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Artigo recebido em 15/04/2016 e aprovado em 20/05/2016. Artigo avaliado em double blind review.
1 Doutor em Administração pela Université Pierre Mendès-France - Grenoble 2 em cotutela com a
Este trabalho objetiva apresentar a experiência de elaboração de filmes como recurso didático nas
turmas de Sociologia para os cursos de Administração da Universidade Federal Fluminense e da
Universidade Federa do Rio Grande do Sul. Essa atividade foi incentivada por um duplo objetivo:
primeiro, criar uma forma dinâmica de aprendizado para os alunos por meio da realização dos filmes;
segundo, produzir material sobre o conteúdo da disciplina que pudesse ser compartilhado com
estudantes de outras disciplinas e dos semestres seguintes. Para realização da atividade seguiram-se
as seguintes etapas: 1) divisão dos grupos, distribuição dos temas e recursos a serem consultados,
orientações sobre o trabalho e cronograma; 2) pré-produção: estudo dos materiais para elaboração
do vídeo; 3) elaboração do roteiro, que foi orientado pelo professor; 4) realização dos vídeos; 5)
apresentação do processo de construção e do resultado do trabalho; 6) avaliação do vídeo e da
disciplina pelos alunos e pelo professor; 7) divulgação dos vídeos como recursos educacionais
abertos. Como resultado principal destaca-se a relação entre professor e alunos num universo novo,
abrindo espaço para aprendizado mútuo, além de servir de estímulo aos alunos para aprofundar o
conteúdo da disciplina e para o professor como uma forma instigante de acompanhamento e de
avaliação dos alunos.
This paper aims to present the film development experience as a teaching resource in the classes of
Sociology for Administration of the Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. This activity was encouraged by a twofold objective: first, create a dynamic form of
learning for students through the realization of films; second, producing material on the content of
the discipline that could be shared with students from other disciplines and semesters. To carry out
the activity, the following steps were followed: 1) division of the groups, distribution of themes and
resources to be consulted, and guidelines about the work and the schedule; 2) Pre-production: study
of materials for the preparation of the video; 3) script development, which was guided by the teacher;
4) Making of videos; 5) Presentation of the construction process and the result of the work; 6)
Assessment of the video and the discipline by the students and teacher; 7) Dissemination of videos as
open educational resources. As the main result of the experience it can be highlighted the
relationship between teacher and students in a new universe, opening up space for mutual learning,
and also to serve as a stimulus for students to deepen the content of the course and as for the
teacher, an exciting way to monitor and evaluate students.
Introdução
Revista ADM.MADE, Rio de Janeiro, ano 15, v.19, n.3, p.1-15, setembro/dezembro, 2015.
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que os alunos assumam postura ativa de aprendizado, tanto na realização de tarefas ligadas
a conteúdo pré-existente, quando na criação de novos materiais.
Para isso, a organização curricular deve privilegiar conteúdos que “revelem inter-
relações com a realidade nacional e internacional, segundo uma perspectiva histórica e
contextualizada de sua aplicabilidade no âmbito das organizações e do meio através da
utilização de tecnologias inovadoras” (MEC, Resolução CNE/CES 4/2005, artigo 3º). Esses
conteúdos são estruturados em três categorias: básicos, de formação profissional, e de
estudos quantitativos e suas tecnologias.
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Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Essa
iniciativa foi incentivada por um duplo objetivo: primeiro, criar uma forma dinâmica de
aprendizado para os alunos por meio da realização dos filmes; segundo, produzir material
sobre o conteúdo da disciplina que pudesse ser compartilhado com estudantes de outras
disciplinas e dos semestres seguintes.
A seguir é apresentada a base teórica do trabalho, que busca apresentar o uso das
novas tecnologias como recursos para estimular a aprendizagem e o crescimento dos
recursos educacionais abertos, como forma de construção compartilhada de conhecimento.
Depois, é descrito como foi realizada cada etapa da atividade, articulando com a teoria sobre
produção de vídeos e com sua contribuição para o aprendizado. Por fim, é feita uma
avaliação da atividade, indicando caminhos para a utilização dessa forma de recurso.
