proteção de Sistemas Elétricos na Universidade Federal de Itajubá
(UNIFEI), Minas Gerais, Brasil. Trabalhou em diversas indústrias e na GAMESA Serviços em obras industriais e
de subestações. Em 2002 ingressou na Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, CHESF, na área de
operações de Medição, Controle, Proteção e Supervisão de usinas e subestações. Coordena e executa diversos
trabalhos de análises de ocorrências, manutenção, treinamento de funcionários, projetos, testes de proteção e
obras, além de contribuir em vários projetos de desenvolvimento na companhia. É autor e co-autor de diversos
artigos, entre eles para o STPC, SNPTEE e PAC WORLD.
A. Fernández formou-se em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Superior de Bilbao (Universidade
do País Basco), Espanha, em 1998. Mais tarde, ela obteve um Mestrado em “Qualidade e Segurança no
fornecimento de energia elétrica. proteção do sistema de potencia” da mesma Universidade. Ainhoa juntou-se ZIV
em 1998 como Engenheira de Aplicações, onde ela esteve envolvida no desenvolvimento de vários relés de
proteção, sendo a pessoa responsável pela concepção da proteção diferencial de barras. Ainhoa foi co-autora de
vários “papers”.
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R. Cimadevilla formou-se em Engenharia Elétrica pela Faculdade de Engenharia Superior de Gijón, Espanha, em
2001. Ele fez o seu projeto final de graduação na Universidade de Dundee, na Escócia, e obteve um mestrado em
“análise, simulação e gestão de sistemas de energia elétrica” na Universidade de País Vasco, Espanha. Ele
trabalhou anteriormente para a Red Eléctrica de España (REE - TSO espanhol) como engenheiro de proteção.
Roberto juntou-se ZIV em 2003 como Engenheiro de Aplicação, sendo responsável nesta área para o
desenvolvimento de vários relés de proteção, incluindo distância, diferencial transformador e diferencial de linha.
De 2011 a 2013 Roberto trabalhou como Gerente do Departamento de Engenharia de Aplicação da ZIV Grid
Automation S.L.. Desde 2013 ele é o gerente técnico da empresa mencionada. Roberto já publicou mais de 20
artigos técnicos, ele é um membro do IEEE e tem participado em vários grupos de trabalho no CIGRE B5.
I. Ferrero formou-se em Automação e Engenharia Eletrônica pela Escola Superior de Engenharia de Deusto, na
Espanha, em 2005. Ele começou a trabalhar para Ikerlan como R & D Engineer em 2005 no desenvolvimento de
sensores com base em SAW, espectroscopia e tecnologias piezoeléctricos. Ele então se juntou a ZIV em 2007
como Engenheiro de Controle, trabalhando ao com IEDs e configurações SAS, bem como em projetos de
diagramas elétricos, tornando-se o gerente do Departamento de Controle em 2010. Iñigo mudou para o
Departamento de Aplicação em 2012 onde ele tem trabalhado como um Engenheiro de aplicação, sendo
responsável nesta área pelo desenvolvimento de novas funcionalidades IEC61850. Desde junho 2013, ele é o
Gerente de Engenharia de Aplicação. Ele é membro do IEC TC57 WG10, ele atualmente faz parte do CIGRE WG
B5.53 (procedimentos de testes em subestações digitais) e já escreveu vários artigos técnicos.
S. Oliveira formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Brasil, em
1999. Conquistou o Prêmio Américo Piquet Carneiro, dedicado aos alunos de melhor aproveitamento no processo
de seleção desta Universidade. Durante o período de graduação obteve bolsa de estudos do CNPq para o
desenvolvimento de Iniciação Científica. Com o apoio do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF
apresentou projeto de graduação em Processamento Digital de Sinais, Inteligência Artificial e Visão por
Computador. Trabalhou em empresas multinacionais como GE, ALSTOM, AREVA e SIEMENS, nos segmentos de
Automação e Sistemas Digitais de Proteção e Controle. Ingressou na ZIV do Brasil em 2012 como Gerente de
Contratos e Projetos. Em 2013 mudou para a posição de Gerente de Engenharia, Automação e Serviços na ZIV do
Brasil. Atualmente exerce função comercial e realiza testes de homologação de IEDs de proteção e controle em
diversos clientes.

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