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Nadador, vamos conversar:
Você já se perguntou por que na natação algumas pessoas conseguem ter
um domínio técnico mais rápido, e outras não?
Elas conseguem nadar mais rápido, e as outras nem tanto?
Isso já passou pela sua cabeça?
Acontece que existem diversas técnicas e formas mais fáceis de se
conquistar um nado mais rápido – mas elas pouco são passadas, e agora
você está prestes a aprender.
E de uma forma descomplicada.
Porque um fato é, que: independente de qual seja sua idade, se você busca
melhorar sua velocidade e resistência...
Isso vai ser impossível se você não tiver uma boa técnica de nado.
Eu tenho a absoluta certeza que já aconteceu de você pensar que não
estava nadando tão rápido, e quando verificou o tempo você estava.
Por que isso acontece?
Já parou para pensar?
A resposta é a seguinte: técnica!
A seguir, os passos que você está prestes a aprender e entender melhor, se
aplicados corretamente, vão transformar o seu nado e até mesmo a sua
concepção de natação.
Você acredita?
Então vamos lá.

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Naturalmente, todos nós possuímos um domínio lateral, ou seja, existe um
lado em que você terá maior facilidade para respirar. No meu caso, é o lado
esquerdo. Por isso, se você está começando, é para esse lado que você tem
mais facilidade que você deve respirar, acredite.
Você precisa relativizar o uso da respiração bilateral nesse momento e focar
no que te deixa mais confortável.
Natação é detalhe. Quando você está começando e todos os movimentos
estão pouco automatizados, são muitas as coisas para pensar e se você focar
em respirar para os dois lados, isso vai ser mais um problema.
Agora, vou te explicar uma forma de lidar com um problema comum a muitos:
a falta de fôlego durante a respiração.
Esse talvez seja um dos maiores medos de todo nadador iniciante, o fato de
sentir dificuldades com o fôlego, o controle da respiração e o extremo
cansaço. É algo natural nadar poucas metragens por conta disso, no começo,
é comum. Não force a barra.
Para melhorar isso, é preciso entender que na natação a respiração é feita
de forma inversa. Deixa eu explicar melhor... durante toda a nossa vida,
estamos acostumados a respirar boca-nariz, e na natação é o contrário.
Quando sua cabeça estiver embaixo d’água, você deve expirar (soltar o ar
pelo nariz), e ao emergir, você deve rapidamente capturar o ar pela boca.
Por sinal, sua respiração pode ser facilitada se você começar a expirar a partir

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do momento que pega o ar pela boca rapidamente.
Para ficar mais claro ainda: você deve soltar o ar – expirar – pelo nariz antes
de sua cabeça entrar na água. Ou seja, enquanto estiver finalizando o
movimento da respiração e entrando na água.
Outro facilitador para melhorar sua respiração é a realização de um exercício
chamado ‘Elevador’. Ele consiste basicamente em soltar bolhas pelo nariz. É
interessante praticá-lo todas as vezes em que estiver em repouso na borda,
entre as séries.
Assim, estará trabalhando essa mecânica de forma a automatizar o
movimento de respiração inversa que é feito na natação.
Feito isso, paciência. É preciso tempo para que você vá conquistando um
domínio respiratório cada vez melhor. Mas claro que, seguindo esses passos,
o processo será muito mais rápido.

Como funciona a pernada?


