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Revista ADM.MADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.

1-15, setembro/dezembro, 2015


Revista do Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial da Universidade
Estácio de Sá – Rio de Janeiro (MADE/UNESA). ISSN: 2237-5139
Conteúdo publicado de acesso livre e irrestrito, sob licença Creative Commons 3.0.
Editores responsáveis: Marco Aurélio Carino Bouzada e Isabel de Sá Affonso da Costa
Organizador do número temático: Marcus Brauer Gomes (MADE/UNESA)

Atuando como diretor: A Construção de Documentários como Técnica de


Ensino-Aprendizagem

Sidinei Rocha de Oliveira 1


Sandra Regina de Holanda Mariano 2
Rafael Cuba-Mancebo 3

Artigo recebido em 15/04/2016 e aprovado em 20/05/2016. Artigo avaliado em double blind review.
1 Doutor em Administração pela Université Pierre Mendès-France - Grenoble 2 em cotutela com a

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Programa de Pós-Graduação em Administração –


PPGA/EA/UFRGS. Rua Washington Luiz, 855 – Porto Alegre – RS – CEP 90.010-460. Email:
sidroliveira@hotmail.com.
2 Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-

Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ).


Professora do Programa de Pós Graduação em Gestão e Empreendedorismo da Universidade Federal
Fluminense (PPGE/UFF). Rua Mario Santos Bragas, s/n. Departamento de Empreendedorismo e Gestão -
7º andar - Sala 706 - Centro . Niterói/RJ . BRASIL. 24020-140. E-mail: sandramariano@id.uff.br
3 Doutorando em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IAG/PUC-Rio).

Professor substituto do Departamento de Empreendedorismo e Gestão da Universidade Federal


Fluminense (STE/UFF). Rua Mario Santos Bragas, s/n. Departamento de Empreendedorismo e Gestão - 7º
andar - Sala 706 - Centro . Niterói/RJ . BRASIL. 24020-140. E-mail: rafaelcuba@id.uff.br.
Sidinei Rocha de Oliveira, Sandra Regina de Holanda Marian e Rafael Cuba-Mancebo 2

Atuando como diretor: A Construção de Documentários como Técnica de Ensino-


Aprendizagem

Este trabalho objetiva apresentar a experiência de elaboração de filmes como recurso didático nas
turmas de Sociologia para os cursos de Administração da Universidade Federal Fluminense e da
Universidade Federa do Rio Grande do Sul. Essa atividade foi incentivada por um duplo objetivo:
primeiro, criar uma forma dinâmica de aprendizado para os alunos por meio da realização dos filmes;
segundo, produzir material sobre o conteúdo da disciplina que pudesse ser compartilhado com
estudantes de outras disciplinas e dos semestres seguintes. Para realização da atividade seguiram-se
as seguintes etapas: 1) divisão dos grupos, distribuição dos temas e recursos a serem consultados,
orientações sobre o trabalho e cronograma; 2) pré-produção: estudo dos materiais para elaboração
do vídeo; 3) elaboração do roteiro, que foi orientado pelo professor; 4) realização dos vídeos; 5)
apresentação do processo de construção e do resultado do trabalho; 6) avaliação do vídeo e da
disciplina pelos alunos e pelo professor; 7) divulgação dos vídeos como recursos educacionais
abertos. Como resultado principal destaca-se a relação entre professor e alunos num universo novo,
abrindo espaço para aprendizado mútuo, além de servir de estímulo aos alunos para aprofundar o
conteúdo da disciplina e para o professor como uma forma instigante de acompanhamento e de
avaliação dos alunos.

Palavras-chave: Vídeos; Produção de Vídeos; Recursos Educacionais Abertos .

Keywords: Videos; Video Production; Open Educational Resources.

Acting as a director: the construction of documentaries as a technique of a


teaching/learning

This paper aims to present the film development experience as a teaching resource in the classes of
Sociology for Administration of the Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. This activity was encouraged by a twofold objective: first, create a dynamic form of
learning for students through the realization of films; second, producing material on the content of
the discipline that could be shared with students from other disciplines and semesters. To carry out
the activity, the following steps were followed: 1) division of the groups, distribution of themes and
resources to be consulted, and guidelines about the work and the schedule; 2) Pre-production: study
of materials for the preparation of the video; 3) script development, which was guided by the teacher;
4) Making of videos; 5) Presentation of the construction process and the result of the work; 6)
Assessment of the video and the discipline by the students and teacher; 7) Dissemination of videos as
open educational resources. As the main result of the experience it can be highlighted the
relationship between teacher and students in a new universe, opening up space for mutual learning,
and also to serve as a stimulus for students to deepen the content of the course and as for the
teacher, an exciting way to monitor and evaluate students.

