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10/01/2023 14:53 ESG - Porque sair do empírico e ir ao mensurável - Instituto Brasileiro de Sustentabilidade

ESG – Porque sair do empírico e ir ao mensurável


Luiz Otávio Goi Junior 10/12/2021

Falar sobre temas voltados a sustentabilidade e ESG tem sido uma missão demasiadamente
fácil para todos os tipos de público. Desde a disseminação do termo “Desenvolvimento
Sustentável”, vemos diversos materiais, artigos e notícias, comentando sobre a importância
das medidas que atendam os pilares ambiental, social e econômicos. Poucos anos atrás,
fomos atingidos por mais uma onda chamada de ESG, que também tem diversos tipos de
publicações voltadas a questões ambientais, sociais e de governança corporativa.

A facilidade com a qual podemos entender quais são os pilares da sigla, se assemelha com a
facilidade de sabemos da importância de realizar ações para minimizar nossos impactos e
riscos ao planeta, porém, esta facilidade é um paradoxo quando relacionado a inserção de
métricas para controle e monitoramento desses mesmos temas.

Em pesquisas realizadas pela ABERJE (Associação brasileira de comunicação empresarial),


95% das empresas informaram que entendem que o ESG é importante e se preocupam com a
sua realização, porém em contrapartida, em outra pesquisa conduzida pela XP investimentos,
61% das empresas mencionaram saber pouco ou quase nada sobre as questões relacionadas
ao tema ou como estabelecer essas agendas.

Os números pesquisados demonstram a proporção de interesse por parte das empresas em


tomar atitudes relacionadas ao ESG, porém, a falta de métricas transversais dificultam o seu
entendimento, aumentando assim a complexidade para a saída da inercia em direção a ação.

Para alterar esse quadro, se faz necessário o estabelecimento de meios de medida claros e
que realmente atendam os temas mais importantes para implementação, monitoramento e
controle das agendas:

1. Estabelecer a materialidade: O termo materialidade surgiu no mercado financeiro, sob a


breve descrição de “temas que preocupam o investidor”. Um pouco diferente disso, na
sustentabilidade e ESG, a materialidade é considerada como “Limiar a partir do qual um
tema passa a ser suficientemente expressivo para ser relatado” (GRI, 2015). A partir
dessa prerrogativa da Global Reporting Initiative, podemos entender que a materialidade
é a base para entendermos quais os pontos que devemos considerar importantes para
serem monitorados, controlados e desenvolvidas ações para minimizar seus impactos. O
estabelecimento dessa materialidade deve ser realizado em conjunto com stakeholders e
organização, afim de que todas as partes interessadas realmente possam levantar
informações sobre todos os temas considerados importantes.
 

2. Medição, monitoramento, controle e relato da materialidade: Os temas materiais, para


que sejam realmente monitorados corretamente, precisam seguir alguns critérios básicos
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de referência, a fim de que tenham relevância para os públicos envolvidos com a


atividade da organização e também para servir como tomada de decisão para a alta
administração. Nesse contexto a GRI estabelece princípios básicos para que um tema
material seja devidamente controlado, são eles: comparabilidade (é necessário que a
metodologia de monitoramento do tema seja possível comparar com outros períodos,
outras organizações), Exatidão (as informações utilizadas devem ter o máximo de
precisão possível), Clareza (os temas precisam ser claros e de pleno entendimento de
todas as partes interessadas) e confiabilidade (esses temas precisam ser informados de
forma confiável, com uma avaliação de terceira parte, por exemplo).
 

3. Métricas: Estabelecidos os temas materiais e as bases de monitoramento e relato, as


métricas devem ser estabelecidas através de metas para os temas conhecidas como
SMART (Específica, mensurável, atingível, relevante e temporal). Essas métricas devem
ser consideradas sempre como ferramenta de gestão e servir de base para análise crítica
da alta administração da organização. Um exemplo importante de ser utilizado é uma
empresa que utiliza agua em seu processo produtivo: Essa empresa, tem o consumo de
água como tema material e por isso, precisa estabelecer métricas de controle e
monitoramento para esse fator, onde deve ser especificado conforme abaixo:
 

Compromisso: Reduzir em 50% o consumo de água no processo produtivo até 2035

Fator material: Consumo de recurso natural – água

Medição: Consumo em M³ de água (Trimestre atual x Trimestre anterior)

Redução: Meta de redução do consumo em 4% ao ano (e pequenas medições de 1% a cada 3


meses para monitoramento).

Como vemos nesse exemplo, temos estabelecida uma métrica de medição, controle e gestão
de um tema material através de um compromisso e de metas estabelecidas, onde temos todos
os fatores SMART presentes para controlar e direcionar o atendimento da meta, além de poder
servir como ferramenta de decisão estratégica.

Como vimos, a transição do ESG de uma percepção empírica para uma medida, nos auxilia no
controle de ações e também na confiabilidade das ações perante os stakeholders. Empresas
que utilizam de métricas ESG conforme princípios básicos de relato do GRI, tem maior
confiança do investidor e também oferecem mais transparência de seu interesse pelas
agendas.

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Falar sobre sustentabilidade e ESG pode hoje ser um assunto fácil de falar e difícil de cumprir,
porém, em alguns anos, quando estivermos com uma maturidade de medição dos temas
gerais bem desenvolvida na sociedade como um todo, será muito mais simples para o
investidor entender quem de fato está olhando para seus temas materiais e agindo em direção
do desenvolvimento sustentável.

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