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SEÇÃO I Equipes de saúde e seus membros

Equipes de trabalho
e competências no
trabalho em equipe
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A Seção I deste livro (Capítulos 1-5) descreve o clínicos e doutores em enfermagem clínica.*
conceito de uma equipe de trabalho, diferencia os A farmácia estabeleceu especialidades em farmá-
tipos de equipes de atendimento de saúde, apresen- cia nuclear, farmacoterapia, farmácia oncológica
ta seus profissionais, explica o papel de pacientes e e outros campos. Os assistentes sociais e fisiote-
gestores, além de introduzir temas das seções se- rapeutas também são especializados. Assim, o
guintes, que examinam como trabalham as equipes atendimento aos pacientes é proporcionado por
eficientes e os seus membros e como é possível ob- várias pessoas exercendo distintas profissões.
ter mais eficácia de equipes durante o atendimento Esta fragmentação requer um trabalho em equipe
de saúde. bem articulado, de modo a garantir a eficácia da
atividade conjunta.
A exigência de um trabalho em equipe quali-
POR QUE O TRABALHO EM EQUIPE ficado remonta à metade da década de 1950 (Gar-
NA SAÚDE TEM IMPORTÂNCIA rett, 1955). Contudo, por várias razões, o progresso
ATUALMENTE? tem sido lento. Um dos motivos é que muitos mé-
dicos, enfermeiros e outros clínicos estão impreg-
A prestação de cuidados de saúde tornar-se cada nados com a noção de que são individualmente
vez mais especializada à medida que o conheci- responsáveis pelo que acontece com seus pacientes
mento avança. Há décadas, nos Estados Unidos, (Leape, 1994). Embora uma visão mais complexa
os médicos eram, em sua maioria, clínicos gerais. e realista venha ganhando espaço, por mais de um
Em 1940, 76% deles eram generalistas. Em 1955, século esses profissionais concluíram sua formação
a proporção caiu para 56%; em 1969, ela chegou acreditando que tanto os bons resultados quan-
a 31% (Starr, 1982, pp. 358-359). Em 2007, ape- to eventuais percalços poderiam decorrer unica-
nas 13,5% dos médicos eram generalistas e 34,3% mente do desempenho individual. O trabalho em
atuavam em todos os campos da atenção primária equipe raramente era relacionado. Outro motivo
integrada: medicina de família, clínica geral, me- a ser apontado é que os profissionais de cada área
dicina interna e pediatria (American Association da saúde são preparados isoladamente. Os farma-
of Medical Colleges, 2008). Desde então, a Asso- cêuticos formam-se em faculdades de farmácia,
ciação Médica Americana classificou 33 espe-
cialidades médicas, além dos campos de atenção * N. de R.T. No Brasil, atualmente, os níveis educacionais na área
primária. A medicina tornou-se altamente espe- de enfermagem são o universitário (enfermeiro), médio (técnico
cializada. Desenvolvimentos similares ocorre- de enfermagem) e fundamental (auxiliar de enfermagem). Exis-
ram na enfermagem. A enfermagem já tem, nos tem ainda os cuidadores e os agentes de saúde que não são re-
conhecidos como profissionais de enfermagem, embora exerçam
Estados Unidos, enfermeiros registrados, enfer- cuidados domiciliares e de saúde coletiva. Para saber mais sobre
meiros práticos licenciados, enfermeiros clínicos os requerimentos educacionais dos diferentes níveis de enferma-
especialistas em diferentes campos, enfermeiros gem nos EUA, veja o Quadro 3-3 do Capítulo 3.

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os enfermeiros, em faculdades de enfermagem, os Medicina nos anos seguintes. Rapidamente, pro-


médicos, em faculdades de medicina e assim por fissionais de saúde estavam discutindo pelo país
diante. Como eles raramente são reunidos duran- como os sistemas poderiam ser modificados para
te a formação, acabam adotando os valores, a ter- melhorar a segurança e a qualidade de atendimen-
minologia e as bases conceituais de suas próprias to. E, evidentemente, as equipes de saúde são com-
profissões, sem qualquer exposição ao processo ponentes importantes desses sistemas, como foi
de socialização experimentado por estudantes em enfatizado na publicação. Quando Errar é humano
outras profissões de saúde (Hall e Weaver, 2001). foi publicado, o interesse na qualidade e eficácia do
Conforme o exposto no Capítulo 3, tais diferen- atendimento de saúde baseado em equipes aumen-
ças acabam dificultando o diálogo no trabalho tou consideravelmente, e desde então continua a
em equipe. A segregação durante a formação evita crescer.
também que os estudantes aprendam a trabalhar Este capítulo começa com uma análise deta-
em equipes interprofissionais, levando-os a atu- lhada do trabalho em equipe na saúde, abordan-
ar individualmente quando começam a exercer a do várias questões fundamentais. Como a palavra
profissão. Apesar de já ser possível perceber uma equipe é compreendida no contexto do atendimen-
mudança nesse cenário, ainda é incomum a edu- to de saúde? Que benefícios as equipes trazem para
cação interprofissional regular nos currículos de o atendimento de saúde e quais são os riscos de se
faculdades da área da saúde. Por fim, vale mencio- trabalhar dessa forma? Quais são as evidências de
nar que rivalidades entre profissões, especialmente que as equipes são mais eficientes na tomada de
entre medicina e enfermagem, têm comprometido decisões e na prestação de atendimento em compa-
a qualidade do trabalho em equipe (Fagin, 1992). ração a profissionais trabalhando individualmente?
A controvérsia entre médicos e enfermeiros sobre Que valores são essenciais na prática clínica e em
a liderança de casas médicas (uma abordagem de hospitais, a fim de que as equipes de saúde fun-
atenção primária, baseada em equipe e centrada no cionem a contento? Que conhecimento esses in-
paciente, adotada nos Estados Unidos) é um exem- divíduos devem ter? O que os membros da equipe
plo recente de tais rivalidades (Lowes, 2012). devem ser capazes de fazer? Iniciaremos conside-
Apesar disso, a questão do trabalho em equipe rando o que é uma equipe.
não tem recebido a atenção necessária nos últimos
anos. O problema é que, até o começo dos anos GRUPOS DE TRABALHO
2000, foram adotadas ações apenas em âmbitos
E EQUIPES DE TRABALHO
restritos – por exemplo, saúde mental e pediatria
do desenvolvimento. O interesse no trabalho em Inicialmente, é importante compreender o signifi-
equipe foi despertado quando se reconheceu que cado da palavra equipe. Em conversas informais, a
saúde de alta qualidade é alcançada não somente palavra é usada para descrever uma ampla varieda-
pela prática competente de profissionais trabalhan- de de grupos de pessoas engajadas coletivamente
do individualmente, mas também pela presença em uma atividade ou outra. Existem equipes espor-
de sistemas – contextos, definições de tarefas, pro- tivas, equipes administrativas, equipes cirúrgicas e
cessos – que permitem e estimulam boas práticas assim por diante. Em algumas organizações, cada
e protegem contra percalços. Um evento-chave empregado é visto como um membro da equipe,
na construção deste reconhecimento foi a publi- de modo que esta consiste em milhares de pessoas,
cação de Errar é humano: construindo um sistema muitas das quais nunca se encontraram. Por exem-
de saúde mais seguro (To Err is Human: Building a plo, ao acionar o serviço de atendimento ao cliente
Safer Health System; Institute of Medicine, 2000). de uma determinada empresa, o cliente sabe que
A fundamentação daquela publicação tem sido em breve um membro da equipe lhe prestará ajuda.
preparada por Donald Berwick, Paul Batalden, Todos estes empregos da palavra equipe fazem sen-
Lucian Leape e outros que têm escrito e falado por tido em seus contextos. Porém, para compreender
mais de 10 anos sobre a importância de sistemas o trabalho em equipe no atendimento de saúde, é
na determinação da qualidade de cuidados à saúde apropriado definir um termo que se refira a equipes
(Batalden e Mohr, 1997; Berwick et al., 1990; Leape capazes de proporcionar atendimento conjunto de
et al., 1995). Errar é humano foi amplamente dis- saúde e tomar decisões em organizações de saúde.
cutido em jornais, televisão e rádio, bem como em Nós chamaremos essas equipes de equipes de traba-
publicações sobre saúde. Seu impacto foi reforçado lho e, neste livro, a palavra equipe significa equipe de
por muitos outros livros lançados pelo Instituto de trabalho. É um tanto arbitrário utilizar para essas

