Você está na página 1de 16

Faculdade de 

Venda Nova do Imigrante – FAVENI

Paloma Leite da Silva

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA


SAÚDE DA FAMÍLIA: uma revisão integrativa da literatura.

Uiraúna
2022
Faculdade de Venda Nova do Imigrante – FAVENI

Paloma Leite da Silva

HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA


SAÚDE DA FAMÍLIA: uma revisão integrativa da literatura.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Enfermagem em
Estomaterapia.

Uiraúna
2022
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA
SAÚDE DA FAMÍLIA: uma revisão integrativa da literatura.

Paloma Leite da Silva¹


Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro
também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido
copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte
além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho
ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas
para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis,
penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime
de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de
Prestação de Serviços).

Resumo
Objetivo: caracterizar as produções científicas a respeito da humanização da
assistência de enfermagem no Programa Saúde da Família (PSF) em periódicos
nacionais online na área da saúde, no período de 2008 a 2012; sintetizar a contribuição
da produção científica acerca da humanização da assistência realizada pela
enfermagem. Metodologia: tratou-se de uma revisão integrativa da literatura realizada
por meio de banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. Para viabilizar a coleta de
dados foram utilizados como descritores controlados: “Humanização da Assistência”,
“Enfermagem” e “Programa Saúde da Família”. Dessa forma, a amostra foi composta
por cinco publicações. Resultados: a análise do material permitiu identificar dois temas
centrais conforme as produções: “a enfermagem como a arte do cuidar”; e “o papel da
enfermagem junto ao paciente no PSF”. Conclusão: é importante mencionar que,
apesar do número pouco expressivo de estudos sobre a humanização da assistência
de enfermagem no PSF, a referida temática merece atenção por parte de
pesquisadores da área da saúde.

Palavras-Chave: Humanização da Assistência. Enfermagem. Programa Saúde da


Família.

ABSTRACT
Objective: to characterize the scientific production about the Humanization of nursing
assistance Program in Family Health (PFH) in national periodicals online in the area of
health, for the period 2008 to 2012, and summarize the Contribution of the scientific
production about the humanization of nursing assistance Performed By. Methodology:
this is an integrative literature review Conducted through the database of the Virtual
Health Library. To Facilitate data collection were used the descriptors: "Humanization of
Assistance", "Nursing" and "the Family Health Program." Thus, the sample consisted of
five publications. Results: the analysis of material Identified two themes: "The art of
nursing as a caring" and "The role of the nurse with the patient in the family health
strategy." Conclusion: it is important to mention That despite the number of studies on
infimi Humanization of nursing assistance PFH, said thematic deserves attention from
Researchers in the area of health in recent years.

Key-Words: Humanization of Assistance. Nursing. Family Health Program.

