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EA
GENTE
Direito* excluilvos de tradufóo para
a Brasil a Portugal raaarvado* A
LIVRO IBERO-AMERICANO, LTDA,
Rio do Janeiro, 1960
JOSÓ ORTGGO y GRSSGT
OBRAS INÉDITAS
o Homem 0 o gqíitq
Nota introdutória
e tradução de
J. CARLOS LISBOA
Copyright by
Revisto de Occidente, S.A.
Madrid, 1958
ADVERTÊNCIA ................................................................................. 39
NOTA PRELIMINAR........................................................................... 41
ABREVIATURA .................................................................................. 43
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O HOMEM E A GENTE
(1) Publicado por esta Editôra, como primeiro volume do conjunto das OBRAS de
Ortega, traduzidas no Brasil especialmente para esta coleção.
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NOTA INTRODUTÓRIA
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O HOMEM E A GENTE
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NOTA INTRODUTÓRIA
J. CARLOS LISBOA
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não temos com êle “relação social”. Nem com a pedra, nem
com a hortaliça alternamos. O outro quer dizer: aquêle com
quem posso e tenho, — ainda que o não queira, — de alter
nar, pois, mesmo no caso que eu preferisse que o outro não
existisse, porque o detesto, acontece que eu irremediável
mente existo para êle, e isto me obriga, queira ou não
queira, a contar com êle e com as suas intenções a meu
respeito, intenções talvez adversas. O mútuo “contar com”,
a reciprocidade, é o primeiro fato que nos permite qualifi
cá-lo de social. A reciprocidade de uma ação, a inter-ação,
só é possível porque o outro é como eu em certos caracteres
gerais: tem um eu que é nêle o que o meu eu é em mim.
Ser o outro não representa um acidente ou uma aventura
que possa ou não acontecer ao Homem, mas, sim: é um
atributo originário. Eu, na minha solidão, não me poderia
chamar com um nome genérico tal como “homem”. A reali
dade que êsse nome representa só me aparece quando há
outro ser que me responde ou reciproca. Di-lo Husserl muito
bem: “O sentido do têrmo homem implica uma existência
recíproca de um para outro; portanto, uma comunidade de
homens, uma sociedade?’. E vice-versa: “É igualmente claro
que os homens não podem ser apreendidos senão ao falarem
os outros homens (realmente ou potencialmente) em tôrno
dêles”.
O mundo humano precede em nossa vida ao mundo
animal, vegetal e mineral. Vemos todo o resto do mundo,
como através das grades de uma prisão, através do mundo
de homens em que nascemos e em que vivemos. Quando se
afirma que o homem está a nativitate e, portanto, sempre
aberto ao Outro, — isto é, disposto, em seu fazer, a contar
com o outro, como estranho e diferente dêle, — não se de
termina se está aberto favorável ou desfavoravelmente. Tra
ta-se de algo prévio ao bom ou mau talante com respeito
ao outro. Roubar ou assassinar o outro implica estar prèvia-
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OS COMPILADORES
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I
(I) [O texto desta lição, na sua maior parte, corresponde à primeira das mi
nistradas em Buenos Aires, em 1939, que foi publicada no livro ENSIMES
MAMENTO E ALTERAÇÃO. MEDITAÇÃO DA TÉCNICA. Espasa-Calpe Argen
tina, Buenos Aires, 1939.]
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(2) Não digo que isso seja certo, — tal certeza somente o progressista a tem
e eu não sou progressista, como se irá vendo, — mas digo que isso é
possível.
Nem se presuma, pelo que tenho dito, que sou idealista. Nem progres-
sista nem Idealista! Ao contrário, a idéia do progresso e o idealismo, —
êsse nome de molde tão lindo e tão nobre, — são duas de minhas feras
negras, porque vejo nelas, talvez os dois maiores pecados dos últimos du
zentos anos, as duas formas máximas de irresponsabilidade. Mas deixemos
êste tema para tratá-lo a seu tempo e sigamos agora gentilmente pelo nos
so caminho.
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(5) Expressão que corresponde à nosso: "deitar de papo para o ar" (N. do T.)
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(6) Eis aqui uma das razões pelas quais disse que não sou progressista. Aqui
está porque prefiro renovar em mim, com freqüência, a emoção que me
causaram na juventude aquelas palavras de Hegel, no começo de sua Fi
losofia da História: "Quando contemplamos o passado, isto é, a História, —
diz, — o primeiro que vemos é só ruínas".
Aproveitamos, de passagem, esta conjuntura para, desta visão, perce
ber o que há de frivolidade, e até de notável contrafação, no imperativo
famoso de Nietzsche: "Vivei em perigo". Que, aiém do mais, não é tam
pouco de Nietzsche, e sim a exasperação de um velho mote do Renascimento
italiano, o famoso lema de Aretino: Vívere risolutamente. Porque não diz:
Vivei alerto, o que estaria bem; senão: Vivei em perigo. E isto revela que
Nietzsche, apesar de sua genialidade, ignorava que a substância mesma
de nossa vida é perigo e que, portanto, acaba sendo afetada superfetação
propormos como novidade algo acrescido e original, que o procuremos e o
colecionemos. Idéia, além disso, típica da época que se chamou fin de slè-
cle; epoca que ficará no história, — culminou por volta de 1900, — como
aquela em que o homem se sentiu mais seguro e, a um tempo, como a
época, — com seus peitiihos e casacas, suas mulheres fatais, sua pretensão
de perversidade e o seu culto barrèsiano do Eu, — como a época de con
trafação por excelência. Em toda época há sempre certas idéias que eu
chamaria idéias fishing, idéias que se enunciam e proclamam precisomente
porque se sabe que não terão cabida; que não se pensam senão à maneira
de jôgo e folie — como há anos agradavam tanto na Inglaterra os contos
de lôbos, porque a Inglaterra é um país onde em 1Ó68 se caçou o último
lobo e carece, portanto, da experiência autêntica do lobo. — Em uma época
que não tem experiência forte da insegurança, — como aquela, — brín-
cava-se de vida perigosa.
