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24 de Julho foi mais uma data no calendário de mobilizações nacionais

contra o governo genocida de Bolsonaro e de seus milicos; contra a fome,


a miséria e o desemprego milhares saíram as ruas. Felizmente, mais uma
vez tivemos a oportunidade de estarmos juntos/as na rua, exigindo o que
é nosso. Mas infelizmente marcadas/os pela presença do imobilismo, falta
de criatividade e objetivo de passeios mornos quase frios, que só enchem
ruas, mas não chegam a fazer pressão ou impactar a cidade. Em Londrina,
não foi diferente. As frentes de unidade da socialdemocracia chamaram
uma mobilização esvaziada que partiu de lugar nenhum e acabou em
nenhum lugar. O horário e o trajeto não permitiram conversar com a
classe trabalhadora, tampouco ações incisivas de combate por parte dos
manifestantes. As falas foram programadas previamente, e com o
microfone sendo passado de mão em mão, faziam falas pouco inflamadas
para si mesmos, cantando a missa para o padre. O Bloco combativo,
construído pelos movimentos de base da Alternativa Popular, pela Ação
Antifascista de Londrina e por autônomas/os e independentes foi o mais
numeroso desde o 29 de Maio e tentou dar outro tom ao passeio com
energia. De uma coisa sabemos, havia dois tipos de política nas ruas de
Londrina no dia 24 de Julho. Uma delas, colaboracionista e burguesa, que
grita ‘Fora Bolsonaro’ pedindo ao parlamento burguês uma solução
burguesa: impeachment. Ou seja, uma troca de governos burgueses. A
outra, uma política classista de cunho combativo, que tem como pano de
fundo as reivindicações mais urgentes e abrangentes da classe
trabalhadora: os empregos, a moradia, a comida e a vacinação acelerada,
principalmente nas periferias.
No mercado, está tudo um absurdo de caro. Na cidade não tem emprego.
E quando tem, é por um salário de miséria, em atividades irregulares ou
instáveis que sugam a alma do povo. Todo dia, a mesma notícia
aterrorizante, mais alguém se juntou aos mais de meio milhão de vítimas
da COVID-19 nas mãos do neoliberalismo. Perguntamos: a revolta popular
vai ficar em “banho Maria” até 2022? Para imporem agendas eleitoreiras e
arrastar os votos de luto de quem sobreviveu à catástrofe que estamos
vivendo nesse país? Exigimos: o trajeto e o encerramento das
mobilizações deveriam ter um conteúdo político, que contribuísse para o
avanço das lutas, rumo à Greve Geral. A luta pela construção da Greve
Geral irá perpassar em algum momento o confronto com representantes
da burguesia e o direcionamento das manifestações aos órgãos de Estado
que devem ser responsabilizados pelas mazelas desse sistema apodrecido.
Seus representantes devem ser cobrados, em instituições como
prefeituras e secretarias, em instituições como a ACIL ou a TCGL, a família
Muffato deve ser cobrada, os Shoppings devem ser cobrados, também
pelos nomes, não só Bolsonaro, mas Ratinho JR, Belinati e tantos outros
políticos burgueses.
Fato, em alguns setores do bloco combativo de Londrina, existe ainda um
sentimento heroico e uma falta de acúmulo coletivo em lutas de rua. Que
sorte! Nós temos muita rua, muito campo para a luta rebelde no Brasil. É
importante dizer que: a Alternativa Popular levanta as bandeiras dos
explorados/as, em oposição aos/as reformistas e suas soluções burguesas,
mas sobretudo a ação direta das massas em detrimento das ações
individuais. Porém, a rebeldia desorganizada deve ser organizada pelas
frações do povo organizado e não rechaçadas e ameaçadas. Afinal de
contas, quem tem medo da rebelião popular? Ainda assim, as ações
rebeldes e desorientadas são mais genuínas e ameaçam mais a ordem do
que o imobilismo dos reformistas, que aparentam radicalidade no discurso
e no desejo de disputar consciências, mas não na prática lidando com as
contradições da rua e com a classe trabalhadora real, especialmente a
juventude proletária marginalizada.
Se parte significativa da nossa classe está assumindo tais contornos, é
preciso compreender por que e trabalhar para a superação dos nossos
limites rumo ao socialismo. Não aceitaremos nenhuma postura de
criminalização ou denuncista por freelancers do sistema penal disfarçados
de lutadores/as do povo que tem se repetido em São Paulo, Rio de
Janeiro, Recife e outras cidades.  Na crítica e na autocrítica avançamos,
com humildade, mas assumindo a grande tarefa de construir uma
alternativa popular revolucionária de poder do povo. Trabalhar mais e
mais pela base. Em cada local de trabalho, estudo e moradia, caminhando
para o socialismo. Essa é a nossa tarefa. Unir a radicalidade e o
descontentamento rebelde do povo com o Sindicalismo Revolucionário.

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