1 INTRODUÇÃO

A Enfermagem tem se responsabilizado pela “arte” de cuidar, principalmente por


serem esses profissionais os que dedicam a maior parte do seu tempo ao usuário. A
“arte” de cuidar, nesse sentido, está associada ao tocar o corpo com afeto, para
despertar no indivíduo as suas pulsões de vida, além da sensação de segurança,
conforto e afetividade (MACHADO; FIGUEIREDO, 2009).
Supõe-se, também, como um sinônimo de cuidar, imaginar, meditar, ou evitar a
atenção. Representando mais do que um momento de atenção, uma atitude de
preocupação, ocupação, responsabilidade e envolvimento emocional com o cuidado
(DAMAS , MUNARI, SIQUEIRA, 2008). Dentro deste contexto, o(a) enfermeiro(a)
emerge como uma figura central na implementação das políticas de controle e
tratamento dos pacientes, na medida em que atua diretamente no cuidar (SANTOS et
al., 2012).
Conforme os autores, o atendimento desses pacientes inclui metas para avaliar,
consolar, ajudar, incentivar, promover, restaurar, etc. Este cuidado visa curar,
independentemente da sua realização. O cuidado em Enfermagem, outrora, necessita
ser humano, permanente e holístico, abrangendo vários aspectos da vida do paciente.
Assim, deve contribuir para o alívio do sofrimento humano, manter a dignidade do
paciente e proporcionar facilidades para crises de gestão e experiências de vida e de
morte, fugindo de uma abordagem puramente técnica que desvaloriza a dignidade
humana.
No contexto institucional da prática desses profissionais, destaca-se o Programa
de Saúde da Família (PSF). Emergiu com a finalidade de reorganizar o modelo de
atenção para a saúde pública no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS). Iniciada em
1994, esta estratégia esta procurando um uso mais racional dos outros níveis de
cuidados e tem produzido resultados positivos nos indicadores de saúde das
populações e principais serviços de saúde da família, atuando com a promoção da
saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e queixas mais freqüentes, e a
manutenção da saúde desta comunidade (BRASIL, 2008).
Entre seus objetivos, propõe possibilitar um novo tipo de relação entre os
profissionais da equipe multidisciplinar e o usuário; possibilitando um atendimento de
qualidade ao usuário, não limitado ao tratamento de doenças, mas que, sobretudo, se
baseia na promoção da saúde e na percepção desse indivíduo como um ser
biopsicossocial (NERY et al., 2011).
Para os autores citados, a produção do cuidado nestes espaços pressupõe que
no momento do encontro entre usuário e profissional este consiga captar as
necessidades singulares de saúde do usuário, tornando-se imprescindível uma abertura
à escuta qualificada; implica acolher o outro, propiciar espaço para o diálogo, o
estabelecimento de vínculo e de laços de confiança, por meio da escuta e participação
do usuário no planejamento e intervenções das ações realizadas, apropriando-se do
uso de tecnologias em saúde que contribuam para a autonomia do usuário e substitua o
ato mecânico e frio do cuidado.
Por isso a busca pela excelência na prestação de serviços tem se tornado uma
preocupação contínua para os profissionais da área de saúde. Qualidade em saúde
significa alcançar o resultado mais desejado de um processo de intervenções em um
sistema de saúde, atingindo o melhor resultado possível para os usuários e
profissionais, considerando os riscos, benefícios, ganhos e perdas, eficácia e eficiência
dos procedimentos (CORDEIRO et al., 2010).
Nestes cenários, os cuidados prestados pela enfermagem podem acontecer de
duas formas, por meio do toque instrumental (cuidado objetivo) – aquele que requer
contato físico deliberado para que o profissional execute algum procedimento – e do
toque afetivo (cuidado subjetivo) – que é espontâneo e demonstra apoio, conforto e
proximidade com o usuário (MACHADO; FIGUEIREDO, 2009) .
Assim, destaca-se o fazer desse profissional de saúde, pois se baseia na ação
de prestar assistência e participação ativa na vida do usuário, desde prepará-lo para a
consulta, acompanhá-lo no tratamento, até visitá-lo em seu domicílio. Soma-se a isto o
respeito à autonomia e dignidade, contemplando a humanização, indispensável no PSF
(NERY et al., 2011).
Com base no exposto e considerando a relevância da humanização em
saúde, surgiram as seguintes questões norteadoras: como se caracteriza a produção
científica acerca da humanização da assistência de enfermagem no PSF? Quais as
contribuições dos estudas concernentes ao objeto de estudo? Conforme
questionamentos delimitaram-se como objetivos: caracterizar as produções científicas
acerca da humanização da assistência de enfermagem no PSF e sintetizar as
contribuições sobre o objeto investigado.