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instituições a expressão equipe de trabalho em vez


de grupo de trabalho. Em nome da clareza, optamos no entanto, apenas um pequeno grupo sabia
por definir grupo de trabalho como o nome de uma que no fim de semana a negociação chegara a
classe ou gênero de grupos de pessoas e considerar uma conclusão exitosa.
equipe de trabalho como o nome de uma subclasse A reação ao anúncio da fusão foi de júbi-
ou espécie dentro de uma classe (Figura 1-1). lo. A fusão será muito boa para o Memorial. O
CFO e o consultor jurídico mostraram satisfa-
ção e apertaram as mãos. O CNO e o presidente
do corpo clínico sentiram um misto de satisfa-
CASO 1-1 ção e alívio. Por todo o ambiente, as expressões
eram de cordialidade, orgulho e prenúncio de
Este é o “Monday morning”. O diretor-exe- boas novidades.
cutivo do Memorial Hospital convocou uma
reunião para fazer um anúncio importante. O
hospital está em processo de fusão com outro Todas as pessoas participantes da reunião
hospital. Atendendo à convocação, estavam trabalham no Memorial Hospital. De certo modo,
presentes a diretora de enfermagem (CNO, do eles estão na mesma equipe e podem até se cha-
inglês chief nursing officer), o vice-presidente mar de membros da equipe, significando que
de assuntos médicos, o chefe do corpo clínico, o todos são colegas. Não há dúvida de que todos
diretor financeiro (CFO, do inglês chief finan- trabalham juntos e dependem uns dos outros para
cial officer) e outras 25 pessoas, incluindo o res- fazer o melhor, de modo que o Memorial Hospi-
ponsável pelo serviço de manutenção, o gestor tal pode proporcionar aos seus usuários excelente
de enfermagem da sala de emergência, um emi- atendimento de saúde.
nente cirurgião ortopedista e o consultor jurídi- Porém, eles constituem realmente uma equi-
co do hospital. Todos já tinham conhecimento pe? Embora eles se identifiquem como tal, o con-
acerca da fusão que estava em andamento e ceito não está sendo bem utilizado. Por exemplo,
muitos dos presentes, aliás, já haviam partici- muitas das pessoas não interagem. O diretor finan-
pado de algumas reuniões. Antes do encontro, ceiro pode conhecer o responsável pelo serviço de
manutenção, mas nunca se encontra ou se comu-

Grupos de trabalho
Conjuntos de indivíduos
que de alguma maneira
trabalham coletivamente

Grupos de trabalho

Equipes de trabalho
• Subconjunto de grupos de trabalho
• Os membros da equipe coordenam
Equipes de trabalho seu trabalho
• Os membros da equipe cooperam
• Os membros da equipe possuem
todas as características mostradas
no Quadro 1-1

 Figura 1-1 Grupos de trabalho e equipes de trabalho.

