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Dei Prette, Z. A P' /�sicologia, educação e LDB: Novos


desafios para velh� Em Guzzo, R. L. (Org.) Psicologia
Escolar e � nova conjuntura educacional brasileira (pp. 11-34).
Campinas: Atomo.

Psicologia, educação e LDB:


novos desafios para velhas questões?

Zilda Aparecida Pereira Del Prette


Universidade Federal de São Carlos (SP)

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


f (LDB - Lei nº 9394/ 96 ) é, em sua essência, o
instrumento que define os objetivos e priorid2dPs bem
como as condições ou meios que devem reger a política
educacional do país. O conhecimento de seu conteúdo é de
extrema importância a todos os trabalhadores da Educação,
aí incluindo-se os que se situam na interface Psicologia­
Educação. Neste trabalho busca-se examinar algu ns aspectos
da nova LDB que reconfigu ram essa interface e parecem
pertinentes à discussão sobre as possibilidades e limites da
atuação do psicólogo escolar e educacional.
A promulgação da nova LDB, no dia vinte de
dezembro de 1996, representa a conclusão de uma longa
trajetória de debates acadêmicos aliados a trâmites polí­
ticos, ao longo dos últimos dez anos, em que se explici­
taram e se confrontaram interesses de grupos, de
diferentes tendências, algu ns com maior respaldo na
chamada sociedade organizada. O texto finalmente apro­
vado-reflete, especialmente �ob a fo!"ma de omissões e de
contràdições, esse conflito de interesses, embora possa,
Zilda Aparecida Pereira Dei Prette 1l Psicologia, educação e LD8: novos desafios para velhas questões? 13

sob alguns aspectos, ser considerado um avanço em relação omissões quanto ao Plano Nacional de Educação e na
à legislação educacional anterior: as leis 5540/ 68 e descaracterização do Conselho Nacional de Educação,
5692/71, que reformaram, respectivamente, a estrutura através da redução de detalhes importantes referentes à
do ensino superior e do ensino médio estabelecida em composição e atribuições. Esse último aspecto vem sendo
nossa primeira LDB, a Lei 4024 de vinte de dezembro de 1961. há muito defendido por diversos autores (Azanha, 1993;
Por sua forma final e pelo processo que a gerou, a Fávero, Horta & Frigotto, 1992; Silva, Davis, Spósito &
nova LDB vem sendo recebida com ceticismo por alguns Mello, 1993) como essencial na superação da desconti­
setores educacionais e com alguma esperança por outros. nuidade da política educacional. As lacunas e contra­
De um lado questiona-se a sua potencialidade como bases dições da nova LDB podem ser interpretadas, portanto,
(mais do que como diretrizes) para as transformações como uma forma de ajustar a política educacional à polí­
necessárias em nosso sistema educacional; de outro, tica social e econômica que vem se configurando em
espera-se que o seu caráter de acontecimento novo possa nosso país nos últimos anos.
ser canalizado para tais transformações, dependendo de Mais pertinente à questão da profissionalização do
esforços nessa direção. psicólogo que atua na interface Psicologia-Educação,
As insatisfações com a nova LDB têm geralmente se pode ser·destacado o artigo 71, que estabelece a definição
baseado na comparação entre sua forma final e as versões de despesas educacionais", e, em seu inciso IV, não
II

anteriores elaboradas e aperfeiçoadas, nas etapas iniciais apenas exclui o psicólogo, mas situa os seus serviços
de tramitação, pelos segmentos educacionais orgartizados, entre outras formas de assistência social". Dentro dessa
II

através de um sistema participativo de debates com esses visão equivocada e restritiva quanto às possibilidades de
segmentos. Saviani (1997) destaca vários pontos negativos atuação em Psicologia, não é de se admirar que tal atuação
do texto final da nova LDB, entre os quais, a clara orientação seja vista como despesa e não como investimento educa­
liberal e tecnocrática (abertura à iniciativa privada e às cional. Embora reconhecendo-se o mérito do texto em
organizações não governamentais com redução das excluir muitas despesas indevidamente consideradas
responsabilidades do Estado evidenciada no empenho como recursos financeiros para a educação, a exclusão
em reduzir os gastos, custos e encargos do setor público), dos serviços psicológicos soa estranha quando se
a supressão do conceito de Sistema Nacional de Educação considera a importância da Psicologia como um dos
e as lacunas quanto à forma de gerenciamento e condução fundamentos da Educação. Um dos resultados práticos
das diretrizes, especialmente na regulamentação do direito desse artigo 71 é a formalização da impossibilidade de se
à liberdade de ensino pela iniciativa privada, nas omis­ conceber a inserção do psicólogo no quadro funcional da
sões em relação ao regime jurídico único para os profes­ escola, restringindo o leque de alternativas de profissio­
sores e à responsabilidade da União pela manutenção das nalização nessa área.
universidades, na supressão do Fórum Nacional de No entanto, uma análise mais realística dessa limi­
Educação (reivindicado pelas bases educacionais), nas tação mostra que ela não altera, substancialmente, as
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 14 Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 15