2 METODOLOGIA

Para o alcance dos objetivos propostos determinou-se como método de pesquisa


a Revisão Integrativa da Literatura, fundamentada na pesquisa exploratória de natureza
quantitativa. Esta modalidade investigativa está respaldada na compreensão
aprofundada de um fenômeno, com base em estudos anteriores, o que permite a
reunião dos dados de distintas modalidades metodológicas e possibilita a expansão das
conclusões (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO, 2008).
Assim sendo, as etapas metodológicas delimitadas foram: identificação do tema
ou questão da pesquisa; realização da amostragem (seleção dos artigos);
categorização dos estudos; definição das informações extraídas das publicações
revisadas; avaliação dos estudos selecionados; interpretação dos resultados e
apresentação dos resultados da pesquisa. (FONSECA, 2008; MENDES, SILVEIRA,
GALVÃO, 2008).
O levantamento do corpo literário foi obtido no site da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), acessados por meio dos descritores controlados (DeSC): Humanização
da Assistência, Enfermagem, Programa Saúde da Família. De posse destes, levantou-
se as produções científicas publicadas na base de dados da Literatura Científica e
Técnica da América Latina e Caribe (LILACS), Scientific Electronic Library Online
(SciELO), National Library of Medicine (MEDLINE) e no Índice Bibliográfico Espanhol de
Ciências de Saúde (IBECS). Ressalta-se que a coleta de dados ocorreu durante os
meses de novembro e dezembro de 2012.
De acordo com os DeSC foram encontrados os seguintes quantitativos de
produções científicas: Humanização da Assistência - 792 artigos, dos quais 516
estavam no formato completo; para Enfermagem foram captados 399.213 artigos,
destes, 20.767 estavam disponíveis em texto completo. Com o descritor Programa
Saúde da Família, surgiram 3.994 artigos, dos quais 1.775 estavam no formato
completo. Como o quantitativo fora representativo, precedeu-se a associação entre os
três DeSC, chegando-se a 11 artigos.
Para refinamento das produções identificadas, foram adotados os seguintes
critérios de inclusão: artigos publicados no período de 2008 a 2012, em português,
inglês e espanhol, os quais contemplassem em seus títulos e/ou resumos aspectos
relativos à humanização da assistência de enfermagem no PSF e estivessem
disponibilizados na íntegra, gratuitamente e online.
Após a leitura criteriosa dos mesmos, contemplando os critérios de inclusão e a
consistência do conteúdo, foram excluídas seis produções, visto que não atenderem
aos critérios previamente estabelecidos. Portanto, a amostra do estudo compõe-se de
cinco artigos, todos os textos completos; três em português, um em inglês e outro em
espanhol, publicados entre 2008 a 2012.
Para compilação dos artigos, objetivando caracterizar as produções científicas
acerca da humanização da assistência de enfermagem no PSF e sintetizar as
contribuições sobre o objeto investigado, contemplaram-se as variáveis: título, base de
dados, ano, período, modalidade de pesquisa, objetivos e conclusão dos estudos.
Assim sendo, os dados obtidos por meio do material compilado (oriundo dos trechos
extraídos das publicações) foram agrupados e dispostos seqüencialmente.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise do material empírico envolvido nesta investigação permitiu caracterizar


as produções cientificas inseridas no estudo, como mostra no Quadro 1.
Quadro 1- Aspectos gerais dos estudos selecionados.
TITULO DO BASES ANO DE MODALIDADE
ARTIGO/AUTORES DE PUBLICAÇÃO/ S DE
DADOS PERIODICO PESQUISA
Detecção da hanseníase e BVS 2012 Artigo original
a humanização do cuidado: IBECS Revista Eletrônica
ações do enfermeiro do Trimestral de
programa de saúde da Enfermagem
família (SANTOS et al.,
2012).
Vivendo do outro lado do BVS 2008 Artigo original
método canguru: a LILACS Revista Eletrônica de
experiência materna Enfermagem
(MARTINS; SANTOS,
2008).
Saúde da família: visão dos BVS 2011 Artigo Original
usuários (NERY et al., LILACS Revista Enfermagem
2011). UFRJ
Representações sociais da BVS 2009 Artigo Original
relação auxiliar de LILACS Revista Gaucha de
enfermagem-usuário no Enfermagem
contexto do Programa
Saúde da Família
(EULÁLIO; SANTOS;
ALBUQUERQUE 2009).
Avaliando a consulta de BVS 2010 Artigo Original
enfermagem em LILACS Online Brazilian
planejamento familiar: Journal of Nursing
estudo descritivo (Online)
(CORDEIRO et. al., 2010).