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nica com ele. O grupo parece demasiadamente Dr. Kimpell, Dra. Gomez e os outros integran-
grande para ser chamado de equipe. Dentro da am- tes da Red Family Medicine formam uma equipe.
pla gama de atividades no hospital, as pessoas têm Eles trabalham juntos para prestar atendimento de
objetivos específicos nas suas tarefas diárias, sem saúde aos pacientes que os procuram em sua clí-
necessidade de saber o que muitos dos outros estão nica. O que existe entre eles que permite, de fato,
fazendo. Apenas alguns deles são interdependentes descrevê-los como uma equipe – em oposição a um
em uma base diária ou semanal. grupo de pessoas que simplesmente atuam próxi-
Entretanto, os empregados e o corpo clínico mas entre si na mesma organização? Uma equipe
do Memorial Hospital compartilham um propósito de trabalho é comumente definida como um grupo
comum, que é o de prestar atendimento de saúde. de trabalho com várias características distintivas
Cada um deles faz a sua parte para atender ao pro- específicas (Kackman, 2002, pp. 41-59; Katzenbach
pósito. Eles colaboram em diferentes subgrupos e e Smith, 2006, p. 45; Reeves et al., 2010, pp. 37-42;
se identificam com o hospital em seus êxitos e difi- Scholtes et al., 2003, pp. 1-2; Sundstrom et al., 1990,
culdades. O grupo receptor das boas notícias desta p. 120; West, 201, pp. 27-28, 65). Existem sete ca-
segunda-feira (Monday morning) certamente é um racterísticas definidoras de uma equipe de trabalho
grupo de trabalho. listadas no Quadro 1-1.
Contudo, eles não formam uma equipe, ex- Primeiro, os membros da equipe têm objetivos
ceto no sentido pouco preciso da palavra. Por que em comum e trabalham unidos para alcançá-los.
Eles não perseguem objetivos individuais enquanto
eles não constituem uma equipe? De que maneira
atuam juntos. No caso do Dr. Kimpell e seus cole-
uma equipe de trabalho difere de outros grupos
gas, o objetivo é prestar atendimento primário aos
de trabalho?
pacientes da clínica, e todo o trabalho é orientado
para a tarefa de alcançá-lo.
O QUE É UMA EQUIPE DE TRABALHO? Segundo, os membros da equipe comparti-
lham responsabilidade para alcançar o objetivo. Se
ele for atingido, todos os membros dividem o cré-
dito da realização. Caso contrário, todos assumem
CASO 1-2 a responsabilidade do insucesso. Se a Red Family
Medicine presta atendimento de saúde com bons
John Kimpell é um médico de família. Ele tra- resultados, boa experiência com pacientes e uso
balha em um grande grupo médico. Seus cole- eficiente de recursos, todos os indivíduos compar-
gas imediatos são três outros médicos de famí- tilham o crédito, a despeito da diferença de funções
lia: Anna Gomez, Allen Lewis e Jane Pearson, dos variados membros da equipe. Todos também
além de uma enfermeira especializada, Sara compartilham a satisfação.
Harris. Penny Mills é uma enfermeira que tra- Terceiro, o quadro de pessoal da equipe é “li-
balha com os médicos e a enfermeira especiali- mitado” (Hackman, 2002, pp. 44-50). Em outras
zada. Ela recebe chamadas telefônicas e men- palavras, está claramente estabelecido e compreen-
sagens por e-mail dos pacientes e avalia suas dido quem são os membros da equipe. Evidente-
demandas de atendimento, frequentemente mente que sua composição pode mudar com o
levantando suas necessidades sem ser preciso
estabelecer contato pessoal. Há também duas
recepcionistas, que marcam consultas e recep-
cionam os pacientes à medida que eles chegam Quadro 1-1 Características definidoras de uma
à clínica, e três médicos assistentes, que con- equipe de trabalho
duzem os pacientes para as salas de exame,
Meta da equipe compartilhada
registram sinais vitais e auxiliam os clínicos
de outras maneiras. Este grupo de 11 profissio- Responsabilidade compartilhada para alcançar
o objetivo
nais atende aproximadamente 9 mil pacientes
formalmente registrados. Nesta clínica, Dr. Quadro de pessoal definido
Kimpell e seus colegas são referidos como “Red Autoridade de ação para alcançar o objetivo
Family Medicine”. Existem outros três grupos Interdependência dos membros
de medicina de família similares funcionando Ausência de subgrupos independentes
dentro do grupo médico. Prestação de contas à organização

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tempo, mas em qualquer momento fica claro quem turma da carpintaria construindo a estrutura de
é integrante e quem não é. Os 11 profissionais que uma casa nova poderia consistir totalmente de
interagem diretamente com pacientes e seus fami- pessoas que se substituíssem em caso de ausência
liares são membros da equipe. Outras pessoas pres- de alguém. No atendimento de saúde, equipes com
tam serviço de apoio à equipe, como o pessoal de esta capacidade de substituir integrantes são inco-
limpeza das salas que trabalha à noite. No entan- muns. Desse modo, a dependência de um membro
to, não existem membros da Red Family Medicine; da equipe em relação a outro no exercício de suas
existem membros de uma equipe distinta. habilidades é muito clara.
Alguns autores vão adiante ao afirmar que um Sexto, a equipe funciona como uma unidade
grupo maior do que certo tamanho não pode ser indivisível visando seu objetivo. Em outras pala-
uma equipe (Katzenbach e Smith, 2006, pp. 45-47; vras, um trabalho em equipe não tem subgrupos
Reeves et al., 2010, p. 61; West, 2012, p. 28). Às ve- operando separadamente nem apresenta uma es-
zes, este limite fica em 25; alguns autores sustentam trutura interna. Isto não significa que subgrupos
que uma equipe não pode ser menor do que 10 ou nunca se reúnam ou tomem decisões por si pró-
até menos. No Capítulo 12, que considera o dese- prios. Obviamente, os cinco médicos e a enfermei-
nho de equipes, o tamanho delas será abordado em ra especialista da Red Family Medicine precisam
mais detalhes. decidir, por exemplo, quem pode entrar em férias e
Quarto, a equipe tem autoridade para tomar quem deve permanecer na clínica para atendimen-
decisões e cumprir sua tarefa sem necessidade de to dos pacientes. Todavia, na tomada da decisão,
obter aprovação externa. Em outras palavras, ela eles não agem autonomamente, uma vez que a res-
tem autonomia de execução (West, 2012, pp. 27-28, ponsabilidade desta medida é da equipe como um
65). A equipe tem capacidade suficiente para bus- todo. É esperado que a enfermeira Mills ou um dos
car seus objetivos, sendo apta a atuar sem solicitar assistentes médicos levante uma questão sobre o ta-
rotineiramente ajuda e permissão de pessoas ex- manho muito reduzido do quadro de profissionais
ternas à equipe. E, conforme discutido abaixo, ela para uma determinada semana, caso os clínicos te-
também tem deveres em relação às suas metas e nham desconsiderado o fato de que nas férias esco-
prestação de contas. lares de primavera mais crianças do que o habitual
Quinto, os membros da equipe são interde- poderão ser encaminhadas para atendimento.
pendentes. Para que a equipe atinja seu objetivo, os Se o que parece ser uma equipe tem subgru-
indivíduos dependem uns dos outros para executar pos operacionais, então cada um desses subgrupos
diferentes partes do trabalho. Além disso, sua in- é uma equipe e o todo é um par ou um agrupamen-
terdependência é interativa. A Dra. Gomez só pode to de equipes. Se houver uma estrutura interna por
realizar seu trabalho se os assistentes médicos da meio da qual alguns indivíduos prestem contas a
Red Family Medicine cumprirem bem suas tarefas, certos colegas, mas não à equipe como um todo,
o que tem consequências no desempenho dela. Por então esses indivíduos não são de fato membros da
exemplo, se um assistente médico encaminhar um equipe ou existe mais do que uma equipe em ativi-
paciente para a sala de exame sem ter medido a dade. Todos os membros da Red Family Medicine
sua pressão arterial porque ele estava agitado, isso interagem frequentemente. Embora exista diferen-
deverá ser comunicado à Dra. Gomez, que mais ciação de funções, nenhum subgrupo opera sepa-
tarde fará a medição. O assistente médico atendeu radamente do restante da equipe.
às necessidades psicológicas do paciente e intencio- Sétimo, independentemente da sua autori-
nalmente não registrou uma informação fisiológi- dade e responsabilidade para levar adiante o seu
ca importante na oportunidade habitual, de modo propósito, um trabalho em equipe presta contas a
que a Dra. Gomez preencheu esta lacuna mais uma organização mais ampla da qual ela faz par-
tarde. No atendimento de saúde, há quase sempre te. A equipe do Dr. Kimpell é responsável pelo seu
algum grau de especialização de habilidades entre desempenho, incluindo a qualidade de atendimen-
os membros da equipe, de modo que estes não são to e o desempenho financeiro; ela presta contas
intercambiáveis; a especialização, portanto, torna a ao chefe da atenção primária do grupo médico e,
interdependência bastante óbvia. Em outras áreas em última análise, ao presidente do grupo médi-
que não a da saúde, há equipes nas quais membros co. A única exceção a esta regra é quando equipe
dotados essencialmente do mesmo conjunto de ha- e organização são a mesma coisa, como uma pe-
bilidades cumprem diferentes partes do trabalho, quena e independente clínica de atenção primária.
dependendo do que é necessário. Por exemplo, a Contudo, mesmo assim a equipe presta contas ao