óó —
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A VIDA PESSOAL
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Sempre que digo "vida humana", seja o que fôr, a não ser
que eu faça alguma especial restrição, evite-se pensar na vida
de outro, e cada um deve referir-se à sua própria e tratar de
tê-la presente. Vida humana como realidade radical é sòmente
a de cada um, é sòmente a minha vida. Para comodidade de
linguagem, algumas vêzes a chamarei de "nossa vida", mas deve
sempre entender-se que, com essa expressão, me refiro à vida de
cada um e não à dos outros, nem a uma suposta vida plural e
comum. O que chamamos "vida dos outros", a do amigo, a da
amada, já é algo que aparece no cenário que é a minha vida,
a de cada um, e portanto, supõe esta. A vida de outro, ainda
mesmo daquele que nos esteja mais próximo e íntimo, já é para
mim mero espetáculo, como a árvore, a rocha, a nuvem viajeira.
Vejo-a mas não a sou, isto é, não a vivo. Se lhe doem os dentes
a outro, a mim me é patente a sua fisionomia, a figura de seus
músculos contraídos; êle é o espetáculo de alguém afligido pela
dor, mas essa dor de dentes não me dói a mim e, portanto, o
que tenho dela não se parece nada com aquilo que tenho,
quando os dentes me doem a mim. Em rigor, a dor de dentes
do próximo é ültimamente uma suposição, hipótese ou presunção
minha, é uma dor presuntiva. A minha, no entanto, é inquestio
nável. Rigorosamente falando, nunca podemos estar certos de
que ao amigo que se nos apresenta como portador de uma dor
de dentes, êstes lhe doam de fato. De sua dor só temos patentes
certos sinais externos, que não são dor, mas concentração de
músculos, olhar vago, a mão no rosto, êsse gesto tão incongru
ente com aquilo que lhe dá origem, pois não parece senão que
a dor de dentes seja um pássaro e que lhe pomos a mão em cima
para que não se nos escape. A dor alheia não é realidade ra
dical; mas realidade em sentido já secundário, derivativo e pro
blemático. O que temos dela, com radical realidade, é sòmente o
seu aspeto, a sua aparência, seu espetáculo, seus sinais. Esta é a
única coisa dela que, com efeito, nos é patente e inquestionável.
Mas a relação entre um sinal e o assinalado, entre uma aparên
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A VIDA PESSOAL
(1) Se o leitor me permitisse um, a meu ver eficaz, neologismo, de boa cepa,
sugerido pela forma espanhola de Ortega, eu traduziria assim: "entre um
aspeto e a coisa manifesta ou espetada nêle"... (N. do T.)
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ra, nem sim, nem não. Nem sequer vou revelar de que, querendo
ou não, havíamos de nos distanciar. Fica aí êsse enorme ponto
de interrogação, — com o qual pode cada um fazer o que lhe
agrade, — usá-lo como um laço de gaúcho para captar o porvir
ou simplesmente enforcar-se nêle.
A solidão radical da vida humana, o ser do homem, não
consiste, pois, em que não haja realmente nada mais do que
êle. Ao contrário: há nada menos que o universo com todo o
seu conteúdo. Há, portanto, infinitas coisas, mas, — aí está!, —
em meio delas, o Homem, em sua realidade radical, está só, —
só com elas e, como entre essas coisas estão os outros sêres
humanos, está só com êles. Se não existisse nada mais que um
único ser, não se poderia dizer congruentemente que estaria só.
A unicidade nada tem a ver com a solidão. Se meditássemos
sôbre a "saudade" portuguêsa, — como é sabido, saudade é a
forma galaico-lusitana de "solitudinem", de soledade, — falaría
mos mais desta e veriamos que a solidão é sempre solidão de
alguém, a saber, que é um ficar sozinho e um sentir falta.
Assim é, a tal ponto, que a palavra com que o grego dizia
meu e solitário, — Monos, — vem de moné, que significa ficar,
— subentende-se: ficar sem, sem os outros. Quer seja porque se
foram, quer seja porque morreram; em todo caso, porque nos
deixaram, — nos deixaram.. . sozinhos. Ou seja porque os dei
xamos a êles, fugimos dêles e vamos para o deserto ou para o
retiro a fazer vida de moné. Daí, monakhós, monasteries e monge.
E no latim solus. Meillet, cujo extremo rigor de foneticista e cuja
falta de talento semântico tornam necessário que eu procure con
trastar com êle minhas espontâneas averiguações etimológicas,
suspeita que solus venha de sed-lus, isto é, do que fica sentado
quando os demais se foram. Nossa Senhora da Soledade é a
Virgem que fica sozinha de Jesus, pois o mataram, e o sermão da
Semana Santa, que se chama o sermão da solidão, medita sôbre
a mais dolorida palavra de Cristo: Eli, Eli/lamma sabacthani —
Deus meus, Deus meus, ut quid dereliquisti me? — "Deus meu,
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(2) São estas as formas, que aparecem na linguagem dos físicos brasileiros.
(N. do T.)
