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Explosão de caldeira em BH

BELO HORIZONTE - Sete operários morreram e outros 3 foram internados em estado grave, todos em decorrência de
queimaduras causadas pela explosão, às 8h30min de ontem, de uma caldeira da usina de açúcar Rio Grande, a 27 Km
de Passos, no sul de Minas. A usina Rio Grande, maior produtora de açúcar de Minas havia paralisado suas atividades
na noite de Sábado, devido à fortes chuvas que impediam o fluxo de cana até a unidade industrial e, no momento em
que a equipe de onze técnicos da empresa acionava o gerador para reativar a produção, a caldeira explodiu, causando
as vítimas por queimaduras e, possivelmente, também por choque elétrico. A perícia realizada logo em seguida ao
acidente, como parte do inquérito policial aberto pelo delegado de Passos, Adan dos Santos, não havia apurado ainda
as causas. Morreram no local os operários Lideu Israel de Oliveira, 43, casado, encarregado mecânico e há 29 anos
trabalhando na usina; Nelson Ribeiro de Lima, 48, casado; Eurico Marcos Galvão, 23, casado, e Edmilson de Oliveira
Silva, 22, casado, todos três eletricistas. Morreram ainda Carlos Roberto da Silva, 26, casado, mecânico de
manutenção; Elcizo Vieira Costa, 26, casado, e Eliezer Rodrigues, 27, solteiro, ambos do departamento de serviços
gerais. Os corpos, todos apresentando queimaduras generalizadas, foram encaminhados pela manhã para Passos.
Entre os feridos, todos internados no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Passos, Osvander Ferreira Felipe, 31,
casado, encarregado mecânico, e o que se encontra em estado mais grave, com queimaduras de segundo e terceiro
grau em 95 % do corpo e até a tarde, permanecia no bloco cirúrgico do hospital. Os outros dois, Osmar Ferreira Felipe,
27, casado, irmão de Osvander, e Paulo Matias da Silva, 27, casado, ambos técnicos em análise laboratorial já não
correm risco de vida, segundo o médico anestesiologista que os atendeu, César Faria Nunes. Um quarto ferido,
Antonio de Lima, foi imediatamente liberado, com queimaduras sem maior gravidade. O médico Pedro Messias da
Silva disse que as queimaduras foram causadas por violentos jatos de vapor liberados pela explosão, com temperatura
em torno de 170 ºC. Um outro funcionário da usina, que preferiu não se identificar, disse que, ao ser acionado um
gerador de energia elétrica para reativar a usina o tubo de vapor rompeu-se numa das extremidades. A previsão da
usina Rio Grande era uma produção este ano de 1,2 milhão de sacas de açúcar. Somente dentro de uma semana,
quando estiverem concluídos os reparos técnicos, a empresa terá condições de operar normalmente. A mesma fonte
informou que o defeito que conduziu à explosão é , por enquanto, inexplicável.

Restos da casa de caldeira. .


Cilindro de 8 toneladas arremessado por 40 metros.

