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DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO INTERNA NA SECRETARIA DE ESTADO DE

POLÍCIA MILITAR

André Luís Santos de Aguiar – Capitão Policial Militar


Pós-graduando em Ciências Policiais na ESPM (Escola de governo)
andre_aguiar2007@yahoo.com.br

Bruna Helena Henrique de Souza – Capitão Policial Militar


Pós-graduando em Ciências Policiais na ESPM (Escola de governo)
brunahelena0666@gmail.com

Douglas Maurício da Silva – Capitão Policial Militar


Pós-graduando em Ciências Policiais na ESPM (Escola de governo)
mauricio79080@gmail.com

Luiz Fernando Silva dos Santos – Capitão Policial Militar


Pós-graduando em Ciências Policiais na ESPM (Escola de governo)
fernando.0706.fernando@gmail.com

Introdução

Este trabalho tem como objetivo analisar os desafios da comunicação interna,


nas atividades desenvolvidas pelas Seções de Comunicação Social, no âmbito da
Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM).
O que se percebe na Corporação é que a Seção de Comunicação Social é
desenvolvida apenas como responsável pelas organizações de festas e eventos sociais,
sob a chefia, comumente, do Oficial PM mais moderno e que acumula essa chefia com
outras funções. Esse acúmulo, muitas vezes, deixam as atividades de comunicação em
segundo plano, principalmente aquelas voltadas ao público interno.
Observa-se que o efetivo policial militar, em parte, encontra dificuldades em
reconhecer a identidade organizacional da Corporação, comprometendo assim o
desenvolvimento das atividades operacionais e administrativas da Instituição. Espera-se
que o policial militar possua conhecimento em determinado assunto em decorrência de
sua publicação em Boletim da PM, o que na prática não se verifica.
As falhas na comunicação interna constituem um problema institucional, pois
relaciona-se diretamente ao cumprimento das ações policiais militares. Informações
imprecisas, e por vezes a falta destas, levam os policiais militares a trabalharem
baseados no empirismo, distanciando-se dos procedimentos técnicos, e por vezes legais.

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Como metodologia, o estudo se valeu de pesquisas bibliográfica, descritiva e
documental, com amostragem não probabilística, com coleta de dados de levantamento
bibliográfico, análise documental, entrevistas padronizadas, questionários com questões
fechadas, através de formulário da plataforma digital Google Forms, tendo como
participantes policiais militares, das Seções de Comunicação Social e do efetivo de
modo geral; e Oficiais Superiores que contribuíram significativamente para o
desenvolvimento da Comunicação Social na Polícia Militar.
O desenvolvimento da comunicação interna representa ganhos institucionais,
pois eleva o sentimento de pertencimento, trazendo clareza de direitos e deveres, assim
como alinhamento estratégico, na execução das atividades policiais militares, em todos
os níveis da Corporação.

1. Fundamentação teórica

Compreende-se a comunicação interna como o somatório de esforços e ações,


com vistas ao desenvolvimento de fluxos, de redes formais e informais, de canais e de
ferramentas de comunicação, capazes de estabelecer as interações, entre a organização e
seus membros, com planejamento e objetivos definidos (KUNSCH, 2016, p. 215).
Com vistas ao melhor desempenho desta comunicação, faz-se importante
conhecer três fluxos de comunicação: o fluxo descendente, o fluxo ascendente e o fluxo
lateral (TORQUATO, 2015, p. 69).
O fluxo de comunicação descente, que ocorre verticalmente, dá-se no momento
em que as instruções, normas e procedimentos saem do escalão superior, com vistas as
bases organizacionais, para assegurar o correto desempenho das atividades
desenvolvidas de acordo com as atribuições de cada agente.
Já o fluxo de comunicação ascendente, que assim como o anterior se dá na
direção vertical, ocorre pelo processo funcional das informações oriundas dos
funcionários que compõem a base da organização, em direção ao escalão superior desta
mesma organização.
E por fim, o fluxo de comunicação lateral, na direção horizontal, que atende à
comunicação entre os pares ou os funcionários de mesmo nível funcional, capaz de
colaborar para o bom desempenho da comunicação dentro da organização.

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Esses fluxos de comunicação relacionam-se aos canais formais de
comunicação estrutural, presentes no exercício de procedimentos regulamentados, em
normas publicadas, no âmbito da organização.
Desta forma, em revisão bibliográfica, sobre Comunicação Organizacional,
verifica-se a importância da comunicação interna para o alcance dos fins institucionais e
do desenvolvimento das atividades que lhes são atribuídas, compreendendo-a como um
instrumento de gestão estratégica, uma forma de conhecimento e compreensão da
organização, essencial ao seu sucesso, utilizando-se de canais transparentes, motivação,
engajamento e sentimento de pertencimento (CURVELLO, 2012, p. 9).
Somam-se aos fundamentos teóricos, os dispositivos castrenses do Plano Geral
de Comunicação Social da SEPM, o Regulamento Interno e dos Serviços Gerais – R-1
(RISG) e o Manual de Campanha de Comunicação Social (C 45-1), ambos do Exército
Brasileiro, que tratam das atribuições da comunicação social, no âmbito militar.

