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XIV Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil / XXVII Encontro Nacional de

Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa


30 de agosto a 12 de setembro de 2023.

Proposta para o simpósio temático


Haicai em São Paulo

Débora Fernandes Tavares* (Universidade de São Paulo)

1. Introdução:

A chegada do haiku no Brasil através dos imigrantes japoneses que aportaram no estado
de São Paulo no início do século XX deu início a um movimento posteriormente liderado
pelo imigrante Hidekazu Masuda (1911-2008). Discípulo de Kenjiro Sato (1898-1979),
que difundiu grandemente a prática do haiku no Brasil pelos imigrantes japoneses,
Hidekazu Masuda trabalhou na divulgação do haicai no Brasil de forma pioneira: com a
escrita dos poemas em língua portuguesa.

Este seminário pretende apresentar a disseminação do haicai no Brasil a partir da atuação


do Grêmio Haicai Ipê, grupo fundado por Masuda.

Palavras-chave: haiku, haikai, Grêmio Haicai Ipê.

2. Objetivo:

Apresentar o trabalho desenvolvido pelo Grêmio Haicai Ipê, fundado em 1987 por
Hidekazu Masuda (1911- 2008) e outros.

O Grêmio Haicai Ipê busca seguir a linha tradicional japonesa de composição dos poemas
proposta pela Escola Shômon, do poeta Matsuo Bashô (1644-1694).

Na publicação autoral: “Introdução ao Haicai” (2008), o grupo apresenta 10 regras básicas


para a composição do haicai:

*Mestre. Universidade de São Paulo. Associação Internacional de Haiku do Brasil (Tokyo).


dftavares09@gmail.com.
1. Poema conciso, formado por 17 sílabas/ sons, distribuídos em 3 versos (5/7/5), sem
rima ou título.
2. Presença do kigo

3. Cada estação tem sua própria característica do ponto de vista da sensibilidade do poeta
e transmite determinada emoção, que é captada por ele e transformada em versos.

4. O poeta deve respeitar a simplicidade; evitar “enfeites de termos poéticos”; captar um


instante; evitar o raciocínio.

5. A métrica ideal do haicai é 5/7/5 sílabas ou sons mas não há exigência rigorosa,
obedecida a regra de não ultrapassar em muito as 17 sílabas e também não muito
menos do que isso.

6. O haicaísta deve utilizar no poema palavras do cotidiano e de fácil compreensão.

7. O dono do haicai é o próprio autor, por isso deve-se buscar a verdade do espírito
haicaísta que exige consciência e realidade.

8. O poeta deve captar a instantaneidade.

9. O haicai não deve ser um poema discursivo ou acabado. A sensação deve ser apenas
sugerida.

10. O haicai é uma composição emanada da sensibilidade do poeta, por isso deve-se evitar
expressões de causalidade ou de sentimento vazio.

O Grêmio Haicai Ipê também empenha-se na expansão da prática desse gênero poético em
outras localidades do Brasil.

Nesta apresentação focaremos nas atividades desenvolvidas por membros do Grêmio Haicai
Ipê no estado de São Paulo.

3. Metodologia

a. Pesquisa documental e bibliográfica sobre a origem do haiku no Japão (Blyth 1971,


Keene 1978, Miner 1985, Paz 1996, Shirane 2007).

b. Pesquisa bibliográfica sobre a introdução e difusão do haicai no Brasil (Castro 2016,


Franchetti 2012, Goga 1988, Mendonça 1999, Oda 2011).

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c. Pesquisa documental e entrevista para historiar e descrever as atividades do Grêmio
Haicai Ipê (pesquisa de campo, leitura e análise das atas de reuniões, realização de
entrevista e sua análise).

d. Pesquisa documental para análise das características do haicai segundo o Grêmio


Haicai Ipê.

4. Referências Bibliográficas

BLYTH, Reginald. Haiku I. Tokyo. The Hokuseido Press, 1971

FRANCHETTI, Paulo, Elza Doi. Haikai: Antologia e História. Campinas: Editora Unicamp,
2012.

GOGA, Masuda, Teruko Oda. Natureza – Berço do haicai – kigologia e antologia. São
Paulo: Diário Nippak Ltda, 1996.

GOGA, Masuda. O Haicai no Brasil. São Paulo: Editora Oriento, 1988.

JIN’ICHI, Konishi. A history of Japanese Literature, Volume Two: The Early Middle
Ages. New Jersey: Princeton University Press, 1986.

KEENE, Donald. World within Wall: japanese literature of the pre-modern era, 1600-
1867. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1978.

MENDONÇA, Maurício A. Trilha Forrada de Folhas – Nenpuku Sato, Um Mestre de Haikai


no Brasil. São Paulo: Edições Ciência do Acidente, 1999.

MINER, Earl. Japanese Linked Poetry. New Jersey: Princeton University Press, 1979.

ODA, Teruko. Goga e Haicai: um sonho brasileiro. São Paulo: Escrituras, 2011.

SHIRANE, Harue. Traditional Literature: an anthology, beginnings to 1600. NY:


Columbia University, 2007.

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