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ÍNDICE

03 INTRODUÇÃO

08 O QUE?

16 DE ONDE VEM?

21 POR QUE?

28 COMO?

33 E AGORA?

Para aqueles que insistem em atirar no


próprio pé...
INTRODUÇÃO
"PARAR DE SONHAR - BEM, É COMO DIZER
QUE VOCÊ NUNCA PODE MUDAR SEU
DESTINO." AMY TAN, "

Não é preciso ser um Freud para saber que não faz sentido
algum uma pessoa agir de forma sistemática contra os
próprios objetivos, contra a própria felicidade. Quem faria
isso? É tão irracional!

A questão é que não somos seres (só) racionais, somos


multifacetados, enviesados, emocionais, espirituais. E a
grande maioria de nós experimenta esta amarga experiência
da autossabotagem. De alguma forma, em alguma medida,
em algum momento agimos contra a nossa própria vontade.
Fazemos o que não deveríamos e deixamos de fazer o que
deveríamos. Você já definiu metas e objetivos que você
simplesmente não conseguiu alcançar?

Mariana decidiu que iria perder peso. Prometeu que vai


começar dieta e academia semana que vem. Já se passaram 8
meses.

Paulo quer a estabilidade de ser servidor público e está


decidido mas não consegue acordar cedo para estudar e
perde horas por dia com bobagens na internet.

•A A
C DEMI A DE A UTOESTIM A •
03
marina aniya

Juliana quer comprar sua casa própria mas todos os meses


gasta mais do que deveria, em itens que ela definitivamente
não precisa.

Estas histórias te lembram alguma coisa? Estes exemplos


simplistas ilustram uma forma óbvia e ordinária de
autossabotagem, mas existem outros meios mais sutis e
sofisticados, mais difíceis de serem observados e portanto,
mais difíceis de serem sublimados.

Por que trocamos a satisfação das conquistas de longo prazo


por pequenas e frívolas recompensas? Será que somos
preguiçosos?   Talvez hedonistas? Será que somos pouco
inteligentes? Nos falta motivação? Alguma vez você já se
perguntou por que continua repetindo os mesmos padrões de
comportamento repetidas vezes e continua obtendo
precisamente os mesmos resultados lamentáveis?

Todos nós, em um ponto ou outro, passamos por esses ciclos


ou fases de repetição. Na verdade, muitos de nós repetem
diariamente os seus ciclos de autossabotagem, como um
relógio suíço. Como resultado, raramente vivemos todo o nosso
potencial, qualquer que seja a área da vida em questão.

•A A
C A
DEMI DE A A•
UTOESTIM 04
marina aniya

Hábeis profissionais como o próprio Freud ou Flávio Gikovate,


além de muitos outros, não conseguiram responder porque
pessoas agem como se estivessem buscando a infelicidade - e
se espantam quando a encontram. É realmente intrigante e não
proponho aqui uma resposta para esta provocante questão
psíquica-cognitiva-filosófica. Longe de mim a ambição de
propor uma resposta para esta pendenga.

O que sei com certeza é que a autossabotagem está


intimamente ligada a uma autoestima negativa. Uma fomenta a
outra e identificar qual vem primeiro é como pensar sobre o
ovo e a galinha.   Se por um lado achar que não se é capaz ou
merecedor age como uma das raízes da autossabotagem, de
outro lado percebo que não fazer o que precisa ser feito tem
um efeito devastador na autoestima. A pessoa deixa de
acreditar nela mesma, começa a duvidar de suas capacidades,
abala a autoconfiança. Vira uma bola de neve catastrófica,
congelante.

Com tudo isso, você pode estar se perguntando se há um


caminho para mudar. Existe uma solução real para evitar esses
padrões repetitivos e limitantes de comportamento?

    

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C DEMI A DE A UTOESTIM A• 05
marina aniya

E a resposta para essas perguntas é um SIM retumbante. A


ligação da autoestima com a autossabotagem e uma
necessidade de superar os meus próprios processos de boicote,
além de uma tentativa genuína de apoiar clientes e seguidores
da Academia de Autoestima, são a razão deste E-book.

     Marina Aniya

•A A
C DEMI A DE A UTOESTIM A• 06
"A autossabotagem
é quando dizemos
que queremos
alguma coisa e
depois nos
asseguramos que
isso não aconteça."
Alyce P. Cornyn-Selby
O QUE É?