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rência a nós, quero dizer, de seu ser para uma utilidade nossa,
como meios, instrumentos ou, vice-versa, estorvos e dificuldades
para nossos fins, ficam sem ser nada. Ou, expresso em outra forma:
tudo o que compõe, enche e integra o mundo em que, qo nas
cer, triiomém se encontra/ não tem por si condição independente,
não tem um ser próprio, não é nada em si, — mas sòmente um
algo para ou um algo contra os nossos f.ins. Por isso, não devía
mos tê-lo chamadcr-de-"tòlsás", diante do'sentido que esta pala
vra tem hoje para nós. Uma "coisa" significa algo que tem o
seu próprio ser, à parte de mim, à parte do que seja para o
homem. E se isso acontece com cada coisa da circunstância ou
mundo, quer dizer que o mundo, em sua realidade radical, é um
conjunto de "algos" com os quais o homem, — eu, — pode ou
tem de fazer isto ou aquilo, — que é um conjunto de meios e
estorvos, de facilidades e dificuldades com que, para viver efeti
vamente, me encontro. As coisas não são originàriamente "coisas",
mas algo que procuro aproveitar ou evitar, a fim de viver e
viver o melhor possível, — portanto, aquilo com que consigo ou
não fazer o que desejo: são assuntos em que ando constante
mente. E, como fazer e ocupar-se, ter assuntos se diz em grego
práctica, prâxis, as coisas são radicalmente prágmata e minha
relação com elas, pragmática. Não há, por má ventura, vocábulo
em nossa língua ou, pelo menos, eu não o encontrei, que anuncie
com suficiente adequação o que o vocábulo prâgma, sem mais
nada, significa. Só podemos dizer que uma coisa, enquanto
prâgma, não é algo que exista por si e sem ter a ver comigo.
No mundo ou circunstância de cada um de nós, não há nada
que não tenha a ver com cada qual, e êste tem, por sua vez, a
ver com tudo quanto parte dessa circunstância ou mundo. Este
está composto exclusivamente de referências a mim e eu estou
consignado a tudo quanto há nêle, dependendo disso para o
meu bem ou para o meu mal; tudo me é favorável ou adverso,
carícia ou atrito, afago ou lesão, serviço ou dano. Uma coisa é,
pois, enquanto prâgma, algo que manipulo com determinada
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que está constantemente sendo para nós, existindo para nós, mas
nessa forma velada, não aparente, e como adormecida da habi-
tualidade. Anote-se, pois, na memória, êste outro par: atualidade
e habitualidade. O presente é para nós em atualidade; o com-
presente, em habitualidade.
Isso nos faz desembocar em uma primeira lei sôbre a estru
tura do nosso contorno, circunstância, ou mundo. Esta: o mundo
vital se compõe de umas poucas coisas no momento presentes e
de inumeráveis coisas, no momento latentes, ocultas, coisas que
não estão à vista mas que sabemos ou cremos saber, — é o
mesmo, para o caso, — que poderiamos vê-las, que poderiamos
tê-las em presença. Conste, portanto, que agora chamo latente
só aquilo que em cada instante não vejo, mas que sei que ou
vi antes, ou poderia, em princípio, ver depois. Das sacadas de
Madri se vê o expressivo, grácil, denteado perfil da nossa serra
de Guadarrama; êsse perfil nos é presente; sabemos, porém, por
tê-lo ouvido ou por havê-lo lido, em textos que nos oferecem
crédito, que há também uma cordilheira do Himalaia, a qual,
nada mais que com um pouco de esfôrço e um bom talonário
de cheques no bôlso poderiamos entrever. Enquanto não faze
mos êsse esfôrço e nos falta, como é habitual, o supra dito talo
nário, o Himalaia está aí latente para nós, mas formando parte
efetiva do nosso mundo nessa peculiar forma de potência.
A essa primeira lei estrutural do nosso mundo, que con
siste, — repito — em fazer notar como êsse mundo se compõe,
em cada instante, de umas poucas coisas presentes e muitíssimas
latentes, acrescentamos agora uma segunda lei não menos evi
dente; esta: não nos é presente nunca uma coisa sòzinha, mas,
ao contrário: vemos sempre uma coisa destacando-se sôbre outras
em que não prestamos atenção, e que formam um fundo sôbre
o qual se destaca o que vemos. Aqui se percebe claramente
porque chamo a essas leis: leis estruturais; porque essas nos defi
nem, não as coisas que há em nosso mundo, mas, a estrutura
do mundo; por assim dizer descrevem rigorosamente a sua ana-
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(3) A condição primária das coisas consiste, pois, em servir-nos paro o impe
dir-nos de. Certamente a metafísica nasceu, lá na Grécia, no primeiro terço
do século V, como a pesquisa do ser das coisas, entendendo-se por seu ser o
que elas são, — diriamos, — por sua conta é não meramente o que são poro
nós. É o ser em si e por si das coisas. Aquela ciência que um cartesiano,
no final do século XVII, chamou ontologia, se esforça denodadamente, sua
e se extenua, há vinte e cinco séculos, para encontrar êsse ser das coisas.
A pertinácia do esfôrço revela que êsse ser das coisas, que se procura, não
foi ainda suficientemente encontrado. Isso seria razão nada parva para sus-
peitar-se que elas não o têm; mas é sem dúvida, razão de sobra para
suspeitar que, se o têm, êle é problemático e, por outro lado é evidente que
não o ostentam. De outro modo, ser-nos-ia notório e mais que sabido. Isto
me levou, faz muitos anos, à audaciosa opinião de que o ser das coisas,
enquanto ser próprio delas, à parte do homem, é sòmente uma hipótese, co
mo o são tôdas as idéias científicas. Com isso, pomos de pernas para o ar
tôda a filosofia, faina endiabrada da qual, por fortuna, podemos exonerar-
nos neste curso, cujo tema não é a ontologia. Direi sòmente que, entre as
muitas respostas que se deram à pergunta: "que são as coisas?", teve a
melhor sorte na História aquela que Aristóteles deu, dizendo que são subs
tâncias, portanto, que as coisas consistem ãltimamente em substancialidade.
