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Amanda Fernandes B.

Araújo

Vascularização venosa do encéfalo

As veias do encéfalo geralmente não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas. Drenam para os
seios da dura-máter, de onde o sangue converge paras as veias jugulares internas, as quais recebem praticamente
todo o sangue venoso encefálico. Os seios da dura-máter ligam-se também às veias extracranianas por meio de
pequenas veias emissárias (saem do couro cabeludo e atravessam os ossos do crânio, entra na díploe, parte
esponjosa dos ossos e entra nos vasos profundos, chegando até as meninges) que passam através de pequenos
forames no crânio. As paredes das veias encefálicas são muito finas e praticamente desprovidas de musculatura.
Faltam, assim, os elementos necessários à regulação ativa da circulação venosa. Esta se faz sobretudo sob a ação de
três forças:

1. Aspiração da cavidade torácica: determinada pelas pressões subatmosféricas da cavidade torácica, mais
evidente no início da inspiração;
2. Força da gravidade: o retomo sanguíneo do encéfalo se faz a favor da gravidade, o que toma desnecessária a
existência de válvulas nas veias cerebrais;
3. Pulsação das artérias: a eficácia é aumentada pelo fato de que se faz em uma cavidade fechada. Este fator é
mais eficiente no seio cavernoso, cujo sangue recebe diretamente a força expansiva da carótida interna, que o
atravessa.

O leito venoso do encéfalo é muito maior que o arterial; consequentemente, a circulação venosa é muito mais lenta. A
pressão venosa no encéfalo é muito baixa e varia muito pouco em razão da grande capacidade de distensão das veias
e seios.

As veias do encéfalo se dispõem em dois sistemas que são anatomicamente distintos, mas são unidos por várias
anastomoses:

• Sistema venoso superficial: constituído por veias que drenam o córtex e a substância branca adjacente,
anastomosam-se amplamente na superfície do cérebro, onde formam grandes troncos venosos, as veias
cerebrais superficiais superiores e inferiores, que desembocam nos seios da dura-máter.
o Veias cerebrais superficiais superiores: provêm da face medial e da metade superior da face
dorsolateral de cada hemisfério, desembocando no seio sagital superior.
o Veias cerebrais superficiais inferiores: provêm da metade interior da face dorsolateral de cada
hemisfério e de sua face inferior, terminando nos seios da base (petroso superior e cavernoso) e no
seio transverso. A principal veia superficial inferior é a veia cerebral média superficial, que percorre o
sulco lateral e termina, em geral, no seio cavernoso.
• Sistema venoso profundo: compreende as veias que drenam o sangue de regiões profunda no cérebro, como
o corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. A mais
importante veia deste sistema é a veia cerebral magna ou veia de Galeno, para a qual converge quase todo o
sangue do sistema venoso profundo do cérebro. A veia cerebral magna é um curto tronco venoso ímpar e
mediano, formado pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso,
desembocando no seio reto. Suas paredes muito finas são facilmente rompidas, o que às vezes ocorre em
recém-nascidos como resultado de traumatismos da cabeça durante o parto.

- Veia cerebral magna fica na cisterna quadrigêmea, perto dos colículos superiores, abaixo da glândula pineal.
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Meninges

As meninges são membranas conjuntivas que envolvem o SNC, são 3: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A
aracnoide e a pia-máter, que no embrião constituem um só folheto são, por vezes, consideradas como uma formação
única, a leptomeninge, ou meninge fina, distinta da paquimeninge, ou meninge espessa, constituída pela dura-máter.

- DURA-MÁTER: é a meninge mais superficial, é espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em
fibras colágenas, contendo vasos e nervos. A dura-máter do encéfalo difere da dura-máter espinhal por ser formada
por dois folhetos, externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto
externo adere intimamente aos ossos do crânio e comporta-se como periósteo destes ossos. Ao contrário do
periósteo de outras áreas, o folheto externo da dura-máter não tem capacidade osteogênica, o que dificulta a
consolidação de fraturas no crânio e toma impossível a regeneração de perdas ósseas na abóbada craniana. Esta
peculiaridade, entretanto, é vantajosa, pois a formação de um calo ósseo na superfície interna dos ossos do crânio
pode constituir grave fator de irritação do tecido nervoso. Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio,
não existe no encéfalo um espaço epidural, como na medula (na medula tem o espaço epidural ou extradural que é
preenchido por tecido adiposo, plexo venoso e filetes nervosos). Em certos traumas ocorre o descolamento do folheto
externo da dura-máter da face interna do crânio e a formação de hematomas epidurais. A dura-máter, em particular
seu folheto externo, é muito vascularizada. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria
meníngea média, ramo da artéria maxilar interna, atravessa o forame espinhoso, chega na fossa craniana média na
asa do esfenoide (fica entre o crânio e a dura-máter na região do osso temporal, acima do zigomático). A dura-máter,
ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas,
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toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter e nos vasos sanguíneos, responsáveis, assim, pela maioria
das dores de cabeça.