Introdução

O desenvolvimento de novos recursos tecnológicos e a popularização do acesso a


conteúdo on-line, na maior parte gratuito - tais como livros didáticos, artigos, blogs, vídeos,
jogos e simulações - têm modificado as formas de aprendizado. Esses recursos permitem

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que os alunos assumam postura ativa de aprendizado, tanto na realização de tarefas ligadas
a conteúdo pré-existente, quando na criação de novos materiais.

O curso de Administração, por ser constituído por disciplinas de diferentes áreas,


torna-se particularmente atraente para a utilização de novas tecnologias em sala de aula. O
apoio desses recursos didáticos seria uma forma de estimular as capacidades de aprender a
aprender, de aprender a fazer, de aprender a ser e de aprender a viver junto, conforme
preconizado pelo relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI,
conhecido como Relatório DELORS (DELORS, 1998).

As diretrizes do curso de graduação em Administração definem que o futuro


administrador deve possuir

capacitação e aptidão para compreender as questões científicas, técnicas,


sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados
níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como para
desenvolver gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilação
de novas informações e apresentando flexibilidade intelectual e
adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou
emergentes, nos vários segmentos do campo de atuação do administrador.
(MEC, Resolução CNE/CES 4/2005, artigo 3º).

Para isso, a organização curricular deve privilegiar conteúdos que “revelem inter-
relações com a realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e
contextualizada de sua aplicabilidade no âmbito das organizações e do meio através da
utilização de tecnologias inovadoras” (MEC, Resolução CNE/CES 4/2005, artigo 3º). Esses
conteúdos são estruturados em três categorias: básicos, de formação profissional, e de
estudos quantitativos e suas tecnologias.

A disciplina de Sociologia, parte obrigatória da formação básica, aborda as ideias de


sociólogos ocidentais clássicos – Marx, Weber e Durkheim – para a discussão de temas como
controle, poder, cultura, trabalho, processo e organização do trabalho. Um dos desafios
centrais dos docentes autores do presente artigo, que ministram a disciplina a cada
semestre há mais de cinco anos, tem sido encontrar métodos estimulantes que tragam os
alunos para o contexto da disciplina, levando-os a se apropriarem dos conceitos e a
utilizarem esses conhecimentos em seu cotidiano profissional.

Como a disciplina de Sociologia apresenta extenso conteúdo teórico, os alunos


sentem dificuldades de assimilar a disciplina com a prática da Administração. Isso faz com
que seja necessário buscar novas ferramentas para auxiliar na relação entre a teoria e sua
aplicação. Nesse sentido, o trabalho com filmes conecta a prática e a teoria, assim como leva
ao aluno o desafio de construir a partir de suas percepções e das teorias estudadas essa
conexão.

O presente trabalho objetiva apresentar a experiência de elaboração de filmes como


recurso didático nas disciplinas de Sociologia do curso de Administração da Universidade

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Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa
iniciativa foi incentivada por um duplo objetivo: primeiro, criar uma forma dinâmica de
aprendizado para os alunos por meio da realização dos filmes; segundo, produzir material
sobre o conteúdo da disciplina que pudesse ser compartilhado com estudantes de outras
disciplinas e dos semestres seguintes.

A seguir é apresentada a base teórica do trabalho, que busca apresentar o uso das
novas tecnologias como recursos para estimular a aprendizagem e o crescimento dos
recursos educacionais abertos, como forma de construção compartilhada de conhecimento.
Depois, é descrito como foi realizada cada etapa da atividade, articulando com a teoria sobre
produção de vídeos e com sua contribuição para o aprendizado. Por fim, é feita uma
avaliação da atividade, indicando caminhos para a utilização dessa forma de recurso.

Novas Tecnologias como Recursos Educacionais: os filmes na sala de aula

Embora as novas tecnologias sempre estivessem presentes no ensino de gestão, nos


últimos tempos nota-se aumento tanto no avanço tecnológico que lança novos softwares e
aplicativos que podem ser utilizados como recursos didáticos, quanto na ampliação da
experimentação e do uso delas em sala de aula. Processadores melhores, downloads mais
rápidos, melhor qualidade de imagem e redução do custo de computadores e de telas
contribuíram para a possibilidade de utilizar vídeo e áudio em tempo real. Dessa forma, sites
como o iTunes U, YouTube, e Academic Earth estão se tornando repositórios globais para
compartilhamento de material didático

Os avanços na tecnologia possibilitam duas grandes mudanças para o ensino de


gestão. Em primeiro lugar, a tecnologia reduz a aprendizagem passiva, quando o aluno
apenas assiste ao conteúdo apresentado pelo professor. Em segundo lugar, permite a
construção de uma aprendizagem ativa tanto presencial quanto virtualmente, permitindo
que os alunos ampliem sua participação como atores do processo (ROLLAG; BILLSBERRY,
2012).