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historiográficas. Os filmes são recurso rico para estudar a cultura, pois permitem vários
níveis de comunicação (MALLINGER; ROSSLY, 2003).
Os vídeos têm sido utilizados como recurso para estudo como meio de síntese de
matérias em cursos, em vídeo-aulas, e em filmes comerciais vinculados a conteúdos. No
entanto, a elaboração de vídeos ainda é pouco empregada como recurso de ensino (FRIEND;
MILITELLO, 2015). Na área de Educação, a elaboração de vídeos tem sido utilizada para
estimular a reflexão sobre a prática de ensino, buscando novas formas de compreender a
aprendizagem dos estudantes (RICH; HANNAFIN, 2009; SANTAGATA; ANGELICI, 2010).
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servindo como base para a formação de novos cursos por meio da integração de Recursos
Educacionais Abertos (REA) (ARMSTRONG; CURRAN, 2006).
A produção de vídeos permite, aos discentes, que sua forma de trabalho e sua visão
do mundo sejam compartilhadas a partir da divulgação dos materiais produzidos por eles.
Dessa forma, levam a uma visão ampliada do aprendizado, compreendendo as
circunstâncias que afetam sua formação (FRIEND; MILITELLO, 2015).
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O termo Recursos Educacionais Abertos (REA) foi criado em 2002 no Forum on the
Impact of Opencourseware for Higher Education in Developing Countries, e se refere à
“disponibilização de recursos educacionais, possibilitada pelas tecnologias da informação e
da comunicação, para consulta, uso, e adaptação pela comunidade de usuários com
propósitos não comerciais” (UNESCO, 2002, p. 24).
Ou seja, remete a todo conteúdo educacional disponível de forma livre, podendo ser
ele vídeos, textos, imagens, apresentações, livros. As tecnologias digitais permitem a
disponibilização desses recursos pela Internet, o que potencializa a capacidade de
compartilhamento desses materiais que são disponibilizados com licença aberta, Creative
Commons, e permite que esses materiais sejam editados, compartilhados e ou distribuídos
(D'ANTONI, 2012).
Com 13 anos desde a reunião que cunhou o termo, o movimento REA se estabeleceu
em diversas instituições de diferentes países, envolvendo pesquisadores na busca pela
disseminação e pela criação de conteúdos que democratizam o acesso ao conhecimento e
que promovem ações para que novas iniciativas sejam constantemente criadas.
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Contexto da atividade
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A maior parte dos conteúdos é trabalhado nas duas disciplinas, com exceção do
último item, Pensamento Social Brasileiro, que é exclusivo do curso da Universidade Federal
Fluminense. A disciplina de Sociologia tinha avaliações individuais (provas e análises de
filmes e de reportagens) e coletivas (realização de vídeos).
Para a realização da atividade, tomou-se por base Schultz e Quinn (2013) e Friend e
Militello (2015). Houve algumas diferenças na forma de condução em cada uma das
instituições, fato que enriquece ainda mais experiência, por mostrar como o recurso de
produção de vídeo pode ser trabalhado de diferentes maneiras.
A)Preparação
B) Pré-produção
C) Elaboração do roteiro
Após a leitura dos textos, cada grupo elaborou roteiro indicando a estrutura do vídeo
que seria desenvolvido. Professor, monitores e alunos debatiam sobre a proposta,
apontando possíveis dificuldades e pontos que precisariam ser observados, principalmente
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D) Elaboração do vídeo
Aprovado o roteiro, cada grupo deveria seguir para a etapa de produção, utilizando
conteúdos abertos na Internet dentro do limite permitido e gravações próprias. Para essa
etapa foi dado prazo de três semanas para os alunos, sendo que, durante uma semana, o
tempo da atividade presencial foi liberado para que pudessem trabalhar exclusivamente na
produção do vídeo.
Nessa etapa surgiram alguns problemas, tanto de ordem técnica quanto no trabalho
dos grupos. Os problemas de ordem técnica referiram-se a dificuldades com edição, seja no
domínio do processo, seja para sintetizar o conteúdo dentro dos limites de tempo
estabelecidos. As divergências nos grupos ocorreram em virtude de eventuais faltas de
comprometimento de alunos para realização do trabalho, atrasos na entrega de material e
desistência da disciplina, entre outros. Nesses casos, foi necessário acompanhamento do
professor para encaminhar a solução das eventuais dificuldades.