• Pregas da dura-máter do encéfalo: em algumas áreas, o folheto interno se destaca do externo para formar
pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente
o Foice do cérebro: é um septo vertical mediano em forma de foice, que ocupa a fissura longitudinal do
cérebro, separando os dois hemisférios cerebrais.
o Tenda do cerebelo (tentório): projeta-se para a diante como um septo transversal entre os lobos
occipitais e o cerebelo. Separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade
craniana em um compartimento superior, ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A
borda anterior livre da tenda do cerebelo, a incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo (a incisura da
tenda pode, em certas circunstâncias, lesar o mesencéfalo e os nervos troclear e oculomotor, que
nele se originam).
o Foice do cerebelo: pequeno septo vertical mediano situado abaixo da tenda do cerebelo, entre os dois
hemisférios cerebelares.
o Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando
apenas um pequeno orifício para a passagem da
haste hipofisária (dura-máter isola a hipófise dentro
da sela túrcica/diafragma da sela). O diafragma da
sela isola e protege a hipófise, mas dificulta
consideravelmente a cirurgia desta glândula.
o Cava do gânglio trigeminal (de Meckel): pedaço de
dura-máter cobrindo o nervo trigêmeo, separando-o
na fossa craniana média
o Incisura da tenda: dobra da dura-máter e do tentório que forma um espaço onde fica o tronco
encefálico
• Cavidades da dura-máter: os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se, delimitando cavidades.
Uma delas é o cavo trigeminal (de Meckel), ou loja do gânglio trigeminal, que contém o gânglio trigeminal.
Outras cavidades são revestidas de endotélio e contêm sangue, constituindo os seios da dura-máter, que se
dispõem sobretudo ao longo da inserção das pregas da dura-máter.
• Seios da dura-máter: são canais venosos revestidos de endotélio e situados entre os dois folhetos que
compõem a dura-máter encefálica. A maioria dos seios tem secção triangular e suas paredes, embora finas,
são mais rígidas que a das veias e geralmente não se colabam quando seccionadas. Alguns seios apresentam
expansões laterais irregulares, as lacunas sanguíneas, mais frequentes de cada lado do seio sagital superior.
O sangue proveniente das veias do encéfalo e do globo ocular é drenado para os seios da dura-máter e destes
para as veias jugulares internas. Os seios comunicam-se com veias da superfície externa do crânio através de
veias emissárias, que percorrem forames ou canalículos que lhes são próprios, nos ossos do crânio. Os seios
dispõem-se sobretudo ao longo da inserção das pregas da dura-máter, distinguindo-se os seios em relação
com a abóbada e com a base do crânio.

- Nos seios da dura-máter também ocorre a drenagem do liquor. Granulações aracnoides perfuram o folheto profundo
da dura-máter.

Seios da abóboda craniana:

• Seio sagital superior: ímpar e mediano, percorre a margem de inserção da foice do cérebro. Termina
próximo à protuberância occipital interna, na confluência dos seios, formada pela confluência dos seios
sagital superior, reto e occipital e pelo início dos seios transversos esquerdo e direito;
• Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro, terminando no seio reto;
• Seio reto: localiza-se ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe,
em sua extremidade anterior, o seio sagital inferior e a veia cerebral magna, terminando na confluência
dos seios;
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• Seio transverso: é par e dispõe-se de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso
occipital, desde a confluência dos seios até a parte petrosa do osso temporal, onde passa a ser
denominado seio sigmoide;
• Seio sigmoide: em forma de S, é uma continuação do seio transverso até o forame jugular, onde continua
diretamente com a veia jugular interna. Ele drena quase a totalidade do sangue venoso da cavidade
craniana;
• Seio occipital: muito pequeno e irregular, dispõe-se ao longo da margem de inserção da foice do
cerebelo.