Assim, muitos professores têm utilizado diferentes recursos para aprofundar o


conteúdo, criando novas técnicas de ensino: Schultz e Quin (2013) apresentam uma
proposta de aprendizagem por meio da produção de vídeos pelos estudantes, ressaltando
como esta prática contribui para o aprendizado de técnicas de resolução de problemas, de
experiências diretas de produção de material e de interação e colaboração em grupos.
Watson e Sutton (2012) analisam o estudo do método do caso quando aplicado on-line,
comparando tecnologias de comunicação síncronas e assíncronas. Krom (2012) analisa o uso
do FarmVille para estimular a aprendizagem ativa no curso de contabilidade gerencial.

No contexto de novas práticas de ensino-aprendizagem, o uso de filmes tem sido


recorrente para ampliar a discussão de conteúdos (BILLSBERRY, GILBERT, 2008; BUMPUS,
2005, MALLINGER; ROSSY, 2003; CHAMPOUX, 1999). Segundo Champoux (1999), os filmes
podem ser usados como estudos de caso, como exercícios vivenciais e ou como metáforas
de gestão, explorando aspectos simbólicos; também são muito úteis em abordagens

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historiográficas. Os filmes são recurso rico para estudar a cultura, pois permitem vários
níveis de comunicação (MALLINGER; ROSSLY, 2003).

Já a produção de filmes como recurso pedagógico ainda é pouco explorada, como


ressaltam Schultz e Quin (2013). Segundo esses autores, a produção de material visual pelos
alunos é uma estratégia de ensino-aprendizagem que permite resultado duplo: primeiro, o
aprofundamento dos conceitos pelos alunos que realizam o filme; segundo, a utilização do
material como recurso didático para as turmas posteriores. No entanto, apesar do rico
processo de ensino-aprendizagem, é importante que uma série de elementos sejam
observados, tais como encaminhamento da escolha do tema, elaboração do roteiro,
processo de aprendizado da utilização dos recursos de gravação e de edição, e formas de
apresentação e de divulgação.

Os vídeos têm sido utilizados como recurso para estudo como meio de síntese de
matérias em cursos, em vídeo-aulas, e em filmes comerciais vinculados a conteúdos. No
entanto, a elaboração de vídeos ainda é pouco empregada como recurso de ensino (FRIEND;
MILITELLO, 2015). Na área de Educação, a elaboração de vídeos tem sido utilizada para
estimular a reflexão sobre a prática de ensino, buscando novas formas de compreender a
aprendizagem dos estudantes (RICH; HANNAFIN, 2009; SANTAGATA; ANGELICI, 2010).

No entanto, segundo Fried e Militello (2015), o emprego segue enfocado em projetos


individuais ou suplementares, e normalmente destinado à elaboração de resumos do
material. Em outras áreas de conhecimento – por exemplo, Arqueologia e História - o vídeo
tem ganhado mais espaço, sendo utilizado como fonte de documentação, de análise e de
divulgação. Já em outros campos, como a Educação, ainda não ganhou reconhecimento
como recurso didático e de pesquisa.

Para Friend e Militello (2015), a produção de vídeos permite a combinação de várias


tecnologias levando à transformação da prática profissional através da colaboração e da
reflexão. Esses autores citam como exemplo a Universidade de Michigan, que utiliza
ferramentas Web 2.0 e vídeo digital em inglês no seu programa de preparação de
professores. Nesse programa, os candidatos são desafiados a postar clips de vídeo sobre
tópicos de ensino quatro vezes durante a experiência de estágio. O instrutor e demais
colegas analisam os vídeos e discutem em grupos on line dentro da plataforma. Essa prática
permite, aos jovens professores, entender e melhorar a dinâmica de interações em sala de
aula por meio de diversos contextos, em vez de centrar-se num único contexto escolar
(JUZWIK el at, 2012).