Os pés empurram água para trás porque flexionam e estendem. Ao flexionar,
eles impulsionam a água com o peito do pé afundando a perna e, ao estendê-
la, empurram a água para trás com a sola do pé.
Para melhorar sua técnica, foque numa pernada curta e ritmada e vá
mentalizando consigo mesmo os dois fatores que citei acima: peito do pé e
sola do pé – peito do pé e sola do pé – peito do pé e sola do pé.
Faça com que isso entre na sua cabeça e vá aprimorando o movimento.
Lembrando também que para uma boa pernada é necessário que seu

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tornozelo tenha mobilidade e seus pés não permaneçam rígidos durante a
execução. Um bom exercício para a pernada é pressionar o peito do pé ao
chão sobre uma prancha ou algo similar. Esse contato-pressão vai estimular
você a ganhar mobilidade no tornozelo.
Durante os seus treinamentos, nas séries de perna, um fator que vai
potencializar sua pernada é o fato de você não fazer apenas a pernada
frontal, mas sim de todas as suas variações: pernada lateral, dorsal, e em
algumas situações até mesmo a pernada vertical no fundo da piscina.

Uma boa rotação de tronco é essencial para a melhora da técnica: é algo que
tem que acontecer.
Vou esmiuçar para você uma forma bem descomplicada de aplicar a rotação
de tronco em seu nado, mas, antes de explicar exatamente o que você deve
fazer, eu gostaria de citar mais uma vez a importância dessa rotação, afinal,
nadar sem o uso dela aumenta seu atrito com a água e faz com que você seja
mais lento.
Eu costumo dizer o seguinte: você não tem que enfrentar a onda, você
precisa aprender a surfar nela. Portanto, fique atento ao nado crawl,
buscando sempre deixar que seu ombro toque o seu queixo durante a
braçada. Dessa forma, naturalmente você estará realizando uma boa rotação
de tronco.
Olha o quanto é simples, sem nada mirabolante. Você só precisa estar atento
a isso, nadar sempre pensando: ombro no queixo!
Inclusive, se a rotação de tronco é um problema para você, sugiro fortemente
que faça o uso de exercícios educativos específicos para melhorar essa

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deficiência no nado.

Esse passo é mais uma dificuldade de muitos. A causa é a dificuldade de se


perceber quando acontece a deficiência na rotação de quadril, o que torna
esse ponto essencial na sua natação, especificamente no nado crawl.
A rotação de quadril deve acontecer, e eu vou explicar detalhadamente uma
forma a qual considero efetiva para que você tenha mais facilidade na
execução, além de uma melhor percepção do movimento.
Repare: se você imaginar que uma pessoa te agarra pela cintura e te puxa
para o lado – o que naturalmente acontece?
Você consegue visualizar o movimento? Entenda que o seu quadril gira, e
isso precisa acontecer de forma simultânea com o tronco na natação.
Ao realizar educativos com movimentos próximos a essa sensação, você vai
ter uma maior percepção do giro de quadril durante seu nado.
Exemplo de educativo: 1 braçada + deslize; 3 braçadas + deslize.

Coordenar o nado não seria tão complexo se as pessoas buscassem fazer

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isso nadando devagar e com muita atenção.
Um educativo facilitador para ganho de coordenação é o nado humano, um
dos meus preferidos pelo fato de você executar extremamente focado no
ato de coordenar o próprio corpo na água.
Esse pode parecer um educativo complexo, mas é daí que vem a
coordenação. E você pode utilizar o pé de pato como facilitador nesse
trabalho. Lembre-se que o foco é técnico e não há nada errado em aproveitar
desses equipamentos como pé de pato, pullbuoy ou o que quer que seja
para melhorar seu posicionamento.
Então, analise bem o ‘timing’ das braçadas, e busque sempre colocar toda
sua atenção nesse trabalho técnico que é feito mais devagar. Com uma boa
coordenação, seu nado fluirá melhor na água e isso faz toda diferença.
Coordenando as braçadas: um educativo que pode contribuir para o ganho
na percepção de coordenação de nado é o ‘Pegada-Dupla’.
Ele é feito da seguinte forma: braços esticados para frente, enquanto um fica
parado a frente do seu corpo, o outro faz o movimento da braçada do nado
crawl completo.
Durante o processo, você deve bater pena o tempo todo. Perceba essa troca
de braçadas, pois ela te permitirá um ganho de coordenação e percepção
técnica – ‘timing’ (tempo) das braçadas.