Seios da base do crânio:

• Seio cavernoso: um dos mais importantes, é uma cavidade bastante grande e irregular, situada de cada
lado do corpo do esfenoide e da sela túrcica. Recebe o sangue proveniente das veias oftálmica superior e
central da retina, além de algumas veias do cérebro. Drena através dos seios petroso superior e petroso
inferior, além de comunicar-se com o seio cavernoso do lado oposto, através do seio intercavernoso. O
seio cavernoso é atravessado pela artéria carótida interna, pelo nervo abducente e, já próximo à sua
parede lateral, pelos nervos troclear, oculomotor e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo. Estes
elementos são separados do sangue do seio por um revestimento endotelial. Assim, aneurismas da
carótida interna no nível do seio cavernoso comprimem o nervo abducente e, em certos casos, os demais
nervos que atravessam o seio cavernoso, determinando distúrbios muito típicos dos movimentos do globo
ocular. Pode haver perfuração da carótida interna dentro do seio cavernoso, formando-se, assim, um
curto-circuito arteriovenoso (fístula carótido-cavernosa) que determina dilatação e aumento da pressão no
seio cavernoso. Isto faz com que se inverta a circulação nas veias que nele desembocam, como as veias
oftálmicas, resultando em grande protrusão do globo ocular, que pulsa simultaneamente com a carótida
(exoftálmico pulsátil). Infecções superficiais da face (como espinhas do nariz) podem se propagar ao seio
cavernoso, tomando-se, pois, intracranianas, em virtude das comunicações que existem entre as veias
oftálmicas, tributárias do seio cavernoso, e a veia angular, que drena a região nasal;
• Seios intercavernosos: unem dois seios cavernosos, envolvendo a hipófise;
• Seio esfenoparietal: percorre a face interior da pequena asa do esfenoide e desemboca no seio
cavernoso;
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• Seio petroso superior: dispõe-se de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo, na porção
petrosa do osso temporal. Drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmoide, terminando próximo à
continuação deste com a veia jugular interna;
• Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde
termina lançando-se na veia jugular interna;
• Plexo basilar: ímpar, ocupa a porção basilar do occipital. Comunica-se com os seios petroso inferior e
cavernoso, liga-se ao plexo do forame occipital e, através deste, ao plexo venoso vertebral interno

- Seio marginal: em volta do forame magno

- ARACNOIDE: membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço
subdural, contendo pequena quantidade de líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas
membranas. A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebroespinhal,
ou liquor, havendo ampla comunicação entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e da medula. Consideram-se
também como pertencendo à aracnoide as delicadas trabéculas que atravessam o espaço para se ligar à pia-máter, as
trabéculas aracnóideas. Estas trabéculas lembram, em aspecto, uma teia de aranha, donde o nome de aracnoide,
semelhante à aranha.

• Cisternas subaracnóideas: a aracnoide justapõe-se à dura-máter e ambas acompanham apenas


grosseiramente a superfície do encéfalo. A pia-máter, entretanto, adere intimamente a esta superfície, que
acompanha em todos os giros, sulcos e depressões. Desse modo, a distância entre as duas membranas, ou
seja, a profundidade do espaço subaracnóideo é variável, sendo muito pequena no cume dos giros e grande
nas áreas onde parte do encéfalo se afasta da parede craniana. Formam-se assim, nessas áreas, dilatações do
espaço subaracnóideo, as cisternas subaracnóideas, que contêm grande quantidade de liquor.
o Cisterna cerebelo-medular ou magna: ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo, o teto do IV
ventrículo e a face dorsal do bulbo. Contínua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e
liga-se ao IV ventrículo através de sua abertura mediana. A cisterna cerebelo-medular é, de todas, a
maior e mais importante, sendo às vezes utilizada para obtenção de liquor através das punções
suboccipitais, em que a agulha é introduzida entre o occipital e a primeira vértebra cervical;
o Cisterna pontina: situada ventralmente à ponte;
o Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular;
o Cisterna quiasmática: situada adiante do quiasma óptico;
o Cisterna superior (da veia cerebral magna / quadrigeminal): situada dorsalmente ao teto do
mesencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso, a cisterna superior corresponde, pelo
menos em parte, à cisterna ambiens (lateral ao mesencéfalo), termo usado sobretudo pelos clínicos;
o Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada
hemisfério.