A elaboração e a análise de vídeos permitem envolver as diversas vozes - de alunos,


de professores, de administradores, de professores e de membros da comunidade - na
construção e na realização de métodos de ensino e de pesquisa mais democráticos.
Resultados de pesquisa e vídeos didáticos oriundos de atividades de formação podem ser
apresentados como clips ou como aulas curtas na internet, em canais como YouTube, Vimeo
ou pelo site da instituição de ensino. Podem ser incorporadas em cursos de ensino superior
ou em aulas de desenvolvimento profissional, como suporte para estudo autônomo,

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servindo como base para a formação de novos cursos por meio da integração de Recursos
Educacionais Abertos (REA) (ARMSTRONG; CURRAN, 2006).

A produção de vídeo como um método pedagógico aumenta as oportunidades de


aprendizagem dos estudantes. Ao se envolverem na elaboração de um vídeo, os alunos
aprendem mais sobre si mesmos, desenvolvem habilidades de liderança e trabalho em
equipe. Também ampliam o conhecimento de elementos técnicos relacionados com a
produção. Após a produção o compartilhamento de vídeos contribui também para
aproximar diferentes turmas, favorecendo uma ligação para além do grupo que está em sala
de aula permitindo impacto contínuo e mais profundo sobre a sua aprendizagem (FRIEND;
MILITELLO, 2015).

A produção de vídeos permite, aos discentes, que sua forma de trabalho e sua visão
do mundo sejam compartilhadas a partir da divulgação dos materiais produzidos por eles.
Dessa forma, levam a uma visão ampliada do aprendizado, compreendendo as
circunstâncias que afetam sua formação (FRIEND; MILITELLO, 2015).

O encaminhamento de atividades que envolvem a produção de vídeos inclui


dimensões tecnológicas e pedagógicas. No que se refere aos aspectos técnicos, é preciso
aprender tecnologia de vídeo, tais como mecanismos básicos de captura e de edição de
vídeo e de áudio, elaboração de roteiros, processo de edição e a utilização de plataformas on
line. Esse processo pode ser trabalhado pelo professor em sala de aula ou apresentado como
mais um dos desafios do trabalho em grupo, estimulando os alunos a buscarem o
conhecimento autonomamente e valorizando o trabalho do grupo. Com os recursos hoje
disponíveis, um vídeo pode ser filmado e editado inteiramente em um iPad ou com telefone
celular e computador, recursos de que grande parte dos alunos dispõem ou que podem
fazer parte do material da escola para estimular essa forma de trabalho (FRIEND; MILITELLO,
2015).

A utilização de vídeos possibilita que os estudantes criem sua própria narrativa de


aprendizado. O professor não assume totalmente a responsabilidade sobre o processo de
ensino-aprendizagem; os alunos buscam encontrar sua própria voz, sua forma de ver os
conteúdos e deaprender. Isso pode instigar outros estudantes a buscar novas formas de
estudo e aprendizado, bem como a formar redes de aprendizado que transcendam o espaço
da sala de aula. Além disso, na realização de vídeos, os estudantes precisam usar as
habilidades de pensamento de ordem superior em atividades – por exemplo, a síntese de
horas de vídeo e de áudio em um formato mais curto, ou a construção dos significados do
conteúdo por meio da elaboração de um roteiro prévio (FRIEND; MILITELLO, 2015).

Embora se amplie a participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, o


professor segue como ator importante no processo de elaboração dos vídeos. Cabe a ele
fornecer orientações sobre os projetos, reforçando seus objetivos, envolver e estimular os
alunos no trabalho, além de acompanhar a realização identificando pontos críticos e
sinalizando possibilidades de correção.

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A produção de vídeos disponíveis na internet e de acesso público envolve


preocupações éticas e legais. Assim, é fundamental a assinatura de termos de
consentimento por aqueles que mostram sua imagem, que dão entrevistas, ou que
representam personagens. Também deve se observar o conteúdo que será elaborado, e seu
possível impacto em caso de ampla divulgação; isso assegurará que o trabalho foi construído
com base em fontes sérias e evitará ao máximo possíveis erros sobre o assunto que se está
trabalhando (MALLINGER; ROSSY, 2003).

A produção de vídeo fornece aos professores um novo espaço de criação de


ferramentas de aprendizagem para apoiar o desenvolvimento dos estudantes. Tecnologia de
vídeo é também veículo para a prática reflexiva e para a aprendizagem centrada no aluno,
por meio de projetos tais como narração digital (WILLOX et al, 2013). A estrutura de
aprendizado na produção de vídeo não é estática ou padronizada. Esta forma de estudo traz
consigo relações complexas operando dentro de diversos ambientes-ecológico em explorar
maneiras de infundir tecnologias avançadas dentro de pedagogia.