Passou-se um bom tempo para que eu entendesse a importância de manter


o abdômen ativado durante o nado. Esse é mais um passo importante para
melhorar sua natação.

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Mas, cuidado. O abdômen não tem que estar contraído absurdamente a
ponto de você não conseguir respirar. Até porque não faria sentido.
O que você precisa fazer é manter sempre o abdômen moderadamente
contraído, de forma que você se sinta confortável. Porém, é importante que
sinta que ele está ativado, pois isso vai te ajudar a ter uma melhor
flutuabilidade.
Aqui, uma boa dica é focar na parte inferior da região abdominal.
Durante o nado – com o abdômen ativo – seu corpo ficará naturalmente
propenso a subir, logo, não só você vai ter menor atrito com a água como
também vai evitar uma sobrecarga nas suas costas, o que acontece quando
seu nado fica muito embaixo d’água.
Certifique-se de manter essa região abdominal fortalecida fora d´água e
você estará um passo à frente na piscina.

Talvez você saiba – talvez não. Mas sua cabeça está diretamente relacionada
ao posicionamento do seu corpo na água.
Se você posicionar bem a sua cabeça, seu nado vai estar naturalmente
melhor alinhado e numa boa posição.
Para isso, procure notar que a cabeça deve ficar um pouco para ‘dentro.
Tente sentir que somente seu rosto fique sob a água. Parece estranho, mas
é o que mais funciona.
Quando eu digo que devemos sempre buscar o menor atrito com a água, é
absolutamente sério!

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O fato é que, seu sua cabeça estiver direcionada para frente, o seu quadril e
pernas vão cair, e como sabemos isso não é nada bom.
Nota importante: se você for atleta de águas abertas e fizer uso da respiração
frontal ou fronto-lateral, você pode relativizar o que foi citado acima e manter
sua cabeça um pouco para frente no seu posicionamento, já que isso vai
facilitar sua respiração ao longo do nado.
Mas, claro, somente se esse for o seu caso. Não repita isso nas piscinas.


Esse ponto é um fator de muita importância para qualquer nadador, e
também uma dificuldade de muitos.
Definitivamente você precisa fazer com que o seu quadril esteja em cima
d’água durante o nado – já que isso vai facilitar muito sua natação. Aliás, é
para manter o quadril sobre a água que os trajes tecnológicos servem.
Já parou para pensar o motivo dos trajes ajudarem tanto na performance?
São os responsáveis diretos por deixar seu corpo mais em cima d’água,
dando mais suporte e flutuabilidade durante o nado, fazendo que você tenha
menor atrito e mais velocidade.
Agora, vou passar para você um passo a passo para seu posicionamento de
quadril ficar mais em cima d’água durante o nado.
É primordial fazer isso: todas as vezes que você estiver treinando, na borda
da piscina, prestes a empurrar a parede, você vai inspirar o ar pela boca, e
atente-se em pegar bastante ar.

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Feito isso, vai ver que naturalmente seu peito vai inflar, e não só seu quadril,
mas todo seu corpo vai estar mais em cima d’água. Atente-se também ao
posicionamento da cabeça, já que interfere diretamente no seu
posicionamento sobre a água.

Hora de falar sobre a virada. Agora, você vai aprender um guia para realizar a
virada olímpica de maneira mais efetiva. Se aplicar isso plenamente, sua
virada olímpica vai ser bastante facilitada.
Um ponto importante da virada olímpica e que você deve estar muito atento
inicialmente é a aproximação da borda – é preciso treinar muito disso. Saber
exatamente a hora de realizar o giro para não ser surpreendido é
importantíssimo. Não girar nem muito longe, nem muito perto.
Existem referências para que você faça isso da melhor forma, por exemplo:
você pode contar o seu número de braçadas para saber exatamente quando
virar.
Outro recurso é ficar atento a listra preta ao fundo da piscina, conhecido
como ‘T’. É um ótimo indicativo de que a borda está próxima.
Também é possível estar atento ao passar da bandeirola, que sempre fica a
exatamente 5 metros da parede.
Depois disso, chegou a hora do giro – a virada propriamente: utilize o pé na
última pernada para te dar uma maior propulsão e realizar a virada,
rotacionando o tronco e coordenando esse movimento. Como um impulso.
Outra boa dica é trazer o queixo em direção ao peito e utilizar o braço
fazendo o movimento empurrando a água para trás também no giro.

