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No Brasil, por exemplo, foram, no primeiro período, os momentos das obras de Caio Prado Jr., de
Sergio Buarque de Holanda, de Gilberto Freire. No segundo, de autores como Celso Furtado, Darcy
Ribeiro, Florestan Fernandes, Milton Santos, Ruy Mauro Marini, entre outros.
Não há duvida de que o continente voltou a viver, desde a primeira década deste século, um novo
período histórico importante. Depois da dominação do pensamento único, correlato da hegemonia
neoliberal, houve uma recuperação histórica em países com governos progressistas, impondo
políticas anti-neoliberais.
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22/01/2020 Dilemas da intelectualidade latinoamericana – Blog da Boitempo
Os processos atuais são contraditórios, porque buscam retomar ciclos expansivos da economia, com
distribuição de renda, a partir dos enormes retrocessos das décadas anteriores, marcadas pela crise
das dividas, por ditaduras militares e por governos neoliberais. Houve processos de
desindustrialização, de avanço da peso da produção de soja pelo agronegócio, de fragmentação
social, de aceleração da concentração de renda, entre outros fenômenos negativos.
A construção dos governos pós-neoliberais foi condicionada por esses fatores, que se tornaram ainda
mais problemáticos quando o capitalismo internacional, a partir de 2008, entrou em um longo e
profundo ciclo recessivo, afetando as possibilidades de crescimento das economias do continente. Ao
contrário de outras crises, desta vez houve capacidade de resistência, embora os efeitos recessivos não
deixem de afetar as nossas economias.
Mas uma parte importante da intelectualidade latino-americana não está engajada em apoiar esses
governos a resolver dilemas atuais e projeções de futuro. Alguns se isolam dos processos históricos
concretos, ao assumir uma postura intelectualista, incapaz de captar as novidades da realidade
concreta, tornando-se impotentes para contribuir para os processos políticos concretos.
Outros ficam encerrados nos muros das instituições acadêmicas, voltados para as problemáticas
dissociadas da realidade externa, presos às dinâmicas institucionais. Situação que se agrava porque
uma instituição que havia tido, nos anos anteriores um papel mobilizador e politizador no meio
intelectual, como Clacso, que tinha desempenhado papel importante na esfera politica e intelectual,
entrou em uma fase radicalmente oposta, de burocratização e de despolitização, desaparecendo tanto
da esfera politica, como da intelectual.
***
Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é
cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências
Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia
(h p://www.boitempoeditorial.com.br/v3/Collections/view/5), publicada pela Boitempo, e organizou
ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia
contemporânea da América Latina e do Caribe
(h p://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/latinoamericana)(São Paulo, Boitempo, 2006),
vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Publicou, entre outros,
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