Por meio da análise dos cinco artigos apresentados no Quadro 1, verificou-se


que todos os estudos foram selecionados a partir de base de dados LILACS e EBECS.
Em relação ao ano de publicação, observou-se que o a quantidade de artigos para cada
ano foi equivalente, sendo os anos de publicação 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, com
20% para cada um deles.
Quanto aos periódicos, destacam-se importantes revistas nacionais, com todas
as publicações em periódicos da enfermagem, o que parece revelar a preocupação de
enfermeiros quanto à cientificidade em seus estudos. A modalidade artigo original
obteve um quantitativo de cinco pesquisas, ou seja, 100% delas.
Nesse sentido, o método de análise da temática possibilitou categorizar,
interpretar e agrupar os dados semelhantes. Desse agrupamento emergiram duas
categorias temáticas centrais, as quais apresentam uma síntese do conhecimento
contemplado na literatura. Ressalta-se que alguns estudos contemplaram ambas as
temáticas.
 Tema 1: A enfermagem como a “arte do cuidar” (Quadro 2);
 Tema 2: O papel da enfermagem junto ao paciente no PSF (Quadro 3).

Quadro 2- Distribuição dos artigos do Tema 1, segundo o título e os objetivos da


publicação selecionadas para o estudo.
TITULO DO ARTIGO OBJETIVOS
Saúde da família: visão dos usuários. Abordar aspectos relacionados ao cuidado
prestado pela equipe de enfermagem ao
paciente.
Vivendo do outro lado do método Realçar a importância dos cuidados de
canguru: a experiência materna enfermagem ao paciente e família.
Representações sociais da relação Discutir a responsabilidade do cuidado da
auxiliar de enfermagem-usuário no enfermagem com relação ao usuário no
contexto do programa saúde da que diz respeito ao afeto, conforto e
família. vinculo.
Detecção da hanseníase e a Refletir sobre o que seria o cuidar em
humanização do cuidado: ações do enfermagem.
enfermeiro do programa de saúde da
família.