Nas duas últimas aulas do semestre, os vídeos foram apresentados e avaliados pelos
colegas e pelo professor. Na apresentação, cada grupo deveria fazer breve relato sobre o
processo de elaboração do vídeo, da ideia inicial até sua conclusão, situando as principais
intenções de conteúdo. Também se estimulou que os alunos abordassem as principais
dificuldades encontradas no processo de elaboração, e como tais problemas foram
resolvidos, com o objetivo de que todos os alunos pudessem também aprender com o
processo de construção do vídeo dos colegas. O Quadro 2 apresenta os temas desenvolvidos
e os endereços eletrônicos de alguns respectivos vídeos realizados para a atividade.
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Estratificação https://www.youtube.com/watch?v=Jmh_m2zu-5U
Flexibilização do Trabalho https://www.youtube.com/watch?v=P9T1k80mWpk
Taylorismo e Fordismo https://www.youtube.com/watch?v=yQ8-2ajvmag
Tribos Urbanas (Grupos) https://www.youtube.com/watch?v=kYKOBotNN_4
Nova classe média https://www.youtube.com/watch?v=kJf3IMgT85s
A etapa de avaliação foi bastante diferente nas duas instituições. Na UFF ela foi
realizada pelo professor e pelos alunos, que receberam um questionário antes do início de
cada apresentação, em escala Likert variando de 1 a 5, de “Concordo totalmente” até
“Discordo totalmente”. O instrumento avaliava a qualidade da imagem e do som, a relação
clara do conteúdo do vídeo com a disciplina, e a clareza das ideias apresentadas. As médias
alcançadas foram altas, evidenciando a satisfação dos alunos com o resultado da atividade.
Também foi solicitado que os alunos relatassem como a técnica contribuiu para sua
aprendizagem e os principais desafios. Como dificuldades, relataram a necessidade de
aprender a lidar com tecnologias com as quais não estavam habituados, e ter de desenvolver
um trabalho “verdadeiramente” em equipe, uma vez que era necessário reunir todo o grupo
para as filmagens e a ausência ou pouca participação de um integrante acabava
comprometendo o trabalho de todo o grupo.
Como aprendizado foi ressaltado que, apesar de ser uma atividade que demandou
muito mais tempo e atenção do que os trabalhos que normalmente realizam, foi possível se
envolver mais com o conteúdo. Isso porque precisaram ler e reler textos para elaborar o
roteiro, compreender a fundo conceitos para poder transpô-los para o vídeo, e buscar
formas interessantes de apresentar o conteúdo.
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Os vídeos têm sido utilizados nas turmas seguintes como forma de compartilhar o
conhecimento construído pelos colegas, de instigar novas produções e de incentivar a
divulgação dos resultados do trabalho pelos alunos, por meio do compartilhamento em
redes sociais e da utilização dos conceitos em disciplinas posteriores, como forma de
interligar os conteúdos trabalhados no decorrer do curso.
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Destaca-se, também, que o trabalho com os vídeos não pode ser separado dos
objetivos da disciplina. A aprendizagem por observação é diferente do processo de
aprendizagem por memorização, porque os observadores aprendem sequências de ações
ligadas ao comportamento e ao contexto em que os personagens estão inseridos. Então, a
disponibilidade desses materiais será muito importante para futuras atividades, sempre
alinhadas ao objetivo da disciplina.
Por fim, merece destaque que diferentes recursos tecnológicos podem ser utilizados
para estimular a aprendizagem em gestão, sendo relevante a apresentação destas
experiências para maior popularização dessas práticas. Além disso, essa ferramenta de
aplicação e de auxílio na aprendizagem do aluno contribuiu com a produção de materiais
feitos com a linguagem deles, podendo servir como recurso para a disciplina no futuro com
outras turmas e como um recurso educacional aberto para toda a sociedade.
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