- Tem também a cisterna lateral do sulco lateral que vai até ao lobo da insula e a cisterna do corpo caloso.

- Cisterna laminar anterior do hipotálamo é preenchida por artéria; cisterna quadrigêmea (da veia cerebral magna) é
preenchida por veias.
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• Granulações aracnóideas: em alguns pontos a aracnoide forma pequenos tufos que penetram no interior dos
seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnóideas, mais abundantes no seio sagital superior. As
granulações aracnóideas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo, verdadeiros divertículos
deste espaço, nos quais o liquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada
camada da aracnoide. São, pois, estruturas admiravelmente adaptadas à absorção do liquor que, neste ponto,
cai no sangue. Sabe-se hoje que a passagem do liquor através da parede das granulações se faz por meio de
grandes vacúolos, que o transportam de dentro para fora. No adulto e no velho, algumas granulações tornam-
se muito grandes, constituindo os corpos de Pacchioni, que frequentemente se calcificam e podem deixar
impressões na abóbada craniana.

- PIA-MÁTER: é a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos
relevos e depressões acompanha (aracnoide e pia-máter não acompanha os relevos), descendo até o fundo dos
sulcos cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso,
constituindo assim a membrana pio-glial. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, uma vez que o tecido
nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do
espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares. Nestes espaços existem
prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo liquor, que forma um manguito protetor em tomo dos vasos,
muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias ou picos de pressão sobre o tecido circunvizinho. O
fato de as artérias estarem imersas em liquor no espaço subaracnóideo também reduz o efeito da pulsação. Os
espaços perivasculares envolvem os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia
com a adventícia do vaso. As arteríolas que penetram no parênquima são envolvidas até alguns milímetros. As
pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pés-vasculares dos astrócitos do tecido nervoso.

A pia-máter continua quando acaba a medula a nível de L2 como filamento terminal que vai prender no final do sacro.

- Existe ligamentos que prende as meninges umas as outras dentro do canal vertebral, o ligamento denticulado, e
prende dentro do canal vertebral.

- Entre a medula e o final do saco meníngeo fica a cisterna lombar = usada para fazer punção do liquor e é também
onde é feito a anestesia raquidiana.

- Quando a medula acaba tem uma grande quantidade de fibras nervosas – raízes que vão formar o plexo lombar e
sacral = cauda equina

ANESTESIA:

Muito usada para fazer procedimentos da cintura para baixo = faz na cisterna lombar

• Medula acaba em L2 e a aracnoide termina em S2, então entre esses 2 níveis, o espaço subaracnóideo é
maior, contém maior quantidade de liquor e nele se encontram apenas o filamento terminal e a cauda equina,
não havendo perigo de lesão na medula (saco meníngeo / cisterna lombar)

- Anestesias epidurais ou peridurais: são feitas geralmente na região lombar,


introduzindo o anestésico no espaço epidural; geralmente é feito abaixo de L2,
mas pode ser feito um pouco acima também com um cateter que pode subir

- Anestesias raquidianas: o anestésico é introduzido por meio de uma agulha no


espaço subaracnóideo entre L2 e L5; anestésico mistura com o liquor, então o
anestésico tem que ter uma densidade maior que o liquor para ficar retido nessa
região.

*Hematoma entre aracnoide e dura-máter: pode aumentar a PIC (sonolência), encéfalo vai em direção ao forame
magno, pode ocorrer herniação de uncus no tentorio, de tonsila no cerebelo; se comprimir o bulbo pode ser fatal, se
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comprimir o tronco encefálico pode causar diminuição da sensibilidade, perca da consciência, posição descerebrada
ou decorticada.

