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EPÍSTOLA AOS

HEBREUS

A SUPERIORIDADE DO SACERDÓCIO DE CRISTO E AS


PRÁTICAS DA VIDA CRISTÃ
Objetivos:

 Apresentar a noção geral de suas perspectivas autorias, data, local em que foram escrita, os
seus destinatários, sua aceitação no Canon Neotestamentário os aspectos teológicos;

 Demonstrar os principais temas teológicos existentes na Epístola aos Hebreus;

 Discutir a questão da superioridade do Sacerdócio de Cristo em comparação à instituição


sacerdotal araônica, seus ritos e caracteres.
1 – INTRODUÇÃO

Esta epístola de estilo extremamente belo foi escrita para demonstrar a superioridade de Cristo
acima de todos os que procederam. Os leitores evidentemente corriam o risco de voltar ao
judaísmo em razão da crescente oposição que sofriam como cristãos. Necessitavam de
amadurecimento e de tornar estável sua fé. O autor apresenta a superioridade da pessoa, do
sacerdócio do poder de Cristo.

2 – AUTORIA

Há forte evidencia de que Hebreus foi conhecida especialmente em Roma, desde o século I:
Clemente (96) e o Pastor de Hermas e Justino Mártir (150 d.C) dão pistas a esse respeito.

Originalmente no Ocidente foi rejeitada a autoria paulina, mas depois foi ganhando folego, do
século 4 até a Reforma Protestante pensava-se que Paulo era o seu autor. Tal posição foi rejeitada
por Lutero e Calvino, mas aceita pelos católicos.

Ainda que não haja consenso acerca da autoria da Epístola aos Hebreus, apesar os estudos
desenvolvidos e dos constantes debates teológicos aos quais tiveram inicio entre os pais da igreja
do I século. Por isso, iremos destacar os 4 posicionamentos:
 Baseado em Quinto Sétimo Florêncio Tertuliano, um famoso apologista da Igreja (200 d.C.),
defende que a Epístola aos Hebreus foi escrita por José, codinome Barnabé, “Filho da exortação”
(At 4.36). Esse personagem era um levita oriundo da cidade de Chipre, pertencente aos adeptos
do helenismo na Igreja de Jerusalém e amigo do apostolo Paulo (At 11.25).

 Baseado em Tito Flávio Clemente, um erudito pensador de Alexandria (220 d.C.), defende que
a epístola foi escrita em hebraico pelo apóstolo Paulo e, posteriormente, traduzida para o grego
por Lucas. Essa crença parte do principio que naquele período havia poucos lideres nas igrejas
com cultura suficiente para relatar, com tanta propriedade, características do serviço sacerdotal,
como fez o autor da carta aos hebreus.
 Baseado em Lutero em 1517, defende que essa epístola foi escrita por Apolo, natural da cidade
de Alexandria, e um conhecido personagem de grande importância na Igreja Primitiva,
conhecido por sua eloquência e grande conhecimento das Escrituras (At 18.24), teria escrito o
livro após ter sido discipulado pelos auxiliares de Paulo (At 18.26).

 O ultimo posicionamento aceito por inúmeros biblicistas, defende que a epístola foi escrita por
Priscila, esposa de Áquila, ambos amigos do apostolo Paulo. De acordo com essa teoria, ela
teria sido habilitada pelo apóstolo para a redação da epístola e tido pequeno auxilio de seu
esposo para escrevê-la.
A omissão dela na epístola teria acontecido devido a pequena aceitação, nos tempos da Igreja
Primitiva, das opiniões femininas. Alguns teólogos rejeitam a possibilidade desse texto ter sido
escrito por essa mulher em virtude do registro feito em Hebreus 11.32.

Entretanto, todos esses posicionamentos estão alicerçados em fortes argumentos que justificam
a autoria, mas, há também, em cada um desses, aspectos que colocam em duvida essa autoria.
Orígenes (Séc. III d.C.), portanto, acertou ao afirmar: “Só Deus sabe ao certo quem escreveu a
Epístola”. Contudo, é necessário ressaltar que essa incerteza não retira o valor e a importância da
Epístola para a Igreja do Senhor Jesus.
3 – DATA

Certo é que o autor não escreveu a carta após os anos 70 d. C. porque nesta epístola faz alusão
a apostasia de cristãos. O escritor desta carta também comenta os sacrifícios contínuos que eram
feitos no templo (Hb.10) e é mais uma argumentação provável para a data ser antes de 70 depois
de Cristo.

Se em Hebreus 10.32 – 34 e 12.4 é feita alusão a Nero e Domiciano, a data ficaria em 68 ou 69


d.C., mas a maioria dos comentaristas sobre o assunto acham melhor indicar estes textos como
uma palavra de ânimo aos irmãos que já passavam por perseguições e entendia-se que poderia
piorar a situação. Parece mais provável que foi escrita nos anos 62 – 67 d.C.
4 – LOCAL DA ESCRITA

Há no texto somente uma referência sobre o local onde foi escrita a Epístola aos Hebreus: “Os
da Itália vos saúdam” (Hb 13.24). Portanto, este texto nos dá 2 possibilidades do local da escrita
da Epístola aos Hebreus:

 A possibilidade é a de que a Epístola foi escrita na cidade de Roma para alguma comunidade
de cristãos hebreus que se encontrava fora da Itália e que conhecia os remetentes, razão pelo
qual saúdam.
A possibilidade é a de que Hebreus foi escrita de Roma para a cidade de Jerusalém. Essa
defesa baseia-se na evidencia internas como: o título da Epístola (aos Hebreus) e a referencia
aos sacerdotes levíticos, demonstrando que o autor era conhecedor dos atos ocorridos em
Jerusalém e, portanto, desejava exortar seus leitores sobre a importância da fé em Cristo era
superior as práticas judaizantes. Além disso, o autor relembra as duras perseguições na cidade
de Roma que levaram muitos cristãos à morte (Hb 10.32 – 33).

