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Resumo
A Metodologia 5S é uma ferramenta de fácil compreensão que consiste em
cinco sensos (utilização, organização, limpeza, saúde e autodisciplina) que, juntos,
visam melhorar o ambiente de trabalho através da mudança de comportamento das
pessoas, e está presente nos mais diversos setores. No entanto, a aplicação do 5S
na construção civil é especialmente problemática, uma vez que este é um setor cujo
ambiente de trabalho passa por inúmeras transformações e é suscetível a
improvisações, dificultando a completa implementação do Programa. Nesse sentido,
este trabalho visa à investigação, através de questionário aplicado a profissionais
responsáveis por obras em andamento na cidade de Porto Velho, acerca da
presença de conceitos relativos à Metodologia 5S nas atividades diárias da
empresa. Os dados obtidos evidenciam que, apesar dos avanços, o Programa 5S
ainda não é praticado em sua totalidade na construção civil.
Abstract
The 5S Methodology is an easy-to-understand tool consisting of five principles
(sort, set in order, shine, standardize and sustain) that together aim to improve the
work environment by changing people's behavior, and is present in the most diverse
sectors. However, the application of 5S in civil construction is especially problematic,
since this is a sector whose work environment undergoes numerous transformations
and is susceptible to improvisations, making the full implementation of the Program
difficult. In this sense, this paper aims to investigate, through a questionnaire applied
1
Cursando o 4° ano em Técnico em Edificações do Instituto Federal de Rondônia do Campus
Calama. E-mail: natannery76@gmail.com.
2
Graduado em Engenharia Civil na FARO – Faculdade de Rondônia. Especializado em Docência no
Ensino Superior. E-mail: kazuo.kadowaki@ifro.edu.br
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1. INTRODUÇÃO
O conceito de qualidade mais próximo ao que conhecemos atualmente surgiu
após a Revolução Industrial, quando a intensa produção em larga escala demandou
a necessidade de garantir que os produtos finais atendessem os requisitos técnicos
de engenharia e fossem padronizados, possuindo a menor variação possível
(SANTOS, 2007).
Entretanto, esse controle de qualidade abrangia apenas superficialmente a
totalidade dos processos relacionados à fabricação dos produtos, o que repercutia
negativamente junto aos trabalhadores e, consequentemente, aos clientes.
Conforme salienta Ramos (2015), o melhor exemplo dessa ineficiência foi a crise
sofrida pelo sistema fordista de produção na década de 70. Após ter alcançado o
auge, o modelo fordista não consegiu se manter inalterável devido às pressões
sofridas pelos sindicatos, que representavam os trabalhadores que operavam sob
condições extremamente precárias. Desse modo, tornou-se evidente que produzir
rápido e com baixo custo não é o suficiente se a empresa não mantém boas
relações com seus funcionários, tampouco oferece a eles um ambiente de trabalho
minimamente apropriado para o bom desempenho da função.
Foi a partir da percepção das falhas do processo produtivo então vigente que
surgiu o conceito de Qualidade Total. O sistema de Controle da Qualidade Total
(TQC – Total Quality Control) foi formulado na década de 50 por Armand
Feigenbaun, e se fundamenta na abordagem da qualidade desde o início do
desenvolvimento do produto até que o mesmo chegue às mãos do cliente, contando
com o envolvimento de todos os funcionários de todas as hierarquias dentro da
empresa. (MARTINELLI, 2009).
Nesse contexto de restabelecimento de parâmetros foram criadas diversas
ferramentas da qualidade consonantes ao conceito de Qualidade Total, dentre as
quais se destaca a Metodologia ou Programa 5S. O 5S foi concebido por Kaoru
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2. O PROGRAMA 5S
O Programa 5S é constituído por cinco princípios ou sensos, cujos nomes
originais têm origem no japonês e foram adaptados para o português de modo a
manter sua significação:
“Seiri” (Senso de Utilização);
“Seiton” (Senso de Organização);
“Seisou” (Senso de Limpeza);
“Seiketsu” (Senso de Saúde);
“Shitsuke” (Senso de Autodisciplina).
saudáveis. Martins e Laugeni (1998) afirmam que, diferentemente dos três sensos
anteriores, que são executados na prática, este senso deve ser entendido como um
“estado de espírito”. O Senso de Saúde funciona como um termômetro da
implementação da metodologia 5S. Toda mudança parece transformadora de início,
mas se as novas práticas não se tornarem hábitos, o programa não vingará.
