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Capítulo: Cidades Sustentáveis, Cidades Globais: Antagonismo ou


Complementaridade? Urbana In: A duração das cidades: sustentabilidade e risco
nas políticas públicas | Autor: Rose Compans (Henri Acselrad org.)
Resenha Crítica
Professor: Elenise Felzke Schonardie
Mestrando: Marco Antonio Compassi Brun

1 RESENHA

A autora inicia o capítulo que objetiva discorrer sobre os distintos conceitos de


cidades globais e cidades sustentáveis, com a ideia de que o desenvolvimento sustentável
surge como possibilidade de acumulação, consumo e distribuição de riqueza, sem que se
ponha em risco o ambiente (COMPANS, 2009, p. 122). Contudo, esse pensamento se
mostra vago e cria uma série de bifurcações que demandam aprofundamento teórico nesse
sentido.
Dessa forma, autora traz alguns conceitos de cidade globais formulados por
Sassen e Emelianoff, especialmente a partir das transformaçoes no meio urbano após a
ascensão das novas tecnologias de informação e comunicação. A cidade se torna um lugar
que busca economizar tempo e impulsionar o fluxo de capital, o excesso de trabalho e a
atividade de mercado. Enquanto se desconecta da natureza e do ambiente.
Justamente por esse caráter das cidades globais, do contemporâneo globalismo
capitalista de mercado, que a sustentabilidade encontra na competitividade a necessidade
de ser relacionada. Ou seja, de ser considerada como um conjunto e não como uma
adversária, visto que aquela segunda é mera consequência do próprio sistema construído
pelo Ocidente.
É necessário, portanto, que a sustentabilidade seja uma condição para a
competitividade e para o desenvolvimento econômico. Em suma, busca-se o
desenvolvimento sustentável, que deve partir inclusive dos Estados e governos locais,
com medidas, políticas públicas e ações dessa natureza no processo de crescimento
estrutural e financeiro, sem se desvincular da preocupação e da noção de sustentabilidade.
Sem que isso seja uma mera restrição ambiental para a acumulação capitalista
(COMPANS, 2009, p. 131). Mas sim um pilar da composição dos novos modelos de
sociedade, mercado e tecnologia.
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Para auxiliar na interpretação das noções de sustentabilidade, a autora também


traz os conceitos abordados por Henri Acselrad, o qual expõe que a cidade deve ser
representada a partir de uma lógica tecnomaterial – que visa desenvolver a cidade com
racionalidade ecoenergética. Isto é, caminhar para um meio urbano mais sustentável, a
partir de modelos inteligentes de alocação de tempo, espaço e matéria.
Além disso, a cidade também é representada pela qualidade de vida. A qual serve
de contraponto a concepção tecnomaterial, pois preocupa-se com as questões sociais e
sanitárias da sociedade.
Por fim, a cidade também é meio de espaço de legitimação de políticas públicas.
Pois é o local onde se constrói politicamente a sociedade, razão pelo qual deve levar em
conta elementos como a “[...] equidade, a democracia na alocação dos recursos e a
eficiência administrativa” (COMPANS, 2009, p. 139).
Assim, a teoria de Acselrad de múltiplas representações reproduz parcialmente as
ideais expostas pela autora no presente capítulo analisado. Isso porque demonstra que a
sustentabilidade – dada a sua complexidade e caráter abrangente – perdeu um sentido
concreto capaz de permitir a sua utilização para desenvolvimento das cidades e alcance
de políticas públicas. Desse modo, entendo ser necessária a interpretação dessas diversas
facetas do termo para possibilitar uma aplicação de suas intenções, sem perder o seu
caráter transformador – principal ponto a ser sustentado em face da economia e
desenvolvimento capitalista.

2 REFERÊNCIAS

COMPANS, R. Cidades sustentáveis, cidades globais: antagonismo ou


complementaridade? In: ACSELRAD, H. (org.). A duração das cidades:
sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.

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