condições em que, há muito, vem atuando o psicólogo


que trabalha com questões educacionais no Brasil. De um
Os objetivos educacionais e o
lado, têm-se os docentes pesquisadores das universidades, projeto pedagógico da escola
que priorizam a produção de conhecimento nessa área,
eventualmente associando-a a experiências práticas de A nova LDB mantém a filosofia geral de educação
intervenção educacional; de outro têm-se os profissionais voltada para a construção da cidadania, o desenvolvimento
liberais, graduados em Psicologia, que exercem ativi­ das potencialidades do educando e a preparação para o
dades profissionais em contextos educativos, geralmente trabalho e, embora formulada em termos excessivamente
sem maior preocupação de produzir conhecimento sobre genéricos, preserva a legitimidade de definir os objetivos
suas intervenções ou de divulgar suas experiências e da educação escolar em torno de metas socialmente
alocados, geralmente em escolas particulares, com raras relevantes. Para a educação básica, verifica-se uma ênfase
exceções nas escolas públicas. na articulação entre conhecimentos, valores, atitudes e
A superação da dicotomia entre atuação do psicólo­ habilidades associados à formação ética, ao desenvolvi­
go como profissional e como pesquisador tem sido objeto mento da capacidade de "aprender a aprender", à auto­
de análises (por exemplo, Dei Prette, 1993; Dei Prette & Dei nomia intelectual e ao pensamento crítico.
Prette, 1996a; Witter, 1997), geralmente incitando os Todos esses itens há muito fazem parte de pro­
pesquisadores a um maior investimento em pesquisas apli­ postas "progressistas" de Educação (Gadotti, 1984;
cadas e a uma maior articulação com os profissionais de Giroux, 1987; Libâneo, 1984, Rodrigues, 1985; Saviani,
outras instâncias educacionais, especialmente através de 1984, Snyders, 1981) em particular das tendências que
cursos de pós-graduação. As restrições impostas pela LDB procuram integrar tendências sociopolíticas e acadê­
à profissionalização do psicólogo na área educacional, além micas (ver análise de Dei Prette, 1990). Embora o texto da
de agravar essa questão, recolocam em pauta antigas refle­ lei possa ser, nesse sentido, positivamente avaliado, sua
xões sobre as perspectivas de alteração desse quadro e de concretização implica, de um lado, cuidadoso exame das
reconstrução da identidade e atuação nessa área ( Almeida, relações entre os objetivos proclamados e as condições que
1992; Dei Prette, 1993; 1996; Maluf, 1992). permitem transformá-los em objetivos reais, e, de outro,
Sem pretender, neste trabalho, uma análise deta­ análise dos produtos e subprodutos das condições efeti­
lhada da LDB (ver, para isso, Brzezinski, 1997; Muranaka vamente dispostas no contexto educacional, ou seja, do
& Minto, 1998; Saviani, 1997) pode-se identificar, ao lado "currículo oculto" que elas podem inadvertidamente
de suas lacunas e controvérsias, alguns pontos cuja promover. O conhecimento psicológico sobre progra­
concretização remetem à aplicação e à produção de mação e avaliação de ensino constitui, aqui, urna impor­
conhecimento psicológico e que implicam reconhecer a tante ferramenta de análise e intervenção sobre o
amplitude da interface Psicologia-Educação em termos processo e os produtos educacionais associados às condi­
de alternativas de prestação de serviços educacionais. ções pedagógicas implementadas na escola.
Zilda Aparecida Pereira Dei Prette 18 Psicologia, educação e LDB: novos desanos para velhas questões? 17

