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Lit DL Crônicas1 5e913624baee4
Lit DL Crônicas1 5e913624baee4
com
M inha história com Dragon-
lance começou há muito
tempo. Antes de Tormenta, antes da
emocionante, cheia de reviravoltas
e personagens vivos, como me
fizeram ver que o heroísmo também
Dragão Brasil, antes até dos RPGs. tem tons de cinza. Protagonistas
com dilemas morais, capazes de
Eu era um moleque no meio da
decisões questionáveis? De amores
adolescência quando conheci as
intensos o suficiente para fazê-los ir
aventuras de Caramon, Raistlin,
contra tudo o que acreditam? Até
Taslehoff, Tika e companhia. Em
então, eu não sabia que isso
uma época em que o mercado de
era possível.
fantasia medieval era um sonho
distante no Brasil, eu juntava Estes ensinamentos me tornaram
dinheiro obsessivamente para um aspirante a escritor de fantasia.
comprar as Crônicas que você tem Inspirado pela Guerra da Lança
em mãos agora, cada livro dividido e seus personagens, criei a minha
em dois volumes publicados por uma própria história e meus personagens
editora portuguesa, vendidos em — em um conto chamado O
uma única livraria de importados, Paladino e a Ladra, escrito nos
escondida em um shopping quase intervalos do meu trabalho diário
deserto em São Paulo. na época. O conto foi meu primeiro
texto ficcional publicado, e abriu
Por conta disso, a Guerra da Lança as portas do que viria a ser minha
funcionava como um seriado de carreira nestes últimos 25 anos.
periodicidade incerta: eu sofria
com cada perigo, vibrava com cada Se o garoto que eu fui um dia não
vitória, decorava nomes de lugares, tivesse pego da prateleira o primeiro
fugia dos spoilers na loja em que volume das Crônicas de Dragonlance
eu jogava RPG e depois me juntava e mergulhado com tanto fervor
aos amigos para comentar cada naquelas páginas, minha vida hoje
passagem, em um mundo ainda sem seria bem mais entediante, sem
internet ou redes sociais. Os Heróis graça. Sem aventuras.
da Lança eram meus companheiros Que bom que você não corre
e, mais que isso, minha inspiração. esse risco.
Margaret Weis e Tracy Hickman — J.M. Trevisan
não só me mostraram uma história Editor-executivo da Dragão Brasil
Dragon Age
O Trono Usurpado
Profecias de Urag
O Caçador de Apóstolos
Deus Máquina
Tormenta
O Inimigo do Mundo
O Crânio e o Corvo
O Terceiro Deus
A Joia da Alma
A Flecha de Fogo
O Levante Élfico
Crônicas da Tormenta, Vol. 1
Crônicas da Tormenta, Vol. 2
Universo Invasão
Espada da Galáxia
DRAGÕES
C Orepúsculo do
do
utono
Margaret Weis & Tracy Hickman
CDU 869.0(81)-311
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A planície é frágil,
Tão amarela quanto a chama
O líder desdenha
Do que Vento Ligeiro clama.
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A planície sumiu,
E o outono acabou de chegar.
A garota se junta ao amado,
Enquanto as pedras voam,
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anis foi para o alpendre e desceu pelos galhos da árvore até o chão.
Os outros esperavam juntos na escuridão, afastados da luz proje-
tada pelos lampiões da rua que balançavam nos galhos acima. Um
vento frio havia começado a soprar, vindo do norte. Tanis olhou para trás
e viu outras luzes, as luzes dos grupos de busca. Ele puxou o capuz sobre a
cabeça e correu para frente.
— O vento mudou — disse. — Vai chover de manhã — ele olhou
para o pequeno grupo e os viu cobertos pela estranha luz dos lampiões que
dançavam, jogados pelos ventos.
O rosto de Lua Dourada estava marcado pelo cansaço. O rosto de
Vento Ligeiro era uma máscara estoica de força, mas seus ombros estavam
caídos. Tremendo, Raistlin encostou-se ofegante em uma árvore. Tanis
arqueou os ombros contra o vento.
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única coisa que Tanis sentiu ao entrar na floresta foi o alívio por
sair do brilho do sol do outono. O meio-elfo lembrava todas as
lendas que ouvira sobre a Floresta Sombria, histórias de fantasmas
contadas ao redor da fogueira à noite, e lembrava do pressentimento de
Raistlin. Mas tudo o que Tanis sentia era que a floresta estava muito mais
viva do que qualquer outra que já havia entrado.