Mas é também conhecido de todos o fato de que essa resposta jó deixou, há
muito, de satisfazer às mentes ocidentais, e foi preciso procurar outras.
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(4) ["Prólogo a Veinte afios d» coza mayor, do Conde de Yebes" obras Com
pletas, tomo VI.]
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(5) Eu tinha uma tia que, cada vez que pronunciava a palavra "demônio", di
rigia um olhar iracundo e lançava enèrgicamente o seu queixo em direção
ao centro da terra. Notava-se palmarmente que ali havia, com tôda clareza
e precisão, situado o inferno e nela instalado o diabo, como se o estivesse
vendo. Igualmente, se se fizesse em mim essa investigação de laboratório, é
quase certo que ao ouvir eu, por exemplo, "Conferência de Paris" e dirigi-
lo para o lado da minha vida que é a "política internacional", meus músculos
empurrariam a palavra na direção de uma linha oblíqua, secante do horizonte
e dirigida para baixo e para um lado. Isso seria uma curva pantomima, —
somos, sobretudo: é o nosso corpo permanente pantomima, — do meu fato
mental consistente em que detesto tôda o política, em que a considero como
uma coisa sempre e irremediàvelmente má; ao mesmo tempo, porém, inevi
tável e constituinte de tôda sociedade. Permito-me o luxo de enunciar êsse
fato que se dá em mim, sem mais explicações nem fundamentos porque, nou
tro lugar, espero fazer ver, com perfeita diafaneidade e evidência, o que
é a política, e porque no universo há uma coisa tão estranha, tão insa
tisfatória e, não obstante, tão imprescindível. Veremos, então, como o por
que tôda política, mesmo a melhor, é forçosamente má; ao menos, no
sentido em que são maus, por muito bons que sejam, um aparelho ortopé
dico ou um tratamento cirúrgico.
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mas também eu o sou para êle, a saber, sou para êle outro ani
mal.
A conduta do animal conosco poderia resumir-se e simbo
lizar-se dizendo-se que o animal nos está chamando a nós, cons
tantemente, de animais. Não parece duvidoso que o que acon
tece ao asno, quando o arrieiro lhe sova o lombo a pauladas,
é algo que seria mister exprimir assim: que estúpido é êste ani
mal que, no mundo da fábula, onde até nós os asnos falamos,
chamamos de homem! Que diferença com o outro animal que
entra na cavalariça e me lambe e ao qual chamo de cachorro!
O que não parece questionável é que dizer "o animal e eu
somos" tem já alguma dose de sentido, que faltava em absoluto
em "a pedra e eu somos". Somos o animal e eu, já que mútua
mente somos um para o outro, já que me é notório que à minha
ação sôbre o animal êste vai responder-me. Esta relação é, pois,
uma realidade que necessitamos denominar "mutualidade ou re
ciprocidade". O animal me aparece, diversamente da pedra e
da planta, como uma coisa que me responde e, neste sentido,
como algo que não só existe para mim mas que, ao existir eu
também para êle, co-existe comigo. A pedra existe, mas não co
existe. O co-existir é um entrelaçar as existências, um entre ou
inter-existirem dois sêres, não simplesmente "estar aí" sem nada
a ver um com o outro.
Ora, não é isto o que primeiramente chamamos "trato-so-
cial"? O vocábulo social não assinala de início uma realidade
consistente em que o homem se comporta diante de outros sêres,
os quais, por sua vez, se comportam com relação a êle, — por
tanto, a ações em que, de um modo ou de outro, intervém a
reciprocidade em que não só eu sou o centro emissor de atos
para outro ser, mas êsse outro ser é também centro emissor de
atos para mim e, portanto, na minha ação tem de já estar ante
cipada a sua, conta-se com a sua, porque nela se conta tam
bém com a minha; — enfim, para dizer o mesmo noutra expres
são, que os dois atuantes se respondem mútuamente, isto é, se
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A APARIÇÃO DO "OUTRO"
turba. Não sabemos bem como tratá-lo, porque não vemos clara
a sua condição. Daí, em nossa conduta com êle, o passarmos a
vida oscilando entre tratá-lo humanamente ou, ao contrário, ve
getalmente e até mineralmente. Compreendem-se muito bem as
variações de atitude diante do bruto, pelas quais o homem passou
ao longo da história: desde ver nêle quase um Deus, como os
primitivos e os egípcios, até pensar, como Descartes e seu discí
pulo, o doce e místico Malebranche, que o animal é uma má
quina, um pedregulho algo mais complicado.
Só podemos convercer-nos de que a nossa relação com êle
é ou não social se a compararmos com fatos que sejam inquestio
navelmente, saturadamente sociais.
E o caso plenário, diáfano, evidente, que nos permite en
tender os casos confusos, débeis, ambíguos.
Essas considerações demarcaram o montão de fenômenos
únicos, entre os quais pode aparecer de modo palmar e irrecusá
vel algo que seja social. Do conteúdo do mundo só nos ficam
por analisar as coisas a que chamamos "homens".
