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XLIV ENCONTRO
Evento on-line - 14 a DA ANPAD
16 de outubro - EnANPAD
de 2020 - 2177-2576 versão2020
online
Evento on-line - 14 a 16 de outubro de 2020
2177-2576 versão online
Autoria
Elisabeth de Oliveira Vendramin - elisabeth.vendramin@ufms.br
Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis - PPGCC/ESAN/UFMS/UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul
Resumo
O objetivo do presente estudo é verificar qual é o panorama da produção dos casos de ensino
na área de negócios, apresentados no congresso EnANPAD no período de 2007 a 2019. Para
atingir o objetivo proposto, foi realizado um levantamento bibliométrico dos casos de ensino
publicados nos anais do evento EnANPAD entre os anos 2007 e 2019, totalizando um total
de 243 analisados. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, quantitativo e
descritiva. Os dados foram tratados por meio da realização de uma análise de conteúdo
acerca das principais características atribuídas aos casos de ensino, conforme aponta a
literatura sobre o tema. Como principais achados, destaca-se a predominância de
personagens do sexo masculino nos casos utilizados. Além disso observa-se uma
predominância de casos baseados em empresas reais e nas áreas de estratégia, marketing e
empreendedorismo.
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RESUMO
O objetivo do presente estudo é verificar qual é o panorama da produção dos casos de ensino
na área de negócios, apresentados no congresso EnANPAD no período de 2007 a 2019. Para
atingir o objetivo proposto, foi realizado um levantamento bibliométrico dos casos de ensino
publicados nos anais do evento EnANPAD entre os anos 2007 e 2019, totalizando um total de
243 analisados. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, quantitativo e descritiva. Os
dados foram tratados por meio da realização de uma análise de conteúdo acerca das principais
características atribuídas aos casos de ensino, conforme aponta a literatura sobre o tema. Como
principais achados, destaca-se a predominância de personagens do sexo masculino nos casos
utilizados. Além disso observa-se uma predominância de casos baseados em empresas reais e
nas áreas de estratégia, marketing e empreendedorismo.
1. INTRODUÇÃO
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Este artigo está estruturado em 5 seções. Além desta introdução, a seção 2 apresenta o
referencial teórico que discute primeiramente o que é um caso de ensino e como ele se encaixa
no contexto do ensino nos cursos da área de negócios. A seção 3 detalha os procedimentos
metodológicos que foram utilizados para o levantamento e análise dos dados coletados. Esses
dados são apresentados e analisados na seção 4. Por fim, a seção 5 apresenta as reflexões finais
provenientes do processo de análise entre a teoria estudada e os dados apresentados.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O caso de ensino é uma ferramenta utilizada pelo docente quando o mesmo opta por
aplicar o método de ensino chamado Método do Caso - também conhecido por método do
estudo de caso, estudo de caso, teaching cases, case studies, case method, entre outros. Esse
método faz parte do rol de metodologias enquadradas como Metodologias Ativas de
Aprendizagem, as quais levam o discente a ser protagonista do seu processo de aprendizagem,
se envolvendo de forma ativa no processo e nas atividades propostas.
Os estudos apontam que o método do caso se originou na Harvard Law School em 1870,
com o objetivo de aproximar teoria e prática das leis estudadas. Essa metodologia proporciona
que o estudante fizesse a análise das situações propostas, à luz das legislações estudadas, e
emitisse seu posicionamento de como decidir tal situação, o que, à época, foi considerado uma
revolução no ensino superior (Garvin, 2003; Menezes, 2009).
Essa proposta se aproxima de tal maneira à realidade dos cursos atuais da área de
negócios, nos quais os estudantes, ao se formarem e exercerem suas atividades profissionais,
são levados diariamente a tomar decisões, a fazer julgamentos mediante as situações. Posto
isso, o método do caso se apresenta como uma metodologia coerente com os objetivos
educacionais dos cursos da área de negócios, como Administração, Contabilidade e Economia,
tendo em vista, principalmente, o recorrente incentivo ao uso de Metodologias Ativas de
Aprendizagem no cenário atual (Vendramin, 2018).
O incentivo e a disseminação no uso do método do caso, vem acompanhado do incentivo
a elaboração dos casos de ensino para serem utilizados nos mais diversos temas. De acordo com
Garvin (2003), o programa interdisciplinar da Harvard University, chamado Visiting Professors
Case Method, fundado em 1960 pela Ford Foundation, já recebeu mais de 200 professores de
escolas de negócios ao redor do mundo. Esses professores participam de um curso que busca
disseminar o uso dessa metodologia, bem como ensinar os aspectos que envolvem a elaboração
de casos de ensino. Dessa forma, os professores que fazem o curso, se tornam multiplicadores
do uso dos casos de ensino pelo mundo, sempre adaptando o uso para cada disciplina e
atendendo aos objetivos educacionais traçados.