Não havia o silêncio mortal que tinham experimentado antes. Peque-
nos animais faziam barulhos no mato. Pássaros esvoaçavam nos galhos altos
acima deles. Insetos com asas bem coloridas passavam voando. As folhas
farfalhavam e se mexiam, flores balançavam, embora nenhuma brisa as
tocasse, como se as plantas se deliciassem em estarem vivas.
Todos os companheiros entraram na floresta com as mãos nas armas,
cautelosos, atentos e desconfiados. Depois de um tempo tentando evitar
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— Tanis! Emboscada!
— Droga! — xingou Caramon enquanto a voz do kender flutuava até
eles vinda da névoa à frente.
Todos começaram a correr em direção ao som, amaldiçoando as vinhas
e os galhos das árvores que bloqueavam seu caminho. Abrindo caminho
pela mata, eles viram a ponte da garra de ferro caída. Quatro draconianos
saíram das sombras, bloqueando o caminho.
De repente, os companheiros foram jogados em uma escuridão tão pro-
funda que não conseguiam ver as próprias mãos, quanto mais seus colegas.
— Magia! — Tanis ouviu o sibilo de Raistlin. — Esses são magos.
Afastem-se. Vocês não podem combatê-los.
Então, Tanis ouviu o mago gritar em agonia.
— Raist! — Caramon gritou. — Onde... uff... — Houve um gemido
e o som de um corpo pesado batendo no chão.
Tanis ouviu os draconianos entoando algo. Enquanto tentava pegar
a espada, ele foi coberto repentinamente, da cabeça aos pés, por uma
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— Tanis!
O meio-elfo ouviu alguém o chamando do outro lado de um abismo
enorme. Ele tentou responder, mas sua boca estava cheia de algo grudento
Ele balançou a cabeça. Depois, sentiu um braço em seus ombros, o ajudando
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O grande Altobulpe Caudo I era um anão tolo entre os anões tolos. Ele
era quase inteligente, supostamente muito rico e um notório covarde. Os
Bulpes eram o clã de elite de Xak Tsaroth, ou “Xa”, como eles chamavam,
desde que Nulfe Bulpe caiu em um buraco em uma noite de torpor bêbado e
descobriu a cidade. Ao acordar sóbrio na manhã seguinte, ele a reclamou para
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Isso foi há uma semana. Como se viu, a Hospedaria não foi a única
construção que ficou em pé. Os draconianos sabiam quais edifícios eram
essenciais para suas necessidades e destruíram todos aqueles que não eram. A
Hospedaria, a forja de Theros Dobraferro e o armazém foram poupados. A
forja sempre estivera no chão, uma vez que não era aconselhável ter uma forja
quente localizada em uma árvore, mas os outros foram baixados até o chão
porque os draconianos tinham dificuldade em subir em entrar nas árvores.
Lorde Verminaard ordenou que os dragões baixassem os edifícios.
Depois de abrir espaço com fogo, um dos monstros vermelhos enormes
enfiou as garras na Hospedaria e a levantou. Os draconianos celebraram
quando o dragão a largou, não suavemente, sobre a grama enegrecida. O
Baixo Mestre Toede, responsável pela cidade, mandou Otik consertar a
Hospedaria imediatamente. Os draconianos tinham uma grande fraqueza,
uma sede por uma bebida forte. Três dias depois da cidade ser tomada, a
Hospedaria foi reaberta.
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unca pensei que tal beleza existisse — Lua Dourada disse baixi-
nho. A marcha do dia tinha sido difícil, mas a recompensa no
final estava além de seus sonhos. Os companheiros estavam em
um penhasco alto sobre a lendária cidade de Qualinost.
Quatro torres finas erguiam-se dos cantos da cidade como fusos relu-
zentes, a pedra branca marmoreada com prata brilhante. Arcos graciosos,
passando de uma torre para outra, subiam pelo ar. Criados por antigos
artíficies anões, eles eram fortes o suficiente para suportar o peso de um
exército, mas pareciam tão delicados que um pássaro pousando sobre eles
poderia lhes tirar o equilíbrio. Esses arcos brilhantes eram os únicos limites
da cidade. Não havia muralha ao redor do Qualinost. A cidade élfica abria
seus braços amorosamente para a mata.