Detalhe do que sobrou do gerador

Detalhe do exaustor e da chaminé


Parte da fornalha arremessada por 100 metros

Sugestão dos fabricantes

Seguir essas determinações não significa, necessariamente, que a caldeira jamais irá pelos ares. A legislação serve,
isto sim, para abrir os olhos do industrial, principalmente daqueles que não dão a devida importância ä bomba
estacionária instalada em algum canto do seu patrimônio. Na verdade, dificilmente passa pela cabeça de grande
parte desses senhores que a explosão de uma caldeira pode complicar seus negócios, ou suas próprias vidas. Senão
vejamos: de acordo com a legislação vigente, um acidente que provoque lesão corporal, por menores que sejam os
danos, requer a presença da polícia técnica. O objetivo da corporação, no caso é apontar o responsável pelo
acidente (encarregado da manutenção ou o próprio industrial), que será processado, podendo até ser condenado à
pena de detenção. E contra o proprietário do equipamento cabe ainda ação de indenização por parte das vítimas. O
engenheiro Ney Prieto Peres, da C.B. Serv e do Departamento de Higiene do Trabalho da Secretaria do Trabalho do
Estado de São Paulo, enumera alguns pontos desprezados pelo industrial com relação ä manutenção. "Nem sempre
existe programação anual para inspeção. Muitos industriais deixam de paralisar o equipamento para a execução de
reparos devido à inexistência de caldeiras de reserva; quando decidem fazê-lo, os prazos estipulados para essa
manutenção são os menores possíveis em razão do ritmo atual de alta produção industrial". Assessorando há mais
de 23 anos os usuários da C.B. Serv selecionou algumas regras básicas que devem ser utilizadas pelo foguista,
objetivando combater as falhas do dia-a-dia do funcionamento de um equipamento que opera sob pressão: 1) A
atomização deficiente ou acumulo de óleo não-queimado leva á formação de gases combustos; se esses fluidos não
forem purgados por meio de ventilação, explodirão na fornalha no instante em que a caldeira for acionada. Os
acidentes detectados nos tubos tem várias origens, Uma delas diz respeito ás falhas do material utilizado pelos
fabricantes da caldeira seja na sua estrutura metalográfica, na diferença de espessura, seja na falha de penetração
da solda longitudinal quando da fabricação dos tubos sem costura. Outras são concernente ä corrosão interna ou
externa da peça. Segundo Pietro Peres, internamente, porque o oxigênio contido na água ataca a parede do tubo,
perfurando-os externamente, porque o enxofre contido no óleo se transforma em gás ou ácido sulfúrico, desgastando
os materiais. Há ainda acidentes provocados pela erosão também interna e externa (internamente nas curvas dos
tubos, locais onde a velocidade do vapor é elevada, e externamente, devido ä má regulagem dos sopradores de
fuligem) e pelo superaquecimento, em razão da falta de água, das incrustações internas e da incidência de chamas.
Já os acidentes com os corpos têm como causas à corrosão, erros de projetos, falhas de fabricação e também de
material.

Dicas de Segurança para Operação Caldeiras

· Nunca deixar de antecipar qualquer emergência; não esperar acontecer para pensar na solução.

· Nunca operar uma caldeira recém instalada antes de conhecer completamente a localização e função de todas as
tubulações, controle e válvulas.
· Nunca deixar uma válvula de descarga aberta sem o operador próximo, quando a caldeira estiver sob pressão ou a
fornalha acesa. Não confiar só na memória.
· Nunca acender uma caldeira sem nova verificação do nível de água; reserva de água no tanque de alimentação e
fonte de suprimento; a lista de caldeiras danificadas por falta de água já é bastante grande.
· Nunca acender uma caldeira sem antes verificar todas as válvulas; principalmente as de segurança que podem ter
bloqueios após testes; Lembre-se todas as válvulas.
· Nunca abrir com rapidez uma válvula sob pressão e não fique na frente do volante; a mudança repentina de
pressão ou o golpe de ariete podem danificar tubulações, castelos de válvulas ou juntas de flanges.
· Nunca ligar uma caldeira a um sistema de vapor, antes da pressão atingir algumas libras a mais que o sistema;
algumas libras de diferença são toleráveis; os esforços mecânicos sofridos por uma caldeira sob pressão podem ser
danosos.
· Nunca "acreditar" que as válvulas de segurança funcionam perfeitamente; não existem margens para suposições
nestes casos.
· Nunca alterar a pressão de disparo de uma válvula além da MPTA da caldeira; o erro tolerado da mola da válvula
(ABNT até 10%) pode ultrapassar em muito a pressão e danificar a caldeira; não elimine vazamentos de válvula de
segurança apertando a mola, pois a alteração de disparo pode ser catastrófica.
· Nunca aperte um parafuso ou porca em união por flanges ou conexões em sistemas pressurizados (ar ou vapor);
pode ser fatal.
· Nunca permitir que pessoas não habilitadas operem equipamentos sob pressão; Nunca fechar as portas de visita de
uma caldeira sem antes verificar que não ficou ninguém ou ferramentas no interior da caldeira.
· Nunca efetuar reparos em uma caldeira sem autorização expressa do responsável e em casos de reparos que
envolvem o corpo de pressão exigir o certificado de materiais empregados e o ART do Engenheiro Mecânico de
manutenção.
· Nunca acender um queimador com o calor da fornalha e nos casos que não tenha a ignição automática, utilizar uma
tocha com haste longa para não receber o retrocesso eventual da chama. As tentativas de reacendimento somente
após o tempo de purga de gases da fornalha; os gases formados podem explodir e danificar a caldeira ou até uma
explosão catastrófica.
· Sempre admitir a possibilidade de ocorrer uma emergência; saiba como proceder em cada caso.
· Sempre combinar "rapidez com calma" quando ocorrer uma emergência; pensa-se melhor "andando" do que
"correndo".
· Sempre verificar o nível de água pelo visor direto; existem casos de confiar em sistemas automáticos e tomar
decisões erradas; uma indicação dos registradores deve ser confirmada pelos indicadores diretos e tomar as
decisões imediatas.
· Sempre fazer a drenagem dos indicadores de nível; um indicador entupido pode dar a falsa impressão de nível
normal.
· Sempre se certificar que as válvulas de purga estão fechadas e que as válvulas de ventilação, válvulas e sistemas
de instrumentação de controle estão abertas.
· Sempre observar o manômetro de pressão de operação da caldeira; só colocar em paralelo quando a pressão
estiver próxima da pressão do sistema.
· Sempre operar manualmente a válvula de segurança, sem golpes na alavanca e quando a pressão estiver cerca de
¾ da pressão de ajuste, (disparo).
· Sempre efetuar o teste diário da válvula de segurança pela alavanca, para remover eventuais incrustações
perniciosas ao bom funcionamento da válvula.
· Sempre que uma válvula de segurança apresentar corrosão ou alterações na mola e que exijam ajustes, chamar a
assistência técnica do fabricante ou consultar o inspetor.
· Sempre obedecer as normas de segurança; lembre-se que a falta de um item de segurança pode acarretar sérios
prejuízos.
· Sempre evitar a presença de elementos não autorizados na área de caldeiras; a casa de caldeiras não é lugar para
reuniões.
· Sempre que estiver em dúvida consulte um elemento autorizado; duas cabeças pensam melhor do que uma.
Normas de Segurança para Operação de Geradores de Vapor (ABNT)