Dentre as muitas correntes científicas que defendem o uso das Metodologias Ativas de
Aprendizagem, das quais demonstramos que os casos de ensino fazem parte, a Teoria da
Aprendizagem Significativa ganha destaque, ao afirmar que uma das premissas para que a
aprendizagem ocorra de forma significativa, o estudante tem que escolher aprender de forma
significativa. Em linhas gerais, isso pode ser interpretado como a escolha do estudante por se
envolver ativamente no processo ensino-aprendizagem, e o uso de Metodologias Ativas
incentiva que o estudante tenha esse comportamento mais ativo (Vendramin e Araujo, 2020).
Conforme Ikeda, Veludo-de-Oliveira & Campomar (2005, p.142) definem o objetivo
do método do caso como sendo o de “levar os estudantes a refletirem sobre situações
apresentadas no caso”. Assim, o produto final de um estudante que Aprende de forma
Significativa, por meio de Metodologias Ativas e com bons Casos de Ensino, entre outros, é
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um profissional, acima de tudo reflexivo, conforme orienta a Lei de Diretrizes e Bases em seu
artigo 43, como sendo uma das finalidades da educação superior (Brasil, 1996).
Para Cesar (2005), um caso para ser usado para fins didáticos, deve permitir a conexão
entre aspectos teóricos e aspectos práticos que envolvem a situação que se apresenta no caso.
Essa proximidade leva o estudante a se envolver com a resolução da solução apresentada.
Quando se fala em casos de ensino na área de negócios, é desejável que os casos sejam
elaborados preferencialmente com base em situações reais, empresas reais, protagonistas reais.
Essa proximidade com a realidade, torna o objeto de estudo mais interessante para o aluno,
especificamente se os casos forem de empresas conhecidas pelos alunos, multinacionais ou
regionais, mas que de alguma forma, façam parte do dia-a-dia dos estudantes.
Segundo Hammond (2002), a bagagem de conhecimento e experiências que cada aluno
traz para a sala de aula no momento de resolver o caso é fundamental. O aluno terá que
identificar o problema central do caso, fazer a análise e propor soluções. Isso é um fator que
desenvolve habilidades analíticas, tendo em vista que o estudante deverá formar uma linha de
pensamento, com fundamentação sólida, para defender a sua solução para o caso.
O ponto de partida para elaborar um bom caso de ensino é pensar em quais são os
objetivos educacionais que se pretende alcançar. Assim, conhecer de aspectos pedagógicos do
curso em questão é fundamental para a elaboração do caso de ensino. É importante refletir sobre
o que eu quero ensinar? (Chimenti, 2020).
Salientamos que é desafiador construir um caso de ensino. Vários artigos abordam a
temática "como elaborar casos de ensino", também é possível participar de diversos cursos e
treinamentos com tal finalidade. A redação de um caso de ensino é algo desafiador, pois exige
o uso de uma linguagem um pouco menos formal, mais atrativa, que envolva o leitor (Alberton
e Silva, 2018).
Para Alberton & Silva (2018), um bom caso de ensino se divide em 2 seções. A primeira
apresenta o caso em si, o dilema, a contextualização, o protagonista. E a segunda trata das notas
de ensino, que é o fio condutor da aula na qual o professor irá trabalhar o caso.
Chimenti (2020) apresenta que a seção 1 deve ser formada por três elementos
fundamentais: i) Dilema; ii) Protagonista; e iii) Dados. O dilema deve ser impactante, sem
apresentar soluções óbvias, preferencialmente deve retratar situações reais, mesmo que nomes
fictícios sejam usados para manter alguma confidencialidade que seja desejada. Para que o autor
consiga construir um bom dilema, é necessário que ele conheça muito bem o caso, por isso é
fundamental que se façam entrevistas, pesquisas, estudos de campo, entre outros, para que o
autor do caso de ensino esteja munido do maior número de informações possíveis.