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conselho administrativo da clínica ou ao comitê da estarão constituindo uma equipe, mas sim algum
sociedade. outro tipo de grupo de trabalho.
Um grupo de trabalho é considerado uma Uma vez que uma equipe tem autoridade para
equipe de trabalho somente se tiver as sete carac- executar sua tarefa, um grupo de trabalho não é
terísticas listadas no Quadro 1-1. Isto não quer uma equipe se tiver uma supervisão externa. As-
dizer que uma equipe com esses atributos seja sim, um grupo de enfermeiras não é uma equipe se
efetivamente boa em qualquer outro sentido. Esta elas tiverem uma direção repetida e detalhada de
é uma questão à parte, tratada no Capítulo 6. Por um supervisor externo à unidade. Este grupo não
enquanto, estamos apenas esclarecendo o que pode tem liberdade para trabalhar em conjunto de modo
ser considerado uma equipe, seja ela boa ou ruim. colaborativo, porque seus membros individual-
mente não têm permissão de interagir com outro
para tomar decisões juntos e influir sobre ele.
EQUIPES DE TRABALHO Alguns grupos grandes, que às vezes são
E ASSEMELHADOS identificados como equipes, não são equipes de
trabalho. Um time de futebol, por exemplo, não
A definição de uma equipe de trabalho como um
é uma equipe de trabalho. Seu tamanho grande
grupo de trabalho com essas sete características
e a separação de jogadores em diferentes subuni-
possui diversas implicações. Algumas delas podem
dades são inconsistentes com a exigência de que
não ser imediatamente óbvias.
uma equipe não tenha componentes operando de
Um grupo de indivíduos, cada um originan-
modo independente. Em um time de futebol, geral-
do um produto ou serviço que contribui para o
mente existem três subgrupos: um grupo ofensivo,
objetivo final, não é uma equipe, a menos que os
um grupo defensivo e um intermediário (meio de
indivíduos trabalhem de maneira interdependente,
campo). Um time de futebol é um agrupamento de
ou seja, que eles ajustem seus produtos (outputs)
três equipes, talvez mais. Por razões semelhantes, o
dependendo das ações de outros membros do gru-
corpo clínico de um hospital não é uma equipe de
po. No Caso 1-2 sobre Red Family Medicine, este
trabalho, e o seu corpo de enfermagem igualmente
ajuste é ilustrado pelas interações da Dra. Gomez
não o é. Da mesma forma, os empregados de uma
e o assistente médico com quem ela trabalha. Por
determinada empresa não integram uma equipe de
outro lado, os funcionários que lavam e esterilizam
trabalho; em toda empresa existem múltiplas equi-
roupas e lençóis em um hospital, aqueles que este-
pes de trabalho.
rilizam instrumentos cirúrgicos e aqueles que lim-
Estas considerações são importantes porque
pam as salas cirúrgicas contribuem para a eficácia
a compreensão do desempenho de um hospital
e segurança das cirurgias, mas não constituem uma
ou serviço de saúde – ou de um time de futebol
única equipe porque os membros de cada grupo
ou uma loja de departamentos – requer atenção
trabalham separadamente de todas as pessoas dos
às equipes de trabalho reais na organização e aos
outros grupos. Os indivíduos que limpam e esteri-
pequenos grupos que aspiram tornar-se equipes
lizam roupas e lençóis, os que esterilizam instru-
de trabalho, mas ainda não o são. O tratamento de
mentos cirúrgicos e os limpadores de salas cirúrgi-
um agrupamento de equipes de trabalho como se
cas constituem três equipes distintas.
fosse uma única equipe ocultará a função dos seus
De modo similar, um grupo que aparenta ser
componentes e frustrará tentativas para melhorar o
uma equipe de liderança organizacional pode, na
desempenho das equipes.
verdade, ser um grupo de indivíduos colabora-
dores. A diferença é bastante sutil. Ainda que os
membros da equipe de liderança se reúnam re- EQUIPES REAIS
gularmente, eles podem ficar limitados a desem-
penhar suas próprias funções, sem considerar as O leitor pode ter observado que a estabilidade dos
ações dos outros membros da equipe e sem qual- membros da equipe não está entre as características
quer ajuste para garantir que suas respectivas par- listadas no Quadro 1-1. Por que não? Um grupo de
tes na organização trabalhem efetivamente juntas pessoas estranhas que se reúne, executa uma tarefa
(Lencioni, 2002). Uma equipe de liderança por por uma hora ou menos e separa-se para sempre
um hospital formada por um vice-presidente para certamente não pode ser considerado uma equi-
atendimento do paciente, um diretor médico, um pe. Surpreendentemente, contudo, o atendimento
diretor de recursos humanos e outras pessoas pode de saúde tem muitas equipes que funcionam desta
funcionar deste modo. Se assim o fizerem, eles não maneira: equipes do código azul, equipes de cesa-