Aliada aos amplos objetivos educacionais, a nova discussão entre os educadores, para que sua inserção no
LDB prevê a flexibilização do currículo a partir de uma projeto pedagógico signifique, de fato, consecução da
base nacional unificada que deve ser complementada por função social proclamada para a escola. Aqui, um profis­
uma diversificada", a ser definida pela própria unidade
II sional habilitado, simultaneamente em questões educa­
escolar. Na prática, essa determinação supõe e incentiva a cionais, em análise organizacional e em promoção de
autonomia, reflexão e articulação, necessárias para a relações humanas, poderia funcionar como mediador e
construção de um projeto pedagógico que possa efetiva­ catalizador de um processo efetivo e produtivo de
mente ser assumido pelo conjunto dos agentes educacio­ construção e implementação desse projeto. Essa habili­
nais de cada escola. tação faz ( ou deveria fazer) parte da formação geral do
A construção de um projeto pedagógico não se psicólogo que se especializa na área educacional.
constitui tarefa simples, mesmo no âmbito mais restrito de O texto da nova LDB se inicia com a apresentação de
uma única unidade escolar. Ela requer coesão em torno uma concepção de educação que inclui os processos II

dos princípios e valores quanto à função social da educa­ formativos que ocorrem na vida familiar, na convivência
ção, da escola e dos educadores e a sua tradução em ações humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
e relações regidas por direitos e deveres coletivamente nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e
estabelecidos. nas manifestações culturais" (Título I, Artigo 1º). Assim,
Assim, por exemplo, a noção de cidadania, usual­ além da educação formal inerente ao contexto escolar,
mente interpretada em termos de democratização do reconhece a importância de outros espaços e agentes
acesso à escola e de garantia de um processo educativo de educativos, em particular a família, claramente colocada
qualidade, representa uma parte inquestionável do no texto legal como coresponsável por esse processo.
conceito: o reconhecimento de que o acesso à cultura Embora essa cláusula possa ser vista com desconfiança (no
escolar contribui para o exercício da cidadania, o que é sentido de reduzir a responsabilidade da escola), ela tem o
inquestionável. No entanto, ela pode ser entendida mérito de reconhecer a necessidade de ampliar e explorar
também como objetivo da educação escolar, ou seja, a as relações entre os microssistemas sociais na promoção do
aquisição de atitudes, habilidades e valores associados ao desenvolvimento e da aprendizagem, coerentes com uma
reconhecimento dos direitos e deveres de todos os seres perspectiva ecológica (Bronfenbrenner, 1996) e sociocul­
humanos, o respeito aos diferentes, o combate à discrimi­ tural (Vygotsky, 1984) da construção da subjetividade
nação e o desenvolvimento da identidade positiva de humana.
enquanto agente consciente e crítico do processo histó­ A busca de relações mais produtivas entre a escola e
rico (Minto & Muranaka, 1995; Dei Prette & Dei Prette, as demais instâncias educativas da sociedade, como a
1996b). Assim, o conceito de cidadania, restrito pelos famflia, os meios de comunicação e a indústria cultural
ventos neoliberais, à ênfase econômica na defesa dos podem ser tomados como demandas potenciais que o
direitos do consumidor, precisa ser objeto de ampla psicólogo estaria habilitado a atender, especialmente em
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 18 Pslcologla, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 19

convênios de prestação de serviços mais abrangentes e que compõem a filosofia e os objetivos da educação
interdisciplinares. Por outro lado, o reconhecimento da básica. Por outro lado, para ser significativa e transfor­
necessidade do ensino de zero a seis anos, em creches e madora, a avaliação deveria incluir também a análise do
pré-escolas, embora tenda a ser negligenciado com a processo em termos das condições imediatas e mediatas
municipalização do ensino fundamental, pode criar que geraram aqueles indicadores e se estender à ava­
formalmente demandas de projetos adequados a esta liação externa da relevância social dos resultados obtidos.
faixa etária e, portanto, de serviços psicoeducacionais Essa concepção mais ampla de avaliação vai ao encontro
especificamente voltados para a articulação entre desen­
das preocupações com mudanças na subcultura escolar
volvimento e aprendizagem.
(Dei Prette, 1995) particularmente no que se refere ao esta­
Considerando uma adequada formação do psicó­
belecimento de uma cultura de avaliação" no interior das
II
logo, pode-se afirmar que a assessoria e consultoria na
escolas (Gatti, 1993; Silva, Davis, Espósito & Mello, 1993).
elaboração e implementação de projetos de atendimento
às demandas acima constituam alternativas viáveis e legí­ Aqui, a Psicologia e os psicólogos muito teriam a
timas para a atuação do psicólogo. contribuir em termos de instrumentos e procedimentos
válidos e confiáveis de avaliação e de interpretação dos
dados obtidos.
O processo de ensino A questão do número de alunos por professor,
A nova LDB preconiza a divisão do ensino funda­ embora estabelecida genericamente pela nova LDB, em
mental em ciclos, sem caráter de terminalidade, abrindo termos de um discurso de alcançar relação adequada
II