Recursos Educacionais Abertos

O termo Recursos Educacionais Abertos (REA) foi criado em 2002 no Forum on the
Impact of Opencourseware for Higher Education in Developing Countries, e se refere à
“disponibilização de recursos educacionais, possibilitada pelas tecnologias da informação e
da comunicação, para consulta, uso, e adaptação pela comunidade de usuários com
propósitos não comerciais” (UNESCO, 2002, p. 24).

Ou seja, remete a todo conteúdo educacional disponível de forma livre, podendo ser
ele vídeos, textos, imagens, apresentações, livros. As tecnologias digitais permitem a
disponibilização desses recursos pela Internet, o que potencializa a capacidade de
compartilhamento desses materiais que são disponibilizados com licença aberta, Creative
Commons, e permite que esses materiais sejam editados, compartilhados e ou distribuídos
(D'ANTONI, 2012).

Ainda de acordo com o documento supracitado, a definição de REA deve considerar


quatro elementos: 1) a visão para o serviço: acesso aberto ao recurso, possibilitando a
adaptação; 2) o método: a partir das tecnologias da informação e comunicação; 3) o público-
alvo: comunidade diversificada de usuários; e 4) o objetivo: prover um recurso educacional
não comercial.

Com 13 anos desde a reunião que cunhou o termo, o movimento REA se estabeleceu
em diversas instituições de diferentes países, envolvendo pesquisadores na busca pela
disseminação e pela criação de conteúdos que democratizam o acesso ao conhecimento e
que promovem ações para que novas iniciativas sejam constantemente criadas.

A publicação é um dos meios mais importantes para divulgação de conhecimento.


Com a Internet, uma rede que se destaca por ser igualitária e não discriminatória nas trocas
de informações e não ter um controle centralizado a despeito das limitações, ampliam-se as

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facilidades de publicação. Com maiores facilidade e acesso, a publicação permite ampliar os


processos de criação e o reuso de conhecimentos. Assim, a geração de conteúdos abertos
representa uma estratégia potencial e interessante, particularmente para países em
desenvolvimento, para disseminação de conhecimento e estímulo ao aprendizado
autônomo (MANTOVANI et. al., 2006).

Nessa perspectiva, criar e divulgar conteúdos educacionais, pensados por estudantes


e orientados por professores, permite que se coloque, à disposição da comunidade
acadêmica e da sociedade, um novo olhar sobre disciplinas e informações que sempre foram
tradicionalmente apresentadas aos que tiveram acesso à universidade.

Da teoria à ação: a construção de vídeos

Como o presente trabalho volta-se para a apresentação de uma técnica de ensino-


aprendizagem, não é dado foco à descrição do processo de pesquisa, uma vez que essa não
é sua finalidade. No método, busca-se evidenciar o processo de realização da atividade de
ensino-aprendizagem, seguindo a estrutura de artigos dessa modalidade apresentados no
Journal of Management Education.

Contexto da atividade

O trabalho de produção de vídeos foi realizado nas turmas da disciplina Sociologia,


ministrada para estudantes do curso de graduação em Administração da UFF e da UFRGS. As
turmas tinham entre 40 e 45 alunos. A disciplina situa-se no segundo semestre do curso de
Administração, e seus núcleos e respectivos conteúdos principais encontram-se no Quadro
1.

Quadro 1 – Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Rio Grande


do Sul (UFRGS) - Núcleos e Respectivos Conteúdos Principais da Disciplina de Sociologia
Núcleo Conteúdos Principais

1. Surgimento da sociologia e da administração como áreas


A sociologia e os clássicos de conhecimento
2.Clássicos da sociologia (Marx, Weber, Durkheim e
Toqueville)
1. Estratificação Social
2. Socialização e cultura
Indivíduo organização e 3. Cultura e cultura organizacional
sociedade 4. Controle na organização
5. Poder (perspectiva simétrica e assimétrica)
6. Grupos nas organizações
1. A constituição do trabalho na sociedade moderna.
Sociologia do trabalho 2. Processo e Organização do Trabalho
3. Taylorismo e Fordismo
4. Novas formas de organização do trabalho (Toyotismo,

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Volvismo, Redes de Empresas)


5. Participação nas organizações
6. Flexibilização do trabalho e suas formas
Pensamento Social Brasileiro 1. Sergio Buarque de Hollanda
2. Caio Prado Junior
Fonte: Elaboração própria.