Como aparecem no meu mundo vital êsses sêres a que chamo
"os outros homens?" Basta enunciar a pergunta para que todos
sintamos uma mudança em nossa têmpera. Sentiamo-nos até ago
ra em abandono, placidamente. Neste instante, diante do aviso
de que em nosso horizonte reflexivo, o horizonte de temas que
estas lições desenvolvem, se vão apresentar "os outros homens",
sentimos, não sabemos bem porquê, uma ligeira inquietação e
como se uma fina onda elétrica nos houvesse percorrido a me
dula. A coisa será tão absurda quanto se quiser, mas é. Vimos
de um mundo vital em que até agora só havia pedras, plantas
e animais: era um paraíso, era o que chamamos a natureza, o
campo. Embora do mundo vital que analisamos tenhamos dito
cem vêzes que é o de cada um, o concreto da minha vida, não
falamos dêle senão abstratamente. Não pretendí descrever o
mundo singular de cada um, tão pouco o de alguém, nem sequer
o meu. Do super-concreto estamos falando abstratamente e em
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que, por si mesmas, não podem ser presenças para outros; que
são não-externas, nem diretamente se podem exteriorizar, porque
não ocupam espaço, nem têm qualidades sensíveis, — por isso
são, diante de tôda a externidade do mundo, pura intimidade.
Mas, já no animal não podemos ver o seu corpo sem que êste
nos assinale, além de côres e resistências, uma certa corporei-
dade; e mais: sem que êle seja para nós o sinal de algo com
pletamente novo, diferente, — a saber, de uma incorporeidade, de
um dentro, um intus ou inti-midade no animal, na qual êste
forja a sua resposta a nós, na qual prepara a sua mordida ou
a sua chifrada, ou, ao contrário, o seu doce e terno vir roçar-se
em nossas pernas. Disse que o nosso trato com o animal tem algo
de co-existência. Esta co-existência surgiría porque o animal nos
responde de um centro interior que há nêle, isto é, da sua inti
midade. Todo coexistir é um coexistir de duas intimidades e há
tanto coexistir quanto haja um mútuo tornarem-se presentes, de
algum modo, essas intimidades. Se o corpo do animal nos faz,
através de si mesmo, entrever, presumir, suspeitar essa sua inti
midade, é porque no-la indica com a sua figura, movimentos,
etc... Ora, quando um corpo é sinal de uma intimidade que
vai nêle como que inclusa e reclusa, é que o corpo é carne, e
essa função que consiste em indicar a intimidade se chama
"expressão". A carne, além de pesar e mover-se, expressa, é
"expressão". A função expressiva do organismo zoológico é o
mais enigmático dos problemas que ocupam a biologia, já que,
da vida biológica mesma, há muito tempo, crêem os biólogos que
não devem ocupar-se, por ser excessivo problema.
Não me detenho para penetrar nesse sugestivíssimo assunto:
a função expressiva, — de certo modo o sugestivo por antono-
másia, pois nêle se acha a causa de tôda sugestão, — porque
já me ocupei largamente dêle, no meu estudo intitulado "Sôbre
a expressão fenômeno cósmico", (6) e sôbre o que concerne mais
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A APARIÇÃO DO "OUTRO"
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nável realidade; mas que nesse corpo habita um quase eu, uma
quase-vida humana, já é interpretação minha a realidade do
outro homem, dessa outra "vida humana" é, pois, de segundo
grau, em comparação com a realidade primária que é a minha
vida, que é o meu eu, que é o meu mundo.
Tal averiguação, aparte o valor que tem por si, possui o
de me fazer perceber que dentro da minha vida há uma imensi
dade de realidades presuntivas, o que, — repito, — não quer
dizer, por fôrça, que sejam falsas, mas sòmente que são questio
náveis, que não são patentes e radicais. Apresentei o meu grande
exemplo: o chamado mundo físico que a ciência física nos apre
senta e que é tão diferente do meu mundo vital e primário, no
qual não há eléctrons, nem coisa que se lhe pareça.
Pois bem, — e isto é novo, com respeito a tudo anteriormente
dito: normalmente vivemos essas presunções, ou realidades de se
gundo grau, como se fôssem realidades radicais. O outro homem,
como tal, isto é, não só o seu corpo e os seus gestos, mas o
seu "eu" e a sua vida são para mim, normalmente, tão "realida
des" como a minha própria vida; quero dizer que vivo, da mes
ma forma e ao mesmo tempo, a minha vida, em sua realidade
primária, e uma vida que consiste em viver como primárias muitas
realidades que o são sòmente em segundo, terceiro, etc., graus.
E até mais: normalmente não me inteiro da minha vida autêntica,
daquilo que ela é em sua radical solidão e verdade; ao con
trário, vivo presuntivamente coisas presuntivas, vivo entre inter
pretações da realidade que o meu contôrno social, a tradição
humana foi inventando e acumulando. Há algumas dessas inter
pretações que merecem ser tidas por verdadeiras, e a elas chamo
realidades de segundo grau, — mas êsse "merecem ser tidas por
verdadeiras" há de entender-se sempre com medida e razão, não
assim sem mais nada, com todo o rigor e em absoluto. A título
de inter-pretações podem sempre, em última instância, ser errô
neas e propor-nos realidades francamente ilusórias. De fato, em
imensa maioria, as coisas que vivemos são, efetivamente, não
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(1) A expressão, que traduzida literalmente serio: "tem sua alma no seu ar
mário", significa "ter aptidão ou faculdade de fazer alguma coisa" (N. do T.)
(2) (Méditatlons Cartésiennes, Paris, 1931, pág. 110).