• Não deixar o paciente dormir para observar a evolução clínica

Liquor e circulação liquórica

O liquor ou líquido cerebroespinhal é um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades
ventriculares. A sua função primordial é de proteção mecânica do SNC, formando um verdadeiro coxim líquido entre
este e o estojo ósseo. Qualquer pressão ou choque que se exerça em um ponto deste coxim líquido, em virtude do
princípio de Pascal, irá se distribuir igualmente a todos os pontos. Desse modo, o liquor constitui um eficiente
mecanismo amortecedor dos choques que frequentemente atingem o SNC. Por outro lado, em virtude da disposição
do espaço subaracnóideo, que envolve todo o SNC, este fica totalmente submerso em líquido e, de acordo com o
princípio de Arquimedes, torna-se muito mais leve e, de 1.500 gramas passa ao peso equivalente a 50 gramas
flutuando no liquor, o que reduz o risco de traumatismos do encéfalo resultantes do contato com os ossos do crânio.

O liquor normal do adulto é límpido e incolor, apresenta de 0 a 4 leucócitos por mm3 e uma pressão de 5 cm a 20 cm
de água, obtida na região lombar com paciente em decúbito lateral. Embora o liquor tenha mais cloretos que o sangue,
a quantidade de proteínas é muito menor do que a existente no plasma. O volume total do liquor é de 100 mL a 150
mL, renovando-se completamente a cada 8 horas (produzido e reabsorvido constantemente). Os plexos corioides
produzem cerca de 500 mL por dia através de filtração seletiva do plasma e da secreção de elementos específicos.

Durante muito tempo acreditou-se que o liquor seria formado somente pelos plexos corioides, estrutura enovelada
formada por dobras de pia-máter, vasos sanguíneos (capilares fenestrados) e células ependimárias (revestem as
cavidades) modificadas. Estudos mais modernos, entretanto, mostraram que o liquor é produzido mesmo na ausência
de plexos corioides, sendo o epêndima das paredes ventriculares responsável por 40% do total do liquor formado.
Acreditou-se também que o liquor resultaria apenas de um processo de filtração do plasma pelos plexos corioides.
Entretanto, sabe-se hoje que ele é ativamente secretado pelo epitélio ependimário, sobretudo dos plexos corioides, e
sua composição é determinada por mecanismos de transporte específicos. Sua formação envolve transporte ativo de
Na+CI-, através das células ependimárias dos plexos corioides, acompanhado de certa quantidade de água, necessária
à manutenção do equilíbrio osmótico. Entende-se, assim, porque a composição do liquor é diferente da do plasma.
Existem plexos corioides nos ventrículos laterais (como inferior e parte central) e no teto do IlI e IV ventrículos (no véu
medular inferior do IV ventrículo). Destes, sem dúvida, os ventrículos laterais contribuem com o maior contingente
liquórico, que passa ao lll ventrículo pelos forames interventriculares e daí ao IV ventrículo através do aqueduto
cerebral. Por meio das aberturas mediana e laterais do IV ventrículo, o liquor formado no interior dos ventrículos
ganha o espaço subaracnóideo, pelos forames laterais e superior do IV ventrículo, sendo reabsorvido, sobretudo
através das granulações aracnóideas que se projetam no interior dos seios da dura-máter (seio sagital superior
principalmente), pelas quais chega à circulação geral sistêmica. Como essas granulações predominam no seio sagital
superior, a circulação do liquor no espaço subaracnóideo se faz de baixo para cima, devendo, pois, atravessar o
espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo. No espaço subaracnóideo da medula, o liquor desce em direção
caudal, mas apenas uma parte volta, pois há reabsorção liquórica nas pequenas granulações aracnóideas existentes
nos prolongamentos da dura-máter que acompanham as raízes dos nervos espinhais. A circulação do liquor é
extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do liquor em uma
extremidade e a sua absorção em outra já são suficientes para causar sua movimentação. Outro fator é a pulsação das
artérias intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão liquórica, possivelmente contribuindo para empurrar o
liquor através das granulações aracnóideas. Além de sua função de proteção mecânica do encéfalo, em tomo do qual
forma um coxim líquido, o liquor tem as seguintes funções:

• Manutenção de um meio químico estável no sistema ventricular, por meio de troca de componentes químicos
com os espaços intersticiais, permanecendo estável a composição química do liquor, mesmo quando ocorrem
grandes alterações na composição química do plasma.
• Excreção de produtos tóxicos do metabolismo das células do tecido nervoso que passam aos espaços
intersticiais de onde são lançados no liquor e deste para o sangue. Pesquisas recentes mostraram que o
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volume dos espaços intersticiais aumenta 60% durante o sono facilitando a eliminação de metabólitos tóxicos
acumulados durante a vigília.
• Veículo de comunicação entre diferentes áreas do SNC. Por exemplo, hormônios produzidos no hipotálamo
são liberados no sangue, mas também no liquor podendo agir sobre regiões distantes do sistema ventricular.
• Função nutritiva
• Função de lubrificação (hidratar o SNC)
• Usado para diagnosticar infecções e demências

- Do IV ventrículo vai para a cisterna cerebelobulbar, no espaço


subaracnoide, onde tem a abertura medial do IV ventrículo (forame de
Magendie). Na lateral do IV ventrículo tem a abertura lateral, o forame
de Lusckka.
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Correlações Anatomoclínicas

- Hidrocefalias: causadas por processos patológicos que interferem na produção circulação e absorção do liquor. Se
caracterizam por aumento da quantidade e da pressão do liquor, levando à dilatação dos ventrículos e compressão do
tecido nervoso de encontro ao estojo ósseo, com consequências muito graves. Por vezes, a hidrocefalia ocorre
durante a vida fetal, geralmente em decorrência de anomalias congênitas do sistema ventricular. Nesses casos, assim
como em lactentes jovens, já que os ossos do crânio ainda não estão soldados, há grande dilatação da cabeça da
criança, o que confere alguma proteção ao encéfalo. No adulto, como o crânio não se expande, a pressão intracraniana
se eleva rapidamente, com compressão das estruturas e sintomas típicos de cefaleia e vômitos, evoluindo para
herniação, coma e óbito, caso não ocorra tratamento de urgência.
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• Hidrocefalias comunicantes: resultam do aumento na produção ou deficiência na absorção do liquor, em
razão de processos patológicos dos plexos corioides ou dos seios da dura-máter e granulações aracnóideas.
o Problema de drenagem; doenças neurodegenerativas (com a diminuição da massa encefálica ocorre
acúmulo de líquor para compensar a perda de neurônio) ou quando retira um pedaço do cérebro,
nesse caso não ocorre aumento da PIC
• Hidrocefalias não comunicantes: são muito mais frequentes e resultam de obstruções no trajeto do liquor, o
que pode ocorrer nos seguintes locais:
o Forame interventricular, provocando dilatação do ventrículo lateral correspondente;
o Aqueduto cerebral, provocando dilatação do IlI ventrículo e dos ventrículos laterais, contrastando com
o IV ventrículo, que permanece com dimensões normais;
o Aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, provocando dilatação de todo o sistema ventricular;
o Incisura da tenda, impedindo a passagem do liquor do compartimento infratentorial para o
supratentorial, provocando também dilatação de todo o sistema ventricular.
Pode ser por tumores; agenesia dos canais de drenagem;

Existem vários procedimentos cirúrgicos visando diminuir a pressão liquórica nas hidrocefalias. Pode-se, por exemplo,
drenar o liquor por meio de um cateter, ligando um dos ventrículos à cavidade peritoneal, nas chamadas derivações
ventrículo-peritoneais.

- Hipertensão craniana: do ponto de vista neurológico, um dos aspectos mais importantes da cavidade crânio-
vertebral e seu revestimento de dura-máter é o fato de ser uma cavidade completamente fechada, que não permite a
expansão de seu conteúdo. Desse modo, o aumento de volume de qualquer componente da cavidade craniana reflete-
-se sobre os demais, levando ao aumento da pressão intracraniana. Tumores, hematomas e outros processos
expansivos intracranianos comprimem não só as estruturas em sua vizinhança imediata, mas todas as estruturas da
cavidade crânio-vertebral, determinando um quadro de hipertensão craniana com sintomas característicos, entre os
quais se sobressai a cefaleia, podendo também ocorrer vômitos. Pode haver também formação de hérnias de tecido
nervoso. Quando se comprimem no pescoço as veias jugulares internas que drenam o sangue do encéfalo, há estase
sanguínea, com aumento da quantidade de sangue nos vasos cerebrais. Isso resulta em imediato aumento da pressão
intracraniana que se reflete na pressão liquórica, o que pode ser detectado medindo-se essa pressão durante uma
punção lombar. O fenômeno é utilizado para verificar se o espaço subaracnóideo da medula está obstruído, o que
obviamente impede o aumento da pressão liquórica abaixo do nível da obstrução. Havendo suspeita de hipertensão
craniana, deve-se fazer sempre um exame de fundo de olho. O nervo óptico é envolvido por um prolongamento do
espaço subaracnóideo, levando à compressão do nervo óptico. Isso causa obliteração da veia central da retina, a qual
passa em seu interior, o que resulta em ingurgitamento das veias da retina, com edema da papila óptica (papiledema).
Essas modificações são facilmente detectadas no exame do fundo de olho, permitindo diagnosticar o quadro da
hipertensão craniana e acompanhar sua evolução.

