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Os ensinamentos
dos CEOs da Bolsa
sobre ESG

Gilson Finkelsztain Luíza Trajano Walter Schalka

Presidente da B3 Presidente do conselho Presidente da Suzano


de administração do
Magazine Luiza
índice
Intro 3

Gilson Finkelsztain
O ESG não é só uma onda 5

Luiza Trajano
Mulheres e negros precisam 10
ocupar altos cargos

Walter Schalka
Não existe bioeconomia se 14
não houver bioconsumidor

Renato Franklin
Fingir que é ESG não traz 19
resultado

Jeane Tsutsui
Diversidade e inclusão 24
intro
wUma pesquisa realizada pela consulto-
ria EY mostra que 78% dos investidores
acreditam que as companhias devem fazer
investimentos que tratem de questões de
ESG relevantes para seus negócios. O es-
tudo mostra ainda que 99% disseram uti-
lizar as divulgações de ESG das empresas
como parte de suas tomadas de decisão
de investimento.

O fato é que adotar critérios ESG não


apenas melhora a percepção dos consu-
midores sobre os negócios, como também
reduz riscos e aumenta a lucratividade,
uma vez que reduz custos operacionais e
promove ganhos na produtividade. Ou seja,
o ESG é muito mais do que uma tendência,
tornando-se obrigatório para as compa-
nhias que desejam atingir a perenidade e
elevar os lucros. Grandes gestores globais
já apontaram que as companhias que não
se adaptarem não conseguirão sobreviver
no longo prazo.

Neste guia, cinco CEOs compartilham suas


visões sobre o papel e o impacto das boas
práticas ESG das empresas listadas na Bolsa.
“ O ESG
não é só
uma onda


Gilson Finkelsztain
O presidente da B3, Gilson Finkelsztain,
tem mais de 20 anos de experiência em
instituições financeiras como Citibank, JP
Morgan, Bank of America Merrill Lynch e
Santander, e já ocupou cargos de diretoria
no Brasil e no exterior.

Para ele, o ESG perpassa a ideia de ten-


dência e veio para ficar e as boas práticas
de ESG sequer serão citadas como dife-
renciais, pois precisarão ser incorporadas
definitivamente ao negócio das companhias.
Aquelas que não se adequarem não devem
sobreviver no longo prazo.

Os índices ESG superam os prin-


cipais índices mundiais. Na sua
avaliação, qual é a importância das
práticas ESG para o investidor?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 6


Gilson Finkelsztain...

As empresas que se preocupam com a


agenda ESG superam as empresas do
índice mais amplo. Isso mostra que elas
estão em outro estágio de maturidade e
vai ao encontro do que o investidor quer,
que é buscar companhias que vão per-
formar melhor do que a média, e vai ao
encontro da agenda da companhia, que é
aprender, melhorar, ter seus stakeholders
envolvidos no assunto ESG para que ela
vá crescendo nessa agenda. É um círculo
virtuoso porque ao terem melhor desem-
penho, atraem mais investidores e engajam
mais os funcionários.

Essa é uma agenda que está na prioridade


de todos os CEOs, porque o ESG se mistura
com o negócio da empresa. Não dá para
acharmos que é uma onda, que daqui a
dois anos vai passar. Ao contrário, acho que
o ESG, daqui a dois anos, vai estar cada
vez mais incutido no dia a dia da empresa.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 7


Talvez a gente não vá nem falar de ESG,

a empresa
que não tiver
o ESG como
prioridade
talvez não vá
mais existir,
não sobreviva.

Como a B3 consegue fiscalizar as


empresas que fazem parte dos
seus índices e como entender o
que está oculto em relatórios?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 8


Gilson Finkelsztain...

Temos trabalhado no que chamamos de


um “marketplace ESG”, que de alguma
forma facilite a divulgação de onde estão
as companhias. Como indutora de mercado,
queremos que as companhias se sintam
confortáveis de divulgar onde elas estão e
o que estão fazendo. Como bolsa de valo-
res, como infraestrutura, como listagem
de empresas, não queremos rotular que
tal setor é bom ou ruim. Todos os setores
das companhias são importantes e todas
elas estão numa transição.

O que eu acho que é o futuro? Os reports


e essas companhias terão cada vez mais
que ser auditadas, porque, no final das con-
tas, a auditoria, seja interna ou externa, é
que vai ao encontro de “ah, puxa, será que
você está fazendo o que está divulgando?”.
Além das companhias reportarem o que
fazem, para onde estão indo, a auditoria
externa vai precisar chancelar.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 9


Mulheres
e negros

precisam
ocupar
altos cargo


Luiza Trajano
Presidente do Conselho de Administração
do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano
nunca perdeu sua essência feminina e do
interior. Com ela, chegou ao comando de
uma das principais varejistas do Brasil, que
ajudou a tornar referência em igualdade
de gênero e racial. Para a executiva, mais
do que lutar para se inserir no mercado
de trabalho, mulheres e negros precisam
ocupar cargos de liderança. Diversidade
e inclusão, afinal, estão intrinsicamente
ligadas à temática ESG.