As construções de Qualinost melhoraram a natureza em vez de ocul-
tá-la. As casas e lojas eram entalhadas de quartzo rosa. Altas e delgadas
como os álamos, sobressaiam em espirais de avenidas revestidas pela pedra
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O Sol
O olho imponente
De todo o firmamento
Mergulha do dia
E deixa
O céu dormente,
Decorado com vagalumes,
Na cor cinza sombria.
Dorme agora,
Mais longevo amigo
Repouse nas árvores
E nos convide
Também.
As folhas
Emanam o fogo frio,
Queimam em cinzas
No final do ano.
E as aves
Velejando aos ventos,
E giram para o Norte
Quando o outono acaba.
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O vento
Mergulha pelos dias.
Pela estação, pela lua
Grandes reinos surgem.
O suspiro
Da ave, do vagalume,
Das árvores, do homem
Em uma palavra some.
Dorme agora,
Mais longevo amigo
Repouse nas árvores
E nos convide
Também.
A era,
As mil vidas
Dos homens e suas histórias
Vão para seus túmulos
Mas nós,
Que eternamente vivemos
No poema e na glória
Da canção desapareceremos.
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uvi alguma coisa, Tanis, e fui investigar — disse Eben, com o ros-
to sério. — Olhei para fora da porta da cela que estava vigiando
e vi um draconiano agachado, escutando. Rastejei para fora e o
agarrei, depois um segundo pulou em mim. Eu o esfaqueei, depois fui atrás
do primeiro. Eu peguei e o apaguei, então decidi que seria melhor voltar.
Os companheiros retornaram às celas e encontraram tanto Gilthanas
quanto Eben esperando por eles. Tanis pediu para Maritta manter as mu-
lheres ocupadas em um canto distante enquanto ele questionava os dois
sobre sua ausência. A história de Eben parecia verdadeira, Tanis viu os
corpos dos draconianos quando voltou para a prisão, e Eben certamente
esteve em uma luta. Suas roupas estavam rasgadas e sangue escorria de um
corte no seu rosto.
Tika pegou um pano relativamente limpo de uma das mulheres e
começou a lavar o corte.
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Enquanto Eben corria para as minas, seu único pensamento era obede-
cer à ordem de Pyros. De alguma forma, no meio desse furor, ele precisava
encontrar o Homem da Joia Verde. Ele sabia o que Verminaard e Pyros fariam
com esses pobres coitados. Eben sentiu um pouco de pena, afinal, ele não era
cruel e terrível. Ele simplesmente tinha visto, há muito tempo, qual lado
estava fadado a vencer e, dessa vez, decidiu ficar do lado vencedor.
Quando a fortuna de sua família foi consumida, Eben tinha apenas
uma coisa para vender: ele mesmo. Ele era inteligente, hábil com uma
espada e tão leal quanto o dinheiro podia comprar. Foi em uma viagem ao
norte, procurando possíveis contratadores, que Eben conheceu Verminaard.
Eben ficara impressionado com o poder de Verminaard e abrira caminho
para cair nas boas graças do clérigo maligno. Mas, o mais importante, ele
conseguiu se tornar útil para Pyros. O dragão achou Eben encantador,
inteligente, engenhoso e, após alguns testes, digno de confiança.
Eben foi mandado para casa em Berma pouco antes dos exércitos dra-
cônicos atacarem. Ele “escapou” convenientemente e começou seu grupo
de resistência. Encontrar o grupo de elfos de Gilthanas na primeira vez que
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CANÇÃO DE HUMA
Saído da aldeia, dos condados de tetos de palha,
Saído da sepultura e trincheira, trincheira e sepultura,
Onde sua espada primeiro experimentou
As últimas danças cruéis da infância e despertou para os condados
Sempre fugindo, sua grandeza um fogo-fátuo,
O voo inclinado do Martim sempre acima dele,
Agora, Huma andava sobre as Rosas,
Na Luz equilibrada da Rosa.
E, atormentado por Dragões, ele se voltou para os confins da terra,
Para a margem de todo o sentido e sentidos,
Para a Vastidão, onde Paladine ordenou que ele se virasse,
E lá, em um túnel estridente de facas
Ele cresceu na violência sem mácula, em anseio,
Atordoado em si mesmo por um desafio ensurdecedor de vozes.
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