Diante dessas duas possibilidades, o mais logico é acreditar que a Epístola, escrita na década
de 60 d.C. foi enviada de Roma para a cidade de Jerusalém.
5 – DESTINATÁRIO

Entende-se que o autor estava na Itália, Roma. Um dos argumentos para indicar Paulo como
autor da carta é este texto, porque ficou dois anos em prisão domiciliar na Itália. Essa carta foi
escrita de Roma para judeus cristãos que conheciam os ritos dos hebreus e personagens do
Antigo Testamento, ou seja, pessoas educadas no judaísmo.

6 – PROPÓSITO

A epístola aos Hebreus foi escrita para confortar os cristãos hebreus no meio da perseguição e
para adverti-los contra o abandono do cristianismo e a volta ao Judaísmo, mostrando a
superioridade de Cristo.
7 – PANORAMA DA EPÍSTOLA AOS HEBREUS

I – Introdução – A Palavra Final de Deus – 1.1 – 4

II – O Filho e o Anjos – 1.5 – 2.18

III – Jesus como o Misericordioso e Fiel Sumo Sacerdote – 3.1 – 5.10

IV – Jesus, o Sumo Sacerdote aperfeiçoado na ordem de Melquizedeque – 5.11 – 10.39

V – Fé e Esperança – 11.1 – 12.13

VI – Apelos para um modo de vida que honra a Deus – 12.14 – 13.25


8 – FATOS IMPORTANTES

 Nos primeiros anos do cristianismo, judaísmo e cristianismo não eram considerados duas
religiões separadas, sendo o cristianismo uma extensão do judaísmo.

 Em 64 d.C., após o incêndio de Roma, Nero iniciou um massacre religioso, tendo os cristãos
como alvo. Acredita-se que Nero tenha posto a culpa no incêndio nos cristãos.

 O cristianismo tornou-se uma religião proibida e seus membros passaram a viver


clandestinamente.
 O judaísmo, porém, gozava de liberdade e proteção do Estado judeu, já que eram um sociedade
relativamente Teocrática. Na época que essa carta foi escrita os judeus cristãos se viram tentados
a abrigar-se sob a proteção a religião legal, o judaísmo, a fim de enviar a perseguição que o
cristianismo estava sofrendo.

 Muitos cristãos judeus pensavam assim: ¨já que, em nossa mente, não há diferença apreciável
entre cristianismo e judaísmo, durante este período de perseguição direi que sou judeu;
quando a perseguição acabar voltarei ao cristianismo¨. Por essa razão, o autor de Hebreus diz
que ocultar-se atrás do judaísmo era o mesmo que apostatar.
 O autor exorta seus leitores a não voltar para o judaísmo e mostra a superioridade de Cristo.

9 – A CANOCIDADE DA EPÍSTOLA AOS HEBREUS

O Novo Testamento, semelhantemente ao Antigo Testamento, exigiu que a Igreja estabelece


critérios para reconhecimento da autoridade divina de seus escritos. Nesse processo demorado, os
livros que passara a compor a coletânea Neotestamentaria, mostraram-se revestidos da mesma
autoridade dos do Antigo Testamento.

Diante dessa necessidade, foram estabelecidos os seguintes critérios canônicos para a seleção
dos livros que comporiam o Novo Testamento:
A – O Testemunho do Espirito Santo

Uns dos critérios para a verificação da canonicidade era sua leitura perante as igrejas. Durante
essa leitura, a igreja constava com o auxilio miraculoso do Espirito Santo, que habitava na vida
daqueles que creram, não só para entendimento do texto, mas também para reconhecimento da
autoridade divina ali presente.

B – Apostolicidade

Deus no Antigo Testamento escolheu os profetas para proferir a mensagem divina ao povo. No
Novo Testamento, essa responsabilidade, concedida por Cristo, passou a ser dos apóstolos.
Por isso, um dos critérios usados era verificar se os escritos eram de autoria apostólica. Caso
houvesse duvida sobre a autoria apostólica, com certeza existiria relutância na aceitação do
escrito.

Esse critério de apostolicidade foi importante porque o material escrito circulante dentro da
comunidade eclesiástica deveria ter sido redigido por um dos gigantes do Colégio Apostólico
(Mt 10.1 – 8), ou por alguém que tivesse se relacionado com algum deles. Portanto, ei a razão de
se especular a autoria de hebreus como sendo do apóstolo Paulo.
C – Ortodoxia

O conteúdo escrito (ortodoxia) foi outro critério salutar para que o livro fosse considerado
canônico. O assunto tratado no texto deveria primar pela consonância com padrão doutrinário
(moral, espiritual, social e ético) ensinado por Jesus e pelos apóstolos.

Esses critérios, também chamado de regula fidei, fez com que muitos textos que circulavam
durante os primórdios da Igreja fossem integralmente rejeitados e considerados heréticos por
serem contrários a esse padrão cristocêntrico.
D – A Popularidade ou Catolicidade

Os escritos lidos nas diversas igrejas e comunidades cristãs primitivas, deveriam apresentar
semelhança com os ensinamentos dos apóstolos ou de seus discípulos para serem aceitos como
canônicos.

Esse critério, denominado popularidade ou catolicidade, referente aos escritos


Neotestamentarios, foi de extrema importância porque no fim do Primeiro século e meados do
séc. II d.C., houve uma grande circulação de escritos heréticos que causavam prejuízos
irreparáveis as comunidades cristãs.
Bons Estudos!!!

Prof. Douglas Amaral

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