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20/03/2023, 09:01 O que mudou para os diretores de sustentabilidade com o ESG | Carreira | Valor Econômico

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O que mudou para os diretores de sustentabilidade


com o ESG
Pesquisa mostra que eles ainda são poucos, mas hoje têm mais voz junto a CEOs e conselhos

Por Fernanda Gonçalves — Para o Valor, de São Paulo


20/03/2023 05h02 · Atualizado há uma hora

Com a popularização da agenda ESG, um novo cargo tem ganhado destaque nas empresas. São
os Chief Sustainability Officers (CSOs), responsáveis, entre outras coisas, por desenvolver a
estratégia de sustentabilidade e impacto social das companhias.

Um estudo conduzido pela consultoria de recrutamento executivo Egon Zehnder, com 329
empresas de 53 países, descobriu que 8% das organizações têm um CSO à frente do tema. Apesar
de ser um número pequeno, o levantamento aponta que, atualmente, esses profissionais se
reportam diretamente aos CEOs e conselhos, o que representa uma valorização da agenda e do
cargo dentro das companhias.

· Contato direto da área de sustentabilidade com o CEO acelera agenda ESG


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· Energia renovável cria nova demanda por profissionais


edição impressa

· Recrutadoras se unem para atuar no setor de energia


blogs e colunas

revistasLico,
Caroline e anuários
responsável pela pesquisa, afirma que houve um crescimento da demanda por
parte das empresas em atrair líderes seniores com experiência em sustentabilidade. “Ter um CSO
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não é mais algo opcional para as organizações que querem fazer parte dessa agenda. Virou algo
valor international
primordial”, destaca.
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Rosane Santos, hoje na Bamin, diz que principal desafio é engajar a alta liderança — Foto: Divulgação

Segundo ela, CSOs podem ter formações variadas. “Dentro do mercado brasileiro, existem muitos
diretores de sustentabilidade que vieram da área de comunicação, principalmente por
conta do conhecimento sobre o tema reputacional. Tem também outra trajetória de carreira
ligada às relações governamentais, uma parcela menor formada por pessoas que vieram do
próprio negócio e, por fim, executivos de RH.”

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No entanto, Lico acredita que o que realmente importa são as características desse profissional.
“Existem algumas competências fundamentais para que um CSO seja bem sucedido,
especialmente conhecimento técnico, habilidade de colaborar e influenciar, e ter uma
mentalidade estratégica. O CSO não vai fazer a transformação sozinho. É preciso transformar a
sustentabilidade em uma agenda da organização.”

Christiani Marques, professora assistente e doutora na PUC de São Paulo, destaca a


importância de o interessado em atuar nessa área ser empático, criativo e ter a capacidade de
lidar com conflitos. Para isso, ela recomenda fazer cursos de comunicação não violenta, mediação
e negociação. “É fácil fazermos discursos de diversidade e inclusão, mas ainda percebo falta de
congruência, e isso faz com que se perca tempo”, relata.

Ela lembra que estamos vivendo uma mudança de paradigma de cultura, na qual devemos
encarar as relações como oportunidades para que ambas as partes saiam vencedoras. “O
profissional que busca uma formação em sustentabilidade, em geral, já entendeu que deve
caminhar junto com as inovações tecnológicas e não brigar com o que foi feito pelos nossos
antepassados.”

Jorge Soto, engenheiro químico e diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem, começou


a trabalhar na área em 2009, quando ainda não existia esse cargo no Brasil. Ele, que estuda o
tema desde 2001, diz que o principal papel do time de sustentabilidade é ser uma espécie de
antena do que está por vir dentro do assunto e do impacto para a companhia. “Nós temos que
desafiar o status, provocar a mudança dentro da empresa e criar estratégias conhecendo o
tamanho do desafio.”

O executivo, que também dá aulas no mestrado em sustentabilidade da FGV, revela que o maior
foco na agenda ESG trouxe mais gente para a discussão e fez com que os profissionais da área
tivessem que repensar o seu papel. “São pessoas que nos ajudam a movimentar o que nós, há
dez anos, fazíamos sozinhos. Esse compartilhamento é importante, porque você não pode se
sentir dono do tema”, alerta.