A expressão "você é seu pior inimigo" soa verdadeira para a


maioria de nós. Agimos contra nossos interesses e objetivos,
nos afastamos de nossos sonhos e do ideal projetado que
gostaríamos de ser, a nossa melhor versão, como tem-se dito.

A autossabotagem é quando você age contra a sua intenção ou


seus objetivos. Queremos algo, mas de alguma forma nunca
conseguimos. Por quê? Porque em algum lugar no nosso
subconsciente estamos lutando contra esse objetivo.

Gosto da analogia do carro. Não irei fugir do imaginário


popular. Imagine que você tem uma Ferrari, que chega a 350
Km/h e leva 3,14 segundos para chegar a 100 Km/h. Uau! Sem
fugir do estereótipo, eu não entendo de carros mas sei que os
números da Ferrari demonstram potência. Agora imagine que
você tem essa máquina em suas mãos mas abastece com um
combustível adulterado, não troca o óleo, não faz as revisões.
Não dá para esperar  que o desempenho seja como o esperado,
pode até ser que ande por um tempo, mas não com a mesma
velocidade e eventualmente existe a possibilidade de parar pelo
meio do caminho. Pode ser ainda que você fique com medo de
acelerar e nunca experimente a emoção dos 350 Km/h, talvez
você até queira mas falta habilidade, que você insiste em não
adquirir. Nós somos a Ferrari. Quer dizer, assim como com os
                      
•A A
C DEMI A DE A UTOESTIM A•
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marina aniya

os carros, não somos todos iguais e o potencial máximo de


cada um é obviamente variável. O ponto não é este.

A maioria de nós passa pela vida sem saber do que é capaz,


sem conhecer a potencialidade latente, sem ousar. Algumas
pessoas limitam os sonhos e o sonhar. Que triste. Que
desperdício! O problema é que as dúvidas sobre a capacidade
de realização, além do merecimento, nos fazem matar os
sonhos, antes mesmo que eles se tornem lampejos de
possibilidades. Ficamos apreensivos e hesitantes em tentar e
desistimos antes de começar. O filósofo Richard Taylor dizia
que nossa vida não tem sentido; o que lhe dá significado é um
senso de propósito, a vontade de viver. Mas quantos de nós
realmente permite-se sonhar, e desta parcela, quantos
realizam?

Muitas pessoas inteligentes e competentes não conseguem o


que querem porque insistem em pensamentos e
comportamentos defensivos, limitadores ou autodestrutivos.
Esses pensamentos e comportamentos sabotadores não
apenas nos atrasam, mas são capazes de realmente roubar as
promessas de uma vida toda. Nos tornamos promessas não
cumpridas.

A psicoterapeuta Pat Pearson, autora do livro Stop Self-


Sabotage traz o conceito de "nível de merecimento", que ela
    
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marina aniya

define como o indicador do grau do que você acredita merecer


em várias áreas da vida, assim como o QI é um indicador do
nível de inteligência. Ela acrescenta que a autossabotagem é
como nos regulamos para nos certificarmos de que
permanecemos dentro dos limites de nossa escolha
inconsciente, com atuação direta do nível de merecimento. Em
outras palavras, o seu nível de merecimento   cria limites, que
não te permitem ir além.

Entre os diversos caminhos e formas de se autossabotar,


destruir os relacionamentos que são importantes para você,
não aproveitar oportunidades e   procrastinar são alguns bem
comuns. As formas de sabotagem de cada um varia, mas
sempre afetam os objetivos de longo prazo. A autossabotagem
é qualquer tipo de comportamento ou pensamento que nos
afasta do que mais desejamos na vida. A relutância em aceitar
novos desafios é um traço característico do comportamento de
autossabotagem.
Se você sente que está patinando em alguma área da vida, é
bastante provável que você esteja se sabotando de alguma
forma. O grande problema é que estas ações são inconscientes.
E olhar para isto pode ser feio.