Os estudos mencionados no Quadro 2, estão relacionados aos cuidados


prestados pela enfermagem ao paciente, por isso a enfermagem tem se
responsabilizado pela “arte” de cuidar, principalmente por serem esses profissionais os
que dedicam a maior parte do seu tempo ao usuário. A “arte” de cuidar, nesse sentido,
está associada ao tocar o corpo com afeto, para despertar no indivíduo as suas pulsões
de vida, além da sensação de segurança, conforto e afetividade (MACHADO,
FIGUEIREDO, 2009). Supõe, também, como um sinônimo de cuidar seja, imaginar,
meditar, ou evitar a atenção. Representando mais do que um momento de atenção,
uma atitude de preocupação, ocupação, responsabilidade e envolvimento emocional
com o cuidado (SANTOS et al., 2012).
A enfermagem está diretamente vinculada ao cuidado, pois é a profissão que
mais tempo dedica ao paciente, com um contato significativo com este e com seus
familiares. Deste modo, o cuidado deve ser repleto de atenção, com afeto,
preocupação, qualidade e, acima de tudo, com humanização. Neste contexto, Pires;
Rodrigues (2010) destacam que o estabelecimento de uma relação permeada pelo
acolhimento, vínculo e respeito tem o potencial de transformação das práticas de saúde
e pode impulsionar uma nova dinâmica nos serviços de saúde.
O atendimento desses pacientes inclui metas para avaliar, consolar, ajudar,
incentivar, promover, restaurar, etc. Este cuidado visa curar, independentemente da sua
realização. Deve ser um cuidado permanente e holístico, abrangendo vários aspectos
da vida paciente (SANTOS et al., 2012). Os cuidados prestados devem ser realizados
de forma completa, avaliando toda a vida do paciente, não só a patologia que o aflige,
muitas vezes o problema pode ser facilmente resolvido só com atenção e dialogo.
Em termos gerais, os cuidados prestados pela enfermagem podem acontecer de
duas formas, através do toque instrumental (cuidado objetivo) – aquele que requer
contato físico deliberado para que o profissional execute algum procedimento – e do
toque afetivo (cuidado subjetivo) – que é espontâneo e demonstra apoio, conforto e
proximidade com o usuário (EULÁLIO; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2009).
Deve-se utilizar o toque, de uma maneira expressiva e sincera, pois através
desse pode-se transmitir cuidado e apoio a eles e às suas famílias. As características
humanas da assistência – ouvir, dar atenção, envolver-se, tocar e compartilhar – não
podem ser substituídas por tecnologia, elas são essencial para uma boa relação
profissional enfermagem-usuário, influenciando na recuperação do mesmo (EULÁLIO;
SANTOS; ALBUQUERQUE, 2009). O simples fato de estar próximo e demonstrar
preocupação com o estado de saúde do paciente já favorece para melhora da saúde do
mesmo, muitas vezes só a escuta atenciosa, a forma agradável de conversar e tratar o
paciente e seus familiares é a melhor forma de aproximação com o usuário.
Para os autores supracitados, ainda se percebe que o toque também está
associado: ao contato pessoal, sendo o primeiro contato com o usuário; à forma de
acolhimento, considerada essencial por transmitir tranquilidade e carinho; à
humanização, que se configura dentro da proposta do PSF como o bom atendimento
dispensado ao usuário.
A acessibilidade é o primeiro dispositivo da produção do cuidado, considerando
que se constitui no pressuposto para operar a dinâmica dos fluxos assistenciais, no
entanto, essa não se concretiza apenas com a implementação dos dispositivos
organizacionais, mas, principalmente, com a sua vinculação ao processo de trabalho e
à atitude do trabalhador de saúde em relação ao usuário, estabelecida pelo olhar
sensível, o vínculo, articulados à ação interessada, na micro política e no cenário da
produção do cuidado (ANDRADE; FRANCO, 2009). O profissional de enfermagem
primeiramente deve ser criativo para assim poder lidar com os usuários e também com
o próprio sistema no qual se insere, o cuidado deve ser ofertado de maneira
espontânea, agradável e com um olhar humano e igualitário.
Desse modo, o estabelecimento do vínculo e a abordagem dos usuários como
sujeitos que interagem no processo de trabalho das equipes de saúde devem ser
experienciadas pelos membros da equipe com o intuito de promover a melhoria da
qualidade dos serviços ofertados à comunidade e maior efetivação dos direitos dos
usuários (AZEVEDO; BARBOSA, 2007).
Com base no que foi exposto e na leitura dos artigos percebeu-se que os
cuidados prestados pela equipe de enfermagem estão sendo realizado cada vez mais
eficiente e humanizado, tendo em vista a forma de acolher o usuário em seu momento
de entrada na unidade até o momento de retorno para casa.

Quadro 3 - Distribuição dos artigos do Tema II, segundo o título e os objetivos


das publicações selecionadas para estudo
TITULO DO ARTIGO OBJETIVO
Saúde da família: visão dos usuários Identificar o papel da enfermagem no
cuidado ao paciente na estratégia de
saúde da família.
Detecção da hanseníase e a Descrever os cuidados de enfermagem no
humanização do cuidado: ações do programa saúde da família assim como
enfermeiro do programa de saúde da suas responsabilidades com o usuário.
família
Avaliando a consulta de enfermagem Identificar a qualidade do atendimento da
em planejamento familiar: estudo enfermagem no PSF.
descritivo.