espaço para uma organização mais pedagógica e educa­ entre o número de alunos e o professor" ( artigo 25) aliada
cional do que burocrática do processo como um todo, à perspectiva de ampliação do período letivo diário (arti­
baseada em uma avaliação mais ampla, cumulativa e go 34), abre a possibilidade de propostas de inovações
diversificada. No entanto, conforme destacam Minto e metodológicas e de atividades diversificadas para uma
Muranaka (1997), a avaliação preconizada na LDB refere­ atenção mais específica às dificuldades de aprendizado
se apenas a produtos quantitativos em termos de rendi­ dos alunos. Um entrave a essas prescrições tem sido
mento escolar, não avançando na necessária direção de representado, tradicionalmente, pela retenção dos
avaliações mais abrangentes e processuais. Para corres­ alunos nas séries iniciais, dados os altos índices de repe­
ponder, de forma mais precisa, à filosofia e aos objetivos tência e evasão. No Estado de São Paulo, essa dificuldade
preconizados pela própria LDB, essa avaliação deveria está sendo amenizada através da eliminação da repro­
ser, necessariamente, psicoeducacional, ou seja, incluir, vação nos primeiros anos do ensino fundamental, uma
além dos objetivos acadêmicos tradicionais, indicadores providência coerente com as perspectivas construtivistas
do desenvolvimento de atitudes, valores e habilidades adotadas ou pelo menos idealizadas pelos educadores no
processo de alfabetização. A validação dessa medida
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 20 Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 21

depende, criticamente, da qualidade desse processo, o


que requer, entre outros aspectos, a tradução das teorias A Educação Especial
psicológicas em métodos pedagógicos. Essa tradução é
permeada por muitas questões de pesquisa pertinentes à O capítulo V da nova LDB situa, explicitamente, a
atuação do psicólogo, particularmente em parceria com Educação Especial como modalidade da educação escolar,
outros profissionais da Educação. com ênfase na inserção e integração das crianças com neces­
No artigo 80, e consoante com a noção ampliada de sidades especiais no ensino regular. A diversidade e
complexidade das relações entre fatores biológicos e psi­
educação, a nova LDB preconiza o empenho do setor pú­
blico com programas de educação à distância, em todos cossociais envolvidas em processos como os de retardo
os níveis e modalidades de ensino, inclusive na educação mental, de deficiências físicas e sensoriais e de altas habi­
continuada. Ao lado das críticas à indefinição do texto lidades (superdotação} justificam considerar a Psicologia
quanto ao significado e às condições que devem orientar como um dos fundamentos indispensáveis à compreen­
essa modalidade de ensino, há que se reconhecer, aqui, um são e à intervenção sobre esses processos e, portanto, de
desafio adicional a todos os educadores, e em especial aos investigação e atuação em Psicologia Escolar e Educacio­
psicólogos que se dedicam à investigação no campo edu­ nal. Questões como integração de crianças com necessi­
cacional. Embora não se ignore a importância dos meios dades educativas especiais no contexto do ensino
de comunicação, como condições de ensino cada dia mais regular, desenvolvimento de programas especiais de
disseminadas nos países ricos, a pesquisa psicológica ensino, treinamento e orientação de pais, professores e
sobre as condições de ensino tem priorizado a análise e outros paraprofissionais, estimulação precoce e outros de
intervenção sobre as interações "presenciais" que ocor­ há algum tempo vêm sendo objeto de investigação em
rem no contexto de sala de aula, com carência de estudos Psicologia.
sobre os efeitos das novas tecnologias. Em países como o O texto da nova LDB, no artigo 58 81", estabelece que
nosso, onde o acesso e a familiaridade com as inovações "haverá, quando necessário, serviços de apoio especiali­
ocorrem tardiamente e a sua divulgação é incipiente até zado, na escola regular, para atender às pecubriedades
mesmo entre os pesquisadores, questões adicionais da clientela de educação especial". No entanto, se de fato
podem ser colocadas à investigação. Longe de aceitar acriti­ a Educação Especial deve ser vista como uma modali­
camente tais inovações ou de recusá-las a priori, as possibi­ dade do ensino regular, apesar da pertinência da atuação
lidades e limites dessa modalidade de ensino ainda estão do psicólogo na prestação de serviços nesta área, a
por ser estabelecidas através de pesquisas aplicadas para formulação acima pode entrar em conflito com o artigo 71
as quais o psicólogo está ou deveria estar preparado. que exclui, das "despesas" educacionais, os programas
suplementares de várias especialidades, aqui incluindo­
se, portanto, o psicólogo.
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 23