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ou toco é outra coisa, não eu, ou outra coisa, não a árvore, etc.,
mas, ao aparecer-me o outro Homem, me aparece o que não é
a minha vida tôda, o que não é o meu universo todo, portanto:
o radicalmente outro, o inacessível, o impenetrável e que, não
obstante, existe, existe como a pedra que vejo e toco. Não me
digam que a comparação é incorreta, porque a pedra é para
mim, porque a vejo e a toco e o inacessível é, como o seu nome
indica, algo a que não tenho acesso, que não posso ver nem
tocar, mas que fica sempre fora, latente, mais além de quanto
está ao meu alcance. Trata-se precisamente disso: não digo que
com o outro Homem, me seja acessível o inacessível; digo, ao con
trário, que com êle descubro o inacessível como tal, o inaces
sível em sua inacessibilidade, exatamente a mesma coisa que
com a maçã: é-me dada em compresença a metade dela que
não vejo, — que não vejo, mas que é aí para mim.
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com que conto; por isso, meu corpo é para mim o corpo orgâ
nico por excelência. Sem êle não poderia viver e na qualidade
de ser a coisa do mundo cujo "ser para" me é mais imprescin
dível, é minha propriedade no sentido mais estrito e superlativo
da palavra. Tudo isso Husserl o vê perfeitamente. Mas, por isso
mesmo, surpreende que êle identifique a idéia do "corpo, que
é meu" com o corpo do outro que sòmente é para mim através
do meu corpo, do meu ver, palpar, ouvir, resistir-me (5). A prova
de que são quase totalmente diferentes é que as notícias que
tenho do meu corpo são principalmente de dores e prazeres que
êle me dá e que aparecem nêle, de sensações internas de tensão
ou afrouxamento muscular, etc. Em suma, meu corpo é sentido
principalmente de dentro dêle, é também o meu "dentro", é o
intra-corpo, ao passo que do corpo alheio advirto só a sua exte
rioridade, a sua forma forânea, o seu fora. Vejo as minhas mãos,
parte de meus braços e algumas outras porções da minha cor-
poreidade; com uma das mãos toco a outra ou a minha coxa.
Se com precisão compararmos o que efetivamente me é presente
por fora do meu corpo, com aquilo que me é presente do outro,
o balanço aparecerá com excessiva diferença. O corpo do outro
quase se parece mais com o de alguns animais que também
me são presentes de fora. Dir-se-á que temos espelhos em que
nos vemos por fora, como vemos o corpo alheio. Em primeiro
lugar, porém, o homem primitivo não tinha espelhos e, não
obstante, existia para êle, da mesma forma aue para nós, o
Meu corpo é o que sinto aqui, e isso que é para mim chamo corpo A.
O corpo do Outro é o que vejo oil, illlc — de onde vem llle, êle. É o corpo
dêle que chamo corpo B. Segundo Husserl, como posso deslocar-me e fazer
desse all um aqui/ "ponho-me imaginàriamente no lugar do outro corpo", —
esta expressão é literalmente de Husserl —, e então o corpo B se converte
em corpo A. Como se vê/ o corpo A ou meu e o corpo B ou dêle seriam iguais,
salvo a diferença de lugar.
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(6) Utilizei nestes três últimos parágrafos parte do meu estudo “A percepção
do próximo" [Em Obras Completas, tomo VI.]
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VII
E A SURPRÊSA QUE É O EU
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(1) Pelo sentido, cabería mais a contraposição: "minha vantagem ou meu dana";
o que se confirma no contexto. Apesar disso, mantenho o que se lê no ori
ginal (N. do T.)
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tífico. Refiro-me, por exemplo, a fatos como êste: por muito bem
que acreditemos conhecer uma pessoa, por muito seguros que
nos sintamos a respeito dos traços que constituem o seu caráter,
ao nos arrojarmos a um prognóstico sôbre qual será o seu com
portamento, em um assunto que verdadeiramente nos importe,
notaremos que aquele convencimento a respeito do seu modo de
ser vacila, e, últimamente, admitimos a possibilidade de que essa
sua futura conduta seja diferente da presumível. Ora, tal não
ocorre com as antecipações de conhecimento que são as leis físi
cas e boa parte das biológicas, sem falarmos das matemáticas.
Ao reparar nisto, descobrimos que o saber científico é fechado e
firme, enquanto o nosso saber vital, sôbre os demais e sôbre
nós mesmos, é um saber aberto, nunca firme, de um "dintorno"
flutuante. A razão disso é clara: o homem, seja o outro ou seja
eu, não tem um ser fixo ou fixado: o seu ser é precisamente
liberdade de ser. Isto acarreta que, enquanto vive, o homem
sempre pode ser diferente do que foi até aquêle momento; mais
ainda: é de fato sempre mais ou menos diferente. O nosso saber
vital é aberto, flutuante porque o tema dêsse saber, a vida, o
Homem é já por si também um ser sempre aberto a novas possi
bilidades. Sem dúvida, o nosso passado gravita sôbre nós e nos
inclina a ser isto mais do que aquilo, no futuro, mas não nos
acorrenta nem nos arrasta. Só quando está morto o Homem,
o Tu tem já um ser fixo: isso que foi e que já não pode refor
mar, contradizer nem suplementar. Êste é o sentido do famoso
verso em que Mallarmé vê Edgar Poe morto:
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(7) O carnaval, hoje já moribundo, foi a perpetuação, nas sociedades cristãs oci
dentais, da grande festa paga dedicada a Dionisos, o deus orgiástico que
convida a nos despersonalizarmos e a apagar o nosso eu diferencial e a nos
sumirmos na grande unidade anônima da natureza. Basta isso para que nêle
presumamos uma divindade oriental. E, com efeito, segundo o mito helênico,
Dionisos chega, recém-nascido, do Oriente, em um navio sem marinhagem nem
piloto. Na festa, êsse navio, com o figura do deus, era transportado por
ruas e campos num carro, em meio da multidão embriagada e delirante. Êsse
carros navalis é a origem do nosso vocábulo car-naval, festo em que nos po
mos máscaras para que a nossa pessoa, o nosso eu, desapareça. Daí, que o
mascarado fale com voz fingida, a fim de que também o seu eu pareça outro
e seja irreconhecível. É a grande festa religiosa em que os homens brincam
de se desconhecer, um pouco fartos de se conhecerem demais. A máscara
e o falsete da voz permitem, na magnífica festividade, que o homem des-
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VIII
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DE REPENTE, APARECE A GENTE
fazemos, não por gôsto, nem inspiração, nem conta própria, mas
simplesmente porque a gente as faz e, como o Estado, antes, a
gente, agora, nos força a ações humanas que provêm dela e
não de nós.