2. Resultados alcançados

Para obtenção de dados, com o fito de analisar o desenvolvimente e as ações de


comunicação interna, na SEPM, observou-se os resultados de pesquisa realizada pela
CComSoc, e de pesquisa realizada para início deste trabalho, ambas por meio de
questionário na plataforma Google Forms.
Na primeira pesquisa, o questionário foi enviado para 168 (cento e sessenta e
oito) Unidades da Polícia Militar, obtendo-se 163 (cento e sessenta e três) respostas. A
partir desses dados, a Coordenadoria de Comunicação Social traçou um diagnóstico das
atividades desenvolvidas pelas SComSoc, respostas no período de 23 de novembro a 02
de dezembro de 2022. Já a segunda pesquisa, realizada, com fim a este estudo, entre 05
e 12 de abril de 2023, junto ao efetivo policial militar, teve a participação de 542
(quinhentos e trinta e cinco) policiais militares.
Dos resultados alcançados, verificou-se que a maior parte das SComSoc não
possuem o Plano Setorial de Comunicação Social, que deve ser elaborado anualmente
pela Unidade, que norteia as ações a serem desenvolvidas, indicando assim
desconhecimento de suas atribuições, atuando sem planejamento e sem conhecimento
das metas e dos objetivos da Unidade e da Corporação.
Em ambas as pesquisas, observou-se que o aplicativo WhatsApp, as mídias
sociais e o Boletim da PM são os meios que mais se destacam na transmissão e busca de

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informações, indicando a importância dos meios digitais como canais de comunicação
interna. Outro dado relevante nas pesquisas, é o uso do quadro de aviso e do aparelho de
televisão na transmissão de informações vistos como meios secundários de
comunicação.
Por fim, destaca-se que a maioria dos policias militares que responderam ao
segundo formulário, avaliam o ao fluxo de informações, em âmbito interno, como
boa/regular, evidenciando a existência de lacunas, na comunicação interna.
Diante as ações elencadas e os resultados obtidos, propõem-se o fortalecimento
das Seções de Comunicação Social, com a aquisição de equipamentos e softwares,
como também de pessoal tecnicamente capacitado ao desenvolvimento da comunicação
interna.
Propõe-se o desenvolvimento das ações educativas aplicadas junto ao público
interno, com vistas à solidificação do sentimento de pertencimento e, principalmente
nos cursos de formação de Oficiais e de Praças, com o fito de direcionar os alunos, no
que diz respeito ao reconhecimento da identidade organizacional da Polícia Militar.
Propõe-se a normatização do uso do aplicativo WhatsApp, durante o serviço
policial militar, dos conteúdos a serem compartilhados, através de protocolos, que visem
a salvaguarda da imagem institucional e aspectos relacionados a hierarquia e disciplina.
Propõe-se o aperfeiçoamento das ferramentas aplicadas, nos fluxos de
comunicação, por meio de materiais informativos objetivos e atrativos ao público
interno, a serem divulgados nos grupos de WhatsApp, nas mídias sociais, nos quadros
de aviso e outras formas de comunicação.

Conclusões

Das análises feitas, a partir da metodologia aplicada, conclui-se que a


comunicação interna na SEPM é boa e/ou regular, razão pela qual, faz-se iminente o
desenvolvimento de estratégias e ferramentas que, aplicadas através de protocolos
técnicos, alcancem resultados junto ao público interno.
O somatório de esforços e o alinhamento das Seções de Comunicação Social,
no tocante às orientações da Coordenadoria de Comunicação Social, são fundamentais
para o crescimento técnico e profissional da comunicação institucional.
As ações realizadas e as propostas apresentadas visão ao desenvolvimento da
comunicação junto ao público interno, a partir do reconhecimento de sua identidade

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organizacional, sua visão, sua missão, seus valores e seus objetivos, fortalecendo assim
a Instituição, seus membros e seus processos operacionais e administrativos.
Referências bibliográficas

BRASIL. Manual de Campanha de Comunicação Social. 1ª edição. Brasília: Exército


Brasileiro, 2009.

CERANTOLA, William Antonio. Comunicação interna: conceitos, liderança e


alternativas de gestão. In Comunicação organizacional estratégica: aportes conceituais e
aplicados / organização Margarida Maria Krohling Kunsch. São Paulo: Summus, 2016.

CURVELLO, João José Azevedo. Comunicação interna e cultura organizacional / 2. ed.


rev. e atual. Brasília: Casa das Musas, 2012.

RIO DE JANEIRO. Boletim da PM nº 029, de 10 de fevereiro de 2023. Rio de Janeiro:


PMERJ, 2023. Plano Geral de Comunicação Social – Ano 2023.

TORQUATO, Gaudêncio. Comunicação nas organizações: empresas privadas,


instituições e setor público. São Paulo: Summus, 2015.

_____. Regulamento Interno e dos Serviços Gerais – R-1 (RISG). Brasília: Exército
Brasileiro, 2003.

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