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10/01/2023 14:53 A qualidade das agendas ESG - Instituto Brasileiro de Sustentabilidade

A qualidade das agendas ESG


Luiz Otávio Goi Junior 27/09/2021

Se quisermos avaliar as vantagens das agendas ESG, temos os mais diversos motivos


positivos para passar a implementar dentro das empresas imediatamente. Seja no intuito da
boa imagem com a comunidade, com interesse de atrair investimentos, obter melhores aportes
financeiros ou até mesmo com o objetivo de otimizar a gestão empresarial, essas agendas
oferecem resultados de larga escala e podem servir como divisor de águas para empresas que
 hoje lucram por lucrar se tornarem em empresas que lucram com propósito e
responsabilidade.

A questão mais complicada e que será o grande desafio para a maior parte das empresas
nessa implementação, está voltada às demandas “Ocultas” e não somente às demandas
visíveis, que são hoje as maiores frentes de trabalho no ESG da mídia, como ações de
inclusão social, demandas para frear a mudança climática, medidas para minimizar recursos
nocivos e outras atividades que são notícias no dia a dia.

A atenção que chamo aqui para essas demandas ocultas está relacionada ao fator real de
interesse das agendas ESG, que é de fato obter maturidade dos sistemas de gestão das
empresas, mudando sua visão atual que é de responsabilidade pelo fato da iminência de ser
cobrado, para uma visão futura de responsabilidade por precisar ser feito e nesse tema,
precisamos evoluir em vários pontos, que estão escondidos abaixo do iceberg:

Fig.1: Iceberg do ESG.

https://inbs.com.br/a-qualidade-das-agendas-esg/ 1/2
10/01/2023 14:53 A qualidade das agendas ESG - Instituto Brasileiro de Sustentabilidade

Conforme vemos na imagem, tudo aquilo que está acima da linha visual é representado pelas
questões do ESG que vemos diariamente nos comentários, que seria o plano superficial de
trabalho. Esse plano traz alguns resultados para a empresa, oferece notas para a mídia, porém
não se mantêm sem a estrutura submersa que é o ESG de fato, necessário para a
implementação completa de um programa sólido. Nesses temas, cito dois que devem ser
considerados os menos comentados na nova avalanche ESG e que mais preocupam para o
futuro do investimento sustentável da agenda: Cumprimento de leis e normas e avaliação de
materialidade pelos stakeholders.

Cumprimento de leis e normas: Esse tema é muito importante e todos sabemos que o Brasil é
um dos países com maior numero de normas, regras e legislações em todas as esferas. Todo
esse “Inchaço normativo” não foi criado de graça e sua causa raiz está pautada na
necessidade de fazer cumprir diretrizes não realizadas de forma proativa por parte das
empresas e instituições. É também sabido que existe uma grande dificuldade por parte das
empresas de captar todas as legislações pertinentes e também de conseguir assumir cumprir
todas as demandas, porém muitos pontos da legislação não tem cumprimento pelo simples
fato de custar caro e não ter sido cobrado até então. Esse ponto é no meu entendimento uma
das maiores armadilhas do ESG, principalmente porque no momento em que é questionado,
sua adequação leva tempo, custa caro e existe risco de gerar impacto na mídia, ocasionando
prejuízo ao acionista. Portanto esse é um dos temas que precisa ser estressado internamente
nas empresas com frequência e de forma proativa a fim de evitar uma dor futura.

Avaliação de materialidade pelos stakeholders: A análise de materialidade dos temas materiais


para a empresa já é comum nos relatórios de sustentabilidade e práticas de relato integrado
por parte das empresas, porém uma questão que é importante e impacta diretamente no
caminho das ações em ESG é a correta avaliação dos temas por parte dos stakeholders.
Muitas empresas definem seus temas materiais de forma unilateral, esquivando-se assim dos
temas sensíveis e críticos, deixando para um futuro próximo o risco de ser questionada pela
sociedade quanto a suas ações relacionadas às agendas. Esse ponto é muito importante e
requer bastante foco por parte da empresa na transparência, clareza e busca de informações
com os stakeholders estratégicos. Além disso, ter o parecer dos stakeholders é uma base
primordial para o alinhamento das agendas ESG, e tomar medidas e ações sem a anuência e
perspectiva das partes interessadas, representa uma agenda desconexa e diferente de tudo o
que se espera de uma empresa responsável nos temas ligados aos pilares ambiental, social e
de governança corporativa.

Olhar para esses temas tão falados e perceber a ansiedade de todos em participar
dessas agendas mostra uma evolução nos próximos anos quanto a preocupação das
empresas e instituições no atendimento das novas demandas emergentes, porém, ao captar
as ações desalinhadas a base não visível do ESG gera preocupação e alerta para os
investidores que podem estar investindo em quem vende, não em quem faz.

https://inbs.com.br/a-qualidade-das-agendas-esg/ 2/2

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