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Quem também viu o assunto ganhar cada vez mais relevância enquanto atuava na área foi Chris
Canavero, ex-diretora global de ESG do Nubank, com passagem pelo Walmart e pela Dow
Química. Ela iniciou sua trajetória em sustentabilidade em 2008, embora ainda não existisse
formação no tema. “A gente aprendia conversando com os colegas, entendendo quais eram os
dilemas, participando de fóruns e buscando especialistas no mercado. E foi a partir daí que
começaram os cursos, os MBAs e as pós-graduações em ESG”, relata.

Canavero acredita que o profissional da área deve ser, antes de tudo, um influenciador e um
facilitador. “Essa é uma agenda de todos. Se o CSO tiver que cumprir o trabalho da organização
inteira na área de ESG, vai acabar frustrado”, afirma. Além disso, ela destaca que, para atuar com o
tema, é necessário ser movido pelo propósito, e não por salário, cargo ou status. “Normalmente,
quando encontramos casos assim, são pessoas que usam a área como trampolim para outra
coisa.”

Rosane Santos, diretora de ESG, relacionamento com comunidade, meio ambiente e


comunicação corporativa da mineradora Bamin, se formou em contabilidade e trabalhou durante
15 anos com governança. Em 2017, criou a área de sustentabilidade da Nissan no Brasil e na
América Latina e, desde então, vem se dedicando ao assunto. “Eu não me intitulo diretora de
sustentabilidade porque esse tema é transversal na companhia. Enquanto ESG consigo ter
visibilidade de tudo e posso avaliar a performance que a organização tem em cada um desses
temas.”

Ela afirma que seu principal desafio é promover o engajamento da alta liderança. “Não adianta eu
e a minha equipe puxarmos a agenda. Os diretores e o CEO precisam enxergar valor e
comprar a ideia, e esse é um processo contínuo.”

Lico complementa que o mercado cobra a atuação do CSO junto ao CEO e o conselho, pois são
eles quem recebem a pressão direta. “É preciso que eles estejam alinhados para que a agenda, de
fato, caminhe.”

Canavero concorda: “Antigamente, era difícil você ver um CSO respondendo direto para a
presidência. A pressão do mercado e de investidores fez com que profissionais com experiência
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em sustentabilidade passassem a ser mais valorizados.”

Ela lembra que houve um boom de profissionais que colocam o conhecimento de ESG no
currículo. “Hoje, existe a dificuldade em entender quem são aqueles que conseguem transitar
entre o ‘E”, o “S” e o “G”, e quem tem atuação específica em uma determinada letra. Em geral, as
pessoas começam com uma e unem as outras ao longo do tempo.”

Soto, por sua vez, defende que o importante é ter resiliência e um real interesse em promover
mudanças para o desenvolvimento de todos. “Tenho colegas das mais diversas áreas. É claro que
buscar conhecimento é importante, mas complementarmente a isso a pessoa deve se envolver
com a causa e ter vontade genuína em trazer um impacto positivo. Tanto que, na seleção do meu
time, uma das perguntas que eu faço é: como você exerce a sustentabilidade no seu dia-a-dia?”,
comenta.

“O principal desafio para o CSO é engajar as pessoas da empresa e os tomadores de decisão


na mesma direção. É preciso saber falar a língua do negócio e ter uma visão estratégica”, ressalta
Lico. “Além disso, a pessoa deve ser curiosa, querer aprender coisas novas e ser capaz de olhar
para si e se perguntar o que é necessário desenvolver para desempenhar bem o seu papel.”

Para quem deseja ingressar na carreira, Santos sugere, em primeiro lugar, tirar o estigma de que o
ESG se refere somente ao meio ambiente e à comunidade. “Às vezes, dentro do departamento em
que a pessoa trabalha, ela já está contribuindo com o ESG da companhia”, diz. “Mas, se quiser
fazer parte de um núcleo de inteligência na área, é preciso entender de gestão de projetos,
escolher um setor do negócio com o qual se identifique e, obviamente, estudar.”

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