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É claro que não. Cada vez mais a gente vê pilotos pousando sobre as nádegas após uma
aproximação feita sentado, as vezes exagerando para o "fun". Eles não percebem os riscos que
correm. Já foram registradas 79 fraturas da coluna vertebral em 1994. O ser humano foi feito para
ficar de pé, e pode suportar choques terríveis se adotar uma posição adequada (ver quadro no final).
Uma fechada imediatamente antes de voltar ao solo, uma chegada usando o pára-quedas reserva,
podem gerar impactos entre 8 e 10m/s. É muito, mas os pára-quedistas militares, carregados
pesadamente mas bem calçados, conseguem fazer graças a uma posição exaustivamente estudada e
graças a pernas bem preparadas, aterrissagens a mais de 8 m/s sem conseqüências. As escolas de
parapente deveriam ensinar a rolagem. Talvez você utilize apenas uma vez na sua vida de
parapentista, mas nesse dia você ficará muito feliz por ter aprendido!
Como um recém-chegado deve abordar o vôo livre se ele quer diminuir ao máximo os
riscos inerentes?
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É preciso que ele faça, na ordem:
1) Uma formação longa e constante (o brevê de piloto não é um fim, mas um nível ...
ainda modesto)
2) Uma boa preparação física.
3) Se contentar por bastante tempo em voar em condições aerológicas tranqüilas.
4) Voar com um equipamento muito seguro, pelo maior tempo possível, e não mudar
até que tenha explorado todas as variedades de situações aerológicas.
5) Nunca voar sozinho.
6) Usar sempre um capacete integral (fechado), para a proteção do seu rosto e da sua
vida.
7) Usar uma sellette que permita se mexer facilmente para aterrizar.
8) Utilizar sempre botas com reforços, amortecimento e com lateral suficientemente
rígida para proteger os tornozelos.
9) E ainda há o problema complexo da proteção dorsal.
Porque existem proteções cuja rigidez é um perigo. Muito rígidas elas não absorvem a
onda de choque e portanto é o meio das costas ou o pescoço que quebram, ao invés das partes mais
baixas. Ou seja, se é relativamente fácil consertar as pernas, é um pouco mais difícil para a bacia,
quase impossível para a espinha, impossível para um hemorragia do fígado ou de outro órgão... A
proteção deve funcionar como um fusível.
Ou seja, amortecer e depois quebrar, dissipando a energia. Seria preciso também que ela
protegesse sob as nádegas, pois é aí que o choque é mais perigoso. Uma proteção deve portanto ser
macia e espessa. Eu entendo que isso cria um problema de arraste e dificuldade de movimentação,
mas é preciso saber o que se quer. As proteções que usam espumas de diferentes densidades, os air-
bags, as proteções tipo backup vão no sentido correto. Mas seria necessário formalizar tudo isso,
procurar especificações com um simulador de impacto como o que sugeriu o aluno-engenheiro
Lionel Vayr, de Chambery, para sua tese de biomecânica.
E o pára-quedas reserva?
Eu sou a favor, desde que a pessoa saiba usar. Senão, não serve para nada. E mais ainda,
é preciso verificar a dobragem e a instalação, cuidar para que a alça não enrosque durante a
decolagem. Para ser lógico, seria necessário uma alça no centro, acessível com as duas mãos:
imagine uma colisão que cause um simples entorse do polegar ou do pulso.
Com uma asa de ponta em ar turbulento, somos levados. as vezes a ter gestos um pouco
nervosos. E com esses gestos se amplifica os movimentos do velame... e portanto se voa cada vez
mais tenso. É a serpente que come a própria cauda. A famosa "sobrepilotagem". As soluções são
evidentes: evitar as condições muito turbulentas, evitar os velames muito nervosos, acertar a
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regulagem da sellette, e muito menos evidente, aprender a deixar a vela voar. Quando se ensina a
pilotar planador, a gente diz aos alunos: "pare de mexer no manche..."
Muita gente se desencoraja a voar porque foi vendido uma ilusão de facilidade e um
equipamento de alta performance. Seria bom que todos pudessem voar durante dois anos ou até
mais com um velame de saída de escola, depois com um intermediário calmo antes de passar para
parapentes de performance. Todos os anos a federação conta 10.000 novos licenciados. Mas ela
perde a metade no caminho. A gente quer ir muito rápido. Calma!!