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AULA 2

OS 5 PASSOS PARA EVITAR


LESÕES E MELHORAR A
PERFORMANCE NA DANÇA
CAROL LIMA

@CAROLLIMA.FISIO
BY CAROL LIMA

Seja muuuito bem-vinda (o) à segunda aula da Semana da Anatomia


da dança!

Meu nome é Carol Lima, sou fisioterapeuta e professora de Ballet


Clássico da Escola Petite Danse e nessa série de vídeos eu vou te
mostrar como evitar 90% dos riscos de lesões nos bailarinos, adquirir
consciência corporal e ainda melhorar a performance na dança, através
do estudo das estruturas do corpo humano.

Nessa segunda aula você irá aprender os 5 passos para evitar lesões
e melhorar a performance na dança que poucos professores aplicam na
prática. São dicas que você pode aplicar imediatamente nas aulas com
os seus alunos ou no seu dia a dia como bailarino.

> 1 – ALONGAR DA FORMA CORRETA E NA HORA CORRETA


O alongamento é um exercício amplamente utilizado pelos
professores de ballet e bailarinos. Mas você compreende a diferença
entre alongamento e flexibilidade?

A FLEXIBILIDADE não se relaciona apenas com os músculos, muitos


movimentos são limitados por ligamentos e muitas vezes pelo
contato ósseo.

O ALONGAMENTO é o tipo de exercício que utilizamos para melhorar


a flexibilidade e saber qual o tipo de limite que estamos tendo, e faz
diferença no resultado do exercício. Por exemplo: Um famoso
exercício no mundo da dança é o sapinho, que é amplamente
utilizado nas aulas de chão. O sapinho é um exercício importante,
porém é uma postura que é basicamente definida pela estrutura
óssea, e que faz uma grande diferença entre os alunos. Mas muitos
professores tem o habito de mandar um aluno sentar sobre o outro
durante esse exercício, ou de empurrar com força o 'bumbum' do
aluno para baixo.

ANATOMIA DA DANÇA 2
BY CAROL LIMA

Não estou dizendo que o sapinho não deve ser trabalhado e nem
que podemos melhorar nossa condição fazendo esse exercício. Estou
dizendo que a cautela na hora do exercício e o respeito com a
individualidade do aluno fazem diferença. Toda a transformação no
físico do seu aluno acontecerá de forma gradual e progressiva, com a
repetição diária daquele movimento e não com a intensidade exagerada
em um exercício que é realizado uma vez por semana.

Outra informação importante sobre os alongamentos é que o


professor deve ser capaz de saber se o que ele está pedindo para o seu
aluno é possível de ser feito, e ser capaz também de adaptar o exercício
para cada tipo de físico para que o aluno possa realizar o exercício de
forma adequada e obtenha resultados. O sapinho mais uma vez servirá
de exemplo: normalmente o exercício é pedido para ser feito deitado de
bruços com a barriga no chão, mas alunos que tem o quadril “muito
fechado” deitam e os pés ficam lá no alto, então o professor pede para
encontrar os pés no chão , e nesse momento o 'bumbum' vai lá pro teto.
A melhor forma de ajudar esse aluno é pedir a ele que mantenha joelhos
e pés no chão e eleve o corpo do solo apoiando os cotovelos no chão.
Assim ele poderá direcionar o alongamento de forma correta.

Não há nada mais angustiante e desmotivador que o professor


pedir e insistir em algo que o aluno não é capaz de alcançar,
principalmente quando não é “culpa dele". Uma outra questão
importante é sobre o hora de realizar os exercícios de alongamento.
Quando temos como objetivo melhorar o alongamento de um
determinado grupo muscular, precisamos mantê-lo muito tempo na
mesma posição, realizar muitas repetições, ou mais de um exercício
para o mesmo objetivo. Para melhorar a extensibilidade da fibra, o
músculo precisa de um tempo para relaxar e poder permitir que a fibra
ganhe um novo comprimento. Com isso essa fibra ficará
momentaneamente com uma alteração da sua estrutura, com uma
redução na sua capacidade de contração rápida. Por exemplo, você já
reparou que depois de uma longa aula de chão, com um foco grande em
flexibilidade, ao terminar aula você se percebe molenga ou até mesmo
sonolenta... então! Sair de uma aula dessas e entrar imediatamente em
um ensaio ou aula de ballet pode colocar o seu corpo em risco.

ANATOMIA DA DANÇA 3
BY CAROL LIMA

> 2 – RESPEITANDO O PERÍODO DE DESCANSO

O bailarino tem uma rotina física muito exaustiva, e assim como


qualquer máquina, o seu uso gera um desgaste. Mesmo que esse
desgaste seja quase que imperceptível no dia a dia, ele acontece. Até
quando trabalhamos com a melhor mecânica possível, sem exageros e
com muita consciência, ao longo de uma semana é inevitável que
microlesões aconteçam, microrupturas de fibras de ligamento, fibras de
tendão e fibras musculares, além do acúmulo de ácido lático nos
músculos, porque essas reações são inerentes ao uso do corpo.

Porém o nosso corpo é uma máquina maravilhosa e sua capacidade


de regeneração é incrível, mas para que ele se recupere é necessário
que o corpo tenha repouso. Pequenos processos inflamatórios são
gerados no corpo e serão imperceptíveis; além disso, terão sua
reparação antes mesmo que você os perceba. Só que quando não é
dado ao corpo o tempo que ele precisa para reparar esses pequenos
traumas, eles se acumulam até se tornarem uma lesão perceptível como
uma tendinite, uma contratura ou uma inflamação em algum ligamento.