A Psychology Today define a Autossabotagem como algo que


“cria problemas e interfere principalmente nos objetivos de
    

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marina aniya

longo prazo”, mais comumente visto em coisas como


procrastinação ou uma ação que traga prazer imediato, apesar
de  não acrescentar -ou atrapalhar- os objetivos de longo prazo.
Isto ocorre quando sua mente consciente (a lógica que lembra
de pagar o aluguel e comprar sabonetes) está em desacordo
com a sua mente subconsciente (a que te faz atacar um pote de
sorvete porque você levou um fora). Essa desconexão - esse
choque de necessidades e desejos - se manifesta em
comportamentos de autossabotagem. Quando você sai para
beber na noite anterior de uma importante apresentação no
trabalho, ou perde o prazo para se matricular no vestibular, ou
gasta o dinheiro que deveria ser poupado para comprar a sua
casa própria, é o seu subconsciente tentando prevenir uma dor
futura, é a forma inconsciente encontrada para administrar o
medo.

O medo geralmente está no centro da autossabotagem. Medo


de sucesso, medo do desconhecido, medo da dor ou rejeição,
medo do fracasso, medo de chamar a atenção, medo de que o
nosso melhor não seja bom o suficiente e assim por diante.
Esses medos nos mantém em um estado crônico de limbo -
nunca avançando em nossas metas. Agimos para garantir que
continuemos na situação já conhecida. No final das contas, nos
sabotamos.

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marina aniya

Esses comportamentos de autossabotagem podem ser óbvios e


significativos,   prejudicando relacionamentos, a saúde, ou
oportunidades de emprego. No entanto, eles também podem
ser mais sutis, simplesmente garantindo que você nunca saia
da sua zona de conforto. Mesmo que você ache que é
inteligente em definir metas para si mesmo, é altamente
provável que você se sabote de alguma forma. Talvez você
tenha uma voz interior crítica dizendo que você não é bom o
suficiente, ou talvez não seja seguro experimentar coisas novas.
Pior ainda, podemos nos autossabotar sem perceber, sem
nenhuma consciência.

A "baixa" Autoestima está diretamente ligada à


autossabotagem porque reforça aqueles pensamentos
negativos sobre o que você acredita ser capaz e o que você
acredita merecer. Sentir que você não é capaz fará com que
você procrastine.

Existem algumas situações principais em que a


autossabotagem se manifesta:

- Você se mantém ocupado com atividades que não trazem


resultados para os seus objetivos;
- Você deveria se defender e impor limites, mas você não faz
nada;

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marina aniya

- Você não aproveita as oportunidades (mesmo sabendo que


são únicas);
- Você luta por algo que queria muito e quando consegue, dá
um jeito de destruir;

E você se Autossabota quando:

Procrastina,
Congela (não age),
Foge,
Perde prazos,
Não pergunta,
Faz favores (e adia as suas tarefas),
Dorme demais,
Se esconde,
Festeja (em excesso, tira o foco dos seus objetivos),
Gasta demais,
Se atrasa,
Lamenta,
Adia,
Evita,
Não se expõe,
Prioriza gratificações instantâneas,
Se preocupa,
Duvida,
Joga,

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marina aniya

Despreza o autocuidado,
Muda de ideia constantemente,
Perde tempo com atividades inúteis como fofoca e
maledicência,
Perde oportunidades,
Sente que nunca está preparada(o)...

Se você   se identifica com estas situações, é sua


responsabilidade fazer a si mesmo a seguinte pergunta: "Por
que continuo sabotando meus próprios esforços? Por que
continuo alimentando a minha infelicidade e o meu fracasso?

Dolorido, né? Porém inevitável.

Não importa qual seja o nosso raciocínio de autossabotagem,


está claro que, se não fizermos algo a respeito, continuaremos
a viver uma vida cheia de arrependimentos e expectativas não
realizadas.
Eu acredito que todos nós temos sonhos e anseios abafados e
renegados, aguardando por um lampejo de coragem - ou
lucidez - para ganharem vida.

O que você tem deixado de viver por causa da


autossabotagem?

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“A vida lhe trará
dor por si só. Sua
responsabilidade é
criar alegria. ”
Milton Erickson
DE ONDE VEM?

Como a maioria das nossas dificuldades no que se refere a


desenvolvimento pessoal, como autoestima e autoconfiança,
a autossabotagem também tem suas raízes na infância (onde
mais?). Entender como este processo acontece te dá a
possibilidade de tentar outras abordagens, de ressignificar as
suas crenças e o seu passado.