A maior parte dos conteúdos é trabalhado nas duas disciplinas, com exceção do
último item, Pensamento Social Brasileiro, que é exclusivo do curso da Universidade Federal
Fluminense. A disciplina de Sociologia tinha avaliações individuais (provas e análises de
filmes e de reportagens) e coletivas (realização de vídeos).
Para a realização da atividade, tomou-se por base Schultz e Quinn (2013) e Friend e
Militello (2015). Houve algumas diferenças na forma de condução em cada uma das
instituições, fato que enriquece ainda mais experiência, por mostrar como o recurso de
produção de vídeo pode ser trabalhado de diferentes maneiras.

A)Preparação

Os alunos foram divididos em grupos de cinco ou seis integrantes.


Na UFRGS, os estudantes escolheram o conteúdo da disciplina que seria foco do
desenvolvimento do vídeo. Também tinham liberdade no formato de vídeo a ser elaborado,
que poderia ser documentário, filme ou outro formato. As restrições se aplicavam à duração
(entre 5 e 12 minutos) e à utilização de material audiovisual já existente (máximo de 30%) –
no segundo caso, em virtude da legislação sobre direitos autorais e para estimular a
produção de material pelos próprios grupos.
Na UFF foram sorteados livros relacionados com os conteúdos, sendo solicitado que
os estudantes produzissem documentários que sintetizassem os conteúdos apresentados.
Não havia limitação de material audiovisual a ser utilizado, mas foi alertado aos alunos para
atentarem à legislação existente. Cada vídeo poderia ter até 10 minutos.

B) Pré-produção

Para que os trabalhos pudessem ter o arcabouço teórico necessário, os alunos


deveriam ler os textos provenientes de artigos e de livros relacionados com o conteúdo, e
elaborar um roteiro a ser apresentado para os professores. Na UFF, a leitura foi centrada nos
livros sorteados. Na UFRGS, o material de apoio foram os textos trabalhados durante o
semestre, sendo estimulado que os alunos buscassem outras fontes para complementar o
conteúdo.

C) Elaboração do roteiro

Após a leitura dos textos, cada grupo elaborou roteiro indicando a estrutura do vídeo
que seria desenvolvido. Professor, monitores e alunos debatiam sobre a proposta,
apontando possíveis dificuldades e pontos que precisariam ser observados, principalmente

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se envolvesse pessoas de fora do grupo.


Na elaboração de documentários, foi alertado para a busca de imagens e de vídeos
que já fossem Recursos Educacionais Abertos. Também foram detalhadas etapas de
elaboração dos vídeos, fases de edição e de gravação, busca por material audiovisual, e a
atenção necessária para o cronograma de execução das atividades.
Na UFF foram trabalhados alguns aspectos para o licenciamento dos vídeos com
Creative Commons, permitindo que o grupo definisse se o material poderia ser reproduzido,
copiado, editado ou remixado.

D) Elaboração do vídeo

Aprovado o roteiro, cada grupo deveria seguir para a etapa de produção, utilizando
conteúdos abertos na Internet dentro do limite permitido e gravações próprias. Para essa
etapa foi dado prazo de três semanas para os alunos, sendo que, durante uma semana, o
tempo da atividade presencial foi liberado para que pudessem trabalhar exclusivamente na
produção do vídeo.

Nessa etapa surgiram alguns problemas, tanto de ordem técnica quanto no trabalho
dos grupos. Os problemas de ordem técnica referiram-se a dificuldades com edição, seja no
domínio do processo, seja para sintetizar o conteúdo dentro dos limites de tempo
estabelecidos. As divergências nos grupos ocorreram em virtude de eventuais faltas de
comprometimento de alunos para realização do trabalho, atrasos na entrega de material e
desistência da disciplina, entre outros. Nesses casos, foi necessário acompanhamento do
professor para encaminhar a solução das eventuais dificuldades.

E) Apresentação dos vídeos

Nas duas últimas aulas do semestre, os vídeos foram apresentados e avaliados pelos
colegas e pelo professor. Na apresentação, cada grupo deveria fazer breve relato sobre o
processo de elaboração do vídeo, da ideia inicial até sua conclusão, situando as principais
intenções de conteúdo. Também se estimulou que os alunos abordassem as principais
dificuldades encontradas no processo de elaboração, e como tais problemas foram
resolvidos, com o objetivo de que todos os alunos pudessem também aprender com o
processo de construção do vídeo dos colegas. O Quadro 2 apresenta os temas desenvolvidos
e os endereços eletrônicos de alguns respectivos vídeos realizados para a atividade.