As novas perspectivas para o ensino especial da da formação do professor, concebendo-o como técnico
Associação Americana de Retardo Mental (Luckasson et mais do que como um educador em sentido amplo,
ai., 1992) e, em particular, a ênfase na formação para o aprofundando de forma arbitrária os desafios da divisão
trabalho e nas habilidades funcionais cotidianas como de trabalho na escola (Aguiar, 1997).
comunicação, autocuidado, vida doméstica, uso de A redução nos requisitos da formação docente parece
recursos comunitários, autodireção, saúde e se gurança, insuficiente para atingir os amplos objetivos proclamados
funcionamento acadêmico, lazer e trabalho incluem para a Educação, que implicariam domínio dos funda­
também muitas áreas de atendimento para as quais a mentos filosóficos, históricos, antropológicos etc. Pode­
contribuição da Psicologia pode ser fundamental. se prever, aqui, uma demanda futura, possivelmente
Dado o exposto, pode-se identificar, no âmbito do endereçada à própria Universidade que, excluída da for­
ensino especial, um espaço a ser conquistado e ocupado mação inicial, passaria a ser chamada para suprir as lacunas
legitimamente pelo psicólogo, dada a urgência e os desa­ resultantes da preparação profissional dispensada pelos
fios inerentes aos processos de inclusão, de integração e Institutos Superiores de Educação. O maior envolvimento
de preparação funcional dessa clientela. da Universidade na formação de professores \·em sendo
há algu m tempo defendido por vários autores (Catani,
A formação de professores
Miranda, Menezes & Fischmann,1986), porém a forma
como a nova LDB abre possibilidades de uma formação
O capítulo VI da nova LDB, que trata dos profissio­ mínima em requisitos pedagógicos amplia essa tarefa.
nais da educação, apresenta pontos avaliados como posi­ A formação continuada de professores constitui
tivos e outros como negativos. Entre os pontos negativos, uma das alternativas de atuação do psicólogo nos demais
destaca-se a implantação dos "institutos superiores de sistemas de ensino escolar. O conhecimento psicológico
educação" como instâncias formadoras de professores da disponível sobre os fundamentos da educação e dos pro­
educação básica, duramente criticados pela Associação cessos de ensino, sobre relações humanas e sobre alterna­
Nacional de Profissionais de Ensino (conforme Aguiar, tivas construtivas na promoção de recursos profissionais e
1997) por se constituírem uma "rede paralela" e "aligei­ para-profissionais, aliado ao conhecimento das questões
rada" de formação, centrada exclusivamente no ensino e pedagógicas, culturais e políticas que caracterizam os
ferindo o princípio de uma base nacional comum, defen­ atuais desafios da Educação conferem, ao psicólogo, uma
dido por aquela Associação, além de retirar da Universi­ habilitação particularmente desejável para a atuação
dade a sua finalidade de formação de professores, efetiva nessa área.
restringindo-a à formação especialistas em adminis­ As atuais parcerias entre as Universidades e a Secre­
tração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação taria da Educação e Delegacias de Ensino, no Programa
educacional, que ocorrem através dos cursos de Peda­ de Educação Continuada do Estado de São Paulo, embora
gogia. O texto apresenta, portanto, uma visão tecnocrática não se constituam, propriamente, uma alternativa de
Zilda Aparecida Pereira Dei Prette 24 Psicologia, educação e LD8: novos desafios para velhas questões? 25