No que concerne ao Tema II, explicitado no Quadro 3, A produção do cuidado na


ESF pressupõe-se que no momento do encontro entre usuário e profissional este
consiga captar as necessidades singulares de saúde do usuário, tornando-se
imprescindível uma abertura à escuta qualificada; implica acolher o outro, propiciar
espaço para o diálogo, o estabelecimento de vínculo e de laços de confiança (NERY et
al., 2011). A conquista da confiança e do vínculo com o usuário por parte dos
profissionais de enfermagem deve ser uma das medidas cruciais para o bom
atendimento e desempenho da unidade.
O PSF se consolidou como a estratégia prioritária de abrangência nacional para
reorganização da atenção básica no Brasil. Ao considerar o PSF como uma proposta
de reorientação do cuidado com a saúde, surge o desafio de construir novas bases
para o desenvolvimento de novas práticas, a partir da incorporação do vínculo,
acolhimento e cuidado no contexto de uma atenção humanizada e humanística
(COSTA et al., 2009).
Para os autores, a atenção básica deve ser o contato preferencial dos usuários
com os sistemas de saúde. Destarte, o PSF é visto como a porta de entrada para o
SUS, tendo o propósito de imprimir uma nova dinâmica, definindo responsabilidades
entre os profissionais dos serviços de saúde e a população. Suas ações devem ser
planejadas coletivamente entre estes atores sociais, contribuindo com o
estabelecimento de vínculo e corresponsabilização, de modo que construam formas
adequadas e efetivas das ações de saúde (NERY et al., 2011).
Os autores ainda afirmam que a coexistência de várias portas de entrada no
SUS delineia um cenário em que as pessoas acessam o sistema por onde é mais fácil
ou possível. Nesse contexto, a representação do modelo assistencial no tocante à sua
conformação sobre os fluxos dos usuários por meio de uma pirâmide reafirma a
proposta de regionalização e hierarquização dos serviços de saúde. Tem em sua base
a atenção primária, na parte intermediária os serviços de atenção secundária e no topo
da pirâmide os serviços hospitalares de maior complexidade; com esta configuração, a
rede básica de serviços de saúde não tem conseguido se tornar a porta de entrada
mais importante para o sistema de saúde, sendo que a porta de entrada principal
continua sendo os hospitais, públicos ou privados, mediante seus serviços de
urgência/emergência e dos seus ambulatórios. Os profissionais de enfermagem devem
organizar estratégias, fazendo com que as unidades sejam as portas de entrada no
atendimento básico, fazendo com que os prontos socorro e hospitais não fiquem
superlotados, aumentando assim a qualidade da assistência tanto nas unidades como
nos outros setores de atendimento.
A busca pela excelência na prestação de serviços tem se tornado uma
preocupação contínua para os profissionais da área de saúde. Qualidade em saúde
significa alcançar o resultado mais desejado de um processo de intervenções em um
sistema de saúde, atingindo o melhor resultado possível para os usuários e
profissionais, considerando os riscos, benefícios, ganhos e perdas, eficácia e eficiência
dos procedimentos (CORDEIRO et. al., 2010).
As políticas públicas devem ser estruturadas com base nas necessidades de
saúde da população, a fim de assegurar que o acesso aos serviços de saúde seja
permeado pelo direito de cidadania e a singularidade de cada usuário (ERDMANN et
al., 2008). E a ampliação da acessibilidade à assistência à saúde perpassa pela
garantia do cuidado integral à população, logo, as ações de saúde, em diferentes níveis
de complexidade tecnológica, precisam ser colocadas a serviço dos cidadãos
(OLIVIEIRA; SILVA, 2010). O usuário deve ter acesso de forma fácil e igualitária, sem
muitos obstáculos, pois os mesmos dificultam a conquista do vínculo e a qualidade da
assistência.
A qualidade do atendimento está relacionada, sobretudo, à capacidade do
enfermeiro de colocar o cliente como protagonista da consulta. O acolhimento e
comunicação adequados permitem uma aproximação mais efetiva enfermeiro-cliente,
estabelecendo um relacionamento de confiança, através da escuta, diálogo e respeito
(CORDEIRO et. al., 2010).
O enfermeiro possui o compromisso de resolver as necessidades de saúde da
comunidade, e, assim, evitar que os usuários retornem à unidade de saúde várias
vezes pelo mesmo motivo (SAMPAIO; SANTOS, 2010). O enfermeiro deve lançar mão
de habilidades que concorram para a identificação das necessidades do cliente e
prestação de cuidado integral, contribuindo para a melhoria da qualidade do
atendimento (CORDEIRO et. al., 2010).
De acordo com o Código de Ética do Conselho Federal de Enfermagem do Brasil
(COFEN), Resolução 311/2007, um de seus princípios fundamentais mostra que a
enfermagem é uma profissão de compromisso com a saúde e a qualidade de vida da
família, indivíduo e comunidade, exercendo suas atividades com justiça, compromisso,
igualdade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade.
Os enfermeiros devem estar comprometidos com a atenção dos usuários,
prestação de assistência contínua, que consiste de um conjunto de ações e serviços e
a consulta de enfermagem é uma ferramenta essencial para uma assistência
humanizada aos usuários de saúde, desta forma tem, em princípio, a necessitada de
conhecimento em saúde para propor e programar a assistência de enfermagem
(SANTOS et al., 2012).
A assistência de enfermagem deve ser realizada com enfoque no atendimento
humanizado, com fácil aceso dos usuários as unidades e como comprometimento da
equipe de saúde com o mesmo. A humanização deve fazer parte da filosofia da
enfermagem, tanto nos aspectos físicos, materiais e tecnológicos e para essência
humana. Este último deve levar o pensamento e as ações da equipe de enfermagem,
tornando-se capaz de criticar e construir uma realmente mais perto do ideal (SANTOS
et al., 2012).
O estabelecimento de uma relação permeada pelo acolhimento, vínculo e
respeito tem o potencial de transformação das práticas de saúde e pode impulsionar
uma nova dinâmica nos serviços de saúde (PIRES; RODRIGUES; NASCIMENTO,
2010). Nesse sentido, a acessibilidade dos usuários às unidades de saúde, o
acolhimento, o vínculo com a equipe e a humanização na produção do cuidado são
essenciais para o fortalecimento da ESF (NERY et al., 2011).