A forma como cada um de nós se sabota, é provavelmente


um padrão desde a infância, fortemente conectado ao "crítico
interno", aquela voz que diz que você não pode fazer coisas
ou não é bom o suficiente, ou que você não merece ser bem
sucedida.   Este padrão também está conectado às suas
crenças básicas, as coisas que você espera serem verdades
sobre a vida, o mundo, as pessoas e si mesma. Suas escolhas
e decisões acabam sendo baseadas nestas crenças que você
construiu ou herdou. E você pode fazer isto (provavelmente
faz) sem ideia da influência de todos estes elementos.

Nosso crítico interno começa a se desenvolver a partir de


nossas primeiras experiências de vida. Sem perceber,
internalizamos atitudes que nos foram dirigidas por pais ou
responsáveis influentes em todo o nosso desenvolvimento.
Interpretamos o julgamento que foi feito a nosso respeito e o

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marina aniya

"compramos" como uma verdade incontestável, sem jamais


questionar esta construção.

Por exemplo, se nossos pais nos consideraram preguiçosos,


podemos crescer sentindo-nos ineficazes ou improdutivos.
Assimilamos este julgamento ao nosso autoconceito e podemos
então nos engajar em pensamentos autossabotadores que  nos
dizem para não tentar, muitas vezes repetem as acusações que
ouvimos. Ou seja, "por que vou me esforçar, se sei que não vou
conseguir"? Este tipo de pensamento destrói toda a motivação
e a energia necessária para colocar qualquer plano em ação.
Você acaba paralisado, preso em sua zona de conforto.

Ou, pode ser que você tenha ouvido algo do tipo "você não é
tão inteligente quanto sua irmã", e ao crescer acaba sabotando
as atividades relacionadas a inteligência, reforçando a antiga
crença de que você não o é.

Pode ser ainda que a construção do seu sabotador   tenha sido


diferente. Seus cuidadores podem ter sido do tipo que
demonstravam carinho e amor como forma de recompensa
para um bom comportamento, apenas quando você era uma
"boa menina". Desenvolve-se então a crença de que o que você
simplesmente é, não é suficiente para receber amor, mas que é
necessário fazer algo para ter este "merecimento". A menos
que exista um trabalho de conscientização e alteração desta

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marina aniya

concepção, quando adulta você pode sabotar a experiência de


ser genuinamente amada, por não reconhecer este
comportamento ou não sentir-se merecedora.

De maneira semelhante, as crianças podem internalizar


pensamentos negativos que seus pais ou cuidadores tinham em
relação a si mesmos. Se crescemos com pais inseguros com
relação às suas aptidões ou aparência física, por exemplo,
podemos assumir inseguranças semelhantes sem nos darmos
conta disso. Ou seja, você pode estar reproduzindo
comportamentos sabotadores que você aprendeu por
assimilação. Você age de determinada forma porque seu pai ou
sua mãe agiam assim.

Muitas vezes, identificar a causa ajuda a desarmar as crenças e


emoções  negativas que alimentam a autossabotagem. Quando
você entende por que algo está acontecendo, isso te dá
ferramentas para administrar a situação mais facilmente, é
possível enxergar possibilidades. Pode te ajudar a lidar com
isso mais facilmente. Às vezes é necessária uma investigação,
possivelmente dolorosa, do passado. Até mesmo os pais mais
amorosos e comprometidos com a educação e desenvolvimento
dos filhos tem defeitos e inevitavelmente vão errar. Como
sempre digo, não há ninguém para culpar. Cada um faz o
melhor que pode em cada momento de vida, de acordo com o
grau de evolução e entendimento em que se encontra.

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marina aniya

E não são só os pais e cuidadores que interferem neste


processo. Amigos, mídia e sociedade também têm suas parcelas
de responsabilidade. Crescer absorvendo as imagens das
propagandas em geral, especialmente nos anos 80 e 90 quando
"padrões ideais" de beleza e comportamento eram mais rígidos,
foi e é desafiador para a autoestima e autoconfiança até das
mais bem resolvidas.

Nós não podemos mudar o passado. No entanto, como adultos,


podemos identificar os pensamentos autossabotadores que
internalizamos e conscientemente mudá-los. Seja lá o que for
que você esteja tentando mudar ou controlar em sua vida, é na
mudança de seus pensamentos que você deve se concentrar.
Como escreveu Elizabeth Gilbert: “Você precisa aprender a
selecionar seus pensamentos da mesma maneira que escolhe
suas roupas todos os dias. Devemos nos responsabilizar por
escolhas mais saudáveis e assertivas e nos libertar do vitimismo
e autopiedade.
    