profissionalização do psicólogo educacional, já que ela PNE. O Plano do governo tem um caráter tecnocrático,
vem sendo exercida como atividade extensionista dos com metas quantitativas insatisfatórias e inferiores
docentes universitários, permitiria uma análise mais àquelas definidas pelo projeto das oposições (Valente,
detalhada dessas possibilidades. Exemplificando, a autora 1998), que procurou preencher as lacunas da nova LDB, a
deste trabalho coordena, atualmente, um projeto de
partir de uma análise atualizada dos principais indica­
extensão nesse convênio, com o objetivo de sensibilizar e
dores educacionais, propondo diretrizes e metas mais
assessorar os professores para assumirem, paralelamente
ousadas para os próximos dez anos, articuladas em torno
aos objetivos "acadêmicos", o desenvolvimento de ati­
de princípios éticos voltados para a igualdade e a justiça
tudes e habilidades interpessoais que, no contexto dos
novos paradigmas culturais, têm sido amplamente reco­ social. Entre tais diretrizes e metas pode-se destacar: a) a
nhecidas como pertinentes à educação escolar. redefinição de conceitos importantes como democracia,
autonomia, avaliação, Sistema Nacional de Educação e
suas formas de gestão democrática em todos os níveis e
Outros aspectos
modalidades; b) o restabelecimento do Conselho Nacio­
A nova LDB, em seu artigo 87, instituiu a Década da nal de Educação em suas funções e composição; c) a
Educação, cujas diretrizes e metas devem ser regidas pelo ampliação do percentual do PIB destinado à Educação
Plano Nacional de Educação (PNE), encaminhado pela Pública (de 3,7 para 10%); d) a erradicação do analfabe­
União ao Congresso Nacional após o prazo previsto na tismo e a universalização da educação básica, incluindo
própria LDB. O governo efetivamente produziu o seu pré-escola e ampliação da educação infantil nas creches;
PNE, porém ignorando os subsídios produzidos pelos e) o estabelecimento de políticas de formação e definição
amplos setores da sociedade organizada, nos Congressos da carreira e da remuneração do professor; f) a ampliação
Nacionais de Educação de Belo Horizonte em 1996 e 1997. gradativa dos requisitos de formação exigida em todos os
Esses subsídios geraram o Plano Nacional de Educação­ níveis.
Pn lposta da Sociedade Brasileira (ANDES, 1997), apoiado J\. consecução dos aspectos positivos d.i lq�i.sl..1i;:ío
pelas oposições e encaminhado à Câmara, sob a forma de educacional, assim como de qualquer legislação, depen­
projeto de lei, no início do presente ano e que atualmente de, em grande parte, da capacidade de mobilização e,
busca cumprir a exigência regimental de um milhão de certamente também da fiscalização da sociedade. Como
assinaturas para tramitar no Congresso Nacional como cidadão e intelectual (Dei Prette, 1993), além de profis­
projeto de lei de iniciativa popular. sional, o psicólogo precisa participar dos movimentos em
Essa situação é conseqüência direta das lacunas da defesa da educação pública e de qualidade e, no caso
LDB quanto ao Fórum Nacional de Educação e o Conse­ específico da nova LDB, estar atento não apenas ao seu
lho Nacional de Educação e seus papéis na elaboração do conteúdo mas também às suas possíveis distorções
conjunturais, na medida do possível compondo os foruns
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 26 Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 27

em defesa das diretrizes legítimas aí estabelecidas. Certamente, pode-se afirmar 4ue a nova LDB reco­
Independentemente de qualquer avaliação quanto loca, sob a forma de novos desafios, nntigos prnblenws dn
às condições reais que serão viabilizadas pelo governo interface Psicologia-Educação, entre os quais a identifi­
federal, para a concretização dos aspectos positivos da cação de seus contornos e possibilidades de profissionnli­
nova LDB, o fato de estarem sendo previstos e regulari­ zação, que, a nosso ver, não devem estar restritos à escola
zados em lei abre espaço para que se formem gradual­ e aos pais, mas a todos os contextos educativos dn socie­
mente novas e mais exigentes expectativas educacionais, dade. Assim, independentemente da inserção no quadro
legitimando a sua cobrança pelos setores mais compro­ funcional da escola, é importante que o psicólogo
metidos com a qualidade da educação no país. comprometido com questões educacionais reconheça as
muitas opções de atuação que podem ser viabilizadas
Alguns encaminhamentos através de projetos de consultoria e que procure planejá-las
articulando os objetivos de intervenção aos de produção
As análises anteriores buscaram pontuar possibi­
de conhecimento.
lidades de pesquisa e de intervenção educacional perti­
A municipalização do ensino fundamental e a
nentes à formação do psicólogo e à contribuição da
"atribuição" de uma margem de maior autonomia aos
Psicologia à Educação. As alternativas de atuação do
municípios no uso dos recursos para manutenção e desen­
psicólogo na Educação supõem uma formação ampla em
volvimento do ensino incluem a "remuneração e aperfei­
subáreas da própria Psicologia e nas Ciências da Educa­
çoamento do pessoal docente e de111ais profissio11ais de
ção. No primeiro caso, pode-se destacar o conhecimento
Edl lcação" (Gracindo, 1997, p.189, itálico nosso), criam
sobre processos psicológicos básicos (motivação, percepção,
novos interlocutores, certamente mais acessíveis, para o
emoção, aprendizagem, desenvolvimento, grupos) asso­
encaminhamento de propostas de atuação profissional do
ciados à Psicologia do Desenvolvimento, da Aprendi­
psicólogo na Educação. Por isso, pode ser importante, no
zagem, Social, Organizacional, Clínica, Comunitária etc.,
processo de fom1ação do psicólogo, o exercício de reconhe­
ou seja, considerando a formação básica como referência
cer a amplitude das ações pertinentes ao conhecimento e
da competência técnica e da identidade do psicólogo esco­
habilitação profissional em Psicologia e, simultaneamente,
lar e educacional. Os conhecimentos em Ciências da Edu­
identificar questões relevantes de pesquisa associadas a
cação incluem os da Sociologia, Filosofia e História da
essas opções. Considerando as alternativas já referidas
Educação, Sociolingüística, Psicolingüística e outras, cuja
neste texto e outras tradicionalmente associadas à atuação
atualização constante, especialmente com relação às polí­
do psicólogo escolar, o quadro a seguir propõe um resumo
ticas educacionais, é indispensável para uma atuação
de ações que poderiam orientar tal exercício, através da
profissional socialmente relevante.
solicitação de elaboração de projetos de pesquisa-inter­
venção.
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 28 Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 29