No que se refere ao protagonista, sugere-se que seja uma pessoa real, que viveu o dilema
apresentado. O ideal é pensar o protagonista como aquela pessoa na qual os alunos vão se
colocar no lugar no momento de apresentar as soluções para o caso. Com relação aos dados, é
importante que o caso de ensino traga uma contextualização, o cenário no qual a situação
aconteceu, entretanto, para que o aluno possa tomar decisões sobre as possíveis soluções, é ideal
que ele tenha o mínimo de dados necessários. Porém, é importante que que tais dados não sejam
tão óbvios a ponto de sugerir a solução. O autor do caso de ensino deve levar em consideração
que a realidade é complexa e caótica.
Sobre os elementos que devem compor a nota de ensino, Austin (1993) como citado em
Chimenti (2020) sugere que devem conter cinco elementos: i) Sinopse sobre o que é o caso
apresentado; ii) Posicionamento do caso; iii) Objetivos de aprendizado, para que podemos
utilizar o caso de ensino; iv) Análise, o que será ensinado; v) Processo de ensino, o passo a
passo de como será ensinado.
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3. METODOLOGIA
Ao total foram coletados 249 casos, contudo, seis foram publicados na forma de
resumos, assim foram excluídos da amostra. A Figura 1 apresenta a distribuição dos casos
publicados de acordo com o ano de publicação.
Observamos dessa maneira uma média de 19 casos publicados por ano. Destacamos os
anos de 2009 e 2011 por apresentarem dados relativamente bem abaixo da média do período.
Da mesma maneira destacamos os anos de 2007, 2016 e 2017 por apresentarem um número
relativamente acima da média do período.
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Como destacam Chimenti (2020) e Roberts (2012) para aumentar a eficácia pedagógica
do caso é importante a presença de uma personagem protagonista. Assim, a Figura 3 apresenta
a proporção de casos que apresentam pelo menos uma personagem protagonista.
Observamos assim que a maioria dos casos (170) apresentam uma personagem
protagonista. Como destaca Roberts (2012) a eficácia pedagógica do caso é aumentada caso o
estudante se identifique com o protagonista, dessa maneira o ideal é que os casos apresentem
personagens de ambos os sexos. Nesse sentido a Figura 4 apresenta a distribuição do sexo dos
protagonistas do caso.
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Observamos dessa maneira que a maioria dos casos foca em dilemas organizacionais
enquanto apenas 8,64% dos casos foca em dilemas do indivíduo. Especificamente nas áreas e
teorias que embasam esses dilemas a Tabela 2 apresenta as principais. Observamos na Tabela
2 a predominância da área estratégia (25%) seguida de marketing (15%). É importante ressaltar
que o mesmo caso poderia classificado em duas áreas de conhecimento.
Tabela 2
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Áreas desenvolvidas
Área Frequência %
Estratégia 98 25,13%
Marketing 58 14,87%
Empreendedorismo 36 9,23%
Recursos Humanos 32 8,21%
Outros 27 6,92%
Finanças 25 6,41%
Administração Internacional 20 5,13%
Contabilidade 14 3,59%
Cultura Organizacional 13 3,33%
Administração Pública 12 3,08%
Administração da produção 11 2,82%
Administração Geral 9 2,31%
Sustentabilidade 9 2,31%
Comportamento Organizacional 7 1,79%
Inovação 5 1,28%
Ética 4 1,03%
Logística 4 1,03%
Economia Solidária 3 0,77%
Sistemas de Informações 3 0,77%
TOTAL 390 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
Ainda na elaboração dos casos a literatura destaca a importância das notas de ensino
para outros docentes possam aplicar o caso desenvolvido. Dessa maneira pode-se esperar um
equilíbrio no espaço dedicado ao caso e às notas de ensino. Contudo, conforme observamos na
Tabela 3 a média de páginas de um caso é maior que a média das notas de ensino.
Tabela 3
Páginas por caso e notas de ensino
Quantidade de páginas do caso Quantidade de páginas das notas de ensino
Média 7,72314 Média 5,342975
Mediana 7 Mediana 5
Modo 7 Modo 4
Desvio padrão 2,588236 Desvio padrão 2,488591
Mínimo 2 Mínimo 0
Máximo 16 Máximo 13
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
Outro aspecto relacionado à qualidade dos casos é a qualidade das próprias notas de
ensino. Dos 243 casos analisados, a maioria (234 casos) sugere nas notas e ensino um conjunto
de perguntas a serem feitas/trabalhadas com os estudantes. É importante também que nas notas
de ensino esteja explícito qual o público alvo daquele caso, sendo os dados do presente trabalho
apresentados na Tabela 4.
Tabela 4
Público alvo dos casos
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9394.htm
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Chimenti, P.C.P.S. (2020). Reflexões sobre Casos de Ensino Memoráveis. Revista de
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