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“Sem consciência
não há escolha.”
John F. Barnes
POR QUE?

Mesmo que a gente compreenda como a autossabotagem


começa a se formar, ainda não faz sentido porque agimos
contra nós mesmos. Temos a consciência quase imediata de
que demos um tiro no pé quando comemos uma pizza
enquanto estamos de dieta, pensando na praia daqui há alguns
meses. E o evento tende a não ser isolado. No dia seguinte para
completar, arrematamos com um brigadeiro. Por que insistimos
nestes comportamentos destrutivos? Por que procrastinamos?
Por que paramos de fazer uma coisa que nos faz sentir bem?

Acredito que esse comportamento é quase sempre


inconsciente. Se você perguntar a alguém se ele está tentando
fracassar, ela provavelmente dirá "não". Mas para um
observador externo, um padrão de comportamentos de
autossabotagem acaba tornando-se perceptível.

Aparentemente a autossabotagem parece realmente ilógica em


sua superfície - por que agiríamos de forma a garantir que não
vamos conseguir aquilo que queremos? No entanto, quando
espiamos mais longe, percebemos que a autossabotagem tem a
sua própria lógica, ainda que seja estranha.

Este é um assunto que naturalmente se desdobrou na


Academia de Autoestima, porque como eu já mencionei, este

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marina aniya

tipo de autossabotagem é tóxico e danoso para a autoestima. É


algo inevitável a ser trabalhado em processos de
desenvolvimento de autoestima. Compartilho aqui alguns
aprendizados desta jornada.

A autossabotagem tende a permanecer em nossas vidas por


diversos motivos, como: Pouco autoconhecimento, autoestima
negativa, falta de planejamento e clareza de objetivos, pouca
autoconfiança, perfeccionismo e expectativas elevadas, medo
de julgamento, crenças negativas a respeito de capacidade e
merecimento, baixa tolerância à frustração. Temos um cabo-de-
guerra mental entre a mente consciente e a subconsciente,
causando-nos confusão e desmotivação.

Além disso, sofremos com padrões de autossabotagem porque


temos grande dificuldade em gerenciar nossas experiências
emocionais diárias. Tendemos a reagir a eventos, circunstâncias
e pessoas de maneiras que inibem nosso progresso e nos
impedem de alcançar nossas metas e objetivos. Quase sempre
somos reativos em vez de ativos. Esperamos ter motivação para
fazer a parte "chata" de qualquer processo de atingimento de
metas, e sucumbimos pela falta de disciplina.

A autossabotagem também é usada como um método eficaz


para lidar com situações estressantes ou expectativas elevadas.

    
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marina aniya

Quando pensamos que não somos capazes de atingir as altas


expectativas que foram estabelecidas, podemos nos entregar
ao comportamento de autossabotagem como meio de lidar com
a situação. Falhar por não ter tentado de verdade, te isenta do
sentimento de não ser capaz, de não ser suficiente.

Podemos desperdiçar toda uma vida de possibilidades


imaginando fantasmas, nos preocupando com ameaças
imaginárias. Muitos de nós escolhem seus caminhos baseados
no medo, disfarçado de praticidade. O que realmente
queremos parece impossível de ser conquistado e nos
mantemos no conhecido, não nos atrevemos a tentar. Apesar
de todos os obstáculos que o mundo nos reserva, parece que
de fato nenhum é tão grande quanto aos que nos impomos.

Existe ainda a situação - comum, infelizmente - em que estamos


vivendo no piloto automático, vivendo o que achamos que é o
certo ou desejável, preocupadas em provar para nós mesmos e
todo o mundo que somos "bons o bastante",  e não verificamos
o que realmente queremos, quais são os desejos da alma e do
coração. É o típico caso de perder o contato com a orientação
interior e de repente se questionar: Cadê eu? O que estou
fazendo da minha vida? É o que eu chamo de Estágio de
Desconexão da Alma.
    

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marina aniya

Toda vez que nos sabotamos, aumentamos a profundidade da


trincheira da derrota, que se aprofunda cada vez mais.
Eventualmente, sentimos que estas paredes estão tão altas que
não conseguiremos sair. E pior, você se habitua com o fracasso.
Acostumar-se com o insucesso, é para muitos, mais fácil do que
encarar os medos   e perder a sensação de controle da própria
vida. Desistir torna-se um padrão.