Quadro 2 – Temas e Endereços Eletrônicos de Respectivos Vídeos Produzidos


Tema Endereços Eletrônicos dos Vídeos
1808 e a Formação da Sociedade
http://youtu.be/LzxzFu0-O8U
Brasileira
A classe média brasileira http://youtu.be/fa-CC1Z9o7g
A Urbanização Brasileira http://youtu.be/H9Ya3YUvp9s
Formação do Brasil Contemporâneo http://youtu.be/csjpLO_LXg8

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Estratificação https://www.youtube.com/watch?v=Jmh_m2zu-5U
Flexibilização do Trabalho https://www.youtube.com/watch?v=P9T1k80mWpk
Taylorismo e Fordismo https://www.youtube.com/watch?v=yQ8-2ajvmag
Tribos Urbanas (Grupos) https://www.youtube.com/watch?v=kYKOBotNN_4
Nova classe média https://www.youtube.com/watch?v=kJf3IMgT85s

Nova classe média https://www.youtube.com/watch?v=_0Tlp-MYR9c

Fonte: Elaboração própria.

F) Avaliação dos vídeos

A etapa de avaliação foi bastante diferente nas duas instituições. Na UFF ela foi
realizada pelo professor e pelos alunos, que receberam um questionário antes do início de
cada apresentação, em escala Likert variando de 1 a 5, de “Concordo totalmente” até
“Discordo totalmente”. O instrumento avaliava a qualidade da imagem e do som, a relação
clara do conteúdo do vídeo com a disciplina, e a clareza das ideias apresentadas. As médias
alcançadas foram altas, evidenciando a satisfação dos alunos com o resultado da atividade.

Na UFRGS a avaliação foi qualitativa, com os alunos preenchendo um roteiro com


questões abertas avaliando o vídeo segundo os três critérios: a) qualidade de som e de
imagem, b) criatividade na forma de apresentação do vídeo, e c) relação do vídeo com o
conteúdo estudado. De modo geral, as avaliações foram positivas, principalmente no que se
refere à criatividade, pois os vídeos seguiram temas e abordagens bastante distintos, o que
colaborou para prender a atenção dos alunos no momento da apresentação. Entre as
principais sugestões para aprimoramento da prática foi destacado que, no encaminhamento
da elaboração do vídeo, fosse dado mais ênfase na preparação técnica, se possível com uma
aula com profissional que daria orientações, ou com distribuição de materiais que, enquanto
tutoriais, auxiliassem no trabalho de gravação e de edição.

Também foi solicitado que os alunos relatassem como a técnica contribuiu para sua
aprendizagem e os principais desafios. Como dificuldades, relataram a necessidade de
aprender a lidar com tecnologias com as quais não estavam habituados, e ter de desenvolver
um trabalho “verdadeiramente” em equipe, uma vez que era necessário reunir todo o grupo
para as filmagens e a ausência ou pouca participação de um integrante acabava
comprometendo o trabalho de todo o grupo.

Como aprendizado foi ressaltado que, apesar de ser uma atividade que demandou
muito mais tempo e atenção do que os trabalhos que normalmente realizam, foi possível se
envolver mais com o conteúdo. Isso porque precisaram ler e reler textos para elaborar o
roteiro, compreender a fundo conceitos para poder transpô-los para o vídeo, e buscar
formas interessantes de apresentar o conteúdo.

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G) Construção de REA e divulgação

Com o propósito de juntar todas as apresentações e criar um ambiente de acesso


durante a disciplina e futuramente, foi criado um canal no Youtube chamado Sociologia UFF,
onde ficam disponíveis os vídeos. O processo de divulgação se insere em um contexto ainda
mais amplo, onde os conteúdos criados são disponibilizados para as próximas turmas e
também para todos os interessados que pesquisarem os temas abordados.

Nesse sentido, esses conteúdos se caracterizam como Recursos Educacionais Abertos


(REA), e se alinham ao processo de aproximação dos estudantes com os conteúdos e da
universidade com a sociedade. O canal possui mais de 600 acessos e é parte da proposta de
democratização do conhecimento, defendido pelo movimento REA e pelos pesquisadores
envolvidos no trabalho.

Os vídeos têm sido utilizados nas turmas seguintes como forma de compartilhar o
conhecimento construído pelos colegas, de instigar novas produções e de incentivar a
divulgação dos resultados do trabalho pelos alunos, por meio do compartilhamento em
redes sociais e da utilização dos conceitos em disciplinas posteriores, como forma de
interligar os conteúdos trabalhados no decorrer do curso.