· Nunca iniciar o fogo no gerador de vapor sem verificar o nível de água do mesmo. O número de geradores de vapor
danificados por falta de água é constante.
· Enquanto o gerador de vapor estiver produzindo vapor, o suprimento de água não deve ser interrompido.
· Se o nível de água estiver abaixo do indicador onde não possa vê-la, apague o fogo (nunca com água), alivie a(s)
válvula (s) de segurança, feche a alimentação de água, a válvula de vapor e outras válvulas do gerador de vapor.
· Não exceda a Máxima pressão de Trabalho Admissível (MPTA), fixada na placa identificadora do gerador de vapor.
· Não permitir o acúmulo de sedimentos no indicador de nível, executar as descargas de nível periodicamente. Uma
indicação falsa de nível poderá ser catastrófica.
· Nunca acreditar que a (s) válvula (s) funcionam perfeitamente. Sempre efetuar teste diário com a (s) válvula (s)
operando-as manualmente, quando a pressão atingir 0,75 (três quartos) da pressão de alívio. O teste sob pressão
real do gerador de vapor deve ser feito semanalmente.
· Teste o(s) manômetro (s) de pressão de vapor. Efetue aferição do (s) manômetro (s) periodicamente.
· Jamais apertar parafuso, porca, conexões ou usar martelo ou outro material para bater em partes do gerador de
vapor quando o mesmo estiver sob pressão. Estes descuidos podem ser fatais.
· As descargas de fundo ou purgas são importantes e devem ser executadas de acordo com as normas estipuladas
por pessoal autorizado.
· Periodicamente trocar a água do gerador de vapor e lavá-lo internamente com jato d'água sob pressão.
· Procurar usar a dosagem de produtos químicos para tratamento da água do gerador de vapor conforme
recomendações de elementos autorizados para tal finalidade.
· Uma caldeira limpa internamente (sem problemas de incrustação e corrosão) e externamente (sem fuligem, cinzas,
corrosão) trabalhando dentro das normas de segurança proporcionará um trabalho realmente seguro e econômico.
· Sempre que houver alguma dúvida, consulte um elemento especializado.
· Nunca deixe de antecipar qualquer emergência, não esperar acontecer para depois pensar na solução. Obedecer
as Normas de Segurança, lembrar que a falta de um destes elementos não é avisada com antecedência, nunca se
sabe exatamente quanto o material sob pressão poderá resistir.

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