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Como fazer uma virada olímpica mais rápida: além dos pontos citados acima,
você deve iniciar o processo de virada com velocidade máxima e nunca
evitar antes do giro. Feito isso, o movimento é mais intenso e dinâmico,
ganhando em velocidade.

Uma saída do bloco exemplar começa desde o posicionamento no bloco de


partida, e não é incomum cometer erros nesse posicionamento.
Para o posicionamento, siga esse breve passo a passo a seguir.
Os pés no bloco devem estar minimamente afastados, um na frente e outro
atrás. E atenção aos joelhos, que não podem estar muito flexionados. Além
disso, o quadril deve estar elevado e bem posicionado para a saída.
A posição da cabeça é algo bem pessoal, e a minha sugestão é que você
mantenha ela acentuada, olhando para o pé da frente para minimizar o
esforço do pescoço durante o voo.
No movimento de saída, use primeiramente o pé de trás, a força do braço e
do pé da frente são quase simultâneas, mas pedem cuidado.
Onde entra a mão, deve entrar o corpo todo em flecha (streamline). Se por
algum motivo você saltar fundo, levante a flecha que naturalmente seu corpo
tende a subir – perdendo menos tempo.
Exercício fora d’água para saída: saltar em flecha.

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Independente da prova que você nada, nessa etapa você vai entender
exatamente como montar sua estratégia de prova, além da importância dela
no resultado final.
Seja você um nadador de provas longas ou provas curtas, o que vejo na
natação é que cada um de nós tem uma característica principal e nossa
prova pode ser reflexo disso.
Há pessoas com características mais conservadoras, e outras mais
agressivas – e não há certo e errado. Mas, tenha em mente sempre a sua
estratégia de prova – sabendo quando acelerar, quando manter, quando
segurar. E isso é melhor entendido e desenvolvido se dividir sua prova em
partes.
É preciso ter o conhecimento das suas parciais em metragens específicas,
por exemplo. Um exemplo próprio é a prova de 100 metros livre. Sabendo
que meu melhor tempo nos 50 metros é de 22 segundos, se eu passar a
primeira parcial da prova com 22’’, automaticamente vou estar
comprometendo minha segunda parcial.
Uma passagem inteligente seria entre 1 e 2 segundos acima do meu melhor
tempo nos 50 metros. Isso, claro, levando em conta que você esteja muito
bem treinado e condicionado para os 100 metros.
Enfim, é interessante buscar sempre progressão durante a prova. Tenha a
concepção de que por mais que você faça um início de prova forte, você vai
conseguir fechar ela mais forte do que começou.
Mas, como fazer isso?
Esse é um ponto que já deve estar desenvolvido na sua consciência antes
de iniciar a prova. Para executar, você precisa mentalizar essa estratégia.

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“A visualização é o ensaio da ação”.
Em provas rápida, um erro muito comum é o nadador começar com extrema
velocidade e frequência, o que não é recomendado. Já parou para pensar
que um carro que queira chegar na velocidade máxima não inicia o percurso
na quinta marcha? Pois é, tampouco em extrema velocidade e frequência.
Quando se trata de provas curtas, as primeiras braçadas servem para
posicionar melhor seu nado. Você vai fazer muito mais uso da força para subir
o nado do que para a velocidade em si.
Em provas como os 50 metros livre, se você iniciar com uma primeira braçada
muito rápida, perde o apoio da braçada, e ela terá pouca propulsão
locomotiva. É como fazer força à toa.