4 CONCLUSÃO

O presente estudo possibilitou a caracterização da produção científica acerca da


Humanização da Assistência de Enfermagem no programa Saúde da Família em
artigos online, no período de 2008 a 2012. Constatou-se que esta produção ainda é
incipiente, tendo em vista que, se trata de uma abordagem humanizada em um
programa governamental que ainda é um “adolescente”. Após a realização desta
investigação, verificou-se que a contribuição dessas publicações (mediante a
disseminação do tema “humanização da assistência no PSF”) poderá oferecer aos
usuários do programa maior informação no que diz respeito aos cuidados prestados
pela equipe de enfermagem e a humanização da assistência.
Quanto à quantidade de publicações acerca da Humanização da Assistência de
Enfermagem no Programa Saúde da Família, foram localizadas 11 produções. Por meio
dos critérios de inclusão estabelecidos, chegou-se a cinco estudos, sendo todos usados
na produção. Na base de dados LILACS foram encontrados quatro artigos completos e
no IBECS um artigo. No que concernem as modalidades das publicações inseridas no
estudo, ressalta-se que a maioria é do tipo original. A análise dos artigos possibilitou o
agrupamento em duas temáticas: A enfermagem como a Arte do cuidar e O papel da
enfermagem junto ao paciente na estratégia saúde da família.
Dessa forma, é iminente a necessidade de maior investimento e visibilidade das
pesquisas acerca da temática ora exposta. Cabe aos profissionais de saúde ampliar
seus conhecimentos a fim de que possam contribuir para a prevenção, alivio do
sofrimento e para promoção de um cuidado mais humanizado.
No entanto, percebe-se a necessidade da disseminação do saber como
conhecimento cientifica, desenvolvendo uma educação formal que objetive a
preparação dos profissionais da saúde para lidar com questões vinculadas ao cliente, a
família e a comunidade. Além de capacitar-se e divulgar os resultados das pesquisas
relacionadas à assistência humanizada da enfermagem.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, C. S.; FRANCO, T. B. O trabalho de equipes de saúde da família de