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rianas de emergência e mesmo algumas equipes de para a utilização de equipes (Katzenbach e Smith,
rotina do centro cirúrgico. Não considerar esses 2006, pp. 15-19; West, 2012, pp. 17-20). Considere-
grupos como equipes significaria negligenciar uma mos quatro bem importantes.
boa parte do atendimento de saúde. É por causa
delas que a estabilidade do quadro de pessoal não
é um atributo definidor de equipes de trabalho de
saúde. CASO 1-3
Entretanto, a estabilidade é uma característi-
ca de equipe desejável, que deve ser estimulada e O “Bay Medical Group” proporciona atendi-
preservada sempre que as circunstâncias permi- mento primário a pessoas de todas as idades,
tirem. As equipes que persistem por certo tempo, em uma comunidade costeira a cerca de 160
mas precisam conviver com mudanças constantes quilômetros ao norte de São Franciso. Seu staff
no quadro de pessoal, habitualmente não alcançam inclui clínicos gerais, pediatras, enfermeiros es-
níveis de envolvimento e interdependência que pecializados e muitos outros. Não era habitual
caracterizam a maioria das equipes de alto desem- ter um psicólogo e um assistente social no gru-
penho. É provável que apenas as equipes estáveis po. Ambos os profissionais foram acrescentados
por períodos longos sejam capazes de atingir res- há dois anos para melhorar o atendimento pres-
ponsabilidade recíproca, com seus membros sen- tado a adultos com problemas mentais. Antes
do corresponsáveis pelo desempenho conjunto. disso, um paciente com depressão, por exemplo,
Ademais, provavelmente somente equipes estáveis seria tratado com medicação por um dos mé-
desenvolvam em seus membros um senso de iden- dicos ou seria encaminhado para um grupo de
tidade com a equipe e seus objetivos. As vantagens saúde mental próximo. Havia quase sempre
da estabilidade em uma equipe são discutidas de uma demora para o paciente conseguir consulta
modo mais completo nos Capítulos 2 e 6. com o grupo de saúde mental. Muitas vezes, a
A Red Family Medicine – com seus membros informação transferida era incompleta, acarre-
atuando juntos por um longo tempo – parece pre- tando outro atraso até que o prestador de saúde
encher integralmente o conceito de equipe, mas mental obtivesse a informação necessária. Simi-
não uma equipe que se forma e cumpre uma tare- larmente, a informação que retornava ao “Bay
fa por uma hora ou mesmo um mês para depois Medical Group” era com frequência incompleta
se desfazer. Por ter sete características definido- ou demorada.
ras de uma equipe de trabalho e, além disso, um Agora que o grupo presta atendimento
quadro de pessoal estável, a Red Family Medicine primário como uma equipe, com seu próprio
é um exemplo de um arquétipo importante entre serviço de atenção à saúde mental, a sequência
as equipes de saúde. Nossa qualificação para este de eventos é muito mais rápida e fácil. Um pa-
tipo de equipe é o de uma equipe real. No Capítulo ciente com depressão grave apresentado a uma
2, esse arquétipo é comparado a outros arquétipos enfermeira pode ser examinado pelo psicólogo
de equipes. para uma avaliação inicial no mesmo dia. Os
prestadores de atendimento primário podem
buscar orientação informal em uma conver-
BENEFÍCIOS DE EQUIPES sa com o psicólogo ou o assistente social. Sem
mais demora, eles verificam que muitas vezes
Por que equipes são utilizadas para prestar aten- não há necessidade de uma consulta ao Serviço
dimento de saúde? Conforme já foi mencionado de Saúde Mental, pois o problema pode ser so-
anteriormente, os profissionais estão ficando cada lucionado pela atenção primária. Às vezes, eles
vez mais especializados, sendo necessário formar constatam que a situação é mais urgente do que
equipes que atendam às necessidades dos pacien- imaginaram e o atendimento de saúde mental é
tes; afinal, nenhum dos profissionais envolvidos imediatamente necessário.
é detentor de todo o conhecimento e experiência
necessários. Para ir além desta consideração, que
valor as equipes trazem, de modo geral e para As equipes são mais ágeis no desempenho
atendimento à saúde em particular? Quais são as de muitas tarefas. Esta vantagem está grafica-
justificativas para empregar equipes em situações mente ilustrada pela organização da equipe do
em que o trabalho poderia ser feito por indivíduos Bay Medical Group. Quando o atendimento era
isoladamente? Existem, na verdade, muitas razões feito em série por diversos profissionais, tudo to-

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mava mais tempo. A interação rápida de pessoas mente desempenhadas por equipes são mais bem
trabalhando em uma equipe economiza tempo e executadas por indivíduos. Algumas vezes, relatos
dinheiro. de força-tarefa escritos por equipes são estigmati-
As equipes também capacitam indivíduos zados como “camelos”, ou seja, como cavalos mal
e organizações. No trabalho conjunto no Bay desenhados por um comitê. A decisão quanto à
Medical Group, os profissionais da atenção primá- realização ou não de uma tarefa por uma equipe é
ria e os responsáveis pela saúde mental aprende- uma consideração importante no desenho de equi-
ram uns com os outros a proporcionar um atendi- pes clínicas. Em outras palavras, a primeira deci-
mento de saúde mental altamente qualificado. Eles são a tomar ao desenhar uma equipe é se esta deve
descobriram também algumas rotinas que ajudam ser criada para a realização da tarefa em questão.
a uniformizar o trabalho e a aumentar a eficácia. Este tema é discutido de maneira mais completa no
Além disso, essas rotinas de referenciamento Capítulo 12.
e de transferência de informações, entre outras, fo-
ram incorporadas pela operacionalidade da clínica.
RISCOS DE EQUIPES
Quando ocorre rotatividade de pessoal, à medida
que profissionais se afastam ou se aposentam, as O trabalho em equipe também traz alguns riscos,
lições aprendidas serão retidas pela equipe, mesmo e o observado com mais frequência é chamado
que ela tenha se alterado. A equipe funciona como de ociosidade social (Thompson, 2011, pp. 28-31).
um repositório de conhecimento útil. Em primeiro lugar, porque as equipes comumente
As equipes são também fontes de inovação. têm mais de uma pessoa apta a desempenhar uma
Logo que se vincularam ao Bay Medical Group, o dada tarefa, de modo que enquanto um membro
psicólogo e o assistente social ficaram desaponta- da equipe trabalha, os outros são tentados a assis-
dos porque não eram consultados informalmente tir. Por essa razão, as equipes podem ter um efeito
com tanta frequência. Em reuniões com os profis- desmotivador sobre os integrantes. O problema é
sionais da atenção primária, o psicólogo e o assis- chamado também de falta de comprometimento. O
tente social expressaram seu desapontamento. Isso risco de ociosidade social é mais alto com equipes
levou à exploração da questão e posteriormente a maiores, já que a responsabilidade fica amplamente
uma discussão sobre as causas e soluções para um difusa quando há mais pessoas que podem fazer o
problema de oportunidade perdida. Foi revelado trabalho.
que, quando iniciavam a exploração pela consul- Além disso, a tomada de decisões e as ações
ta informal, os profissionais da atenção primária podem ser mais desarticuladas com indivíduos
ficavam frustrados porque os prestadores de aten- trabalhando em equipe do que isoladamente.
dimento de saúde mental pareciam nunca estar Uma causa comum deste problema é a dominação
disponíveis. A principal solução encontrada foi pela hierarquia ou personalidade. Desse modo, os
adotar uma escala menos rigorosa para os pres- membros não expõem o que pensam ser melhor
tadores de saúde mental, de modo que tivessem e, em vez disso, fazem o que pensam ser esperado
tempo disponível para ajudar nas consultas infor- deles por aqueles com mais poder na equipe (Jel-
mais. Esta solução provavelmente não teria sido phs e Dickinson, 2008, p. 68; Reeves et al., 2010,
encontrada se os profissionais da atenção primária pp. 60-61). Assim, no centro cirúrgico, onde o ci-
e os de saúde mental estivessem trabalhando sepa- rurgião e o anestesista são os líderes reconhecidos,
radamente. com frequência os membros da equipe cirúrgica
A despeito destas e de outras vantagens das relutam em discordar deles. Alguns casos de ci-
equipes, é importante observar que nem todas as rurgias realizadas no lado errado poderiam ser
tarefas são adequadas ao trabalho em equipe. Os evitadas se os membros da equipe não se sentis-
exemplos de tarefas adequadas a uma única pessoa sem inibidos em expressar suas dúvidas sobre o
são óbvios pela natureza da atividade. Um retrato andamento do procedimento (Clarke et al., 2008).
pintado por duas pessoas provavelmente sofrerá Da mesma forma, um médico com personalidade
com a divisão de trabalho ao invés de ser forta- forte pode intimidar enfermeiros e outras pessoas
lecido – a não ser que os estilos dos dois pintores com quem trabalha, de modo que eles ocultem
sejam idênticos (no caso de um pintor treinado suas ideias sobre o que atenderia melhor ao inte-
pelo outro, por exemplo). Uma prótese de valva resse do paciente.
aórtica pode ser suturada no local por apenas um A despeito de serem fontes de inovação, as
cirurgião. Porém, mesmo algumas tarefas comu- equipes podem ser menos criativas do que indiví-