Esse talvez seja um dos principais passos, e eu te explico o porquê: sendo


bem direto ao ponto, a natação me ensinou que não adiante você treinar,
treinar e treinar, se na hora ‘H’ você não executar o que treinou.
Mas, é fato que você precisa treinar muito. Você precisa criar o hábito de
sentir abatido em dias que falta ao treino, e quando você estiver com essa
sensação, estará no caminho certo.
É importante também saber que o primeiro passo para a excelência é a
frequência, o volume. No entanto, existe um porém: não adianta ter
frequência e fazer de qualquer jeito.
Você precisa estar na direção correta. Uma das piores coisas que pode
ocorrer é você fazer certo a coisa errada. Digo isso pois já passei algumas
vezes por essa situação. É o que costumo falar para os meus alunos: se fazer

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as coisas por fazer, mas de forma frequente, desse certo, qualquer motorista
deveria ser piloto de Fórmula 1 pela quantidade de horas que passam dentro
de um carro.
Mas, por que isso não acontece?
Porque eles já estão no piloto automático, não vistam dirigir melhor todos os
dias, estão apenas executando um trabalho.
Se você estiver 100% presente, seu desempenho vai melhorar muito. Estar
focado naquele momento e apto a entregar o melhor de si todos os dias é o
que faz a diferença e separa os melhores da concorrência.
Veja, você não precisa de muito. Se você buscar uma melhora de 1% durante
todas as sessões de treino, no médio-longo prazo, isso vai se tornar algo
muito grande, concorda?
E digo mais: você não precisa acelerar. Como assim?
A tendência natural é penar assim: quero melhorar minha natação, preciso
treinar mais. Não, você não precisa treinar mais, muito menos implementar
um milhão de coisas novas. Quando pensamos dessa forma e por algum
motivo estamos supermotivados, tendemos a ir com tudo, e minha
experiência mostrou que nem sempre é uma forma inteligente de trabalhar.
O que enxergo é que a grande maioria das pessoas que aceleram, aceleram
e aceleram acabam cansando, e então desistem. Simples assim.
Porque a evolução não é sobre acelerar, a constância é o que traz o
resultado. Sempre que pensar em acelerar e ir com tudo, lembre-se dessa
frase: eu não preciso acelerar, basta não parar.
Sabe o que te impede de treinar melhor, ou competir melhor? Vou te relevar
o motivo, mas você precisa guardar isso.
Olhe, se você estiver nadando e indo muito mal, seja em treino ou
competição, é simplesmente porque você está focando no que está em jogo
– ou seja, nas pessoas te olhando, no que vão achar de você, ou mesmo
pensando ‘será que vou conseguir?’.

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Esse tipo de pensamento acaba com você, confunde sua cabeça. Mantenha-
se focado no jogo, e não no que está em jogo.
O mais importante na natação, o que pode te trazer resultados incríveis é a
concentração máxima no estado presente, e total atenção aos fundamentos.
Visualizar a prova antes de acontecer vai te ajudar a se preparar melhor.
Na hora ‘H’, esteja atento ao máximo no estado presente das coisas, e focado
em acertar os fundamentos, o básico. Assim, seus ganhos nos treinos e sua
performance vão melhorar muito.

A melhor forma de ganhar velocidade é estimulando velocidade,


principalmente com metragens curtas e alta intensidade. Porém, você deve
respeitar o intervalo. Ou seja, o que promove ganho é nadar em absoluta
velocidade, o que não significa frequência de braçada, já que você pode girar
muito o braço e perder água.
Os ganhos de velocidade podem ser trabalhados em treinos com diferentes
estímulos, como em exercícios com material – pé de pato, palmar.
No geral, esses materiais fazem com que você nade acima da sua velocidade
máxima, o que é muito bom. Busque, então, memorizar essa velocidade acima
da média durante a realização desse trabalho para que seu corpo
instintivamente transfira aquilo para as provas.
Se você não é um velocista, deve treinar velocidade? Sim, mas é preciso
explicar melhor o motivo. Se o seu objetivo é melhorar sua marca pessoal e
você nada provas longas, não deixa de ser necessário realizar trabalhos de
velocidade. Desde que sejam feitos dentro da sua capacidade, lógico.