E mais ainda: comportamo-nos em nossa vida orientando-nos,
nos pensamentos que temos, sôbre o que as coisas são; mas se
dermos um balanço dessas idéias ou opiniões, com as-quais e das
quais vivemos, acharemos com surprêsa que muitas delas, — talvez
a maioria, — não as pensamos nunca por nossa conta, com plena
e responsável evidência de sua verdade; ao contrário, pensamo-
las porque as ouvimos e dizemo-las porque se dizem. Eis aqui
êste estranho impessoal, o se, que agora aparece instalado den
tro de nós, formando parte de nós, pensando êle idéias que nós
simplesmente pronunciamos.
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X
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aos lábios para beijá-la, mas êle não quer e a retira; volto então
a insistir e êle volta a retirá-la, e desta luta, que parece uma
fita de Buster Keaton nasce, elegantemente... o apêrto de
mãos, que é o resíduo ou o rudimento de tôda a história do
cumprimento para Spencer.
Reconhece-se que a explicação é engenhosa mas, além disso,
está muito próxima de ser verdadeira. Bastaria, — para ganhar
o que lhe falta, — que a série de formas, próximas uma da
outra, em vez de haver sido construída hipotèticamente, — to
mada cada forma de um povo e de um tempo qualquer, —
fôsse estudada historicamente, a saber, que se mostrasse não só
que uma forma é muito próxima de outra, mas que, efetiva
mente, é o seu precedente histórico: que esta saiu realmente
daquela.
Sôbre o que não há dúvida, porém, é de que o nosso
apêrto de mãos é uma supervivência, um rudimento supervivente, e,
já no que tem de ato concreto e tal como é, sem sentido de uma
ação útil e com plena significação. Facilita-nos a compreensão disso
o fato de que a forma do nosso cumprimento na rua, — tirar
mos o chapéu, — vai ficando reduzida, quando o nosso cum
primentado nos é bastante conhecido, a tocar com a ponta dos
dedos a aba do chapéu. Dêsse resíduo, que logo desaparecerá
também, às complicadas curvas no ar que, na Versalhes de
Luís XIV, se faziam com os enormes chapéus barrocos, carrega
dos de muitas plumas, há uma viagem tão longa como a Tip
perary. É inquestionável que, desde aquela época até o dia de
hoje e, quiçá, em tôda a história até o presente, vigora uma
lei que eu chamo da "cerimoniosidade minguante". Logo vere
mos a razão dessa lei.
Agora nos interessa extrair do que foi dito algo que tem
muito mais importância, incalculável transcendência para as ciên
cias de humanidades.
Vimos que usamos sacudir ou apertar a mão do conhecido
e que fazer isso serve para evitar o seu aborrecimento; mas,
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O HOMEM E A GENTE
porque precisamente tal ato nos sirva para êsse fim, verifica
mos que não o entendíamos. O ato útil é, pelo menos neste caso,
ininteligível para nós, seus executores. Apesar disso, ao recons
truir a história dêsse ato e ao observar a série de suas formas
precedentes, chegamos a algumas que tiveram pleno e racional
sentido para aquêles que as praticavam e até para nós mesmos
se, imaginàriamente, nos transportamos a situações humanas muito
antigas. Uma vez achada aquela forma antecedente que conse
guimos entender, tôdas as subsequentes, até a nossa residual,
adquirem sentido automàticamente.
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(2) O português moderno tende poro o singular: bom dia, boa tarde, boa noite
(N. do T.)
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fabrica, — tem sempre uma idade. Quero dizer que tôda reali
dade humana que se apresenta diante de nós ou é criança, ou
é jovem, ou é madura, ou caduca, ou decadente. E, se se tem
um pouco de perspicácia, — não é preciso muita, — pode-se
muito bem ver em que idade está, como se vê a idade do cavalo,
abrindo-lhe a bôca e olhando-lhe os dentes. Pois bem, neste sen
tido, por uma porção de motivos creio que a forma de cumpri
mento que é o apêrto de mãos está na decrepitude, na agonia,
e que muito breve o vamos ver desaparecer, não, ao golpe dos
cumprimentos bélicos e rendido a êles, mas porque é um uso
que está nos seus últimos momentos, que está desusado. Digo
mais: até êste momento, nunca estive na Inglaterra; nada sei do
que ocorre neste particular na Inglaterra nos últimos dez anos,
mas "a priori" me atrevería a afirmar que forçosamente, — há
dez ou doze anos, pouco mais ou menos, — terá começado na
Inglaterra o fenômeno da desaparição dêste cumprimento do
apêrto de mãos, e a sua substituição por algo ainda mais sim
ples: um leve gesto de inclinação de cabeça ou um sorriso inau
gural.