Quadro 1. Algumas alternativas relevantes de Quadro 1. continuação


atuação do psicólogo na escola
• Desenvolvimento de programas especiais para pais, por
• Assessoria na elaboração, implementação e avaliação exemplo, com objetivos de apoio às tarefas de casa, de organização
permanente do projeto pedagógico, orientado por objetivos clara­ da rotina de estudo, de estimulação da motivação dos filhos para a
mente definidos por todos os segmentos da unidade escolar (do aprendizagem, de promoção da resiliência psicológica etc., aqui
diretor à faxineira, incluindo os pais); incluindo-se os programas complementares para alunos portadores
de necessidades educativas especiais;
• Assessoria na elaboração de instrumentos e procedi­
mentos para avaliação dos alunos em conformidade com o projeto • Elaboração e condução de programas junto a pais e cuida­
pedagógico da unidade escolar; dores das crianças na promoção de condições de aprendizagem e
de desenvolvimento integral do aluno e na prevenção de deficiências
• Assessoria na elaboração de programas especiais de funcionais;
ensino para as atividades regulares de sala de aula, prioritaria­
mente nas áreas de leitura, escrita, matemática e ciências, inclusive • Participação na orientação, treinamento e desenvolvi­
articulados às propostas de atendimento e integração dos porta­ mento técnico-profissional dos professores, com ênfase na assimi­
dores de necessidades educativas especiais; lação e na aplicação, às metodologias de ensino, dos fundamentos
psicológicos da Educação (conhecimentos sobre ensino, aprendi­
• Assessoria na elaboração de programas e atividades zagem, desenvolvimento, relações educativas, avaliação, progra­
complementares, em áreas pertinentes à consecução do projeto mação de ensino etc.) e no desenvolvimento do compromisso e da
educativo, como desenvolvimento emocional e relações interpessoais, identidade positiva do professor em seu próprio papel de cidadão,
orientação vocacional e preparação para o trabalho, orientação sexual, intelectual e profissional;
prevenção de uso de substâncias psicoativas, desenvolvimento
emocional, criatividade etc.); • Diagnóstico e encaminhamento de problemas relacio­
nados a queixas escolares.
• Análise e proposição de alternativas de reestruturação
das relações funcionais entre os segmentos da escola, no sentido de
maior participação de todos nas tomadas de decisão e na avaliação e Além das alternativas anteriores, que se caracteri­
monitoramento das ações e resultados; zam como intervenções no âmbito institucional da escola,
• Análise e intervenção sobre a natureza e qualidade das é importante incluir, sob uma concepç5o mílis ílbr;in!:-?'tllc
interações de sala de aula, com criação de novas configurações e da interface Psicologia-Educação, a análise de opções de
oportunidades educativas e melhor aproveitamento das relações serviços educacionais, exercidas usualmente em consul­
professor-aluno, entre alunos e dos alunos com outros agentes tórios e a partir de demandas particulares, para a supera­
educativos;
ção de problemas emocionais e de aprendizagem, déficits
• Análise e dinamização dos espaços e eventos educativos de atenção, hiperatividade, agressividade, abuso de
da escola, para a superação do ritualismo das ações e arranjos ambien­
tais, com vistas à sua exploração educativa; drogas, problemas relacionados a queixas escolares, orien­
tação vocacional e escolha profissional.
Por outro lado, pode ser importante que os alunos
reconheçam a aplicação de muitas das alternativas ante-
Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 31
Zllda Aparecida Pereira Dei Prette 30