Principais resultados e considerações

A realização dessa atividade permitiu intenso aprendizado para professores e alunos.


Os trabalhos foram bem avaliados, tendo, como ponto crítico, aspectos relacionados à
qualidade do som e da imagem. Como principal ponto positivo merece destaque a
apropriação adequada dos conceitos e a forma criativa com que o conteúdo foi apresentado
nos vídeos, mostrando o ponto de vista dos alunos sobre os temas estudados.

A preocupação com os recursos e as técnicas de elaboração são pontos críticos


ressaltados por Schultz e Quinn (2013) no processo de construção de vídeos. Para reduzir os
possíveis problemas decorrentes, os autores sugerem oficinas para que os alunos aprendam
a utilizar recursos de gravação e de edição.

O acompanhamento das atividades se mostrou uma fase essencial para o resultado


alcançado. Assegurou o andamento e o cumprimento de prazos para a apresentação, e a
qualidade mínima desejada para o som e para a imagem. Aqui foi evidenciada a importância
do trabalho do professor no processo, que, assim como a utilização de filmes, requer que o
propósito do trabalho e o reforço da atividade como meio de ensino-aprendizagem sejam
potencializados no processo (BUMPUS, 2005; CHAMPOUX, 1999). Esse trabalho num
universo novo abre espaço para aprendizado mútuo, servindo de estímulo aos alunos para
aprofundar o conteúdo da disciplina, e para o professor como uma forma instigante de
acompanhamento e de avaliação dos alunos.

O trabalho auxiliou na compreensão do conteúdo da disciplina e na produção de


recursos para as próximas turmas, que poderão ter acesso ao material na Internet. Com esse

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recurso, foi possível ir além do universo de informações tradicionalmente usadas em sala de


aula, e foi mostrado aos alunos como observar e experimentar um novo mundo de
representações, onde as possibilidades foram muito mais ricas.

Destaca-se, também, que o trabalho com os vídeos não pode ser separado dos
objetivos da disciplina. A aprendizagem por observação é diferente do processo de
aprendizagem por memorização, porque os observadores aprendem sequências de ações
ligadas ao comportamento e ao contexto em que os personagens estão inseridos. Então, a
disponibilidade desses materiais será muito importante para futuras atividades, sempre
alinhadas ao objetivo da disciplina.

Como ressaltado por Friend e Militello (2015), ao lançarem-se no desafio da


elaboração dos filmes, os alunos desenvolvem várias competências, como a autonomia no
aprendizado, a construção de narrativas a partir do conteúdo estudado, e o trabalho em
equipe. Para elaborar os vídeos, foi necessário voltar aos textos diversas vezes, apropriando-
se dos conceitos para poder transpô-los para a linguagem visual. Dessa forma, os alunos
buscaram diferentes formas de compreensão do material estudado, reforçando o
aprendizado.

Na elaboração dos vídeos há grande espaço para a apresentação de uma nova


perspectiva sobre o conteúdo, permitindo que os alunos explorem diferentes narrativas,
inovando na forma de aprender e de estudar. Pela natureza diversa das atividades realizadas
- leituras, roteiro, filmagens, atuação, edição - é requerida intensa atividade de todos os que
participam do grupo, reforçando a liderança e o trabalho em equipe no decorrer das tarefas
para produzir o vídeo.

O presente trabalho é inicial e não tem a pretensão de esgotar o tema. Ao contrário,


trata- se de um primeiro esforço de registro e de apresentação de uma técnica de ensino-
aprendizado intensamente baseada em novas tecnologias, que permite maior autonomia
aos alunos. Esse recurso vem crescendo na literatura internacional, mas ainda é pouco
divulgado no Brasil. Espera-se que oa presente trabalhopesquisa instigue outros professores
a divulgarem suas atividades que envolvam a produção de vídeos e a utilização de recursos
educacionais abertos, a fim de fortalecer o crescimento do aprendizado compartilhado.

Por fim, merece destaque que diferentes recursos tecnológicos podem ser utilizados
para estimular a aprendizagem em gestão, sendo relevante a apresentação destas
experiências para maior popularização dessas práticas. Além disso, essa ferramenta de
aplicação e de auxílio na aprendizagem do aluno contribuiu com a produção de materiais
feitos com a linguagem deles, podendo servir como recurso para a disciplina no futuro com
outras turmas e como um recurso educacional aberto para toda a sociedade.

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