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Em campos específicos, o trabalho é feito por ritmo de prova, ou acima do
ritmo de prova – como citei acima. Mas sempre trabalhando trechos da sua
prova principal e inserindo sua maior velocidade.
Esse tipo de trabalho é importante para aumentar seu lastro de
condicionamento de resistência em velocidade, para que na hora da prova
você consiga aplicar a velocidade e se manter constante, sem quebrar.
Confira alguns exemplos de séries que promovem maior ganho de
velocidade máxima: 4x25; 4x20; 4x15. Perceba que para maior ganho de
velocidade, as metragens são mais curtas, só que a intensidade deve estar
no seu máximo. Também é importante que entre cada tiro você tenha um
intervalo considerável para que se recupere para o próximo.
Lembrando novamente que esse tipo de trabalho pode ser feito com o suo
de material – pé de pato, palmar – para potencializar seu efeito.

Nadar crawl não seria tão difícil e todos soubessem o que você está prestes
a saber nesse capítulo específico sobre braçada. Cada detalhe será bastante
aprofundado, e você só vai precisar colocar em prática.
Bom, sabendo que a braçada corresponde a 70 até 80 por cento da
capacidade propulsiva do nado, é um erro utilizar somente a força bruta para
tentar se locomover mais rápido. A natação é uma arte, tudo é detalhe.
Você ser extremamente forte e ter grandes bíceps não faz com que você
nade mais rápido. Definitivamente isso não faz o menor sentido. Seu foco
deve estar 100% em absorver o conceito técnico que vai conferir agora.
É comum que durante a fase externa da braçada cada indivíduo tenha seu

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movimento próprio e característico feito com o braço, mas é fato que uma
braçada aérea com suavidade e relaxada faz com que você economize
energia. Nessa fase da braçada não pode haver rigidez do nadador, talvez em
altíssima velocidade isso aconteça, mas não vem ao caso.
Presente bastante atenção nas descrições de cada etapa da braçada e
coloque a teoria em prática, que logo você verá melhoras significativas em
seu nado.
Fase aérea: relaxamento da braçada, suavidade, cotovelo bastante elevado,
dedos voltados para baixo.
Fase interna: ao tocar os dedos na água vindo da fase aérea, você não deve
aplicar força, mas sim aproveitar do deslize que vem da sua rotação de tronco
e pernada aplicada.
Assim que sua mão tiver seu primeiro contato com a água, pense o seguinte:
deslize + primeira fase apoio. Pense primeiramente na elevação de cotovelo
e braçada em direção ao peito, até que finalize com o dedão raspando a coxa.
Importante: certifique-se de inserir força no braço, e não só na palma da mão.
Aplique força máxima somente a partir da segunda fase e até a finalização
do movimento.
Se você aplica muita força durante a primeira fase, você naturalmente perde
mais água do que a utiliza de forma propulsiva. Faz sentido? Acredito que sua
resposta seja sim.
Vê então porque o homem mais forte do mundo não é o mais rápido nas
piscinas? Claro, não é só isso. Ao aplicar a devida força, se você não estiver
atento e com o abdômen ativado, ou seja, contraído, você corre um grande
risco de descoordenar o seu nado.
Certifique-se que o foco de contração seja na região inferior do abdômen –
o Core. Pois, se a contração for feita na região errada e com muita
intensidade, você sentirá mais falta de ar do que ajudará na estabilização do
seu corpo na água.
Aplicado isso, você já vai estar na frente de muita gente, mas não é só isso...