Provavelmente, a razão mais comum pela qual pessoas se


sabotam, é um sentimento (identificado ou não) de não ser
digno de felicidade e de boas coisas que a vida pode
proporcionar. Uma pessoa que acredita que não merece ser
feliz possivelmente irá se sabotar de diversas formas. Este
julgamento deve estar ligado a uma autoimagem negativa, a
uma forma pessimista ou derrotista de se ver. Se você se vê
como uma vítima, vai agir mesmo que inconscientemente para
reforçar esta ideia, ainda que isto signifique se sabotar.

Uma Autoestima negativa - a sensação de que somos indignos,


ou destinados a fracassar - geralmente anda de mãos dadas
com a autossabotagem, seja pensando que você nunca chegará
a ser chefe e por isso você não se esforça, seja acreditando que
ninguém é capaz de te amar de verdade, então suas ações
validam estes pensamentos, simplesmente porque uma parte
sua pensa que você merece estar em tais situações.

• ACADEMIA DE AUTOESTIMA • 24
marina aniya

Comumente também, muitas pessoas se sabotam pelo medo do


sucesso, ou do que imaginam ser necessário para consegui-lo,
como sacrificar os valores pessoais, por exemplo. O medo de
ser bem sucedido é intrigante, e difícil admitir até para si
mesmo. O medo da mudança pode ser a chave para entender o
medo do sucesso. A resistência em mudar pode ser pelo medo
do desconhecido, podemos começar a ruminar sobre possíveis
consequências negativas da mudança e escolhemos a estagna-
ção. Não ter a clareza deste medo favorece a autossabotagem,
subconscientemente o medo faz você trabalhar contra seus
objetivos para que nada mude.

Falta de autoconfiança também promove a autossabotagem,


porque se você não acredita ser capaz de realizar algo, evita as
ações necessárias para atingir um objetivo, por receio de um
possível fracasso.

Existe ainda o fator familiaridade. Nossas mentes gostam de


constância e temos a tendência a mantê-la até mesmo em
nosso nível pessoal de satisfação.   Se você acostumou-se a ser
ignorado, é estranhamente reconfortante colocar-se nessa
posição. Mesmo que cause descontentamento, para muitas
pessoas o conhecido acaba sendo o preferível.

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marina aniya

Muitas outras são as causas da Autossabotagem e o intuito


aqui não é fazer um apontamento de todas elas. O mais
importante, creio eu, é a conscientização de que sua mente foi
programada a partir de experiências negativas ou tóxicas. É
como se o seu corpo fosse o hardware, a parte que executa, e o
cérebro é onde rodam os programas.

Faz-se agora necessário um esforço consciente para


reprogramar estes pensamentos e comportamentos.

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"Não
"Não espere
espere a a sua
sua
casa
casa queimar
queimar antes
antes
de
de fazer
fazer algo
algo para
para
evitar
evitar oo incêndio"
incêndio"
Torrie Pattillo
COMO?

A autossabotagem pode se manifestar de formas diversas.


Toda a possibilidade de transformação nasce no
reconhecimento dos comportamentos sabotadores que
impossibilitam as conquistas e realizações, quaisquer que
sejam elas.

Não é necessariamente um processo ativo. Como dito antes,


nem sempre temos consciência destes comportamentos, eles
podem se disfarçar de desculpas legítimas.

Abaixo estão alguns dos métodos típicos que costumamos


empregar.

Culpar outras   pessoas, a vida, as circunstâncias ou a sorte -


sentamos no trono da vítima;
Estabelecer expectativas irrealistas para nós e para os outros;
Fica acordado até tarde, fazendo nada de útil;
Comer de forma emocional;
Gastar demais;
Comparar-se e medir o próprio valor baseado na realização
das outras pessoas;
Medo de julgamento (o que "as pessoas" vão pensar?);
Falta de clareza de objetivos;

• ACADEMIA DE A U T O E S T I M A •
28
marina aniya

Busca por gratificação imediata;


Evitar olhar para (e resolver) frustrações e limitações;
Orgulho para admitir falhas e erros;
Procrastinar (seja lá o que for);
Perfeccionismo (nunca é a hora certa para começar);
Não correr riscos;
Sonhar em vez de planejar;
Ser reativo em vez de proativo;
Não analisar cenários e as consequências;
Evitar responsabilidade;
Pensar e calcular demais (e nunca agir);
Esperar por uma ajuda ou solução milagrosa;
Distrair-se com problemas e prioridades de outras pessoas;
Não saber falar não;
Impulsividade;
Não se expressar abertamente.