Porque digo que isso ocorre na Inglaterra? O porquê é uma
das idéias que me apaixonam há anos e me parece de tôda
evidência, de grande importância, e que jamais vi advertida nem
mesmo pelos próprios ingleses; a saber: quando estudamos a
história de qualquer modo de vida ocidental, com raríssimas
exceções, que não fariam senão confirmar a regra, — verifi
camos que, antes da aparição plena e brilhante dêsse modo de
vida no Continente, houve sempre um precursor na Inglaterra.
Quer dizer que salta à vista, pela abundância dos fatos que o
confirmam, aquilo a que chamo "a precedência da Inglaterra
com respeito ao Continente". Em quase todos os modos de vida,
e isto não sòmente desde que conseguiu ser uma potência mun
dial, mas desde os comêços da Idade Média.
E até vergonhoso ter de dizer e recordar que os ingleses
nos ensinaram a falar em latim, em bom latim, ao resto dos
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(1) Mantenho a fórmula espanhola por "correio de Bilbao". Nasceu essa ultra-
correçao do temor ao uso popular, sobretudo sulino, de reduzir as terminações
— ado, — ido — ao — ío, como em cuidado, cuidao e sentido, sentío.
Já ouvi aqui no Rio a expressão: "Êle é, inclusível, da gandalha", em que a
ultra-correção me parece que nasceu: a primeira, por analogia com os adjeti
vos em-ível, e a segunda, pelo horror à deformação do tipo trabaia por tra
balha (N. do T.)
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(2) E. Lerch: Uber das sprachliche Verhãeltnls von Ober — und Unterschichten —
Jahrbuch für Philologie — 1. 1925, p. 91.
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efetivo, vivo dizer, e não como mero fragmento que foi ampu
tado à sua completa figura. Essa nova filologia terá, por exem
plo, — conste que se trata sòmente de um exemplo escolhido por
causa de sua relativa singeleza, — de elevar a princípio formal
da lingüística a vetusta receita que, com uma indicação secun
dária, sempre orientou a interpretação prática dos textos e que
reza: duo si idem dicunt non est idem; se dois dizem o mes
mo. .. já não é o mesmo.
A lingüística, — seja fonética, seja gramática, seja léxico,
— estudou, sob o nome de linguagem, uma abstração a que
chama "língua", a qual, supondo que se possa precisar-lhe a
figura, é algo que qualifique! de maravilhoso e que já quere
riamos possuir em qualquer outra disciplina de Humanidades.
Mas é evidente que com isso ela não conseguiu conhecer a lin
guagem, senão numa primeira aproximação, porque isso a que
chama língua não existe em rigor, é uma figura utópica e arti
ficial criada pela própria lingüística. Com efeito, a língua não
é nunca "feito", pela singela razão de que nunca está "feita";
ao contrário: sempre se está fazendo e desfazendo ou, dito em
outras palavras, é uma criação permanente e uma incessante
destruição. Daí vem que a gloriosa façanha intelectual que a
lingüística, — tal e qual é hoje, — representa, a obriga preci
samente, — nobreza obriga, — a conseguir uma segunda apro
ximação mais precisa e mais enérgica no conhecimento da rea
lidade "linguagem", e isto só poderá tentar, se ela estudar a
linguagem, não como coisa feita, mas como fazendo-se, portanto:
in statu nascendi, nas raizes mesmas que a geram. Seria um êrro,
se a lingüística cresse bastar-lhe, para conhecer a língua no seu
fazer-se, reconstruir suas formas anteriores à atual ou, dito mais
geralmente, à forma que apresenta numa determinada data. A
lingüística já realizou isso, que é um saber importantíssimo. Essa
chamada "história da língua" não é, porém, na verdade, mais
do que uma série de gramáticas e léxicos do aspecto que, em
cada estado pretérito, a lingua, já feita naquela data, mostrava.
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(5) [Veja-se também sôbre o tema o "Prólogo paro franceses" de A rebelião doe
mossas e Miséria e esplendor da Tradução — Obras Completas, volumes IV
e V, de onde se tomaram parcial e respectivamente os dois últimos pará
grafos.]
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(1) Em rigor, era transformação fonética é pouco provável, caso persista o vo
cábulo, como me fêz saber o senhor Lapesa, porque os compostos de sílabas
em o costumam ser muito resistentes a qualquer modificação de som.
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"OPINIÕES PÚBLICAS", "VIGÊNCIAS SOCIAIS" — PODER PÚBLICO
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"OPINIÕES PÚBLICAS", "VIGÊNCIAS SOCIAIS" — PODER PÚBLICO
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"OPINIÕES PÚBLICAS", "VIGÊNCIAS SOCIAIS" — PODER PÚBLICO
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O HOMEM E A GENTE
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"OPINIÕES PÚBLICAS", 'VIGÊNCIAS SOCIAIS" — PODER PÚBLICO
XIII - O Estado.
XV — Direito.
XVII - Nação.
XVIII — Inter-nação.
XX — Humanidade.
O HOMEM E A GENTE
Curso de doze lições, por José Ortega y Gasset (1)
— 303
tiva". — Exemplo: o "portuguesismo" ou meditação sôbre
a "saudade". — O "espanholismo".
XII — Humanidade.
304 —
Êste livro terminou-se de
imprimir no dia 24 de março
de 1961, nas oficinas gráficas
da
UTO-TIPO GUANABARA S.A.
Rua Maia de Lacerda, 700 — Rio