O repouso se refere a um trabalho de seis dias na semana e um dia


de repouso, com noites de sono que possuam horas suficientes para
recuperar nosso cansaço físico. Sem falar que o cansaço mental
também pode interferir no físico. Se o aluno ou bailarino não tem um
sono reparador, é esperado que o corpo dele responda cada vez pior
aos estímulos que são dados em sala de aula. E a falta de controle e
atenção pode ocasionar um acidente como uma entorse de tornozelo
ou uma aterrissagem mal feita de um salto prejudicando seu joelho, por
exemplo.

ANATOMIA DA DANÇA 4
BY CAROL LIMA

> 3 – RECONHECER AS CARACTERÍSTICAS DE CADA CORPO


INDIVIDUALMENTE

Muitos são os limites do corpo de um bailarino. Podemos ter


limitações ósseas, musculares, ligamentares e até mesmo limitações de
resistência cardiovascular. Teremos aquele aluno que terá mais
resistência e endurance do que outros. Todas essas características
devem ser observadas nos alunos de uma turma ou reconhecidas
individualmente pelo próprio bailarino.

Entender que cada corpo terá uma característica individual ajudará


a focar o trabalho. E como isso pode influenciar na redução de
chance para lesão?

Perceber que aquela aluna que tem uma musculatura mais forte, que
detém muita força, mas que a flexibilidade está a desejar e investir
mais nas aulas de chão com objetivo de alongamento. Essa atitude irá
reduzir as chances de que essa aluna tenha uma distensão durante
um Grand Jeté ou Grand Battement, por exemplo. Identificar que tipo
de pisada o seu aluno tem, se o pé é pronado ou supinado, ajudando–
o a compreender a mecânica da pisada dele irá melhorar as suas
chances de controlar a distribuição do peso do corpo sobre o pé.

Identificar a quantidade de rotação externa do quadril no seu aluno


ajudará a orientá-lo a realizar uma primeira posição mais de acordo
com a realidade articular dele e, aos poucos, através de exercícios de
flexibilidade, força e consciência corporal, melhorar gradativamente a
angulação da primeira posição até chegar a uma quinta posição ideal.

ANATOMIA DA DANÇA 5
BY CAROL LIMA

> 4 – FAZER A EXECUÇÃO CORRETA


A execução correta dos passos é na minha opinião um dos itens
mais importantes na prevenção de lesão. Sempre procurei ensinar meus
alunos de forma progressiva, e aguardando o tempo correto e a
completa compreensão e domínio do movimento por parte deles.
Muitos passos básicos que são aprendidos nos primeiros anos de
contato com a dança podem resultar em lesões no futuro quando
assimilados de forma errada. Sempre ouvi da diretora da Petite Danse, a
Prof. Nelma Darzi a seguinte frase: “se você viu que o aluno está fazendo
errado, não deixe passar, não deixe para depois, insista na correção.” E
isso faz um enorme sentido, já que com a prática os movimentos
tendem a se automatizar e o gesto errado será executado sem que o
aluno perceba, e para modificar esse input do movimento no corpo é
muito mais difícil com o passar dos anos.

Como exemplo posso citar duas situações:

Os pliés, que devem ser fluidos e controlados, e muito importante,


devem manter os joelhos sempre alinhados com os pés e os
calcanhares no solo. Se o aluno não adquire a execução e o controle
correto do plié, não será durante um exercício de pequeno salto ou
de bateria que ele irá conseguir controlar. Depois de automatizado o
movimento, mesmo que ele adquira flexibilidade das panturrilhas,
mobilidade suficiente nos tornozelos e força adequada nas pernas,
pode ser que ele ainda execute o plié de forma errada. Será então
necessário todo um treinamento separado para reeducar o
movimento do plié.
No trabalho de meia ponta, no caso dos relevés, a execução correta
da meia ponta, assim como a distribuição do peso sobre o pé,
reduzirão a chance de uma entorse de tornozelo durante a subida
para o releve, assim como a possibilidade de um movimento articular
suficiente para que o apoio seja feito verticalmente sobre a cabeça
dos metatarsos reduzirá o esforço sobre o tendão de Aquiles
diminuindo muito as chances de uma tendinite.

ANATOMIA DA DANÇA 6
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> 5 - VÁ ALÉM DAS AULAS

As aulas de dança são bem completas no quesito desenvolvimento


da técnica, associada às aulas de chão regulares, que tem o objetivo de
melhorar a flexibilidade, força dos músculos abdominais e até mesmo
aprimorar o controle e coordenação dos movimentos da modalidade me
questão.
Mas essas aulas têm exercícios em comum para uma série de alunos
que têm as mais diversas características físicas. Quando o professor ou
bailarino entendem de anatomia, compreendem o movimento e são
capazes de identificar as habilidades e as diferenças entre o corpo dos
seus alunos, eles serão capazes de desenvolver e orientar exercícios de
específicos para cada aluno.

Esses exercícios podem ser feitos pelos seus alunos antes ou depois
das aulas, focando em um objetivo bem definido. Por exemplo: eu
mesma já encaminhei meus alunos para outras aulas que poderiam
complementar o trabalho deles. Dependendo da necessidade, eu
sugeria mais aulas de chão para os alunos que precisavam ganhar
flexibilidade, aulas de pilates para os alunos que precisavam adquirir
mais força e controle muscular. Já ensinei exercícios de controle de En
Dehors, de controle de perna de base e exercícios para melhorar o arco
de movimento do tornozelo, para meus alunos fazerem antes ou depois
das aulas, e a partir daí o aluno pode se dedicar ao aperfeiçoamento do
seu corpo sozinho.

Na próxima aula nos aprofundaremos ainda mais na Anatomia da


Dança! Não se esqueça de me seguir no Instagram para acompanhar
mais novidades e tirar as suas dúvidas por lá:

@carollima.fisio

Até a próxima!

ANATOMIA DA DANÇA 7

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