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EQUIPES DE TRABALHO E COMPETÊNCIAS NO... CAPÍTULO 1 9

duos trabalhando de modo isolado (West, 2012, pp. (West, 201, pp. 17-20). Saber se equipes são efica-
23-25). Novamente, existem inúmeras causas para zes é de fato o foco de pesquisa de especialistas no
essa diminuição de criatividade. Uma das mais campo do comportamento organizacional. Não
óbvias é que a apresentação de novas ideias a um obstante, por 30 anos ou mais, os pesquisadores
grupo traz o risco de desaprovação e crítica. Uma se concentraram em diferentes fatores que in-
segunda causa especialmente interessante é conhe- fluenciam o grau da eficácia de uma equipe. Em
cida pelo nome de bloqueio da produção. Apesar do serviços financeiros, tem sido constatado que a
entusiasmo muitas vezes expresso pela prática de autogestão da equipe aumenta a eficácia (Cohen
tarefas múltiplas, não é possível exercer diferentes e Bailey, 1997, p. 250). O feedback do desempe-
funções em um procedimento complexo e manter nho está associada ao aumento da produtividade
a qualidade (Thompson, 2011, pp. 212-215). Nas em turmas de ferrovias (Guzzo e Dickson, 1996,
discussões em grupo, a produção de ideias verda- p. 315). Em equipes que executam projetos de tem-
deiramente novas é bloqueada quando aqueles que po limitado, como o desenvolvimento de um novo
a estão formulando são desconcentrados pela ne- dispositivo eletrônico, a coesão do grupo melhora
cessidade de ouvir o que outros membros do grupo o desempenho (Sundstrom e colaboradores, 2000,
estão dizendo. O bloqueio da produção é discutido p. 59). As equipes são amplamente empregadas
mais adiante, no Capítulo 9. Ainda assim, a inova- nos setores de manufatura, pesca comercial, cons-
ção é suprida pela reunião de fatos e ideias que ne- trução de barragens, desenvolvimento de software,
nhuma pessoa detém antes de a discussão começar. indústria cinematográfica, entre muitos outros se-
Felizmente, existem métodos para superar o receio tores da economia. Sua utilidade foi demonstrada
de crítica, bloqueio da produção e outras ameaças e documentada por meio de pesquisas realizadas
ao pensamento criativo e à solução de problemas no passado.
da equipe. Esses métodos são explorados no Capí- As equipes também não são novidade no
tulo 10, que trata da criatividade. atendimento de saúde. Porém, recentemente elas
O Quadro 1-2 resume os benefícios e os riscos têm se tornado mais comuns, assim como tem
do trabalho em equipes. aumentado o interesse em equipes interprofis-
sionais. Neste sentido, constata-se que já existe
EVIDÊNCIA DA EFICÁCIA DE EQUIPES ampla evidência da eficácia de equipes de aten-
dimento de saúde (Bosch et al., 2009; Lemieux-
Na manufatura, indústria do petróleo e gás, indús- -Charles e McGuire, 2006). Conforme já obser-
tria do vestuário e em muitos outros estabeleci- vado, vários aspectos do atendimento mostram
mentos tem sido demonstrado que o trabalho em que não é possível a prestação de serviço por
equipe é mais eficaz do que o trabalho individual indivíduos isoladamente. Nesses casos, o aten-
dimento é baseado em equipe por necessidade.
Porém, em muitas outras situações, o atendimen-
to poderia ser prestado por equipes, de forma a
Quadro 1-2 Benefícios e riscos de equipes alcançar resultados superiores. Por exemplo, vá-
rios estudos têm mostrado resultados melhores
Benefícios Riscos quando os farmacêuticos se unem aos médicos,
Desempenham tarefas Ociosidade social (= falta médicos assistentes ou enfermeiros em uma abor-
mais rapidamente do de comprometimento) dagem em equipe, em vez de trabalharem em se-
que os indivíduos isola- parado (Bogden et al., 1998; Gattis et al., 1999).
damente Verificou-se que, no atendimento a pessoas ido-
Possibilitam a aprendi- Degradação da tomada sas frágeis e com depressão, equipes interpro-
zagem de indivíduos e de decisões, por hierar- fissionais de psicogeriatria são mais eficientes
organizações quia ou personalidade, do que profissionais generalistas atuando indi-
por exemplo vidualmente (Banerjee et al., 1996). Em compa-
Possibilitam às organiza- Diminuição da criativida- ração com o atendimento prestado por médicos
ções a retenção de lições de, se a equipe não for individualmente, equipes de geriatras, enfermei-
aprendidas, apesar da ro- bem administrada ros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais,
tatividade de indivíduos terapeutas físicos e nutricionistas foram capazes
Possibilitam a inovação
de reduzir a mortalidade, ao menos em curto pra-
zo, em pacientes idosos hospitalizados (Hogen e

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10 GORDON MOSSER & JAMES W. BEGUN