riormente referidas a outros contextos educativos, além com tais movimentos parecem constituir uma urgência a
da escola e dos consultórios, por exemplo, a instituições ser assumida tanto na formação dos novos psicólogos
não escolares de acolhimento infantil, a organizações como na atuação dos pesquisadores que atuam na inter­
comunitárias, a empresas e agências comerciais, aos meios face Psicologia-Educação.
de comunicação etc. Nesse último item, podem ser enfati­ Falar da alteração do currículo mínimo na formação
zadas as alternativas de atuação do psicólogo na investigação do psicólogo e dos novos parâmetros curriculares que
das condições e da efetividade dos processos de educação à poderiam colaborar para uma melhor instrumentação do
distância, do ensino computadorizado, da utilização da psicólogo na área educacional.
mídia como recurso adicional, entre outras.
A atuação do psicólogo na Educação tem sido, algu­
mas vezes, entendida como a aplicação de um olhar II

psicológico" sobre as questões educacionais. Conside­


rando-se que a Psicologia é um dos fundamentos da
II

Educação", a assertiva acima é razoável, desde que esse Referências


"olhar" não se confunda com psicologismo", ou seja,
II Agu iar, M. A. (1997). Institutos superiores de educação na
com explicações que focalizam o psiquismo isolando-o nova LDB. Em 1. Brzezinski (Org.), LDB i11terpretada:
diversos ollzares se entrecmzmu. São Paulo: Cortez.
de seus determinantes históricos e sociais. O olhar II

psicológico" privilegia sem dúvida o comportamento Almeida, S. F. C. (1992). Da formação do psicólogo escolar
e de uma possível identidade profissional. Psicólogo
dos indivíduos (os observáveis e os não diretamente Escolar: Identidade e Perspectivas: A11ais do l Congresso
observáveis), mas concebe esse comportamento em suas Nacional de Psicologia Escolar, 187-189.
interações com os determinantes físicos, biológicos e Azanha, J. M. P. (1993). Política e planos de educação no
sociais, presentes e passados, que permitem aferir o signi­ Brasil: algu ns pontos para reflexão. Cadernos de Pesquisa
ficado das ações e das relações sociais que ocorrem nos 85, 70-78.
diferentes contextos educativos. Daí porque a análise Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do tfese11volvi111e11lo
psicológica dos fenômenos educativos precisa incluir a humano: Experimentos naturais e planejados. Porto Alegre:
Artes Médicas.
compreensão do sistema educacional em termos das
Brzezinski, 1. (1997). A formação e a carreira de profis­
contingências sociais e políticas que sobre ele incidem. A sionais da educação na LDB 9394/96: possibilidades e
LDB constitui uma dessas contingências, bem como os perplexidades. Em 1. Brzezinski (Org.), LDB interpre­
movimentos populares de resistência aos aspectos nela tada: diversos olliares se entrecmzam. São paulo: Cortez.
considerados ilegítimos ou contrários aos anseios dos Catani, D. B.; Miranda, H. T.; Menezes. L. C. e Fischmann,
educadores. A compreensão mais ampla dessas impli­ R. (Orgs), (1986). Universidade, escola e formação de profes­
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Zilda Aparecida Pereira Dei Prette 32 Psicologia, educação e LDB: novos desafios para velhas questões? 33

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Ana Maria Torezan


Pontifícia Universidade Católica De Campinas

as últimas décadas várias conferências de âmbito


·"' .. . ., internacíonal se voltaram para a discussão do
direito, especialmente no que diz respeito ao acesso à Edu­
cação, da pessoa cóm algum tipo de deficiência. Documen­
tos produzidos em tais conferências, como por exemplo a
Declaração de Salamanca (resultado da Conferência
mundial sobre necessidades Educativas Especiais: acesso
e qualidade, ocorrida na Espanha em 1994), ganharam
repercussão internacional. Tal declaração reafirma o
direito de todos à educação, independentemente de suas
diferenças e enfatiza que a educação de pessoas com
algum tipo de deficiência é parte integrante do sistema
educativo. A idéia é que toda criança, com qualquer tipo
de necessidade, deve estar na escola, trazendo à tona o
conceito de escola inclusiva, ou seja, a escola capaz de
receber e educar a todos, inclusive aqueles mais compro­
metidos seja do ponto de vista físico, intelectual, sensorial
ou emocional.
O ideal "Educação para todos" tornou-se um
compromisso assumido por vários países, inclusive o

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