- Hérnias intracranianas: as pregas da dura-máter dividem a cavidade craniana em compartimentos separados por
septos mais ou menos rígidos. Processos expansivos, como tumores ou hematomas que se desenvolvem em um
deles, aumentam a pressão dentro do compartimento, podendo causar a protrusão de tecido nervoso para o
compartimento vizinho. Formam-se, desse modo, hérnias intracranianas que podem causar sintomatologia grave.
Assim, um tumor em um dos hemisférios cerebrais pode causar hérnias do giro do cíngulo, que se insinua entre a
borda da foice do cérebro e o corpo caloso, fazendo protrusão para o lado oposto. Entretanto, são mais importantes,
pelas graves consequências que acarretam as hérnias do uncus e das tonsilas.

• Hérnias do uncus: um processo expansivo cerebral, determinando aumento de pressão no compartimento


supratentorial. empurra o uncus, que faz protrusão através da incisura da tenda do cerebelo, comprimindo o
mesencéfalo. Inicialmente há compressão do nervo oculomotor na base do pedúnculo cerebral. Ocorre
dilatação da pupila do olho do mesmo lado da lesão com resposta lenta à luz, progredindo para dilatação
completa, desvio lateral do olhar, com paralisia contralateral. A sintomatologia mais característica e mais grave
é a rápida perda da consciência, ou coma profundo por lesão das estruturas mesencefálicas responsáveis pela
ativação do córtex cerebral.
Amanda Fernandes B. Araújo
• Hérnias das tonsilas: um processo na fossa posterior, como um tumor em um dos hemisférios cerebelares,
pode empurrar as tonsilas do cerebelo através do forame magno, produzindo hérnia de tonsila. Nesse caso, há
compressão do bulbo, levando geralmente à morte por lesão dos centros respiratório e vasomotor que nele se
localizam. O quadro pode ocorrer também quando se faz uma punção lombar em pacientes com hipertensão
craniana. Nesse caso, há súbita diminuição da pressão liquórica no espaço subaracnóideo espinhal, causando
a penetração das tonsilas através do forame magno. Não se deve, portanto, na suspeita de hipertensão
intracraniana, realizar uma punção liquórica sem antes realizar o fundo de olho ou exame de imagem, em
razão do risco de herniação do tecido nervoso.

- Hematomas extradurais e subdurais: uma das complicações mais frequentes dos traumatismos cranianos são as
rupturas de vasos que resultam em acúmulo de sangue nas meninges sob a forma de hematomas. Assim, lesões das
artérias meníngeas, ocorrendo durante fraturas de crânio, sobretudo da artéria meníngea média, resultam em acúmulo
de sangue entre a dura-máter e os ossos do crânio, formando-se um hematoma extradural. O hematoma cresce,
separando a dura-máter do osso, e empurra o tecido nervoso para o lado oposto, levando à morte em poucas horas
se o sangue em seu interior não for drenado. Nos hematomas subdurais, o sangramento se dá no espaço subdural,
geralmente em consequência da ruptura de uma veia cerebral no ponto em que ela entra no seio sagital superior. O
sangue acumula-se entre a dura-máter e a aracnoide. São mais frequentes os casos em que o crescimento do
hematoma é lento, e a sintomatologia aparece tardiamente. No caso de hemorragias no espaço subaracnóideo, não se
formam hematomas, uma vez que o sangue se espalha no liquor, podendo ser visualizado em uma punção lombar.
Ocorre nos casos de ruptura de vasos de malformações arteriovenosas ou de aneurismas cerebrais. O quadro clínico
é agudo, com cefaleia muito intensa, podendo ocorrer alteração de consciência.

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