Fox, 1990). Em pacientes cirúrgicos, constatou- bow et al., 2004). Um estudo sobre a prescrição
-se que equipes interprofissionais de emergên- de antibióticos em hospital mostrou um desem-
cia médica diminuíram eventos pós-operatórios penho superior de uma equipe interprofissional
adversos e óbitos, quando introduzidas em um em comparação com o atendimento por médi-
hospital que até então empregava apenas um cos individualmente. O tempo de permanência
sistema tradicional de resposta para parada car- e o custo do tratamento foram melhorados, sem
díaca (Bellomo et al., 2004). Níveis mais altos de qualquer efeito adverso nos resultados do trata-
colaboração de médicos e enfermeiros, conforme mento (Gums et al., 1999). Conforme está ilus-
relatos de enfermeiros, estavam associados a re- trado na Figura 1-2, o atendimento colaborativo
sultados melhores entre pacientes que saíram de de pessoas com depressão mostrou-se mais eficaz
unidades de terapia intensiva (UTIs), tomaram do que o convencional. O atendimento colabora-
conhecimento das taxas de óbitos e, em seguida, tivo é prestado por uma equipe que consiste em
retornaram à UTI (Baggs et al., 1999). Em um es- um PCP, um gestor do caso e um especialista em
tudo feito na Escócia, em pacientes com câncer saúde mental; o atendimento convencional não
de mama que receberam atendimento multidis- utiliza o gestor do caso, e o médico pode ou não
ciplinar, constatou-se mortalidade mais baixa do encaminhar o paciente para um especialista em
que naqueles tratados convencionalmente. Neste saúde mental (Gilbody et al., 2006).
estudo, o atendimento multidisciplinar foi pres- Evidentemente, nem todas as equipes são
tado por uma equipe interprofissional organiza- eficazes no dia a dia do atendimento de saúde ou
da que observou os protocolos clínicos escritos, mesmo quando funcionam em projetos de pes-
adotou decisões coletivas sobre tratamento e quisa com fornecimento de recursos especiais.
auditou seus resultados; o atendimento conven- Além disso, às vezes, as equipes são utilizadas em
cional foi prestado por cirurgiões e clínicos, sem situações que seriam mais bem atendidas por pro-
qualquer organização de equipe formal (Kesson fissionais individuais. Conforme observado ante-
et al., 2012). O atendimento paliativo tem se riormente, nem todas as tarefas são adequadas a
mostrado mais eficiente quando prestado por equipes. Todavia, existem sólidas evidências de que
uma equipe multidisciplinar, em comparação à as equipes podem ser eficazes em geral e são efica-
atenção primária (PCPs, do inglês primary care zes para muitos propósitos clínicos específicos em
physicians) realizado apenas por médicos (Ra- muitos e diferentes procedimentos de saúde.

Paciente Paciente

Exigido
Opcional

Médico Especialista
de atenção em saúde
primária mental
Médico Especialista Gestor do caso
de atenção em saúde
primária mental
Atendimento convencional Atendimento colaborativo

 Figura 1-2 Atendimento colaborativo da depressão.

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EQUIPES DE TRABALHO E COMPETÊNCIAS NO... CAPÍTULO 1 11

COMPETÊNCIAS DO Tais necessidades são, com frequência, chama-


TRABALHO EM EQUIPE das de competências. Em décadas recentes, os edu-
cadores desenvolveram a noção de competências
para melhorar a formação em medicina, psicolo-
gia, arquitetura e muitos outros campos (Calhoun
CASO 1-4 et  al., 2002). A definição de competências serve
para formular objetivos de programas de treina-
A enfermeira Mary Jackson, mestre em admi- mento e dar a base para avaliar se estudantes e pro-
nistração de saúde (MHA, do inglês master of fissionais possuem o exigido para o exercício pleno
healthcare administration), é diretora da cirur- de suas profissões. Em medicina, o Conselho para
gia do Hospital North Valley. Por oito anos, ela Acreditação em Educação Médica (Accreditation
trabalhou como enfermeira. Neste período, ela Council for Graduate Medical Education) definiu
concluiu o curso de mestrado, o qual foi reali- competências para programas de treinamento de
zado à distância durante as noites e fins de se- residência (Leach, 2008). Em enfermagem, a Asso-
mana; nas férias de verão, ela participou de ati- ciação Americana de Faculdades de Enfermagem
vidades presenciais na universidade. Desde que assumiu a responsabilidade de definir competên-
se tornou diretora, há quatro anos, Sra. Jackson cias para a educação nesta área (American Asso-
tem sido uma gestora em tempo integral, em- ciation of Colleges of Nursing, 2008). Estas listas de
bora ocasionalmente substitua enfermeiras que competências especificam o que um profissional
saem de férias ou que se ausentam por outras de saúde necessita ter aprendido para exercer uma
razões. Há seis salas de cirurgia no bloco cirúr- determinada profissão – independentemente se ele
gico. Em seu departamento, Sra. Jackson tem a exerce individualmente ou em equipe.
15 enfermeiros, oito técnicos e 10 para atendi- Em nível mais simples, uma competência é uma
mento administrativo. Ela e seu grupo de traba- aptidão ou habilidade, conforme a palavra sugere. No
lho interagem com o pessoal do almoxarifado, estudo de caso, por exemplo, Sra. Jackson precisa ser
manutenção, departamento de emergência e capaz de avaliar os candidatos ao emprego de enfer-
outras áreas do hospital. Existem 23 cirurgiões magem, tomar decisões sobre contratações e recrutar
que operam no hospital, mas sem vínculo em- novos enfermeiros para a equipe. Todavia, aptidões
pregatício com a instituição. Cinco anestesistas ou habilidades não são tudo de que se necessita para
e seis enfermeiros anestesistas atuam no bloco o bom desempenho de uma função profissional. É
cirúrgico, sendo todos empregados do hospital. preciso também ter o conhecimento exigido para a
Em um dia típico, são realizados por volta de 35 função e possuir certos valores, por exemplo, saber
procedimentos cirúrgicos. Cada caso conta com priorizar o interesse do paciente. A palavra compe-
uma equipe de cirurgiões, enfermeiros e outros tências identifica o conjunto de todos esses requisi-
profissionais que executam os procedimentos. tos de desempenho. Assim, podemos entender uma
Após a cirurgia, os pacientes são transferidos competência como uma habilidade necessária para
para a unidade de terapia pós-anestesia (PACU, o desempenho de uma função específica, ou como
do inglês post-anesthesia care unit), que é diri- o conhecimento em um domínio particular, ou um
gida por um grupo separado da unidade da Sra. valor que pode ser expresso em ação, ou alguma
Jackson. Sra. Jackson notifica o diretor da en- combinação dos três. Na prática, muitas vezes é difí-
fermagem (DON, do inglês director of nursing) cil separar habilidades, conhecimento e valor que ca-
do hospital, que, por sua vez, notifica o diretor-
pacitam um profissional para exercer sua função. Por
-executivo.
exemplo, um enfermeiro discutindo com um pacien-
te sobre a prioridade no tratamento e o atendimento
A fim de garantir segurança e bons resultados, para um câncer recentemente diagnosticado exibe
boa parte do trabalho no Hospital North Valley habilidade, conhecimento e valores – habilidade ao
deve ocorrer em equipe. Nesse processo, as pessoas escutar e conversar com pacientes sob estresse emo-
envolvidas precisam ter conhecimento e habilida- cional, conhecimento sobre o câncer e seu tratamen-
des que são relevantes para o trabalho eficiente em to e valores, tal como o respeito, para os sentimentos
equipes. Elas também precisam ter certos valores. e preferências do paciente.
Conhecimento, conjunto de habilidades e conjun- O conceito de competência pode ser esten-
to de valores vão além do que é necessário para o dido ao trabalho em equipe. As competências do
exercício da profissão. trabalho em equipe são aptidões, conhecimento e