A Sra. é uma das poucas mulheres


a ocupar o cargo de presidente do
Conselho de Administração de uma
empresa de capital aberto. Que
aprendizados pode compartilhar?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 11


Luiza Trajano...
Eu vim do interior, foi mais difícil ainda, e
fiz questão de não perder a minha essên-
cia feminina. Isso me ajudou muito. Eu
ouço muito de mulheres que elas estão
se preparando para integrar um conselho.
Eu não vejo homem falando isso, homem
vai lá e faz. A mulher hoje está na crista
da onda e é muito bom ser mulher, mas é
muito bom também respeitar o masculino.
Entenda isso e também faça a sua filha e
o seu filho entenderem que os lados mas-
culino e feminino são diferentes.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 12


Fale um pouco sobre o pilar
ambiental do Magazine Luiza

Luiza Trajano...

O que mais vamos precisar desenvolver no


Brasil e no varejo é o pilar ambiental, por-
que só coletar eletrônicos e materiais não
resolve. Sinto que nós temos muita coisa
para faze, tanto o Magalu como as pessoas
em geral. Não aceitamos terceirizados que
contratem menor de idade, não aceita-
mos trabalho escravo, mas é um caminho
ainda muito longo. Há 15 anos, em Franca,
eu lancei uma ONG de coleta de lixo reci-
clado, e saímos de uma tonelada para 12.
O duro é conseguir que o governo seguinte
mantenha a coleta, porque dependemos
muito do Estado. Temos que pensar grande
para conseguir fazer. Governo e população
precisam cumprir essas metas juntos, com
um trabalho educacional.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 13


“ Não existe
bioeconomia
se não houver
bioconsumidor

Walter Schalka
Walter Schalka, presidente da Suzano, líder
mundial no mercado de papel e celulose
e maior produtora global de celulose de
eucalipto, sabe que o futuro está na sus-
tentabilidade e na preservação ambiental.
Nesse sentido, imprescindível que se invista
cada vez mais em soluções desenvolvidas
a partir de recursos renováveis.

Mas para que a bioeconomia consiga deco-


lar, é preciso incutir nos consumidores a
relevância desse modelo econômico, que
estuda os recursos naturais, aliados a tec-
nologias sustentáveis, na construção do
valor a longo prazo.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 15


O Sr. levanta a questão do desmata-
mento e da Amazônia como algo muito
grave. O que ainda pode ser feito pela
comunidade e pelas empresas?

Walter Schalka...
Nós temos que entender que estamos
perto de uma crise climática global e pre-
cisamos endereçar esse problema com
oito bilhões de pessoas atentas a isso.
O Brasil tem uma participação relevante
nesse cenário, de preservação da Amazô-
nia, tão fundamental para o mundo. E para
isso nós temos que reduzir ou eliminar o
desmatamento ilegal. Minha tese é de que
a partir da eliminação do desmatamento
nós vamos precisar levar créditos de car-
bono para a população local, o que geraria
aproximadamente US$ 10 bilhões ao ano
para resolvermos os problemas sociais de
quem vive da ilegalidade.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 16


A estratégia da Suzano é de "ino-
vabilidade", a inovação a serviço
da sustentabilidade. Pode nos dar
exemplos práticos?

Walter Schalka...

Nós só vamos conseguir transformar o


mundo se endereçarmos a questão ambien-
tal. Mas temos que fazer isso gerando, de
um lado, recursos econômicos, e de outro,
inovações. Nosso propósito é renovar a
vida a partir da árvore. Por meio da árvore
plantada ou da árvore preservada, gerarmos
oportunidades de negócios. Hoje, da árvore,
tiramos celulose, energia e sequestramos
carbono. Mas nós queremos fazer muito
mais. Partindo de vários projetos vamos
criando valor e tratando nossos acionistas e
investidores economicamente, mas também
olhamos para o mundo, na substituição de

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 17


materiais. Já tivemos vários projetos que
deram certo e outros que não.

Inovabilidade pressupõe
aprender com os erros,
porque nenhum de nós
tem a solução definitiva
para tudo.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 18


“ Fingir que
é ESG
não traz
resultado
Renato Franklin

Renato Franklin é CEO da Movida Rent
a Car, primeira locadora do mundo de
capital aberto a receber a certificação de
Empresa B, que reconhece modelos de
negócios que prezam, efetivamente, pelo
desenvolvimento social e ambiental. Na
visão do executivo, o propósito é o maior
programa de retenção que uma compa-
nhia pode ter. Para Franklin, os negócios
que não tiverem uma agenda real de ESG
e não a cumprirem não vão sobreviver.

Uma meta da Movida é ter mil carros


híbridos e elétricos e ser carbono zero.
Que outras iniciativas da empresa vão
ao encontro da transição energética?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 20


Renato Franklin...