Quando as coisas não dão certo como você imaginou, você


assume as suas responsabilidades ou você é do tipo de pessoa
que esconde-se em desculpas? Sim, desculpas são
reconfortantes, afinal ajudam a nos sentir muito melhor sobre
nós mesmos, torna-se mais fácil assimilar e conviver com as
expectativas frustradas. As desculpas nos protegem de
reconhecer as falhas e a possibilidade de que talvez, não
tenhamos de fato competência. Quando se trata de
pensamentos e comportamentos sabotadores, devemos prestar
muita atenção às desculpas que nos impedem de avançar.

• ACADEMIA DE AUTOESTIMA • 29
marina aniya

Aqui estão alguns exemplos:

Não vai dar certo;


Eu não vou conseguir;
Não tenho tempo;
Não tenho dinheiro,
Não é o momento certo;
Eu não posso;
Não sei o que fazer;
Não sei como fazer;
Ninguém me ajuda;
Me falta conhecimento;
Não é para mim,
Não tenho capacidade;
Eu não tenho estudo para isto;
Não tenho autoconfiança;
Não tenho experiência;
A vida vai me dar um sinal;
Deus vai me dar um sinal;
O Universo não quer;
Eu não tenho sorte;
Ninguém acredita em mim;
Não vão deixar eu fazer;
Não tenho apoio;
Tenho medo de errar;
Tenho vergonha;

•A A
C A
DEMI DE A A•
UTOESTIM 30
marina aniya

Eu não conheço isto;


É muito arriscado;
Não conheço as pessoas certas;
Já tentei e não deu certo;
Ninguém nunca conseguiu;
É demais para mim;
Não sei por onde começar.

Os padrões listados acima têm seu próprio conjunto de


consequências que se manifestam de várias maneiras em
nossas vidas. Alguns são muito óbvios, enquanto outros podem
ser um pouco mais difíceis de serem identificados. A chave
parece ser reconhecer os pensamentos, sentimentos e ações
que estão nos levando pelos caminhos da autossabotagem, já
que na maioria das vezes não percebemos ou entendemos
porque agimos assim.

São estas formas de agir e dar desculpas que nos mantêm


presos no limbo, nas eternas promessas de segunda-feira.
Estes são apenas alguns dos principais indicadores   que você
está sabotando seu futuro e sua felicidade. Estas desculpas
provavelmente se tornarão no futuro em arrependimentos de
uma vida que poderia ter sido vivida.

• ACADEMIA DE AUTOESTIMA • 31
"E quando você se
sabotar, ame-se o
suficiente para
aceitar e seguir em
frente"
Erin Mahoney
E AGORA?

Somos todos seres únicos e é óbvio que não existe os "10


passos para superar a autossabotagem". Cada um de nós tem
sua própria montanha a escalar, com um conjunto de obstá-
culos igualmente únicos. Entretanto, percebo a existência de
alguns pontos inevitáveis de serem trabalhados. Podemos
seguir por caminhos diferentes, mas teremos que parar em
alguns pontos em comum.

Consciência
Naturalmente, este é o primeiro passo. A autossabotagem
prospera na desordem interior e em uma noção de
identidade capenga. Se você não sabe quem é e o que quer, é
fácil se convencer de que algo que você não quer de verdade.
Tornar-se consciente de suas crenças, padrões de pensa-
mentos e comportamentos, além das suas desculpas,   é a
chave para iniciar novos caminhos, mais saudáveis e
assertivos.

Lucidez
Conhecer nossos padrões de autossabotagem nos ajuda   a
percebê-los e evitá-los. Uma vez que você comece a ver as
áreas e maneiras pelas quais você está se limitando, você
pode começar efetivamente a combater esse comportamen-
to. Esta é a fase de lucidez, que acontece quando 

• ACADEMIA DE A U T O E S T I M A • 33
marina aniya

conseguimos nos afastar e observar como nos comportamos.


Você começa a perceber de que forma está se sabotando, e
como estes pensamentos e ações estão afetando a sua vida.
Quando estes momentos de lucidez começam a acontecer,
entender o por quê torna-se bastante libertador. Por que eu
tenho feito isso? Por que eu tenho me sabotado?