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12 GORDON MOSSER & JAMES W. BEGUN

valores; é delas que os profissionais necessitam para equipe. O Capítulo 12 é dedicado às competências
trabalhar de maneira eficiente, sejam eles farma- do responsável geral de equipe.
cêuticos, assistentes sociais, enfermeiros, médicos Por fim, os líderes seniores do hospital têm suas
ou outros profissionais. Nos últimos anos, grupos funções a desempenhar e devem ter as competências
de profissionais nos Estados Unidos e Canadá pro- correspondentes para tal. A principal competência é
jetaram modelos de competências para o exercício a capacidade de moldar a cultura da organização, de
interprofissional ou colaborativo em saúde. Essas modo que ela sustente o trabalho em equipe. Exis-
competências dizem respeito a todos esses pro- tem também outras competências pertinentes a este
fissionais que trabalham como membros de uma nível da organização, como a capacidade de prover
equipe de saúde. Recentemente, a Associação Ame- diferentes apoios ao trabalho em equipe: treinamen-
ricana de Faculdades de Enfermagem, a Associação to e ferramentas efetivas de comunicação, tal como
de Faculdades Médicas Americanas e quatro outras um registro eletrônico de saúde. No Capítulo 18,
associações de educadores em saúde emitiram uma discutimos as competências necessárias aos líderes
declaração conjunta de competências centrais para seniores com relação ao trabalho em equipe.
o exercício interprofissional colaborativo (Inter- Em suma, competências são necessárias em
professional Education Collaborative Expert Panel, quatro níveis: membro de equipe, líder de equipe, res-
2001). O relatório separa as competências em qua- ponsável geral de equipe e líder sênior. A Figura 1-3
tro domínios: valores/ética, papéis/responsabilida- apresenta os tipos de competências necessárias em
des, comunicação e trabalho em equipe. No Capí- cada nível, e nos capítulos posteriores são acrescenta-
tulo 7, discutimos este modelo de competência e dos detalhes sobre elas. Para que o trabalho em equi-
examinamos mais detalhadamente as competências pe avance sem problemas, os indivíduos desses níveis
necessárias aos membros das equipes. precisam conhecer não apenas o que é esperado de-
Todavia, para o trabalho em equipe ser eficaz, les, mas também o que deveriam esperar dos outros.
não é suficiente que os seus membros tenham as
competências necessárias ao funcionamento em
 CONCLUSÃO
equipes. Indivíduos em outras funções também
necessitam de competências para o trabalho que A Red Family Medicine proporciona um exem-
realizam. Por exemplo, a Sra. Jackson, do Caso 1-4 plo de atendimento de saúde baseado em equi-
sobre o Hospital North Valley, precisa de compe- pe e, portanto, uma maneira de observar con-
tências não apenas como uma integrante da equipe, cretamente as características de um grupo de
mas também como líder da equipe. Como líder, ela trabalho que de fato se constitui em uma equipe
deve manter a equipe focada no seu objetivo, que de trabalho. Em resumo, uma equipe de traba-
é proporcionar segurança e oferecer procedimen- lho é um grupo de trabalho definido, com in-
tos cirúrgicos eficazes para os pacientes. Ela deve divíduos interdependentes, que compartilham
também formar e manter a equipe e garantir que responsabilidade e que possuem autoridade
ela tenha os recursos necessários para executar seu suficiente para buscar um objetivo comum. As
trabalho. No Capítulo 8, tratamos das competên- equipes apresentam vantagens sobre indivíduos
cias de líderes de equipes. que trabalham isoladamente, mas também al-
Sra. Jackson notifica o diretor da enferma- guns riscos. Sabe-se que a presença de equipes
gem (DON). Neste livro, chamamos de responsá- de saúde em diferentes situações trouxe resulta-
vel geral de equipe aquela pessoa à qual o líder de dos altamente satisfatórios; porém, para que o
equipe presta contas. O responsável geral deve trabalho em equipe seja eficaz, seus membros,
possuir competências específicas para sua fun- líderes e responsáveis gerais precisam possuir
ção. Por exemplo, ele deve definir a tarefa para a competências pertinentes às suas funções.
equipe. Neste caso, o responsável geral determinou Estabelecemos o que é uma equipe de saú-
que a diretora da equipe cirúrgica estabelecesse os de, por que as equipes são empregadas e, em
procedimentos cirúrgicos, mas não atendimento termos gerais, que competências são necessárias
à unidade de terapia pós-anestesia (PACU), que é aos profissionais da área para que realizem um
prestado por outra equipe. Ela deve também indi- trabalho em equipe eficaz. A seguir, exploramos
car a composição da equipe. Sra. Jackson pode ter os diferentes tipos de equipes encontrados no
suas próprias opiniões sobre quantas pessoas em atendimento de saúde como um prelúdio para
diferentes categorias de emprego deveriam traba- compreender por que elas funcionam de modo
lhar no bloco cirúrgico, mas ela precisa ter a auto- diferente e com exigências também distintas.
rização do DON para alterações na composição da

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EQUIPES DE TRABALHO E COMPETÊNCIAS NO... CAPÍTULO 1 13

Desenho, avaliação e
direcionamento da equipe

Responsável
geral da equipe
Capacitação, desenvolvimento
e treinamento da equipe

Líder da equipe

Membros da equipe Relações com


paciente e membros da equipe;
participação na gestão de
procedimentos da equipe

Líderes seniores

Criação de cultura
organizacional baseada em
equipe; suporte aos responsáveis
gerais de equipes

 Figura 1-3 Competências do trabalho em equipe necessárias em quatro níveis.

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