3. METODOLOGIA
A primeira fase da pesquisa compreendeu um levantamento bibliográfico
acerca do Programa 5S, bem como suas aplicações à construção civil, para que
assim fosse possível conhecer a fundo a metodologia e identificar quais pontos
deveriam ser levados em consideração na fase seguinte, que consiste na aplicação
de questionário.
De acordo com Parasuraman (1991), um questionário é um conjunto de
questões feito para gerar os dados necessários para atingir os objetivos de um
projeto. Nesse sentido, o questionário realizado para a presente pesquisa foi
composto por perguntas que, individualmente, avaliam a existência, por parte das
empresas construtoras, de práticas que remetem diretamente a cada um dos
sensos. Para cada pergunta era possível responder se a e empresa possui ou não
tais práticas ou, ainda, se as desenvolvem apenas parcialmente.
Ao final, duas questôes verificam se a construtora conhece e aplica a
Metodologia 5S, permitindo analisar se o programa é praticado mesmo sem a
intenção de seguir determinada ferramenta.
A pesquisa abrangeu quatro empresas de construção civil aleatoriamente
escolhidas, todas localizadas na cidade de Porto Velho. O questionário foi
respondido pelos respectivos profissionais responsáveis por cada obra, no caso,
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Cada uma das questões indaga se a empresa possui determinadas práticas
que são previstas por cada um dos sensos. Todas as perguntas do questionário
foram formuladas de maneira a deixar o mais claro possível sobre o que se trata
cada uma das práticas, bem como a sua abrangência dentro do canteiro de obras,
de maneira, inclusive, que o profissional que viesse a responder às perguntas e já
possuísse conhecimento sobre a metodologia reconhecesse de imediato cada um
dos sensos. A seguir, encontram-se o enfoque de cada pergunta e os resultados
obtidos, representados na forma de gráficos.
A primeira questão indagava sobre a prática de tornar o ambiente de trabalho
mais útil, e diz respeito ao Senso de Utilidade:
Sim
Parcialmente
100% Não
Sim
Parcialmente
100% Não
Sim
Parcialmente
100%
Não
Gráfico 3: Respostas à pergunta sobre o “Seisou” (âmbito material). Fonte: Do Autor, 2019
9
25%
Empresa C Sim
Parcialmente
Não
75%
Empresas A, B e D
Gráfico 4: Respostas à pergunta sobre o “Seisou” (âmbito não material). Fonte: Do Autor, 2019
Sim
Parcialmente
100%
Não
Gráfico 5: Respostas à pergunta sobre o “Seiketsu” (âmbito não material). Fonte: Do Autor,
2019
10
Sim
Parcialmente
100% Não
Gráfico 6: Respostas à pergunta sobre o “Seiketsu” (âmbito material). Fonte: Do Autor, 2019
25%
Sim
Empresa B
Parcialmente
Não
75%
Empresas A, C e D
25%
Empresa A Sim
Apenas uma vaga ideia
Não
75%
Empresas B, C e D
25%
Sim
Empresa A
50% Em parte
Empresa C Empresas B e D Não
25%
Por fim, a décima e última pergunta visava averiguar se, caso a empresa
conheça e aplique o Programa 5S, os funcionários foram instruídos ou receberam
qualquer tipo de treinamento acerca do funcionamento dessa metodologia:
12
25% 25%
50%
Gráfico 10: Respostas à pergunta sobre a instrução do 5S. Fonte: Do Autor, 2019
5. CONCLUSÃO
Através da aplicação do questionário, tornou-se evidente que, apesar dos
avanços alcançados pela construção civil no que se refere à busca pela qualidade,
há ainda diversos aspectos passíveis de melhorias. Um animador dado obtido foi
que, mesmo a empresa que desconhecia a Metodologia 5S é praticante dos
preceitos que a compõem, o que torna evidente a eficácia dos cincos sensos.
Entretanto, é importante ressaltar que as informações levantadas junto a essas
construtoras na cidade de Porto Velho referem-se a uma minúscula parcela das
milhares de empresas existentes apenas no Brasil, que dirá no mundo.
Ainda assim, os dados obtidos corroboram com diversos estudos realizados
por inúmeros pesquisadores, alguns dos quais foram citados ao longo deste artigo.
O principal ponto de convergência desses trabalhos é a dificuldade de
implementação do Programa 5S junto aos trabalhadores, fator que retarda
profundamente o avanço da metodologia cujo princípio fundamental é a gestão
participativa e depende diretamente de quão envolvidos estão os funcionários.
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REFERÊNCIAS
CORDEIRO F. Implantação do programa 5S em canteiro de obra. Monografia
(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2013.
OSADA, T. 5S’s: seiri, seiton, seiso, seiketsu, shitsuke. São Paulo: IMAM, 1992.
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