A nossa agenda para ser carbono neutro


até 2030 passa primeiro por ter só energia
limpa para alimentar nossas instalações
a partir de energia solar, principalmente.
Em segundo lugar, vem a mitigação. Car-
ros elétricos e híbridos ajudam bastante
a eliminar a emissão de carbono. Esta-
mos convidando os clientes a conhecer
as vantagens de ter um carro elétrico. A
mitigação também ocorre por meio do uso
de combustíveis renováveis, que são cada
vez mais limpos.

O etanol brasileiro polui


10% o que polui a gasolina.
Quando você convence o
cliente a utilizar o etanol
no lugar da gasolina, já
elimina 90% da emissão
daquele cliente.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 21


Somando isso às iniciativas de compen-
sação, porque fazemos o plantio de árvo-
res e temos o compromisso de plantar
um milhão de árvores na reconstrução
do corredor do Rio Araguaia, vamos atin-
gir o carbono neutro até 2030. Temos um
plano de metas de longo prazo que envol-
vem o cumprimento de metas ano a ano.
Estamos, hoje, um pouco à frente dessas
metas, mas não tenho dúvidas de que o
desafio para chegar ao carbono neutro é
bastante grande. Dependemos, inclusive,
de influenciar a indústria automotiva para
termos soluções cada vez melhores.

O Sr. acha que o investidor estrangeiro


está mais conscientizado em relação
aos pilares ESG do que o investidor
local?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 22


Renato Franklin...
Essa questão está na agenda de todo
mundo. Alguns têm um pouco mais de
maturidade e sabem como avaliar e outros
ainda não têm uma metodologia clara para
avaliar se a empresa realmente tem uma
agenda ESG ou se é mais marketing do
que uma agenda concreta. Mas isso está
evoluindo, é como tudo na vida: começa,
alguém sai na frente, outros vão apren-
dendo e há muita troca.

No exterior há fundos mais maduros, mas


aqui já temos alguns produtos que usam
métricas para escolher os seus ativos
priorizando o impacto positivo além do
retorno financeiro.

E quem prioriza o impacto


positivo acaba tendo mais
retorno financeiro.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 23



Diversidade
e inclusão

Jeane Tsutsui

No Grupo Fleury desde 2001, Jeane Tsut-
sui exerceu os cargos de líder de P&D e
Planejamento Estratégico de Especialida-
des Médicas, diretora executiva Médica e
Técnica e diretora executiva de Desenvol-
vimento de Negócios. Desde abril de 2021,
é CEO da companhia, uma das referên-
cias em medicina e saúde no Brasil, com
quadro de profissionais formado 80% por
mulheres. O grupo foi o pioneiro na área
de saúde a emitir debêntures ligadas a
metas ESG, relacionadas a impacto social
e ambiental.

Em 2021, o Fleury realizou sua primeira


emissão de debêntures ESG, no valor
de R$ 1 bilhão. Como é a remuneração
desses títulos, já que ela também é
atrelada a ESG?

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 25


Jeane Tsutsui
Na área da saúde, nós fomos realmente
pioneiros nesse tipo de emissão de debên-
tures ligadas a metas ESG. Essas metas
são relacionadas a impacto social. Nosso
objetivo é, em cinco anos, atingir um milhão
de clientes das classes C, D e E atendidos
na plataforma de saúde, plataforma digi-
tal. Também temos uma meta relacionada
a resíduos, à questão ambiental, que é a
redução de 20% de resíduos biológicos
no processamento de exames. Quanto à
remuneração dos investidores, essas metas
têm uma taxa relacionada à CDI [Certifi-
cado de Depósito Interbancário] mais um
percentual. Caso não consigamos atingir as
metas ESG propostas, haverá um aumento
em relação a essas taxas. Nosso obje-
tivo, portanto, é ter esse impacto social
e ambiental. Se não cumprirmos, vamos
remunerar mais este valor.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 26


A Sra. comentou sobre o número de
mulheres. Pode dar um exemplo bem-
-sucedido de gestão de equipe e polí-
tica interna de diversidade e inclusão?

Jeane Tsutsui
Somos uma empresa voltada a pessoas
e realizamos uma série de iniciativas de
diversidade e inclusão há muito tempo.
Com relação a gênero, 80% dos nossos
colaboradores são mulheres e o índice
de mulheres em cargos de coordenação
ultrapassa 70%. É um número grande de
mulheres na liderança. No C-Level, são 38%
de mulheres e no Conselho de Adminis-
tração, 20%. Além da questão de gênero,
temos uma série de iniciativas, grupos de
afinidade em relação a negros e à popu-
lação LGBTQIA+.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 27


Nós promovemos questões edu-
cacionais para que realmente
possamos viver uma cultura de
diversidade e inclusão na orga-
nização como um todo.

Os ensinamentos dos CEOs da Bolsa sobre ESG 28


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NESTE MATERIAL:

Autor Edição
Murilo Basso Valéria Bretas

estadaoinvestidor Entrevistas Design/Diagramação


Geovana Pagel e Hebert de Oliveira
Ana Paula Hornos
Ilustrações
Freepik
einvestidor

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