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para uma boa braçada, é necessário também que sua mão esteja da forma
correta. É algo pessoal, e algumas pessoas tendem a nadar com a mão da
forma que bem entendem, mas não devia ser assim.
Se você nada com a mão totalmente fechada, estilo ‘karatê’, pensando que
pelo fato de os dedos estarem fechados é a forma mais correta e assim terá
mais propulsão – o que pode fazer algum sentido – saiba que essa não é a
melhor forma. Eu também pensava assim.
Entretanto, ao fechar completamente as mãos e dedos, seu punho fica
tensionado, e isso consome força e energia de você.
Você pode testar isso agora mesmo e vai checar o que disse. Por isso,
acredite, a melhor forma de posicionar as mãos no nado é com os dedos
entreabertos. Não muito espaçados, porque assim também perderia
propulsão.
Mas, com os dedos ligeiramente entreabertos é a maneira mais proveitosa e
explico porquê: natação é detalhe e sensibilidade, e ao nadar com os dedos
ligeiramente entreabertos ocorre a fluidez da água a todo momento pela sua
mão, melhorando sua percepção sem que o punho fique tensionado.
Para conferir essa técnica, basta assistir alguns vídeos dos grandes
nadadores de todo o mundo.
Um pouco mais sobre braçada: definitivamente seu cotovelo não pode tocar
na água antes dos seus dedos. É um erro básico. Um exercício simples para
buscar essa automatização do cotovelo alto é nadar fora d’água e
preferencialmente de frente a um espelho. Parece maluquice, mas costumo
dizer que sei quando uma pessoa tem uma boa técnica pelo simples fato de
ver a pessoa nadando no seco.
Portanto, você vai estar em frente ao espelho visualizando e realizando o
movimento da braçada. Sim, você vai nadar no ‘seco’ e buscar a extrema
técnica. Assim, realizando o movimento mais devagar e em busca da técnica,
são muito maiores as chances de transferir isso para a piscina.
Com a técnica fixada, a velocidade vai surgir sem maiores problemas.

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Antes de despejar a força, é preciso técnica. Imagine você nadando por
horas a fio, com boa frequência de braços e pernas, cansando pouco... pois
é, acredite, isso só será possível se você adquirir técnica.
Não que seja algo de alta complexidade, mas requer disciplina. Inclusive, se
você está lendo esse material e colocando o que é passado aqui em prática,
você está no caminho de adquirir cada vez mais domínio técnico.

Ao recuperar o braço após o final da braçada, o ombro deve ser mais alto que
a orelha, e o cotovelo mais alto que a cabeça.

A entrada da mão na água deve ser entre o ombro e a metade da cabeça à


frente.

Para realizar uma braçada ampla, o nadador deve levar o ombro adiante e
lançar o braço bem esticado a frente.

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Para sentir a água na mão, o nadador, logo na entrada deve esticar o braço e
ir afundando a mão apoiando-se na mesma, a escorregando um pouco para
fora e na sequência levá-la imediatamente ao peito num movimento
contínuo.

A braçada deve começar mais lenta, e ir acelerando até o final, quando estará
mais rápida. Assim procedendo, o nadador terá um nado melhor coordenado.

O polegar deve estar sempre indicando para frente.

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Apaixonado por natação e atleta profissional por mais de 15 anos, Vinicius
Gabriel ajuda milhares de pessoas oferecendo conteúdos gratuitos de
relevância para nadadores, tanto iniciantes quanto mais avançados, por meio
das redes sociais. Vinicius é também criador do curso online de natação
‘Nadador Prático’, um programa passo a passo indicado para atletas e
treinadores. Ele acredita que qualquer pessoa pode aperfeiçoar seu nado,
desde que esteja comprometida com isso. Se diz fruto do treino e não é um
defensor do talento, e sim do esforço.

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