Investigação
Investigando as suas escolhas sabotadoras você provavelmente
irá perceber que elas estão ligadas a pensamentos e crenças
negativas. Descobrir quais são essas crenças pode ser um
processo lento, já que quase sempre não são óbvias. É um
caminho de investigação, de desvelar lugares e experiências
que podem estar bem escondidos ou camuflados. De onde vem
a crença que você não é inteligente o bastante, ou que nunca
será amada de verdade, ou que nunca vai ter sucesso
profissional? Eu sei, olhar para estas questões não é algo fácil.
Mas é necessário, pois somente depois de identificados, estes
pensamentos podem ser questionados.

Onde foi que você aprendeu? Quem te disse estas coisas? São
verdade? Você concorda? Quando você questiona a veracidade
destas convicções, é bem possível que você se dê conta que
estas crenças são infundadas, e não são originalmente suas.
Você assimilou a partir das suas interações e experiências e
tomou como verdades. Quando você se julga, acaba com as

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possibilidades de mudar ou seguir em frente, você fecha as


saídas.

Alinhamento
Depois que você identificou suas crenças, o que faz com isto? É
hora de alinhar os seus objetivos com novas crenças, novos
pensamentos que te sirvam, te capacitem a seguir adiante.
Você pode e deve escolher o que quer pensar! Existe um
conjunto de novas crenças que sempre vão te ajudar e motivar,
em vez de sabotar.

Ações
O próximo passo é agir, de forma congruente com as suas
(novas) crenças, seus valores e os seus objetivos. Quando o
comportamento de autossabotagem surge em nossa
consciência, já estamos no caminho certo mas somente a ação
criará as mudanças que estamos procurando. Mover-se da
atenção para a ação orientada pelo propósito é onde a mágica
acontece.

Responsabilidade
Em todos estes passos é necessário um grande senso de
autorresponsabilidade, mas neste ponto é crucial. As formas de
autossabotagem podem ter boas justificativas que você se dá, o
que torna difícil o seu reconhecimento. Reconhecer as
justificativas que você se dá, faz parte deste processo. É

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necessário uma análise honesta de quanto você se


responsabiliza pelas mudanças que deseja.

Comprometimento
Este processo de transformação exige dedicação e
comprometimento, pois trata-se de desafiar pensamentos e
atitudes arraigadas, é o começo de uma nova forma de se
relacionar consigo. A maioria dos comportamentos de autos-
sabotagem é impulsionada por padrões de pensamentos
negativos que nem sabemos que estamos tendo. Quer você
perceba ou não, estamos o tempo todo envolvidos em uma
conversa interior. É preciso estar alerta e consciente e começar
a praticar um hábito de diálogo interno saudável e positivo.

A princípio, podemos precisar aprender a mudar nosso


comportamento evitando certos gatilhos, como pessoas
negativas ou circunstâncias desafiadoras, que nos levam a
reagir de forma sabotadora. Procure maneiras de contornar ou
desviar enquanto aprende maneiras saudáveis de lidar com a
situação.

Pensar no pior cenário possível dos seus medos pode ser uma
forma de enfrentá-los. Quase sempre o monstro não é tão
grande quanto imaginamos a princípio. Eles crescem nas
nossas sombras. Felizmente ou não, o cérebro não difere a
realidade da imaginação com facilidade.

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Por falar em cérebro, não é novidade que o sistema de hábitos


é importante para nos poupar energia e nos manter seguros.
Por isto é importante investir   esforço na criação de novos
hábitos. Sua autoconfiança vai começar a aumentar quando
você começar a agir e for conquistando pequenos passos, um
de cada vez. Este é o processo de todos nós, acumular
pequenos esforços, até que se consiga um grande resultado.

Para concluir,
Eu preciso te lembrar que falhar faz parte da nossa natureza,
errar faz parte da nossa condição. É uma jornada cheia de picos
e vales, sol e chuva, às vezes enfrentamos tempestades

Neste processo, lembre-se de acolher as suas sombras, os seus


defeitos. São justamente eles que nos fazem humanos, reais e
possíveis. Portanto, cabe a mim, e cabe a você, decidir que não
seremos mais vítimas dos nossos padrões de autossabotagem.
Tudo bem falharmos, só não podemos desistir de nós mesmos.

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