Itabuna e Ilhéus, Bahia. In: FRANCO, T. B.; ANDRADE, C. S.; FERREIRA, V. S. C.
(Orgs). A produção subjetiva do cuidado: cartografias da estratégia saúde da família.
São Paulo: Hucitec; 2009. p. 61-78.

AZEVEDO, J. M. R.; BARBOSA, M. A. Triagem em serviços de saúde: percepções dos


usuários. Rev enferm UERJ., v. 15, p. 33-9, 2007.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resoluções COFEN- 311/2007.


Disponível em: <http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp>. Acesso em: 10 maio
de 2022.

CORDEIRO, M. L.; TELES, L. M. R.; FREITAS, L. V.; LIMA, T. M.; HERCULANO, M. M.


S.; DAMASCENO, A. K. C.. Avaliando a consulta de enfermagem em planejamento
familiar: estudo descritivo. Online brazilian journal of nursing (online), 2010.

COSTA, G. D.; COTTA, R. M. M.; FERRERRA, M. L. S. M.; REIS, J. R.;


FRANCESCHINI, S. C. C.. Saúde da Família: desafios no processo de reorientação do
modelo assistencial. Rer. Bras. Enferm. 2009.

ERDEMANN, A. L.; BACKES, D. S.; KLOCK, P.; KOERICH, M. S.; RODRIGUES, A. C.


R. L.; DRAGO, L. C.. Discutindo o significado de cidadania a partir dos direitos dos
usuários da saúde. Rev enferm UERJ., v. 16, p. 477-81, 2008.
EULÁLIO, M. C.; SANTOS, E. R. F.; ALBUQUERQUE, T. P. Representações sociais da
relação auxiliar de enfermagem-usuário no contexto do programa saúde da família.
Rev. Gauc. Enfem., 2009.

MACHADO, W. C. A.; FIQUEIREDO, N. M. A..Tocar um impulso de amor para o


cuidado de enfermagem: resgatando uma experiência de ser tocado. Rede entre
amigos, 2003. Disponível em: < http://www.entreamigos.com.br/node/253>. Acesso
em: 15 julho. 2022.

MARTINS, A. J. V. S.; SANTOS, I. M. M.. Vivendo do outro lado do método canguru: a


experiência materna. Rev. Eletr. Enferm., 2008.

NERY, A. A.; CARVALHO, C. G. R.; SANTOS, F. P. A.; NASCIMENTO, M. S.;


RODRIQUES, V. P.. Saúde da família: visão dos usuários. . Rev enferm UERJ., 2011.

OLIVEIRA, D. C.; SILVA, L. L.. O que pensam os usuários sobre a saúde:


representação social do sistema único de saúde. . Rev enferm UERJ., 2010.

PIRES, V. M. M. M.; RODRIQUES, V. P.; NASCIMENTO, M. A. A.. Sentidos da


integralidade do cuidado na saúde da família. . Rev enferm UERJ., 2010.

SAMPAIO, D. M. N.; SANTOS, F. P. A.; NASCIMENTO, M. S.; RODRIQUES, V. P.;


PIRES, V. M. M. M.. Visita domiciliar: atuação do graduando de emferamgem na saúde
da família. Rev. Enferm. At., 2010.

SANTOS, P. N.; ZERBINATO, P. H. M.; MOTA SILVA, A.; RODRIQUES, D. P.;


OLIVEIRA, L. S.; ANTUNES, C. E.; SOUZA, B. A. L.. Detecção da hanseníase e a
humanização do cuidado: ações do enfermeiro do programa de saúde da família. Rev.
Eletr. Enferm., 2012.

Você também pode gostar